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Data: 28/05/2021

Disciplina: Metodologia da Pesquisa e do Ensino em Direito

Professor:

Trabalho: Fichamento Modelo Resumo ou Conteúdo

Referência: BASTOS, Aurélio Wander. O Ensino Jurídico no Brasil. 2. ed. Rio de


Janeiro: Lumen Juris, 2000. P. 277 - 284.

A INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL E SISTEMÁTICA

O Código Civil Napoleônico foi um grande marco trazido pela Revolução


Francesa. Apesar de toda sua inovação e grandiosidade, o Código é dotado de
algumas lacunas, reconhecidas, inclusive, por seus elaboradores. Apesar da
opinião de seus elaboradores, muitos de seus aplicadores assim não pensavam,
afirmando que no código tudo que dizia respeito a vida social havia sido
regulamentado e, portanto, não haveria mais a necessidade de se utilizar dos usos
e costumes.

É de certa forma até compreensível que se pensasse desta forma. A


Revolução Francesa trouxe o ideal de que “todos são iguais perante a lei”. O Código
Civil seria então expressão dessa vontade comum de igualdade. Sendo assim, a lei
passou a ser considerada a única fonte do Direito.

Criou-se, então, duas vertentes: a primeira aduzia que o direito é a lei e a


segunda que afirmava que a ciência do direito dependia da interpretação da lei
segundo processos adequados lógicos.

Foi a partir dessa visão de necessidade de interpretação da lei que surgiu a


Escola da Exegese. Denomina-se Escola da Exegese o movimento ocorrido no
século XIX que afirmava que na lei positiva já havia a possibilidade de solução de
eventuais conflitos que surgissem ou demais eventos da vida social.
Os teóricos que se filiavam a essa escola sustentavam que os usos e
costumes não caberiam mais no ordenamento jurídico, a não ser quando a lei
determinasse que assim o fosse. O jurista, portanto, deveria se filiar ao texto,
buscando nele mesmo as soluções que precisasse e assim surge a jurisprudência
conceitual.

O primeiro dever do intérprete deveria ser analisar o dispositivo legal e


capturar seu âmago. A lei, enquanto manifestação de vontade do legislador, deveria
ser reproduzida com exatidão e de forma fiel. Após uma leitura morfológica e
sintática da lei, deveria se buscar seu sentido filológico, afinal nenhuma lei ou
dispositivo de lei pode ser compreendido separado dos demais. Surge assim a
interpretação lógico-sistemática.

Em resumo, seria somente graças a essa interpretação lógica e sistemática


que o juiz, segundo a mencionada escola, cumpriria o seu dever aplicando a lei e
interpretando os casos de acordo com a intenção original do legislador.

Contudo, com o decorrer do tempo novas formas de compreensão da lei


passaram a ser exigidas dos aplicadores do Direito. De forma gradual, então, foi
sendo modificada a forma de interpretar a lei.

A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA E A EVOLUTIVA

Durante o século XIX na França se operou uma grande revolução técnica


tanto nas ciências da natureza, como nas demais searas de conhecimento.
Verificou-se, então, uma dissonância entre as leis codificadas e as novas demandas
sociais.

Nesse contexto e tendo por inspiração a Escola Histórica de Savigny que


surgia a denominada intepretação histórica. Para os afiliados a esta corrente, a lei
seria uma realidade histórica que se situava e progredia conforme o passar do
tempo.
Após a produção de determinado ditame legal, este não estará para sempre
vinculado a vontade do legislador. Deveria buscar compreender também qual teria
sido a intenção do legislador se no seu tempo houvesse os fenômenos que estão
presentes no momento da aplicação da lei.

De forma progressista surgem os pandectistas. Este grupo é formado por


juristas germânicos que construíram uma técnica ou dogmática jurídica. Um dos
representantes dessa escola dispôs sobre o problema da época discorrendo sobre
intenção possível do legislador, não no seu tempo, mas na época em que se situa
o intérprete daquele dispositivo. Dessa forma, a lei pode ser mais sábia que o
legislador.

Contudo, é fato que a elasticidade dos textos legislativos tem um limite. Aí


está a critica a essas doutrinas interpretativas.

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