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CASOS PRÁTICOS DE CONTRATOS

1. António vendeu a Bento um automóvel, por €15.000. Foi convencionado que o preço seria
pago no prazo de 10 dias. O contrato foi celebrado verbalmente. No dia seguinte, António
vendeu e entregou o carro a Carlos. Bento vendeu-o a Daniel que, de imediato, pagou €7.500,
ficando a dever igual quantia. Quem é o proprietário do automóvel?

2. António reside em Lisboa e Bento em Cacilhas. No momento da celebração do contrato, o


carro encontra-se estacionado no parque dos Restauradores. Onde deve ser pago o preço?

3. Considere que não tinha sido fixado nenhum preço e que Bento rejeita proceder ao
pagamento do mesmo. O que pode António fazer e com que fundamento?

4. Considere que António e Bento tinham acordado que seria Francisca a decidir qual seria o
preço do automóvel. Francisca considerou que o preço adequado seria o de 125€. Quais
os efeitos desta determinação? Pode António intentar ação judicial contra a determinação do
preço feita por Francisca?

5. Considere que António decidiu, passados uns dias, vender a Bento os seus óculos de sol Rey
Ban. Quando Bento paga o preço, António exige o acréscimo de 4€, que gastou em gasolina
para se encontrar com Bento. É legítimo? 

II
 
1.   Anabela e Bernardo encontraram-se no Café da Brasileira, na Baixa-Chiado, depois de
Anabela ter manifestado o seu interesse em comprar a coleção de DVD’s do Éric Rohmer que
Bernardo, cinéfilo, já guardava há muito. Com receio de não receber o elevado montante
negociado, Bernardo disse que apenas se sentia confortável em deixar de ter a coisa em seu
domínio depois de Anabela pagar o que lhe era devido. Anabela concordou e pagou metade do
preço já naquele dia, tendo sido discutido que a outra metade seria paga na semana seguinte. 
Passada essa semana, Bernardo estranhou a súbita ausência de Anabela e consequente atraso no
pagamento da segunda quantia. Como achou que estava numa posição em que tinha uma
verdadeira garantia em relação à coisa a ser vendida, Bernardo não só manteve os DVD’s do
Éric Rohmer consigo como guardou a metade do montante que Anabela já tinha pago.  
Anabela, quando recebeu esta notícia, surpreendeu-se, pois não considerou que Bernardo
estivesse numa posição em que pudesse guardar o dinheiro pago como se o negócio já tivesse
sido concluído. Quid iuris? 

2. Considere que, após ter recebido a coleção de DVD’s e antes do pagamento do preço,
Anabela os vende a Carolina. Bernardo pode reagir? 
3. Considere que Anabela, no dia em que recebeu a coleção de DVD’s, os deixou perdidos junto
à estação do metro. Pode exigir a Bernardo uma indemnização pelos danos sofridos?  
 

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III 

Ana vende as suas ações (escriturais) na Sociedade Aproveita Tudo S.A. a Bruno sem que se
tenha procedido ao registo na conta de Bruno. Quando o adquirente se dirige à sede social para
participar na primeira Assembleia Geral, a entrada é-lhe vedada. Carlos, presidente da
Assembleia Geral, diz que Bruno não pode participar porque não é proprietário das ações e,
consequentemente, não tem os direitos incorporados nas mesmas. Terá razão? 
 
 

Carlos vendeu a Diogo um terreno para construção por 10 000,00 euros, indicando, além da
respetiva localização, que o mesmo tinha 10 000 m2.

1- Passados sete meses, Diogo verifica que o terreno apenas tinha 9000 m2. Exige de
Carlos mais 1000 m2 de terreno ou, em alternativa, aquilo que considera ter pago a
mais, mas este recusa. Quid iuris?

2- Em que condições pode Diogo resolver o negócio?

3- Suponha agora que, no mesmo dia e no mesmo cartório, Carlos tinha vendido a Diogo
dois terrenos: um por 2 000 000 euros, com 2000 m2; outro por 1 000 000 euros, com
1000 m2. Posteriormente, vem a verificar-se que, afinal, cada um dos terrenos tem 1500
m2. Quid iuris?

4- E se fosse celebrado um contrato de fornecimento de energia elétrica, o regime seria o


mesmo?

  
VI

No dia 2 de maio de 2007, António vendeu a sua casa a Bruna, por 100 000 euros. No contrato
foi inserida uma cláusula nos termos da qual António poderia resolver o contrato, a todo o
tempo, dentro do prazo de 6 anos, desde que pagasse a Bruna 120 000 euros. Esta cláusula foi
inscrita no Registo Predial.
No dia 3 de abril de 2011, Bruna vendeu a casa a Carlos.

Quid iuris?

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VII

   Joana, dona de um bar em Santa Apolónia, encomendou a Vítor, fornecedor, várias unidades
de material de decoração e iluminação. Acordou com Vítor que o valor total de € 10.000 deveria
ser pago em 40 prestações mensais de igual valor (250 euros cada). Foi estipulada uma cláusula
de reserva de propriedade. Os materiais foram entregues à compradora. Sendo que o negócio era
recente e o lucro reduzido, rapidamente a situação financeira da compradora começou a piorar.
Perante este cenário, depois de ter pago atempadamente 5 prestações a Vítor, Joana falta ao
pagamento da 6ª e da 7ª prestação. 

1. Pode Vítor resolver o contrato? 

2. Se as partes tivessem estipulado a seguinte cláusula: “a falta de cumprimento de uma


das prestações, independentemente do seu valor, permite ao vendedor resolver o
contrato ou o vencimento antecipado das restantes prestações”, seria válida? 

3. Imagine que Joana e Vítor não tinham acordado nenhuma cláusula de reserva de


propriedade e Joana faltava ao pagamento da 8ª prestação. Pode Vítor resolver o
contrato? 

4. Se o material de decoração e iluminação não tivesse sido entregue a Joana e esta já


tivesse faltado ao pagamento de 6 prestações, haveria vencimento antecipado das
restantes prestações? 

5. Imagine que as partes tinham estipulado a seguinte cláusula: “no caso de mora da
compradora no cumprimento de uma prestação, o vendedor poderia exigir uma
prestação mensal adicional no valor de 500 euros até ao cumprimento”: Seria válida? 

Caso VII

Considere que Joana tinha encomendado o material de decoração e iluminação a Vítor


(funcionário da loja de decoração) com a intenção de preparar uma festa com velhos amigos em
sua casa.  
  No dia 2 de Novembro de 2022, as partes acordam celebrar um contrato de compra e venda
com 40 prestações a serem pagas mensalmente e de igual montante (sendo o preço total o de
10.000€).  
  No dia 6 de Novembro, Vítor entrega a Joana um documento escrito com informações
relevantes, tais como: as taxas de juro de mora, lugar do cumprimento, etc.  
  No dia 19 de Novembro, a festa é cancelada e Joana pretende que o contrato deixe de
produzir efeitos.  

1- Pode fazê-lo? Estamos no âmbito de um contrato a prestações (art. 934).

Art. 801º/2  Resolução deriva da impossibilidade de cumprimento imputável ao devedor.


Art. 813  Estamos perante um caso de mora do credor (Joana).
Art. 816º.
A Joana podia estar ela própria em mora e resolver o contrato? Ao que parece não.
Ver art. 432º/2.

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2- Considere que Joana decide, mesmo assim, ter a possibilidade de utilizar os materiais de
decoração noutras ocasiões similares. Porém, falta ao pagamento das quatro primeiras
prestações. Pode Vítor resolver o contrato? 

De acordo com o art. 934º, sim, dado que Joana falta ao pagamento de quatro prestações
consecutivas.
Todavia, dado que já tinha sido realizado um contrato de compra e venda sem reserva de
propriedade, a propriedade dos bens de decoração já pertencia a Joana (artigo 408º) e de acordo
com o artigo 886º e com o artigo 409º, Vítor não pode resolver o contrato.

 Caso VIII

Em março de 2022, Pedro dirigiu-se à loja GrandMarket para comprar a mais recente máquina
de lavar roupa no mercado. Pagou o preço de 856€ no balcão da loja e a profissional, Rita,
informou-lhe que a máquina de lavar roupa seria entregue na morada indicada pelo
comprador.  

1. Passados 36 dias, Pedro ainda não recebeu o eletrodoméstico na sua casa. O que pode
fazer? 

2. Considere que a máquina de lavar roupa tinha sido instalada na casa de Pedro no
prazo de 15 dias. Passados 2 anos e 3 meses, a opção de lavagem rápida (´15 minutos) deixa
de funcionar, sendo esta a que maioritariamente era utilizada por Pedro. O que pode fazer? 

2.1. Considere que Pedro, tendo em conta o estado atual da máquina, optou por substituir
esta por outra da mesma loja. É comunicado que a única disponível no momento é a mais
recente, no valor de 920€. Rita exige o pagamento da diferença. Pode fazê-lo? 

3. Pedro, no dia 14 de agosto de 2022, com a intenção de começar a aprender a língua


alemã, comprou 20 aulas on-line (semanais) de alemão para iniciantes no valor de 230
€, através do site learning.german.
Pagou o preço na totalidade e iniciou o curso no mesmo dia. Quando faltavam apenas 5
aulas para concluir o curso, os vídeos e materiais de estudo deixaram de estar
disponíveis no site, que bloqueava constantemente.
Após contactar com a empresa fornecedora, esta transmite que as falhas técnicas não
permitirão, tão cedo, a continuação da participação no curso. O que pode Pedro fazer? 

Caso VIII (continuação)

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4- Imagine que Pedro tinha comprado a máquina de lavar roupa na loja GrandMarket e tinha
sido combinado que a fosse levantar à loja passados 5 dias. No primeiro dia de utilização da
mesma, a sua cozinha ficou inundada o que foi provocado por um problema no sistema da
máquina. Solicitou à loja que a trocasse por outra, mas o seu pedido foi recusado, pois os
eventuais estragos provocados aos eletrodomésticos foram devidos a um assalto que tinha
ocorrido na loja há uns dias atrás. Quid iuris? 

5- Considere que Pedro tinha conseguido levantar a máquina de lavar roupa na loja no dia
acordado. Porém, passado um ano, cerca de metade das funcionalidades extra da máquina
deixam de funcionar. Pedro decide contactar diretamente a fábrica produtora das máquinas, que
recusou o pagamento de indemnização pois quando a coisa foi produzida, estava tudo conforme
a normalidade. Quid iuris? 

6- Imagine que seis meses depois de comprar a máquina de lavar roupa, Pedro vendeu a Carlota
a mesma e que, passados mais seis meses, e depois de verificado o problema com a opção de
lavagem rápida (‘15 min), é Carlota que se apresenta na loja para reclamar o preço pago. Pode
fazê-lo?

Caso IX 

1- Maria, produtora de cinema, dirigiu-se à loja mais próxima para comprar um auricular.
Quando começou a rodagem do filme, reparou que não conseguia ouvir o que os seus colegas a
uma distância superior a 120 metros estavam a tentar comunicar. Maria exigiu que lhe fosse
atribuído um auricular novo, desta vez sem problemas. Na loja foi-lhe respondido que nada se
sabia nem se podia ter sabido acerca dessa falha no produto, logo a loja não era obrigada a fazer
nada relativamente à situação. Quid iuris?
 
2- Imagine que a pretensão de Maria era a de resolver o contrato de imediato. Pode fazê-lo? 

3- Imagine agora que Maria se dirigiu à loja mais próxima para comprar lâmpadas para os
projetores. Foi-lhe dito no estabelecimento que as lâmpadas que foram requisitadas ainda se
encontravam em fase de fabrico. Maria pagou o preço de imediato e acordou ir levantar as
lâmpadas à loja passadas 2 semanas. No primeiro dia de rodagem do filme, Maria repara que as
luzes, para além de fracas, não param de piscar. O que pode fazer? 
 

Caso X 

Catarina vendeu a Diogo um automóvel em segunda mão, pelo preço de 25.000€. O contrato foi
celebrado em 1 de Janeiro de 2011, tendo Diogo recebido as chaves em 15  de Março. Poucos
dias depois, Diogo teve um acidente e o airbag não funcionou, razão pela qual Diogo sofreu
ferimentos com alguma gravidade. O mecânico explicou-lhe que o airbag tinha um defeito de
origem. Diogo notificou de imediato Catarina destes factos. 
Em Fevereiro de 2012, Diogo quer demandar Catarina para lhe exigir a repara ção do  airbag e
uma indemnização pelos prejuízos que sofreu. Quid iuris?

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Caso XI 
Henrique vendeu a Inês 12 frações de um prédio sito em Vila Nova de Gaia. Anterior
proprietário, já há muito que pretendia desfazer-se das frações que costumava arrendar, tendo
em conta as reclamações dos arrendatários acerca dos problemas de infiltração, da sujidade nas
paredes e das falhas nas torneiras. Henrique e Inês celebraram o contrato de compra e venda no
dia 12 de julho de 2022. No dia 16 de julho de 2028, Inês repara que as torneiras da maior parte
das frações estão a falhar. No dia 25 de julho de 2028, comunica a Henrique que irá intentar
ação judicial contra o mesmo, para se proceder ao arranjo das torneiras, mas este fica pouco
preocupado, pois acredita que Inês já nada pode fazer. Terá razão? 

 
Caso XII 
Marta vendeu a Bernardo um prédio urbano em Trás-os Montes. Marta informou-o de que o
prédio objeto do contrato beneficiava de uma servidão de passagem para o aproveitamento de
águas, sendo que Bernardo tinha permissão para utilizar as águas sobrantes das nascentes ou
reservatórios dos prédios vizinhos na medida do necessário para os seus gastos domésticos.
Quando Bernardo se dirigiu ao terreno vizinho para aproveitar esses recursos, foi
impedido, sendo que os vizinhos não tinham conhecimento de qualquer servidão, para além de
que havia possibilidade de Bernardo adquirir águas por outros meios. Pode Bernardo pedir uma
indemnização pelo prejuízo que obteve com a ausência desta vantagem acrescida (servidão)? 

Caso XIII
Anabela vendeu a Bruno o seu imóvel sito em Vila Franca de Xira por 780.000€. Quando soube
do contrato celebrado, Carolina, arrendatária, que reside no referido imóvel desde o ano de 2017
(arrendamento renovável automaticamente de 3 em 3 anos), reage perante o facto de não ter
sido notificada para exercer o direito de preferência de que é titular. Bruno, tendo em conta que
o imóvel que comprou ainda está ocupado por Carolina, exige que Anabela, no prazo de 30 dias,
resolva a situação da ilegítima ocupação da arrendatária. Quid iuris? 

Sub-hipótese:

Imagine que Bruno tinha comprado o imóvel a Anabela, mas este era objeto de uma hipoteca a
favor de Carlos. Perante o incumprimento da obrigação que Anabela tinha para com Carlos, este
ameaça intentar ação executiva contra Anabela com o fim de satisfazer o seu crédito com a
venda executiva do bem hipotecado. Bruno, com receio da penhora do bem, paga parcialmente a
Carlos o valor em dívida de Anabela. Passados dois meses, Anabela paga a Carlos o restante
valor, assim cumprindo integralmente a obrigação. Quando Bruno comunica a Anabela que
pretende anular o contrato, esta responde que essa opção já não é possível. Tem razão? 

CASO XIV

Anabela vendeu a Carlos um lote de terreno agrícola sito em Mourão com a área de 18.203m2
no dia 2 de agosto de 2022, pelo valor de € 78.000,00. Bernardo, irmão de Anabela, alegou que
é o atual comproprietário do prédio, juntamente com Anabela, sendo que a mesma (sozinha),
não tem poderes para alienar o mesmo. Argumenta que, apesar da coisa nunca ter sido registada
a favor de ambos (estando anteriormente registada apenas a favor de Anabela, proprietária plena
antes de fevereiro de 2022), Carlos deveria ter tido o cuidado de saber se estava a celebrar um
contrato válido. Carlos, apercebendo-se da confusão em que se tinha colocado, no dia 15 de

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outubro (passados 15 dias de ter tomado conhecimento da situação), pede a restituição do preço
a Anabela. Esta recusa o pedido, pois nos 2 meses em que esteve a utilizar o terreno para
produção agrícola, tendo em conta a utilização excessiva de químicos e máquinas agrícolas,
Carlos contribuiu para a diminuição da fertilidade do mesmo. Assim sendo, não tem direito a
receber qualquer valor. Anabela tem razão? 

Sub-hipótese 1:

Considere que Carlos era ex-colega de faculdade de Bernardo. Num jantar de reencontro de ex-
alunos, em maio de 2022, ouve Bernardo a reclamar da má gestão de Anabela do terreno
agrícola que tinham os dois em Mourão. A sua resposta seria diferente? 

Sub-hipótese 2:

Imagine que Bernardo arguia a nulidade da venda feita a Carlos. Carlos pretende ser
indemnizado pelos seguintes danos: a compra de um terreno perto de Reguengos de Monsaraz
(no valor de € 70.000,00) que não chegou a ser celebrada visto que Carlos pensava que o
negócio do terreno em Mourão era válido; a não alienação do terreno em Mourão que pretendia
efetuar a Eduarda passados 2 anos após a aquisição, no valor de €85.000,00; e a perda dos
produtos agrícolas que obteria se o contrato tivesse sido válido. Pode ser indemnizado por todos
estes danos? 

Sub-hipótese 3:

Imagine que o lote de terreno era propriedade de Manuel, avô de Anabela. Sabendo da forte
possibilidade do terreno lhe ser legado e adquirido após a morte de Manuel, Anabela decide
vender o terreno a Carlos. Carlos recebe as chaves do portão que dá entrada no terreno e paga o
preço a Anabela. Após a morte de Manuel, Anabela repara que o terreno foi legado ao seu irmão
Bernardo. Quid iuris? 

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