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CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


PERÍODO: 04/2023
PROFª. MA. MICHELE AMARAL DILL

2. MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

2.1 OBRIGAÇÕES SIMPLES: quanto ao número de elementos constitutivos,


apresentam-se com apenas 1 credor, 1 devedor e 1 objeto.

a) Obrigação de DAR - arts. 233 a 246, C.C/2002.

O objeto da obrigação positiva de dar é a entrega (com a transferência


da propriedade) ou a restituição (devolução, pois só havia sido transferida a
posse) de uma coisa:

- móvel ou imóvel (arts. 79 a 84, C.C/2002);

- fungível ou infungível (arts. 85 e 86, C.C/2002);

- divisível ou indivisível (arts. 87 e 88, C.C/2002).


Esta entrega pode constituir-se em direito real, por meio da tradição, para
os móveis, e do registro (tradição solene), para os imóveis, ou simplesmente em
um direito de uso ou empréstimo.

A obrigação de dar gera um direito pessoal para a coisa (jus ad rem) e


não um direito real na coisa (jus in re).

a.1) Obrigação de DAR COISA CERTA: obligatio speciei – arts. 233 a 242,
C.C/2002.

Na obrigação de dar coisa certa, desde o início da relação obrigacional,


determinam-se o gênero, a espécie (coisa determinada individualmente pelas
qualidades que tem ou pelas qualidades que tem o credor; singular; distinta das
demais) e a quantidade da coisa objeto da obrigação.

Na obrigação de dar coisa certa, o devedor deve entregar exatamente a


coisa combinada e, em regra, os seus acessórios devem acompanhá-la
(Princípio da Gravitação Jurídica) – art. 233, C.C/2002.

O devedor tem a obrigação de zelar pela conservação da prestação


pretendida pelo credor. Se depois da formação do vínculo obrigacional e antes
da transferência da coisa ao credor pela tradição, se móvel, ou pelo registro, se
imóvel, ou na pendência da condição suspensiva, perecer (perda total da
prestação ou coisa colocada fora do comércio) ou deteriorar a coisa (perda
parcial da prestação), quem suporta a perda, em regra, é o devedor, pois a
coisa perece para o dono – res perit domino. É necessário, entretanto,
analisar se o perecimento ou a deterioração ocorreu por culpa ou não do devedor
– arts. 234 a 236, 238 a 240, C.C/2002.

Se ocorrerem melhoramentos na obrigação de dar ou de restituir coisa


certa, tenha-se como referência os arts. 237 (art. 233), 241 e 242 (arts. 1.219 a
1.222; 1.214 a 1.216), C.C/2002.

OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA

Perecimento: perda total da ► Sem culpa do devedor: art. 234,


prestação ou coisa colocada fora do 1ª parte, C.C/2002;
comércio, após a formação do vínculo
obrigacional e antes da transferência
ou pendente de condição suspensiva. ► Com culpa do devedor: art. 234,
2ª parte, C.C/2002;
Deterioração: perda parcial da ► Sem culpa do devedor: art. 235,
prestação, após a formação do C.C/2002;
vínculo obrigacional e antes da
transferência ou pendente de
condição suspensiva. ► Com culpa do devedor: art. 236,
C.C/2002;

OBRIGAÇÕES DE RESTITUIR COISA CERTA

Perecimento: perda total da ► Sem culpa do devedor: art. 238,


prestação ou coisa colocada fora do C.C/2002;
comércio, após a formação do vínculo
obrigacional e antes da transferência
ou pendente de condição suspensiva. ► Com culpa do devedor: art. 239,
C.C/2002;

Deterioração: perda parcial da ► Sem culpa do devedor: art. 240,


prestação, após a formação do 1ª parte, C.C/2002;
vínculo obrigacional e antes da
transferência ou pendente de
condição suspensiva. ► Com culpa do devedor: art. 240,
2ª parte, C.C/2002 (art. 239,
C.C/2002);

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA É DIFERENTE DE OBRIGAÇÃO DE


RESTITUIR, pois: na obrigação de Dar, o Devedor é o proprietário da coisa; ao
contrário, na obrigação de Restituir, o Credor é o proprietário.

a.1.1) Execução da obrigação de dar coisa certa: arts. 806 a 810, CPC. Ação
pessoal.

Em regra, na execução, a coisa deve ser entregue ela mesma (execução


in natura). Excepcionalmente, na execução, a coisa será substituída por
dinheiro, como indenização, se: a) a coisa pereceu; ou b) a sua entrega forçada
causar constrangimento físico à pessoa do devedor (ver art. 5º, LXVII, da CF/88
– prisão por dívida de alimentos e do depositário infiel(?)).

a.2) Obrigação de DAR COISA INCERTA: arts. 243 a 246, C.C/2002. Duração
limitada até o momento da escolha.

Na obrigação de dar coisa incerta, desde o início da relação obrigacional,


determinam-se só o gênero e a quantidade da coisa objeto da obrigação- art.
243, C.C/2002.

O estado de indeterminação da prestação, todavia, é passageiro (pois,


caso contrário, faltaria objeto à obrigação) e cessará com a escolha, que, em
regra, cabe ao devedor – art. 244, C.C/2002.

Após a escolha da coisa objeto da obrigação, cientificado da escolha o


credor, vigorará o disposto para as obrigações de dar coisa certa - arts. 233 a
242 do C.C/2002, conforme art. 245, C.C/2002. Antes da escolha, entretanto, o
devedor responde pela perda ou deterioração da coisa, mesmo que a perda
tenha ocorrido por caso fortuito ou força maior, pois sobre o devedor pesa a
máxima genus nunquam perit (o gênero nunca perece) – art. 246, C.C/2002
(gênero limitado e ilimitado).

OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA

Escolha do Objeto: ► Art. 244, 1ª parte, C.C/2002;

Princípio do meio termo: ??? ► Art. 244, 2ª parte, C.C/2002;

Responsabilidade pelo bem: ► Art. 245, C.C/2002;

Alegação de perda ou deterioração ► Incabível: art. 246, C.C/2002; salvo


pelo devedor antes da escolha do se o gênero for limitado ou não existir
objeto: mais no comércio;
a.2.1) Execução da obrigação de dar coisa incerta: arts. 811 a 813, CPC.
Ação pessoal.

Se a escolha da coisa couber ao devedor, este será citado para entregá-


la individualizada e, se a escolha couber ao credor, este deverá indicá-la na
petição inicial.

b) Obrigação de FAZER: obligatio faciendi - arts. 247 a 249, C.C/2002.

As obrigações de dar e as de fazer estão no rol das obrigações positivas


(ação/conduta comissiva). São obrigações que, às vezes, há dificuldade de
distinguir se são de dar ou de fazer. Assim, “se o devedor tem de dar ou de
entregar alguma coisa, não tendo, porém, de fazê-lo previamente, a obrigação é
de dar; todavia, se, primeiramente, tem ele de confeccionar a coisa para depois
entregá-la, se tem ele de realizar algum ato, do qual será mero corolário o de
dar, tecnicamente a obrigação é de fazer.” (Monteiro, 1997, p. 89).

O fazer compreende todos os atos que deixam de incidir na expressão


dar.

As obrigações de fazer apresentam-se como um ato ou serviço (lícito,


possível, determinado ou determinável – art. 104, C.C/2002), material ou
imaterial (físico, intelectual, artístico, científico, bem como um ato jurídico), do
devedor ou de terceiros, em benefício (vantajoso) do credor ou de terceira
pessoa, desde que exclua a simples entrega da coisa. Ex.: lavar um carro,
construir uma casa, consertar um sapato, escrever letra de música, esculpir um
busto, pintar uma tela, fazer a escritura definitiva (declaração de vontade) de um
bem imóvel após a celebração de um contrato de promessa de compra e venda
etc.

Assim, o objeto da obrigação positiva de fazer é qualquer prestação de


atividade humana, lícita e possível, desenvolvida pelo devedor ou terceiro
à sua custa, em benefício do credor ou de terceira pessoa.

b.1) Espécies de obrigação de fazer

As obrigações de fazer podem constituir-se levando em conta ou não as


condições ou habilidades pessoais do devedor.

► Obrigação de fazer de caráter IMATERIAL, INFUNGÍVEL (art. 85,


C.C/2002), INTUITU PERSONAE ou PERSONALÍSSIMA: nesta espécie
de obrigação de fazer, o credor espera o cumprimento da atividade
compromissada por aquele devedor e não por outra pessoa, uma vez que
o escolheu pelas suas qualidades ou pelas suas aptidões pessoais, que
terceiros não terão como o seu estilo, a sua voz, o seu ritmo, o seu arranjo,
o seu ponto de vista, a sua pesquisa individual etc. Ex.: contratação de
ilustre jurista, de nome consagrado no mundo do direito, cujo obrigação
de ministrar palestra para jovens universitários foi contraída em razão de
sua pessoa, que detém especial e exclusivo conhecimento sobre
determinado assunto etc.

Essa obrigação acontece quando assim se convencionou ou as


circunstâncias assim o determinam.

Deve-se observar o art. 247 do C.C/2002 (tutela ressarcitória ou


compensatória: pois o credor recebe uma prestação de dar quantia certa
– perdas e danos – quando desejava uma atividade de fazer).

► Obrigação de fazer de caráter MATERIAL, IMPESSOAL ou


FUNGÍVEL: nesta espécie de obrigação de fazer, a atividade a ser
realizada representa um fazer material, físico, sem conexão com as
qualidades especialíssimas do devedor. Ex.: contratação de uma oficina
para executar a pintura de um automóvel. Importa ao credor, na verdade,
a execução de um bom serviço e não a pessoa que o executará, ou suas
qualidades intrínsecas etc.

Deve-se observar o art. 249 do C.C/2002.

► Obrigação de emitir DECLARAÇÃO DE VONTADE: configura-se


quando o devedor, em contrato preliminar (contrato de promessa),
promete emitir declaração de vontade para a celebração de contrato
definitivo e não cumpre. Diante do inadimplemento, faz-se necessária a
ação (de execução) de obrigação de fazer (prestar declaração de
vontade), em que a sentença fará as vezes da declaração não emitida.
Ex.: outorga de escritura pública de bem imóvel após pagamento integral
do preço; Endosso no certificado de propriedade de veículo automotor
depois de pagas todas as prestações.

Deve-se observar os arts. 463 e 464 do C.C/2002; 501, CPC.

b.2) Inexecução da obrigação de fazer

Mera recusa voluntária (induz ►Obrigação de fazer


culpa) do devedor em cumprir: personalíssima: art. 247, C.C/2002;

► Obrigação de fazer material ou


fungível: opções do credor: art. 249,
PRESTAÇÃO POSSÍVEL caput, C.C/2002;

(art. 249, parágrafo único, C.C/2002:


“autotutela”).

Impossibilidade do devedor em ► Sem culpa do devedor: art. 248,


cumprir: 1ª parte, C.C/2002;

PRESTAÇÃO IMPOSSÍVEL

► Com culpa do devedor: art. 248,


2ª parte, C.C/2002;
b.3) Execução da obrigação de fazer: arts. 814 a 821, CPC.

Ao credor de obrigação de fazer personalíssima, conforme art. 821 do


CPC, é autorizado pedir ao juiz que: 1) estabeleça um prazo para o devedor
cumprir a obrigação (mediante cominação ou não de multa diária - astreinte,
arts. 814, 536 e 537, CPC); ou 2) diante da recusa ou mora do devedor, converter
a obrigação pessoal em perdas e danos (mais o equivalente), porque a
execução in natura constrangeria o devedor.

LOGO, quando houver inadimplemento de obrigação de fazer


personalíssima, a regra é a indenização pelas perdas e danos.

Com fundamento no art. 816 do CPC, ao credor de obrigação de fazer


impessoal é facultado pedir o cumprimento da obrigação in natura: 1) pelo
próprio devedor, se possível (mediante cominação ou não de multa diária -
astreinte/tutela inibitória, arts. 814, 536 e 537, CPC); 2) por terceiro à custa do
devedor (em caso de urgência observar o parágrafo único do art. 249, C.
C/2002); ou 3) como última possibilidade, pleitear indenização por perdas e
danos, à face do descumprimento do avençado.

LOGO, sempre que for impessoal a obrigação de fazer e houver


possibilidade de execução pelo devedor ou terceiro à sua custa, a prestação
deve ser específica (in natura), não sendo, o caminho é requerer as perdas e
danos.

c) Obrigação de NÃO FAZER: obligatio non faciendi - arts. 250 e 251,


C.C/2002.
As obrigações de não fazer consistem em obrigações negativas, pois
“nelas o devedor assume o compromisso de se abster de algum ato, que
poderia praticar livremente se não tivesse obrigado para atender interesse
jurídico do credor ou de terceiro” (DINIZ, 2010, p. 90, grifo nosso). Tais
obrigações, no entanto, não podem atentar contra a liberdade individual (ex.
obrigação de não contrair matrimônio, de não gerar descendentes, de não
professar determinada religião etc).

Neste sentido, Giselda Hironaka e Renato de Moraes (2008, p. 88, grifos


nossos) complementam: a obrigação de não fazer “é a obrigação de fazer
voltada para o seu lado negativo e traduz, simplesmente, uma abstenção, um
deixar de fazer algo, ou um ato de tolerância do devedor, mas de sorte a que
não caracterize restrição à sua liberdade individual, isto é, que sejam abstenções
acobertadas de licitude”, pois, caso contrário, a obrigação de não fazer poderá
ser anulada.

É bom notar que o dever de abstenção pode assumir tripla face:


uma simples e pura abstenção, como no exemplo de não abrir
estabelecimento comercial; uma abstenção ligada a uma
prestação positiva, quando o locatário se comprometer a não
ceder uso a terceiro; ou, ainda, ser dever de tolerância, como
a não realização de atos que possam perturbar o exercício do
direito de terceiros. (Fernandes, 2010, p. 112, grifos nossos).

As obrigações de não fazer podem advir de pacto estabelecido entre as


partes ou de determinação de lei.

Como qualquer outra obrigação, a de não fazer pode ser instantânea ou


duradoura.

Além disso, nas obrigações de não fazer, o devedor é que se acha


pessoalmente compelido à abstenção, porque a obrigação é pessoal e, sendo
assim, não há vinculação alguma entre o bem e a conduta negativa.

Exemplos: alguém se obriga a não construir, em seu terreno, edificação


acima de três andares; ou não abrir janelas voltadas para área de lazer de seu
vizinho; ou comerciante que, alienando seu estabelecimento, compromete-se a
não abrir outro congênere na mesma rua, ou no mesmo bairro (cláusula de raio);
ou proprietário de um terreno que assume a obrigação de não erguer muro que
feche a vista do prédio vizinho; ou não tocar instrumento musical em
determinado apartamento; ou não revelar segredo de indústria, ou não fechar
poço para servir água aos vizinhos; ou alguém se obriga a não impedir
passagem de pessoas vizinhas em certo local de sua propriedade etc.
c.1) Inexecução da obrigação de não fazer

Impossibilidade de abstenção do ► Art. 250, C.C/2002;


devedor, sem culpa:

“Quando há uma obrigação de não


fazer e a lei ou uma decisão judicial
vem a proibir o ato em questão, a
obrigação do devedor se resolve,
desaparece” (BAGATINI, 2008, p. 69,
grifos nossos).

Inadimplemento da obrigação com ► Possibilidade de desfazimento


culpa do devedor (abstenção do ato: opções do credor: art. 251,
possível): caput, C.C/2002;

O devedor é considerado *Quando é urgente o desfazimento do


inadimplente (com culpa) a partir do ato, aplica-se o parágrafo único do art.
momento da consumação do ato a 251, C.C/2002: “autotutela”.
cuja abstenção se obrigara – art. 390,
C.C/2002.
► Impossibilidade de desfazimento
do ato ou necessidade de violência
física contra o devedor: a obrigação
se resolverá exclusivamente por meio
das perdas e danos;

c.2) Execução da obrigação de não fazer: arts. 814, 822 e 823, CPC.

Ao credor de obrigação de não fazer é autorizado pedir ao juiz que: 1)


fixe prazo para o próprio devedor desfazer o ato a cuja abstenção se obrigara;
2) fixe prazo para que o ato seja desfeito por terceiro à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, e mais a fixação de indenização por perdas e
danos (em caso de urgência observar o parágrafo único do art. 251, C.C/2002;
ou 3) a obrigação se converta em perdas e danos, não sendo possível o
desfazimento do ato. Além disso, para desencorajar o devedor a descumprir a
obrigação de não fazer, o juiz pode impor astreintes, conforme arts. 536 e 537,
CPC.

LOGO, quando houver inadimplemento de obrigação de não fazer, a regra


é a execução específica, mas se houver impossibilidade de desfazimento do ato
ou necessidade de violência física contra o devedor, a obrigação se resolverá
exclusivamente por meio das perdas e danos.

2.2 OBRIGAÇÕES COMPLEXAS OU COMPOSTAS: quanto ao número de


elementos constitutivos, apresentam-se com mais de 1 objeto, ou mais de 1
credor e/ou mais de 1 devedor.

As obrigações complexas ou compostas por MULTIPLICIDADE DE


OBJETOS podem ser:

a) Obrigação ALTERNATIVA: Plures res sunt in obligatione, uma


res tantum in solutione - arts. 252 e 256, C.C/2002.
►Obrigações ►Obrigações ►Obrigações
Alternativas ou Cumulativas ou Facultativas:
Disjuntivas: Conjuntivas:

“São aquelas com “São aquelas em que há Ao contrário das


multiplicidade de multiplicidade de obrigações alternativas
objetos, mas, em que objetos, e nas quais e cumulativas, as
apenas um deles deve todos devem ser obrigações facultativas
ser prestado (ou seja, prestados (ou seja, são obrigações
uma das prestações todas as prestações simples, em que é
deve ser escolhida e devem ser efetivadas). devida apenas uma
efetivada)” (HIRONAKA; Os objetos da obrigação prestação (obrigação
MORAES, 2008, p. 40). são unidos pelo principal), ficando,
Os objetos da obrigação conectivo “e” e o entretanto, facultado ao
são unidos pelo devedor se obriga por devedor exonerar-se
disjuntivo “ou” e o todos eles” (HIRONAKA; com o pagamento de
devedor se obriga por MORAES, 2008, p. 40, prestação diferente
um deles após a escolha grifo nosso). Em suma: (obrigação subsidiária),
(norteada pelo princípio há diversas prestações desde que
da boa-fé objetiva). Em na obrigação e na predeterminada.
suma: há diversas solução.
prestações na obrigação
e uma apenas na Exemplos: Entregar
solução. Exemplo: Entregar uma uma casa térrea, ou, se
Nesta espécie de casa térrea e um ele quiser (o devedor),
obrigação, feita a sobrado. no lugar da casa térrea,
escolha (irrevogável) entregar um sobrado;
do objeto pelo devedor,
pelo credor ou por
terceiro escolhido pelas Leasing: devedor
partes (art. 252, escolhe entre: 1) renovar
C.C/2002 c/c art. 800, o arrendamento; 2)
CPC - execução), comprar o bem
individualiza-se a (descontados os
prestação e as demais aluguéis já pagos); ou 3)
ficam liberadas, isto é, a restituir o bem, pondo
obrigação torna-se fim ao contrato.
simples. O efeito é ex
tunc.

Exemplos: Entregar
uma casa térrea ou um
sobrado.
Para caracterizar uma obrigação alternativa é necessário que as
prestações tenham objeto distinto (fundamental), não bastando que o simples
modo de cumprimento da obrigação seja plural.

As obrigações alternativas podem ser de dar, fazer ou não fazer, sendo


que essas várias prestações podem ser combinadas entre si.

Na obrigação alternativa, se perecer uma das prestações, o credor


poderá exigir o cumprimento da outra. O que não acontece com a obrigação
facultativa, pois, no caso de perecimento da obrigação principal, o devedor
entregará a prestação subsidiária se quiser.

a.1) Inexecução das obrigações alternativas

Impossibilidade PARCIAL de ► Com ou sem culpa do devedor:


cumprimento da obrigação subsistirá o débito quanto à prestação
alternativa: que sobrou – art. 253, C.C/2002: “tese
da redução do objeto”;

► Por culpa do devedor, cabendo a


escolha da prestação ao credor: o
credor terá o direito de exigir a
prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos – art. 255,
1ª parte, C.C/2002;

Impossibilidade TOTAL de ► Por culpa do devedor, não sendo


cumprimento da obrigação do credor a escolha do objeto: o
alternativa: devedor deverá pagar o valor da
última prestação que se impossibilitou
e mais as perdas e danos – art. 254,
C.C/2002;

► Por culpa do devedor, cabendo a


escolha ao credor: o credor poderá
reclamar o valor de qualquer das
prestações, mais as perdas e danos -
art. 255, 2ª parte, C.C/2002;

►Sem culpa do devedor: extinguir-


se-á a obrigação art. 256, C.C/2002;

As obrigações complexas ou compostas por MULTIPLICIDADE DE


SUJEITOS podem ser:

a) OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS (ver arts. 87 e 88, C.C/2002):


arts. 257 a 263, C.C/2002.

Tratando-se das obrigações divisíveis e indivisíveis não se está


no campo das obrigações singulares, mas no terreno das
obrigações complexas. Essa complexidade, nas obrigações
alternativas, diz respeito à prestação, ao objeto. E no tema ora
desenvolvido, a complexidade é em relação ao sujeito.
Importa saber, se na pluralidade de devedores, ou de credores,
ou de ambos, a obrigação é divisível ou indivisível. Na verdade,
não se trata de obrigação divisível ou não, mas sim da
divisibilidade ou indivisibilidade da prestação. A indivisibilidade
da prestação só interessa nas obrigações que têm mais de um
credor e/ou mais de um devedor. Na singularidade das partes o
fracionamento, a divisibilidade da prestação, não oferece
dificuldade”. (Bagatini, 2008, p. 80, grifos nossos).

As obrigações divisíveis “são aquelas cuja prestação pode pluralizar-se


em porções distintas, suscetíveis, portanto, de cumprimento parcial”
(HIRONAKA; MORAES, 2008, p. 44). “Pelo seu teor, tem natureza típica de
obrigação distribuidora de responsabilidades e encargos, uma vez que cada
devedor é garantidor de sua própria cota, e cada credor estará apto a receber
tão-somente o seu quinhão da coisa devida.” (Fernandes, 2010, p. 121).
As obrigações indivisíveis “são aquelas cujo objeto deve ser prestado
por inteiro, isto é, não pode ser dividido entre os sujeitos”, por isso cada devedor
pode ser demandado pela parte dos outros coobrigados, e cada credor pode
receber, além de sua cota-parte, a cota de seus cocredores (Hironaka; Moraes,
2008, p. 44).

As obrigações de dar, em regra, são divisíveis, mas também podem ser


indivisíveis. As obrigações de fazer e de não fazer são, em regra, indivisíveis,
mas também podem ser divisíveis.

a.1) Possibilidades de Obrigações DIVISÍVEIS

1) Obrigação Divisível com Pluralidade de Devedores – art. 257,


C.C/2002. Regra: “cada um por si”: partes iguais e distintas, mas as
partes podem dispor de forma diferente, pois não se trata de norma
cogente. Ex.

2) Obrigação Divisível com Pluralidade de Credores – art. 257,


C.C/2002. Regra: “cada um por si”: partes iguais e distintas, mas as
partes podem dispor de forma diferente, pois não se trata de norma
cogente. Ex.
OBS: se houver suspensão da prescrição particularizada a um dos codevedores,
isso não atinge aos demais – art. 201, C.C/2002.

a.2) Possibilidades de Obrigações INDIVISÍVEIS

3) Obrigação Indivisível (art. 258, C.C/2002) com Pluralidade de


Devedores – art. 259, C.C/2002. Ex.:

4) Obrigação Indivisível (art. 258, C.C/2002) com Pluralidade de


Credores – arts. 260, I e II (“Quem paga mal, paga duas vezes.”), e
261, C.C/2002; 328, CPC. Ex.:
• Caução de ratificação: documento escrito pelos credores confirmando
o pagamento realizado pelo devedor ou devedores.

OBS: A prescrição de uma obrigação indivisível atingirá a todos os


codevedores, mesmo que tenha sido dada por apenas um dos devedores. Da
mesma forma, a nulidade de uma obrigação indivisível, ocorrida em virtude de
um dos devedores, aplica-se aos demais.

►Observar também:

- Art. 262, C.C/2002: Remissão da dívida (arts. 385 a 388, C.C/2002), transação
(arts. 840 a 850, C.C/2002), novação (arts. 360 a 367, C.C/2002), compensação
(arts. 368 a 380, C.C/2002) ou confusão (arts. 381 a 384, C.C/2002) com
prestação indivisível: Não há a extinção da obrigação e o credor pode exigir do
devedor o cumprimento da obrigação com a entrega da prestação inteira, mas
somente mediante o pagamento ao devedor da parte remitida (perdoada).

- Art. 263, C.C/2002: Se a obrigação indivisível se perder e não mais puder ser
cumprida, acabará resolvida em perdas e danos. Nesse caso, como se tornará
uma prestação em dinheiro, passará a ser divisível (art. 257, C.C/2002). Se
todos os devedores agiram com culpa, responderão todos por partes iguais.
Mas se a culpa for de um só devedor, os outros ficarão exonerados,
respondendo só o culpado pelas perdas e danos.
A indivisibilidade também pode cessar por causas convencionais ou
jurídicas.

b) Obrigações SOLIDÁRIAS: “um por todos e todos por um”, “pro


indiviso”, “por inteiro”, “indivisão da prestação na pluralidade de
sujeitos” - arts. 264 a 266, C.C/2002.

Há solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre mais de um


credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda (art. 264, C.C/2002), independentemente da divisibilidade do objeto. Assim
sendo, “o pagamento efetuado por um devedor solidário importa na quitação dos
demais, como também a quitação dada por qualquer dos credores solidários,
inviabiliza qualquer pedido de novo pagamento pelo credor que não fora
satisfeito diretamente”, independente de caução de ratificação. (Bagatini, 2008,
p. 89).

Nesse sentido, na responsabilidade solidária não há benefício de ordem


na cobrança, diferentemente da responsabilidade subsidiária, em que “um
sujeito tem a dívida originária e o outro a responsabilidade por essa dívida.
Assim, não sendo possível executar o efetivo devedor, quando ocorrer o
inadimplemento da obrigação, podem ser executados os demais sujeitos
envolvidos na relação obrigacional”. (Gagliano; Pamplona Filho,2009, p. 78).

A solidariedade, por gerar um gravame aos coobrigados (que podem


cobrar ou ser exigidos na totalidade do débito), não se presume: ou resulta da
lei/imperfeita (exemplos: arts. 154, 585, 672, 867, parágrafo único, 828, II, 829,
942, caput e parágrafo único, todos do C.C/2002; arts. 7º, parágrafo único; 18,
caput, 19, caput, 25 §§ 1º e 2º, 28, § 3º, 34, todos do CDC) ou da vontade das
partes/perfeita (nesse caso, podendo surgir junto com a obrigação ou mesmo
posteriormente) – art. 265, C.C/2002. Apresentam-se como exceção a essa
regra, os arts. 829, caput, do C.C/2002 e 2º da Lei nº 8.245/91.

A solidariedade supõe identidade de prestação para todos os


interessados, ou seja, credores e devedores estão ligados por um único vínculo
jurídico (teoria da unidade do vínculo). Nada impede, entretanto, que a
modalidade do vínculo obrigacional seja distinta para uns e para outros
coobrigados. Trata-se de modalidades acidentais que, para alguns
doutrinadores, fogem à teoria da unicidade adotada pelo C.C/2002 - art. 266,
C.C/2002.
A solidariedade é compatível com qualquer modalidade de obrigação: dar,
fazer ou não fazer.

EM SÍNTESE:

OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA = Pluralidade de sujeitos + objeto único + lei


ou vontade das partes (art. 265, C.C/2002).

►Semelhanças entre as obrigações solidárias e as obrigações indivisíveis

1) São obrigações complexas devido à pluralidade de sujeitos (credores


e/ou devedores);

2) O objeto, devido e exigível, é uno, formando, portanto, uma única


obrigação;

3) O credor pode exigir a prestação toda (arts. 260 e 264, C.C/2002) e o


devedor ser compelido a fornecer a prestação por inteiro ao(s)
credor(es) (arts. 259 e 264, C.C/2002).

►Diferenças entre as obrigações solidárias e as obrigações indivisíveis

OBRIGAÇÃO OBRIGAÇÃO
SOLIDÁRIA INDIVISÍVEL

Quanto à relação É subjetiva; É objetiva;


jurídica:

Quando a obrigação se A solidariedade A obrigação indivisível


converte em perdas e subsiste/permanece – desaparece, ou seja,
arts. 271 e 279, torna-se divisível – art.
danos: C.C/2002; 263, C.C/2002;

Quando ocorrer o - Solidariedade ativa: art. As obrigações


falecimento de 270, C.C/2002; indivisíveis não sofrem
coobrigados (credores nenhuma alteração,
ou devedores) podendo cada herdeiro
- Solidariedade passiva: exigir o todo, ou ser
art. 276, C.C/2002; obrigado a fornecê-lo;

Quanto à fonte: Deriva da lei (é técnica) A indivisibilidade resulta


ou da vontade das da natureza do objeto (é
partes (título), pois a material), de motivo de
solidariedade não se ordem econômica, dada
presume – art. 265, a razão determinante do
C.C/2002; negócio jurídico (porque
as partes assim o
decidiram) – art. 258,
C.C/2002 ou por
sentença judicial (Ex.
art. 950, parágrafo
único, C.C/2002);

Quanto à dívida: Deve por inteiro. Deve parte, mas paga


por inteiro.

b.1) Solidariedade ATIVA: arts. 267 a 274, C.C/2002.

No atual mundo dos negócios, a importância da solidariedade ativa é


diminuta (motivos: insolvência do credor que recebeu, impossibilidade de
revogação unilateral da solidariedade etc). A solidariedade ativa tem sido
substituída, com vantagem, pela outorga de mandato entre os credores
conjuntos, porque pode a qualquer tempo ser revogada.
A solidariedade ativa é aquela em que há uma pluralidade de credores,
todos com a possibilidade de receber o pagamento na integralidade. O devedor
libera-se pagando a qualquer dos credores, que, por sua vez, pagará aos demais
a cota de cada um.

Exemplo: conta corrente conjunta.

A solidariedade decorrente da abertura de conta bancária


conjunta é solidariedade ativa, pois cada um dos titulares está
autorizado a movimentar livremente a conta; são, pois, credores
solidários perante o banco. Todavia, ainda que marido e mulher,
os cotitulares não são devedores solidários perante o portador
de cheque emitido por qualquer um deles sem suficiente
provisão de fundos. (REsp 13.680 – SP, 4ª T., rel. Min. Athos
Carneiro, j. 15 – 9 – 1992, DJU, 16 – 11 – 1992)

Na solidariedade ativa: pelo LADO INTERNO, há a relação entre


os credores solidários. O recebimento por parte de um dos
credores da totalidade da prestação extinguirá a obrigação pela
satisfação do objeto prestacional. Entretanto, lhe sobreviverá –
a ele credor que recebeu – a obrigação de entregar aos demais
a parte que lhes cabe no crédito recebido. Quer dizer, o co-
credor favorecido tem a obrigação de entregar aos demais
credores solidários aquilo que lhes competir; caso contrário a
estes incumbirá o direito de exigir judicialmente o seu
proporcional percentual do crédito percebido. Pelo LADO
EXTERNO, se revela a relação entre os credores solidários e
o devedor comum. Todos os credores solidários são dotados
de igualdade, pois todos possuem o direito de exigir e receber a
totalidade do crédito do devedor comum. (Hironaka; Moraes,
2008, p.47, grifos nossos).
b.1.1) Regras da Solidariedade ATIVA: nossa legislação praticamente não
prevê casos de solidariedade ativa (salvo a hipótese do art. 12 da Lei nº 209/48
- forma de pagamento dos débitos dos pecuaristas). Sendo assim, os poucos
casos de solidariedade entre credores que existem decorrem de convenção das
partes.

Qualquer um dos credores solidários tem direito a


exigir do devedor comum o pagamento da prestação
Art. 267, C.C/2002: por inteiro e pode pedi-la parceladamente, se a
obrigação for divisível. Destaca-se, no entanto, que o
devedor não é obrigado a pagar a prestação
parcelada se assim não foi acordado.

Após um (ou alguns) dos credores solidários


demandar(em) o devedor comum, a obrigação deverá
Art. 268, C.C/2002: ser paga a este (ou estes), sob pena de o devedor
estar pagando mal.

O pagamento feito a um dos credores solidários


extingue a dívida até o montante do que foi pago,
Art. 269, C.C/2002: devendo o credor que tiver recebido responder aos
outros pela parte que lhes caiba (direito de regresso).

Com o falecimento de algum credor solidário, seus


herdeiros só poderão reclamar do devedor a sua
Art. 270, C.C/2002: cota-parte, e não o crédito que corresponder ao de
cujus (salvo se a prestação for indivisível, se o credor
falecido deixou apenas um herdeiro, se todos os
herdeiros agirem conjuntamente). A solidariedade
subsiste entre os demais credores.
Se a obrigação for convertida em perdas e danos, a
solidariedade subsiste.
Art. 271, C.C/2002:

O credor solidário que recebeu ou que perdoou o


crédito responde junto aos demais credores pela
Art. 272, C.C/2002: parte que lhes caiba.

O devedor não pode opor, a um dos credores


solidários, as exceções pessoais (vícios de
Art. 273, C.C/2002: consentimento, incapacidade jurídica,
inadimplemento de condição que lhe seja exclusiva –
art. 266, C.C/2002 -, moratória etc.) oponíveis aos
outros.

O julgamento contrário a um dos credores solidários


não atinge os demais (art. 506, CPC); já o julgamento
Art. 274, C.C/2002: favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção
pessoal que o devedor possa alegar contra qualquer
dos credores.

b.2) Solidariedade PASSIVA: arts. 275 a 285, C.C/2002.

No atual mundo dos negócios, a solidariedade passiva é muito frequente


e de grande importância, pois representa uma garantia pessoal oferecida ao
credor (que, inclusive, supera a fiança, que é acessória), facilitando a cobrança,
uma vez que a prestação pode ser exigida, por inteiro (“ou em parcelas”), de
qualquer dos devedores solidários.

Na solidariedade passiva, um único pagamento (desde que seja total)


efetuado por qualquer dos devedores solidários liberta todos os demais da
relação obrigacional, extinguindo-se, dessa forma, a obrigação.
Na solidariedade passiva: pelo LADO INTERNO, há a relação
dos vários devedores entre si. O vínculo que os ata “torna-os
unidos”, por assim dizer uns aos outros, em razão da
solidariedade que os obriga em face do credor. Essas relações
internas, decorrentes do vínculo solidário passivo, pouco
importam ao credor que já satisfez seu crédito. Sob o ponto de
vista interno, pois, formula-se um interesse relativamente aos
vários devedores entre si, de sorte que, se um deles sozinho
pagar, terá o direito de ser ressarcido pelos demais, na
proporção da participação de cada um deles, do débito pago.
Pelo LADO EXTERNO, revela-se a relação entre os vários
devedores e o credor comum, sendo certo que a pluralidade
de devedores será tratada pelo credor como se estivesse em
face de um só devedor, podendo exigir, de cada um deles, a
prestação devida, na sua integralidade. (Hironaka; Moraes,
2008, p.47, grifos nossos).
b.2.1) Regras da Solidariedade PASSIVA:

Caput: O credor tem o direito de exigir e receber de


um ou de alguns dos devedores, parcial ou
Art. 275, C.C/2002: totalmente, a dívida comum (art. 266, C.C/2002). Se
o pagamento for parcial, a solidariedade passiva
subsiste quanto ao restante da prestação;

Parágrafo único: A propositura de ação pelo credor


contra um ou alguns dos devedores, não importa
renúncia da solidariedade, por isso, o recebimento
parcial e a demanda contra um ou alguns dos
devedores não impede cobrança judicial contra os
demais, caso com a primeira, o credor não receba a
prestação por inteiro.

Com a morte de um dos co-devedores, a


solidariedade entre eles não se rompe. Antes da
Art. 276, C.C/2002: partilha, o espólio responde pela dívida toda, como
devedor solidário que era o de cujus. Após a partilha
dos bens, se a prestação for divisível, cada herdeiro
só responde pelo seu quinhão. Se a prestação for
indivisível, no entanto, os herdeiros respondem pela
dívida total. Ademais, todos os herdeiros reunidos
são considerados como um devedor solidário em
relação aos demais devedores. “Princípio do
benefício do inventário”: Faculdade concedida
legalmente ao herdeiro de responder pelas dívidas
do sucedido somente até onde alcancem os bens da
herança, e de conservar as ações que tenha contra
o espólio.

O pagamento parcial feito por um dos co-devedores


e a remissão da dívida por ele obtida, não afasta a
Art. 277, C.C/2002: solidariedade em relação aos demais, mas impede
que o credor exija dos demais devedores a dívida
integral, devendo ser abatida a parte já recebida ou
perdoada.

Qualquer acordo firmado entre o credor comum e


um dos devedores solidários não poderá agravar a
Art. 278, C.C/2002: situação dos demais devedores, salvo
consentimento destes.

Se a obrigação se impossibilitou por culpa de um


dos co-devedores, todos respondem pelo
Art. 279, C.C/2002: equivalente e somente o culpado responde pelas
perdas e danos (na solidariedade a prestação
transformada em perdas e danos não perde a
qualidade de indivisibilidade).

Todos os co-devedores respondem juntos, frente ao


credor, pelos juros de mora, e posteriormente, o
Art. 280, C.C/2002: culpado responderá aos outros pela obrigação
acrescida. Ver art. 396, C.C/2002.

O devedor demandado pode opor ao credor comum


as exceções pessoais (ex. incapacidade, remissão
Art. 281, C.C/2002: parcial, nulidades relativas – art. 171, C.C/2002,
renúncia da solidariedade, falência etc.) e é
obrigado a opor as exceções comuns (ex.
prescrição do direito creditório – arts. 204 § 1º, 201,
C.C/2002, pagamento da prestação etc) a todos, não
lhe aproveitando as exceções pessoais de outro
devedor.

Caput: O credor pode renunciar à solidariedade


em favor de um, alguns, ou todos os devedores;
Art. 282, C.C/2002:
Parágrafo único: Se o credor exonerar apenas um
ou alguns dos devedores, não pode com isso
agravar a situação dos demais, pois a solidariedade
subsiste para estes. Nesse caso, o credor só poderá
cobrar a dívida dos demais devedores solidários com
dedução da parte do devedor que obteve o benefício
da renúncia à solidariedade. Enunciado 350 da IV
Jornada de Direito.

O devedor que pagar a dívida por inteiro tem o


direito de exigir dos demais a quota de cada um
Art. 283, C.C/2002: (regresso), dividindo-se por todos (inclusive os
perdoados) a quota do insolvente, salvo se o
devedor que pagou a prestação demora,
culposamente, para cobrar os demais co-devedores
e nesse lapso temporal um dos devedores fica
insolvente. Nesse caso, o devedor que pagou a
prestação por inteiro, responde sozinho pela parte do
insolvente.

Art. 284, C.C/2002: Os devedores exonerados da solidariedade não


respondem pela parte do insolvente. Enunciado
350 da IV Jornada de Direito

Ex. fiador – tem responsabilidade sem débito.

Art. 285, C.C/2002:

De qualquer modo, é inequívoco que um único pagamento


efetuado por qualquer dos coobrigados (solidariedade
passiva) ou seu recebimento por qualquer um dos credores
solidários (solidariedade ativa), libertará todos os demais da
relação obrigacional, tornando, assim, extinta a obrigação
(Hironaka; Moraes, 2008, p.47, grifos nossos).

A solidariedade pode ser ativa (pluralidade de credores), passiva


(pluralidade de devedores) ou mista (pluralidade de credores e devedores – ex.
art. 2º da Lei nº 8.245/91).

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