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Para o devedor se configurar em Mora, também é necessário possuir elementos subjetivo e objetivo:
Elemento Subjetivo: Seria a inexecução culposa por parte do devedor, em outras palavras o devedor não
cumpriu a obrigação corretamente de forma voluntária.
Elemento Objetivo: Não realização do pagamento no prazo acordado entre devedor e credor.
ART. 394-
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no
tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Assim, se o devedor pagar no dia certo, na forma certa, mas no lugar errado estará em mora e
responderá pelos prejuízos.
Ex: É o caso do devedor entregar sem a ciência do credor os animais na fazenda Santa Lúcia em
Palmas, quando deveria ser entregue na fazenda Santo Antônio em Teresina. As despesas que o
comprador terá para o transportar os animais de uma fazenda a outra serão arcadas pelo vendedor.
Se o devedor pagar o aluguel em dinheiro e o faz por meio de cheque, na data certa e no lugar certo,
estará em mora quanto à forma.
ESPÉCIES DE MORA
MORA DO DEVEDOR: Também denominada de Mora debendi, debitori ou solvendi (mora de pagar), para
Maria Helena Diniz, “configura-se a mora do devedor quando este não cumprir, por culpa sua, a prestação
devida na forma, tempo e lugar estipulados”.
MORA DO CREDOR: Esta é a Mora accipiendi, credendi ou creditoris, e por sua vez é configurada quando
o credor se recusa a receber o pagamento no tempo e lugar predeterminados na obrigação, exigindo o
cumprimento de forma diversa. Decorrendo nela, devido exatamente à sua falta de cooperação com o
devedor da prestação, embaraçando o modo como a lei ou a convenção determina (GONÇALVES, 2019).
MORA DE AMBOS: Quando a mora é bilateral, é justamente pelo fato de ambas as partes do negócio
descumprirem a obrigação destinada à sua parte, incorrendo mora, ou seja, acontecem simultaneamente.
Carlos Roberto Gonçalves (2019) salienta que as situações continuam como se nenhum dos dois
contratantes tivesse constituído em mora. Então, se ambas nela ocorrem, nenhuma delas pode deixar de
exigir da outra indenização por perdas e danos, e similares.
ART. 395
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores
monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a
satisfação das perdas e danos.
ART. 396
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
Ex: Se o devedor não consegue entregar o animal vendido, pois a estrada inundou, entregará fora do prazo
sem que haja, pagamento por perdas e danos.
Deverá provar que esteve diante de caso fortuito ou força maior (art.373, II, do CPC/2015)
ART. 397
Art.397. O inadimplemento da obrigação positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora do
devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial.
Art.398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.
Ex: batida de dois automóveis, danos morais por ofensa a honra, pelos advogados por erros profissionais,
etc.
ART. 399
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano
sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
● O devedor responderá pela impossibilidade da prestação em mora, mesmo que tenha sido por força
maior, tendo em vista que se ele não tivesse em mora, o fortuito e a força maior não teriam atingido e
ela poderia já estar com o credor.
● Único caso que o devedor não responde pela impossibilidade da prestação é quando provar que
ainda que ele tivesse cumprido a obrigação na forma, lugar e tempo corretos, ainda assim seria
danificado por conta do fortuito e da força maior.
MORA DO CREDOR- ARTIGO 400
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa,
obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais
favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos
e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
DAS PERDAS E DANOS
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E LUCROS
CESSANTES. DANOS MATERIAIS CONFIGURADOS. LUCROS CESSANTES COMPROVADOS.
1. Preliminar de ilegitimidade passiva afastada. Aplicação do enunciado 492 da súmula do STF, que
determina que a empresa locadora de veículos responde solidariamente com o locatário, no uso do carro
locado, por danos causados por este a terceiro. 2. Lucros cessantes mantidos. Comprovação do tempo
que o veículo ficou parado e dos valores que deixou de auferir. 3. Recurso desprovido.
(TJ-RJ - APL: 00238810720198190205, Relator: Des(a). PLÍNIO PINTO COELHO FILHO, Data de
Julgamento: 21/10/2021, DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 25/10/2021)”.
DAS PERDAS E DANOS
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo
da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode
o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Atinge e diminui o
Não há repercussão
patrimônio do
na órbita financeira
lesado
Perdas e Danos
● As perdas e danos são devidas porque o inadimplemento de uma obrigação, seja ele absoluto ou
relativo, causa um dano patrimonial ao credor.
● Na prática, na maioria dos contratos é inserida uma cláusula destinada a prever o quantum da
indenização pelas perdas e danos. Essa cláusula é denominada cláusula penal, e constitui-se em
uma pré-fixação de perdas e danos para o caso de descumprimento da obrigação.
○ Ex: Multa por quebra de contrato
● Se o descumprimento da obrigação é parcial, trata-se da cláusula penal moratória, fixada para
definir o valor da indenização em caso de mora do devedor.
○ Ex: Multa diária.
Perdas e Danos: Espécies
O Art. 402/CC, dispõe: “Salvo exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”
★ Extracontratual: No Código Civil de 2002 está baseada no ato ilícito (art. 186) e no abuso de direito
(art. 187).
★ Contratual: nos casos de inadimplemento de uma obrigação, o que está fundado nos artigos 389,
390 e 391 do atual Código Civil.
CONTRATUAL EXTRACONTRATUAL
● Existe um vínculo anterior entre as partes. ● Viola-se um dever geral negativo de não
Violação de um dever positivo (obrigação) causar dano à imagem (vínculo aplicado a
todos)
● O contrato com incapaz é invalido, salvo se ● O incapaz responde nos casos especificados
maliciosamente se declarou maior (Art. 180, em lei.
CC)
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
“Art. 927. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem”.
Risco profissional: onde o dever de indenizar ocorre sempre que o fato prejudicial decorre da atividade ou
profissão do lesado. Justifica a reparação dos acidentes de trabalho.
Risco administrativo: Art. 37 § 6º da CF/88 “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
TEORIA DE RISCO E CULPA PRESUMIDA
A teoria do risco integral, considerada uma modalidade extremada da teoria do risco, onde o
agente se obriga a reparar o dano causado até quando inexiste o nexo causal, ou seja, o dever de indenizar
surge tão-somente em face do dano, ainda que oriundo de culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso
fortuito ou força maior.
- Dano Ambiental;
- Seguro obrigatório (DPVAT);
- Danos nucleares.
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL
PRESSUPOSTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Dano Material: O dano material, também chamado de dano patrimonial, é o prejuízo que ocorre no
patrimônio da pessoa, ou seja, perda de bens ou coisas que tenham valor econômico. Estão inseridos nos
danos materiais os prejuízos efetivamente sofridos.
Dano moral: É a modalidade de responsabilidade civil que busca reparar os prejuízos psíquicos causados à
vítima de um ato ilícito ou de um abuso de direito.
Valor da Indenização “quantum” e forma de pagamento
Indenização é o valor pago à vítima para consertar um dano causado. Toda e qualquer pessoa jurídica ou física que
deixa de cumprir com algum combinado, é negligente ou imprudente, causando danos a outra, tem o dever de indenizar.
O valor da indenização é medido pela extensão e repercussão do dano ou prejuízo. As consequências patrimoniais da
mora do devedor estão descritas no art. 395 do Código Civil. O devedor e o credor em mora responderão pelos
prejuízos a que sua mora der causa: pagará a prestação, as perdas e danos, os juros decorrentes da mora, a atualização
dos valores monetários e os honorários advocatícios.
Nem sempre o pagamento consiste na entrega de dinheiro, pode consistir na entrega de algum objeto, seja porque assim
foi estipulado, seja porque o credor concordou com a dação em pagamento proposta pelo devedor.
A penhora, portanto, é uma forma de garantir que o devedor que decidiu não pagar a dívida. Quando o bem penhorado,
sendo ele móvel ou imóvel, for utilizado como forma de pagamento da dívida, ele será expropriado de seu dono.
Com efeito, quando a penhora recai sobre um crédito, o devedor é notificado a não pagar ao credor, mas a depositar em
juízo o valor devido.
PRAZO PRESCRICIONAL - Código Civil
O que é Prescrição?
Segundo Pontes de Miranda, a prescrição seria uma exceção que alguém tem contra o que não exerceu, durante um
lapso de tempo fixado em norma, sua pretensão ou ação.
Os artigos que tratam da prescrição do Código Civil estão nos artigos 205 e 206.-A
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe tenha fixado prazo menor.
§ 2 o Em dois anos: A pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
Ex: A parcela alimentícia que venceu no dia 10/06/2022 poderá ser cobrada até o dia 10/06/2024.
Mas a prescrição só acontece quando a pessoa atinge 16 anos.
PRAZO PRESCRICIONAL - Código Civil
§ 3 o Em três anos: Pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos, prestações vencidas de rendas temporárias
ou vitalícias, pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pretensão de ressarcimento de
enriquecimento sem causa, pretensão de reparação civil, pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de
má-fé, pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei
especial e pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade
civil obrigatório.
§ 4 o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
Após o menor completar 16 anos.
Após terminada a tutela.
§ 5 o Em cinco anos:
Pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. Pretensão dos profissionais
liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos
serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. Pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu
em juízo.
Ex: Escritura da casa (Público) e Compra e Venda do CARRO (Particular).
PRAZO PRESCRICIONAL - CDC
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; Alimentos e lavagem de carro
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. O conserto do carro
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos
serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a
resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço
prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua
autoria.
Questão 1:
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, conforme determina o Código Civil, considera-se o
devedor em mora:
A. Danos emergentes e lucros cessantes. (Correta: uma vez que, as perdas e danos, no caso, englobam
não apenas o inadimplemento da obrigação, como, também, o que a floricultura efetivamente perdeu
e o que deixou de lucrar, respectivamente, os danos emergentes sofridos e os lucros cessantes.)
B. Apenas danos emergentes.( Errada: sabe-se que também são englobados, no âmbito da indenização por
perdas e danos, os lucros cessantes)
C. Apenas lucros cessantes. (Errada: sabe-se que também são englobados, no âmbito da indenização por
perdas e danos, os danos emergentes.)
D. Danos materiais e morais. (Errada: não há que se falar em danos morais, não tendo, o inadimplemento,
afetado a esfera moral e de personalidade do credor.)
E. Apenas danos morais. (Errada: não há que se falar em danos morais, não tendo, o inadimplemento,
afetado a esfera moral e de personalidade do credor.)
https://estudar.com.vc/cursos/direito-civil-geral
Referências Bibliográficas:
★ Perdas e Danos + Responsabilidade Contratual e Extracontratual: Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil, 1 :
esquematizado® : parte geral : obrigações e contratos / Carlos Roberto Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 6.
ed. São Paulo : Saraiva, 2016. Bibliografia. 1. Direito civil 2. Direito civil - Brasil I. Lenza, Pedro. II. Título. III. Série.
CDU-347(81).
★ https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/56265/anlise-acerca-da-mora-civil-e-suas-implicaes
★ https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/mora-conceito-formas-e-requisitos/#:~:text=Conforme%20ensi
na%20Cl%C3%B3vis%20Bevilaqua%5B28,d%C3%ADvida%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20a%20termo.%E2%80%9D
★ https://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/8821-8820-1-PB.htm
★ https://direito.legal/direito-privado/resumo-de-mora/
★ https://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/13/volumeII/10anoscodigocivil_v
olII_106.pdf
★ Gonçalves, Carlos Roberto Direito civil, 1 : esquematizado® : parte geral : obrigações e contratos / Carlos Roberto
Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. Bibliografia. 1. Direito civil 2. Direito civil -
Brasil I. Lenza, Pedro. II. Título. III. Série. CDU-347(81).
★ https://raphaelgfaria.jusbrasil.com.br/artigos/334789996/as-formas-de-constituir-o-devedor-em-mora#:~:text=Port
anto%2C%20em%20termos%20jurídicos%20a,objetivo%20e%20um%20elemento%20subjetivo.