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Ministério da Saúde

Secretaria de Atenção Primária à Saúde


Departamento de Saúde Materno Infantil
Coordenação-Geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno

NOTA TÉCNICA Nº 130/2022-CGPAM/DSMI/SAPS/MS

1. ASSUNTO
1.1. Disponibilização de métodos contraceptivos no Sistema Único de
Saúde (SUS).
2. ANÁLISE
1. O planejamento familiar é um direito previsto na constituição
federal.
2. Em 2022, foi sancionada a Lei nº 14.443, de 02 de setembro de
2022, que altera a Lei nº 9.263, de 12 janeiro de 1996, que determina prazo
para oferecimento de métodos e técnicas contraceptivas e disciplina condições
para esterilização no âmbito do planejamento familiar.
3. Uma das alterações trazidas na lei é a determinação de que
qualquer método e técnica de contracepção seja disponibilizada para o
usuário do SUS no prazo máximo de 30 dias.
Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, para
determinar prazo para oferecimento de métodos e técnicas contraceptivas e
disciplinar condições para esterilização no âmbito do planejamento familiar.
Art. 2°A Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 9º...............................................
§ 1º ...............................................
§ 2º A disponibilização de qualquer método e técnica de contracepção
dar-se-á no prazo máximo de 30 (trinta) dias.”
"Art.10................................................
I – em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 21 (vinte e
um) anos de idade ou, pelo menos, com 2 (dois) filhos vivos, desde que
observado o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias entre a manifestação da
vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa
interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, inclusive
aconselhamento por equipe multidisciplinar, com vistas a desencorajar a
esterilização precoce;
...............................................
§ 2º A esterilização cirúrgica em mulher durante o período de parto será
garantida à solicitante se observados o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias
entre a manifestação da vontade e o parto e as devidas condições médicas.
...............................................
§ 5º (Revogado).
...............................................”
Art. 3º Fica revogado o §5º do art. 10 da Lei n º9.263 , de 12 de janeiro de
1996.
Art 4º Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de
sua publicação oficial.
Grifos nossos

4. A ausência ou descontinuidade do planejamento familiar consiste em


importante problema de saúde pública, uma vez que o aumento das gestações
não planejadas possui impacto socioeconômico relevante, além de apresentar
relação com o aumento de mortes maternas.
5. Os métodos contraceptivos disponíveis no SUS são apresentados na
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), atualizada e
disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-
br/composicao/sctie/daf/20210367-rename-2022_final.pdf>.
6. No Brasil, a Atenção Primária à Saúde (AP) atua como coordenadora
do cuidado e ordenadora das ações e serviços disponibilizados nas redes de
atenção à saúde e também como a porta de entrada do SUS. Portanto, a APS é
a principal responsável pelas ações de planejamento familiar.
7. Ademais, a Rede de Atenção Materna e Infantil (RAMI), instituída
pela Portaria GM/MS nº 715, de 04 de abril de 2022, que altera a Portaria de
Consolidação GM/MS nº3, de 28 de setembro de 2017, visa assegurar à mulher o
direito ao planejamento familiar, ao acolhimento e ao acesso ao cuidado
seguro, de qualidade e humanizado, no pré-natal, na gravidez, na perda
gestacional, no parto e no puerpério.

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Art. 7º O Componente I - APS é, preferencialmente, organizado pela Unidade
Básica de Saúde (UBS) e engloba as ações referentes ao planejamento
familiar, ao cuidado seguro, de qualidade e humanizado à gestante, à perda
gestacional, ao parto, ao nascimento, ao puerpério e à puericultura, por
intermédio da organização dos processos de trabalho das equipes de saúde e
da produção do cuidado, com apoio diagnóstico e terapêutico ágil e oportuno.
Parágrafo único. São ações estratégicas do Componente I - APS:
I - na atenção ao planejamento familiar:
a) mapeamento das mulheres em idade fértil e sua vinculação às
equipes de saúde nos territórios;
b) acesso oportuno à oferta de métodos contraceptivos, com as
devidas orientações, de acordo com a qualidade, a eficácia, os critérios
assistenciais e a autonomia da mulher;
c) identificação e oferta dos serviços e controle dos insumos, para
inserção e uso de métodos contraceptivos com assistência
compartilhada na APS, na AAE e na AH; e
[...]
Grifos nossos.

8. A aquisição dos métodos contraceptivos e insumos do Programa


Saúde da Mulher no SUS se dá de forma centralizada pelo Ministério da Saúde,
conforme os Arts. 36 e 37 da Portaria de Consolidação nº 2/2017, de
28/09/2017, Anexo XXVIII, Título III, Capítulo II.
"Art. 36. Cabe ao Ministério da Saúde o financiamento e a aquisição dos
medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Saúde da
Mulher, constantes do Anexo I e IV da RENAME vigente, sendo a sua
distribuição realizada nos seguintes termos: (Origem: PRT MS/GM
1555/2013, Art. 6º)
I - entrega direta ao Distrito Federal, aos Municípios das capitais dos
Estados e aos Municípios com população superior a 500.000
(quinhentos mil) habitantes; e (Origem: PRT MS/GM 1555/2013, Art. 6º,
I)
II - nas hipóteses que não se enquadrarem nos termos do inciso I do
"caput", entrega às Secretarias Estaduais de Saúde para posterior
distribuição aos demais Municípios. (Origem: PRT MS/GM 1555/2013,
Art. 6º, II)
Art. 37. Os quantitativos dos medicamentos e insumos do Programa Saúde da
Mulher, da insulina humana NPH 100 UI/ml e da insulina humana regular 100
UI/ml de que tratam os arts. 35 e 36 do Anexo XXVIII serão estabelecidos
conforme os parâmetros técnicos definidos pelo Ministério da Saúde e a
programação anual e as atualizações de demandas encaminhadas ao Ministério
da Saúde pelas Secretarias Estaduais de Saúde com base de cálculo nas
necessidades dos Municípios. (Origem: PRT MS/GM 1555/2013, Art. 7º)"
(Grifos nossos)

9. A distribuição dos métodos contraceptivos e insumos do Programa


Saúde da Mulher ocorre trimestralmente para as Secretarias Estaduais de
Saúde e Secretarias Municipais de Saúde das capitais brasileiras e municípios
com número maior que 500.000 habitantes, a partir de programação
ascendente, ou seja, o gestor local realiza a programação dos medicamentos e
insumos necessários para o seu território naquele período e realiza a solicitação
para o Ministério da Saúde.
10. Cumpre registrar que o Departamento de Assistência Farmacêutica e
Insumos Estratégicos (DAF), por meio da Coordenação-Geral de Assistência
Farmacêutica Básica (CGAFB) realiza, trimestralmente, levantamento junto às
localidades que recebem do Ministério da Saúde os medicamentos e insumos do
Programa Saúde da Mulher. Reforça-se que este monitoramento seja realizado
em conjunto entre Assistência Farmacêutica e Área Técnica da Saúde da Mulher.
11. Ressalta-se que todos os esforços estão sendo envidados nos
processos aquisitivos dos referidos insumos, visando a garantia da continuidade
do abastecimento da Rede SUS. Enfatiza-se que a distribuição dos
medicamentos e insumos do Programa de Saúde da Mulher não sofreu
alterações durante a emergência sanitária e pandemia da COVID-19, sem
desabastecimento por parte do Ministério da Saúde.
12. Dentre os métodos contraceptivos disponíveis no SUS, encontra-se o
Dispositivo Intrauterino de Cobre – DIU de Cobre T380A. Este é um método
reversível, que apresenta alta eficácia, segurança e boa tolerância, possui longo
tempo de atuação (até 10 anos), não depende dos hábitos da usuária após a
colocação e possui poucas contraindicações para o uso. Portanto, o DIU de
Cobre T380A possui indicação relevante, em especial para populações em
situação de vulnerabilidade, com acesso desafiador aos serviços de saúde ou
com alto risco de complicações na ocorrência de gestações.
13. Com o intuito de diminuir o mortalidade materna, além de reforçar
as ações de sexualidade responsável e planejamento familiar, o Ministério da
Saúde fomenta a ampliação do acesso ao DIU de cobre.
14. Destaca-se e reforça-se que o Dispositivo Intrauterino - DIU de
Cobre T380A pode ser disponibilizado, também, para as maternidades
integrantes do SUS (Art. 37-A Portaria de Consolidação nº 2/2017).
Art. 37-A Para fins do disposto neste Capítulo, os Dispositivos

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Intrauterinos Tcu 380 (DIU de cobre) poderão ser disponibilizados pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios às maternidades integrantes do
SUS, para anticoncepção pós-parto (APP) ou pós-abortamento (APA)
imediatas. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
§ 1º A APP ou APA imediata deverá ocorrer no período entre 10 (dez) minutos
a 48 (quarenta e oito) horas que sucederem o parto ou abortamento.
(Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
§ 2º Para a APP, deve-se respeitar a 1ª hora de contato pele a pele mãe-
bebê e início da amamentação. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.265 de
01.12.2017)
§ 3º A APP e a APA deverão ser implementadas por meio de ações que
assegurem os direitos sexuais e reprodutivos, tais como: (Redação dada pela
PRT GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
I - aconselhamento focado na autonomia e garantia do direito ao exercício
livre e seguro da sexualidade e à escolha quanto à opção e ao momento de
engravidar, realizado na atenção básica e também nos momentos de
internação hospitalar para o parto e para a atenção ao abortamento em
todos os ciclos de vida, incluindo adolescentes; (Redação dada pela PRT
GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
II - disponibilização da inserção do DIU de cobre de acordo com critérios de
elegibilidade nos estabelecimentos hospitalares de saúde públicos e rede
conveniada ao SUS com serviço de obstetrícia, imediatamente no pós-parto e
pós-abortamento; e (Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
III - acompanhamento pelas equipes da atenção básica e especializada, com
esclarecimentos de dúvidas, manejo de efeitos adversos e atendimento a
complicações, ajuste ou troca do método, entre outras ações que sejam
necessárias. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
§ 4º A implantação do DIU de cobre no pós-parto (APP) e pós-abortamento
(APA) imediato são estratégias complementares e compartilhadas das ações
de planejamento reprodutivo da atenção básica. (Redação dada pela PRT
GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
§ 5º As maternidades que contarem com atenção ambulatorial devem
também ofertar a inserção do DIU de intervalo, assim considerado
aquele inserido fora do período de pós-parto e pós-abortamento.
(Redação dada pela PRT GM/MS n° 3.265 de 01.12.2017)
(grifos nossos)

15. Pontua-se que as Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e as


Secretarias Municipais de Saúde (SMS) monitorem os procedimentos abaixo,
relacionados ao atendimento clínico anterior ao ato de inserção ou de retirada
do dispositivo, ao próprio ato de inserção e ao próprio ato de retirada do DIU
de Cobre T380A, com os respectivos códigos:
03.01.04.002-8 - ATENDIMENTO CLINICO P/ INDICACAO, FORNECIMENTO E
INSERCAO DO DISPOSITIVO INTRAUTERINO (DIU)
03.01.04.014-1 - INSERÇÃO DO DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU)
03.01.04.015-0 - RETIRADA DO DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU)

16. No tocante a execução das ações e serviços de saúde no âmbito do


Componente Básico da Assistência Farmacêutica, destacam-se os Arts. 38 e 39
da Portaria de Consolidação nº 2/2017, de 28/09/2017, Anexo XXVIII, Título III,
Capítulo II:
"Art. 38. A execução das ações e serviços de saúde no âmbito do
Componente Básico da Assistência Farmacêutica é descentralizada, sendo de
responsabilidade dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Origem:
PRT MS/GM 1555/2013, Art. 8º)
Art. 39. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são responsáveis pela
seleção, programação, aquisição, armazenamento, controle de estoque e
prazos de validade, distribuição e dispensação dos medicamentos e insumos
do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, constantes dos Anexos I
e IV da RENAME vigente, conforme pactuação nas respectivas CIB. (Origem:
PRT MS/GM 1555/2013, Art. 9º)" (grifo nosso)

17. Ante ao exposto, o Ministério da Saúde disponibiliza os métodos


contraceptivos disponíveis na RENAME para a APS e o Dispositivo
Intrauterino de Cobre – DIU de Cobre T380A para a APS e para a Atenção
Especializada (Maternidades integrantes do SUS).

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3. CONCLUSÃO
3.1. Os métodos contraceptivos dispostos na RENAME são comprados de
forma centralizada pelo Ministério da Saúde e distribuídos trimestralmente para
os territórios, conforme Portaria de Consolidação nº 2/2017, de 28/09/2017,
Anexo XXVIII, Título III, Capítulo II.
3.2. Destaca-se o papel da gestão local em realizar o levantamento das
mulheres em idade fértil e demanda por anticoncepção no território e adotar os
fluxos de disponibilização dos mesmos, bem como a divulgação dos referidos
fluxos na Rede SUS.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Brasil. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil
[Internet]. Brasília, DF: Senado Federal; 2016 [cited 2022 Nov 11]. 496 p.
Available from:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf.
2- Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436. Aprova a Política Nacional de Atenção
Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção
Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) [Internet]. MS; 2017 [cited
2022 Nov 11]. Available from:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html.
3- Saifuddin Ahmed, Qingfeng Li, Li Liu, O Tsui. Maternal deaths averted by
contraceptive use: na analysis of 172 countries. The Lancet. 2012. July; 380
(9837): 111-125.
4- Utomo B, Sucahya P K, Romadlona N A, Robertson A S, Aryanty R I, Magnani
R J. The impact family planning on maternal mortality in Indonesia: what future
contribution can be expected? Population Health Metrics. 2021. Jan; 19 (2).
5- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e
Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e
Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais Rename
2022 [recurso eletrônico]/ Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Departamento de
Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2022. 181 p: il.

Documento assinado eletronicamente por Lana de Lourdes Aguiar Lima,


Diretor(a) do Departamento de Saúde Materno Infantil, em
26/12/2022, às 19:58, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento
no § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020; e
art. 8º, da Portaria nº 900 de 31 de Março de 2017.
Documento assinado eletronicamente por Letícia Araújo da Motta,
Bolsista, em 26/12/2022, às 20:44, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro
de 2020; e art. 8º, da Portaria nº 900 de 31 de Março de 2017.

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