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• DIREITO CIVIL II

OBRIGAÇÕES
• CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
• REFERÊNCIA: SÍLVIO DE SALVO
VENOSA.
FONTE: SÍLVIO SALVO VENOSA
Parte 3 do plano de curso - APOIO
6.1. Espécies de obrigações:
– obrigações condicionais, obrigações a
termo e obrigações com encargo;
– obrigações de dar (coisa certa ou coisa
incerta), obrigações de fazer e obrigações
de não fazer;
– obrigações simples e conjuntas;
– obrigações instantâneas e obrigações
periódicas;
– a obrigação única e a obrigação múltipla;

– as obrigações múltiplas ou plúrimas que


podem ser conjuntas e solidárias;
– obrigações divisíveis e indivisíveis;

– obrigações simples, conjuntivas,


alternativas e facultativas.
6.1.1. Obrigações de meio e obrigações
de resultado:
– demonstram sua distinção na
aferição de seu descumprimento.

6.1.2. Obrigações de garantia:


– os contratos de seguro e de
fiança, e outras obrigações em
que a garantia surge combinada
com uma obrigação de meio.
6.2. Obrigações de dar:
coisa certa e coisa incerta
6.2.1. Obrigações de dar:
– a obrigação de dar é aquela em que o
devedor compromete-se a entregar uma
coisa móvel ou imóvel ao credor, quer
para constituir novo direito, quer para
restituir a mesma coisa a seu titular;
– inclui-se na definição a obrigação de
restituir, como modalidade da obrigação
de dar, disciplinada nos arts. 238 ss do
Código.
6.2.2. Obrigações de dar coisa certa:
– o credor não pode ser obrigado
a receber prestação diversa do
avençado, ainda que mais valiosa,
não pode este mesmo credor
exigir outra prestação, ainda que
menos valiosa (art. 313).
6.2.2.1. Responsabilidade pela perda
ou deterioração da coisa na
obrigação de dar coisa certa:
– perda ou deterioração da coisa
são separadas em momento
anterior e posterior à tradição da
coisa (art. 234);
– com culpa do devedor, art. 234,
segunda parte;
– deterioração da coisa sem culpa do
devedor, no art. 235 (perda parcial);
– deterioração da coisa com culpa do
devedor, na leitura do art. 236.
6.2.2.2. Melhoramentos, acréscimos e frutos
na obrigação de dar coisa certa:
– até a tradição, efetiva entrega da
coisa, esta pertence ao devedor com
os melhoramentos e acréscimos,
conforme art. 237 do Código.
6.2.2.3. Obrigações de restituir:
– é a obrigação que tem por objeto
uma devolução de coisa certa, por
parte do devedor, coisa essa que,
por qualquer título, encontra-se
em seu poder, como ocorre, por
exemplo, no comodato
(empréstimo de coisas infungíveis),
na locação e no depósito.
6.2.2.4. Responsabilidade pela perda ou
deterioração da coisa na obrigação
de restituir:
– perda sem culpa do devedor, art. 238:
“Se a obrigação for de restituir coisa
certa, e esta, sem culpa do devedor,
se perder antes da tradição, sofrerá o
credor a perda, e a obrigação se
resolverá, salvos, porém, a ele os
seus direitos até o dia da perda.”
6.2.2.5. Melhoramentos, acréscimos e
frutos na obrigação de restituir:
– art. 241: “Se no caso do art. 238,
sobrevier melhoramento ou
acréscimo à coisa, sem despesas
ou trabalho do devedor, lucrará o
credor, desobrigado de indenização”;
– se a coisa sofre melhoramento ou
aumento em decorrência de trabalho
ou dispêndio do devedor, o regime
será o das benfeitorias (art. 242);
– o direito de retenção do devedor de
boa-fé;
– o retentor pode opor embargos de
retenção para exercer o direito,
regulado pelo art. 744 do CPC;
– conforme art. 241, quando o
melhoramento ou acréscimo decorreu
de atividade do devedor, ele terá direito
de retenção, se agiu com boa-fé;
– conforme o princípio disposto no art. 1.221, o
melhoramento ou acréscimo é compensado
com eventual dano e só haverá direito de
ressarcimento se, no momento do pagamento,
ainda existirem;
– o credor, ao indenizar as benfeitorias, trata-se
de melhoramentos ou acréscimos, tem direito
de optar entre seu valor atual e seu custo;
– o parágrafo único do art. 242 diz quanto aos
frutos recebidos, observar-se-á o disposto
acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé;
– o devedor de boa-fé tem direito,
enquanto a boa-fé durar, aos frutos
percebidos (art. 1.214);
– art. 1.214, parágrafo único, dispõe
também que devem ser deduzidas
despesas para impedir o injusto
enriquecimento;
– o art. 1.216 estipula que o devedor de
má-fé responde por todos os frutos
colhidos e percebidos.
6.2.2.6. Execução da obrigação de dar
coisa certa:
– regulada no art. 621 ss do CPC,
a execução específica ou in natura
só deve ser banida, substituindo-
se por perdas e danos, “quando a
execução direta for impossível ou
dela resultar constrangimento
físico à pessoa do devedor”.
6.2.3. Obrigações pecuniárias:
– obrigação pecuniária é a que tem
como objeto certa quantia em
dinheiro;
– o art. 315 dispõe a regra geral: as
dívidas em dinheiro deverão ser
pagas no vencimento, em moeda
corrente e pelo valor nominal;
– art. 316 estabelece ser lícito convencionar o
aumento progressivo de prestações
sucessivas;
– art. 317 instrumentaliza o juiz de molde a
que possa ele conceder a correção do poder
aquisitivo da moeda no caso concreto;
– art. 318, reitera o princípio acerca da
nulidade da chamada cláusula-ouro ou da
convenção do pagamento em moeda
estrangeira.
6.2.4. Obrigações de dar coisa incerta:
– a obrigação de dar coisa incerta
tem por objeto a entrega de uma
quantidade de certo gênero e não
uma coisa especificada, conforme
disposição do art. 243;
– concentração: momento precedente
à entrega da coisa que é o ato de
escolher o que vai ser entregue;
– responsabilidade nesta espécie de
obrigação é maior para o devedor conforme
art. 246;
– dispõe o art. 245 que, após a escolha, os
princípios aplicáveis são os da obrigação de
dar coisa certa;
– na falta de convenção a escolha ou
concentração caberá ao devedor (art. 244);
– processualmente, a entrega de coisa
incerta vem regulada pelos arts. 629, 630 e
631 do CPC.
6.3. Obrigações de fazer e de não fazer:
6.3.1. Obrigação de fazer:
– conteúdo da obrigação de fazer é
uma “atividade” do devedor, no
sentido mais amplo;
– pertence à classe das obrigações
positivas, pode ser contraída,
tendo em vista a figura do
devedor (art. 247).
6.3.2. Obrigação de dar e de fazer:
– espécies que se constituem nas
obrigações positivas;
– o dar ou entregar em conseqüência
ou não do fazer;
– na obrigação de dar imprescindível à
tradição;
– numa mesma avença a coexistência
das duas espécies;
– a importância do momento da
execução nas duas espécies.
6.3.3. Obrigações de fazer fungíveis e não
fungíveis:
– obrigações de fazer não fungíveis
contraídas exclusivamente pela
fama ou habilidades próprias da
pessoa do obrigado;
– no art. 249, dispõe a atual lei quanto
as obrigações fungíveis.
6.3.4. Descumprimento das obrigações de fazer:
– razões em que podem ocorrer
descumprimento:
a) a prestação tornou-se impossível por
culpa do devedor ou sem culpa do
devedor;
b) o devedor manifestamente se recusa ao
cumprimento delas;
– disposições processuais acerca da
obrigação de fazer complementam os
arts. 247 a 249 do Código Civil.
6.3.5. Obrigações de não fazer:
– obrigações negativas que implicam
numa abstenção;
– o compromisso do devedor a não
realizar algo que normalmente, na
ausência de proibição, poderia fazer;
– a obrigação será ilícita se envolver
restrição sensível à liberdade
individual.
6.3.6. Modo de cumprir e execução forçada da
obrigação de não fazer:
– praticando o devedor ato sobre o qual se
abstivera, fora da hipótese do art. 250,
vigorará o disposto no art. 251;
– possibilidade de tutela específica das
obrigações de não fazer, bem como de
sua antecipação e a imposição de multa
diária quando viável o desfazimento,
conforme art. 461 do CPC;
– à execução das obrigações negativas, as
disposições aplicáveis são as dos arts.
642 e 643 do CPC.
6.4. Obrigações alternativas e facultativas:
6.4.1. Obrigações cumulativas e alternativas:
– obrigação conjuntiva ou cumulativa: com
objeto composto ligado pela partícula e:
devemos um cavalo e um automóvel;
– obrigação alternativa: o objeto da
obrigação é disjuntivo ou alternativo
quando ligado pela partícula ou:
pagaremos um cavalo ou um automóvel;
– a obrigação alternativa tem um regime
especial disciplinado nos arts. 252 a 256
do Código.
6.4.2. Obrigação alternativa:
– obrigação alternativa é a que fica
cumprida com a execução de
qualquer das prestações que formam
seu objeto (art. 252);
– partes podem convencionar que a
escolha (tecnicamente denominada
concentração) caiba ao credor ou
mesmo a um terceiro;
– somente após a concentração o
credor pode exigir o pagamento;
– características das obrigações alternativas:
a) seu objeto é plural ou composto;
b) as prestações são independentes entre si;
c) concedem um direito de opção que pode
estar a cargo do devedor, do credor ou de
um terceiro;
d) feita a escolha, a obrigação concentra-se
na prestação escolhida.
6.4.3. Concentração e cumprimento da
obrigação alternativa:
– na obrigação alternativa, efetuada
a escolha, quer pelo devedor, quer
pelo credor, individualiza-se a
prestação liberando as demais;
– o devedor não pode desincumbir-se
da obrigação dando parte de uma e
parte de outra (art. 252, § 1o);
– nas prestações periódicas anuais, haverá
direito do devedor de exercer cada ano sua
opção (art. 252, § 2o);
– na pluralidade de optantes deverá prevalecer
a vontade da maioria, qualificada pelo valor
das respectivas quotas-partes, art. 252, § 3o,
do atual Código;
– hipótese de opção deferida a terceiro, que
poderá ser o juiz (art. 252, § 4o);
– as partes podem optar pelo sorteio
para o cumprimento da obrigação
alternativa;
– caso pereça ou não possa ser
executada alguma das prestações,
sem culpa do obrigado, o direito do
credor fica circunscrito às coisas
restantes;
– no caso de restar apenas uma das
prestações, a disposição será a dos arts.
253 e 254;
– no perecimento de todas as prestações,
sem a ocorrência de culpa, há a extinção
da obrigação, conforme art. 256;
– com culpa do devedor, na perda ou
impossibilidade de todas as obrigações,
sendo ele o encarregado da escolha, a
solução é a exposta no art. 255;
– a escolha pertencendo ao credor:
I) e ocorrer o perecimento for de ambas as
prestações, por culpa do devedor (art. 255,
segunda parte);
II) uma das prestações se tornar impossível
por culpa do devedor, o credor terá o
direito de exigir a prestação subsistente ou
o valor da outra com perdas e danos (art.
255, 1a parte).
6.4.3.1. Retratabilidade da concentração:
– haverá retratabilidade se o devedor,
ignorando ser a obrigação
alternativa, efetuar o pagamento
sem exercer seu direito;
– retratabilidade pela anulação do
negócio por erro e o interesse
negativo.
6.4.4. Acréscimos sofridos pelas coisas
na obrigação alternativa:
– por aplicação dos princípios gerais, o
credor pode pagar os acréscimos ou
a extinção da obrigação do devedor;
– o devedor pode cumprir a obrigação
entregando a de menor valor.
6.4.5. Obrigações facultativas:
a) são obrigações de objeto plural ou
composto;
b) as obrigações têm uma relação de
dependência correspondente ao
conceito de principal e acessório;
c) possuem um direito de opção em
benefício do devedor.
6.4.5.1. Efeitos da obrigação facultativa:
– a perda da coisa principal, sem
culpa do devedor, extingue a
obrigação;
– a perda ou a impossibilidade de
cumprir a obrigação ocorreu depois
da constituição em mora; o credor
poderá reclamar perdas e danos;
– a perda ou impossibilidade ocorrendo por
fato imputável ao devedor, o credor pode
pedir o preço da coisa que pereceu mais
perdas e danos;
– nulidade da obrigação principal extingue
também a acessória;
– a perda ou deterioração do objeto da
prestação acessória, com ou sem culpa
do devedor, em nada influencia a
obrigação principal.
6.5. Obrigações divisíveis e indivisíveis:
6.5.1. Conceito:
– a classificação das obrigações em
divisíveis e indivisíveis na
pluralidade de sujeitos;
– indivisibilidade material e jurídica
(art. 258).
6.5.2. Pluralidade de credores e de
devedores:
– na pluralidade de sujeitos, a obrigação
divide-se em obrigações distintas,
recebendo cada credor de devedor
comum ou pagando cada devedor ao
credor comum sua quota na prestação
(art. 257);
– não tem qualquer devedor a faculdade
de solver parcialmente a obrigação,
conforme o art. 260.
6.5.3. Indivisibilidade e solidariedade:
– a causa da solidariedade reside no próprio
título, no vínculo jurídico, enquanto a
indivisibilidade resulta da natureza da
prestação;
– na solidariedade, o credor pode exigir de
qualquer devedor solidário o pagamento
integral da prestação;
– na indivisibilidade, o credor pode exigir o
cumprimento integral de qualquer dos
devedores, porque a natureza da prestação
não permite o cumprimento fracionado;
– se a obrigação solidária se converter
em perdas e danos, os atributos da
solidariedade permanecem (art. 271);
– a obrigação indivisível se convertendo
em perdas e danos, desaparece a
primitiva indivisibilidade (art. 263).
6.6. Obrigações solidárias:
– a obrigação será solidária quando
a totalidade de seu objeto puder
ser reclamada por qualquer dos
credores ou qualquer dos
devedores.
6.6.1. Antecedentes históricos:
– a idéia da solidariedade teve
origem no Direito Romano, quando
os credores ou devedores
desejavam evitar os inconvenientes
da divisão da dívida, ligavam-se
por um vínculo particular, por meio
do qual um dos credores podia
cobrar de cada um dos devedores.
6.6.2. Obrigações in solidum:
– a prescrição referente aos
devedores é independente, como
conseqüência da independência
dos liames;
– interpelação feita a um dos
devedores não constitui em mora
os outros;
– remissão da dívida feita em favor
de um dos credores não beneficia
os outros.
6.6.3. Características e fundamento da
solidariedade:
– obrigação solidária tem uma unidade
de causa;
– a unidade da prestação (qualquer
que seja o número de credores ou
devedores, o débito é sempre único)
e a pluralidade e independência do
vínculo, que resultam em:
a) a obrigação pode ser pura e simples para
algum dos devedores e pode estar sujeita
à condição, ao prazo ou ao encargo para
outros (art. 266);
b) se uma obrigação é nula, porque um dos
credores é incapaz, conserva sua
validade quanto aos demais;
c) um dos devedores pode ser exonerado
de sua parte da dívida, permanecendo a
obrigação para com os demais.
6.6.4. Fontes da solidariedade:
– não se admite responsabilidade
solidária fora da lei ou do contrato.
6.6.5. Solidariedade ativa:
– a solidariedade ativa contém mais
de um credor, todos podendo
cobrar a dívida por inteiro (art. 267);
– qualquer credor, recebendo a
dívida toda, exonera o devedor.
6.6.5.1. Efeitos da solidariedade ativa:
– cada credor pode reclamar de
qualquer dos devedores (ou do
devedor) a dívida por inteiro
(art. 267);
– o pagamento, a compensação, a
novação e a remissão da dívida
feita por um dos credores a
qualquer dos devedores extingue
a obrigação (art. 269);
– a constituição em mora feita por um dos co-
credores favorece a todos os demais;
– a interrupção da prescrição por um dos
credores beneficia os demais (art. 204, § 1o);
– a suspensão da prescrição em favor de um
dos credores solidários só aproveitará aos
outros se o objeto da obrigação for indivisível
(art. 201);
– a renúncia da prescrição em face de um dos
credores aproveitará aos demais;
– ação para a cobrança de crédito pode ser
proposta por qualquer credor, os demais
ingressarão na ação na condição de
assistente (art. 54 do CPC);
– a incapacidade de um dos credores não
obsta que a obrigação mantenha seu caráter
solidário a respeito dos demais;
– enquanto não for cobrada a dívida por
algum credor, o devedor pode pagar a
qualquer um dos credores (art. 268);
– a constituição em mora do credor solidário,
prejudicará a todos os demais;
– na forma do art. 270, desaparece a
solidariedade para os herdeiros, exceto se a
obrigação for indivisível;
– a conversão da prestação em perdas e
danos não faz desaparecer a Solidariedade
(art. 271);
– na relação interna, a natureza do débito e a
quota de cada credor no débito é irrelevante
para o devedor, devendo o credor que
receber prestar contas aos demais, pela
parte que lhes caiba (art. 272).
6.6.5.2. Extinção da solidariedade ativa:
– não se extingue apenas pelo
pagamento a qualquer dos
credores, podendo ocorrer por
novação, compensação, remissão,
pagamento por consignação,
confusão e a transação.
6.6.6. Solidariedade passiva:
– obriga todos os devedores ao
pagamento total da dívida,
reforçando o vínculo, facilitando
o adimplemento.
6.6.6.1. Principais efeitos da obrigação
solidária:
– direito individual de persecução;
– a morte de um dos devedores
solidários não extingue a
Solidariedade;
– atos que alteram a relação obrigacional,
só obrigam o devedor que concordou,
conforme o art. 278;
– impossibilitando-se a prestação por
culpa de um dos devedores solidários,
subsiste para todos o encargo de pagar
o equivalente: mas pelas perdas e danos
só responde o culpado (art. 279);
– todos os devedores respondem pelos
juros de mora ainda que a ação tenha
sido proposta somente contra um; mas
o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida (art. 280);
– tudo que disser respeito à própria
obrigação pode ser alegado por
qualquer devedor demandado (art. 281).
6.6.6.2. Aspectos processuais da
solidariedade. A coisa julgada:
– o pagamento parcial devidamente
anotado no título;
– quando um devedor solidário é
acionado, os demais podem intervir
no processo como assistentes
(art. 54 do CPC);
– os efeitos da coisa julgada apenas
para os partícipes da ação.
6.6.6.3. Pagamento parcial:
– se o credor já recebeu
parcialmente a dívida, não poderá
exigir dos demais co-devedores a
totalidade, mas apenas abater o
que já recebeu (art. 277).
6.6.7. Extinção da solidariedade:
– desistência pelos credores;
– falecimento de um dos co-credores, o
seu crédito passará ao seu herdeiro
sem aquela particularidade, salvo se
obrigação indivisível;
– morte de um dos co-devedores
extingue a solidariedade para com
seus herdeiros, mantendo-se quanto
aos demais co-obrigados;
– renúncia do credor, conforme art. 282;
– havendo rateio entre os co-devedores,
para reembolso do devedor que solveu
a obrigação, todos contribuirão, mesmo
aqueles que tiveram a dívida remitida
(art. 284).
6.7. Outras modalidades de obrigações:

6.7.1 Obrigações principais e acessórias:


– obrigações que surgem unicamente
para se agregar a outras;
– o caráter de acessório e principal
pode emanar da vontade das partes
ou da lei;
– constituem obrigações acessórias a uma
obrigação principal, a fiança, o penhor e a
hipoteca (e a anticrese);
– a evicção, acessoriedade que decorre da
própria lei;
– frutos civis, os juros, também configuram
uma obrigação acessória.
6.7.2. Obrigações líquidas e ilíquidas:
– líquidas: a obrigação certa, quanto
à sua existência, e determinada,
quanto ao seu objeto;
– ilíquida: obrigação é ilíquida
quando depende de prévia
apuração para a verificação de seu
exato objeto.
6.7.3. Obrigações condicionais:
– obrigações em que são apostas
cláusulas subordinando-as a
evento futuro e incerto.
6.7.4. Obrigações modais:
– o modo ou encargo como outro
elemento acidental que pode ser
agregado ao negócio jurídico;
– restrição dos encargos aos
negócios gratuitos;
– a aplicação, por analogia, dos
princípios relativos às condições
aos encargos impossíveis, ilícitos
ou imorais (art. 137).
6.7.5. Obrigações a termo:
– a possibilidade de fixação de um
lapso temporal para o cumprimento
nos negócios, e as exceções a essa
possibilidade no Direito de Família;
– a dependência do tempo no termo; o
direito futuro, mas deferido e com
eficácia em suspenso;
– o termo convencional nas
obrigações de direito privado.
6.8. Obrigações de juros. Obrigações pecuniárias
6.8.1. Obrigações de juros:
– a remuneração que o credor pode exigir do
devedor por se privar de uma quantia em
dinheiro;
– juros (ou interesses) como obrigação
acessória da dívida principal, os
chamados frutos civis;
– a possibilidade da obrigação de juros
destacar-se da obrigação principal,
ganhando vida autônoma.
6.8.1.1. Espécies de juros:
– convencionais ou legais, com os
primeiros pactuados e os
segundos determinados pela lei;
– moratórios ou compensatórios.
6.8.1.2. Anatocismo:
– a contagem de juros sobre juros
(ana = repetição, tokos = juros).
6.8.2. Obrigações pecuniárias:
– uma das mais perigosas formas
de usura e a recente orientação
jurisprudencial permitindo a
cobrança de juros sobre juros
dentro do sistema financeiro.

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