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a.)
No caso em apreço, estamos perante um caso sobre a obrigação natural. E pretende saber
se H e I poderão obrigar a organização da semana académica de Lisboa a fazer a entrega dos
prémios prometidos. Estamos, no fundo, a discutir se existe ou não uma obrigação civil de
prestar, ou visa-versa, meramente uma obrigação natural que é sujeito ao regime nos
termos dos arts 402º - 404º CC.
De acordo com o disposto do art 1245º CC, o jogo e aposta não são contratos válidos nem
constituem fonte de obrigações civis, porém, quando lícitos, são fontes de obrigações
naturais. Consagra assim a regra geral para os contratos de jogo e aposta.
Entretanto, nos termos do art 1246º CC, as competições desportivas, com relação às pessoas
que nelas tomarem parte, nascem obrigações entre si. Ou seja, a organização de semana
académica tem a obrigação de entregar os prémios prometidos, e H e I têm direito de exigir
a prestação.
b.)
Como acima referido, verificamos a validade de um contrato de jogo e aposto, enquanto que
é lícito, é uma fonte da obrigação natural.
Trata-se de um vínculo de uma obrigação natural na relação jurídica entre J e L, assim sendo,
aplica-se ao regime dos arts 402º - 404º CC. Pois, vamos verificar os requisitos de acordo
com o art 402º CC:
Contudo, segundo o art 403º CC, a prestação da obrigação natural não pode ser repetido se
o agente da prestação tem capacidade de fazê-lo, e ainda, é feita espontaneamente e
quando é livre de toda a coação.
Conclui-se que Luís não pode reaver essa quantia já depois da prestação desta obrigação
natural de aposta.
c.)
Temos no caso concreto uma situação de reconhecimento da dívida, segundo o art 458º/1
CC, se alguém, por simples declaração unilareral, reconhecer uma dívida, sem indicação da
respectiva causa, fica o credor dispensado de provar a relação fundamental, cuja existência
se presume até prova em contrário.
E no nº 2 do mesmo artigo, indica que o reconhecimento da dívida deve constar de
documento escrito.
Trata-se de uma inversão de ónus de prova, que fica o credor dispensado de provar a relação
fundamental da obrigação, mas, é uma presunção ilidível, que a prova em contrário
apresentado pelo devedor pode ilidir esta presunção (cfr. 342º/2 CC)
Exercício IV
a.)
Como António não pagou a segunda prestação, Bento, o credor, pretende reagir perante o
incumprimento da obrigação da prestação de A. Em fase disto, o credor Bento, tem 2
faculdades: a manutenção do contrato e a resolução do contrato. Vamos a seguir analisar os
2 caminhos:
1. Resolução do contrato
E, como se trata de uma venda a prestações, vamos remeter para o art 934º CC:
2.
b.)
c.)
A solução já não seria a mesma se estivesse em causa a aquisição de um automóvel.
De acordo com o art 409º/2 CC, se não se tivesse procedido ao registo da cláusula de
reserva da propriedade, não é oponível ao terceiro mesmo que consta de uma
cláusula da reserva da propriedade nos termos do art 409º CC.
Exercício VII
Adelaide prometeu vender a Bartolomeu e este prometeu comprar-lhe uma vivenda deque a
primeira proprietária, situada em aldeia do concelho da Covilhã. A promessa consta de um
documento assinado por ambas as partes, contendo o reconhecimento presencial das
assinaturas dos promitentes. Foi acordado o preço de 125.000 euros. Na data da celebração
do contrato referido, Bartolomeu entregou a Adelaide 25.000 euros, devendo os restantes
100.000 euros ser pagos em 5 prestações mensais iguais a contar da data da celebração do
contrato definitivo. o prédio foi, desde logo, entregue ao promitente-comprador.
Responda, separadamente, às questões seguintes:
XXXXXXXXXX
Em primeiro, temos de referir que estamos perante um contrato-promessa bilateral,
no âmbito do art 410º CC. O regime do contrato-promessa vigora o pp. de
Equiparação (410º/1, in fine CC), mas comporta 2 exceções relativa à forma e à
natureza/substância das disposições legais.
Tendo em conta que o contrato definitivo visa celebrar uma compra e venda sobre
uma vivenda (imóvel; prédio rústico); a forma exigida, nos termos do art 410º/3 CC,
verifica que se estivermos em causa um contrato: 1) oneroso; 2) de transmissão do
direito real; 3) sobre um edifício ou fração autónoma dele, já construído. Verificando
estes requisitos, o art 410º/3 vem dizer que a forma do contrato-promessa deve
contar de reconhecimento presencial das assinaturas dos ambos os promitentes (o
que verifica no enunciado) e a certificação da licença da utilização pela respetiva
entidade.
E, ainda, houve a tradição da coisa, B tem o direito de retenção (cfr. 755º/1/f CC)
enquanto A ainda não efetua o pagamento destas indemnizações.
De acordo com o art 410º/3 in fine CC, que comporta uma nulidade mista por vício
de forma (220º CC), o contraente que promete transmitir o direito real (promitente
vendedor) só pode invocar a omissão destes requisitos quando demonstra a culpa da
outra parte (promitente comprador)
Neste caso, podemos concluir que os requisitos acima referidos não são reunidos,
porquanto, não se verifica os 1º e 6º requisitos: porque, em vez de alienar o imóvel,
o promitente comprador B ainda tem várias faculdades no exercício do direito real,
nomeadamente, de usufruir ou de arrendar o mesmo imóvel, assim, a base do
negócio não tivesse necessariamente a convicção de que o promitente comprador
vai vender o mesmo noutra mão... Portanto, não existe o base do negócio e está em
mora do cumprimento, não pode invocar a resolução ou modificação equitativa do
contrato.
...
1(14 valores)
Esgotado o prazo, Almerinda solicitou a Celso que agendasse a escritura, mas sem
sucesso. Celso viria a confirmar-lhe que recebeu «uma proposta irrecusável, de Onofre»,
que ofereceu o dobro do valor (€500.000) pelo T2 em causa. Celso esclareceu, ainda,
que o apartamento já tinha sido vendido e que «devolveria, naturalmente», o valor
adiantado por ocasião do contrato-promessa, «mas nada mais».
Almerinda não quer abdicar do sonho de residir no Prestige e pretende agir contra Celso e
Onofre.
Quid juris?
Noutro plano, C não exibiu a licença de construção, mas assegurar que o processo
está em curso. De acordo com art 410º/3 in fine CC, comporta o regime de nulidade
mista, que só no caso de promitente comprador demonstrar a culpa do promitente
vendedor, é que tem a possibilidade de invocar a nulidade por vício de forma neste
caso (220º CC).
2.(6 valores)
Helena não aceita o aumento comunicado por Gastão e pretende reagir. Quid juris?
Pois, concluímos que reúne todos os requisitos essenciais do artigo 437º + 438º CC, tem a
possibilidade de resolver o contrato ou modificação equitativa. Segundo o art 437º/2 CC,
requerida a resolução do contrato, a outra parte pode opor-se ao pedido e aceitar a
modificação do contrato.
António herdou de seu pai um pequeno prédio, situado na Av. de Berna, constituído em
propriedade horizontal e composto por três frações.
Em abril de 2020, António vendeu todas as frações a Eduardo por €900.000,00. Eduardo
obrigou-se a pagar os €900.000,00 em três prestações anuais de €300.000,00 cada.
Durante as negociações, António assegurara a Eduardo que poderia utilizar todas as frações
para arrendar a terceiros e deu a conhecer-lhe o contrato-promessa que tinha celebrado
com Diana. Eduardo disse a António para não se preocupar, porque o contrato-promessa era
inválido. Em maio de 2020, Eduardo fica surpreendido quando descobre que a fração A
estava arrendada a Carlos.
1 Tendo Diana descoberto a venda feita por António, que direitos terá relativamente a
António e Eduardo? (6 valores)
2. Em agosto de 2020, Eduardo notificou Carlos que deveria começar a pagar-lhe as rendas,
posto que tinha adquirido o imóvel. Que direitos terá Carlos, que sempre tinha sonhado
tornar-se proprietário da casa onde habitava, relativamente a António e Eduardo? (4 valores)
3. Eduardo pretende ser indemnizado por todos os danos que sofreu em consequência
de não poder arrendar a fração a terceiros. Tendo em consideração que as frações B e
C foram arrendadas por 1000,00 euros por mês, poderá Eduardo ser indemnizado por
todos os prejuízos decorrentes de só receber uma renda de €500,00 até julho de 2023? (4
valores)
4. Em abril de 2021, Eduardo não pagou a segunda prestação e alega que, devido à
pandemia de Covid-19, ficou sem liquidez para proceder ao referido pagamento. Eduardo
considera igualmente que esta obrigação só se pode vencer, em março de 2023, quando a
pandemia já tiver totalmente cessado. António pretende saber se Eduardo tem direito a
modificar unilateralmente o prazo de cumprimento da sua obrigação e, caso tal não seja
possível, que direitos é que lhe assistem? (6 valores)
Amílcar prometeu vender a Bártolo e este prometeu comprar-lhe uma vivenda, situada nas
proximidades de Coimbra, de que o primeiro é proprietário. A promessa consta de um
documento assinado por ambas as partes, contendo o reconhecimento presencial das
assinaturas dos promitentes. Foi acordado o preço de 275.000 euros. Na data da celebração
do contrato referido, Bártolo entregou a Amílcar 35.000 euros, devendo os restantes
240.000 euros ser pagos em 10 prestações mensais iguais a contar da data da celebração do
contrato definitivo. O prédio foi, desde logo, entregue ao promitente-comprador.
Neste caso, como estamos perante um contrato de c/v sobre uma vivenda, aplicamos o art
410º/3 sobre a forma do contrato-promessa, nomeadamente, num contrato oneroso de
transmissão de direito real sobre um edifício ou fração autónoma dele (já construído). Como
tal, a forma legalmente exigida é de: 1) reconhecimento presencial das assinaturas das
partes; 2) e a certificação da licença de utilização ou de construção pela respetiva entidade.
No entanto, como consagrado no art 410º/3 in fine CC, é um regime de nulidade mista, ou
seja, o promitente vendedor só pode invocar a nulidade por vício de forma (220º) quando
demonstra a omissão culposa destes requisitos do promitente comprador.
Além disso, como previsto no art 441º CC, o 35.000€ tem carácter de sinal e portanto, trata-
se de um contrato-promessa sinalizado com a aplicação do art 442º CC (+830º).
E o art 830º/3 (que faz remissão ao art 410º/3 CC) consagra a execução específica
imperativa, ou seja, as partes não podem afastar esta possibilidade pela convenção em
contrário.
Neste caso, B pretende invocar a alteração superveniente de circunstâncias à luz do art 437º
CC (e 830º/3 in fine CC, mas só para modificação) para o efeito de resolução ou modificação
equitativa do contrato. Assim, temos de verificar os requisitos nele consagrado:
Pois, concluímos que, pode fazer resolver o contrato ou, para alguém que não aceita a
orientação do prof AC + HSA, admita ainda a possibilidade de proceder uma modificação
equitativa nos termos do art 830º/3 in fine CC.
Foi celebrado o contrato definitivo de compra e venda sobre o bem imóvel, e como estamos
em face uma venda a prestações, cai à aplicação do regime de 886º CC, com a transmissão
da coisa, e feita a entrega da coisa, o vendedor não pode resolver o contrato salvo
convenção em contrário. Temos de salientar ainda o art 934º CC/2ª parte, enquanto
estamos perante uma venda a prestações; e feita a sua coisa entregue; a falta de pagamento
de uma só prestação; e que não exceda 1/8 parte (no enunciado era só 1/10 e não exceda
1/8) do preço, não importa a perda do benefício do prazo. Neste caso, verificando todos os
requisitos e portanto, afasta a aplicação do art 781º CC.
II (6 valores)
Faça uma breve exposição sobre o tema da relatividade das obrigações.
A tese de relatividade das obrigações é defendida pelo prof Antunes Varela e I. Galvão Teles,
com a grande influência jurisprudencial, entende que a obrigação que resultante do contrato
só se produz efeitos inter partes, apresenta assim um relevo de carácter relativo dos direitos
de créditos.
Mas, comporta uma exceção, a situação em que há abuso de direito, o credor cujo direito de
crédito é prejudicado pode recorrer ao instituto de abuso de direito para
III (6 valores)
Faça uma breve exposição sobre o tema da admissibilidade dos negócios jurídicos unilaterais
enquanto fonte de obrigações.
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