Você está na página 1de 14

Direito Internacional Público

ROTEIRO DE AULA
Dr. Paulo Henrique Portela – Analista Judiciário

Tratados internacionais: classificação, condições de validade, efeitos,


ratificação, adesão e aceitação, registro e publicação, interpretação, conflito
entre tratado e norma de direito interno, nulidade, extinção e suspensão de
aplicação.

I. Conceito
1. Conceito na convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) - artigo
2, par. 1, “a”,: tratado “significa um acordo internacional concluído por escrito
entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um
instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que
seja sua denominação específica”.
2. Conceito doutrinário: os tratados são acordos escritos, firmados por sujeitos
de Direito Internacional Público e regidos pelo Direito das Gentes, com o
objetivo de produzir efeitos jurídicos no tocante a temas de interesse comum,
qualquer que seja sua denominação específica
3. Notas acerca da terminologia
a) A doutrina estabelece denominações para os tratados e seus respectivos
empregos
Tratado Ajuste complementar Declaração
Convenção Carta Concordata
Acordo Estatuto Acordo por troca de notas
Pacto Memorando de Modus vivendi
entendimento
Protocolo Convênio Ato internacional
b) O tratado é caracterizado como tal qualquer que seja sua denominação
específica
c) Recordando: os acordos de cavalheiros (gentlemen´s agreement) não são
tratados

II. Regulamentação
1. Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969
2. Validade da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 no
Brasil
a) Ratificada pelo Brasil em 2009: aprovação pelo Congresso Nacional por
meio do Decreto Legislativo 496, de 17/07/2009, e promulgação pelo
Decreto 7.030, de 14/12/2009
b) Reservas aos artigos 25 e 66
Artigo 25
Aplicação Provisória

1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não


entra em vigor, se:

a)o próprio tratado assim dispuser; ou

b)os Estados negociadores assim acordarem por outra forma.

2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de


outra forma, a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em
relação a um Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados,
entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente, sua intenção de não se
tornar parte no tratado.
Artigo 66
Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação

Se, nos termos do parágrafo 3 do artigo 65, nenhuma solução foi alcançada,
nos 12 meses seguintes à data na qual a objeção foi formulada, o seguinte
processo será adotado:

a)qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação dos


artigos 53 ou 64 poderá, mediante pedido escrito, submetê-la à decisão da
Corte Internacional de Justiça, salvo se as partes decidirem, de comum acordo,
submeter a controvérsia a arbitragem;
b)qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação de
qualquer um dos outros artigos da Parte V da presente Convenção poderá
iniciar o processo previsto no Anexo à Convenção, mediante pedido nesse

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


sentido ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

3. Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e


Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, de 1986
a) Ainda não está em vigor
b) Não impede a celebração de tratados por organizações internacionais
c) Regulamentação pelo costume
d) ATENÇÃO: a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969
aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma
organização internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma
organização internacional, sem prejuízo de quaisquer normas relevantes
da organização (Convenção de Viena de 1969, art. 5)

III. Classificação dos tratados


a) Número de partes
a. Bilaterais
b. Multilaterais
b) Procedimento de conclusão
a. Forma solene
b. Forma simplificada: os acordos executivos (executive agreements)
c) Possibilidade de adesão
a. Abertos
b. Fechados
d) Execução
a. Transitórios (executados ou de efeitos limitados): criam situações
que perduram no tempo, mas cuja realização é imediata
b. Permanentes (executórios ou de efeitos sucessivos): execução se
consuma durante o período em que estão em vigor
e) Natureza das normas
a. Tratados-contrato: regulam interesses divergentes entre Estados
b. Tratados-lei: fixam normas gerais de Direito Internacional, a partir
da vontade convergente dos signatários de estabelecer um
tratamento comum e uniforme de certo tema
f) Efeitos
a. Efeitos limitados às partes

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


b. Efeitos sobre Estados que não são partes

IV. CONDIÇÕES DE VALIDADE


a) Capacidade das partes (capacidade convencional). Podem celebrar
tratados:
a. Estados
b. Organizações internacionais.
c. Blocos regionais
d. Santa Sé
e. Beligerantes, insurgentes e nações em luta pela soberania
f. Comitê Internacional da Cruz Vermelha
b) Habilitação dos agentes: capacidade de representar o sujeito de Direito
Internacional com capacidade convencional
a. Convenção de Viena de 1969 – art. 46, par. 1. Um Estado não
pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por
um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu
direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser
que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma
norma de seu direito interno de importância fundamental. 2. 2.
Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para
qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a
prática normal e de boa fé.
b. Convenção de Viena de 1969 – art. 47. Se o poder conferido a um
representante de manifestar o consentimento de um Estado em
obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de
restrição específica, o fato de o representante não respeitar a
restrição não pode ser invocado como invalidando o
consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido
notificada aos outros Estados negociadores antes da manifestação
do consentimento.
c) Objeto lícito e possível: os tratados devem regular objetos viáveis e não
podem violar o jus cogens
a. Convenção de Viena de 1969 – art. 53: “É nulo um tratado que, no
momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de
Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção,

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma
aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados
como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é
permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de
Direito Internacional geral da mesma natureza.”
d) Consentimento regular: os tratados não podem ser celebrados sob a
égide de algum dos vícios do consentimento (Convenção de Viena de
1969, arts. 48-52)
a. Erro: “Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo
invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o
erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha
existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía
uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo
tratado”
b. Dolo: “Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta
fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a
fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se
pelo tratado”
c. Corrupção de Representante de um Estado: “Se a manifestação
do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi
obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação
direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode
alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento
em obrigar-se pelo tratado”
d. Coação de Representante de um Estado: “Não produzirá qualquer
efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em
obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de
seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra
ele”
e. Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força: “É nulo
um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da
força em violação dos princípios de Direito Internacional
incorporados na Carta das Nações Unidas”

V. EFEITOS

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


1. Efeito vinculante: as normas dos tratados são obrigatórias
2. Efeitos limitados às partes signatárias
f. Regra no Direito das Gentes: voluntarismo
3. Efeitos sobre Estados que não o celebraram
a) Exceção no Direito Internacional
b) Exemplo: Carta da ONU – art. 2, par. 6: “A Organização fará com que
os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de
acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à
manutenção da paz e da segurança internacionais”.
VI. PROCESSO DE ELABORAÇÃO
1. Negociação
2. Assinatura
a) Efeitos da assinatura
 Fim das negociações
 Fechamento e autenticação do texto
 Concordância dos negociadores com o texto
 Proibição de as partes agirem de modo a prejudicar o objeto
do tratado
 Validade das cláusulas relativas à futura entrada em vigor do
tratado
b) Não é efeito da assinatura a entrada em vigor do tratado
c) Competência para assinar
 Chefes de Estado e de Governo
 Ministro das Relações Exteriores
 Embaixador plenipotenciário: para tratados com os Estados
junto aos quais estão acreditados
 Chefe de delegação a uma reunião internacional: para
tratados assinados na reunião para a qual foi indicado
 Qualquer pessoa, com carta de plenos poderes
3. Ratificação
a) É o ato pelo qual o Estado confirma o interesse em celebrar o tratado e
assume o compromisso de cumpri-lo tão logo entre em vigor
b) Competência: Presidente da República. Ato discricionário
c) Ato condicionado à prévia aprovação congressual

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


Congresso Presidente da República
Se o Congresso autorizar a O Presidente da República pode ou
ratificação não ratificar
Se o Congresso não autorizar a O Presidente da República não pode
ratificação ratificar
d) Procedimento
 CF, art. 47: Salvo disposição constitucional em contrário, as
deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas
por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus
membros.
 CF, art. 5º, § 3º: Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais
e) Aprovação congressual por meio de decreto legislativo do Presidente do
Senado
4. Entrada em vigor no âmbito internacional – tratados bilaterais
a) Necessidade da ratificação das duas partes
b) Havendo as notificações das duas ratificações OU a troca de
instrumentos de ratificação E superado eventual vacatio legis, o tratado
entra em vigor no âmbito internacional
5. Entrada em vigor no âmbito internacional – tratados multilaterais
a) Critérios fixados no texto do tratado
b) Normalmente é necessário um mínimo de ratificações
c) As ratificações são entregues e custodiadas pelo depositário
d) Atingido o mínimo de ratificações E superado eventual vacatio legis, o
tratado entra em vigor no âmbito internacional para os Estados que já
o ratificaram.
6. Registro e publicação (Convenção de Viena de 1969, art. 80)
a) Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao
Secretariado das Nações Unidas para fins de registro ou de
classificação e catalogação, conforme o caso, bem como de
publicação.
b) O registro poderá ser feito pelo depositário
c) Carta das Nações Unidas, art. 102: todo tratado concluído por
qualquer um de seus Estados-membros deverá ser registrado e

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


publicado pelo Secretariado-Geral da Organização, para que possa
ser invocado perante os órgãos das Nações Unidas.
d) Logo, os tratados não dependem de registro para entrar em vigor,
salvo quando de outro modo estatuído pelas partes
7. Vigência interna - a incorporação ao Direito interno
a) Para que o tratado gere efeitos em território nacional, deve ser incorporado
por meio de Decreto presidencial
8. NOTA: acordos em forma simplificada dispensam ratificação

VII. CLÁUSULAS PROCESSUALÍSTICAS


1. Adesão
a) Conceito: entrada da parte em tratado em vigor
b) Condicionada aos termos elencados no texto do tratado
2. Emenda
a) Conceito: alteração no texto do tratado
b) Regra geral: Convenção de Viena de 1969 (arts. 39-41) ou regras do
texto do tratado
c) No Brasil: necessidade de aprovação congressual quando a emenda
implicar compromissos gravosos para o patrimônio nacional
3. Reserva
a) Instituto que permite que a parte exclua ou altere para si os efeitos de
certas cláusulas do tratado
b) Tipos: exclusiva e interpretativa
c) Momento de formulação: assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado,
ou a ele aderir,
d) Eventual vedação
d.1. Total ou parcial
d.2. Expressa ou tácita (quando incompatível com a finalidade do
tratado)
e) Convenção de Viena, arts. 19 a 23

VIII. INTERPRETAÇÃO (CONVENÇÃO DE VIENA DE 1969, ARTS. 31-33)


1. Regra geral: boa fé, segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado
em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.
2. Contexto

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


a) Texto, preâmbulo e anexos
b) Qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão
com a conclusão do tratado
c) Qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão
com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento
relativo ao tratado.
3. Outros pontos a considerar
a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado
ou à aplicação de suas disposições
b) qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se
estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação;
c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações
entre as partes.
4. Meios suplementares
a) trabalhos preparatórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão
b) Necessários quando outros meios de interpretação deixam o sentido ambíguo
ou obscuro ou conduzem a um resultado que é manifestamente absurdo ou
desarrazoado.
5. Tratados em mais de uma língua
a) O texto faz igualmente fé em cada uma delas, a não ser que o tratado
disponha ou as partes concordem que, em caso de divergência, prevaleça
um texto determinado.
b) Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi
autenticado só será considerada texto autêntico se o tratado o previr ou as
partes nisso concordarem.
c) Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos
textos autênticos.
d) Quando houver divergência entre versões, e quando não houver uma língua
que deva prevalecer, adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a
finalidade do tratado, melhor conciliar os textos.

IX. NULIDADE (CONVENÇÃO DE VIENA DE 1969 – ARTS. 46-53)


1. Fundamentalmente: descumprimento das condições de validade
2. Disposições do Direito Interno sobre competência para concluir tratados

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


a) Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se
por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito
interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa
violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito
interno de importância fundamental.
b) Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer
Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de
boa fé.
3. Restrições específicas ao poder de manifestar o consentimento de um Estado
a) Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de
um Estado em obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de
restrição específica, o fato de o representante não respeitar a restrição não
pode ser invocado como invalidando o consentimento expresso, a não ser
que a restrição tenha sido notificada aos outros Estados negociadores antes
da manifestação do consentimento
4. Erro
a) Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu
consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou
situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi
concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em
obrigar-se pelo tratado.
b) O erro afasta a possibilidade de nulidade se o Estado contribui para tal erro
pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se
apercebido da possibilidade de erro.
5. Dolo
a) Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de
outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo
invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
6. Corrupção de representante de um Estado
a) Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um
tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação
direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal
corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo
tratado.
7. Coação de representante de um Estado

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


a) Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de
um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação
de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
8. Coação de um Estado pela ameaça ou emprego da força
a) É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da
força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na
Carta das Nações Unidas.
9. Tratado em conflito com uma norma imperativa de Direito Internacional geral (jus
cogens)
a) É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma
norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente
Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma
norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados
como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que
só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da
mesma natureza.

X. SUSPENSÃO
1. Prevista no texto do tratado ou determinada pelas partes
2. Regulada pelo texto do tratado, pelas partes ou pela Convenção de Viena
3. Regra geral: suspensão somente do total do texto do tratado
a) Exceções: Convenção de Viena de 1969 – art. 60
4. Suspensão de um tratado multilateral apenas entre algumas partes (Convenção
de Viena de 1969 – art. 58)
a) Se a possibilidade for prevista pelo tratado OU
b) Se não for proibida pelo tratado e não prejudicar o gozo, pelas outras partes,
dos seus direitos decorrentes do tratado nem o cumprimento de suas
obrigações nem for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado
5. Suspensão possível em consequência de violação substancial (Convenção de
Viena de 1969 – art. 60)
6. Suspensão possível em caso de conclusão de um tratado posterior: Considera-se
apenas suspensa a execução do tratado anterior se se depreender do tratado
posterior, ou ficar estabelecido de outra forma, que essa era a intenção das
partes (Convenção de Viena de 1969 – art. 59)

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


XI. EXTINÇÃO DO TRATADO
1. Vontade comum das partes
2. Denúncia/retirada
a) Ato pelo qual o Estado se desvincula de um tratado
b) Extingue o tratado bilateral e pode extinguir os multilaterais, na
hipótese da Convenção de Viena de 1969, art. 56
c) No Brasil: ato discricionário da Presidência da República
d) Necessidade de autorização prévia ou referendo congressual em
debate no STF: ADI 1625
3. Disposições do tratado
4. Alteração fundamental das circunstâncias que motivaram sua celebração
(Convenção de Viena de 1969, art. 62
a) Uma mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes
no momento da conclusão de um tratado, e não prevista pelas partes, não pode
ser invocada como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, salvo se
a.1. a existência dessas circunstâncias tiver constituído uma condição essencial
do consentimento das partes em obrigarem-se pelo tratado; e
a.2. essa mudança tiver por efeito a modificação radical do alcance das
obrigações ainda pendentes de cumprimento em virtude do tratado
b) Uma mudança fundamental de circunstâncias não pode ser invocada pela parte
como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se
b.1. se o tratado estabelecer limites; ou
b.2. se a mudança fundamental resultar de violação, pela parte que a invoca, seja
de uma obrigação decorrente do tratado, seja de qualquer outra obrigação
internacional em relação a qualquer outra parte no tratado
c) A mudança fundamental de circunstâncias pode também motivar a suspensão do
tratado.
5. Redução das partes num tratado multilateral aquém do número necessário para sua
entrada em vigor
6. Violação substancial: Convenção de Viena de 1969 – art. 60
7. Impossibilidade superveniente de cumprimento: Convenção de Viena de 1969 – art.
61
a) Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa
para extinguir o tratado ou dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da
destruição ou do desaparecimento definitivo de um objeto indispensável ao

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporária, pode ser invocada
somente como causa para suspender a execução do tratado.
b) A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes
como causa para extinguir um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução
do mesmo, se a impossibilidade resultar de uma violação, por essa parte, quer de
uma obrigação decorrente do tratado, quer de qualquer outra obrigação
internacional em relação a qualquer outra parte no tratado.
8. Fim do prazo de validade, condição resolutiva, perda ou consecução do objeto
9. Substituição
10. Superveniência de uma norma de jus cogens
a) Convenção de Viena de 1969 – art. 64: Se sobrevier uma nova norma imperativa
de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito
com essa norma torna-se nulo e extingue-se
11. Rompimento de relações diplomáticas e consulares (Convenção de Viena de 1969 –
art. 63)
a) O rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um
tratado não afetará as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo tratado,
salvo na medida em que a existência de relações diplomáticas ou consulares for
indispensável à aplicação do tratado

XII. CONFLITO ENTRE O DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO INTERNO


1. Relação entre o Direito Internacional e o Direito interno
a) Convenção de Viena de 1969 – art. 27: “Uma parte não pode invocar as
disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um
tratado”
b) Possibilidade de responsabilização internacional
2. Teorias clássicas
a) Dualismo
a.1. Dualismo e incorporação das normas internacionais ao ordenamento
interno
a.2. Dualismo moderado
b) Monismo
b.1. Monismo com primazia do Direito Internacional
b.2. Monismo com primazia do Direito interno
3. Visão moderna: primazia de valores

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


a) Primazia da norma mais favorável à vítima/indivíduo
b) Primazia da norma mais favorável ao trabalhador
c) Primazia da norma mais favorável ao réu
4. Hierarquia do tratado incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro
a) A hierarquia não é uniforme e divide-se de acordo com a matéria e com a
forma de aprovação
b) Tratados em geral
b.1. Equivalentes às leis ordinárias
b.2. Submetidos aos critérios cronológico (lex posteriori derogat
priori) e da especialidade (lex specialis derrogat generalis)
c) Tratados em matéria tributária: supralegalidade
d) Tratados em matéria processual civil a partir da entrada em vigor do Novo
CPC: supralegalidade: Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas
processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas
em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja
parte.
e) Tratados de direitos humanos aprovados nos termos da norma da CF, art.
5º, § 3º
 Equivalentes às emendas constitucionais
 CF, art. 5º, § 3º: Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais
 Tratados até agora celebrados de acordo com esse procedimento:
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu
Protocolo Facultativo (Decreto 6.949, de 25/08/2009)
f) Demais tratados de direitos humanos: supralegalidade

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/

Você também pode gostar