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INADIMPLEMENTO DAS

OBRIGAÇÕES
(art. 389 ao art. 420, CC)

PROFESSORA I SABEL C RISTINA G UIMARÃES AQUINO DE


O LIVEIRA
A regra é toda obrigação ser cumprida, é todo
contrato ser cumprido, afinal o contrato faz lei
entre as partes, e como diziam os romanos “pacta
sunt servanda”.
Porém, excepcionalmente, as obrigações podem
não ser cumpridas por culpa do devedor ou por
culpa do credor ou por algum acidente (= caso
fortuito ou de força maior).
A culpa do devedor pode ensejar a mora ou o
inadimplemento.
A mora é o atraso no pagamento enquanto o
inadimplemento é a falta de pagamento.
A doutrina considera a falta de pagamento o
inadimplemento absoluto e a mora o
inadimplemento relativo.
MORA: é o atraso no pagamento ou no
recebimento, tanto por culpa do devedor (mora
solvendi) como por culpa do credor (mora
accipiendi).
Assim não importam os motivos da mora do credor,
o devedor precisa exercer seu dever e seu direito
de pagar através da consignação
Efeitos da mora do credor:
1) o credor em mora libera o devedor da
responsabilidade pela conservação da coisa;
2) o credor em mora deve ressarcir o devedor com
as despesas pela conservação da coisa;
3) obriga o credor a pagar um preço mais alto pela
coisa se a cotação subir; este efeito se aplica a
coisas que têm preço na bolsa de valores, como
ações, açúcar, café, soja, etc.;
4) o credor em mora não pode cobrar juros do
devedor desse período, afinal foi do credor a culpa
pela atraso no pagamento.
Mora do devedor: a mora solvendi pode se
equiparar ao inadimplemento e o credor exigir
então perdas e danos.
Pressupostos da mora do devedor:
1) crédito vencido;
2) culpa do devedor;
3) possibilidade de cumprimento tardio da
obrigação com utilidade para o credor, caso
contrário teremos inadimplemento e não mora.
Efeitos da mora do devedor:
1) o devedor responde pelos prejuízos causados,
mais multa, juros, etc.;
2) o devedor em mora responde pelo caso fortuito
ou de força maior ocorridos durante o atraso
Purgação da mora: purgar significa emendar,
reparar, remediar; purgar a mora é consertar/sanar
as consequências da mora, tanto para o devedor
como para o credor.
Em caso de inadimplemento do devedor não se
purga mais a mora, resolvendo-se em perdas e
danos.
INADIMPLEMENTO
É o não pagamento/cumprimento da obrigação,
enquanto a mora é o atraso do devedor no
pagamento ou do credor no recebimento;
inadimplemento é só do devedor, mora pode ser
de ambas as partes.
Efeito do inadimplemento: responsabilizar o
devedor por perdas e danos, se este
inadimplemento for culposo. Se o inadimplemento
não for culposo o devedor está isento das perdas e
danos, mas é ônus do devedor provar o caso
fortuito ou de força maior.
O caso fortuito ou de força maior está conceituado
no parágrafo único do art. 393; o fato precisa ser
superveniente/futuro e imprevisível para justificá-
lo.
É um problema (ex.: cheia, seca, greve, doença,
roubo) que o devedor não contribuiu para sua
ocorrência e nem poderia evitar.
O fato do príncipe é também um caso fortuito (ex.:
A deve cigarro a B, porém vem uma lei proibindo o
fumo no país, então a obrigação se extingue face à
ilicitude do objeto; chama-se fato do príncipe em
alusão ao Estado, pois antigamente os governantes
eram monarcas).
Espécies de inadimplemento:
culposo e fortuito.
a) culposo: é a culpa lato sensu, em sentido amplo,
que envolve o dolo (intenção), e a culpa em sentido
restrito: negligência e imprudência.
b) inadimplemento fortuito: o devedor não paga
diante de um caso fortuito ou de força maior,
ficando assim, de regra, livre de indenizar o credor.
A obrigação vai se extinguir, as partes retornam ao
estado anterior, mas sem indenização.
CLÁUSULA PENAL (art. 408 ao
art. 416, CC)
CONCEITO: é uma cláusula acessória, em que se
prevê sanção econômica, consistente em bem
pecuniariamente estimável, contra a parte
infringente de uma obrigação, parcial ou
totalmente.
Pode ser estipulada em dinheiro ou em qualquer
outro bem com valor econômico, figurando no
próprio instrumento da obrigação principal, como
uma de suas cláusulas, ou em documento
apartado, seja simultâneo ou posterior, desde que
inequívoca a sua condição de acessório.
Exerce dupla função, sendo a liquidação antecipada
das perdas e danos e a punição pelo
descumprimento do ajuste celebrado.
Não se limita ao campo dos contratos, podendo ser
ordenada em lei ou em decisão judicial, bem assim,
determinada em testamento em desfavor de
herdeiro pela inexecução de legados ou encargos.
A) Cláusula penal moratória – é estipulada visando
o descumprimento parcial, de algum elemento
considerado pelas partes como importante, a
exemplo do tempo, lugar, ou forma.
É exigida cumulativamente com o cumprimento da
obrigação principal.
A pena não pode exceder o valor da obrigação
principal e é passível de ser reduzida pelo juiz
quando ocorrer cumprimento parcial, ou se lhe
parecer excessiva.
B) Cláusula penal compensatória – é estipulada
visando o descumprimento total da obrigação.
Aqui temos uma alternativa em benefício do credor
que pode exigir a cláusula estipulada ou a execução
da obrigação.
DAS ARRAS OU SINAL (Art. 417
ao art. 420)
São o sinal, valor dado em dinheiro ou o bem
móvel entregue por uma parte à outra, quando do
contrato preliminar, visando trazer aparte à outra,
quando do contrato preliminar, visando trazer a
presunção de celebração do contrato definitivo.
Tipos de Arras
Arras confirmatórias
Seu objetivo é firmar presunção de acordo final; de
princípio de pagamento. Prestadas as arras, as
partes não poderão voltar atrás.
Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma
parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou
outro bem móvel, deverão as arras, em caso de
execução, ser restituídas ou computadas na
prestação devida, se do mesmo gênero da
principal.
Em caso de inadimplemento, cabe perdas e danos.
A parte que deu as arras não executar o contrato,
poderá a outra tê-lo por. Se a parte que deu as
arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo
por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de
quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver
o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais
o equivalente, com atualização.
Arras penitenciais
Ocorrem no caso de constar no contrato a
possibilidade de arrependimento. Ocorrem no caso
de constar no contrato a possibilidade de
arrependimento.
Aqui, as arras tem função unicamente indenizatória
(incluída a penalidade).
Deve haver cláusula expressa no contrato prevendo
o direito de arrependimento.
Nas arras penitenciais não cabe falar em
indenização suplementar.

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