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PROCESSO EXECUTIVO

SOLICITADORIA 3.º ANO

Diana Leiras

CASOS PRÁTICOS III

1. Ana celebrou com a sociedade Construções de Barcelos, Lda. um contrato de


empreitada para construção de uma garagem, tendo ficado acordado verbalmente que
pagaria o preço (10.000,00 euros) até 30 de junho de 2022.
Sucede porém que Ana não procedeu ao pagamento de qualquer quantia, pelo que a
sociedade intentou contra esta uma ação declarativa de condenação no Juízo Local Cível
de Barcelos, com vista ao pagamento da quantia em dívida.
Na audiência preliminar realizada em Setembro, as partes chegaram a um acordo por
iniciativa do juiz, o qual homologou por sentença a seguinte transação judicial:
1.º O réu compromete-se a pagar à Autora na sua sede a quantia de 8.000 euros.
2.º Todavia, o pagamento dessa quantia só poderá ser exigido depois da autora
eliminar os defeitos da obra denunciados pelo réu na sua contestação – fissuras nas
paredes e vestígios de humidade no teto.
3.º As custas da ação serão suportadas em partes iguais pela Autora e pelo Réu.
(ouvir gravação + fotoTendo
penteado)a sociedade Construções de Barcelos, Lda, realizado as obras necessárias à
Estamos perante um contrato de empreitada, a sociedade pode avançar para uma ação executiva.
10, nº1 e 4 eliminação dos defeitos da empreitada, Ana, ainda assim, não procedeu ao pagamento da
703º, nº1, a) acordo entre as partes - sentença homologatória entre as partes - constitui titulo executivo, 10º, nº5, 290º, nº4
Fim da ação executiva - pagamento quantia certa
Prossupostos do Títuloquantia constante da sentença homologatória da transação judicial.
de Crédito
É através do título executivo que vemos os fins e os limites da ação.
Como poderá Construções de Barcelos, Lda. reagir perante este facto?
Análise dos prossupostos processuais: 713º CPC - A obrigação te de ser certa, líquida e exigível.
Se não estiverem preenchidos tem de diligenciar para isso.
Certa - quantitivamente determinada - SIM, pagamento de quantia certa.
Líquida - é líquida quanto ao capital, condenação no valor de 8000€ (é o capital); quanto ao capital é líquida, mas é ilíquida quanto aos juros, MAS liquidável por
simples cálculo aritmético
Exigível - problema prende-se com exigibilidade
Se não for exequente processe às diligências para tornar certa, líquida e exigível.

Juros Vencidos - 716º, nº1 (quantificados pelo próprio exequente no RE)


Juros vincendos (os que se vão vencer na pendencia da ação executiva) - quem faz a liquidação deste é o AE - 716º, nº2
Quanto aos juros vincendos é o AE. Os juros vencidos têm de ser calculados pelo exequente no Requerimento Executivo.

Obrigação dependente de prestação pendente por parte do credor - obrigação sinalagmática (428º CC), existem nos contratos bilaterais. Obrigação pendente
724º, h) e 715º - a construtora tem de alegar e provar que já realizou a sua prestação, pois a realização da sua prestação é a condição para a contraprestação da
Ana ser exigível. Estamos perante um contato sinalagmático.
Tramitação aplicável a esta execução é 626º, nº2, é aplicável a tramitação prevista para a forma sumária exceto se houver algo que se aplique algum dos casos
previstos no 550º, nº3, e neste caso há uma exceção, alínea a), então não se aplica a tramitação prevista para a forma sumária, então vai aplicar-se a forma
ordinária 715º. Há lugar a despacho liminar, há notificação antes da penhora, por ser uma execução por sentença que corre nos próprios autos - 85º, nº1 e 626º
CPC. // 715º, nº4 - o devedor é citado, neste caso, notificado, este artigo deve ser adaptado.
Estamos perante uma escritura pública. Hipoteca sobre bem de 3º.
Nesta execução pode ser alegado este fundamento? Com base neste título?
Fundamentos de oposição à execução - art.729º e ss. - neste caso em concreto aplica-se o artigo 731º CPC - é um contrato de mútuo, um documento autêntico, que constitui
título executivo, nos termos do 703º, nº1, b). Prossuposto da falta de legitimidade, remissão para o 729º, c), é aplicável por força do 731º.
Regra do P. da Legitimidade: a ação devia de ser proposta contra o devedor (Bento) - 53º, nº1. O credor é o Amaral - propôs a ação. A ação não foi proposta contra o
devedor, mas contra o terceiro (Cristóvão) se houver garantia real sobre o bem dado em garantia, e isto pode acontecer nos termos do 54º, nº2. Está em causa um bem de
terceiro, que só é permitido nos casos previstos no 818º CC e 735º CPC, mas é necessário que a execução seja movida contra esse terceiro. Litisconsórcio Voluntário
Passivo, o devedor (Bento) pode ser chamado depois à ação, no pensamento do Cristóvão ele está perante o Litisconsórcio Necessário Passivo. Não assiste razão a
Cristóvão. 2. Por escritura pública, Amaral e Bento celebraram contrato de mútuo no valor de
25.000,00 euros.
Como garantia da obrigação, foi constituída hipoteca sobre o imóvel Y, propriedade de
Cristóvão.
Bento obrigou-se a reembolsar a quantia mutuada, acrescida dos respetivos juros, no
prazo de um ano, a esta data já decorrido, mas não cumpriu.
Amaral propôs ação executiva contra Cristóvão, baseada no referido documento. Citado
para deduzir oposição à execução, Cristóvão veio deduzir embargos de executado,
alegando a sua ilegitimidade, porquanto a ação também devia ser proposta contra Bento.
Pronuncie-se sobre o fundamento de oposição alegado por Cristóvão.

3. Por escritura pública, Anastácia obrigou-se, perante Dário, a entregar a viatura X, ou


a pagar a quantia de 35.000,00 euros, no dia 1 de fevereiro de 2022.
Perante o incumprimento por parte de Anastácia, Dário instaurou contra ela a competente
ação executiva.
Qual será a tramitação inicial da ação?
Matéria da certeza da obrigação exequenda, é uma obrigação incerta, obrigação alternativa, não está qualitativamente determinada. Venceu-se no dia 1 de fevereiro 2022.
É necessário tornar a obrigação certa 713º CPC. Em princípio cabe ao devedor a escolha da prestação - 543º, nº2 CC. As diligências que o exequente deve ter é requerer ao
tribunal que o executado seja citado para se opor à execução e, ao mesmo tempo, também notificada que no mesmo prazo da oposição declarar por qual das prestações
opta (20 dias) - 714º, nº1// 726º, nº6
Só depois de tomada a escolha é que se determina o fim da execução.
Se o devedor não escolher a prestação, devolve-se a escolha ao credor, nº3 do 543º CC.
Tramitação, implica determinar se é ordinária ou sumária - ORDINÁRIA - 550º, nº3 a).
4. Alecrim, residente em Barcelos, dispõe de sentença proferida pelo Juízo Local Cível
de Esposende que condena Baltazar, residente em Esposende, a pagar-lhe a quantia de
30.000,00 euros. Alecrim dispõe ainda de uma escritura pública na qual Baltazar se
confessa seu devedor no valor de 5.000,00 euros.
Alecrim pretende exigir o cumprimento das duas obrigações movendo uma única
Cumulação de Execuções
execução contra Baltazar.
Analise a viabilidade da pretensão de Alecrim.
Está em causa a matéria da cumulação de execuções - 709º CPC
A cumulação de execuções pode ser inicial (quando requerida no momento da propositura da ação) ou sucessiva (requerida quando a execução já está pendente). Neste
caso trata-se de uma execução inicial, se for admitida.
O art.709º, nº1 permite que o credor ou vários credores litisconsortes, cumulem execuções ainda que fundadas em títulos diferentes, contra o mesmo devedor ou contra
vários devedores litisconsortes.
2 títulos executivos:
- Uma sentença condenatória - título executivo nos termos do 703º, nº1 a)
- Escritura Pública - constitui título executivo, por esta escritura pública ser um documento autêntico, o Baltazar reconhece-se como devedor de Alecrim, reconhecimento de
uma obrigação, não é apenas necessário existir um documento autêntico ou autenticado, é necessário haver uma confissão de obrigação - 703º, nº1 b)
A lei permite a cumulação de execuções salvo se se verificar alguma das situações previstas no 709º, nº1:
- Incompetência absoluta do tribunal para alguma das execuções - tem de ser competente em razão da hierarquia e da matéria - competência em razão da hierarquia (86º)
verifica-se, porque, apenas tribunais de 1ª instância tem competência para tramitar execuções; competência em razão da matéria (96º) 40º e 80º da LOSJ e 64º CPC é o
tribunal judicial que tem competência para a execução, tribunais de comarca (79º da LOSJ) 81º desdobramento dos tribunais de comarca - relativamente ao primeiro título
executivo (sentença) apresenta-se o requerimento executivo no processo declarativo, mas se houver um juízo de execução a secretaria envia esses elementos para este (85º
do CPC), verificar se há um juízo executivo da comarca de braga, neste caso é competente o juízo de execução de V.N. Famalicão (Mapa III do LOSJ); verificar se para a
escritura também é competente o juízo de execução não sendo necessário ser o mesmo, 129º, nº1 LOSJ regra, 89º, nº1, para se aplicar este deve-se dizer que não se aplica
nem o 85º(sentença), nem o 89º, nº2 porque não há nenhuma garantia real associada, é competente o tribunal do domicílio do executado, que vive em Esposende, há um
juízo de execução competente (VN Famalicão). Ou seja, não havendo incompetência absoluta é possível a cumulação de execuções, não se aplica a alínea a).
- Execuções com fins diferentes - esta execução não tem fins diferentes, porque, o conteúdo da sentença é uma obrigação pecuniária, e o conteúdo da EP é de uma
obrigação pecuniária também, seguem o mesmo fim, execução para pagamento de quantia certa 10º, nº6, não se aplica a alínea b)
- A alguma das execuções corresponder processo especial diferente do processo que deva ser empregado quanto às outras - o processo só é especial quando a lei assim o
determinar, a regra é o processo ser comum, 546º. Portanto estas execuções seguem ambas a forma de processo comum para pagamento de quantia certa.
- A execução da decisão judicial corra nos próprios autos - neste caso temos uma execução de sentença que corre nos próprios autos nos termos do artigo 85º. Portanto
verifica-se esta alínea d).
Por se verificar a alínea d) não é possível a cumulação de execuções.
Era possível a cumulação acontecer se se tratasse de uma sentença com várias condenações 710º.

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