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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ a VARA CIVEL DA

COMARCA DE TUBARÃO/SC.

MÁXIMUS DÉCIMUS MERIDIUS, brasileiro, solteiro,


militar, CPF 098.765.432-01, RG 1.234.567, residente e
domiciliado na Rua das Oliveiras, nº 126, Vila Imperador
Adriano do Framenguela, Tubarão/SC, por seus
advogados (documento incluso), com escritório localizado
na Avenida dos Gladiadores, edifício Coliseum, nº 999,
sala 306, Vila Romana, Tubarão/SC, vem perante Vossa
Excelência, propor

AÇÃO REPARATÓRIA

contra BOATE VESÚVIO, pessoa jurídica de direito


privado, CNPJ 87.646.875/0001-00, localizada na Rua
das Camélias, nº 1818, Centro, Tubarão/SC, na pessoa
de seu representante, tendo em vista o que segue:

DOS FATOS

O autor esteve em uma festa na Boate Vesúvio no último


mês, e estacionou o seu automóvel, Honda/Civic Sedan EXS 1.8/1.8, gasolina,
16 válvulas, automático, 4 (quatro) portas, avaliado segundo a tabela FIPE em
aproximadamente R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), no local
disponibilizado pela boate, para estacionar o carro dos seus clientes.
Porém, ao sair da referida casa noturna, 4 (quatro) horas
após deixar o carro no estacionamento da mesma, o requerente verificou que o
seu veículo havia sumido. Após notar a falta do automóvel, o autor foi aos
seguranças comunicar o fato, e os mesmos lhe encaminhar ao gerente, que
levou-o até os proprietários.
Após apresentar o que havia acontecido com o seu
veículo, o autor ouviu dos proprietários que os mesmos não responsabilizavam
pelos carros que ficam em seu estacionamento, uma vez que o local está cheio
de placas informando isto.
Contudo, mesmo o requerente apresentando justificativas
para assegurar o seu direito, os requeridos disseram ao mesmo para que ele
fosse à procura de seus direitos.

DO DIREITO

No caso referido, o autor teve seu veículo furtado dentro


das dependências do estabelecimento, sendo assim conforme aduz a nossa
Constituição Federal de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
[..]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;  

Assim, ensejando a reparação do furto pela parte


requerida, uma vez que está evidente o ato ilícito, em que o mesmo se
encontra configurado no artigo 186 do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. Grifo nosso.
Ao ter o seu automóvel furtado dentro do estacionamento
da requerida, fica claro a responsabilidade civil objetiva da parte ré, uma vez
que a mesma ficará obrigada a reparar o dano sofrido pelo autor, no que versa
o artigo 927 do Código Civil:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Grifo
nosso.

No mesmo sentido estabelece o artigo 14 do Código do


Consumidor, que garante independentemente de culpa, a reparação de danos
causados aos consumidores, a defeitos relativos a prestação de serviço.
Vejamos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos. Grifo nosso.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;


II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas
técnicas.
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será
apurada mediante a verificação de culpa.

Portanto como forma de garantir o direito de indenização


quanto ao dano causado, na sua proporção devida, o atual Código Civil
também assegura:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a
indenização.

Da mesma maneira, é o entendimento por parte do


Superior Tribunal de Justiça:

STJ Súmula nº 130 - 29/03/1995 - DJ 04.04.1995


Reparação de Dano ou Furto de Veículo - Estacionamento -
Responsabilidade
A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano
ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento. Grifo
nosso.

Do mesmo modo que já sedimentado pelo Superior


Tribunal de Justiça, a doutrina tem a mesma interpretação conforme Carlos
Roberto Gonçalves:

Interessante notar que o STJ, em sua Súmula 130, já afirmou a


responsabilidade nesses casos, mas é necessário entender a
natureza jurídica do problema para saber exatamente como será o
alargamento da responsabilidade passiva e os casos específicos de
imputação. O enunciado da súmula é: “a empresa responde, perante
o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em
seu estacionamento.” GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil
Brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009

É pacifico o entendimento entre os Tribunais, no que diz


sobre a responsabilidade de reparar o dano:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE


POR FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE CLUBE.
AUTOR QUE ERA ECÔNOMO DO LOCAL EM QUE O VEÍCULO
FORA FURTADO. CONTRATO DE ARRENDAMENTO DO BAR E E
RESTAURANTE. INGRESSO DA DEMANDA QUASE DOIS ANOS
APÓS A OCORRÊNCIA DO FURTO E TÃO SOMENTE QUANDO
OPERADA A RESCISÃO CONTRATUAL ENTRE AS PARTES.
RETORNO ECONÔMICO PELA EXISTÊNCIA DE
ESTACIONAMENTO QUE OPERAVA EM FAVOR DO PRÓPRIO
DEMANDANTE. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 130, DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ESTACIONAMENTO
GRATUITO E DESPROVIDO DE SEGURANÇA. CULPA "IN
VIGILANDO" OU "IN ELIGENDO" NÃO CONFIGURADAS.
INEXISTÊNCIA DE CONTRATO DE DEPÓSITO. IMPOSSIBILIDADE
DE ATRIBUIR AO CLUBE O DEVER DE GUARDA. CULPA NÃO
CONFIGURADA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. A Súmula 130, do Superior Tribunal de Justiça, que
prescreve que a empresa responde, perante o cliente, pela reparação
de dano ou furto de veiculo ocorridos em seu estacionamento não
tem aplicação quando a vítima é a também a pessoa que aufere
lucro, ainda que indiretamente, com a existência do mesmo
estacionamento. Não há falar em depósito, porque o veículo não é
"entregue" ao estabelecimento; suas chaves permanecem com o
"proprietário"; inexiste a emissão de ticket ou outro qualquer
documento comprovador de que o veículo foi confiado à guarda do
estabelecimento. Conseguintemente, não há transferência de guarda,
e portanto não ocorre responsabilidade. Não se define a situação
como um "contrato de depósito", uma vez que nenhum elemento
material ou pessoal determinam-se os seus extremos" (Caio Mário da
Silva Pereira. Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1998,
p. 746).
(TJ-SC - AC: 20130270793 SC 2013.027079-3 (Acórdão), Relator:
Saul Steil, Data de Julgamento: 17/06/2013, Terceira Câmara de
Direito Civil Julgado, Data de Publicação: 28/06/2013 às 07:47.
Publicado Edital de Assinatura de Acórdãos Inteiro teor   Nº Edital:
6180/13 Nº DJe: Disponibilizado no Diário de Justiça Eletrônico
Edição n. 1660 – www.tjsc.jus.br)

E ainda:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. AÇÃO REPARATÓRIA


DE DANOS MORAIS E MATERIAIS. FURTO DE VEÍCULO NAS
DEPENDÊNCIAS DE ESTACIONAMENTO DE CLUBE
RECREATIVO. PRELIMINARES: GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
NECESSIDADE NÃO COMPROVADA. AGRAVO RETIDO.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE
VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E DE HIPOSSUFICIÊNCIA.
DESPROVIMENTO. MÉRITO: RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA. PRESSUPOSTOS AUSENTES. FALTA DE
COMPROVAÇÃO DO LOCAL DE ESTACIONAMENTO DO
VEÍCULO. ELEMENTOS CONTRADITÓRIOS. ÔNUS DA PROVA DO
AUTOR. FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO PLEITEADO NÃO
DEMONSTRADOS (CPC, ART. 333, I). HONORÁRIOS
SUCUMBENCIAIS. PATAMAR ELEVADO. REDUÇÃO. SENTENÇA,
EM PARTE, REFORMADA, RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Para a obtenção da gratuidade de justiça, faz-se necessário que a
parte cumpra os critérios estabelecidos no art. 4º da Lei n. 1.060/50,
apresentando declaração de que não está em condições de pagar as
custas do processo e os honorários advocatícios, sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família, o que admite prova em sentido
contrário. In casu, além de não constar a respectiva declaração de
hipossuficiência, inexiste elementos que efetivamente comprovem a
ausência de recursos financeiros para o pagamento de eventuais
despesas processuais, obstando a concessão do benefício em
questão ao autor postulante. 2.Ainversão do ônus probatório prevista
no Código de Defesa do Consumidor (art. 6º, VIII) não significa impor
à parte adversa o ônus de demonstrar o direito alegado na inicial ou a
prova negativa de um fato, notadamente quando as alegações do
consumidor não se mostram verossímeis, tampouco há dificuldade na
produção desses elementos (hipossuficiência). Agravo retido
desprovido. 3.Aresponsabilidade civil dos fornecedores de serviços, a
cujo conceito se amolda o clube recreativo réu, é objetiva, fundada no
risco da atividade desenvolvida, conforme arts. 14 do CDC e 186, 187
e 927 do CC, não se fazendo necessário perquirir acerca da
existência de culpa. Em caso tais, basta a comprovação do liame de
causalidade entre o defeito do serviço e o evento danoso
experimentado pelo consumidor, cuja responsabilidade somente
poderá ser afastada nas hipóteses de força maior, eventos
imprevisíveis, inexistência do defeito e culpa exclusiva do ofendido e
de terceiros. 4.Os estabelecimentos comerciais que disponibilizam
estacionamento em área própria para comodidade de seus clientes
respondem civilmente pelo furto ou danificação dos veículos que ali
foram parqueados, diante do dever de guarda, sendo irrelevante a
gratuidade do serviço, a falta de vigilância ou de controle de entrada e
saída (Súmula n. 130/STJ). Afinal, quem aufere os bônus deve arcar
com os ônus, salvo se a área for pública, cujo dever incumbe ao
Estado (CF, art. 144). 5. Diante da presença de contradições entre os
documentos juntados e as declarações do autor e de seus
informantes no boletim de ocorrência e em Audiência, quanto ao local
em que ocorreu o furto do veículo, mostra-se inviável a condenação
do clube recreativo a ressarcir e compensar os prejuízos materiais e
morais alegados, haja vista a falta de outros elementos capazes de
corroborar a versão do autor. 6. O art. 333 do CPC distribui o ônus da
prova de acordo com a natureza da alegação fática a ser
comprovada. Nesse panorama, ao autor cabe provar as alegações
concernentes ao fato constitutivo do direito afirmado, ao passo que ao
réu cumpre demonstrar os fatos negativos, extintivos e modificativos
da pretensão deduzida por aquele.Cuida-se de um indicativo para que
o juiz se livre do estado de dúvida e decida o meritum causae.
Pairando essa incerteza sobre o fato constitutivo do direito postulado,
essa deve ser suportada pelo autor, por meio da improcedência dos
pedidos deduzidos na inicial (CPC, art. 333, I). 7.Segundo o art. 20, §
4º, do CPC, os honorários advocatícios devem ser fixados de acordo
com a apreciação equitativa do julgador, valendo-se, para tanto, dos
parâmetros insertos no § 3º do mesmo preceptivo legal (grau de zelo
do profissional, lugar da prestação do serviço, natureza e importância
da causa, trabalho realizado pelo advogado e tempo exigido para o
seu serviço). À luz desses parâmetros, e tendo em vista a
necessidade de realização de duas Audiências de Instrução e
Julgamento, ante a cassação da 1ª sentença, bem como relevando a
atuação do patrono da ré no decorrer da lide, corriqueira no âmbito
deste TJDFT, justifica-se a redução da verba honorária de R$
7.000,00 (sete mil reais) para R$ 3.000,00 (três mil reais). 8. Pedido
de gratuidade de justiça indeferido. Agravo retido conhecido e
desprovido. Apelação conhecida e, em parte, provida para reduzir o
valor dos honorários advocatícios para R$ 3.000,00 (três mil reais),
mantidos os demais termos da sentença.
(TJ-DF - APC: 20140111153946 DF 0001480-87.2013.8.07.0001,
Relator: ALFEU MACHADO, Data de Julgamento: 24/09/2014, 1ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 03/10/2014 .
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Conclui-se que uma vez que é caracterizada a


responsabilidade civil objetiva da parte requerida, sendo assim a obrigação de
indenizar a parte requerente nos valores do dano material.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:


a) A citação da requerida para no prazo legal, querendo,
apresentar contestação, sob pena de aplicação das regras de revelia e
confissão ficta;
b) A reparação pelo réu ao dano causado ao autor no
valor do carro, R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), devidamente atualizado
desde a data do fato danoso;
c) A produção de todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a documental, entre outras que Vossa Excelência
entender necessária;
d) A condenação do réu ao pagamento de custas,
despesas processuais e honorários advocatícios, estes conforme artigo 20, §
3º, do Código de Processo Civil.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil


reais).
Nestes termos, pede deferimento.

Tubarão, 08 de outubro de 2014.

___________________
DARLAN LUIZ DA SILVA
OAB/SC ...

________________________
PEDRO BRUNATO RODRIGUES
OAB/SC ...

_______________________
VÍTOR MENDES DOS SANTOS
OAB/SC ...

ROL DE DOCUMENTOS
a) Procuração;
b) Comprovante do estacionamento ;
c) Documento do veículo;
d) Certidão do DETRAN;
e) Tabela FIPE.

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