O LIVEIRA A regra é toda obrigação ser cumprida, é todo contrato ser cumprido, afinal o contrato faz lei entre as partes, e como diziam os romanos “pacta sunt servanda”. Porém, excepcionalmente, as obrigações podem não ser cumpridas por culpa do devedor ou por culpa do credor ou por algum acidente (= caso fortuito ou de força maior). A culpa do devedor pode ensejar a mora ou o inadimplemento. A mora é o atraso no pagamento enquanto o inadimplemento é a falta de pagamento. A doutrina considera a falta de pagamento o inadimplemento absoluto e a mora o inadimplemento relativo. MORA: é o atraso no pagamento ou no recebimento, tanto por culpa do devedor (mora solvendi) como por culpa do credor (mora accipiendi). Assim não importam os motivos da mora do credor, o devedor precisa exercer seu dever e seu direito de pagar através da consignação Efeitos da mora do credor: 1) o credor em mora libera o devedor da responsabilidade pela conservação da coisa; 2) o credor em mora deve ressarcir o devedor com as despesas pela conservação da coisa; 3) obriga o credor a pagar um preço mais alto pela coisa se a cotação subir; este efeito se aplica a coisas que têm preço na bolsa de valores, como ações, açúcar, café, soja, etc.; 4) o credor em mora não pode cobrar juros do devedor desse período, afinal foi do credor a culpa pela atraso no pagamento. Mora do devedor: a mora solvendi pode se equiparar ao inadimplemento e o credor exigir então perdas e danos. Pressupostos da mora do devedor: 1) crédito vencido; 2) culpa do devedor; 3) possibilidade de cumprimento tardio da obrigação com utilidade para o credor, caso contrário teremos inadimplemento e não mora. Efeitos da mora do devedor: 1) o devedor responde pelos prejuízos causados, mais multa, juros, etc.; 2) o devedor em mora responde pelo caso fortuito ou de força maior ocorridos durante o atraso Purgação da mora: purgar significa emendar, reparar, remediar; purgar a mora é consertar/sanar as consequências da mora, tanto para o devedor como para o credor. Em caso de inadimplemento do devedor não se purga mais a mora, resolvendo-se em perdas e danos. INADIMPLEMENTO É o não pagamento/cumprimento da obrigação, enquanto a mora é o atraso do devedor no pagamento ou do credor no recebimento; inadimplemento é só do devedor, mora pode ser de ambas as partes. Efeito do inadimplemento: responsabilizar o devedor por perdas e danos, se este inadimplemento for culposo. Se o inadimplemento não for culposo o devedor está isento das perdas e danos, mas é ônus do devedor provar o caso fortuito ou de força maior. O caso fortuito ou de força maior está conceituado no parágrafo único do art. 393; o fato precisa ser superveniente/futuro e imprevisível para justificá- lo. É um problema (ex.: cheia, seca, greve, doença, roubo) que o devedor não contribuiu para sua ocorrência e nem poderia evitar. O fato do príncipe é também um caso fortuito (ex.: A deve cigarro a B, porém vem uma lei proibindo o fumo no país, então a obrigação se extingue face à ilicitude do objeto; chama-se fato do príncipe em alusão ao Estado, pois antigamente os governantes eram monarcas). Espécies de inadimplemento: culposo e fortuito. a) culposo: é a culpa lato sensu, em sentido amplo, que envolve o dolo (intenção), e a culpa em sentido restrito: negligência e imprudência. b) inadimplemento fortuito: o devedor não paga diante de um caso fortuito ou de força maior, ficando assim, de regra, livre de indenizar o credor. A obrigação vai se extinguir, as partes retornam ao estado anterior, mas sem indenização. CLÁUSULA PENAL (art. 408 ao art. 416, CC) CONCEITO: é uma cláusula acessória, em que se prevê sanção econômica, consistente em bem pecuniariamente estimável, contra a parte infringente de uma obrigação, parcial ou totalmente. Pode ser estipulada em dinheiro ou em qualquer outro bem com valor econômico, figurando no próprio instrumento da obrigação principal, como uma de suas cláusulas, ou em documento apartado, seja simultâneo ou posterior, desde que inequívoca a sua condição de acessório. Exerce dupla função, sendo a liquidação antecipada das perdas e danos e a punição pelo descumprimento do ajuste celebrado. Não se limita ao campo dos contratos, podendo ser ordenada em lei ou em decisão judicial, bem assim, determinada em testamento em desfavor de herdeiro pela inexecução de legados ou encargos. A) Cláusula penal moratória – é estipulada visando o descumprimento parcial, de algum elemento considerado pelas partes como importante, a exemplo do tempo, lugar, ou forma. É exigida cumulativamente com o cumprimento da obrigação principal. A pena não pode exceder o valor da obrigação principal e é passível de ser reduzida pelo juiz quando ocorrer cumprimento parcial, ou se lhe parecer excessiva. B) Cláusula penal compensatória – é estipulada visando o descumprimento total da obrigação. Aqui temos uma alternativa em benefício do credor que pode exigir a cláusula estipulada ou a execução da obrigação. DAS ARRAS OU SINAL (Art. 417 ao art. 420) São o sinal, valor dado em dinheiro ou o bem móvel entregue por uma parte à outra, quando do contrato preliminar, visando trazer aparte à outra, quando do contrato preliminar, visando trazer a presunção de celebração do contrato definitivo. Tipos de Arras Arras confirmatórias Seu objetivo é firmar presunção de acordo final; de princípio de pagamento. Prestadas as arras, as partes não poderão voltar atrás. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal. Em caso de inadimplemento, cabe perdas e danos. A parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização. Arras penitenciais Ocorrem no caso de constar no contrato a possibilidade de arrependimento. Ocorrem no caso de constar no contrato a possibilidade de arrependimento. Aqui, as arras tem função unicamente indenizatória (incluída a penalidade). Deve haver cláusula expressa no contrato prevendo o direito de arrependimento. Nas arras penitenciais não cabe falar em indenização suplementar.