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RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL DO DEVEDOR QUANDO O

BEM PERECE OU DETERIORA ANTES DA ENTREGA AO CREDOR

1. INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA – ANTES


DA TRADIÇÃO – entrega efetiva.

 PERECIMENTO BEM – perda total (destruição total)


 DETERIORAÇÃO DO BEM – parcial (destruição parcial)

Das Obrigações de Dar Coisa Certa


Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela
embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das
circunstâncias do caso – presunção relativa: que o acessório acompanha o
bem principal (princípio da gravitação jurídica); salvo se as partes
convencionarem em sentido contrário.

OBS 1: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da


que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

OBS 2: Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o
credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor
os pendentes.
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA

OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR (coisa certa) – com a alienação do bem,


este será transferido para o patrimônio ao credor – transmite a propriedade. Ex:
contrato de compra e venda.

a) PERECIMENTO DA COISA (destruição total): por culpa ou sem


culpa do devedor.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa
do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do
devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

- regra da primeira parte do art. 234: perecimento do bem sem culpa do


devedor antes da entrega ao credor = a obrigação se resolve (extingue) para
ambas as partes, sem o dever de reparar o dano causado ao credor, pois
este deriva de inadimplemento fortuito (art. 393).

- regra da segunda parte do art. 234: perecimento do bem com culpa do


devedor antes da entrega ao credor = inadimplemento culposo absoluto da
obrigação (art. 389) – o devedor deverá indenizar o valor equivalente ao
bem com perdas e danos (juros, correção monetária, honorários
advocatícios, outros danos que forem comprovados).

b) DETERIORAÇÃO DA COISA (destruição parcial): por culpa ou


sem culpa do devedor.

Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o


credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor
que perdeu.

Deterioração do bem sem culpa do devedor antes da entrega ao credor – este


poderá escolher qualquer uma das opções abaixo:
 a obrigação se resolve (extingue) para ambas as partes, sem o
dever de reparar o dano causado ao credor, pois este deriva de
inadimplemento fortuito (art. 393).

 mantém o contrato, porém o credor ficará com o bem


danificado, tendo o direito de pedir o abatimento do valor pago
em comparação ao valor da diminuição econômica do bem e os
gastos para os reparos – sem indenizar perdas e danos.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente,
ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou
em outro caso, indenização das perdas e danos.

Deterioração do bem com culpa do devedor antes da entrega ao credor – este


poderá escolher qualquer uma das opções abaixo:

 inadimplemento culposo absoluto da obrigação (art. 389) – o


devedor deverá indenizar o valor equivalente ao bem com
perdas e danos (juros, correção monetária, honorários
advocatícios, outros danos que forem comprovados) – extinção
do contrato.

 mantém o contrato, porém o credor ficará com o bem


danificado, tendo o direito de pedir o abatimento do valor pago
em comparação ao valor da diminuição econômica do bem e os
gastos para os reparos, com juros, correção monetária,
honorários advocatícios e a reparação de outras perdas e danos
que comprovar – MORA – inadimplemento relativo da obrigação
(art. 395).

OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR – importa na devolução do bem na data


avençada entre as partes contratantes, pois houve apenas o desmembramento
do direito de uso e gozo do bem – transmissão da posse. Ex: contrato de
locação, contrato de comodato.

PERECIMENTO DA COISA
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
 Perecimento do objeto sem culpa do devedor: a obrigação se
resolve (o contrato se extingue) e o credor sofrerá o prejuízo
sem direito à indenização por perdas e danos – inadimplemento
fortuito – art. 393; são assegurados os direitos de credor em
relação aos frutos e rendimentos que o bem produziu, até a data
do perecimento.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente, mais perdas e danos.
 Perecimento do objeto com culpa do devedor: este deverá
indenizar o credor pelo valor equivalente do bem destruído, com
juros e correção monetária, honorários advocatícios, além de
outras perdas e danos sofridas pelo credor e devidamente
demonstradas (extinção do contrato) – inadimplemento culposo
absoluto (art. 389).

DETERIORAÇÃO DA COISA
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor,
recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa
do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
 Deterioração do objeto sem culpa do devedor: o credor sofrerá o
prejuízo sem direito à indenização por perdas e danos,
recebendo o bem no estado em que se encontra –
inadimplemento fortuito – art. 393; são assegurados os direitos
de credor em relação aos frutos e rendimentos que o bem
produziu, até a data do deterioração.

Perecimento do objeto com culpa do devedor: este deverá indenizar


o credor pelo valor equivalente do bem destruído, com juros e correção
monetária, honorários advocatícios, além de outras perdas e danos
sofridas pelo credor e devidamente demonstradas (extinção do contrato)
– inadimplemento culposo absoluto (art. 389).
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente, mais perdas e danos.

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