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Caso VIII (continuação)

4- Imagine que Pedro tinha comprado a máquina de lavar roupa na loja GrandMarket e
tinha sido combinado que a fosse levantar à loja passados 5 dias. No primeiro dia de
utilização da mesma, a sua cozinha ficou inundada o que foi provocado por um
problema no sistema da máquina. Solicitou à loja que a trocasse por outra, mas o seu
pedido foi recusado, pois os eventuais estragos provocados aos eletrodomésticos foram
devidos a um assalto que tinha ocorrido na loja há uns dias atrás. Quid iuris? 

5- Considere que Pedro tinha conseguido levantar a máquina de lavar roupa na loja no
dia acordado. Porém, passado um ano, cerca de metade das funcionalidades extra da
máquina deixam de funcionar. Pedro decide contactar diretamente a fábrica produtora
das máquinas, que recusou o pagamento de indemnização pois quando a coisa foi
produzida, estava tudo conforme a normalidade. Quid iuris? 

6- Imagine que seis meses depois de comprar a máquina de lavar roupa, Pedro vendeu a
Carlota a mesma e que, passados mais seis meses, e depois de verificado o problema
com a opção de lavagem rápida (‘15 min), é Carlota que se apresenta na loja para
reclamar o preço pago. Pode fazê-lo?

PERGUNTA 4

No que diz respeito aos bens móveis corpóreos, o profissional deve entregar ao consumidor
bens que cumpram os requisitos de conformidade constantes dos artigos 6.º a 9.º (como
preceitua o art. 5.º) e, salvo acordo em contrário, os bens devem ser entregues na versão mais
recente à data da celebração do contrato.

Não existe, contudo, falta de conformidade quando o consumidor haja sido previa e
inequivocamente informado de que uma característica particular do bem se desviava dos
requisitos de conformidade e tenha aceitado, de forma expressa e inequívoca, esse desvio
(pense-se, por exemplo, na compra de um “bem com defeito” ou de um bem produzido ou
contruído em desacordo com o convencionado, mas aceite, de forma expressa e inequívoca,
pelo comprador ou dono da obra.

Tendo sido celebrado o contrato e entregue o bem ao comprador, nos casos em que se verifique
uma falta de conformidade nos termos descritos no ponto anterior e que se manifeste no prazo
de 30 dias após a entrega do bem, o consumidor pode solicitar a imediata substituição do bem
ou a resolução do contrato. O legislador chamou a esta faculdade “direito de rejeição”, no artigo
16.º
“Mesmo na hipótese de a não conformidade do bem não resultar de culpa do vendedor, a
verdade é que, tendo entregado um bem não conforme, este não executou corretamente a
obrigação a que se tinha comprometido através do contrato de compra e venda e deve, assim,
assumir as consequências da má execução do contrato. Em contrapartida, o consumidor, por sua
vez, pagou o preço de venda e, portanto, executou corretamente a sua obrigação contratual”.
Consequentemente, mesmo “numa situação na qual nenhuma das duas partes no contrato acuou
de forma incorreta, justifica-se pôr a cargo do vendedor as despesas de remoção do bem não
conforme e de instalação do bem de substituição, uma vez que estas despesas suplementares,
por um lado, teriam sido evitadas se o vendedor tivesse desde o início executado corretamente
as suas obrigações contratuais e, por outro, são agora necessárias para repor o bem em
conformidade”.

Como explicitou o TJUE, os interesses financeiros do vendedor ficam salvaguardados de


várias maneiras: pela possibilidade que lhe é dada de recusar a substituição do bem quando essa
forma de ressarcimentos e revele ser desproporcionada na medida em que lhe impõe custos não
razoáveis, pelo prazo de dois anos para o exercício dos direitos do consumidor e também pelo
seu direito de regresso contra a pessoa ou pessoas responsáveis da mesma cadeia contratual.
Assim, realçou o TJUE, os direitos conferidos aos consumidores.

Como sublinhou o TJUE: “Mesmo na hipótese de a não conformidade do bem não resultar
de culpa do vendedor, a verdade é que, tendo entregado um bem não conforme, este não
executou corretamente a obrigação a que se tinha comprometido através do contrato de
compra e venda e deve, assim, assumir as consequências da má execução do contrato. Em
contrapartida, o consumidor, por sua vez, pagou o preço de venda e, portanto, executou
corretamente a sua obrigação contratual”. Consequentemente, mesmo “numa situação na qual
nenhuma das duas partes no contrato atuou de forma incorreta, justifica-se pôr a cargo do
vendedor as despesas de remoção do bem não conforme e de instalação do bem de
substituição.”

Art. 3º/1, alínea a).


Art. 5º + art. 6º (alínea a) + art. 7º (alínea b e d) + art. 8+ + art. 9º.
Art. 12º: O profissional é responsável por qualquer falta de conformidade que se manifeste no
prazo de três anos a contar da entrega do bem + art. 18º nº2 (substituição do bem).
Art. 13º: Presunção de falta de conformidade no prazo de 2 anos desde a entrega do bem.
Art. 15º: Hierarquização in iure.
Art. 16º: Quando a falta de conformidade se manifeste no prazo de 30 dias após a entrega do
bem, o consumidor pode solicitar a resolução do contrato (art. 20º) ou a substituição imediata
do bem.
Até haver entrega da coisa, o risco corre por conta do profissional (art. 11º).
Regime geral do CC: art. 796º - após o pagamento, quem suporta o risco é o comprador. Até à
entrega da coisa o risco corre pelo comprador e não pelo profissional.
Alteração do regime da transferência do risco nacional:
a) Art. 36º da Convenção de Viena. Não toma uma posição sobre a alteração do risco.
b) Art. 354º do TFUE: O regime europeu não deve influenciar o regime da
propriedade dos E.M, dado que afetaria a soberania dos E.M.
c) Quando se escreve “entrega” no D.L. é num sentido lato, não contrariando o art.
796º do C. Civil.
d) Não havendo transferência do risco, estaríamos perante o cumprimento defeituoso,
onde a culpa seria ilidível nos termos gerais e o vendedor podia alegar como é que
não teve culpa no “assalto”.
e) Há apenas criticas, não há “desaplicação” do D.L.

Existem 2 posições:
a) Art. 5º e art. 12º: o comprador é responsável a menos que ilida a presunção de culpa.
b) Lei civil.

PERGUNTA 5

Art. 2º/2, alínea a).


Art. 4º.
D.L. 67/2000 (descrição sumária do nosso D.L.).
Art. 40º/2, alínea c).
O art. 40º proporciona uma ação direta do consumidor contra o produtor (direitos de
reparação e direitos de substituição – art. 15º). Estabelece-se que eu tenho uma alternativa entre
acionar os meus direitos contra o vendedor/profissional (art. 2º, alínea o), ou posso acionar os
meus direitos de reparação ou substituição contra o profissional.
D.L. não admite a responsabilidade solidária entre consumidor e profissional. D.L. só
estabelece responsabilidade direta face a um ou outro.
Exceções: estamos no caso da alínea c).
Alínea b) do art. 40º – Furto ou desvio do bem que depois se perde ou deteriora.

Diferente do art. 40º é o art. 41º (responsabilidade solidária entre profissionais na mesma cadeia
de produção de fornecimento).
Art. 41º: Não consigo comprar o bem mediante o PayPal e o artigo 41º é referente a estas
situações de interdependência.
D.L. 383/2009 (danos que resultam dos defeitos)
Art. 5º do D.L. 383/2009: Casos em que o produtor não é responsável.
Em complemento com o D.L. do nosso caso.
Art. 12º/2 do D.L. 383/2009: indemnização do consumidor pelo produtor (responsabilidade
objetiva).
Art. 8º do D.L. 383/2009: danos ressarcíreis  danos que prejudicam a segurança ou saúde do
consumidor.
Art. 9º: limites de valor do D.L. 383/2009.
Art. 21º do nosso D.L.

PERGUNTA 6

Art. 15º/10 do D.L. 84/2021.


Art. 13º/1.
Art. 18º.
Art. 35º/12.

Os direitos que o Pedro tinha em relação ao 1º vendedor transmite-se para Carlota.


É um bem usado ou recondicionado, que afeta o prazo de garantia (art. 12º/2: 18 meses). Mas é
um bem “usado” que vem de uma pessoa e não de uma loja.
Mesmo não havendo uma relação de consumo poderemos aplicar as normas relativas aos bens
recondicionados.

Carlota pede o preço a Pedro: artigo geral – Art.. 913º e ss do CC.


Todos os meios de reação transferem-se para Carlota?
Rui Pinto Duarte: Para a transmissão dos direitos a terceiros há uma transmissão parcial
(alguns direitos: reposição à conformidade ou substituição da cosa, mas não se transmitem os
direitos de redução do preço ou resolução do contrato). Dado que Carlota não realizou o
contrato com a loja não há sinalagma entre dois, não se pode vincular a loja à Carlota.
Resolução e redução do preço “ligadas” a Pedro e não a Carlota. Ultrapassa o nº 10 do art. 15º.
Gravato Morais: Todos os meios de reação se transmitem para o terceiro porque se o direito à
resolução do contrato se mantivesse na esfera do Pedro (já não tem a coisa e já recebeu o
dinheiro) não tinha utilidade.
O D.L. estabelece uma caducidade do direito de ação: quando existe um defeito num prazo de
garantia, este direito caduca no prazo de 2 anos.

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