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Alice Araújo
Carolina Barros
David Menezes
Luana Coimbra
Marcos Antônio
Maria Luisa Oliveira
Natasha Porto
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Quando nasce no final do século XIX, a teoria da livre interpretação toma espaço em
um período considerado por historiadores como transição entre a idade moderna e
contemporânea, em meio às diversas mudanças trazidas pelos movimentos da Revolução
Francesa. Anteriormente, ainda no século XVIII, a região francesa vivia o modelo de
absolutismo monárquico, personificado na figura do rei o Estado, reunindo o que seria o
poder Legislativo, Executivo e Judiciário, essa conjuntura somada à organização social
excludente já formava um cenário que galgava tensões políticas entre as classes sociais.
Ademais, vale ressaltar as inúmeras guerras em que a França se envolveu, desgastando-se
economicamente fato insustentável dado o orçamento necessário para sustentar as burocracias
governamentais.
Por esses motivos, enquanto ocorria o desenvolvimento industrial na Inglaterra, a
França ainda era um país rural, pois grande parte de sua população ainda desenvolvia
atividades agrícolas. (Cáceres, 1996, p. 282). A classe burguesa era oprimida pela nobreza e
impedida de ampliar suas fortunas visto o modelo mercantilista rígido que impedia a
implementação do capitalismo, acarretando em elevados tributos para custear o estilo de vida
do primeiro e segundo estado, além de intervenções constantes em seus negócios. O
somatório dessas questões culmina no marco de 9 de julho de 1789, devido às divergências
políticas e ideológicas entre os três estados, o 3o Estado, entendido como a burguesia,
proclamou-se independente, constituindo a Assembléia Nacional Constituinte. (Cáceres,
1996, p. 284 e 285).
A partir desse evento simbólico, ocorre na França uma limitação do poder real
tornando o rei o chefe do Executivo e a burguesia encarregada do poder Legislativo, logo
dividindo os interesses entre o grupo dos Jacobinos e Girondinos se alternando no poder. As
constantes mudanças na constituição francesa e inconstância nos interesses enfraqueceram o
grupo até que cedessem às pressões do exército, que acreditava que a revolução não
suportaria os ataques dos inimigos internos e externos sem a imposição de uma ditadura
militar (Cáceres, 1996, p. 289). Até que enfim em 17 de Novembro de 1799 ocorre o golpe de
18 de Brumário, tornando Napoleão Bonaparte o cônsul principal e ascendendo a burguesia
ao poder Legislativo definitivamente.
Pode-se dizer que é após os últimos acontecimentos supramencionados que se dá
início à limitação imposta na aplicação do direito, acontecimento que provoca a corrente
exegista do pensamento jurídico. A codificação adotada pode ser sumarizada no seguinte dito
de Miguel Reale:
Fica claro, portanto, que a escola de Geny é contrária aos interesses da burguesia que
não visava ser regida por regras propostas pelo Direito Canônico e, muito menos, utilizar
recursos empregados pelo Direito Natural. O autor trata de descrever a prática jurisprudencial
desde uma visão sociológica, "realista" emitindo um juízo "ético-político" sobre como
deveria ser a interpretação jurídica e destaca a necessidade de uma observação neutra nas
mudanças sociais.
"[...] hay que renunciar, aun en nuestro régimen de codificación, a encontrar en la ley
escrita una fuente completa y suficiente de soluciones jurídicas. Por outra parte, el
sistema de concepciones abstractas y construcciones puramente lógicas es impotente
para dotar a la investigación científica de outra cosa que de um instrumento de
exploración, sin valor objetivo, que puede sugerir soluciones, pero incapaz por si solo
de demonstrar el fundamento sólido, ni de adquirir el mérito intrínseco y la verdad
durable."
Contudo, não se pode reparar essa corrente com olhos anacrônicos, até porque o fator
tempo é bastante primado em seus escritos, por isso com o passar do tempo é possível
enxergar hiatos em sua teoria debatidos por diferentes autores. Assim, é de suma importância
a discussão das críticas ao sistema de investigação livre.
"Embora formule uma crítica calorosa ao fetichismo legal e aos métodos que
centralizam o sentido determinado pela interpretação na positividade do Direito –
que, para François Geny, acabam por desaguar em um subjetivismo ainda maior,
especialmente, quando se está diante de uma lacuna – o jurista francês não decretou
o fim da importância da literalidade da lei. A bem da verdade, para Geny as fontes
formais do Direito (a lei e o costume, que para Geny integra o campo de fontes
formais) devem constituir o primeiro passo no esforço interpretativo, sob os limites
de cuja circunscrição opera-se a ideia de construtivismo que irá perfilhar. Apenas
quando for insuficiente o seu manejo é que o aplicador do Direito poderá fazer uso
de uma livre investigação científica construtiva, já que “nestas hipóteses, e apenas
nelas, o intérprete poderá exercer uma atividade criativa e não meramente
aplicativa”, ou, como sublinha Geny, “la investigación científica del intérprete no
interviene com plena libertad más que para suplir las fuentes formales (ley,
costumbre) defectuosas”."
Ainda vale salientar a tentativa falha de "equilíbrio ideológico" do autor, pois estaria
dando luz à uma teoria pendente ao viés liberal, individualista e anti-intervencionista do que
de fato social. O jurista francês acaba por descrever a prática jurisprudencial desde uma visão
sociológica, "realista" emitindo um juízo "ético-político" sobre como deveria ser a
interpretação jurídica e destaca a necessidade de uma observação neutra nas mudanças
sociais. Destarte, o posicionamento imparcial que adota no desenvolvimento torna-se uma
problemática intimamente ligada aos elementos que considera fonte suplementares do direito,
sendo essas todas cunhadas, mesmo que indiretamente, de algum juízo de valor. Esse
imbróglio pode ser observado hodiernamente em declarações e decisões judiciais, como visto
na seguinte passagem escrita por Flávia Santiago Lima:
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS