Você está na página 1de 4

Maria Mesquita Aula de 17 de novembro de 2021

Casos Práticos_3

1.

Considere os factos a seguir enumerados e responda à questão colocada:

- Amélia, Bruno e Custódio, todos casados no regime de comunhão de adquiridos, desde 2002,
respetivamente com Dário, Ermelinda e Filipa, residentes na Póvoa de Varzim, compraram, em
compropriedade, em 2005, um prédio rústico sito em Vila Nova de Cerveira, para aí levar a
cabo atividade agrícola.

- O prédio foi adquirido pelo preço de 90.000,00 euros, pago em partes iguais pelos
adquirentes. - O valor patrimonial do prédio, conforme inscrição da respetiva matriz predial, é
de 55.000,00 euros.

- No final do ano passado, em virtude de desavenças entre Amélia e Bruno, este resolveu que
iria pôr fim à compropriedade.

- Para o efeito, propôs a competente acção judicial, a qual deu entrada na secção cível da
instância central do tribunal judicial de Viana do Castelo.

- A acção foi proposta por Bruno (Autor) contra Amélia (Ré).

a) Diga se, do ponto de vista da legitimidade, a acção foi proposta corretamente e em


cumprimento desse pressuposto processual.

Resposta:

Respota:

O litisconsórcio necessário é natural porque pela natureza daquela relação jurídica, a sentença
so produz efeito se todos os titulares daquele direito também forem partes na ação. Amelia é
parte ilegítima por violação do litisconsórcio necessário. Bruno é parte legitima. Art. 33º, CPC,
nº 1 e 2.

Os cônjuges também tinham que estar na ação – 34.º, CPC. Para o direito ser extinguido para
todos, tinham que estar todos na ação.

Este vício é sanável: o juiz vai notificar o autor a corrigir as ilegalidades. (exceção dilatória)
Pode ser feito através da dedução de um incidente da instância, de intervenção provocada por
terceiros nos termos do art 316º e seguintes. Chama-se despacho pre-saniador e é proferido
ao abrigo do art 590, n.2, a), conjugado com o artigo 6º, n.2.

Caso o autor nada fizesse, a exceção dilatória de ilegitimidade por violação e litisconsórcio
necessário era julgada procedente, e consequentemente o reu era absolvido da instancia.

O processo civil que está aqui subjacente é o da gestão processual.

Art 33º, CPC – Litisconsórcio necessário – porque o negocio exige a intervenção de vários
interessados na relação convertida, sendo que a falta de qualquer intervenção dos mesmos
gera ilegitimidade. (n.1). É ainda necessário a intervenção de todos os interessados, quando o
que esteja em causa seja algum interesse de natureza jurídica que abranja qualquer um dos
interessados na relação jurídica (n.2).

2.

Suponha que era contacto(a) por Artur, o qual lhe dava conta de que pretendia intentar uma
acção judicial assente na seguinte factualidade:

- por força de contrato de arrendamento celebrado em Janeiro 2010, é inquilino habitacional


de um prédio, sito em Matosinhos, que era, à data, propriedade de Bruno, residente na Maia.

- em 13 de setembro de 2021, teve conhecimento de que Bruno vendeu o dito prédio a Carlos,
residente em Coimbra, através de escritura pública, pelo preço de 150.000,00 €, pago
integralmente numa única prestação.

- nos termos do artigo 1091.º do Código Civil, goza do direito de preferência em tal alienação
onerosa, sendo que não lhe foi dada preferência.

- por isso, pretende exercer tal direito através da acção a intentar.

Suponha que a acção foi intentada contra Bruno e que este, uma vez citado, alegou, além do
mais, o seguinte:

- é parte ilegítima, uma vez que a acção também deveria ter sido instaurada contra Carlos,
pelo que deve ser absolvido do pedido.

a) Aprecie o argumento deduzido pelo Réu, assim como a consequência processual


que lhe associou.

Resposta:

Açao declarativa constitutiva propriamente dita.

Ação de preferência – 1410, Cc – sempre que a lei atribui um direito de preferência, o titular
desse direito a quem nao tinha sido dada preferência cujo direito de preferência foi violado,
pode lançar mão de uma ação de preferência para que venha a ser provado o direito de
preferência.

Ele é parte ilegítima por violação do litisconsórcio necessário natural.

Ele tem razão e esse argumento configura uma exceção dilatória.

A consequência processual é que ele devia ter feito o pedido do reu da instancia do processo e
não do pedido.

3.

António, residente em Felgueiras, proprietário do veículo automóvel com a matrícula 99-88-SA


segurado na “Sempre a Correr, S.A.”, com sede em Lisboa, e Bruno, residente em Ponte de
Lima, proprietário do veículo automóvel com a matrícula 35-44-XR, segurado na “Sempre a
Travar, S.A.”, com sede em Lisboa, foram intervenientes num acidente de viação ocorrido em
25 de Setembro de 2021, em Ponte da Barca.
Nessa ocasião, António perdeu o controlo da viatura, a ponto de sair da sua faixa de rodagem
e de embater na viatura de Bruno, que circulava em sentido contrário.

Na sequência disso, Bruno propôs a competente acção judicial contra António, visando ser
ressarcido dos danos materiais sofridos, que especificou e computou em € 6.500.

Admita que a acção foi proposta apenas contra António, autor do facto lesivo, e que, em face
disso, uma vez citado, o Réu veio invocar a sua ilegitimidade.

a) Diga se o Réu tem razão e, em caso afirmativo, quais as consequências processuais


daí resultantes.

Resposta:

Neste caso, havendo contrato de seguro e se os prejuízos forem ate ao valor máximo do
capital assegurado, a ação tem que ser proposta apenas contra a seguradora, ou seja, a
seguradora é parte legitima. DL 291/2007…

Consequências: ilegitimidade singular por violação do art 30º, CPC e 62, n.1, a), DL
291/2007. É um vicio insanável porque não cumpriu com o que a lei diz. Dã lugar a
absolvição do reu da instância. Devia ter proposto a ação contra a seguradora e não contra
o reu.

Suponha, agora, que António tinha deixado caducar o seu seguro automóvel.

b) Nesse caso, se a acção continuasse a ser proposta apenas contra António, quais as
consequências processuais?

Resposta:

Quando estamos na presença de um acidente de viação em que o autor do acidente não tem
seguro mas ta identificado, a açao é proposta contra o fundo de garantia automóvel e o autor
dos factos lesivos – 62, n.1 do DL 291/2007, de 21 de agosto.

Litisconsórcio necessário legal.

O que não é sanável é a ilegitimidade singular.

Imagine ainda que, no dito acidente, a viatura pertencente a António embateu também numa
outra viatura, que pertencia a José, residente em Valongo.

c) Caso também pretendesse ser indemnizado pelos prejuízos sofridos, José teria de
formular a sua pretensão na mesma acção que Bruno?

Resposta:

Não, porque so há a obrigatoriedade de estar varias pessoas numa mesma ação se for
litisconsórcio necessário. Aqui temos uma situação que estamos na presença de duas relações
juridcas autónomas que tiveram origem na mesma causa. Nasceram dois direitos a
indemnização.
Por isso, eles não tinham que propor a ação. Cada um deles poderia propor a sua ação
individual. Poderiam ter proposto uma ação em coligação, porque a apreciação do pedido
depende da apreciação dos mesmos factos. Art 36, n.2, CPC

Teriamos que respeitar os requisitos do art 37, CPC, o que se consta nesse facto.

Você também pode gostar