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TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

ANTONIO JORGE SANTOS OLIVEIRA

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TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

 CONCEITO: A cessão nada mais é do que a transmissão ou


transferência da posição contratual dentro de uma relação
negocial do direito, em caso de ser o credor da obrigação, em
caso de ser o devedor ou ainda do direito e da obrigação, no
caso do sujeito ser ao mesmo tempo credor e devedor, para
um terceiro, que assume a posição contratual da mesma forma
que foi realizada originariamente.

 A transferência pode ser a TÍTULO ONEROSO, quando este


cedente recebe algo em troca ou a TÍTULO GRATUITO, sem
receber nenhuma contrapartida.

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TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

 Outro ponto importante a se destacar é que a transmissão do


direito ou da obrigação não ocorre obrigatoriamente, sendo
apenas decorrente da vontade das partes.

 Existem 03 tipos de cessão/transmissão:

 A) CESSÃO DE CRÉDITO
 B) ASSUNÇÃO/CESSÃO DE DÉBITO
 C) CESSÃO DE CONTRATO (ao mesmo tempo
credor/devedor)

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CESSÃO DE CRÉDITO

 CONCEITO: (ART. 286 CC/02): Nesta situação ocorre uma


transferência de direito para um terceiro. A obrigação continua
a mesma (forma de pagamento, lugar, etc), sendo que o que
muda são apenas as pessoas.

 OBS IMPORTANTE: estes tipos de transmissão ocorrem


quando das obrigações diferidas ou de trato sucessivo, pois se
for uma obrigação de cumprimento instantâneo não existe
tempo para que haja a transmissão da obrigação.

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CESSÃO DE CRÉDITO

 SUJEITOS NA CESSÃO DE CRÉDITO:


 CEDENTE: é aquele que originariamente é o credor, que por
vontade própria, resolve ceder o seu crédito a um terceiro, que
anteriormente não fazia parte da relação obrigacional;
 CESSIONÁRIO: é o terceiro que não participava da relação
obrigacional, mas que a partir deste momento, assume todos
os direitos (crédito);
 CEDIDO: é o devedor, ressaltado que o cedido não participa da
relação entre o cedente e o cessionário (anuência), mas é
necessária a sua comunicação, até para que pague a pessoa
correta.

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CESSÃO DE CRÉDITO

 REQUISITOS PARA QUE HAJA A CESSÃO DE CRÉDITO:

 ACORDO DE VONTADES ENTRE CEDENTE E


CESSIONÁRIO;

 OBJETO: o que pode ser alvo de cessão de crédito?


Basicamente todos os créditos podem ser cedidos (vencidos ou
não), mas existem alguns créditos que são personalíssimos, os
quais não podem ser transferidos (ex: o cirurgião plástico que
contratei – obrigação infungível). Outro exemplo de crédito
personalíssimo é o benefício da assistência judiciária gratuita,
pois caso uma pessoa o tenha, não pode simplesmente
6 transferi-lo a outrem.
CESSÃO DE CRÉDITO

 SUJEITOS: Para o cedente, necessária a capacidade e


legitimação. Caso seja incapaz, o cedente terá que ser
assistido ou representado. Outro ponto é que o cedente deve
ser o credor, ou seja, precisa ter a legitimidade para poder
cedê-lo. Para o cessionário, basta apenas a capacidade.
 ESPÉCIES DE CESSÃO DE CRÉDITO:
 CONVENCIONAL: esta é a forma mais comum, ou seja, a
cessão de crédito vai existir se o credor e o terceiro quiserem,
sendo que a iniciativa é do próprio credor e do terceiro.
 LEGAL: a lei imputa que os créditos acessórios acompanham o
crédito principal, caso esse venha a ser cedido. (por exemplo:
juros, multa e correção monetária em caso do não pagamento
7 no prazo indicado na obrigação).
CESSÃO DE CRÉDITO

 JUDICIAL: é a cessão decretada dentro de um processo


judicial. Por exemplo, quando o credor de uma relação
processual, seja devedor de uma outra pessoa, podendo este
penhorar o direito de crédito nesta ação judicial.

 EXISTEM OUTRAS DUAS ESPÉCIES DE CESSÃO DE


CRÉDITO QUE LEVAM EM CONSIDERAÇÃO A
RESPONSABILIDADE DO CEDENTE
 “PRO SOLUTO”: caso o devedor não pague ao cessionário
(novo credor), o cedente não se responsabilizará pela
solvência do devedor (art. 296 CC/02). Frise-se que neste
caso, o cedente se responsabiliza apenas pela existência da
8 obrigação. (art. 295 CC/02).
CESSÃO DE CRÉDITO

 “PRO SOLVENDO” (art. 297 CC/02): ocorre quando o devedor


não cumpre a obrigação para com o cessionário, podendo este
trazer para a relação obrigacional novamente o cedente, com a
intenção de que cedente arque com o pagamento da
obrigação.

 FORMA DA CESSÃO DE CRÉDITO PARA SE TER VALIDADE


(art. 288 CC/02)

 A REGRA é que a forma seja LIVRE, podendo, inclusive ser


verbal. Assim, entre cedente, cedido e cessionário, basta existir
a vontade das partes, ressaltando da não necessidade de
9 anuência do cedido, não necessitando de uma forma especial.
CESSÃO DE CRÉDITO

 Ocorre que, para que esta cessão de crédito tenha validade


perante terceiros (outras pessoas que não sejam o cedente,
cessionário ou cedido), é necessária a forma prevista no art.
654, §1º, CC/02 – seja em instrumento público ou particular, a
cessão de crédito precisa indicar qual o crédito que foi cedido,
qual o local do pagamento, qual a data que a cessão ocorreu.

 NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR: (ART. 290 CC/02): Como já
salientado, o cedido não precisa anuir da cessão de crédito,
porém este precisa ser notificado, sendo a notificação um
requisito de eficácia da cessão, justamente para que o devedor
saiba a quem deve pagar. Frise-se que a notificação é um
10 critério de eficácia e não de validade. (art. 293 CC/02).
CESSÃO DE CRÉDITO

 LEGITIMAÇÃO, FORMA E DISPENSA DA NOTIFICAÇÃO: Em


relação à LEGITIMAÇÃO, o CC/02 não traz de quem é a
obrigatoriedade de notificação do devedor, mas na prática esta
responsabilidade, em tese, recai sobre o cessionário.
 Já em relação à FORMA da notificação, esta pode se dar de
forma EXPRESSA, quando expressamente o cedente e/ou o
cessionário notifica o cedido. Porém pode existir a notificação
PRESUMIDA, quando o próprio cedido declara que sabe da
existência da cessão de crédito.
 No que tange à DISPENSA da notificação, existem alguns títulos
que dispensam a notificação, que são os chamados títulos de
crédito ao portador. O credor é aquele que possui o título, como
por exemplo, um cheque.
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CESSÃO DE CRÉDITO

 RESPONSABILIDADE DO CEDENTE: já foi falado que existem


duas espécies quanto à responsabilidade do cedente, mas
agora neste momento se irá trazer qual a regra do Código Civil
para a situação.

 ART. 295 CC/02: O credor só assume a responsabilidade da


existência do crédito, mas não da quitação. Assim sendo, caso
não haja nada em contrário no termo da cessão, a regra no
CC/02 é que a responsabilidade do cedente é “PRO SOLUTO”.

 ART. 296 CC/02: existe a possibilidade de responsabilização


“PRO SOLVENDO”. Necessita de previsão expressa.
12 
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO
DE DÉBITO

 CONCEITO: ocorre quando um terceiro estranho passará a ser


o novo devedor da obrigação (art. 299 CC/02).

 Cumpre destacar que a doutrina elenca 02 espécies de


assunção de dívidas, sendo que os termos utilizados para o
devedor, credor e terceiro, modificam a depender da espécie.

 Igualmente na cessão de crédito, na cessão de débito o que


ocorre é apenas a mudança do devedor, mas todo o resto
permanece igual, como a forma do pagamento, o lugar, etc.

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ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO
DE DÉBITO

 PRESSUPOSTOS:
 CONCORDÂNCIA DO CREDOR: diferentemente da cessão de
crédito no qual o cedido (devedor) não precisa anuir à
transferência do direito, na assunção de dívida é necessária a
concordância do credor para que haja a transmissão da
obrigação entre o devedor e o “novo devedor”. Frise-se que
este consentimento deve ser expresso, sendo que o silêncio
será interpretado como recusa. (art. 299, parágrafo único
CC/02)
 CARÁTER CONTRATUAL: capacidade, objeto lícito e forma
prescrita ou não defesa em lei. OBJETOS QUE PODEM SER
CEDIDOS: como na cessão de crédito, qualquer tipo de
14 obrigação pode ser cedida também, seja a dívida vencida ou
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO
DE DÉBITO

 ESPÉCIES: A doutrina, como falado, traz 02 espécies de assunção


de dívida:
 EXPROMISSÃO: ocorre quando um terceiro, o novo devedor,
assume a posição contratual do devedor originário, sem a
participação deste. A diferença entre as espécies de assunção de
dívida é observada a partir da iniciativa, que pode partir diretamente
do terceiro ou do próprio devedor originário. Se a iniciativa ocorre do
próprio terceiro diretamente com o credor, se está diante da
expromissão. Então, neste caso temos o EXPROMITENTE (novo
devedor) e o CREDOR.
 DELEGAÇÃO: ocorre quando a iniciativa é do devedor originário, o
qual realiza um negócio jurídico junto ao novo devedor. O devedor
originário é o DELEGANTE, o terceiro é o DELEGADO e o credor, o
15 DELEGATÁRIO.
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO
DE DÉBITO

 EFEITOS:
 PRINCIPAL: o efeito principal com assunção de dívida é a
modificação do devedor da obrigação.
 ESPECIAL (art. 302 CC/02): o novo devedor não poderá
apresentar em face do credor exceções pessoais (motivos ou
defesas pessoais cabíveis apenas ao devedor originário),
como, por exemplo, existe uma compensação (específica do
devedor originário)
 EXTINÇÃO DAS GARANTIAS ESPECIAS (art. 300 CC/02):
ocorre quando o devedor originário fornece uma garantia em
face do credor. Ex: avalista.

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ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO
DE DÉBITO

 OBS: quando existir uma GARANTIA REAL, apesar do CC/02


ser silente, a doutrina e jurisprudência entende que se houver a
assunção de dívida, esta não extingue a garantia real, a não
ser que haja pronunciamento expresso sobre o tema.

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