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Data: 25/06/2021

Disciplina: Metodologia da Pesquisa e do Ensino em Direito

Trabalho: Fichamento Modelo Resumo ou Conteúdo

Referência: SUSSKIND, Richard. Online Courts and the Future of Justice. 1ª Ed.
United Kingdon: Oxford, 2019. P 215 – 221; 253 – 262.

Nesta obra o autor tenta explorar como as tecnologias devem ou podem ser
utilizadas para expandir o acesso à justiça. O livro é dividido em quatro partes. A
primeira, denominada “Courts and Justice” fala sobre como as cortes (tribunais) são
importantes para a sociedade, explora temáticas sobre o acesso à justiça e sobre o
papel no combate às injustiças.
Posteriormente, vem a parte denominada “Is court a servisse or a place?”.
Nesta parte do livro o autor apresenta sua visão sobre tribunais e julgamento online
e sobre argumentos auxiliares. Na terceira parte, denominada de “ The Case
Against”, o autor tenta prever quais críticas serão feitas à sua fala e as aborda em
detalhes. Será dada especial atenção a este tópico pois nele se encontra o capítulo
“Digital Exclusion”, objeto deste fichamento.
Por fim, em sua quarta parte, “The Future”, o autor explora as novas
tecnologias que podem ser aplicadas às Cortes (tribunais) virtuais.
Para Richard Susskind os tribunais são importantes tanto
constitucionalmente quanto para a jurisprudência de seu país (Inglaterra), sendo
assim, algumas mudanças são necessárias para se avançar junto com a sociedade.
Dentre estas mudanças, estão as tecnológicas. O autor afirma ainda que muitos
tribunais estão enfrentando problemas relacionados ao acesso à justiça e de como
fazer com que esse processo seja mais rápido, mais barato e mais conveniente.
Por outro lado, o autor afirma que as tecnologias podem aumentar ainda mais
as diferenças sociais e contribuir para a exclusão digital. No capítulo 21, dedicado
exclusivamente ao tema “Digital Exclusion”, o autor aduz que uma oposição comum
aos tribunais online é de que para acessá-los o usuário deverá ter certo nível de
conhecimento informático e acesso a internet. Essa, infelizmente, não é a realidade
de todas as pessoas.
O temor que paira é de que esse serviço online, ao invés de ajudar, se torne
um novo obstáculo ao acesso à justiça. O autor argumento que apesar deste ser
um dos maiores obstáculos aos tribunais online, este desafio muitas vezes é
exagerado.
Um relatório de 2018 da empresa de pesquisa JUSTICE afirmou que no
Reino unido a escala de exclusão digital era incerta. Já para o Ministério de Justiça,
em reportagem de 2016 que utilizou dados de 2013, sugeriu que 30% do Reino
Unido é autossuficiente no uso da internet, 52% podem utilizar a internet, mas com
alguma assistência e 18% são excluídos digitalmente.
Para o autor, apesar desses dados, a realidade não seria bem assim.
Segundo afirma, de 2013 para os dias atuais muitas coisas mudaram e
principalmente por conta do uso de smartphones. Devido a esse fator, 90% da
população de adultos do Reino Unido se considera nova usuária de internet. O nível
de utilização da internet varia de acordo com a idade. Entre as pessoas de 14 a 44
anos, por exemplo, 99% utiliza a internet. Já entre as pessoas de 75 ou mais anos,
apenas 44% utiliza esses serviços.
Há claramente um fator etário de utilização de internet, a população mais
velha utiliza menos, apesar de o número de usuários deste grupo tender ao
crescimento. Outro setor social que costuma ser excluído da internet é o de adultos
desempregados, semiqualificados ou não qualificados. Dentre estes, 22 % não
estão online.
Por outro lado, o autor afirma que muitas pessoas que são contadas como
“excluídas digitalmente”, em verdade deveriam ser consideradas como “usuários
secundários”. É o caso das pessoas que não se consideram usuárias da internet,
mas a utilizam com a assistência de uma outra pessoa (seria o caso de um idoso
que pede ajuda aos filhos ou netos para realizar uma tarefa online). Descontados
esses usuários secundários, o percentual de excluídos da internet ficaria em torno
de 6%.
Essa parcela da população seria então composta pelos chamados
vulneráveis. São os cidadãos considerados “difíceis de alcançar”, uma parcela da
população que já tem dificuldade de acessar à justiça e outros serviços como de
saúde ou serviços sociais.
Para o autor esse grupo é um desafio, mas não deve ser considerado um
empecilho ao desenvolvimento de tecnologias que ajudem na implementação das
cortes online.
Uma possível solução para esse impasse seria manter o atual sistema físico
de tribunais paralelamente aos tribunais online para que fossem atendidos também
aqueles que não conseguem acessar a internet. Além disso, seria interessante
haver assistência e suporte para quem não puder usar o sistema online.
Algo neste sentido já vem sendo praticado no Reino Unido. O chamado
“assisted digital” ajuda usuários que não utilizam a internet através de ligação,
videochamadas ou chat a acessar sistemas. Entre outras pessoas, essa ajuda é
composta por advogados voluntários prestando serviços pro bono.
Para os usuários que utilizam a internet, mas sem tanta habilidade, há os
guias de serviço online que auxiliam na realização de todas as tarefas. O
supramencionado relatório Justice afirma também que designs bem pensados de
tecnologias podem minimizar a exclusão digital dos serviços jurídicos online.
O autor conclui o capítulo invocado Voltaire ao afirmar que se tratando da
modernização dos sistemas de justiça, deve-se buscar a melhoria e não a perfeição.
Atualmente o que se observa é que os sistemas de justiça já são inacessíveis a
grande parcela da população (seja em países desenvolvidos ou não), o que se deve
propor é investir nesses avanços tecnológicos sempre olhando para estes que já
estão em um local deficitário.

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