Você está na página 1de 9

lOMoARcPSD|17741311

Esquema de resolução de casos práticos DIP

Direito Internacional Público (Universidade de Lisboa)

Studocu is not sponsored or endorsed by any college or university


Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)
lOMoARcPSD|17741311

Esquema de resolução de casos práticos DIP – Tratados

Artigo 38º/1 alínea a) do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça – determina que as convenções internacionais
são fonte de DIP.

Às convenções internacionais entre Estados aplica-se a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 –
artigo 1º da Convenção (CV).

Nota: importante perceber se no caso releva algum dos conceitos definidos no artigo 2º; se sim, referir a definição. 1.
Perceber se se aplica a Convenção de Viena – 1º e 2º CV

1º FASE – negociação/adoção/autenticação do texto – artigo 9º e 10º CV

Esta fase está entregue a liberdade politica do estado.

A. PLENOS PODERES → plenipotenciário = representante do estado nas negociações/ adoção/autenticação do


texto e tem plenos poderes. Artigo 7º, nº2 CV – estabelece uma presunção de plenos poderes em virtudes das
funções desempenhadas. Nos restantes casos têm de apresentar uma carta de plenos poderes à luz do nº1 do
mesmo artigo.
➔ Artigo 8º CV – quando um ato relativo à conclusão de um tratado é praticado por alguém que não tem
plenos poderes, esse ato não produz efeitos jurídicos, a não ser que seja confirmado posteriormente por
esse estado.
1. Negociação do conteúdo e forma
2. Adoção do texto – artigo 9º CV - regra geral é a de que a adoção ocorre por consentimento de todos os
participantes, a menos que seja um tratado numa conferencia internacional (aí basta maioria de 2/3 dos
membros presentes e votantes.
2.1 Os tratados multilateralismo ocorrem em regra em conferencias internacionais, no seio de
organizações internacionais ou sob a égide de organizações internacionais, mas no âmbito de uma
conferência internacional.
2.2 Blanco Morais: há um costume de que basta adotar por 2/3 como regra, se nada for dito em contrário.
3. Autenticação do texto – 10º CV – considerar o texto do tratado como autêntico e definitivo
3.1 formas de autenticação do texto:
3.1.1 rubrica = posição das iniciais ou outra forma de assinatura informal no tratado, tem um mero
efeito de autenticação do texto do tratado, sujeito a confirmação posterior – artigo 10º b) CV
e artigo 12º, nº2 a) CV
3.1.2 Assinatura ad referêndum = posição da assinatura seguida da menção expressa que carece de
confirmação, tem um mero efeito de autenticação do texto do tratado sujeito a confirmação
posterior – artigo 10º b) CV e artigo 12, nº2 b) CV. Quando houver confirmação os seus efeitos
retroagem à data da assinatura.
Esta figura não tem os demais efeitos associados à assinatura, como a vinculação ao tratado
e também nomeadamente os do artigo 18, a) CV
1

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

3.1.3 Assinatura = produz efeitos diferentes consoante seja um tratado solene ou simplificado, pois
a assinatura de um tratado solene ainda não se traduz numa vinculação, apenas exprime o
acordo formal, produz o direito de o estado ratificar, impede os estados de realizarem ações
ou omissões que ponham em causa o fim do tratado (principio da boa fé- artigo 18º CV), e o
texto fica fixado (artigo 10º, alínea b- CV). Se os plenipotenciários não tiverem poder para
assinar, como no caso da assinatura de reserva de aceitação, o Estado depois tem de
confirmar a assinatura
3.1.4 Procedimento previsto no tratado ou acordado pelos estados participantes na sua elaboração
- artigo 10º, b) CV

2º FASE– fase da manifestação do consentimento – artigo 11º CV (o elenco é meramente exemplificativo)

Artigo 12º CV – manifestação pela assinatura

➔ Tratado de forma ultrasimplificada - professora Maria Luisa Duarte e professor Jorge Miranda - ou
simplificada - professor Eduardo Correia Batista  nestes tratados a assinatura tem o efeito extraordinário
de vincular imediatamente os estados. o Esta forma de vinculação é aceite pela convenção de Viena
quando as partes expressamente o digam no tratado – artigo 12º, nº1 a) CV. Se nada se dissera não se
pode presumir que é um tratado simplificado.
➔ Tratado solene: a assinatura ainda não se traduz numa vinculação, mas exprime um acordo formal; produz
o direito do estado ratificar; impede os Estados de realizarem omissões ou ações que ponham em causa
o fim do tratado (18º CV) e determina a fixação do texto

Artigo 13º CV – manifestação pela troca de instrumentos constitutivos de um tratado

Artigo 14º CV – manifestação pela ratificação, aceitação ou aprovação

➔ Ratificação = ato unilateral com que a pessoa de DIP exprime definitivamente a sua vontade de se obrigar
OU ato jurídico individual e solene pelo qual o órgão competente do Estado afirma a sua vontade de se
vincular ao tratado – é um ato discricionário, mas irretratável.
• O tratado solene só produz efeitos após a ratificação.
• Ratificações imperfeitas: poderá ocorrer irregularidades formais, apreciadas à luz da ordem
jurídica interna, no processo de conclusão do tratado (mais à frente)
• E quanto às violações inconstitucionais materiais? A CV não se pronuncia sobre isso e, portanto,
deverá ser a ordem jurídica interna de cada Estado a definir
• As ratificações são depositadas junto do depositário, ou seja, da entidade escolhida para receber
os originais do tratado, assim como os vários instrumentos de vinculação

Artigo 15º CV – manifestação pela adesão

➔ Adesão= O Estado não participou na negociação e exprime o seu consentimento quanto ao texto da
convenção e vincula-se à mesma. Assim, neste sentido <adesão= engloba a assinatura e ratificação. Só é

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

possível quanto a tratados abertos ou semi-abertos, e por outro lado, depende da vontade das partes
originárias do tratado, ou mesmo dos que já aderiram, a possibilidade de um Estado aderir.
A adesão a tratados institutivos de Organizações Internacionais está sujeita a um regime especial. Quando
a adesão impõe uma vasta e pormenorizada negociação, a declaração unilateral do Estado para aderir
pode ser objeto de uma convenção, entre o estado aderente e as partes originais- Tratado de Adesão

Reservas

Limitação à vinculação: através das reservas = declarações unilaterais feitas por um Estado que assina, ratifica, aceita,
aprova ou adere a um tratado, pretendendo excluir o modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado
quanto à sua aplicação a esse Estado – artigos 19º e ss., CVDT; artigo 2º, alínea d), CVDT.

limites das reservas – a inobservância dos mesmo leva á ineficácia da reserva

1. limites formais: exige-se de forma escrita, quer para as aceitações que para as objeções às reservas – artigo 23º CV

2. limites temporais: artigo 19º pero énio CV – devem ser feitas no momento da vinculação

3. limites materiais:

→ expressos – artigo 19º a) e b) CV – o tratado não pode proibir a reserva

→ implícitos – artigo 19º c) CV – a reserva não pode ser contrária ao fim ou objeto do contrato. No entanto tem de se
entender que a sanção decorrente desta alínea foi revogada por norma costumeira de sentido contrário

Quem precisa de aprovar a reserva?

o Nos tratados multilaterais restritos (professor correia batista - menos de 5 e tratado fechado e ), nos quais a
aplicação do texto na integra é uma condição essencial para o consentimento dos Estados em vincularem-se,
vale o critério da unanimidade – artigo 20º, nº2 parte CV (2 requisitos cumulativos).
o Nos tratados com elevado número de Estados só são admissíveis reservas se compatíveis com os fins do
tratado, sendo que serão os outros Estados a apreciar essa compatibilidade.

Efeitos das reservas

- A reserva considera-se aceite se os restantes Estados não se opuserem expressamente a ela em 12 meses após
a notificação – 20º/5 CV.

➢ Regra Costumeira – prazo é de 90 dias e não 12 meses, sendo que isso não impede que as reservas sejam depois
realizadas.

- Aceite: Sendo aceite a reserva, expressa (20º/4 alínea a) CV) ou tacitamente (20º/5 CV), o tratado passa a valer
nas relações entre o Estado que formula a reserva e o Estado que a aceita como tendo a reserva – 21º/1 alínea a)
CV.

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

Nota: Não existem reservas em tratados bilaterais pois a mesma significaria uma contraproposta do texto daquele
tratado

Declaração interpretativa – um estado com uma declaração interpretativa visa clarificar ou precisar o sentido ou
alcance que esse estado atribui a esse tratado ou a certas normas do tratado

Declaração interpretativa condicional – o estado faz depender o seu consentimento da aceitação de uma interpretação
especifica do tratado ou das suas disposições. Se prevalecer uma interpretação diferente vai corresponder a uma
reserva disfarçada. O estado impõe a sua interpretação e sujeita a sua vinculação á aceitação dessa declaração →
reservas disfarçadas ou imperfeitas:

- na eventualidade de limitarem os efeitos do tratado, devem ficar sujeitas ao regime das reservas, a menos que se
deduza da intenção do estado autor que não era a sua intenção alterar os efeitos das disposições da convenção

Objeções às reservas

Há dois tipos de objeções: (temos de verificar se o tratado permite que exista objeções)

1. objeção simples – artigo 20, nº4 b) CV → não existe uma objeção à entrada em vigor do tratado

1.1 consequência desta objeção → divergência doutrinária

- Para o professor Carlos Blanco Morais tratando-se de uma objeção simples as consequências esgotam-se entre o
estado autor da reserva e o estado que formulou a objeção pois a disposição sobre qual a reserva se formou não se
aplica entre os dois

- Para o professor Eduardo Correia Batista a objeção simples significa uma aceitação da reserva, para não existir teria
de ser uma objeção qualificada – resulta da comparação entre o artigo 21º, nº3 CV e o artigo 1º, nº1 a) CV

2. objeção qualificada → a objeção é acompanhada por uma manifestação inequívoca contra a entrada em vigor do
tratado

- impede a entrada em vigor do tratado entre a parte que formulou a reserva e a parte que a objetou → artigo 20º,
nº4 b) 2º parte CV

Requisitos das objeções

1. temporal – artigo 20º, nº5 CV

2. formais – artigo 21º, nº3 CV – as objeções têm de ser feitas por escrito e comunicadas aos outros estados membros

3º FASE – entrada em vigor da convenção

Artigo 24º, nº1 CV – a regra supletiva da entrada em vigor de um tratado é a da entrada em vigor no momento da
ratificação por todos os estados que tenham participado na negociação, quando não esteja definido o momento no
tratado.
4

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

4º FASE – depósito, registo e publicação – artigo 76º a 80º da CV

Com o propósito de tratar da publicidade e do resguardo seguro, a prática tende a designar um depositário, sendo
depois transmitidos ao Secretariado das Nações Unidas para o registo e a publicação.

É obrigatório o registo do tratado na ONU – artigo 80º, nº1 CV e artigo 102º da carta das nações unidas – o tratado
não pode ser invocado perante os órgãos da ONU e não será fundamento para as decisões do tribunal internacional
de justiça. No entanto, mesmo antes do registo, o tratado pode ser invocado pelas partes, logo não é condição de
validade ou eficácia. A ONU permite o registo tardio com o único efeito do tratado não poder ser invocado no tribunal
internacional de justiça – a doutrina diz que esta possibilidade de registo tardio tira grande parte da utilidade das
consequências do não registo.

É possível invocar o direito interno para se desvincular de uma convenção ou fundamentar o não cumprimento da
mesma? Em regra, não – artigo 27º CV

o Regime especial – artigo 46º CV – apresenta um conjunto de regras que têm de ser cumpridas para o estado
poder usar o direito interno para se desvincular do tratado ao qual se vinculou  ratificações imperfeitas.
Requisitos:
1. Tem de ser uma disposição do direito interno relativa à competência
2. Essa violação tem de ser manifesta, ou seja, quando é manifestamente evidente para qualquer estado (nº2)
3. Tem de ser uma norma de importância fundamental
o Divergência doutrinária:
➔ Doutrina maioritária – interpretação literal → não estando verificados os requisitos o estado não pode
desvincular-se. Ou seja, os estados continuam vinculados, mas o tratado não se aplica na sua ordem
interna por inconstitucionalidade do tratado e pode incorrer em consequências no plano internacional.
Quando um estado não consegue utilizar o artigo 46º CV deve tentar desvincular-se o mais rapidamente
do tratado internacional sendo que isso só é admissível no âmbito do artigo 56º CV
➔ Professora Maria Luísa Duarte – interpreta o artigo 46º CV de forma lata e admite que os estados se podem
desvincular, mesmo quando não se apresente cumpridos todos os requisitos quando ocorra uma violação
do núcleo de proteção dos direitos individuais.

Invalidades - Nulidade dos tratados

Artigo 42º CV – principio da tipicidade → só se pode falar das causas de invalidade presentes na convenção
(taxatividade do principio da tipicidade)

Nulidade do tratado – artigo 46º ao artigo 53º CV

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

o Causas de nulidade relativas – artigo 46º a 50º CV – tem efeitos no que diz respeito a quem pode invocar as
nulidades, como é que podem ser invocadas → estes artigos protegem os interesses das partes e estas
nulidades só podem ser invocadas pelas partes e são sanáveis.
Efeitos:
Artigo 69º: os efeitos para o futuro não produzem efeitos, mas e os efeitos passados? Em princípio devem ser
suscetíveis de desaparecer, mas com certas características
- Artigo 69º/2: os atos praticados de boa-fé podem ser salvaguardados.
-Artigo 69º/3: nos casos de corrupção e dolo o artigo 69º/2 não se aplica à parte a que é imputável o dolo, ato
de corrupção ou coação, pois estes envolvem a pretensão de prejudicar a outra parte. Estas regras aplicam-se
aos tratados bilaterais e com as respetivas adaptações aos tratados multilaterais.
Divisibilidade das disposições - Artigo 44º:
- No que toca a dois tipos de vícios (corrupção e dolo - 49º e 50º), o estado que tem direito de alegar o dolo e
corrupção pode fazê-lo quer em relação a todo o tratado quer em relação apenas às normas afetadas pela
conduta dolosa ou corruptora.
- Nos outros casos de invalidade, em regra, a nulidade é parcial, salvo se essas normas foram essenciais para
a criação da convenção, não podendo o tratado sobreviver sem elas, ou se sem estas normas resultar um
prejuízo para uma das partes , ou se na sua execução não se permita que as normas sejam separadas do
tratado.
o Causas de nulidade absolutas – artigo 51º a 53º CV – tem a ver com a salvaguarda de interesses da comunidade
internacional. Podem ser invocadas a todo o tempo e por toda gente, não só as partes – estas nulidades são
insanáveis

Diferença entre coação e corrupção

1. Coação = existe uma ameaça para que o estado se vincule na convenção - por medo
2. Corrupção = existe um beneficio que foi dado ao estado para se vincular na convenção - por beneficio
2.1 Diferença entre o artigo 51º CV e o artigo 52º CV
Artigo 51º CV - A ameaça ocorre sobre um representante de um estado
Artigo 52º CV - A ameaça ocorre sobre o próprio estado → Divergência doutrinária: - Para o professor
Eduardo Pereira Batista e para o professor Carlos Blanco Morais este artigo não é aplicável em casos de
coação económica.
1. Argumento literal – o artigo só faz menção a ameaça pelo emprego da força
2. Argumento histórico – na votação da convenção de Viena foi recusada a possibilidade de invocar a
coação económica para efeitos de nulidade do tratado o - Para a professora Maria Luísa Duarte temos de
fazer uma interpretação extensiva do artigo – temos de fazer distinção conforme a legalidade ou
ilegalidade do fim a prosseguir com a pressão económica
1. Se existe coação para prosseguir um fim contrário ao direito internacional (por exemplo um tratado
sobre fronteiras ou alianças militares) então a professor admite a utilização do artigo 52º CV para a coação
económica
6

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

2. Se o fim da coação económica não for ilegal e se for desejável no quadro de DIP então não se pode
aplicar este artigo – quando existe uma pressão no sentido de obter um acordo favorável em matéria de
direitos humanos

Revisão dos Tratados (39º e 40º CV)

Modificação dos Tratados (41º CV) = Poderá haver uma modificação parcial de um tratado que só envolve algumas
partes do tratado e as suas relações (artigo 41º), ainda que com certas condições:

1. não se pode ofender o gozo dos direitos das outras partes do tratado;
2. o tratado tem de prever essa possibilidade ou pelo menos não a proibir, se nada disser, tem de ser interpretar
a sua lógica
3. não pode esse ato incompatível com o fim ou objeto do tratado.

Cessação dos Tratados (54º ao 64º CV)

1. Por acordo entre as partes: As partes celebram um novo tratado que põe termo ao anterior (ab-rogação- CV
Artigo 54º alínea b), podendo este fenómeno ser feito de forma tácita, havendo uma incompatibilidade do
novo tratado que regula a mesma matéria (CV artigo 59º).
2. poderá também extinguir-se pela existência de um termo final, isto é, quando o tratado é concluído por um
período fixo ou pela existência de condição resolutiva.
3. Por vontade unilateral de uma das partes: Ocorre quando um dos Estados formula uma denúncia (CV artigo
56º), tendo esta de ser prevista pelo tratado enquanto meio de cessação da vigência do mesmo, sendo ilícita
se assim não for. A denuncia só é admitida quando:
a) As partes estabeleceram a admissão da possibilidade de uma denúncia ou recesso
b) se a possibilidade resultar da natureza do tratado

- nesse caso, devem notificar com 12 meses de antecedência a sua intenção.

Se estivermos a falar de um tratado multilateral, a denúncia pode não resultar na extinção de todo o tratado,
pois só deixa de vigorar quanto à parte denunciante →Recesso.

Existem tratados insuscetíveis de denúncia, pela sua natureza: os tratados de integração e concretamente os
tratados que criam as Comunidades Europeias e os modificam.

4. Por circunstâncias Exteriores à Vontade das Partes: Remete para a questão da caducidade dos tratados que
pode ocorrer tendo diversas fontes:
a. o desaparecimento ou alteração territorial de um dos Estados contratantes;
b. impossibilidade superveniente do seu cumprimento (CV artigo 61º);
c. a guerra era considerada como fonte de caducidade de um tratado entre os 2 estados envolvidos, contudo,
a maioria da doutrina considera a guerra como algo fora do contexto do Direito Internacional, não

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)


lOMoARcPSD|17741311

provocando qualquer efeito jurídico nesse âmbito. No entanto existem regras costumeiras que
consideram que em tratados bilaterais se as partes estiverem em guerra, poderão incumprir certos
aspetos sem incorrer em responsabilidade (Os artigos 63º e 75º da CV parecem apresentar que a rutura
de relações diplomáticas ou a abertura de hostilidades não afeta as relações contratuais);
d. por desuso.
5. Resta atender ao problema da cláusula rebus sic stantibus, isto é, se é possível que um contrato caduque
devido à alteração fundamental das circunstâncias em que foi celebrado. O TPJI, em 1932, num acórdão sobre
casos de jurisdição em matéria de pescarias, aceitou o princípio de que uma alteração radical de circunstâncias
pode ter efeito sobre a vigência das obrigações assumidas em tratados, embora a extensão da relevância deva
ser aferida em cada caso.
Artigo 62º da CV : A cláusula só pode ser invocada se a existência das circunstâncias tiver constituído uma base
essencial para as partes consentirem a ficar vinculadas ao tratado e se, a alteração tiver como efeito uma
modificação radical da natureza das obrigações assumidas no tratado. No número 2 do artigo retiram-se 2
exceções deste princípio: se o tratado estabelecer uma fronteira e se a alteração resultar de uma violação de
uma obrigação por parte da parte que a invoca. No número 3 é expresso que a parte que invoca a cessação,
se o puder fazer, pode também optar por suspender o tratado. Contudo, mesmo que as 2 condições expressas
no número 1 se verifiquem, a parte não pode invocar se tiver expresso ou tacitamente aceite a alteração
fundamental das circunstâncias - Artigo 45º CV.
O procedimento associado à cessação encontra-se nos artigos 65º a 67º da CV, podendo as outras partes do
tratado fiscalizar os motivos para a invocação da cláusula, e na falta de acordo, prevê-se o recurso aos meios
indicados no artigo 33º da Carta das Nações Unidas.

Interpretação de Tratados = A doutrina considera que o objeto de interpretação do tratado consiste na averiguação
da vontade real das partes contratantes (<vontade comum=)

Downloaded by Ana Araújo (abeatrizgfaraujo83@gmail.com)

Você também pode gostar