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Noções gerais sobre obrigações

Obrigação é o vínculo jurídico existente entre o credor e o devedor. Este vínculo é transitório
pois se desfaz com o cumprimento da obrigação, que tem por objeto a prestação a ser
adimplida.

ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO

 Elemento subjetivo/pessoal: são os sujeitos da relação jurídica, credor e devedor, que


podem ser pessoas naturais ou jurídicas.

 Elemento objetivo/material: é o objeto da obrigação, ou seja, a prestação a ser


adimplida. Esta prestação se dá por intermédio de uma conduta humana de dar, fazer
ou não fazer.

 Elemento imaterial: é o vínculo jurídico que une credor e devedor.

ESTRUTURA DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL

 Credor: sujeito ativo da obrigação, que tem o direito de reclamar do devedor o


adimplemento de uma prestação, acionando, se necessário, a máquina judiciária para
tal;
 Devedor: sujeito passivo da obrigação, que tem o dever de adimplir a prestação;
 Prestação: dar, fazer ou não fazer algo.

FONTES DAS OBRIGAÇÕES

Fontes das obrigações são os fatos jurídicos que dão causa ao surgimento dos vínculos
obrigacionais. São elas:

 A Lei: algumas obrigações são impostas pela lei, não dependendo da vontade das
partes, como por exemplo a obrigação de pagar impostos, a obrigação dos pais de
cuidar dos filhos menores, etc.

 Os contratos: os contratos, como declarações bilaterais de vontade, criam obrigações,


como por exemplo, num contrato de compra e venda, em que o vendedor é obrigado
a dar a coisa ao comprador, que por sua vez é obrigado a pagar ao vendedor; num
comodato, em que o comodatário é obrigado a restituir a coisa ao comodante, etc.

 As declarações unilaterais de vontade: como a promessas de recompensa, em que


fica o promitente obrigado a cumprir a promessa; numa doação com encargo, em que
o donatário fica obrigado a realizar o encargo, e etc.

 Os atos ilícitos: são aqueles que violam direito ou causam dano a outrem. Nestes
casos, o violador ou causador do dano é obrigado a reparar o ilícito através de
indenização e etc.
MODALIDADES

O inadimplemento possui duas espécies: o inadimplemento total ou absoluto e o


inadimplemento parcial ou relativo (também conhecido como "mora").

A primeira hipótese de inadimplemento ocorre quando o devedor descumpre a obrigação e,


em virtude desse descumprimento, o credor deixa de possuir qualquer interesse na prestação,
pois a obrigação se tornou completamente inútil (TARTUCE, 2020, p. 401).

O exemplo clássico de inadimplemento absoluto é a hipotética situação de um casal que


contrata um fotógrafo para realizar as fotografias no dia do casamento (obrigação de fazer).
Na data do casamento, o fotógrafo não aparece, nem envia um substituto ou apresenta
alguma justificativa. O casamento ocorre sem a presença do fotógrafo e, logicamente, sem
fotografias. Trata-se de hipótese de inadimplemento absoluto, pois o casal (credores) não
possui interesse algum na realização da obrigação depois do dia do casamento. A obrigação do
devedor era de executar o serviço no exato dia para o qual foi contratado, após esta data, não
há utilidade nenhuma na realização do serviço.

Já o inadimplemento relativo, conhecido com mora, ocorre quando há um descumprimento


"menos grave" da obrigação. O devedor deixa de cumprira a obrigação na data ou lugar
combinados ou cumpre a obrigação de forma diversa da pactuada. Assim, pode-se dizer que
na mora, o devedor ainda tem a possibilidade de corrigir seu erro e cumprir a obrigação da
forma correta, com as devidas consequências, obviamente.

O melhor exemplo de mora é o atraso no pagamento em dinheiro de determinada dívida. Caso


o devedor não pague na data correta, ainda poderá efetuar o pagamento, porém deverá arcar
com juros em decorrência do atraso, eventuais multas e atualização monetária da dívida.

Faz-se necessário ressaltar que, apesar de se tratar de hipótese de menos frequente, a mora
também pode ocorrer por parte do credor. Imagine-se uma situação em que o credor de
determinada quantia em dinheiro não comparece na data combinada para receber o
pagamento ou, de maneira injustificada, se recusa a receber o pagamento. Nesses casos, o
credor estará relativamente inadimplente com relação ao devedor.

A doutrina denomina a mora do credor como mora solvendi, debitoris ou debendi, enquanto a
mora do credor é chamada de mora accipiendi, creditoris ou credendi.

Portanto, conforme ensina Flávio Tartuce (2020, p. 409), o critério para diferenciar as espécies
de inadimplemento é a utilidade da obrigação para o credor, portanto, pode-se concluir que o
inadimplemento absoluto possui efeitos mais graves se comparado com o inadimplemento
relativo.

EFEITOS
Transmissibilidade das Obrigações

A transmissibilidade das obrigações é uma conquista do direito moderno. Consiste numa


sucessão, a qual classificamos ativa se atinente ao credor ou passiva, se atinente ao devedor,
que não altera a substância da relação jurídica. O estudo deste tópico suscita a compreensão
dos termos cedente e cessionário. Este deriva daquele; isto é, tem-se o sujeito primário,
adquirente da obrigação a ser transmitida, o qual chamamos cedente, e o sujeito secundário,
aquele que absorverá a obrigação em trânsito, que chamamos cessionário. Dito isto,
conceitua-se a cessão como transferência negocial, a título oneroso ou gratuito, de uma
posição na relação jurídica obrigacional, tendo como objeto um direito ou um dever, que
preserva todas as características anteriores à transmissão. São abarcadas pelo Direito três
formas de transmissões obrigacionais. São elas:

 Cessão de Crédito

A cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso,


através do qual o credor (sujeito ativo e cedente) transfere a outrem (recebe o direito do
credor, portanto cessionário), no todo ou em parte, sua posição na relação obrigacional. A
cessão de crédito independe da anuência do devedor (cedido) e implica na transferência
conjunta dos acessórios e garantias da dívida, salvo disposição em contrário.

Os créditos podem ser objeto de cessão pois a negociabilidade é a regra quando trabalhados
os direitos patrimoniais pessoais, contudo, existem créditos que não podem ser cedidos. São
eles os decorrentes de relações jurídicas estritamente pessoais (concernentes ao direito de
família e atinentes ao nome da pessoa natural). Logo, em decorrência de vedação legal, não
pode haver cessão na obrigação de alimentos e tampouco dos direitos personalíssimos.
Observa-se também a impossibilidade de cessão quando esta consta do instrumento
obrigacional, gerando a obrigação incessível. Ressalta-se que cláusulas proibitivas não podem,
jamais, ser opostas ao cessionário de boa-fé, caso não conste do instrumento obrigacional.

Cessão de Débito

A cessão de débito, também conhecida como assunção de dívida é um negócio jurídico


bilateral, através do qual o devedor (cessionário), com a anuência do credor (cedido), expressa
ou tacitamente, transfere a um terceiro (novo devedor/terceiro assuntor) sua posição de
sujeito passivo (devedor) na relação obrigacional. Urge destacar que o parágrafo único do art.
299 do CC preconiza que na assunção de dívida, quem cala não consente; e ainda insertos na
seara deste dispositivo legal, o Enunciado n. 16 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da
Justiça Federal, dele extraído, atesta a viabilidade de assunção cumulativa da dívida quando
dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor.
Isto posto, a coassunção viabiliza duas situações: I. dois novos devedores responsabilizam-se
pela dívida e II. o antigo devedor continua responsável pela, em conjunto com o novo devedor.

Cessão de Contrato

A cessão de contrato, embora não regulamentada em lei, possui existência jurídica como
negócio jurídico atípico. Enquadrada no art. 425 do CC, o qual postula ser lícito às partes
contratar atipicamente, desde que observadas as normas gerais fixadas no Código Civil,
consiste na transferência das posições ativa ou passiva da relação contratual, em sua
totalidade, anexos os acessórios referentes à posição ocupada por uma determinada pessoa.
Seu êxito depende da autorização do outro contratante, assim como na cessão de crédito, uma
vez que a posição de devedor é cedida via contrato. Tal instituto possui relevante função
social, uma vez que possibilita a circulação do contrato, permitindo que estranhos ingressem
nas relações contratuais, substituindo os contratantes primários.

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