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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO JUIZADO ESPECIAL

CIVEL XXXXXXX

CASA DE COUROS DURO & FORTE EPP-LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob CNPJ n.
16.171.837/0001-33, com endereço comercial na Praça Fróes da Mota, 31, Centro, Feira de Santana,
Bahia, CEP: 44002-300, Vem mui respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com suporte nos
artigos 927, 942 do Código Civil e demais dispositivos legais aplicáveis, propor:

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS,

Contra BANCO MINAS DE OURO ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA., o contrato de adesão


de consórcio de veículos em 20/09/2019, a requerente formalizou junto ao requerido um contrato
de adesão à grupo de consórcio de bens móveis, número de proposta 000190027043, grupo 002696,
cota 0109. Pelas razões de fato e direito, que a seguir passará a expor:

DOS FATOS

Em 20/09/2019, a requerente assinou um contrato de adesão de consórcio junto ao Banco Minas de


Ouro com previsão de encerramento em 14/01/2026, onde o valor do bem consorciado, automóvel
da marca Renault, modelo KWID LIFE 1.0, foi determinado em R$ 50.901,75 reais, montante que
corresponde ao valor total do bem acrescido à taxa de administração social, ao fundo reserva e à
taxa do seguro prestamista, conforme adesão prevista nos autos.

No dia 14/09/2022, foi informado à requerente que havia sido contemplada com a liberação do
veículo. Ocorre que, além de não receber o valor pactuado no contrato de adesão, correspondente
ao montante de R$ 50.901,75 reais, recebeu apenas, R$ 49.566,90 reais, conforme demonstrado por
extrato bancário em anexo.

Importante salientar que após a constatação à instituição financeira solicitando o pagamento do


valor faltoso, que corresponde à importância de R$ 1.241,00 reais, não recebeu qualquer retorno
acerca do pleito apresentado. Tendo em vista que, a quantia que lhe fora entregue não corresponde,
sequer, ao valor desembolsado pela requerente no momento que ingressou no consórcio,
correspondente a R$ 53.358,23 reais.

DO DIREITO

Resta evidenciada que a compra de um veículo está muitas vezes associada a um planejamento
financeiro. Como se vê, o consorcio é um serviço prestado ao consumidor para que este possa ter
acesso a bens e serviços, e, para que o consumidor tenha segurança ao investir neste tipo de
negócio.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem


ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor,
todos responderão solidariamente pela reparação.

DOS DANOS

É inegável que este fato ultrapassa os limites de mero aborrecimento cotidiano, pois por teve que
sair de sua rotina para tentar sanar o problema, com o qual não deu causa, bem como, criou
expectativas e planos do seu cotidiano para a aquisição do automóvel, gerando assim o dano moral.

“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos


devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.”

“Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos
só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.”

Com advento da constituição de 1988, entendeu por bem o legislador constituinte de elevar a
matéria relativa à indenização por danos morais resultante de ato ilícito, ao pano constitucional, cujo
texto, previsto no art. 5º, X, inserido entre os direitos individuais, assim ficou regido:
“Artigo 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:

(...)

III - a dignidade da pessoa humana;”

“Artigo 5º - (...)

(...)

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, MORAL ou à imagem;
Quanto a mensuração do dano emergente, vejamos o que ensina o ilustre
desembargador Sérgio Cavalieri Filho em sua obra de Programa de Responsabilidade Civil:

“à mensuração do dano emergente, como se vê, não enseja maiores dificuldades. Via de regra,
importará no desfalque sofrido no patrimônio da vítima; será a diferença do valor do bem jurídico
entre aquele que ele tinha antes e depois do ato ilícito. (...) dano emergente é tudo aquilo que se
perdeu, sendo certo que a indenização haverá de ser suficiente para a restitutio in integrum.”

Assim, no tocante ao dano moral, o autor deve ser compensado por todo o
constrangimento, transtornos e aborrecimentos sofridos neste período, pois, tais SUPERAM, e
MUITO, os limites do que se entende por razoável no cotidiano de um ser humano, em razão do
descaso da ré.

Cabe salientar a lição do Professor Desembargador SÉRGIO CAVALIERI FILHO, em


sua obra “Programa de responsabilidade Civil”, Ed. Malheiros, 1998, o qual ensina que:

“...deve ser reputado como dano moral, a dor, o vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a
normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe
aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar... Se assim não se entender, acabaremos por
banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais
aborrecimentos”.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto requer:

1. Que o pedido seja JULGADO PROCEDENTE para condenar a ré ao pagamento de:


a. Danos emergentes no valor a ser arbitrado por este juízo;
b. Lucros cessantes a ser arbitrado por este juízo;
c. Danos morais a ser arbitrado por este juízo;
2. O pagamento do quantitativo restante equivalente a R$ 1.241,00 reais, para o valor do
montante final ser correspondido mediante o contrato;
3. Ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos no importe de R$ 15,000 reais.
4. Pleiteia desde já a designação de audiência de instrução e julgamento, para oitiva
testemunhal, bem como oitiva das partes

Requer a produção de prova documental superveniente, e o depoimento pessoal do


representante legal da ré, sob pena de confesso.

Dá-se a presente o valor de R$ 16.241,00 (dezesseis mil, duzentos e quarenta e um reais).

Termos em que,

Requer Deferimento.
Feira de Santana/BA, 23 de Abril de 2023.

ADVOGADO XXXXX

OAB XXXXXX

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