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Filosofia

2023
Epistemologia
A epistemologia é a parte da filosofia que estuda o
conhecimento, também pode ser chamada por
filosofia do conhecimento ou teoria do conhecimento

Definição Definição tradicional do conhecimento

Ceticismo Radical
Problema do
Possibilidades Teoria de Decartes
conhecimento
Teoria de Hume

Teoria de Decartes - Racionalismo


Origem
Teoria de Hume - Empirismo

O conhecimento é uma relação entre o sujeito e o objeto, ou seja, um


cognoscente entra em relação com um objeto ou realidade.

Nesta relação, o sujeito pressiona determinada características de objeto


com as quais constrói uma imagem ou representação mental deste.

Sujeito Objeto

Quem conhece Aquilo que é conhecido

Por vezes o “ sujeito” e o “objeto” coincidem , por exemplo, quando


alguém se tenta conhecer a si mesmo

Existem três tipos de conhecimento, o prático, de contacto e proposicional.

Conhecimento prático: aptidão ou capacidade de fazer algo (eu sei fazer);

Conhecimento por contacto: através de sentidos externos, conhecendo diretamente


algo (eu conheço);

Conhecimento proposicional: o objeto do conhecimento são proposições


verdadeiras (sei que);

Nota: “conhecer” e “saber” têm um significado semelhante


Definição tradicional de conhecimento

Segundo a definição que retoma a Platão o conhecimento consiste numa crença verdadeira
justificada (CVJ), na qual existe três condições necessárias para existir conhecimento:
Crença
Verdade
Justificação

O sujeito tem conhecimento proposicional de P se:


Acredita em P;
Se P for de facto verdadeira;
Se tiver uma justificação adequada para acreditar em P;

Ter uma crença é acreditar numa proposição, ou seja, considerá-la verdadeira.

Uma crença é um estado mental de adesão a uma ideia. Contudo, as crenças podem envolver
graus de convicção muito variados: pode-se acreditar que uma ideia é provavelmente verdadeira
ou pode-se ter a certeza firme de que é verdadeira.

Nota: a crença é necessária para o conhecimento, mas não é suficiente,


podendo ser verdadeira ou falsa, mas só as verdadeiras podem constituir
conhecimento, uma crença falsa não é conhecimento

Qualquer conhecimento é uma crença


verdadeira justificada

Qualquer crença verdadeira


justificada é conhecimento

A verdade é também uma condição necessária do conhecimento, porém,


não é suficiente.
Se uma determinada proposição ou ideia é falsa não pode ser conhecida,
logo, podemos saber que uma proposição é falsa, mas não a podemos
conhecer, ou seja, não podemos conhecer a própria falsidade.

Acertar na verdade por acaso não é conhecimento.

ter um palpite certeiro e dar


uma resposta correta, apesar de
não compreender o assunto em
causa, não é conhecimento
Para haver conhecimento tem de haver justificação.
Uma justificação consiste em boas razões para acreditar que uma
proposição é verdadeira, essas razões, fazem com que a convicção não
se deva ao acaso.

ouvir o vento justifica a afirmação de que está vento lá fora.

ter sonhado não justifica a afirmação de que está vento lá


que está vento fora.

Basta não satisfazer uma destas condições para não haver


conhecimento. A crença, a verdade e a justificação em conjunto
são uma condição suficiente do conhecimento.

Duas modalidades do conhecimento proposicional

Pensamento Conhecimento a priori

Fontes de
conhecimento
proposicional

Experiência Conhecimento a posteriori

A priori é um conhecimento adquirido por pensamento sem recorrer à experiência, o que


significa que é anterior à experiência.
Podemos descobrir que tais proposições são verdadeiras apenas pensando sem necessitarmos de
fazer nenhuma observação (pensar, raciocinar, calcular).

Contudo, há pessoas que não conseguem saber isso apenas pensando e têm de
recorrer à experiencia. Ou seja, o conhecimento a priori pode ser obtido através do
pensamento, mas a experiência também permite essa aquisição

A posteriori é um conhecimento que só pode ser adquirido através da


experiência, logo, significa que é posterior à experiência, este também pode
ser chamado de conhecimento empírico-experiência.
Por vezes, temos crenças falsas e quando isso acontece não nos
apercebemos da sua falsidade pelo menos durante um período de
tempo. vivemos então na ilusão de que são verdadeiras e de que
temos conhecimento, esta ilusão pode durar algum tempo ou até
a vida toda

O problema da possibilidade do conhecimento pode ser respondido pelo:


Ceticismo radical;
A perspetiva de René Decartes;
A perspetiva de David Hume;

Ceticismo
O ceticismo afirma que o conhecimento não é possível, e
pode ser distinguido em dois tipos de conhecimento.

Ceticismo radical defende que não existe realmente conhecimento e que aquilo a que
chamamos conhecimento não passou de uma ilusão. Duvidando assim da possibilidade
de todos e quaisquer conhecimento e, por isso, mesmo que algumas das nossas crenças
sejam verdadeiras, não estão justificadas.
E por isso, não serão também conhecimento.

Ceticismo moderado é regional ou localizado, isto é, duvida da possibilidade de


conhecimento em algumas áreas, mas não noutras.

Nota: sem justificação não há conhecimento

Pode se chamar ceticismo pirrónico ao ceticismo radical. Este nome vem de Pirro, um
filósofo grego que defendeu que não podemos ter a certeza de nada e que , portanto não
devemos afirmar que uma determinada ideia é verdadeira nem que é falsa, ou seja,
devemos de nos suspender ao juízo.
Devemos suspender a crença na ideia em causa - não acreditar nem deixar de acreditar

A posição do ceticismo radical pode ser expressa através deste argumento:


Se as nossas crenças não estão justificadas, então não temos conhecimento.
As nossas crenças não estão justificadas.
Logo, não temos conhecimento.

Este argumento é válido


Os filósofos pirrónicos usaram vários argumentos para se defender:

Argumento da regressão Argumentos dos enganos


infinita da justificação sensorais

A tentativa de justificar uma crença envolve sempre uma regressão


infinita da justificação, cada crença precisa de uma justificação e a
justificação de uma nova justificação, numa regressão sem fim.

Assim, parece que nem a primeira, nem a segunda, nem qualquer uma
das outras crenças está justificada.
Dizem os céticos radicais que nunca conseguimos justificações
adequadas e com valor epistémico.

Crença A Crença B Crença C Crença D Crença E Crença F

é justificada com é justificada com é justificada com é justificada com é justificada com

Crença A Crença C Não se justifica (porque sim)


Crença B

é justificada com é justificada com

Crença A
justifica-se com justifica-se com

Crença B Crença C

justifica-se com
A resposta funcionalista:
O fundacionalismo é uma das mais célebres respostas ao ceticismo;

A estratégia central do fundacionalismo passa pela distinção entre


crenças básicas e crenças não-básicas;

As crenças não-básicas só se justificam com base noutras crenças;

As crenças básicas são autoevidentes, não podem ser postas em causa,


pois são de tal modo evidentes que não precisam de ser justificadas por
outras crenças;

As crenças básicas podem fornecer uma justificação adequada para


outras crenças sem precisarem das mesmas ser justificadas com base
noutra crença, pondo assim um ponto final na regressão infinita da
justificação de que falavam os céticos;

Os fundacionalistas defendem que existe conhecimento;

A resposta fundacionalista para os racionalistas e empiristas:


Alguns fundacionalistas são chamados “racionalistas” pois
defendem que há crenças básicas acerca do mundo que provém da
razão, são a priori;
Outros fundacionalistas são chamados “empiristas”, pois
condenam que as crenças básicas acerca do mundo provêm
todas as experiências, são a posteriori.

Em suma:

Fundacionalismo

Crenças Básicas Crenças Não-Básicas


A priori, A posteriori,
Justificam-se a si mesma, Não são autoevidentes,
São autoevidentes, São inferidas a partir de outras
Justifica crenças não básicas. crenças que as justificam.

A cadeia de justificação termina com uma crença básica


colocando um ponto final na cadeia de regressão infinita de
justificação. Refuta o trilema cético
Será o conhecimento possível?

Não Sim

Ceticismo Fundacionalismo

Argumento cético de Distinção


regressão infinita

Crenças básicas Crenças não-básicas


Justificam as

Provém da

Razão/ Pensamento Experiência

Fundacionalismo Fundacionalismo
cartesiano ou clássico ou
racionalismo empírico (Hume)
(Decartes)

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