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INSTITUTO ENSINAR BRASIL

FACULDADE DOCTUM DE MANHUAÇU

DIREITO CIVIL II
ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES

MANHUAÇU
2022
INSTITUTO ENSINAR BRASIL
FACULDADE DOCTUM DE MANHUAÇU

CINTHIA NAIR VALÉRIO ALVIM

FERNANDA MENDES AMORIM

GERMANA DE FREITAS ALMEIDA

JOÃO FELIPE TAVARES WERNER

DIREITO CIVIL II
ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES

Trabalho de pesquisa apresentado no


curso de Direito, na Faculdade Doctum de
Manhuaçu, como requisito para aprovação
na disciplina Direito Civil II, ministrada
pelo Professor Rubens dos Santos Filho.

MANHUAÇU
2022
SUMÁRIO

1. OBRIGAÇÃO ......................................................................................................... 4
2. DAS OBRIGAÇÕES DE DAR ................................................................................ 4
2.1 Das obrigações de dar coisa certa .................................................................... 4
2.2 Obrigação de entregar ........................................................................................ 5
2.3 Obrigação de restituir ......................................................................................... 5
2.4 Das obrigações Pecuniárias................................................................................ 6
2.5 Das obrigações de dar coisa incerta ................................................................. 6
3. DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER ............................................................................ 7
3.1 Obrigações Infungíveis ..................................................................................... 7
3.2 Obrigações fungíveis ........................................................................................ 7
3.3 Inadimplemento ................................................................................................. 8
4 DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER ................................................................... 8
5. DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS .................................................................. 8
6. DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS ................................................. 9
7. DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS ........................................................................ 9
8 DAS OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES (condicionais, a termo e modais) ......10
9 DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES...............................................................10
10 DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES ........................................................ 11
10.1 Do pagamento em consignação ......................................................................12
10.2 Da imputação do pagamento .......................................................................... 12
10.3 Do pagamento com sub-rogação ................................................................... 12
10.4 Da dação em pagamento .................................................................................13
10.5 Da novação ...................................................................................................... 13
10.6 Da compensação ............................................................................................. 14
10.7 Da confusão ..................................................................................................... 14
10.8 Da remissão de dívidas ................................................................................... 14
11 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES ..................................................... 15
11.1 Da mora ............................................................................................................ 15
11.2 Das perdas e danos ......................................................................................... 15
11.3 Dos juros legais ............................................................................................... 16
11.4 Da cláusula penal ............................................................................................ 16
11.5 Das arras ou sinal ............................................................................................ 16
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1. OBRIGAÇÃO

Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de


exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação.
Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter
transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação
economicamente aferível. Para Maria Helena Diniz, o direito das obrigações “consiste
num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm
por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro”.

2 DAS OBRIGAÇÕES DE DAR


As obrigações positivas de dar, assumem as formas de entrega ou restituição de
determinada coisa pelo devedor ao credor. Assim, na compra e venda, que gera
obrigação de dar para ambos os contratantes, a do vendedor é cumprida mediante
entrega da coisa vendida, e a do comprador, com a entrega do preço. No comodato,
a obrigação de dar assumida pelo comodatário é cumprida mediante restituição da
coisa emprestada gratuitamente.
A obrigação de dar é obrigação de prestação de coisa, que pode ser determinada
ou indeterminada. O Código Civil a disciplina sob os títulos de “obrigações de dar coisa
certa” (arts.233 a 242)

2.1 Das obrigações de dar coisa certa


Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das demais por
características próprias, móvel ou imóvel. A venda de determinado automóvel, por
exemplo, é negócio que gera obrigação de dar coisa certa, pois um veículo distingue-
se de outros pelo número do chassi, do motor, da placa etc. A coisa certa a que se
refere o Código Civil é, pois, a determinada, perfeitamente individualizada, a species
ou corpo certo dos romanos, isto é, tudo aquilo que é determinado de modo a poder
ser distinguido de qualquer outra coisa.
Nessa modalidade de obrigação, o devedor se compromete a entregar ou
restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua
individualidade.
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1.1 Obrigação de entregar


Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante entrega (como na compra e
venda) ou restituição (como no comodato) da coisa. Às vezes, no entanto, a obrigação
de dar não é cumprida porque, antes da entrega ou da restituição, a coisa pereceu ou
se deteriorou, com culpa ou sem culpa do devedor. Perecimento (perda total) e
deterioração (perda parcial da coisa).
Em caso de perecimento de coisa certa antes da tradição, é preciso verificar se
o fato decorreu de culpa ou não do devedor. No caso de perda sem culpa do devedor
a solução da lei é esta: extingue-se a obrigação para ambas as partes. Se o vendedor
já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo ao adquirente, em virtude da resolução
do contrato, sofrendo, por conseguinte, o prejuízo decorrente do perecimento. Não
está obrigado, porém, a pagar perdas e danos.
No caso de perecimento da coisa com culpa do devedor, a culpa acarreta a
responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. Neste caso, tem o credor direito
a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos. Neste caso, tem o
credor direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos
comprovados.
As perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou seja,
além do o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar (CC,
art.402). devem cobrir, pois, todo prejuízo experimentado e comprovado pela vítima.
Em caso de deterioração sem culpa, poderá o credor optar por resolver a
obrigação, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando as partes, neste
caso, ao estado anterior, ou aceitá-lo no estado em que se acha, com abatimento do
preço, proporcional à perda.
Já na existência de culpa do devedor pela deterioração, as alternativas deixadas
ao credor são as mesmas do supratranscrito no art. 235 do Código Civil (resolver a
obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, com abatimento),
mas com direito, em qualquer caso à indenização das perdas e danos comprovados.

1.2 Obrigação de restituir


A obrigação de restituir é subespécie da obrigação de dar. Caracteriza-se pela
existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono.
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Tal modalidade impõe àquele a necessidade de devolver coisa que, em razão de


estipulação contratual, encontra-se ligeiramente em seu poder.
A obrigação de restituir distingue-se da de dar coisa propriamente dita. Está
destina-se a transferir o domínio, que se encontra com o devedor na qualidade de
proprietário (o devedor, no contrato de compra e venda). Naquela, a coisa se acha
com o devedor para seu uso, mas pertence ao credor, titular do direito real. Essa
diferença vai repercutir na questão dos riscos a que a coisa está sujeita, pois, caso se
perca, sem culpa do devedor, prejudicado será o credor, na condição de dono,
segundo a regra res perit domino.

2.4 Das obrigações pecuniárias


Obrigação pecuniária é obrigação de entregar dinheiro, ou seja, de solver dívida
em dinheiro. É, portanto, espécie particular de obrigação de dar. Tem por objetivo uma
prestação em dinheiro, e não uma coisa. Preceitua o art. 315 do Código Civil que “as
dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo
valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes”, que preveem a
possibilidade de corrigi-lo monetariamente.
Distingue-se a dívida em dinheiro da dívida de valor. Na primeira, o objeto da
prestação é o próprio dinheiro, como ocorre no contrato de mútuo, em que o tomador
do empréstimo se obriga a devolver, dentro de determinado prazo, a importância
levantada. Quando, no entanto, o dinheiro não constitui objeto da prestação, mas
apenas representa seu valor, diz-se que a dívida é de valor.

2.5 Das obrigações de dar coisa incerta


A expressão “coisa incerta” indica que a obrigação tem objeto indeterminado,
mas não totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela
quantidade. É, portanto, indeterminada, mas determinável. Falta apenas determinar a
sua qualidade.
A principal característica dessa modalidade de obrigação reside no fato de o
objeto ou conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da relação, vir
a ser determinado por um ato de escolha, no instante do pagamento. Esse objeto são,
normalmente, coisas que se determinam por peso, número ou medida.
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3 DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER


Na definição de Flávio Tartuce, consistem as obrigações de fazer (obligatio
faciendi) no “cumprimento de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor”, podendo
pode ser conceituada como uma obrigação positiva cuja prestação consiste no
cumprimento de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor. Exemplos típicos
ocorrem na prestação de serviço e no contrato de empreitada de certa obra.

3.1. Obrigações infungíveis


As obrigações de fazer infungíveis são aquelas cujo implemento é de natureza
personalíssima (intuitu personae). Tão somente o devedor pode cumprir uma
obrigação infungível. Segundo Tartuce, a infungibilidade pode advir tanto de regra
contratual, como estar intrinsecamente ligada à natureza da obrigação. O primeiro
caso poderia ser exemplificado pelo credor que contrata pedreiro para construir um
muro, incluindo uma cláusula contratual que não permite enviar outrem em
substituição. O segundo, pelo contrato cujo devedor é um renomado cantor, cuja
substituição é impossibilitada pela própria natureza da prestação. A quem adquire
ingressos para assistir Caetano Veloso, não agradaria ver outro em seu lugar, ainda
que seja Chico Buarque. Assim, quando for convencionado que o devedor cumpra
pessoalmente a prestação e, quando o devedor for contratado em razão de suas
qualidades profissionais, artísticas ou intelectuais.

3.2. Obrigações fungíveis


Quando não há tal exigência expressa, nem se trata de ato ou serviço cuja
execução dependa de qualidades pessoais do devedor ou dos usos e costumes
locais, podendo ser realizado por terceiro, diz-se que a obrigação de fazer é fungível.
O art. 249 do CC/2002 apresenta o conceito de obrigação de fazer fungível,
aquela substituível e que pode ser cumprida por terceiro às custas do devedor
originário. Segundo Tartuce, nessa modalidade obrigacional, resta ainda uma opção
ao credor, antes da conversão da obrigação em perdas e danos, que é a de exigir que
outra pessoa cumpra com a obrigação, conforme os procedimentos constantes no
Código de Processo Civil. De qualquer forma, mesmo cumprida a obrigação por
terceiro, o credor ainda poderá pleitear perdas e danos, desde que comprovados os
prejuízos, eis que não se pode indenizar o dano eventual, mas somente o dano efetivo
(art. 403 do CC/2002). Repita-se que, em sintonia com o princípio da conservação
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negocial, também na obrigação de fazer fungível poderá o credor pleitear do devedor


originário que cumpra a obrigação, inclusive com a fixação de astreintes.

3.3. Inadimplemento
Trata das consequências do descumprimento da obrigação de fazer. As
obrigações de fazer podem ser inadimplidas por; inexistência de culpa do devedor;
impossibilidade do cumprimento da prestação por culpa do devedor; recusa do
devedor em cumprir a prestação. Diante Tartuce, seria um cumprimento demorado ou
qualquer outro fator citado, pela qual acaba quebrando o pacto que as partes
celebram. Basicamente, quando há quebra de algum dever anexo, a qual decorre da
boa-fé objetiva, automaticamente gerou-se uma quebra contratual, vindo, portanto, a
ser responsabilizado civilmente o sujeito que burlou aquela obrigação que tinha como
um dever no contrato.

4 DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER


A obrigação de não fazer ou negativa impõe ao devedor um dever de abstenção:
o de não praticar o ato que poderia livremente fazer caso não se houvesse obrigado.
Se o devedor realiza o ato, não cumprindo o dever de abstenção, pode o credor
exigir que ele o desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa, além da indenização
de perdas e danos.
Assim como a obrigação de fazer, a de não fazer constitui obrigação de
prestação de fato, distinguindo-se da de dar. Enquanto na primeira há uma ação
positiva, na de não fazer ocorre uma omissão, uma postura negativa. Segundo
Tartuce, a obrigação de não fazer é quase sempre infungível, personalíssima (intuitu
personae), sendo também predominantemente indivisível pela sua natureza, nos
termos do art. 258 do Código Civil.

5 DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS


Obrigações alternativas são aquelas em que o objeto da prestação é múltiplo, ou
seja, há diversos objetos em prestação, sendo que o devedor, cumprindo qualquer um
deles, libera-se do vínculo jurídico obrigacional.
Obrigação simples - Quando a obrigação tem por objeto uma só prestação ou um só
sujeito ativo e um único sujeito passivo, diz-se que ela é simples.
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Obrigação composta - Na obrigação composta, denominada cumulativa ou


conjuntiva, há uma pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sem
exclusão de qualquer uma delas, sob pena de se haver por não cumprida.
A obrigação composta com multiplicidade de objetos pode ser, também,
alternativa ou disjuntiva. Tem por conteúdo duas ou mais prestações, das quais uma
somente será escolhida para pagamento ao credor e liberação do devedor.

6 DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS


A classificação da obrigação no que toca à divisibilidade (ou indivisibilidade) leva
em conta o seu conteúdo, ou seja, a unicidade da prestação. Conforme aponta com
unanimidade a doutrina, tal classificação só interessa se houver pluralidade de
credores ou de devedores (obrigações compostas subjetivas). As regras a respeito da
obrigação divisível e indivisível constam entre os arts.257 a 263 do Código Civil.
Obrigação divisível: é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou
seja, em partes.
Obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento quanto ao
cumprimento.

7 DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS


Caracteriza-se a obrigação solidária pela multiplicidade de credores e/ou de
devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor
único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único
devedor. Desse modo, o credor poderá exigir de qualquer codevedor o cumprimento
por inteiro da obrigação.
Solidariedade ativa - É a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o
devedor comum, em virtude da qual cada um tem o direito de exigir desde o
cumprimento da prestação por inteiro. Pagando o débito a qualquer um dos
cocredores, o dever se exonera da obrigação. Diz-se que a obrigação é solidária ativa
quando, existindo vários credores, cada um deles tem o direito de exigir a totalidade
da prestação.
Solidariedade passiva - A solidariedade passiva consiste na concorrência de dois ou
mais devedores, cada um com dever de prestar a dívida toda. Na obrigação solidária
passiva, cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se
tivesse contraído sozinho o débito.
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8 DAS OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS


Obrigações puras e simples são as não sujeitas a condição, termo ou encargo e
que produzem efeitos imediatos, logo que contraídas.
São condicionais as obrigações cujo efeito está subordinado a um evento futuro
e incerto. (condição)
Obrigação a termo é aquela em que as partes subordinam os efeitos do negócio
jurídico a um evento futuro e certo.
Obrigação modal trata-se de pacto acessório às liberdades (doações,
testamento), pelo qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário.

9 DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES


A cessão, em sentido amplo, pode ser conceituada como a transferência
negocial, a título oneroso ou gratuito, de uma posição na relação jurídica obrigacional,
tendo como objeto um direito ou um dever, com todas as características previstas
antes da transmissão. Assim, o Direito Civil brasileiro admite três formas de
transmissão das obrigações: Cessão de crédito. Cessão de débito. Cessão de
contrato.
A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral,
gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação, transfere a
outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional. Aquele que
realiza a cessão a outrem é denominado cedente. A pessoa – que recebe o direito de
credor é o cessionário, enquanto o devedor é denominado cedido.
A cessão independe da anuência do devedor (cedido), que não precisa
consentir com a transmissão.
A cessão de débito ou assunção de dívida é um negócio jurídico bilateral, pelo
qual o devedor, com a anuência do credor e de forma expressa ou tácita, transfere a
um terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional. Seu conceito pode
ser retirado também do art. 299 do CC/2002, pelo qual “é facultado a terceiro assumir
a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado
o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor
o ignorava”. Prevê o parágrafo único desse dispositivo que “qualquer das partes pode
assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o
seu silêncio como recusa”. Na assunção de dívida, portanto, quem cala, não consente.
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Apesar de não ser regulamentada em lei, a cessão de contrato ou cessão da


posição contratual tem existência jurídica como negócio jurídico atípico. Nesse
contexto, a categoria se enquadra no art. 425 do CC: “É lícito às partes estipular
contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”. A cessão de
contrato pode ser conceituada como a transferência da inteira posição ativa ou
passiva da relação contratual, incluindo o conjunto de direitos e deveres de que é
titular uma determinada pessoa.
A cessão de contrato quase sempre está relacionada com um negócio cuja
execução ainda não foi concluída. Para que a cessão do contrato seja perfeita, é
necessária a autorização do outro contratante, como ocorre com a cessão de débito
ou assunção de dívida. Isso porque a posição de devedor é cedida com o contrato.

10 DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


O adimplemento das obrigações dispõe sobre os meios necessários e idôneos
para que o credor possa obter o que lhe é devido, compelindo o devedor a cumprir a
obrigação. Cumprida, esta se extingue. A extinção da obrigação é, portanto, o fim
colimado pelo legislador.
O pagamento é o principal modo de extinção das obrigações e pode ser direto
ou indireto.
Pagamento Direto – elementos subjetivos
Do solvens ou “quem deve pagar” (arts. 304 a 307 do CC) Como regra geral, o
solvens será o devedor. Porém, outras pessoas também podem pagar, além do
próprio sujeito passivo da relação obrigacional. Nesse sentido, enuncia o art. 304 do
CC/2002 que qualquer interessado na dívida pode pagá-la, podendo usar, se houver
oposição do credor, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Do accipiens ou “a quem se deve pagar” (arts. 308 a 312 do CC) Como regra
geral, o accipiens será o credor. Mas o pagamento também pode ser feito ao seu
representante, que tem poderes para receber o pagamento, sob pena de só valer
depois de ratificação, de confirmação pelo credor, ou havendo prova de reversão ao
seu proveito (art. 308 do CC).
O pagamento também poderá ser feito aos sucessores do credor, como no
caso do herdeiro e do legatário, que podem ser reputados como representantes.
O objeto do pagamento deverá ser o conteúdo da prestação obrigatória. Dispõe
o art. 313 do Código Civil que “o credor não é obrigado a receber prestação diversa
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da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. O devedor só se libera entregando ao
credor exatamente o objeto que prometeu dar.
A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a
prestação foi efetuada e o devedor fica liberado. Os requisitos que a quitação deve
conter encontram-se no art. 320 do Código Civil: “...o valor e a espécie da dívida
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do
pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante”. Deverá ser dada,
portanto, por escrito, público ou particular.
Onde se paga – A regra geral é a de que as dívidas são quesíveis, ou seja,
devem ser pagas no domicílio do devedor. Quando se estipula como local do
cumprimento da obrigação o domicílio do credor, diz-se que a dívida é portable
(portável), pois o devedor deve levar e oferecer o pagamento nesse local.
Quando se paga – O devedor dispõe do último dia do prazo por inteiro. As
obrigações puras, com estipulação de data para o pagamento, devem ser solvidas
nessa ocasião, sob pena de inadimplemento.

Das regras especiais de pagamento e das formas de pagamento indireto


10.1 Do pagamento em consignação
Consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-
se da obrigação. É meio indireto de pagamento ou pagamento especial. O sujeito
passivo da obrigação não tem apenas o dever de pagar mas também o direito de
pagar. Se não for possível realizar o pagamento diretamente ao credor, em razão de
recusa injustificada deste em receber, poderá valer-se da consignação em pagamento
para não sofrer as consequências da mora.

10.2 Da imputação do pagamento


Consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada quando uma
pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor e efetua pagamento não suficiente para saldar todos eles. A imputação pode
ser por indicação do devedor, por vontade do credor e em virtude da lei.

10.3 Do pagamento com sub-rogação


Na linguagem jurídica, fala-se de sub-rogação, em geral, para designar
determinadas situações em que uma coisa se substitui a outra. Há um objeto ou sujeito
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jurídico que toma o lugar de outro diverso. A extinção obrigacional ocorre somente em
relação ao credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver recebido do
terceiro interessado o seu crédito.
Sub-rogação legal (art. 346 do CC) – são as hipóteses de pagamentos efetivados
por terceiros interessados na dívida (interesse patrimonial). São casos de sub-rogação
legal, automática, ou de pleno direito (pleno iure).

Sub-rogação convencional (art. 347 do CC) – são os pagamentos efetivados por


terceiros não interessados na dívida.

10.4 Da dação em pagamento


A dação de pagamento é um acordo de vontades entre credor e devedor, por
meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida,
prestação diversa da que lhe é devida. Em regra, o credor não é obrigado a receber
outra coisa, ainda que mais valiosa, no entanto, se aceitar a oferta de uma coisa por
outra, caracterizada estará a dação em pagamento.

10.5 Da novação
Novação é a criação de obrigação nova para extinguir uma anterior. É a
substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira.

Requisitos caracterizadores da novação: a existência de obrigação anterior, a


constituição de uma nova obrigação, e a intenção de novar (animus novandi),
pressupõe um acordo de vontades.

A novação objetiva ou real; dá-se “quando o devedor contrai com o credor nova
dívida para extinguir e substituir a anterior” (CC, art.360; I). A novação é subjetiva ou
pessoal quando promove a substituição dos sujeitos da relação jurídica. Pode ocorrer
por substituição do devedor ou por substituição do credor.

O principal efeito da novação consiste na extinção da primitiva obrigação, a


qual é substituída por outra, constituída exatamente pra provocar a referida extinção.
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10.6 Da compensação

É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo,


credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores
são, simultaneamente, devedores um do outro. É modo indireto de extinção das
obrigações, sucedâneo do pagamento, por produzir o mesmo efeito deste.
A compensação será total, se de valores iguais as duas obrigações; e parcial,
se os valores forem desiguais.
A compensação poderá ser também, legal, quando decorre da lei,
independente da vontade das partes; convencional, quando resulta de acordo das
partes, dispensando algum de seus requisitos; judicial, quando efetivada por
determinação do juiz, nos casos permitidos pela lei.

10.7 Da confusão
A obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: o ativo e o passivo. Credor
e devedor devem ser pessoas diferentes. Se essas duas qualidades, por alguma
circunstância, encontrarem-se em uma só pessoa, extingue-se a obrigação, poque
ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor demanda
contra si próprio.
A confusão não acarreta a extinção da dívida agindo sobre a obrigação, e sim
sobre o sujeito ativo e passivo, na impossibilidade do exercício simultâneo de ação
creditória e da prestação.
Dispõe o art. 382 do Código Civil: “A confusão pode verificar-se a respeito de toda
a dívida, ou só de parte dela.” Portanto, a confusão pode ser total ou parcial.

10.8 Da remissão de dívidas


Remissão é a liberdade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o
devedor do cumprimento da obrigação. Não se confunde com remição da dívida ou
de bens, de natureza processual, prevista no art. 826 do Código de Processo Civil.
Esta, além de grafada de forma diversa, constitui instituto completamente distinto
daquela. Remissão é o perdão da dívida.
A remissão pode ser, no tocante ao seu objeto: total ou parcial. Pode ser ainda,
quanto a forma: expressa; tácita; ou presumida.
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11 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

De acordo com o secular princípio pacta sunt servanda, os contratos devem ser
cumpridos. A vontade, uma vez manifestada, obriga o contratante. Esse princípio
significa que o contrato faz lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo
Judiciário.
Inadimplemento é o não cumprimento da obrigação, ele pode ser: Absoluto –
quando a obrigação não foi cumprida nem poderá sê-lo de forma útil ao credor.
Relativo – no caso de mora do devedor, quando ocorre cumprimento imperfeito da
obrigação.

11.1 Da mora
Segundo Tartuce “ A mora é o atraso, o retardamento ou a imperfeita satisfação
obrigacional. [...] Esse inadimplemento relativo estará presente nas situações em que
o devedor não cumpre, por culpa sua, a prestação referente à obrigação, de acordo
com que foi pactuado. [...] existem outras vozes na doutrina contemporânea
apontando que a culpa não é o fator necessário e indispensável para a caracterização
da mora do devedor. ” (p. 256 e 257,Direito Civil, v.2: direito das obrigações e
responsabilidade civil)
Diz-se que há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e
forma convencionados ou estabelecidos por lei, mas ainda poderá sê-lo, com proveito
para o credor. A mora pode ser a do devedor (solvendi) – mora de pagar, e a do credor
(accipiendi) – mora de receber.

11.2 Das perdas e danos


Perdas e danos constituem o equivalente em dinheiro suficiente para indenizar
o prejuízo suportado pelo credor, em virtude do inadimplemento do contrato pelo
devedor ou da prática, por este, de um ato ilícito (CC, art.403).
As perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar, salvo as exceções expressamente
previstas em lei (art.402).
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11.3 Dos juros legais


Juros são os rendimentos do capital, considerados frutos civis da coisa.
Representam o pagamento pela utilização de capital alheio e integram a classe das
coisas acessórias (CC, art.95).

Os juros dividem-se em:

Compensatórios, são os devidos como compensação pela utilização de capital


pertencente a outrem. Resultam da utilização consentida de capital alheio.

Moratórios, são os incidentes em caso de retardamento em sua restituição ou de


descumprimento de obrigação. Podem ser convencionais ou legais.

Simples, são sempre calculados sobre o capital inicial.

Compostos, são capitalizados anualmente, calculando-se os juros sobre juros.

11.4 Da cláusula penal


É a obrigação acessória pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar
o inadimplemento da principal ou o retardamento de seu cumprimento. É também
denominada pena convencional ou multa contratual.
A pena convencional tem a natureza de um pacto secundário e acessório, pois
sua existência e eficácia dependem da obrigação principal. A principal função da
cláusula penal é atuar como meio de coerção, para compelir o devedor a cumprir a
obrigação. A função secundária é de servir de prefixação das perdas e danos devidos
em razão do inadimplemento do contrato.

11.5 Das arras ou sinal


Sinal ou arras é quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro
como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamentos.
As arras tem natureza acessória, pois dependem do processo principal, e
caráter real, pois se aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou de coisa fungível por
um dos contraentes ao outro.
Define Silvio Rodrigues que as arras “constituem a importância em dinheiro ou
a coisa dada por um contratante ao outro, por ocasião da conclusão do contrato, com
o escopo de firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o ajuste; ou ainda,
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excepcionalmente, com o propósito de assegurar, para cada um dos contratantes, o


direito de arrependimento”. Exemplificando, imagina-se o caso em que é celebrado
um compromisso de compra e venda de imóvel em valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais). Para tornar definitiva a vontade de aquisição do objeto, o contraente paga R$
10.000,00 (dez mil reais) ao promitente vendedor. Sua função é confirmar o contrato,
que se torna obrigatório após a entrega da garantia, quer seja pecúnia ou bem móvel.
Comprova o acordo de vontades, tornando ilícito a qualquer dos contratantes rescindi-
lo de forma unilateral.
A doutrina classifica as arras em duas espécies, “confirmatórias” e
“penitenciais”. As arras confirmatórias marcam o início da execução do contrato,
firmando o princípio pacta sunt servanda, de maneira a não permitir direito de
arrependimento, e em consequência, facultando indenização por perdas e danos em
sede de tutela jurisdicional. A parte inocente poderá pedir indenização suplementar,
caso prove maior prejuízo, valendo as arras tão somente como taxa mínima de
indenização. Sendo assim, nota-se que as arras confirmatórias tem duas funções:
tornar o contrato definitivo, bem como antecipação de perdas e danos – penalidade.
As arras penitenciais têm como principal função garantir o direito de arrependimento
entre as partes, vedando indenização suplementar por perdas e danos aos
contraentes. Ou seja, tem natureza indenizatória, pois o seu próprio descumprimento
restringe a consequência contratual já prevista. Também são caracterizadas quando
o contrato expressamente prevê a possibilidade de arrependimento, tendo função
unicamente indenizatória e não de confirmar a existência do contrato, ou seja, quem
as deu irá perdê-las à outra parte ou àquela que a recebeu irá devolvê-las cumulada
com o equivalente.
Conclui-se dentre as naturezas das Arras ou Sinal que subdividem-se em:
confirmatórias, as que não preveem cláusula de arrependimento e com direito a
pleitear perdas e danos ou penitenciais, estas com cláusula de arrependimento,
porém, em contrapartida, sem perdas e danos a serem discutidos sub judice.
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REFERÊNCIAS

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 2. São Paulo: Saraiva,
2005.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil: obrigações – contratos parte geral – v.1/
Carlos Roberto Gonçalves / coord. Pedro Lenza. – 11. Ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2021. (Coleção Esquematizado)
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. II (Teoria Geral das
Obrigações), 2011.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único / Flávio Tartuce. – 11. ed.
– Rio de Janeiro, Forense; METODO, 2021.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v.2: Direito das obrigações e responsabilidade
civil/ Flávio Tartuce; 12.ed.rev., atual. E ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2017.

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