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ÍNDICE

Títulos Pág.

1. Introdução....................................................................................................................................1

1.1.Objectivos..................................................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral......................................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos...........................................................................................................2

1.2. Metodologia..............................................................................................................................2

2. Referencial Teórico.....................................................................................................................3

2.1. Assistência Médica e Medicamentosa......................................................................................3

2.1. 1. Abrangência da assistência médica:.....................................................................................3

2.2. Surgimento e evolução de serviços de assistência médica, medicamentosa previdenciária no


sector do trabalho em Moçambique.................................................................................................4

2.2.1. Surgimento e evolução da protecção social – um olhar sobre a previdência social..............5

2.3. Decreto nº 21/96 de 11 de Junho – Regulamento sobre assistência médica e medicamentosa


no sector do trabalho em Moçambique............................................................................................5

3. Conclusão....................................................................................................................................5

4. Referências Bibliográficas...........................................................................................................5
1. Introdução
Moçambique é um país em desenvolvimento e um dos países com níveis elevados de pobreza.
Facto que contribui para um baixo nível de cuidados em saúde. Isto influencia directamente na
protecção social da população e consequentemente na assistência médica e medicamentosa
previdenciária no sector do trabalho.

Assistência médica é o tratamento de doenças e a preservação da saúde através de serviços


médicos, farmacêuticos, enfermagem e outras profissões relacionadas. Incluem-se na assistência
médica todos os serviços utilizados para promover a saúde e o bem-estar dos pacientes, incluindo
serviços preventivos, curativos e paliativos, seja para um indivíduo, seja para uma população.

Assistência Médica medicamentosa é um direito que é atribuído ao funcionário para si e seus


familiares a seu cargo, alínea r) do nº 1 do artigo 42 do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado dispõe que o funcionário tem direito a gozar de assistência médica e
medicamentosa para si e para os seus familiares a seu cargo, prevista em legislação específica
(Decreto 21/96 de 11 de Junho).
1.1.Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


 Compreender o surgimento e evolução de serviços de assistência médica, medicamentosa
previdenciária no sector do trabalho em Moçambique.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Descrever o histórico da protecção social, campo no qual está inserida a assistência
médica, medicamentosa previdenciária no sector do trabalho em Moçambique.
 Apresentar a lei específica que se debruça a assistência médica e medicamentosa
previdenciária no sector do trabalho em Moçambique.

1.2. Metodologia
A metodologia é uma forma de orientação do pesquisador. Foram usados assim para a
elaboração deste trabalho, alguns métodos e técnicas. Os métodos são os caminhos que são
seguidos durante a pesquisa. Já as técnicas, são instrumentos que são usados para concretizar a
pesquisa. Para efeitos deste trabalho foi usado o método histórico. O método histórico consiste
em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência
na sociedade actual (Lakatos e Marconi (2003: 106). Este método conduziu a discussão ao
passado para perceber o processo de evolução da protecção. No que concerne a técnica o
trabalho baseia-se na revisão bibliográfica, que se fez uma análise dos livros e artigos que
versam sobre a proteção social e sobre a assistência médica e medicamentosa previdenciária no
sector do trabalho em Moçambique. Quanto ao instrumento de colecta de dados é qualitativo
com base na pesquisa documental dos conteúdos.
2. Referencial Teórico

2.1. Assistência Médica e Medicamentosa

È um direito que é atribuído ao funcionário para si e seus familiares a seu cargo, alínea r) do nº 1
do artigo 42 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado dispõe que o funcionário
tem direito a gozar de assistência médica e medicamentosa para si e para os seus familiares a seu
cargo, prevista em legislação específica (Decreto 21/96 de 11 de Junho).

Membros do agregado familiar com direito a assistência médica e medicamentosa:

 O cônjuge, incluindo para as situações de união de facto, desempregado ou não


beneficiário da assistência médica e medicamentosa pelo seu próprio local de trabalho;

 Os filhos incluindo os enteados e adoptados, menores de 18 anos ou, sendo estudantes do


nível médio ou superior, até aos 22 ou 25 anos de idade, respectivamente, e os que
sofrem de incapacidade total e permanente para o trabalho;

 As filhas incluindo as adoptadas e enteadas solteiras, viúvas, divorciadas ou separadas


judicialmente de pessoas e bens, quando a sua manutenção seja exclusivamente a cargo
do funcionário ou agente;

 Os ascendentes do casal absolutamente incapacitados de angariar o sustento, quando


estejam exclusivamente a cargo do funcionário.

 cônjuges em regime de poligamia e de união de facto, desde que tal situação se tenha
mantido por tempo não inferior a 3 anos e seja comprovada por atestado passado pela
respectiva Administração de Distrito ( Resolução do CNFP nº 12/97, de 21 de Outubro)

2.1.1. Abrangência da assistência médica:

 O internamento a assistência médica, cirúrgica, medicamentos, os exames


complementares de diagnóstico e todos os tratamentos, com excepção de próteses e
óculos;
 Para efeitos de assistência os funcionários são agrupados em 3 grupos de acordo com o
seu nível salarial e em função dos respectivos grupos têm direito a internamento em 136
quartos de até 2 camas, até 4 camas ou enfermaria, conforme pertençam ao I, II ou III
grupo, respectivamente;

 Se o regime de tratamento for ambulatório o funcionário pagará apenas 20% da tabela


oficial, em qualquer consulta ou serviço de urgência incluindo os meios complementares
de diagnóstico e terapêutica; e

 As crianças com menos de 5 anos têm direito a tratamento gratuito.

2.2. Surgimento e evolução de serviços de assistência médica, medicamentosa


previdenciária no sector do trabalho em Moçambique

A assistência médica e medicamentosa previdenciária no sector do trabalho em Moçambique é


regida pela previdência social, que por sua vez faz parte da protecção social obrigatória. Por isso,
a abordagem foi feita tendo em conta a evolução da protecção social obrigatória (contributiva). A
segurança social é um direito garantido a todo o cidadão moçambicano pela Constituição da
República, nos nºs 1 e 2 do artigo 95 da Constituição da República de Moçambique. Este sistema
visa garantir a assistência material ao trabalhador, nas situações de falta ou diminuição da
capacidade para o trabalho. O sistema abrange também aos familiares dos trabalhadores em
casos de morte segundo elucida o artigo nº 2 da Lei nº 04/2007 de 7 de Fevereiro citado por
(Tivane et al. 2019).

A Segurança Social Obrigatória compreende o regime dos trabalhadores do sector privado,


gerido pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), e do Regime dos funcionários e
agentes do Estado, gerido pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

No regime dos trabalhadores do sector privado, são abrangidos pelo sistema de segurança social
obrigatória os trabalhadores por conta de outrem e por conta própria, nacionais e estrangeiros
residentes em território nacional, bem como os familiares a seu cargo.
Podem também ser abrangidos pelo sistema, os moçambicanos que trabalham no estrangeiro
desde que para o efeito tenham sido celebrados acordos sobre a matéria, ou adiram ao regime dos
trabalhadores por conta própria, de acordo com o nº 2 do artigo nº 18 da Lei nº 04/2007 de 7 de
Fevereiro. Nos temos do artigo 19 da Lei que temos vindo a citar, a segurança social obrigatória
compreende as prestações nas eventualidades de doença, maternidade, invalidez e morte.

2.2.1. Surgimento e evolução da protecção social – um olhar sobre a previdência social

A protecção social seguiu três grandes etapas nomeadamente etapa: a etapa pré-colonial, a etapa
da colonização e a etapa do pós-independência.

De acordo com Ariscado (1995) o seguro social era baseado no princípio de solidariedade e
ajuda mútua. Estas relações caracterizam-se por ser de familiaridade, de amizade e vizinhança,
em que cada um pode ajudar o outro na esperança de que amanhã também vai receber ajuda, sem
no entanto precisar de pagar monetariamente. Os moçambicanos adoptaram este princípio ao
longo da sua vida, com o propósito de enfrentar as diferentes formas de riscos sociais que
predominam até hoje nas zonas rurais e urbanas, referenciadas a um grupo de pertença e
obedecendo a regras sociais de cada grupo ou comunidade “numa economia de subsistência”
(Faleiros, 1991: 12) citado por (Quive)1.

Quanto ao período colonial, destacaram-se novas formas de organização do trabalho. Neste


período havia três classes de cidadãos: os colonos (com pleno gozo dos seus direitos), os
assimilados (com alguns direitos) e os indígenas (sem nenhum direito). Foi durante esse período,
em 1901 que foi introduzido o Regulamento da Fazenda do Ultramar que garantia a previdência
social dos servidores do aparelho do Estado colonial em detrimento dos trabalhadores
moçambicanos e indígenas (Quive). Isto deveu-se ao facto dos trabalhadores colonos terrem
melhores condições e poderem ter seus direitos garantidos quando regressassem a metrópole
(Ibid.). Os trabalhadores indígenas tinham salários baixos e entendia-se que voltariam para as
suas comunidades e beneficiariam da solidariedade nas suas comunidades e tribos e a protecção
era orientada para famílias nucleares e não alargadas. Isto contribuiu para a exclusão dos
moçambicanos da previdência social.

1
FALEIROS, Vicente de Paula (1991): A Política Social do Estado Capitalista; As Funções da Previdência e da
Assistência Sociais, 6ª edição, Cortez Editora, São Paulo.
Em 1914, por Regulamento Aprovado pelo Governo Geral, foi criado o foi criado o Montepio
Ferroviário, financiado por cotizações dos associados e por receitas várias. O seu funcionamento
iniciou em Maio de 1914 e contemplava uma pensão de reforma especial por incapacidade
permanente de serviço, subsídio de funeral, subsídio durante o tempo de licença graciosa ou pela
Junta Médica, pensão às viúvas, filhos menores etc. (Capela, 1974: 149).

A Metrópole instituiu a Previdência Social para o Funcionalismo Público civil e militar em 1929,
com a Caixa Geral de Aposentações e criou também o Montepio para Servidores do Estado em
1933 (Santos et al, 55:1998) citado por (Quive). Em conformidade com o Diploma Legislativo
n.º 2368, de 25 de Maio de 1963 foi criado o Fundo de Acção Social para o Trabalho Rural em
Moçambique (FAST).

De salientar que a extensão da segurança social originou muitas reivindicações por parte dos
sindicatos de algumas empresas privadas (SOGER, AEROPORTOS e CFM) que defendiam o
alargamento da segurança social para todos incluindo os indígenas. Devido a estas pressões e ao
surgimento do sindicalismo em 1966, foi aprovado o Abono de Família em 1967 que
contemplava também os trabalhadores indígenas.

Com a independência nacional em 1975, o Regulamento Ultramarino da Fazenda de 1901 foi


actualizado através do decreto 52/75 de 8 de Fevereiro, tendo sido introduzidas alterações de
acordo com as novas condições dos funcionários do aparelho do Estado. Neste período, a
situação da protecção social em Moçambique alterou-se completamente. O Governo de
Moçambique independente, caracterizou-se por uma centralização do poder político e
económico, o que implicava a preocupação de organizar e controlar a sociedade. Assim,
introduziu uma política de ocupação (trabalho) para todos, através das empresas e machambas
estatais, ao mesmo que subvencionava diversos serviços para a população, como saúde,
educação, habitação etc.

O novo Estado em implantação, segundo Castel-Branco “era o intérprete supremo do modelo


‘Socialista’ (Castel-Branco, 1995:599)2 citado por (Quive). É assim que, desde cedo, o Governo
moçambicano, preocupou-se em assegurar socialmente as pessoas. Para isso, contou com o

2
CASTEL-BRANCO, Carlos (1995): Opções Económicas de Moçambique, 1975-95: Problemas, Lições e Ideias
Alternativas; Mazula, Moçambique Eleições Democracia e Desenvolvimento.
desenvolvimento de um sistema sui generis e sem precedentes “nacionais ou internacionais”,
num período em que o debate sobre a segurança social em Moçambique era quase inexistente,
compreendendo as seguintes fases:
• A continuação da Previdência Social para funcionários do Aparelho do Estado,
regulamentada pelo Decreto 47/109 de 21 de Junho de 1966, que havia incluído a
aprovação do Estatuto do Funcionalismo Ultramarino; Este decreto viria a ser alterado
pelo Decreto 8/82 de 4 de Fevereiro, sendo de salientar a incorporação de um artigo que
conferia aos moçambicanos o direito de aposentação, contagem e aumento5 de tempo de
serviço.
• O desenvolvimento do “Seguro Público Colectivo,” com subvenção de quase todas as
Instituições, Serviços e Actividades Sociais, que satisfaziam as necessidades básicas do
cidadão;
• A criação de empresas estatais e Cooperativas para assegurar o emprego a todas as
camadas sociais. Com os interesses intervencionistas acima referidos na economia e na
sociedade, o Estado teve uma expansão que culminou com o aumento significativo dos
funcionários do Estado e crescimento rápido da despesa pública no país (Santos,
1990:197).
Com a reformulação das políticas do País, começam a vigorar os Programas de Reajustamento
Estrutural (PRE), o que obrigou o Estado a reduzir à sua intervenção na economia e à diminuir
despesa pública, como exigência do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional
(FMI). Segundo Kassotche (1998), foi no IV Congresso do Partido FRELIMO, em 1983, que
ficou decidida a adesão de Moçambique a estas instituições da Bretton Woods. Estas instituições
lideram um novo contexto socioeconômico e político demarcado por três tipos de processos de
legitimação nomeadamente: políticos, económicos e científicos, marcados pela “expansão do
capitalismo e da economia liberal à escala mundial” com a desintegração da URSS que marcou o
fim do socialismo.
Neste contexto foram criados os serviços de protecção social que coincidiram com a implantação
de uma economia do tipo capitalista, e cujo objectivo era providenciar um sistema de segurança
social capaz de dar resposta às necessidades da sociedade e dos cidadãos na nova realidade. Os
alicerces para a implantação de um Sistema de Segurança Social para cobrir também os
trabalhadores do sector público e privado, o qual deve garantir a subsistência material dos
trabalhadores em caso de invalidez, velhice e outras contingências foram criados no período das
reformas estruturais.
Surgiu ainda no mesmo contexto, o Decreto 14/87 de 20 de Maio que substitui o de 3/83, e
aprova o Estatuto Geral dos Funcionários do Estado (EGFE). Fixa, no âmbito da sua aplicação, o
consagrado princípio de rigoroso acatamento da legalidade na Administração Estatal, pelo órgãos
do poder popular e pelos funcionários, garantindo que os actos da administração, que se
desenvolvem também na esfera dos direitos do cidadão, obedeçam a Lei, com vista à eliminação
das arbitrariedades e da usurpação e/ou desvio de poderes. Este estatuto veio a ser actualizadas
em 1996, e define o direito à aposentação para os funcionários do aparelho do Estado (EGFE,
MAE, 1996).

Reconhecendo a necessidade de oferecer regimes adequados de segurança social para os


trabalhadores assalariados, o Conselho de Ministros, através do decreto n.º 17/88 de 27
dezembro, cria o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), como instituição gestora do
regime de segurança social. O Artigo 2 do mesmo Decreto define o INSS como uma entidade
pública, dotada de personalidade jurídica, de autonomia administrativa e financeira e de
património próprio, estando sob a tutela do Ministério do trabalho.

O INSS marcou o surgimento da segurança social, o que culminou com a produção e aprovação
da Lei n.º 5/89 de 18 de Setembro e o subsequente levantamento e inscrição das empresas por ela
abrangidas. Este subsistema de segurança social enquadra-se na Convenção 102 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e baseia-se no princípio contributivo e no de solidariedade.

Na última fase da pós-independência houve actualização do Regulamento da Fazenda do


Ultramar. Passou-se para o decreto 52/75 de 8 de Fevereiro olhando para as condições de
trabalho dos funcionários na época. Neste período foi inclusa a assistência médica e
medicamentosa previdenciária no sector do trabalho em Moçambique, que é regido pelo decreto
21/96 de 11 de Junho. Foi criado Instituto Nacional de Segurança Social pelo decreto 17/88 de
27 de Dezembro que é o maior garante da protecção social em Moçambique.

Em Moçambique, a execução da Previdência Social, decorre sob a responsabilidade do


Departamento de Previdência Social e Pensões, instituição oficializada em 1901 pelo
Regulamento da Fazenda do Ultramar como Repartição de Fazenda do Ultramar, (Artigo 6º do
Decreto de 14 de Setembro de 1900) e está subordinada actualmente à Direcção Nacional de
Contabilidade Pública do Ministério de Plano e Finanças, em articulação com as Direcções
Provinciais deste Ministério e entidades empregadoras do Estado para velar pela vida do
funcionário do aparelho do Estado” (Quive). Actualmente o Departamento da Previdência Social
(DPS) no Aparelho do Estado é regido pelo decreto base 14/78 de 20 de Maio do Conselho de
Ministros que fixa os grupos abrangidos, as contribuições, as pensões, as modalidades, os
beneficiários, as competências e consta do Estatuto Geral dos Funcionários de Estado (EGFE).
Entretanto, tendo o Decreto sido aprovado no regime político socialista de economia planificada,
está sendo actualizado através de outros regulamentos, por forma a adequar-se às transformações
sociais, económicas e políticas em curso no nosso país.
A Previdência Social oferece as seguintes prestações para os funcionários do Estado:
• Aposentação
• Aposentação voluntária
• Aposentação Obrigatória
• Aposentação extraordinária
• Aposentação extraordinária para dirigentes do país
• Aposentação extraordinária para militares
• Aposentação por incapacidade
• Pensão de Sobrevivência
• Pensão de Sangue
• Pensão por Serviços Excepcionais e Relevantes Prestados ao País
• Assistência Médica e Medicamentosa para os funcionários do estado
• Subsídio por Morte
• Subsídio de Funeral
• Suplemento de vencimentos
• Licença de parto
• Licença em casos de doenças crônico-degenerativas e mentais.
2.3. Decreto nº 21/96 de 11 de Junho – Regulamento sobre assistência médica e
medicamentosa no sector do trabalho em Moçambique

De acordo com o Ministério da Função Pública de Moçambique (2010) Previdência Social


Assistência Médica e Medicamentosa é um direito que é atribuído ao funcionário para si e seus
familiares a seu cargo, alínea s) do nº 1 do artigo 47 do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado - lei nº 10/2017 de 1 de Agosto, dispõe que o funcionário tem direito a gozar
de assistência médica e medicamentosa para si e para os seus familiares a seu cargo, prevista em
legislação específica (Decreto 21/96 de 11 de Junho).

Os descontos mensais obrigatórios efectuados para a assistência médica e medicamentosa e do


subsídio de funeral são na ordem de 1,5% e 0.5%, respectivamente a incidir sobre o valor do
vencimento e remunerações certas. Sendo as condições para o gozo de assistência médica
medicamentosa, o funcionário, tanto no activo como o aposentado deve:

 Deve possuir um cartão de identificação a ser emitido pelo serviço a que pertence.
 Os beneficiários da assistência podem optar pelo internamento em condições superiores
às fixadas no número anterior desde que se sujeitem ao pagamento da diferença entre os
valores da tabela diária em vigor na unidade sanitária, com depósito prévio
correspondente a 10 dias de internamento.
 Os funcionários passam a beneficiar de um desconto nos medicamentos adquiridos nas
farmácias do Estado, em função dos grupos em que estão enquadrados.
 Os que estão enquadrados no I grupo pagam 50% do preço do medicamento, os do II
grupo pagam 20% e os do III grupo pagam apenas 5%. Enquanto não estiverem
disponíveis os cartões de identificação e as cadernetas do receituário, o funcionário ou
qualquer dos beneficiários deve apresentar o cartão de trabalho e guia emitida pelo
respectivo serviço, donde deverá constar o nome completo do funcionário, a sua
categoria, grupo a que pertence nos termos dos artigos 6 e 7 do Regulamento de
Assistência Médica e Medicamentosa, e, no caso de se tratar de familiar, o seu nome
completo e grau de parentesco.
Os membros do agregado familiar com direito a assistência médica e medicamentosa são: o
cônjuge, incluindo para as situações de união de facto, desempregado ou não beneficiário da
assistência médica e medicamentosa pelo seu próprio local de trabalho; os filhos incluindo os
enteados e adoptados, menores de 18 anos ou, sendo estudantes do nível médio ou superior, até
aos 22 ou 25 anos de idade, respectivamente, e os que sofrem de incapacidade total e permanente
para o trabalho; as filhas incluindo as adoptadas e enteadas solteiras, viúvas, divorciadas ou
separadas judicialmente de pessoas e bens, quando a sua manutenção seja exclusivamente a
cargo do funcionário ou agente; os ascendentes do casal absolutamente incapacitados de angariar
o sustento, quando estejam exclusivamente a cargo do funcionário e o cônjuges em regime de
poligamia e de união de facto, desde que tal situação se tenha mantido por tempo não inferior a 3
anos e seja comprovada por atestado passado pela respectiva Administração de Distrito
(Resolução do CNFP nº 12/97, de 21 de Outubro).

A abrangência da assistência médica é a seguinte: o internamento a assistência médica,


cirúrgica, medicamentos, os exames complementares de diagnóstico e todos os tratamentos, com
excepção de próteses e óculos; para efeitos de assistência os funcionários são agrupados em 3
grupos de acordo com o seu nível salarial e em função dos respectivos grupos têm direito a
internamento em 136 quartos de até 2 camas, até 4 camas ou enfermaria, conforme pertençam ao
I, II ou III grupo, respectivamente; Se o regime de tratamento for ambulatório o funcionário
pagará apenas 20% da tabela oficial, em qualquer consulta ou serviço de urgência incluindo os
meios complementares de diagnóstico e terapêutica; e as crianças com menos de 5 anos têm
direito a tratamento gratuito. O subsídio de funeral é devido por morte de funcionário ou de
qualquer beneficiário referido no nº 3 do Regulamento da Assistência Médica e Medicamentosa.

O sector de recursos humanos devem trabalhar na emissão do cartão para facilitar a emissão do
cartão, o sector de recursos humanos deve: garantir que os processos individuais dos
funcionários, no activo e aposentados, sejam instruídos com os necessários documentos relativos
a parentesco (certidões de casamento, de nascimento), de frequência escolar (certidão de
matrícula no ensino médio ou superior dos familiares acima indicados do artigo 3 do
Regulamento) e de dependência exclusiva (declaração passada pela respectiva Administração e
relativa aos ascendentes e descendentes referidos nas alíneas c) e d) do citado artigo. Logo que o
funcionário é nomeado mandar preencher Declaração para a liquidação do subsídio de morte e
subsídio de funeral a fim de constar do seu PI.

O Regulamento sobre assistência médica e medicamentosa no sector do trabalho em


Moçambique é exaustivo. Contudo, regista alguns constrangimentos devido aos salários baixos e
as condições do sistema de saúde em Moçambique. Os funcionários públicos beneficiam do
cartão de saúde mas a precariedade do sistema de saúde, a indisponibilidade de alguns
medicamentos nas farmácias dos hospitais constrangem a previdência social. Ademais este é
abrangente para funcionários do sector público e os funcionários do sector privado informal
ficam a própria sorte.

Há uma necessidade de expansão dos serviços de protecção social para que os trabalhadores de
sectores informais possam ter igualmente acesso a assistência médica e medicamentosa mesmo
que ainda fraca, como os funcionários e agentes do Estado o tem.
3. Conclusão
A assistência médica e medicamentosa previdenciária no sector do trabalho em Moçambique
percorreu um caminho bastante longo, marcando todas as fases de periodização da história.
Apesar de ter evoluído bastante considerando as etapas da evolução da protecção social, ainda
está longe do desejável. Há aspectos sociais e trabalhistas que devem ser melhorados com vista a
melhor o sistema de previdência social, pois é uma relação de causa e efeito.

O Regulamento do Ultramar no período colonial marginalizava os moçambicanos. Com a


independência, esta situação veio se reverter, tendo se criado vários instrumentos de protecção
social. Contudo, ainda não cobre a maior parte dos trabalhadores, considerando grandemente os
funcionários públicos, excluindo os trabalhadores dos sectores informais. Assim recomenda-se
um trabalho aprofundado de revisão do instrumento previdenciário, pois o que se constata é que
a lei não tem aplicação substantiva devido as condições salariais e as condições do sistema de
saúde nacional e não inclui as várias esferas do sector do trabalho em Moçambique.
4. Referências Bibliográficas
 ARISCADO, João (1995). Com Mal ou Com Bem, aos Teus te Detém: As Solidariedades
Primárias e os Limites das Sociedade-Previdência, Revista Critica de Ciências Sociais nº
42.
 CAPELA, José (1974): O Movimento Operário em Lourenço Marques, Edições
Afrontamento, Porto.
 Decreto nº 21/96 de 11 de Junho. Regulamento sobre assistência médica e
medicamentosa no sector do trabalho em Moçambique.
 LAKATOS, Eva e MARCONI, Marina (2003). Fundamentos de Metodologia Científica.
3ª Edição. Editora Atlas S.A. São Paulo.
 Ministério da Função Pública de Moçambique (2010). Manual de procedimentos do
Estatuto geral dos funcionários e agentes do Estado. República de Moçambique. Maputo.
 Quive, Samuel (s/d). Sistemas formais e informais de proteção social desenvolvimento
em Moçambique. IESE. Maputo.

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