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CORPUS IURIS CIVILIS

O Corpus Iuris Civilis, foi assim denominado por Godofredo em 1583, é uma grande
coletânea de ius (fragmentos de obras de juristas clássicos) e de leges (excertos de
constituições importantes).

A ideia inicial de Justiniano seria a de realizar uma coletânea de leges, com o seu
nome, e com fins práticos de forma a substituir o já desatualizado Código Teodosiano,
embora não com a amplitude que acabou por ter o Corpus Iuris Civilis.

Logo que subiu ao poder deu aso a esta sua ideia, nomeando uma comissão de dez
membros à qual estava confiado o mandato de organizar um novo código, utilizando as
constituições diretamente dos três códigos precedentes (Gregoriano, Hermogeniano e
Teodosiano) e as constituições posteriores até às do próprio Justiniano.

O novo código distinguir-se ia do Teodosiano, por um lado por figurarem matérias dos
Códigos Gregoriano e Hermogeniano e por outro por serem excluídas todas as
constituições já não vigentes por terem sido explicita ou implicitamente abolidas por
constituições posteriores.

Ao fim de 14 meses esta comissão dera como terminado o seu trabalho.

O novo código, Codex Vetus (que a Teresa referiu na última aula), era publicado pela
constituição Summa reipublicae, de 7 de abril de 529, entrando em vigor 9 dias depois.
No entanto, este código só esteve em vigor 5 anos, sendo substituído em 534 pelo
Codex do Corpus Iuris Civilis.

Justiniano depois de concluído e publicado o Codex Vetus, apercebe-se que por um


conjunto de fatores propícios, começa a nutrir um forte desejo de elaborar uma
grande coletânea de ius e se refundisse e atualizasse o Códex Vetus. Havia,
igualmente, uma necessidade de coletar o ius de forma a acabar com as incertezas e
inúmeras controvérsias a respeito das obras dos juristas clássicos e para haver um
direito proveniente do ius certo uniforme e prático.

Houve 3 fatores que concorreram para a realização do corpus iuris civilis, as escolas, o
triboniano e outros juristas de valor e a personalidade da Justiniano.
Justiniano consciente da corrupção que os princípios romanos tinham sofrido durante
quase 3 séculos decadência procurou reparar os danos fixando na sua compilação de
uma forma indelével o ius mas também aperfeiçoando-o. É devido a estas orientações
clássicas do século 6 terem sido impostas por Justiniano nos tribunais e nas escolas
que se fala na finalidade legislativa e didática do corpus iuris. Por um lado, serve de
exposição autorizada com força de lei de todo o ius Romano. Por outro, é um texto
único que deferia estudar-se nas escolas.

O corpus iuris civilis está dividido em 4 partes, a digesta ou pandactae, as institutiones,


o codex repetitae praelectionis e as novellae.

DIGESTA

A digesta era constituída por 50 livros que integram apenas a doutrina (Iura)- opiniões
dos jurisprudentes que pretendem responder ao ius.

FINALIDADE

A digesta surge com a necessidade de realizada a compilação das leges, no códex, ser
necessário ainda compilar os iura.

CONTEÚDO E ELABORAÇÃO

Justiniano encarregou pessoalmente Triboniano de elaborar uma obra do tipo do


digesta da jurisprudência clássica. Triboniano teria toda a liberdade e poder para
escolher os membros que fariam parte da comissão codificadora. Escolheu 16
membros, Constantino, 4 professores de direito e 11 advogados de Constantinopla. À
comissão competia corrigir os erros dos jurisconsultos que tivessem tido ius publice
respondendi ex auctoritate principis, sem qualquer preferência por algum e indicando
sempre o autor, obra e livro de onde fosse extraído o fragmento; suprimir o que fosse
supérfluo ou tivesse caído em desuso e eliminar asa autonomias, as semelhanças e as
repetições; adotar os fragmentos dos textos às novas circunstâncias. Foram utilizados
fragmentos de 38 ou 39 juristas, sendo os 5 mais citados os 5 da Lei das Citações,
encerrando o digesto com 9142 fragmentos, Ulpiano conta com 3000, alguns juristas
com apenas 1. O digesto encontra-se dividido em 50 livros subdividida em títulos, e
para fins didáticos encontra-se dividida em 7 secções. Bluhme descobriu em 1820 que
dentro de cada título os fragmentos das obras utilizadas encintram-se reunidos em 4
grupos ou massas, a massa sabiniana, edictal, papiniana e uma quarta massa hoje
denominada de appendix, que compreendem, respetivamente, gragmentos de obras
relacionadas com o ius civile, relacionadis com o ius praectorium, relacionados com as
responsa, quaestiones e do digesta, e relacionada com 12 obras secundárias. A
questão relativa à elaboração da digesta é ainda alvo de discussão tendo em conta o
trabalho assombroso de compilação de iura em apenas 3 anos, de 530 a 533. Baseada
na sua descoberta, Bluhme conjeturou que a comissão redatora estivesse dividida em
3 subcomissões, cada uma encarregue de estudar obras relativas a cada uma das 3
massas anteriormente enunciadas e o appendix. Concluindo-se o trabalho de cada
subcomissão estas reunir-se iam para colocar em cada título a massa com maior
número de fragmentos passando depois para a próxima se existir, mas sendo
considerada um complemento da primeira. Finalmente sobre o material recolhido e
repartido pelos títulos dar-se-ia um trabalho de coordenação e revisão. São várias as
críticas a esta teoria nomeadamente referindo que embora se explique uma certa
rapidez na elaboração do digesto nunca seria elaborado no espaço de 3 anos, embora
esta teoria tenha dominado até 1900 não contando hoje com adeptos. Com uma visão
crítica de Bluhme aparece Hofmann que apresenta uma teoria oposta de elaboração
do digesto, a primeira das consideradas teorias do pré-digesto. Esta teoria nega a
existência de massas e a sua ordenação e atribui a rapidez na elaboração do digesto à
existência de uma compilação privada do séc. V em tudo semelhante ao digesto e com
os compiladores justinianeus a simplesmente retocarem esta hipotética coletânea, ler
algumas obras e a transformar em fragmentos autónomos as citações encontradas
nessas obras lidas. Esta teoria foi alvo de uma forte critica ao negar qualquer
originalidade do Digesto e por contrariar afirmações do próprio Justiniano e pelo facto
de as massas no interior do digesto serem hoje tidas como facto assente. A verdade
sobre a elaboração do Digesto permanece hoje um mistério.

INSTITUTIONES

A Institutiones é um manual elementar de direito romano destinado a estudantes que


iniciam o estudo do Direito e no preâmbulo do qual se encontram as regras de
interpretação do ius. Esta visava suprimir os problemas colocados pelos velhos
manuais de direito no estudo do digesto, o desejo de retorno à cultura jurídica
classicista por Justiniano e o seu igual desejo de redigir um manual de direito sui
generis, munido de caracter normativo. A elaboração das Instituiones só se deu com o
término ou a aproximação do termino da feitura do Digesto, encarregando Triboniano,
Doroteu e Teófilo desse trabalho. Segundo a teoria mais seguida, Triboniano terá
encarregado Doroteu e Teófilo da elaboração de dois livros cada um, cumprindo a
Triboniano a revisão da obra. As Institutiones utilizaram como fontes as institutiones
de Gaio, outras institutiones clássicas e algumas partes do digesto já elaborado.
Quanto à sua composição interna, Justiniano decidiu a divisão das Institutiones em 4
livros, cada um por sua vez dividido por títulos. O primeiro livro trata das pessoas, o
segundo das coisas, direitos reais no geral e testamentos, o terceiro da sucessão e das
obrigações em geral e das obrigações ex contractu, o quarto das obrigações ex delicto,
das actiones do processo civil e do direito criminal. A divisão atual do código civil pode
encontrar algumas semelhanças nesta divisão.

CODEX

O Codex do corpus iuris civilis, ou códex repetitae prraelectionis é uma edição


devidamente atualizada do códex vetus de 529.

FINALIDADE

Depois da promulgação do Digesto e das Institutiones o códex vetus encontrava-se


completamente desatualizado, sendo como tal necessário um novo código que
incluísse as constituições de Justiniano promulgadas depois de 529, eliminasse as
contidas no Codex Vetus que tivessem sido revogadas ou alteradas e estivesse de
harmonia de critério seguido na feitura do digesto e das Institutiones, quer em razão
de espírito inovador, quer na sistematização da matéria.

ELABORAÇÃO E CONTEÚDO

Encarregue da elaboração do códex esteve novamente Triboniano e Doroteu a que se


somaram três advogados, já que Teófilo já havia falecido. O trabalho de elaboração
levou um ano. O códex utilizou como fontes o códex vetus, as constituições de
justinano promulgadas de 530 a 534 e os Códigos Gregoriano, Hermogeniano e
Teodosiano e outras possíveis compilações de leges pré justinianas. O códex está
dividido em 12 livros, e cada um destes em títulos, dentro dos quais as constituições se
encontravam por ordem cronológica. O livro I trata das fontes de direito, os livros II a
VIII do direito privado, o livro IX do direito penas e o livro X a XII do direito
administrativo e fiscal.

NOVELLAE

As Novellae constituem a lei nova, as Constituições imperiais promulgadas depois do


Código.

FINALIDADE

As Novellae surgem dada a continua atividade legislativa de Justiniano posterior à


promulgação do códex, nomeadamente de 535 a 546, data da morte de Triboniano, o
grande auxiliar jurídico do imperador, e um período no qual muitas constituições
imperiais denominadas, por determinação de Justiniano de Novellae. Estas estão
redigidas em latim, grego ou ambas.

ELABORAÇÃO E CONTEÚDO

Correspondendo às constituições imperais promulgadas depois da promulgação do


códex, a aurtoria da elaboração das Novellae corresponde a Justiniano. Nas Novellae
constam, um preâmbulo denominado praefactio, uma parte dispositiva dividida s
extensa em capítulos e parágrafos, eum epilogus. A maior parte das Novellae versam
sobre direito público, direito eclesiástico ou são leis sociais, aquelas que tratam de
direito privado são quase sempre de carácter interpretativo, principalmente pela
ordem de Justiniano de ser proibido o comentário ao digesto. Justiniano, prevendo
que depois da promulgação do códex publicaria novas constituições, e tendo decidido
não alterar esse códex, desjava fazer uma nova coletânea das Novelas por ele
publicadas, contudo tal não se verificou nem por si nem por qualquer um dos seus
sucessores, levando a que as novellae que chegaram até nós sejam de cariz privado.
Desta há que referir três importantes que nos chegaram intactas, o Epítome, o
Autêntico e a Coletânea Grega. Epítome das Novelas de Juliano contém 122
constituições dispostas por ordem cronológica e terá sido elaborado por Juliano,
provavelmente Professor de Constantinopla, em 555 ou 556. As novelas encontram-se
em forma sintética. Autêntico (Aunthenticum) contém 134 novelas desde os anos 535
a 556, escritas em grego e traduzidas em latim. Encontram-se ordenadas
cronologicamente até ao número 127. Nestas, ao contrário da coletânea anterior as
Novelas encontram-se transcritas em integro. A partir do séc. XI passam a ser a
coletânea de maior importância no ocidente, destornando as Epitome transformando-
se quase que na única fonte de direito no que diz respeito às Novelas. A Coletânea
grega contém 168 novelas redigidas em grego e foi elaborada por um autor
desconhecido no reinado de Tibério II, talvez no ano 580. A maioria está disposta por
ordem cronológica. Vigorou na Grécia até ao ano 1940. É a mais importante das
Novelas.

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