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Tratados Internacionais

TRATADOS INTERNACIONAIS
Conceito:
Tratado é o acordo internacional celebrado por escrito entre
dois ou mais Estados ou outros sujeitos de Direito Internacional,
sob a égide do Direito Internacional, independentemente de sua
designação específica.

ATENÇÃO !!!

Há ampla divergência doutrinária acerca das diversas


denominações aplicáveis aos documentos firmados pelos
sujeitos de Direito Internacional.
Terminologia

Acordo, ajuste, arranjo, ata, ato, carta, código, compromisso,


constituição, contrato, convenção, convênio, declaração,
estatuto, memorando, pacto, protocolo, regulamento, tratado,
etc.
Obs.:
Concordata: tratado bilateral no qual uma das partes é a Santa Sé. O
objetivo deste tipo de instrumento é a organização do culto, a disciplina
eclesiástica, missões apostólicas, relações entre a Igreja católica local e o
Estado copactuante.
Gentlemen’s Agreement: é um pacto social entre chefes de Estado,
fundado sobre a honra; permanece vigente na medida que seus
celebradores continuem à frente de seu país, e não possui efeito legal,
caracterizando-se como uma simples declaração de propósitos.

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DENOMINAÇÕES E/OU
Tratado: é TERMINOLOGIA
utilizado para os acordos solenes, por exemplo, tratado de
paz.
Convenção: é o tratado que cria normas gerais, p. ex., convenção sobre
mar territorial.
Declaração: é usada para os acordos que criam princípios jurídicos ou
"afirmam uma atitude política comum“.
Ato: quando estabelece regras de direito. Entretanto, existem atos entre
Estados que não são tratados, já que não produzem efeitos jurídicos
obrigatórios; eles têm um caráter normativo no aspecto político ou moral.
Pacto: foi utilizado pela primeira vez no Pacto da Liga das Nações. É um
tratado solene.
Estatuto: empregado para os tratados coletivos, geralmente
estabelecendo normas para os tribunais internacionais.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS
A classificação mais usual acerca dos tratados utiliza dois
critérios:
I - o formal; e II - o material.
I - O critério formal trata da classificação:
a) Quanto ao número de partes; e
b) Quanto ao procedimento.
Quanto ao número de partes, o tratado pode ser:
-bilateral, quando envolve apenas dois sujeitos de Direito
Internacional; e multilateral ou coletivo, devido à participação
de três ou mais partes. Em geral, os multilaterais contêm
cláusula de adesão.
Quanto ao procedimento, o tratado pode ser:
- unifásico (somente assinatura); ou
- bifásico (assinatura + ratificação).
II - O critério material refere-se às normas do tratado, e diz que
eles podem ser:
a) Tratados normativos ou tratados-leis: são acordos
definidores de normas gerais que disciplinam direitos e deveres
entre os sujeitos de Direito Internacional participantes.
b) Tratados contratuais: disciplinam matérias de interesse
específico dos Estados ou organizações internacionais
acordantes.
Quanto à execução do tratado no espaço:
a) em todo o espaço territorial; ou
b) apenas em parte do território.

Quanto à execução do tratado no tempo:


a) situação jurídica estática, objetiva e definitiva (tratado de
fronteiras);
b) situação jurídica dinâmica (prazo indefinido).
Requisitos de validade do Tratado
a) Capacidade das partes: são as pessoas jurídicas de Direito
Internacional Público, quais sejam, os Estados soberanos e as
organizações internacionais.
b) Habilitação dos agentes signatários: consiste na concessão
de plenos poderes aos representantes dos entes internacionais
(plenipotenciários) para negociar e concluir tratados.
c) Consentimento mútuo: A manifestação volitiva dos entes
participantes de um tratado deve estar isenta de qualquer espécie
de vicio do consentimento.
d) Objeto lícito e possível: o objeto deve ser lícito, possível,
moral e estar em consonância com as normas imperativas de
Direito Internacional geral.
Negociação, adoção e assinatura do texto do tratado

A adoção do texto de um tratado efetua-se por consenso entre os


Estados participantes na sua elaboração ou, em caso de conferência
internacional, pelo voto favorável de 2/3 dos Estados presentes e
votantes, a menos que esse quorum decida por aplicar norma diferente.

No plano internacional, em regra, a assinatura não significa,


necessariamente, o consentimento do Estado em se obrigar pelo texto
adotado.
Significa mera autenticação do texto, um aceite precário e provisório
ao tratado, sem efeitos jurídicos vinculantes.
Todavia, é uma fase de extrema importância porquanto, com a
assinatura, o sujeito de DIP aceita a forma e o conteúdo do que foi
negociado (o texto é considerado definitivo), comprometendo-se a não
alterar e nem frustrar o seu objetivo e finalidade.
Ratificação do Tratado

Pela ratificação, o Estado confirma formalmente a assinatura


do tratado e lhe dá validade e obrigatoriedade.

• Ressalte-se que a ratificação é ato de Direito Internacional


Público, discricionário, desprovido de prazo e não
retroativo.

• A ratificação só produzirá efeitos a partir da troca ou do


depósito dos instrumentos de ratificação entre os pactuantes
(ato desprovido de prazo e não retroativo).
 Reserva ao texto de um tratado é a possibilidade de excluir ou
modificar efeitos legais de certas disposições do tratado em relação a
ele (art. 2, § 1º, d, da CVDT).
A reserva é incabível quando o tratado proibir reservas distintas da
formulada ou, ainda, ela for incompatível com objeto e finalidade do
tratado.
A reserva é incompatível aos tratados bilaterais.

 Promulgação - Cuida-se de ato jurídico de direito interno pelo qual


um Estado atesta a existência de um tratado por ele celebrado no
plano internacional e o preenchimento das formalidades exigidas
para a sua conclusão, ordenando sua execução e obrigatoriedade
no plano interno.
Entrada em vigor
Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado
ou segundo o que for avençado pelas partes (art. 24, § 1º, da
CVDT).

Silente o texto do tratado, entende-se que ele entrará em vigor tão


logo o consentimento em obrigar-se seja manifestado por todos
os Estados negociadores (art. 24, § 2°, da CVDT).

Em tratados multilaterais, é comum exigir-se um número mínimo de


ratificações para que o tratado possa entrar em vigor. Por exemplo, a
Carta da ONU, em seu art. 110, determinou que passaria a vigorar:
“depois do depósito da ratificação da República da China, França,
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Reino Unido, Estados
Unidos e pela maioria dos outros Estados signatários".
Registro e Publicação
Todo tratado internacional, concluído por qualquer
membro das Nações Unidas, deve ser registrado e
publicado pelo Secretariado, segundo disposição da
Carta da ONU, de forma que ele possa invocá-lo,
depois, perante a organização.(art. 102, §1º, da Carta da
ONU e art. 80, da CVDT).
Emendas e alterações
Em relação aos instrumentos bilaterais, as modificações
dependem da vontade dos dois pactuantes.

Nos tratados multilaterais – duplicidade de regimes


jurídicos, que permite a vigência do tratado original e do
tratado emendado concomitantemente.
Interpretação dos Tratados

A regra geral de interpretação dos tratados é a de que todo


tratado seja interpretado de boa-fé, de acordo com o
sentido comum atribuível a seus termos, em seu contexto e
segundo seu objetivo e finalidade (art. 31, §1º, da CVDT).
Extinção dos Tratados
Execução Integral Que foi estipulado e executado pelas partes
contratantes.

Consentimento Mútuo Ha concordância, tácita ou expressa, para por fim ao


Tratado.
Termo Quando expira o prazo negociado em tratado por
tempo determinado.
Condição Resolutória Quando advêm evento futuro e incerto apto a extinguir
o tratado.

Caducidade Tratado deixa de ser aplicado ou se forma costume


contrário a ele.

Guerra/Ruptura das historicamente, a guerra sempre determinou o fim de


relações diplomática um tratado entre beligerantes

Impossibilidade de Inexiste possibilidade ficta ou jurídica de execução do


Execução. tratado como, por exemplo, o desaparecimento das
partes contratantes ou objeto.
Extinção dos Tratados
Inexecução por Nos tratados bilaterais, a inexecução dos ajustes
Uma das Partes por uma das partes confere a outra o direito de
suspender ou extinguir a execução do tratado.

Nos tratados multilaterais, a inexecução dos


ajustes por uma das partes confere aos demais a
prerrogativa de suspender uma das partes ou
extinguir o tratado em relação a todos os
pactuantes ou
apenas ao Estado infrator, ou, ainda, entre o
Estado infrator e o Estado afetado.
Extinção dos Tratados
Denúncia Modo bastante utilizado de extinção.
É o ato pelo qual uma das partes contratantes
declara, unilateralmente, sua vontade de deixar
o tratado, extinguindo, assim, seus direitos e
obrigações em relação a ele.
Só é cabível quando o tratado prevê tal
possibilidade.
Fase Internacional Fase Interna
Plano Internacional Plano Interno

1.Negociação, 2. Referendo Parlamentar -


Adoção e assinatura – Decreto do Congresso
Competência do Poder Nacional
Executivo (art. 84,VII, CF) resolve definitivamente sobre
o Tratado. Se aprovar, o
Executivo pode ratificar; se
rejeitar, o Executivo não pode
3. Ratificação - Ato do Poder
Executivo que, com o aval do ratificar (art. 49, I, da CF)
Congresso Nacional, ratifica ou
não.
4. Promulgação e
Publicação - Decreto do
5. Entrada em Vigor Executivo promulga,
publica e torna obrigatório o
tratado no plano interno.

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