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CARLOS EDUARDO NASCIMENTO SOARES – 1°SEM DIREITO - 11220673

TEORIO GERAL DO DIREITO

ESCOLA RACIONALISTA

Jusracionalismo ou racionalismo jurídico foi uma escola de


pensamento jurídico que, utilizando métodos matemáticos (geometria), pretendia
deduzir um direito puramente racional, isto é, um direito fundado em princípios
racionais e que fosse válido independentemente das condições sociais ou
culturais nas quais foi formulado ou das sociedades as quais deveria reger. Essa
escola, de caráter eminentemente jusnaturalista, propunha que esse novo direito
natural - agora secular, isto é, não mais de natureza teológica - deduzido
racionalmente deveria ser utilizado para corrigir os vários direitos - tanto aqueles
consuetudinários, quanto aqueles positivos.

A escola desenvolveu-se a partir do século XVII na Europa ocidental,


tendo tornando-se hegemônica no pensamento jurídico e durado até o final do
século seguinte.

Teve seu fim a partir dos efeitos que a Revolução francesa provocou
em toda a Europa, com a criação das duas primeiras modalidades do positivismo
jurídico: na França (inicialmente, depois também em outros países), houve o
surgimento da Escola da exegese, de hermenêutica imperativista, que propunha
um positivismo legalista a partir da outorga do Código Napoleônico; nos estados
germânicos, houve o aparecimento da Escola Histórica do Direito, cujo método
levou a fundação da Jurisprudência dos conceitos, de hermenêutica
metodológica, que propunha um positivismo conceitualista.
JUSNATURISMO

A teoria jusnaturalista, que está relacionada com o Direito Natural, possuía, na


Idade Média, sentido teológico. A partir da doutrina escolástica, a qual
identificava aquele com as normas morais, o conhecimento jurídico passa a ter
caráter científico. Nesse diapasão, em que o jusnaturalismo parte de uma
concepção fideísta para uma ideologia racionalizada, antropocêntrica, surge
alguns filósofos a fim de explicar a natureza humana, como Thomas Hobbes e
Rousseau, por exemplo. O Direito Natural é um precedente primígeno dos
princípios gerais de direito. Possui os mesmos elementos do “aspecto estático
da normatividade” de Hans Kelsen, como Direito Natural “transcendente” ou
“transcendental”. No primeiro caso seria um aglomerado de pressupostos éticos,
divinamente instituídos, que extrapolam a inteligência humana. No segundo,
seria reconhecido em razão do conhecimento empírico que institui certas
“invariantes axiológicas”, sendo o valor fundamental o da pessoa humana. O
jusnaturalismo hodierno compreende o Direito Natural enquanto uma reunião de
princípios que orientam a atividade legislativa. A sua incumbência moderna
reside em delinear os recursos de proteção ao homem, para que este esteja apto
à realização do bem comum.

ESCOLA DA EXEGESE

A partir da publicação do Código Napoleônico a Revolução Francesa entra em


culminância. Isso porque o movimento revolucionário preconizava o regime legal
como o único capaz de exprimir a vontade pública; assim, a lei se torna a fonte
exclusiva de Direito, necessitando apenas de uma exata interpretação. Daí a
etimologia da escola, também chamada de método tradicional ou clássico de
interpretação do Direito. Reproduzindo os princípios característicos do
positivismo ela se circunscreve ao elemento gramatical e à lógica interna,
bastando apenas a revelação da vontade do legislador, sua característica
principal. Os prosélitos dessa tendência conservadora apregoavam o
“codicismo”, em que não havia um caso concreto sequer que resvalasse
imprevisto no Código de Napoleão. Nenhuma hermenêutica externa ao texto era
permitida, tendo como premissas o dogmatismo legal, a subordinação à vontade
do legislador e o Estado como único autor do Direito. A Escola da Exegese se
demonstrou insuficiente por não adequar a lei aos novos cenários da convivência
social. Surgiram, assim, dentre outras, as seguintes escolas interpretativas: “A
Livre Investigação Científica do Direito”, de François Geny, para o qual a
perquirição do jurista deve ir além do Código Civil, mas através dele; “O Direito
livre”, em que o exegeta possui ampla liberdade, independentemente da lei; e,
afinal, o “Realismo”.

ESCOLA HISTÓRICA

Essa Escola, desenvolvida no final do Século XIX, quando se verificou


a impossibilidade de as leis, por si só, acompanharem a sociedade, razão pela
qual se passou a ver como imprescindível a atuação do magistrado auxiliando o
legislador, adaptando a norma, aos novos tempos. Para essa Escola, a lei, ao
contrário do que pensavam os exegetas, toma vida própria e se liberta totalmente
do legislador. Assim, deixa-se de buscar a mens legislatoris (pensamento do
legislador), para se buscar a mens legis (o espírito da lei) que é a vontade
autônoma da própria lei, extraída pelo aplicador em qualquer tempo.

Montesquieu é um dos grandes filósofos do Século XVIII. Pensador


iluminista, deixou grande herança por meio de suas obras. Na obra “Do Espírito
das Leis”, o autor expõe uma política essencialmente racionalista, caracterizada
pela busca de um equilíbrio entre a autoridade do Poder e a liberdade do
cidadão. A separação do Poder entre Executivo, Legislativo e Judiciário, surgiria
da necessidade de o Poder deter o próprio Poder, evitando, assim, o abuso da
autoridade. A liberdade do cidadão é um dos pontos principais da obra deste
iluminista. Para Montesquieu, as leis não seriam resultadas da arbitrariedade dos
homens, elas surgem de acordo com a necessidade e derivam das relações
necessárias da natureza das coisas.

Assim o que interessa não é mais “o que o legislador queria no


momento da elaboração”, mas sim “o que ele iria querer se vivesse no momento
e contexto atuais.” A ideia principal era adaptar a velha lei aos tempos novos,
“dando vida aos Códigos”

Ressalte-se que o intérprete não tem qualquer poder inventivo ou


integrador, devendo manter-se no âmbito do texto legal, pois, essa Escola
Histórico-Evolutiva também não admitia, assim como a Escola da Exegese, que
o Sistema Jurídico fosse omisso, não fazendo, portanto, quaisquer referências
às lacunas.

ESCOLA DOGMÁTICA DO DIREITO

A ideia principal dos juristas dessa Escola consiste no fato de que o


intérprete deve apenas buscar a chamada mens legislatoris, ou seja, a vontade
do legislador, o que ele queria dizer ao elaborar a lei. Desse modo, não importará
se a sociedade mudou ou evoluiu, a interpretação será sempre aquela voltada
ao passado, à época da elaboração da norma. Por essa razão, o método
utilizado era normalmente o gramatical ou literal, pois, para esses teóricos as
palavras carregavam a vontade originária do legislador.

Essa Escola não aceitava quaisquer outras fontes, senão, a própria


lei, e esta representava todo o Direito existente. Havia o endeusamento das
codificações que eram consideradas obras perfeitas e completas, não se
aventando a possibilidade de lacunas ou a atividade criativa da jurisprudência.
O inconveniente óbvio dessa ideia, é o de que o Direito, nem sempre acompanha
a sociedade, que está em constante evolução, fazendo com que as normas se
tornem, muitas vezes, obsoletas e arcaicas, presas ao tempo de sua criação.

Ademais, a ideia de encontrar a vontade do legislador é


completamente inadequada pelo fato de que a norma, não é produto de uma
única vontade, mas sim, de muitas vontades políticas conjugadas, o que, muitas
vezes é resultado de diversos debates e disputas partidárias; há, ainda, a
possibilidade nada remota, do nosso legislador usar um termo inadequado ou
equivocado.
A ascensão da Escola da Exegese no início do século XIX, é
explicável pelo momento histórico, pois, não podemos nos esquecer que ela
surge com o Código de Napoleão, que, como qualquer Código, foi inicialmente
considerado obra irretocável. Além do que, a burguesia, já então, classe
dominante, vinha de um período de sofrimento, muitas vezes, perpetrado pelo
arbítrio judicial, razão pela qual, levavam às últimas conseqüências, a Teoria da
Separação dos Poderes, e achavam que, se o juiz tivesse liberdade para
interpretar, a tirania, poderia retornar, por isso, faziam do magistrado, um vassalo
do legislador. Atualmente essa Escola é relegada a um valor meramente
histórico, tendo em vista, a impossibilidade de aplicação de seus princípios por
demais rígidos e intolerantes.

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