Você está na página 1de 5

DIREITO INTERNACIONAL

Direito dos Tratados II


Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

DIREITO DOS TRATADOS II

Reservas

“Reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou
denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou
a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições
do tratado em sua aplicação a esse Estado.

Obs.: no Direito Internacional, não existe um formalismo. É possível utilizar qualquer termi-
nologia.

A reserva pode ser apresentada em qualquer momento. É possível acrescentar reservas,


mas não é possível retirar reservas feitas pelo outro.
A reserva não tem o poder de modificar o texto do tratado. É como se o efeito jurídico
daquele dispositivo ficasse paralisado e não pudesse ser aplicado. Ele continua no tratado,
mas não pode ser aplicado.
Modificar não é mudar o texto. Entende-se da seguinte forma: para o Brasil, o que se lê
no art. 2º, por exemplo, deve ser compreendido como " ". Isso também é chamado de decla-
ração interpretativa, ou seja, é uma espécie de reserva que possibilita o efeito, mas com uma
nova interpretação.
Existe um limite para a apresentação das reservas.
Impossibilidade (art. 19):
5m
a. a reserva seja proibida pelo tratado; (Estatuto de Roma)

Obs.: Estatuto de Roma é aquele criou o Tribunal Penal Internacional. O Brasil aderiu a
esse tratado.

b. o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as


quais não figure a reserva em questão; ou
c. nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e
a finalidade do tratado.
ANOTAÇÕES

1 www.grancursosonline.com.br
DIREITO INTERNACIONAL
Direito dos Tratados II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Obs.: quando se trabalha com reserva, é necessário verificar quem pode formulá-la. No
contexto brasileiro, o Presidente da República e o Congresso Nacional poderão apre-
sentar reservas.

Competência para a Formulação de Reservas

Rezek: somente executivo; legislativo só pode aprovar com restrições.


Mazzuoli: ambos podem impor reservas. CV/69 admite o legislativo quando menciona a
possibilidade de fazê-lo na aprovação.

ATENÇÃO
Executivo só pode ratificar o tratado com as reservas do legislativo!

Obs.: atualmente, existe uma tendência de maior aceitação da vertente do professor Ma-
zzuoli, no sentido de que o Presidente e o Congresso podem apresentar reservas e
nenhum dos dois pode retirar a reserva do outro.
10m

Pode o Congresso suprimir as reservas apresentadas pelo Executivo na assinatura?


Rezek: Congresso pode recomendar o abandono das reservas.
Mazzuoli: Feito a reserva na assinatura, o Congresso não pode suprimi-la.

ATENÇÃO
Reserva ≠ Emenda.

Emenda é o procedimento a partir do qual os Estados parte no tratado podem modificar


seu texto.
No Brasil, emendas têm que ser aprovadas pelo Congresso Nacional.
O Poder Legislativo não terá NUNCA poder para formular emendas a tratados, visto que
são os Estados em conjunto que negociam.
ANOTAÇÕES

2 www.grancursosonline.com.br
DIREITO INTERNACIONAL
Direito dos Tratados II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Obs.: na esfera interna, o Congresso pode apresentar reservas. No entanto, quem negocia
no âmbito internacional são os Estados. Portanto, órgãos internos nunca poderão
modificar o texto do tratado que foi negociado.

Entrada em Vigor (art. 24 CV/69)

Determinada pelo próprio texto: contemporânea ou diferida.

Obs.: contemporânea: quando entra em vigor no momento da assinatura.

Se nada mencionar: “2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em


vigor tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os
Estados negociadores.”
15m
Possibilidade da irretroatividade relativa para os casos de adesão com efeitos a contar
de data anterior a que manifestou o consentimento.

Obs.: quem manda no tratado é o texto do tratado. É a mesma lógica do direito contratual.

Aplicação Provisória (art. 25 CV/69)

Possível se:
a. o próprio tratado assim dispuser; ou
b. os Estados negociadores assim acordarem por outra forma.
BRASIL NÃO RECONHECE! Por incompatibilidade com o art. 49, I, CF/1988.
20m

Obs.: o art. 49, I, CF, dispõe sobre a aprovação do Congresso Nacional. O Brasil entende
que a mera assinatura não pode ser utilizada como fundamento único para aplica-
ção, ainda que provisória.

Cada Estado decide conforme suas normas de Direito Interno.


ANOTAÇÕES

3 www.grancursosonline.com.br
DIREITO INTERNACIONAL
Direito dos Tratados II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Tratado x Direito Interno

Princípio da boa-fé e pacta sunt servanda: “todo tratado em vigor obriga as partes e
deve ser cumprido por elas de boa fé” (art. 26 CV/69)

Art. 27. CV/69: uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o
inadimplemento de um tratado.

• RESSALVA: art. 46 CV/69 – “ratificações imperfeitas” – consentimento manifesto com


manifesta violação de norma interna de importância fundamental sobre competência
para concluir tratados.
25m

Obs.: se o art. 49, I, CF, dispõe que o Congresso precisa aprovar, caso o Presidente aceite
a aplicação provisória e comece a operacionalização do tratado, ele estará passando
por cima do Congresso Nacional. Seria uma situação de “ratificação imperfeita”.

Aplicação de Tratados

No tempo:

• Artigo 28, CV: Irretroatividade de Tratados “A não ser que uma intenção diferente se
evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, suas disposições não obri-
gam uma parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação que deixou de
existir antes da entrada em vigor do tratado, em relação a essa parte.”

No espaço:

• Artigo 29 CV: Aplicação Territorial de Tratados.

“A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de
outra forma, um tratado obriga cada uma das partes em relação a todo o seu território".
ANOTAÇÕES

4 www.grancursosonline.com.br
DIREITO INTERNACIONAL
Direito dos Tratados II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Obs.: quem pode pleitear a participação do Brasil no contexto internacional é a União.


Imagine que seja o caso de um tratado que seria aplicado apenas no estado de
Minas Gerais. É possível estabelecer essa limitação? Sim. No entanto, caso não
haja nenhum estabelecimento no texto do tratado, isso significa que o tratado é
aplicado para todos.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Alice Rocha da Silva.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

5 www.grancursosonline.com.br

Você também pode gostar