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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 1ª VARA DO TRABALHO DE

CAXIMBOQUINHA DO SUL/SC

KASUO TANAKA, já qualificado nos autos de AÇÃO


ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO (Processo n.
2028387347), que lhe move DANIEL LA RUSSO, também já
qualificado, por seus advogados (documento incluso), com
escritório localizado na Avenida José Inácio da Rocha, 1188,
Centro, Tubarão/SC, vem à presença de Vossa Excelência
apresentar CONTESTAÇÃO, o que faz nos seguintes termos:

SÍNTESE DA INICIAL

O autor alega que foi coagido pelo réu para vender a ele seu
automóvel Volkswagen, Fusca, ano/modelo 1968, placas MAH 3645, pelo valor de
R$ 15.500,00 (quinze mil e quinhentos reais), quando o real valor estava avaliado
em R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Afirma que a coação consistiu que caso ele não
realizasse a venda para o réu, este contaria ao senhor Katsumoto Miaghi, tutor e
mestre do autor, que o primeiro havia sido um péssimo aluno de língua japonesa na
escola que pertence ao segundo.
Assim, o autor requer a anulação da compra e venda efetivada
junto ao réu, além da condenação ao pagamento de custas e honorários
advocatícios de sucumbência, valorando a causa em R$ 1.000,00 (um mil reais).

PRELIMINARES
I – Incompetência Absoluta

O autor busca a anulação do negócio jurídico a fim de reaver o


bem alienado ao réu.
No entanto, Excelência, o autor busca a tutela jurisdicional
através da Justiça do Trabalho, a qual não é competente para julgar a presente lide,
tendo em vista que o juízo competente para julgá-la é o cível. Assim, a lide não é de
competência da Justiça do Trabalho, por não estar prevista no artigo 114 da
Constituição Federal:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos
e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o; 
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I,
a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente. 
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão
do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. 

O artigo 301, inciso II do Código de Processo Civil não deixa


dúvidas a respeito do momento para se discutir a incompetência absoluta:

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:


...
II - incompetência absoluta;
Assim também dispõe o artigo 113, § 2o  da mesma lei, sobre a
incompetência absoluta quanto aos atos decisórios, podendo a incompetência
absoluta ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição:

Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser
alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de
exceção.
...
§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão
nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.

No mesmo sentido o doutrinador Luiz Rodrigues Wambier traz


que “deve o réu, por economia processual, arguir a incompetência absoluta, se
existente, já ao início da contestação; caso contrário, responderá integralmente
pelas custas resultantes do retardo”.
Assim, para que a arguição da incompetência absoluta tenha
êxito, deverá ser arguida pelo réu no início da contestação, evitando que este
responda pelas custas resultantes do adiamento.

MÉRITO

O autor sustenta que o negócio jurídico realizado está viciado


pela coação, tendo em vista que foi supostamente ameaçado para que vendesse
seu automóvel por um valor muito inferior ao avaliado.
Cumpre alegar que o autor e ex-proprietário do bem não sofreu
qualquer coação para que realizasse o presente negócio e possuía capacidade
plena para realizar todos os atos da vida civil, inclusive o de compra e venda.
Desse modo, Excelência, há que se convir que o autor visa
anular o negócio jurídico desprovido de fundamentos, como pode-se observar na
petição inicial.
Assim, resta desconfigurado o primeiro requisito trazido pelo
Código Civil Brasileiro acerca do vício de coação, o qual dispõe o seguinte artigo:

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua
pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
De igual modo verificou-se que se tratava de um simples temor
reverencial, não caracterizando a coação, conforme o artigo do mesmo Código:

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um


direito, nem o simples temor reverencial.

Por todo o exposto, restam impugnadas as alegações contidas


na peça inicial, de modo que a improcedência dos pedidos do autor, caso
ultrapassadas as preliminares, é medida que se mostra como mais justa no caso em
mesa.

PEDIDOS

Ante o exposto, requer:


a) o acolhimento da preliminar de incompetência absoluta do
juízo, com o consequente direcionamento dos autos ao juízo competente;
b) a improcedência total dos pedidos elencados na inicial;
c) a produção de todas as provas em direito admitidas, em
especial documental, testemunhal, e qualquer outra que Vossa Excelência
considerar necessária ao deslinde do feito;
d) a condenação do autor ao pagamento de custas e despesas
processuais, bem como a condenação do autor ao pagamento de honorários
advocatícios, de acordo com o disposto no artigo 20, parágrafo 3º do Código de
Processo Civil.

Nestes termos pede deferimento.

Tubarão, 10 de setembro de 2012.

CYATHYA MARQUES ALVES


OAB/SC...
DÉBORA DURANTE BOTEGA
OAB/SC...

MURILO THOMAZ MONTEIRO


OAB/SC...

Rol de documentos:
Procuração.
Recibo de pagamento do automóvel.
Documento do automóvel

Rol de testemunhas:
...

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