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2ª Fase XXXIV Exame de Ordem

Direito das Obrigações | Prof.ª Patrícia Strauss

2ª FASE CIVIL XXXIV EXAME

Direito
das Obrigações
Prof.ª Patrícia Strauss

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2ª Fase XXXIV Exame de Ordem
Direito das Obrigações | Prof.ª Patrícia Strauss

2ª FASE CIVIL | XXXIV EXAME

Direito das Obrigações


Prof.ª Patrícia Strauss

1. Considerações Iniciais ....................................................................3


2. Modalidades de Obrigações ...........................................................3
3. Da Transmissão das Obrigações: Arts. 286 - 303......................... 16
4. Adimplemento e Extinção das Obrigações ...................................18
5. Do Inadimplemento das Obrigações ............................................. 28
QUESTÕES DA PROVA ..................................................................35

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1. Considerações Iniciais

Prof.ª Patrícia Strauss


@patriciastraussr

▪ Arts. 233-420 do Código Civil

Elementos constitutivos da obrigação:


▪ Credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo);
▪ Elemento objetivo imediato: prestação
▪ Elemento imaterial: vínculo
No Direito Obrigacional temos os sujeitos envolvidos que são o credor (polo ativo) e o devedor
(polo passivo). O credor tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação e o devedor tem a
obrigação de prestá-la.

1.1 Fontes das obrigações:

Lei, contratos (tidos como principais fontes das obrigações), atos ilícitos e abuso de direito,
atos unilaterais etc.

2. Modalidades de Obrigações

As modalidades de obrigações são: dar, fazer, não fazer, alternativas, indivisíveis e


solidárias.

2.1. Obrigação de Dar

Se divide em: dar coisa certa e dar coisa incerta.


A obrigação de dar coisa certa (Artigos 233-242), por sua vez, se divide em obrigação de
dar coisa certa, modalidade entregar e obrigação de dar coisa certa, modalidade restituir. Tanto
na de entregar ou na obrigação de restituir, o devedor se compromete a ENTREGAR ou
RESTITUIR algo específico, que pode ser tanto bem móvel quanto imóvel.

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2.1.1 Obrigação de dar coisa certa

A - Modalidade entregar.
Um dos exemplos desta modalidade é o contrato de compra e venda, no qual, após efetuar
o pagamento do preço, o comprador se torna CREDOR e o vendedor se torna DEVEDOR.
Para o Código Civil o importante é quando o devedor NÃO cumpre com sua obrigação. Ao
não cumprir, a lei então disciplina a solução.
* Para todos verem: esquema

Com culpa: A obrigação se resolve (volta ao


“status quo ante”) e o devedor deverá pagar ao
credor perdas e danos.
Perecimento (perda total)
Sem culpa: A obrigação se resolve (volta ao
“status quo ante”).

Com culpa: Credor terá duas opções: Resolver a


obrigação ou ficar com a coisa como se encontra
exigindo, em qualquer dos casos, perdas e danos.
Deterioração (perda parcial)
Sem culpa: Credor terá duas opções: receber o
bem como se encontra com abatimento ou
resolver a obrigação (voltar ao estado inicial)

Resolver a obrigação significa voltar ao estado inicial, ao “status quo ante”. Assim o devedor
devolveria o dinheiro ao credor.

B - Obrigação de dar coisa certa: modalidade restituir:


Um dos exemplos de tal modalidade é o contrato de comodato (empréstimo gratuito de
bens), uma vez que o bem dado em comodato, teremos de um lado o comodante como CREDOR
e o comodatário como devedor (com obrigação de restituir, de devolver ao comodante).
Da mesma forma, aqui o Código Civil se preocupa quando o devedor NÃO cumpre com a
obrigação:
* Para todos verem: esquema

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Com culpa: Responderá o comodatário pelo


equivalente do valor do bem mais perdas e danos.

Perecimento
Sem culpa: Se a coisa se perde e não é culpa do
devedor, então ARCARÁ O CREDOR com a perda.
Suporta o credor o prejuízo.

Com culpa: Credor poderá escolher ficar com a coisa


como se encontra OU exigir o equivalente, com perdas
e danos.
Deterioração

Sem culpa: Sofre o credor a perda e deverá receber o


bem no estado em que se encontra.

Importante:
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Se entre o contrato e a entrega do bem, por exemplo, sobreveio melhoramentos no bem, o


devedor poderá exigir aumento no preço a ser pago e se o credor não concordar, poderá então
o devedor pedir a resolução do contrato.

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Artigos do Código Civil para cada tipo de Obrigação:


* Para todos verem: esquema

Exemplo:
compra e venda Com culpa
Art. 234, 2ª parte
do CC
Perecimento
(perda total)
Sem culpa
Art. 234, 1ª parte,
do CC
Entregar
Com culpa
Art. 236, CC
Deterioração
(perda parcial
Sem culpa
Art. 235, CC

Com culpa
Art. 239, CC
DAR COISA Perecimento
CERTA (perda total)
Art. 233 a 242 Sem culpa
do CC Art. 238, CC

Com culpa
Restituir
Art. 240, CC
Deterioração
(perda parcial)
Sem culpa
Art. 240, CC

2.1.2 Obrigação de dar coisa incerta (Artigos 243 – 246):

O objeto da obrigação não é algo específico, mas precisa ser, ao menos, indicado por
gênero e quantidade. Assim, o objeto deve ser, ao MENOS, determinável, ou seja, que vai vir a
ser determinado.
Como exemplo, podemos pensar em um contrato em que credor e devedor estabelecem
que o devedor irá entregar um cavalo da sua fazenda. É, assim, possível que se contrate um

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objeto determinável, mas que, precisará ser escolhido e separado, para que então, possa ser
entregue.
Como regra, aqui e em outros momentos do Código Civil, se nada foi estipulado pelas
partes de outra maneira, a escolha cabe ao devedor.
Há um momento em que a obrigação de dar coisa incerta se torna obrigação de dar coisa
certa. Isso ocorre quando a escolha é feita E o credor é cientificado de tal escolha. Após a
ocorrências destes DOIS fatos, então iremos buscar respostas para o caso de inadimplemento
do devedor, na parte que trata de obrigação de dar coisa certa, já que após a escolha E
cientificação, o que era incerto passou a ser certo.

IMPORTANTE:
Artigo 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa,
ainda que por força maior ou caso fortuito.

Por este artigo, o “gênero nunca perece”. Assim, antes da escolha a obrigação continuava
sendo INCERTA e se houver o perecimento/deterioração, não poderá o devedor alegar em
defesa, ainda que tais fatos tenham ocorrido por caso fortuito ou força maior.

2.2 Obrigação de Fazer: Artigo 247-249 do Código Civil:

Neste caso, não se tem a obrigação um objeto móvel ou imóvel e sim a PRESTAÇÃO
consiste no cumprimento de uma tarefa ou a realização de um serviço, por exemplo. A obrigação
de fazer pode ser fungível ou infungível.

2.2.1: Obrigação de fazer infungível:

Possui natureza personalíssima. Em caso de o devedor não cumprir com a obrigação, o


credor terá as seguintes opções:

A – Exigir o cumprimento da obrigação, por força do artigo 497 do CPC, com cominação de multa
ou
B – Resolver a obrigação e pedir perdas e danos.
*No entanto, se não for culpa do devedor (pintor perde o movimento dos braços e não consegue
mais realizar a pintura que tinha se obrigado) então teremos a obrigação será resolvida (artigo
248).

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Fixação:
Personalíssima
Somente a pessoa que pode cumprir com o seu contrato.
Exemplo: João foi contratado para fazer um show na cidade de Santa Cruz do Sul, logo, somente
João poderá cumprir o contrato.
- Com culpa: resolve + indenização por perdas e danos.
- Sem culpa: o contrato somente se resolve (se desfaz).

2.2.2 Obrigação de fazer fungível:

É aquela que pode ser cumprida por outra pessoa. Em caso de não cumprimento pelo
devedor, poderá o credor optar:
A – exigir o cumprimento forçado da obrigação, no termos do 497 do CPC;
B – pedir o cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário;
C – Poderá requerer a conversão em perdas e danos.

Fixação:
Não personalíssima
Ocorre quando a obrigação pode ser cumprida por terceiro.
Exemplo: Paulo é contratado para pintar a casa de Ana. Caso Paulo não faça a pintura da casa,
há a possibilidade de outra pessoa fazer o serviço. Sendo assim, um terceiro executa o serviço,
e Paulo realiza o pagamento ao mesmo.
Vejamos o que dispõe o art. 249 do Código Civil e seu parágrafo único:

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

2.3 Obrigação de não fazer: (Artigos 250-251):

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Importante destacar o momento em que a pessoa se torna inadimplente na obrigação de


não fazer. O artigo 390 do Código Civil, dispõe que, nas obrigações negativas, o devedor será
considerado inadimplente a partir do dia em que executar o ato no qual deveria se abster.
A obrigação de não fazer, extingue-se quando não é possível abster-se do ato a qual se
obrigou a não praticar, desde que o devedor não tenha culpa (art. 250, CC).

A – Quando o devedor praticou o ato que deveria ser abster, mas é possível desfazer o
que foi feito, é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 251.
- Regra: necessária autorização do juiz: Art. 251 do Código Civil.
- Exceção: Se for urgente, conforme disposto no art. 251, parágrafo único do Código Civil, não
será necessária autorização do juiz.

B – Quando o devedor praticou o ato que deveria se abster, mas não é possível desfazê-
lo, não é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 250.
- Com culpa: ocorrerá a extinção do contrato, e a pessoa será condenada a pagar indenização
por perdas e danos.
- Sem culpa: só será feita a extinção do contrato.

Artigo 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.

2.4 – Obrigações Alternativas: Artigos 252 – 256 do Código Civil:

Nas obrigações alternativas é possível o cumprimento da obrigação através da escolha de


um OU de outro objeto. A obrigação será adimplida no momento em que se efetuar o
cumprimento de 1 dos objetos. Assim, se Maria, devedora, se obrigou a pagar para João 1000
sacas de arroz OU 1000 sacas de farinha, com a entrega de somente um deles, teremos o
adimplemento da obrigação.
Se nada foi estipulado, a escolha caberá ao devedor. Não poderá o credor (João) exigir,
por exemplo, que Maria entregue parte em farinha e parte em arroz. Da mesma forma que não
pode João solicitar tal feito à Maria, também não pode Maria solicitar tal feito para João (entrega
em partes de cada objeto).

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Além disso, se a obrigação se estipulou de forma que ocorram através de prestações


periódicas (todo mês Maria precisa entregar, por exemplo) esta escolha poderá ser exercida em
cada período.
O artigo 253 nos informa que se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. Assim, se uma das
obrigações não puder ser executada (se tornou proibida por lei, por exemplo) então o que era
antes obrigação alternativa, passa a ser obrigação simples, já que o débito subsistirá com relação
à outra prestação.
Artigo 254: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar
*Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Por culpa de Maria,
os dois animais morreram, impossibilitando o cumprimento da prestação. Se a escolha couber a
Maria ou terceiro, por exemplo, temos que ficará Maria obrigada a pagar o valor da que por último
se impossibilitou (o último animal que morreu, por exemplo) mais perdas e danos.

Artigo 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível
por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização
por perdas e danos.

Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Aqui, um dos
objetos se tornou impossível (um animal morreu, por exemplo) por culpa do devedor poderá o
credor João exigir o outro animal OU o valor do animal que morreu com perdas e danos. Se os
dois morreram por culpa de Maria, então o credor poderá reclamar o valor de um OU de outro,
além de indenização por perdas e danos. Vale lembrar que neste artigo, a escolha cabia para
João.
Já se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação, conforme artigo 256 do CC.

2.5 – Obrigações Divisíveis e Indivisíveis Artigos 257 – 263.

A classificação em divisível ou indivisível somente possui relevância quando tivermos mais


de um devedor ou mais de um credor.

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Obrigação divisível: pode ser cumprida de maneira fracionada. Exemplo: 1000 sacas de
arroz.
Obrigação indivisível: não pode ser cumprida em partes. Exemplo: 1 cavalo.

2.5.1: Obrigação divisível:

O artigo 257 trata sobre a obrigação divisível e nos informa que sendo a obrigação assim,
ela será dividida entre tantos credores e devedores houver. Assim, se Maria e Carla são
devedoras de R$100.000,00 (cem mil reais) de João, que é o credor, de acordo com o artigo
257, João somente poderá exigir R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de cada uma: “Havendo mais
de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”.

2.5.2: Obrigação indivisível:

Segundo o artigo 258 a obrigação é indivisível A obrigação é indivisível quando a prestação


tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por sua natureza, por motivo de
ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Pode assim, ser natural
(animal, por exemplo) por motivo de ordem econômica (uma pedra preciosa) ou então legal
(imposta pela lei).

Regras da obrigação indivisível:

A – PLURAL DE DEVEDORES:
Maria e Carla são devedoras de 1 animal (indivisível) para João (credor). João poderá
cobrar a dívida toda (animal) somente de uma. Aquela que entregar para João o animal, poderá
cobrar da outra a quota parte do valor do animal.
Artigo 259: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um
será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação
aos outros coobrigados.

B – PLURAL DE CREDORES:

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Maria é devedora de 1 animal para João e Carlos, que são os credores de Maria. Tanto
João quanto Carlos poderão exigir de Maria o animal, mas Maria só se desobriga da dívida
entregando para João e Carlos em conjunto ou então entregando para João, que dará caução
(garantia) que o outro credor irá ratificar.

Artigo 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira;
mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

Lembrando que aquele credor que receber o animal, deverá pagar em dinheiro a quota
parte dos outros credores (artigo 261).

C – REMISSÃO: Artigo 262


Se um dos credores perdoar (remitir) a dívida, não teremos a extinção dela, mas tão
somente o desconto da quota do credor que perdoou. Isso também ocorre em caso de transação,
novação, compensação ou confusão.

D – PERDA DA QUALIDADE DE INDIVISÍVEL: Artigo 263.


A obrigação indivisível perde esta qualidade, quando se converter em perdas e danos.
Perdas e danos é uma obrigação de dar e que é divisível. Se todos os devedores foram culpados,
todos responderão em partes iguais. Se somente um for o culpado, fica o culpado com a
responsabilidade de pagar perdas e danos.

2.6 – Obrigações solidárias: Artigos 264-285.

Tanto quanto na divisibilidade e indivisibilidade, somente há importância em se discutir


sobre obrigações solidárias se tivermos MAIS de um credor ou devedor. E, como regra principal
da solidariedade, temos que cada CREDOR pode exigir de cada DEVEDOR o cumprimento da
obrigação por inteiro. Da mesma forma, cada DEVEDOR pode pagar a qualquer um de seus
CREDORES, a dívida toda.

IMPORTANTE:
A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

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2.6.1 Solidariedade ativa: Artigos 267 - 274

Regras da solidariedade ativa:

A – CREDOR PODE EXIGIR A PRESTAÇÃO POR INTEIRO:


De acordo com o artigo 267, cada credor poderá exigir o cumprimento da obrigação por
inteiro. Além disso, enquanto algum credor não ajuizou ação contra o devedor, este mesmo
devedor poderá pagar para qualquer um dos credores e estará liberado (artigo 268).
Em adição, a dívida será extinta até o valor que for pago. Assim, se Maria deve R$50.000,00
(cinquenta mil reais) para João e Carlos, seus credores, e pagar R$40.000,00 para um deles,
ainda assim ficará devendo R$10.000,00 (dez mil reais).

B – FALECIMENTO DE UM DOS CREDORES SOLIDÁRIOS:


Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes herdeiros
somente terá direito a exigir e receber a quota de crédito que corresponde ao seu quinhão
hereditário, salvo se for obrigação indivisível.
Digamos que Maria, devedora, deve R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para João e Carlos,
seus credores solidários. João tem 2 filhos, A e B. João falece. Sendo a quota de João o valor
de R$25.000,00, cada filho poderia cobrar de Maria a quantia de R$12.500,00.
Um ponto muito importante na solidariedade ativa é a de que ainda que qualquer um dos
credores possa cobrar a dívida toda, ele não terá direito ao valor todo. Após cobrar a totalidade
da dívida, por exemplo, deverá entregar as quotas partes aos demais credores.

C – MANUTENÇÃO DA SOLIDARIEDADE
Ao contrário da indivisibilidade, se a prestação se converter em perdas e danos, a
solidariedade se mantém (artigo 271).

D – REMISSÃO POR UM DOS CREDORES:


Se um dos credores remitiu a dívida, responde aos demais pelas partes que lhes caibam.
Assim, se João perdoou a dívida de Maria, que era de R$50.000,00 deverá responder para com
as quotas partes dos demais, já que os demais não perdoaram.

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E – EXCEÇÕES PESSOAIS:
Exceções pessoais são defesas de mérito que podem ser arguidas como, por exemplo,
vícios do consentimento (erro, dolo...) e também incapacidades, por exemplo. Na obrigação
solidária ativa o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais credores, somente
contra aquele credor que fez negócio viciado.

2.6.2 Solidariedade Passiva: Artigos 275 – 285.

Regras da solidariedade passiva:

A – COBRANÇA DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA


A principal regra aqui é a de que, havendo mais de um devedor, o credor poderá exigir de
qualquer um o pagamento da dívida toda.
Assim, se Maria e Carla são devedoras de R$50.000,00, Carlos seu credor, poderá cobrar
a totalidade da dívida somente de Maria, por exemplo.
Se o pagamento foi parcial, ainda assim continuam as duas devedores como obrigadas à
totalidade da dívida.

B – MORTE DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS:


Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado
a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos
demais devedores.
Assim, se Maria e Carla são devedores de R$50.000,00 e Maria falece, deixando dois
herdeiros: A e B. Cada um dos herdeiros será responsável apenas pela sua quota parte. Assim,
João-credor, somente poderia cobrar de A o valor de R$12.500,00, por exemplo.

C – REMISSÃO E PAGAMENTO PARCIAL:


Se o pagamento parcial foi realizado por um dos devedores, ou houve o perdão da dívida
para um dos devedores, isso não irá atingir os demais devedores solidários. O que os demais
devedores terão é um desconto na parte paga parcial ou na parte remitida (perdoada).

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D – IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAÇÃO:
Se a prestação por culpa de um dos devedores solidários ficar impossibilitada, a obrigação
irá subsistir para TODOS de pagar o valor desta obrigação. Pelas perdas e danos somente
responderá o culpado.

E – EXCEÇÕES PESSOAIS:
Segundo o artigo 281 o devedor demandado por opor ao credor as exceções que lhes forem
pessoais e as comuns a todos. Como exemplo, podemos pensar que qualquer devedor poderá
alegar a prescrição da divida, já que são defesas comuns. Já vícios do consentimento, por
exemplo (exceções pessoais) somente poderão ser usados pelo devedor que sofreu.

F – RENÚNCIA:
É possível que o credor renuncie de forma parcial a solidariedade (somente para um
devedor, por exemplo) ou total (em favor de todos os devedores).
Exemplo: João credor e possui 3 devedoras: Maria, Carla e Joana, que devem
R$30.000,00. João renunciou a solidariedade com relação à Maria. Assim, Maria somente
poderá ser cobrada de R$10.000,00, enquanto Carla e Joana poderão ser demandadas por
R$20.000,00.

G – DEVEDOR INSOLVENTE:
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
Assim, no caso de João credor ter três devedoras solidárias: Maria, Carla e Joana. Se uma
delas efetuar o pagamento da obrigação, poderá solicitar que as demais paguem as quotas
partes de cada. Se uma delas for insolvente, a sua quota parte será dividida entre os outros co-
devedores.

IMPORTANTE:

Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos


devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes.

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3. Da Transmissão das Obrigações: Arts. 286 - 303

É importante destacar o título da matéria a ser examinada: As obrigações são transmitidas.


Assim, não há o adimplemento, inadimplemento etc. O que há é a transmissão de uma obrigação
de um sujeito para o outro.

3.1: Cessão de crédito: (Art. 286 – 298).

▪ Negócio jurídico bilateral;


▪ Gratuito ou oneroso;
▪ Credor transfere a outra pessoa total ou parcialmente a sua posição da relação
obrigacional.
Partes da cessão de crédito: Cedente e Cessionário.
Com a cessão se transfere todo o crédito, inclusive com seus acessórios. Um ponto muito
importante é que para que ocorra a cessão não é necessário o consentimento do devedor.

OBSERVAÇÕES

Não é possível ceder o crédito em alguns casos (alimentos, por exemplo);


A impossibilidade de cessão pode estar no documento (instrumento obrigacional) que
então impede qualquer tipo de cessão.
A regra proibitiva de cessão não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé se não constar
no próprio instrumento.

Como as demais regras do CC, a cessão entre partes possui total eficácia, não
necessitando inclusive forma escrita. Porém, para que tenha eficácia perante terceiros, é
necessária a celebração de um acordo escrito, por meio de instrumento público ou particular.
Ainda que para que ocorra a cessão de crédito não seja necessária a participação do
devedor (já que o credor-cedente está cedendo o crédito para outra pessoa – cessionário), é
porém imprescindível que o devedor seja notificado. Esta notificação pode ocorrer de forma
judicial ou extrajudicial (artigo 290). Também pode ocorrer a notificação presumida, na qual no
próprio documento de cessão de cedente para cessionário, o devedor informa que está ciente
da cessão.

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Em decorrência do princípio da boa-fé, o devedor que não sabia que tinha havido a cessão
de crédito (não foi notificado, por exemplo) e que paga ao devedor primitivo, não terá que pagar
novamente.
De acordo com o artigo 294 as exceções (defesas) que o devedor poderia opor ao seu
antigo credor (cedente) poderão ser opostas também contra o novo (cessionário).

MUITO IMPORTANTE:

Na cessão onerosa (cessionário cobra algo do cedente pela cessão de crédito,


por exemplo) o cedente fica responsável pela EXISTÊNCIA da dívida para com o
cessionário, mas não pelo pagamento a ser feito pelo devedor.
Exemplo de cessão onerosa: “Factoring” (cheques são vendidos por valores menores).
Além disso, o cedente não responde pela solvência do devedor. Se o devedor não pagar
ao cessionário, não poderá o cessionário cobrar a dívida do cedente. Salvo disposição em
contrário (conforme artigo 296).
Se ficar estipulado que o cedente responde pela solvência do devedor (artigo 297) o
cessionário responderá apenas com relação ao que recebeu do cessionário, com
respectivos juros.

3.2 Assunção de Dívida: (Artigos 299-303).

Negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor com a anuência do credor transfere a um terceiro
a posição de devedor em uma obrigação. Consoante artigo 299: É facultado a terceiro assumir
a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da
dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Por exemplo: João é credor e Maria devedora. Carla, amiga de Maria, se oferece para
ASSUMIR a dívida que Maria tem para com João. Com a concordância de João, Maria se libera
da obrigação, nada mais devendo para João (a não ser que Carla era insolvente, caso em que
Maria voltaria para o polo passivo da obrigação). O novo devedor é chamado de terceiro assuntor
(Carla).

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Diz o artigo 300 que a partir da assunção deverão ser consideradas extintas as garantias
especiais dadas pelo devedor primitivo (Maria). Salvo se Maria concordar que tais garantias irão
permanecer.
Já o artigo 301 trata que se a substituição do devedor vier a ser anulada, o débito será
restaurado, com todas as garantias, salvo as prestadas por terceiro (a não ser que este terceiro
estava mancomunado com o devedor primitivo, que sabia do vício).

4. Adimplemento e Extinção das Obrigações

4.1 – DO PAGAMENTO:

Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação (e,
como consequência a extinção de credor e devedor) é necessário que se cumpra o pagamento
com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga, o que se paga, onde se paga e quando
se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a extinção da obrigação através do
pagamento. Se uma delas não for cumprida, poderá ser aplicado o ditado de que: “quem paga
mal, paga duas vezes.”
* Para todos verem: esquema

Quem paga;

Para quem se paga;

Qual o objeto do pagamento;

Lugar do pagamento;

Tempo do pagamento.

REQUISITOS

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4.1.1 De quem deve pagar: Artigos 304-307.

Um ponto muito importante aqui é que usa as palavras solvens (que paga) e accipiens
(quem recebe) e não exatamente credor e devedor. Isso porque outras pessoas além do devedor
podem pagar e outras pessoas além do credor podem receber.

MUITO IMPORTANTE:
Quem paga:
▪ Devedor
▪ Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor
primitivo.
▪ Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, mas tem
direito de regresso contra o devedor. Isso se fizer o pagamento em seu nome. Se fizer em
nome do devedor, será como uma doação e então não terá direito à reembolso.
Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor se opuser
poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.
Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em oposição
ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se este último tinha
meios para ilidir a ação.

4.1.2: Para quem se paga:

O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor.

MUITO IMPORTANTE:

Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda


provado que depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309).
Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas se
provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido.

Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as


circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.

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4.1.3 Objeto de pagamento e sua prova: Artigos 313 – 326

▪ Objeto do pagamento: Art. 313 a 318 do Código Civil


▪ Prova: Art. 319 a 326 do Código Civil

4.1.3.1: OBJETO

Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar ou
receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da mesma forma,
sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a prestação se assim não se
estipulou
Princípio do Nominalismo: Artigo 315. As dívidas em dinheiro devem ser pagas em moeda
corrente nacional e pelo valor nominal.
É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de acordo com o artigo
316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente. Para que ocorra é necessária uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade
excessiva. Estaria aqui consagrada a teoria da imprevisão.

MUITO IMPORTANTE:

Contratação de pagamento em moeda estrangeira e em ouro, quando não há


autorização legislativa, é tida como NULA – Artigo 318.
Para o STJ não há nulidade caso o pagamento seja cotado em moeda estrangeira ou em
ouro, mas há o valor correspondente em reais, por conversão. REsp 1.323.219/RJ

4.1.3.2: PROVA:

O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não lhe
for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se encontram
no artigo 320:
Artigo 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará
o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o
tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

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Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do “caput”


do artigo 320. Contudo, caso não possua todos requisitos, poderá ainda assim o pagamento ser
comprado por outros meios.

PRESUÇÕES DE PAGAMENTO: São presunções relativas (admitem prova em contrário).


▪ Artigo 322: Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
▪ Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.
Juros são acessórios. Uma vez pago o principal, presume-se que os acessórios também
foram pagos.
▪ Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
▪ Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em
sessenta dias, a falta do pagamento.
▪ Art. 325: Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação;
se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.

4.1.4 Do lugar de pagamento: Artigos 327 – 330.

Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor.
Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o pagamento.
Domicílio do devedor – dívida quesível ou quérable.
Domicílio do credor ou outro domicílio escolhido dívida portável ou portable.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado
o pagamento. Importante lembrar que se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em
prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Muito importante:

Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.

Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação da
“SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”.
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do tempo.

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Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo domicílio
para efetuar o pagamento.

4.1.5 Do tempo de pagamento: Artigos 331-333.

Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá se exigido à vista (cuidar o contrato de
mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso
ocorre:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais,
e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Para a doutrina, esse rol não é taxativo e sim exemplificativo.

1 – Da consignação em pagamento: 334 - 345


Depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que consiga se liberar da
obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de Processo Civil, artigos
539 e seguintes do CPC.
O depósito pode ser feito de forma judicial ou em estabelecimento bancário da coisa
devida (neste caso, somente dinheiro e é chamada de consignação extrajudicial).
Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor, que
não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequencias do inadimplemento.
As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335:
A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na
devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar
incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

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IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;


V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
*Para vários doutrinadores, este rol seria exemplificativo.
Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse
realizado o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE PAGAMENTO, é
necessário que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento.

MUITO IMPORTANTE:
A consignação deverá ser requerida no LUGAR do pagamento – artigo 337 do
CC.
Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor
consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a
qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do
pagamento.
Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente
excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. Este é o único caso em que um
credor pode pedir a consignação.

3 – Do pagamento com sub-rogação: Art. 346 - 351


A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra,
realizada através do pagamento.
O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para
que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação
obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do devedor
(que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que era seu antigo
fiador).
Importante destacar que na sub-rogação não há a EXTINÇÃO da dívida e sim a
substituição de uma pessoa por outra através do pagamento. Não há o surgimento de nova
dívida. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias
do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

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Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional:


* Para todos verem: esquema

Sub-rogação legal ou automática (deriva Sub-rogação convencional (deriva do


da lei). Está no artigo 346: contrato). Está no artigo 347:

I - do credor que paga a dívida do devedor


comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que I - quando o credor recebe o pagamento de
paga a credor hipotecário, bem como do terceiro e expressamente lhe transfere
terceiro que efetiva o pagamento para não todos os seus direitos;
ser privado de direito sobre imóvel; (alguém II - quando terceira pessoa empresta ao
pode pagar a dívida para se afastar de devedor a quantia precisa para solver a
eventual evicção). dívida, sob a condição expressa de ficar o
III - do terceiro interessado, que paga a mutuante sub-rogado nos direitos do credor
dívida pela qual era ou podia ser obrigado, satisfeito.
no todo ou em parte.

Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor,


senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

4 – Da imputação em pagamento: Artigos 352-355

Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com um
mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual delas
ele quer pagar.
Requisitos para a imputação:
▪ Mesmo credor e devedor
▪ Plural de dívidas
▪ Líquidas e vencidas

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▪ Débitos da mesma natureza.

Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se o
devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 353). Caso nem o
devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei, no seu
artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: Se o devedor não fizer a indicação do
art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas
em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação
far-se-á na mais onerosa. Assim:
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros/
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na mais
onerosa.

5 – Dação em pagamento: Artigo 356-359:


A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado.
Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor aceita
receber objeto diverso do contratado.
Para que haja dação, podemos ter então a substituição de dinheiro por bens móvel ou imóvel,
de uma coisa por outra, de dinheiro por fato etc.
Muito importante: Artigo 359:

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a


obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros.

6 - Novação : Artigo 360 – 367


Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova.
O principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias.
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita
novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado.
Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está expresso
no artigo 361.

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Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.
No artigo 360 temos as hipótese de novação.
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
▪ Temos aqui a novação REAL.
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
▪ Chamada de novação subjetiva passiva, já que além da criação de nova dívida,
extinguindo a anterior, também temos a troca do polo passivo (devedor).
▪ Se o devedor original não foi chamado para consentir (artigo 363) teremos a novação
subjetiva passiva por expromissão.
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor
quite com este.
▪ Chamada de novação subjetiva ativa, já que além da criação de nova dívida, extinguindo
a anterior, também temos a troca do polo ativo (troca de credor).

Súmula 286 STJ


A renegociação de contrato bancário ou a confissão de dívida não impede a possibilidade de
discussão sobre eventuais ilegalidades nos contratos anteriores.”

7 - Compensação: Artigos 368 – 380


Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das outras,
extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem.

Requisitos:
▪ Sujeitos são credores e devedores entre eles;
▪ Dívidas líquidas vencidas e fungíveis;
▪ Se houver determinação de qualidade, somente se compensam se for a mesma
qualidade.

A compensação pode ser:


A – legal: decorre da lei e independe da vontade das partes.

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B – convencional: decorre de acordo de vontades entre as partes. Não há necessidade de


pressupostos como dívidas líquidas e vencidas, etc., já que sendo Direito Privado, as partes
podem convencionar como lhes aprouver.

Prazos de favor não obstam a compensação (artigo 372). Prazos de favor são prazos que
os credores dão para seus devedores, de forma a aumentar o prazo para pagamento.
A diferença da causa, do motivo pela qual a compensação pode ocorrer, não impede
compensação. No entanto, há casos em que não é possível a compensação (artigo 373):
I - se provier de esbulho, furto ou roubo (presença de atos ilícitos);
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de
renúncia prévia de uma delas.
Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem
dedução das despesas necessárias à operação.
Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no
compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.

8 - Confusão: Artigo 381 – 384


A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor e devedor.
Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”.
Ela pode ser total ou parcial, ou seja, ocorrer com relação a toda a dívida ou somente de
parte dela.
Como exemplo, podemos pensar que alguém deve uma quantia ao seu pai. Esse pai então
falece e esse filho irá receber herança. Teremos a extinção da dívida, já que o filho irá receber a
herança.

9. Remissão de dívidas: Artigos 385 – 388


A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. No entanto, para
que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele ACEITE o perdão. Assim, é um
negócio jurídico bilateral.
A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela.

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Há formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão tácita


ocorre no artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, por exemplo) ao
devedor. No entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado (garantia do penhor) não significa
que perdoou a dívida, mas sim que não quer mais a garantia – artigo 387.

Para não confundir:


Consignação: quando se quer realizar o pagamento, no sentido de cumprir com a obrigação,
mas não se consegue, então se consigna.
Sub-rogação: substituição de uma pessoa por outra realizada através do pagamento.
Imputação: escolhe qual dívida, líquida e vencida, se quer pagar.
Dação: quando o credor aceita receber um objeto diferente do contratado.
Novação: contratação de nova dívida para extinguir a anterior.
Compensação: mesmo credor e devedor com reciprocidade de dívidas líquidas e vencidas.
Remissão: Perdão e que precisa da concordância do devedor.
Confusão: confunde na mesma pessoa, as figuras do credor e devedor.

5. Do Inadimplemento das Obrigações

Capítulo I – Das disposições gerais: 389-393.

O Código Civil dá grande importância para o inadimplemento das obrigações. Temos aqui
a responsabilidade civil contratual, que se encontra nos artigos 389 e seguintes.
A partir do inadimplemento, nasce o dever de indenizar perdas e danos (artigos 402, 403
e 404 do CC).

Temos dois tipos de inadimplemento:

▪ Inadimplemento relativo, parcial ou mora: Descumprimento parcial em que a obrigação


ainda pode ser adimplida.
▪ Inadimplemento total ou absoluto: A obrigação não pode mais ser cumprida. Ela se
tornou inútil para o credor.

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Como regra, de acordo com o artigo 389 não cumprida a obrigação, responde o devedor
por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado. No entanto, (artigo 393) o devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado. Caso fortuito é evento totalmente imprevisível. Força maior é evento previsível,
porém inevitável. Na parte final do artigo 393 é dito que se a parte assumir o risco (Cláusula de
assunção convencional) então mesmo em caso fortuito/força maior irá responder.

Capítulo II – Da mora: Artigos 394 – 401

Mora é atraso, retardamento ou até mesmo o cumprimento inexato da obrigação que,


então, traduz o não cumprimento do contrato e, assim, a mora. A mora pode ser tanto do credor
quanto do devedor.
Estar em mora é não cumprir a obrigação no tempo, forma, objeto, enfim, a maneira como
foi originalmente contratado.
Mora do devedor: Artigo 394: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento
e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer.
O devedor em mora responde pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização
dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado (artigo 395).
->Chamada de “mora solvendi” ou “mora debendi”.
Obs.: Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora (artigo
396). Assim, se a obrigação não for cumprida em razão de algo que não seja culpa do devedor,
não teremos a caracterização da mora. Esse aspecto é bem importante, já que informa que para
que haja a mora, é necessário que haja a CULPA do inadimplente. Se não houver culpa, não
teremos mora.

Classificação da mora:
A – Mora “ex re” ou mora automática: Se houver data para adimplemento da obrigação e não for
cumprida, temos que o seu inadimplemento já constitui automaticamente em mora o devedor.

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B – Mora “ex persona” ou mora pendente: Se não houver data (termo), a mora precisa primeiro
ser constituída através de interpelação judicial ou extrajudicial.
C – Mora irregular ou presumida: Artigo 398: Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.

Mora do credor: Artigo 400: A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas
empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor,
se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
A mora do credor é chamada de mora “accipiendi, creditoris ou credenti”.
Há ainda a colocação do artigo 399, que trata sobre a responsabilidade do devedor que, em
mora, responde pela impossibilidade da prestação, mesmo que essa impossibilidade resulta de
caso fortuito ou força maior. O devedor poderá se isentar de tal responsabilidade se comprovar
que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse cumprida pelo devedor.
Como com a mora (inadimplemento relativo) é possível o cumprimento da obrigação,
podemos ter então a chamada PURGA DA MORA: Artigo 401:

Art. 401. Purga-se a mora:


I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos
efeitos da mora até a mesma data.

Inadimplemento absoluto da obrigação: Não cumprida a obrigação, temos o artigo 389, que
diz que o inadimplente responde pelo valor do objeto, mais perdas e danos, juros, cláusula penal
(se prevista) atualização monetária, custas e honorários do advogado (somente teremos
honorários se o advogado participou efetivamente).
Entende a doutrina que a menção aos honorários no artigo 389 e também no 404 é de honorários
contratuais e não sucumbenciais.

Obs.: Entendimentos doutrinários:


▪ Mora “ex re”: Juros moratório passam a contar a partir do vencimento da obrigação.
▪ Mora “ex persona”: Juros moratórios passam a contar a partir da citação.

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▪ Mora presumida ou irregular: a partir da ocorrência do evento danoso. Súmula 54 do STJ:


“OS JUROS MORATORIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM CASO DE
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL”.

▪ Súmula 380 STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a
caracterização da mora do autor.
▪ Súmula 369 STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula
resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.
▪ Súmula 412 STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento,
a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do
processo.
▪ Súmula 562 STF: Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a
atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, os índices de
correção monetária.
▪ Súmula 426 STJ: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da
citação.

Capítulo III – Das perdas e danos: Artigos 402-405


Segundo o artigo 402 as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu (danos emergentes ou positivos), o que razoavelmente deixou de lucrar
(lucros cessantes ou danos negativos).
Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual. Assim, não é possível a reparação de dano hipotético ou eventual.

Capítulo IV – Dos juros legais: Artigos 406-407


Um dos principais efeitos do inadimplemento contratual é a incidência de juros.
Classificação dos juros:
A. convencionais: decorrem de um contrato entre as partes;
B. legais: decorrem da lei

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C. moratórios: Decorrem do descumprimento parcial da obrigação (que é o significado de mora).


São devidos desde a constituição da mora e não dependem de alegação/comprovação do
prejuízo (artigo 407).
Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou
quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor
para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
D. compensatórios ou remuneratórios: decorrem de uma utilização acordada de determinado
capital.
Observar Súmulas relativas ao tema:
▪ Súmula 283 do STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições
financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da
Lei de Usura.
▪ Súmula 596 STF: As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de
juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou
privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional.
▪ Súmula 530 STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de
juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do
instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada
nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor

Capitulo V – Da cláusula penal: Artigos 408 - 416


Clausula penal é uma punição, penalidade de natureza CIVIL e tem a ver com o
inadimplemento obrigacional. Também é chamada de multa contratual ou pena convencional.
Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É uma
obrigação acessória e tem o fim de obter o cumprimento do contrato.
A cláusula penal pode ser classificada em: clausula penal moratória e clausula penal
compensatória.

1 – Clausula penal moratória: caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o


cumprimento. Serve para a punição de quem retardou em efetuar o pagamento. Não compensa
o inadimplemento, nem substitui o pagamento.

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A doutrina entende que a multa moratória deve ter um teto de até 10% sobre o valor da dívida.
Já para contratos de consumo, o valor é de até 2%.
O artigo 411 trata especificadamente da clausula penal moratória, já que diz: Quando se estipular
a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada,
terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho
da obrigação principal. Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o
cumprimento da obrigação E o cumprimento da clausula penal moratória.

2 – Clausula penal compensatória: no caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função
de antecipar as perdas e danos
Aqui temos a aplicação da regra do artigo 412: O valor da cominação imposta na cláusula
penal não pode exceder o da obrigação principal.
Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação E também a multa
compensatória: Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor (artigo 410).
*Se a clausula penal tiver um valor excessivo, deverá o juiz reduzir: A penalidade deve ser
reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o
montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio. (artigo 413).
Importa lembrar que o STJ entende que se houver clausula penal para uma parte do contrato e
quem infringiu foi a outra parte (que não tem previsão de cláusula penal) ela deve ser aplicada
para ambos os contratantes, indistintamente, ainda que redigida para a aplicação de apenas uma
das partes.
->Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a incidência
da clausula penal: Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo (artigo 416).
Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a pena vale como
mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
***Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos
decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver previsto tal

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possibilidade, a multa compensatória será já o mínimo de indenização. Cabe ao credor então


comprovar o prejuízo excedente.

Capítulo VI – Arras ou Sinal: Artigos 417 - 420


Como o próprio nome nos ensina, arras é um sinal dado em um negócio, em dinheiro ou
outro bem móvel entregue por uma parte à outra. Tal sinal irá constar em um contrato preliminar.
São muito comuns em promessa de compra e venda de imóvel.

Há dois tipos de arras:


1 – Confirmatórias: Quando não há a possibilidade de arrependimento quanto à celebração do
contrato definitivo. Teremos então o artigo 418:
Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-
as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por
desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
->A parte que sofreu com o inadimplemento do outro poderá pedir indenização suplementar ou
execução: “A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,
valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do
contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.” – Artigo 419.
Como não há possibilidade de arrependimento, não cumprido o contrato, já incide as arras.
Sem clausula de arrependimento e com perdas e danos.

2 – Penitenciais: Quando consta no contrato a possibilidade de arrependimento. Aqui as arras


terão função unicamente indenizatória, já que as partes podiam se arrepender, se assim
quisessem. Está no artigo 420: Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para
qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem
as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o
equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
Com clausula de arrependimento e sem perdas e danos
Obs.: Súmula 412 do STF: Súmula 412

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No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do


sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dôbro, por quem o recebeu, exclui indenização
maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.

QUESTÕES DA PROVA
(XXIV Exame– FGV) Após se aposentar, Álvaro, que mora com sua esposa em Brasília, adquiriu
de Valério um imóvel, hipotecado, localizado na cidade do Rio de Janeiro, por meio de escritura
pública de cessão de direitos e obrigações.
Com a intenção de extinguir a hipoteca, Álvaro pretende pagar a dívida de Valério, mas encontra
obstáculos para realizar o seu desejo, já que a instituição credora hipotecária não participou da
aquisição do imóvel e alega que o pagamento não pode ser realizado por pessoa estranha ao
vínculo obrigacional.
Diante dessa situação, responda aos itens a seguir.
A) Qual é a medida judicial mais adequada para assegurar o interesse de Álvaro? (Valor: 0,85)
Gabarito comentado FGV: Álvaro é terceiro interessado no pagamento desta dívida, sendo,
portanto, parte legítima para ingressar com uma ação de consignação em pagamento, meio mais
adequado conducente à exoneração do devedor, nos termos do Art. 304 do Código Civil.
B) Qual o foro competente para processar e julgar a referida medida? (Valor: 0,40)
Gabarito comentado FGV: O foro competente é o da cidade do Rio de Janeiro, o lugar do
pagamento, como prescreve o Artigo 540 do CPC/15.

DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS


ITEM PONTUAÇÃO
A. Ação de consignação em pagamento (0,45), já que Álvaro é 0,00 / 0,45 / 0,55 /0,75 /
terceiro interessado e, portanto, parte legítima (0,30), nos termos do 0,85
art. 304 do CC OU do art. 539 do CPC/15.
B. O foro competente é o da cidade do Rio de Janeiro (0,30), 0,00 / 0,30 / 0,40
conforme o art. 540 do CPC/15 (0,10).

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(XX Exame Reaplicação Porto Velho / RO - FGV) Avelino, Ferdinando e Tábata, engenheiros
recém-formados, resolveram iniciar em conjunto um negócio, sem constituir pessoa jurídica, cujo
objeto seria a reforma de imóveis usados. Para dar início à empreitada, os três se utilizaram de
financiamento bancário, assumido em caráter solidário, com prazo de pagamento de dois anos.
O negócio se desenvolveu bem, mostrando-se lucrativo, e os três engenheiros foram compondo
uma reserva financeira que se destinaria a pagar o empréstimo. A quantia necessária acaba por
ser amealhada com seis meses de antecedência.
Avelino, responsável pela gestão econômico-financeira do empreendimento, decidiu manter o
dinheiro aplicado até o vencimento da dívida, em vez de antecipar o pagamento. Ocorre que
Avelino esqueceu de pagar a dívida, razão pela qual, Ferdinando e Tábata, receberam
interpelação do banco credor, exigindo o pagamento imediato da dívida, acrescida da multa
contratual e dos juros de mora.
Com vistas a evitar maiores constrangimentos e na impossibilidade de se comunicar com
Avelino, um deles, Ferdinando, resolveu quitar, com recursos próprios, a dívida toda.
Com base no caso narrado, responda aos itens a seguir.
A) O que Ferdinando poderá exigir de cada um dos demais devedores solidários? (Valor: 0,70)
Gabarito comentado FGV: Tratando-se de solidariedade passiva, todos os três devedores são
obrigados, perante o credor, pela dívida toda (Art. 275 do Código Civil). Na hipótese de um deles
efetuar o pagamento, este se sub-roga nos direitos do credor em face dos demais, podendo
exigir, de cada um, a sua cota-parte, conforme Art. 283 do Código Civil. No entanto, apenas o
devedor culpado responde, perante os demais, pelos acréscimos derivados da mora, segundo o
Art. 280 do Código Civil. Sendo assim, se Ferdinando pagar a dívida toda, poderá exigir de
Tábata o equivalente a um terço da obrigação principal e de Avelino o equivalente a um terço da
obrigação principal, além do valor integral da multa e dos juros de mora.
B) Se Ferdinando fosse citado pelo banco, em ação de cobrança ajuizada sob o procedimento
comum, poderia ele promover a inclusão dos demais devedores na relação processual, a fim de
exigir-lhes o que de direito nos mesmos autos? De que forma? (Valor: 0,55)
Gabarito comentado FGV: Sim. Para isso, Ferdinando deverá promover o chamamento ao
processo dos demais devedores solidários, com fundamento no Art. 130, inciso III, do CPC/15.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS
ITEM PONTUAÇÃO

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A) Fernando poderá exigir de Tábata um terço da obrigação principal 0,00 / 0,20 / 0,30 / 0,40
(0,20) (art. 283 do CC)(0,10). Fernando poderá exigir de Avelino um / 0,50 / 0,60 / 0,70
terço da obrigação principal e, ainda, a integralidade dos acréscimos
moratórios – multa penal e juros de mora (0,30) (art. 280 do CC)
(0,10).
B) Sim. Meio adequado à pretensão: chamamento ao processo 0,00 / 0,45 / 0,55
(0,45), conforme o art. 130, inciso III, do CPC/15 (0,10).

(XVII Exame – FGV) Mario e Henrique celebraram contrato de compra e venda, tendo por objeto
uma máquina de cortar grama, ficando ajustado o preço de R$ 1.000,00 e definido o foro da
comarca da capital do Rio de Janeiro para dirimir quaisquer conflitos. Ficou acordado, ainda, que
o cheque nº 007, da Agência nº 507, do Banco X, emitido por Mário para o pagamento da dívida,
seria pós-datado para ser depositado em 30 dias. Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou
desempregado. Decorrido o prazo convencionado, Henrique efetuou a apresentação do cheque,
que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi
compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Mário nos cadastros de
inadimplentes.
Passados dez meses, Mário conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de Henrique, que
permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-o a fim de quitar o débito.
Entretanto, Henrique havia se mudado e Mário não conseguiu informações sobre seu paradeiro,
o que inviabilizou o contato pela via postal.
Mário, querendo saldar a dívida e restabelecer seu crédito perante as instituições financeiras
procura um advogado para que sejam adotadas as providências cabíveis.
Com base no caso apresentado, elabore a peça processual adequada. (Valor: 5,00)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
Gabarito comentado FGV (ATENÇÃO: NESTE EXAME FOI UTILIZADO O CPC/73): A peça
cabível consiste em uma Ação de Consignação em Pagamento, nos termos dos artigos 890 a
900 do CPC e dos artigos 334 a 345 do Código Civil. A demanda deverá ser proposta perante
uma das Varas Cíveis da Comarca do Rio de Janeiro. Deverá Mário figurar no polo ativo e
Henrique no polo passivo, atendendo-se aos requisitos previstos no Art. 282 do CPC.

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Na abordagem dos fatos e fundamentos, deve o examinando salientar a existência de relação


jurídica contratual entre as partes, destacar a existência de dívida pendente e a pretensão de
liberar-se da obrigação pelo pagamento, o que não ocorreu em virtude do fato de que o credor
reside em local desconhecido, o que autoriza a consignação.
Deverá, ainda, requerer o depósito da quantia devida, pedindo-se a antecipação dos efeitos de
tutela jurisdicional, com determinação da retirada do nome de Mário dos cadastros de
inadimplentes, a citação por edital do réu para levantar a quantia depositada ou oferecer
resposta, deduzir pretensão declaratória de extinção da obrigação pelo pagamento, a
condenação em custas e os honorários advocatícios e a produção de prova por todos os meios
admitidos.
Ao final, deve o examinando indicar o endereço do advogado, o valor da causa, o local, a data e
a assinatura do advogado, além de comprovar o pagamento das custas.

OBSERVAÇÃO
Correspondências entre o CPC/73 e o CPC/15:
CPC 1973 CPC 2015
Artigos 890 a 900 do CPC Artigos 539 a 549 do CPC
Artigo 282 do CPC Artigo 319 do CPC
Tutela antecipada Tutela provisória
Art. 294 e seguintes do
Artigo 273 do CPC
CPC
Artigo 269, I, do CPC Art. 487, I, do CPC

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DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS


ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento ao juízo correto: Juízo de uma das Varas Cíveis da 0,00 / 0,10
comarca da capital do Rio de Janeiro (0,10)
Indicação correta do polo ativo (0,10) com qualificação (0,10) e passivo 0,00 / 0,10 / 0,20 /
(0,10) com qualificação (0,10) 0,30 / 0,40
Fundamentos legais: CPC, artigos 890 a 900 OU CC, artigos 334 a 0,00 / 0,20
345 (0,20)
Obs.: A simples menção ao dispositivo não pontua
Fundamentação: 0,00 / 0,20 /0,40 /
1 – afirmação de existência da relação contratual; (0,20) 0,60
2 - existência de dívida pendente e o interesse em quitá-la.; (0,20)
3 - não localização da residência do credor para receber o pagamento;
(0,20)
Demonstração do cumprimento dos requisitos da tutela antecipada 0,00 / 0,45 / 0,60
(0,45), nos termos do disposto no art. 273 do CPC (0,15)
Obs.: A simples menção ao dispositivo não pontua.
Pedidos: 0,00 / 0,30 /
1 - depósito da quantia devida; (0,30)
2 - citação do réu (0,10) por edital (0,10) para levantar o depósito ou 0,00 / 0,10 / 0,20 /
oferecer resposta; (0,10) 0,30
3- Concessão de tutela antecipada, com determinação da retirada do 0,00 / 0,30 /
nome de Mário dos cadastros de inadimplentes; (0,30)
4 - a procedência da ação (0,20), conforme art. 269, I, do CPC (0,15) , 0,00 / 0,20 / 0,35 /
para confirmar a antecipação de tutela (0,20) e declarar extinta a 0,40 / 0,55 /0,60
obrigação pelo pagamento (0,20) /0,75
5 - a condenação do réu ao pagamento de custas (0,15) e honorários 0,00 /0,15 / 0,30
advocatícios; (0,15)
Protesto pela produção de provas (Art. 282, do CPC) (0,20) 0,00 / 0,20
Indicação de pagamento de custas processuais ou pedido de gratuidade 0,00 / 0,10
de justiça (0,10)

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Estruturação adequada da peça: Fato (0,10), fundamento (0,20) e 0,00 /0,10 / 0,20/
pedido (0,25) 0,25, /0,30/ 0,35/
0,45 /0,55
Valor da Causa (Art. 282, do CPC) (0,20) 0,00 / 0,20
Local, data, assinatura e OAB do advogado (0,10) 0,00 / 0,10

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