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Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.

Docente: Adriana Aureliano.


Semestre: 2017.1.

DIREITO SOCIETÁRIO

ADRIANA AURELIANO

2017.1
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

REVISÃO DE DIREITO EMPRESARIAL

1. Conceito de Empresário (art. 966, CC/02):

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.

O código de 2002 adotou a teoria da empresa em detrimento da teoria dos atos


de comércio (empresário era apenas aquele que realizasse atos referente à atividade
comercial). Contudo, não há uma definição legislativa de empresa, devendo-se definir a
sua conceituação a partir do conceito de empresário, previsto no art. 966 do CC/02.

Empresa é a atividade organizada com a finalidade de fazer circular bens ou


serviços ou de produzir, prestar serviços. Dessa forma, o sujeito de direito no direito
empresarial não é a empresa, mas o empresário, responsável por exercer a empresa.

1.1. Requisitos:

Existem alguns requisitos previstos no art. 966 para definir o empresário:


profissionalismo, exercício de atividade econômica, organização e produção de bens ou
circulação de serviços. Ressalte-se que o empresário pode ser pessoa física: empresário
ou pessoa jurídica: sociedade empresária.

 Profissionalismo:

Trata-se da junção de 03 características: habitualidade + pessoalidade +


monopólio de informações.

 Habitualidade: atividade que deve ser exercida com frequência exigida


por ela (não necessariamente significa que o exercício da atividade deve
ser diário).
 Pessoalidade: Trata-se do reflexo da responsabilidade, outrossim, o
preposto da empresa exerce suas atividades em nome do empresário e sob
a responsabilidade deste.
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 Monopólio de Informações: O empresário deve ter controle de


conhecimento sobre todas as etapas da produção da sua atividade: forma
de produzir, quantidade da produção e mercado consumidor (não precisa
realizar cada etapa da produção, mas deve saber como funciona).
 Exercício da Atividade Econômica:

O exercício da atividade econômica e a existência de lucro não são exclusivas do


empresário, posto que uma fundação e uma associação podem obter lucro. Contudo,
enquanto na fundação o lucro é um meio para se atingir algo, na atividade empresária, o
lucro é o fim, a ser perseguido.

 Organização:

A organização é a junção de quatro fatores: insumos + mão de obra + tecnologia +


capital.

 Capital: Dinheiro ou bens que podem ser convertidos em dinheiro para realizar a
atividade empresarial (o capital não precisa ser próprio).
 Mão de Obra: Empregados + Prepostos.
 Insumos: Matéria Prima.
 Tecnologia: Aperfeiçoamento da produção para aprimorar o produto.
 Produção de Bens ou Prestação de Serviços;

1.2. Espécies:

O empresário é gênero que comporta três espécies.

 Empresário Individual: Responsabilidade Necessariamente Ilimitada.


 Sociedade Empresária: Responsabilidade Limitada, Ilimitada ou Mista (a
depender do tipo societário). ATENÇÃO: As sociedades de ação
obrigatoriamente são atividades empresárias e englobam as sociedades anônimas
e a sociedade de comandita por ações.
 EIRELI: Empresa de Responsabilidade Limitada Individual (todas as regras da
sociedade limitada se aplicam no que couber à EIRELI).
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2. Atividades Civis:

A atividade civil é definida por exclusão, sendo aquela que não cumpre um dos
requisitos do empresário, bem como as atividades dos profissionais liberais, a menos
que constituam elemento de empresa (ex: hospital e clínica).

Art. 966. Parágrafo único. Não se considera empresário quem


exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores,
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Ademais, se constitui atividade civil a atividade rural. O ordenamento jurídico


concede a possibilidade ao sujeito que trabalha com a atividade rural, de escolher se ele
quer ser empresário ou não. Caso seja pessoa física, pode se inscrever na junta comercial
(empresário) ou não (atividade civil); caso seja pessoa jurídica, pode se inscrever na junta
comercial (empresário) ou no registro público de pessoas jurídicas (atividade civil). Dessa
forma, nesta hipótese, a inscrição apresenta um caráter constitutivo, definindo se a
atividade rural se constituirá civil ou empresarial (não é apenas uma declaração).

Enunciado 202 da 3ª Jornada de Direito Civil – Arts. 971 e


984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o
ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao
empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua


principal profissão, pode, observadas as formalidades de que
tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em
que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos,
ao empresário sujeito a registro.

Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de


atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou
transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade
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empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer


inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua
sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para
todos os efeitos, à sociedade empresária.

Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um


daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for
aplicável, às normas que regem a transformação.

As cooperativas sempre serão atividade civil por mera determinação legal.

3. Vedações:
 Incapacidade:

Procura-se proteger o incapaz de possíveis riscos que ele tenha na sociedade, pois
este é mais suscetível a sofrer fraudes e perder patrimônio. A incapacidade empresarial é
a mesma da incapacidade civil. O incapaz nunca poderá iniciar o exercício de uma
atividade empresarial, contudo pode continuar uma atividade que exercia quando era
capaz, ou herdar uma atividade de outrem (por testamento).

Esse incapaz precisará de um alvará judicial, no qual devem ser elencados os bens
de propriedade daquele incapaz e que não serão utilizados na atividade empresarial; então,
diferentemente de outras pessoas, esses bens do incapaz serão protegidos, a menos que o
representante dele utilize na atividade empresarial (o que precisará ser autorizado no
alvará). Se o representante ou assistente for impedido de atividade empresarial, o juiz
nomeará um gerente.

Lembrando que o emancipado é plenamente capaz. E o incapaz enquanto sócio


também pode participar da atividade empresarial. Requisitos: capital social totalmente
integralizado; ele terá que ser sempre representado ou assistido; não poderá participar da
administração nem da gerência da empresa. O incapaz não pode ser sócio em uma
sociedade na qual assuma a responsabilidade ilimitada pelo cumprimento das obrigações
sociais.

 Proibição:
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A intenção é proteger a coletividade do sujeito que demonstrou não ser apto a


realizar um exercício empresarial probo.

 Falido: O falido não pode exercer atividade empresarial, até que seja reabilitado
ou seja extinta a punibilidade da sentença dele (extinção de obrigações civis e
penais). Pode ser que o juiz explicite na sentença após quanto tempo ele ficará
hábil para exercer atividade empresarial, mas normalmente ele tem que pedir a
reabilitação judicialmente.
 Condenado por crime incompatível com o exercício da atividade
empresarial: A segunda proibição é a do condenado por crime incompatível com
o exercício da atividade empresarial (crime que se potencializa se aquela pessoa
estiver exercendo atividade empresarial). (ex: qualquer crime falimentar, abuso
de poder, desvio de verbas, dilapidação de patrimônio).
 Leiloeiro: A terceira proibição refere-se ao leiloeiro, pois é conhecido como
auxiliar do empresário e, portanto, tem acesso a informações sigilosas, correndo
o risco de fazer concorrência desleal.
 Funcionário Público: A quarta proibição é a do funcionário público. As
restrições aqui variam conforme o regimento legal de cada funcionário público. O
geral é que ele pode ser acionista da empresa, desde que não participe da
administração ou direção; pode ser sócio, mas não pode ter uma atividade
empresarial individualmente, sendo responsável ilimitado.
 Estrangeiros: A quinta proibição é dos estrangeiros. O art. 222, CF/88, limita a
participação dos estrangeiros a até 30% nas empresas de radiodifusão e
jornalística, não podendo assumir cargos de direção. Os estrangeiros também não
podem ser titulares de empresa de aviação civil.
 Devedor do INSS: A última vedação é o devedor do INSS – não pode exercer
novas atividades empresariais, conforme o art. 95 da Lei 8212.

ATENÇÃO: O indivíduo, mesmo que seja irregular, que seja proibido de exercer,
se ele exercer, ele continua sendo responsável por tudo que ele faz, e pode ser demandado
por suas obrigações.
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Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade


própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações
contraídas.
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DIREITO SOCIETÁRIO

A sociedade empresária pode ser um ente não personificado ou personificado (pessoa


jurídica) ou empresa de responsabilidade limitada – EIRELI (pessoa jurídica).

1. Sujeitos de Direito
1.1. Entes não personificados:
a) Sociedade em comum (subdivide-se em sociedade irregular e em
sociedade de fato);
b) Sociedade em conta de participação (SCP).

OBS.: O nome empresarial é um direito que decorre da personalidade, assim, o ente não
personificado não tem nome empresarial.

1.2. Entes personificados:


OBS.: os entes personificados podem ser sociedades empresárias ou sociedades simples,
conforme art. 982 do CC.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que
tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro
(art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
a) Sociedades Empresárias:
- A sociedade empresária exerce uma atividade empresarial.
 Sociedade em nome coletivo (N/L): Pode ser simples ou empresária: deve-se
analisar a atividade.
 Sociedade em comandita simples (C/S): Pode ser simples ou empresária (deve-se
analisar a atividade).
 Sociedade Limitada (Ltda.): Pode ser simples ou empresária: deve-se analisar a
atividade.
 Sociedade em comandita por ações (C/A): são sempre sociedades empresárias.
Essa é a regra para as “sociedades por ações” (gênero do qual a SCA é espécie).
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 Sociedade Anônima (S/A): são sempre sociedades empresárias. Essa é a regra


para as “sociedades por ações” (gênero do qual a S/A é espécie).

b) Sociedades simples
- A sociedade simples é a antiga sociedade civil. Exerce uma atividade civil.
 Cooperativas: serão sempre sociedade simples, por expressa dicção legal (art. 982,
parágrafo único do CC). Não importa a atividade que as cooperativas exerçam,
sempre serão sociedades simples. Em que pese sejam sociedades simples, seu
registro deverá ser efetuado na JUNTA COMERCIAL, e não no cartório civil de
registro de pessoas jurídicas.
 Sociedade Simples Pura: É um tipo societário distinto da cooperativa, é uma
espécie de sociedade simples.

c) Empresário Individual
d) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI).

Atenção: repare que o art. 44 do CC/02 dá um inciso próprio para a EIRELI (inciso VI).
Assim, não poderíamos dizer que EIRELI é a mesma coisa que sociedade (inciso II).
Entretanto, muitos autores dizem que EIRELI é espécie de sociedade empresária.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº


12.441, de 2011) (Vigência)

SOCIEDADES
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As atividades econômicas em geral não são desenvolvidas apenas pelas pessoas


físicas isoladamente, por isso, em geral, ocorre a união dessas pessoas em sociedades para
o exercício de atividades econômicas.

1. Requisitos de uma sociedade:


 Existência de duas ou mais pessoas;
 Reunião de capital e trabalho;
 Atividade Econômica;
 Fins comuns;
 Partilha de Resultados.

ATENÇÃO: a personificação não é elemento de existência de uma sociedade,


pois existem as sociedades de fato e as sociedades irregulares, que são
DESPERSONIFICADAS e mesmo assim são sociedades.

2. Terminologia:

Empresa é uma atividade. Assim, não é correto dizer “eu tenho uma empresa”.
Empresa é atividade, coisa distinta de ponto comercial. A sociedade empresária pode ter
um ponto comercial, mas nunca terá uma empresa. A sociedade empresária exerce
empresa.

3. Sociedade Empresária x Sociedade Simples:

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce


profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística,
ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária


a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples,
as demais.
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Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se


empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

As sociedades empresárias são aquelas que exercem atividade econômica


empresarial sujeita a registro (ex: sociedade rural registrada na Junta Comercial é
empresária; sociedades por ações sempre são empresárias; profissionais intelectuais que
exercem atividade com presença de elemento de empresa constituem sociedade
empresária).

As sociedades simples são aquelas que exercem atividade econômica que não se
enquadra como atividade empresarial sujeita a registro (ex: sociedade rural que não
efetuou registro na Junta Comercial, mas sim no Registro de Pessoas Jurídicas – Cartório
Civil; profissionais intelectuais que exercem atividade sem elemento de empresa; sempre
serão sociedades simples as cooperativas) .

ATENÇÃO: A sociedade que é empresária e não os seus sócios.

SOCIEDADE EMPRESÁRIA

1. Elementos
1.1. Elementos Gerais:
 Consenso: Todos os sócios devem manifestar a vontade de ingressar na sociedade
e essa vontade deve ser isenta de vícios. Esse consentimento pode ser expresso ou
implícito, mas deve ser exteriorizado de alguma forma. A existência de vícios de
vontade pode conduzir à invalidade do ato. Contudo, a incapacidade das partes ou
a presença de vícios de vontade conduz à invalidade do ato de adesão viciado,
porém não acarreta necessariamente a dissolução da sociedade.
 Licitude do Objeto: O objeto da sociedade – conjunto de atos que se propõe a
praticar – deve ser explicitado no ato constitutivo da sociedade de forma clara e
determinada e deve se tratar de uma atividade econômica idônea (de acordo com
a lei, moral e bons costumes). Ademais, além de lícito, o objeto deve ser possível
(física e juridicamente) e determinado (precisamente delimitado).
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 Forma prescrita ou não defesa em lei: A constituição de uma sociedade pode


decorrer de um acordo expresso ou tácito; verbal ou escrito, desde que presentes
os elementos específicos da configuração de uma sociedade. A forma escrita é
exigida apenas para a sociedade gozar de certas vantagens na órbita tributária e
mercantil.

1.2. Elementos Específicos:


 Contribuição para o capital social:

As sociedades necessitam de um patrimônio inicial que será composto pelas


contribuições dos sócios, sendo indispensável para o exercício da atividade comum e para
dar aos terceiros, potenciais contratantes ou credores da sociedade, a necessária
confiança. Esse fundo inicial é denominado capital social, para o qual todos os sócios
devem contribuir.

O capital social não se confunde com o patrimônio da sociedade, pois esse é o


conjunto de relações jurídicas economicamente apreciáveis da sociedade,
compreendendo não apenas o capital social, mas tudo o que a sociedade possui ou adquire
na sua existência. Esses dois conceitos coincidem apenas no momento da constituição da
sociedade.

A contribuição desempenha 03 papéis: formar o fundo patrimonial inicial; definir


a participação de cada sócio e constituir o capital social. Essa contribuição cuja medida
será dada pelo ato constitutivo poderá ser feita em dinheiro, bens ou trabalho, no momento
da constituição da sociedade ou após a sua existência, contudo devem ser patrimoniais,
isto é, suscetíveis de avaliação em dinheiro, podendo ser materiais ou imateriais
(“Ninguém pretende que as contribuições sejam equivalentes, basta que sejam aptas a
criar a base econômica”).

Verifica-se que na contribuição feita em trabalho, o sócio não poderá se empregar


em atividade alheia à sociedade, salvo disposição em contrário, sob pena de perder o
direito à participação nos lucros.

Com a contribuição se forma a sociedade e surge para os que contribuíram o status


de sócio, os direitos eminentemente pessoais: a fiscalização de gestão dos negócios
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sociais e a participação na mesma gestão e o direito patrimonial: direito de eventual


crédito contra a sociedade consistente na participação nos lucros e na participação no
acervo social em caso de liquidação.

ATENÇÃO: A transferência dos bens se faz normalmente a título de domínio,


contudo essa regra não é a absoluta e pode ser feita a título de uso.

 Participação nos lucros e nas perdas:

Na sociedade exerce-se ima atividade econômica que gera resultados. Assim, nada
mais lógico do que dividir esse resultado entre os sócios. Não é essencial que todo
resultado seja dividido entre os sócios, mas é essencial que todos os sócios participem
dos resultados.

Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer


sócio de participar dos lucros e das perdas.

Tal divisão não precisa ser igualitária, pode ser feita de forma desigual, mas deve
abranger todos os sócios. Compete ao ato constitutivo determinar a forma de tal divisão,
porém, em caso de silêncio, a distribuição será feita de forma proporcional à participação
no capital social. No caso de contribuição para o capital em serviços, o sócio deve
participar dos lucros pela média do valor das quotas.

Ademais, todos os sócios devem participar também nas perdas. A participação nas
perdas não significa que o sócio seja obrigado diante de um prejuízo a desembolsar novas
quantias, mas que pelo menos a sua contribuição para o fundo social deve entrar para
cobrir as perdas.

 Affectio Societatis:

Trata-se da manifestação expressa de vontade no sentido do ingresso na sociedade


e na consecução de um fim comum. A affectio societatis não se limita ao momento da
criação da sociedade, mas deve estar presente por toda a vida da sociedade. A quebra da
affectio societatis gera a dissolução da sociedade ou a exclusão do sócio que não possui
mais vontade comum.

 A pluralidade de partes:
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Tem-se como regra geral a obrigatoriedade da existência de pelo menos dois


sócios para a configuração de uma sociedade. Isso excluiria a EIRELI do conceito de
sociedade. EIRELI seria um tipo específico de pessoa jurídica de direito privado, que não
sociedade.

2. Ato Constitutivo: natureza jurídica:

O ato constitutivo das sociedades se trata da manifestação de vontade de duas ou


mais pessoas. Trata-se do ato reduzido a escrito, assinado por todos os sócios, que define
a configuração da sociedade.

2.1. Teorias Contratualistas: o contrato plurilateral – Tal doutrina possui


aceitação quase unânime da doutrina pátria.

Conforme a teoria do contrato plurilateral, o ato constitutivo das sociedades é um


contrato, pois há uma composição de vontades, mas não é um contrato bilateral típico, é
um contrato plurilateral. Esse contrato está submetido ao regime geral dos contratos e
possui algumas características:

 Possibilidade de participação de mais de duas partes


 Finalidade Comum
 Direitos e Obrigações para com todas as partes: Nos contratos plurilaterais,
todas as partes assumem obrigações para com as outras e para com a sociedade.
 Função instrumental: O contrato plurilateral não é um fim em si, é um
instrumento para um fim maior.
 Subsistência do contrato ante a vícios: Os vícios na adesão de uma das partes
afetam tão somente a sua adesão e não todo o contrato.
 Contrato aberto a novas adesões no seu curso: O contrato plurilateral permite
o ingresso de novas partes, sem que isso implique a formação de um novo
contrato.
 Inaplicabilidade da exceção do contrato não cumprido: A inexecução da
obrigação de uma das partes não implica a dissolução do contrato, não implica na
extinção do contrato, mas pode tão somente implicar na dissolução do vínculo do
sócio faltoso.
2.2. Teoria do Ato Institucional:
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O ato institucional seria aquele que daria origem a uma instituição, conforme
Maurice Hauriou. Essa teoria buscava justificar a natureza jurídica do ato constitutivo das
sociedades, nas quais a vontade dos sócios não tem tanto poder.

Os elementos necessários seriam:

 A ideia de uma obra a realizar no grupo social;


 Uma organização de poder posta a serviço da realização desta obra;
 A manifestação de vontade no grupo social a respeito da ideia e da sua
realização.

Adotando esta teoria, há uma subordinação dos direitos e interesses privados aos
fins que se quer realizar. A prevalência do interesse social sobre o interesse individual
dos sócios reforça a natureza institucional da relação, em oposição à natureza contratual,
na qual prevaleceria a vontade comum dos sócios.

A natureza contratual não é capaz de explicar o ato constitutivo das sociedades


por ações, devendo prevalecer o entendimento da natureza do ato institucional.

3. A personalidade jurídica das sociedades:


3.1. Noções Gerais:

As sociedades, em geral, são pessoas jurídicas, desde que atendidos os requisitos


legais. Contudo, existem duas exceções: a sociedade em comum e a sociedade em conta
de participação, que não possuem personalidade jurídica. Por isso, não se pode colocar
a personalidade como um elemento essencial de todas as sociedades. A personalidade
jurídica é a “aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações”.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

II - as sociedades;

3.2. Função das pessoas jurídicas:

A pessoa jurídica será sempre um organismo destinado a satisfazer o interesse


humano, criada a partir da vinculação de um patrimônio para determinada finalidade.
Cria-se um centro de imputação de direitos e obrigações, com um patrimônio distinto de
seus membros, limitando, na maioria dos casos, os riscos empresariais.
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3.3. O início da personalidade jurídica:

A personalidade jurídica de uma sociedade se inicia com a constituição da


sociedade, sendo necessários os seguintes elementos: a) vontade humana criadora; b)
finalidade específica; c) substrato representado por um conjunto de bens ou pessoas; c)
presença do estatuto e respectivo registro.

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a


inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos
constitutivos.

4. Teorias sobre as pessoas jurídicas:


 Teoria Individualista;
 Teoria da Ficção;
 Teoria da Vontade;
 Teoria do Patrimônio da Afetação;
 Teoria da Instituição;
 Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica;
 Teoria da Realidade Técnica: É a mais aceita pela doutrina (substrato +
reconhecimento).

As pessoas jurídicas são realidades reconhecidas pelo direito (realidade do mundo


jurídico), sendo uma realidade técnica que pressupõe dois elementos: substrato +
reconhecimento. “A personalidade jurídica não é, pois, ficção, mas uma forma, uma
investidura, um atributo, que o Estado defere a certos entes havidos como merecedores
dessa situação”.

5. Atuação das Sociedades (Capacidade de fato + Capacidade de direito):

A sociedade é um ente fictício e, por isso, depende da interveniência dos seres


humanos para praticar os atos da vida concreta. A sociedade é dotada da capacidade de
direito: aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, a par dos direitos e obrigações
dos seus membros.

Para exercer seus direitos e obrigações, a sociedade necessita dos órgãos. O órgão
recebe os seus poderes do próprio estatuto da pessoa jurídica e está integrado dentro da
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mesma. Por meio do órgão, se faz presente a vontade da pessoa jurídica. O órgão é o
presentante da pessoa jurídica.

As sociedades, além da capacidade de direito, também são dotadas da capacidade


de fato plena, não necessitando serem assistidas ou representadas para agir.

6. Consequências da personificação: O direito reconhece às pessoas jurídicas em geral


uma série de atributos, fundamentais para a consecução da sua finalidade.

6.1. Nome: As pessoas jurídicas apresentam um nome próprio, pelo qual se


vinculam no universo jurídico, não sendo necessário usar o nome de algum
sócio: nome empresarial. O nome empresarial é o traço identificador da
sociedade empresária.

Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a


denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para
o exercício de empresa.

Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os


efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples,
associações e fundações.

6.2. Nacionalidade: Brasileira é a sociedade organizada conforme as leis


brasileiras e que mantém a sua sede no país. As sociedades estrangeiras
podem funcionar no país, dependendo de autorização, contudo é mais
comum a criação de subsidiárias, pessoas jurídicas nacionais controladas
pelas sociedades estrangeiras.
6.3. Domicílio: O estabelecimento do domicílio é importante na ordem
tributária e na definição do foro competente para ações contra a sociedade.
O domicilio de uma sociedade é o local do funcionamento dos órgãos da
administração ou onde o estatuto fixar. Possuindo diversos
estabelecimentos, cada um será considerado como domicílio para os atos
nele praticados.
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6.4. Capacidade Contratual: Trata-se da capacidade de fato e direito para


firmar seus negócios jurídicos.
6.5. Capacidade Processual: Capacidade de ser parte em processos.
6.6. Existência Distinta: Reconhecimento da sociedade como um centro
autônomo de imputação de direitos e obrigações. Assim sendo, os atos
praticados pela sociedade são atos dela e não de seus membros,
produzindo efeitos na sua órbita jurídica e apenas excepcionalmente
afetando os sócios, por problemas de aparência.
6.7. Autonomia Patrimonial: Existência de um patrimônio próprio, o qual
responde por suas obrigações. A princípio, é o patrimônio da pessoa
jurídica a garantia única de seus credores e, por conseguinte, os credores,
a princípio, não possuem pretensão sobre os bens dos sócios. Assim sendo,
as obrigações da pessoa jurídica não se confundem com as obrigações dos
sócios, não havendo que se falar em compensação. Contudo, nos débitos
trabalhistas, fiscais e para com o consumidor, tem-se mitigado a
autonomia patrimonial, atendendo a certos pressupostos erigidos pelo
legislador como aptos a suspender a autonomia patrimonial.

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

 Sociedades personificadas e despersonificadas:

Essa divisão toma por critério a existência ou não de personalidade jurídica nas
sociedades.

As sociedades despersonificadas são sociedades que não possuem personalidade


jurídica seja porque não possuem um ato constitutivo escrito (sociedade de fato), seja
porque o ato constitutivo existe mas não foi registrado (sociedade irregular). Ambas são
espécies do gênero sociedade em comum. Outro tipo de sociedade despersonificada é a
Sociedade em conta de participação (SCP).

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a


eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere
personalidade jurídica à sociedade.
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As sociedades personificadas são aquelas que adquiriram personalidade jurídica


por terem levado ao registro competente seus atos constitutivos, arquivando-os (Ex:
Sociedades Em Comandita Simples; Sociedade Em Comandita por Ações; Sociedades
Limitadas; Sociedades Cooperativas; Sociedades Simples Puras; Sociedades Anônimas).

 Classificação pela responsabilidade dos sócios:

Outro critério da classificação das sociedades é o grau de responsabilidade dos


sócios, por conseguinte existem as sociedades ilimitadas, limitadas e mistas.

 Sociedade de Responsabilidade Ilimitada: São sociedades de


responsabilidade ilimitada, aquelas nas quais todos os sócios respondem
subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. O credor deve
demandar à sociedade para só depois demandar aos sócios, sem limites,
contudo existe uma ordem a ser respeitada. (ex: sociedade em nome
coletivo; sociedade em comum; sociedade simples puras e eventualmente
as sociedades cooperativas). Não são muito procuradas.
 Sociedades de Responsabilidade Limitada: São sociedades nas quais
todos os sócios têm responsabilidade limitada, ou seja, obrigam-se apenas
até determinado montante, que pode ser o valor da sua contribuição ou o
valor do capital social. Nas sociedades anônimas, cada acionista responde
apenas por sua parte, ações subscritas e/ou adquiridas por ele. Na
sociedade limitada, os sócios respondem solidariamente pelo que faltar
para integralizar o capital, depois disso cada um responde por sua parte.
(ex: sociedades anônimas, sociedades limitadas e eventualmente as
cooperativas).
 Sociedades Mistas: São sociedades nas quais alguns sócios possuem
responsabilidade limitada e outros possuem responsabilidade ilimitada
(ex: sociedades em comandita simples, em comandita por ações e em conta
de participação).

ATENÇÃO: Não é a sociedade que é limitada ou ilimitada ou mista, é a


responsabilidade dos sócios pelas obrigações que pertencem à sociedade, pois a sociedade
sempre vai responder de maneira ilimitada pelas suas obrigações.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

 Classificação quanto à forma do capital:

Quanto à forma do capital social, se tem as sociedades de capital fixo e de capital


variável.

 Sociedades de capital fixo: São aquelas nas quais o capital é determinado no


contrato social, só podendo ser alterado mediante alteração do próprio
contrato social (Ex: Todas as sociedades personificadas, salvo as sociedades
cooperativas).
 Sociedades de capital variável: São aquelas cujo capital não é fixado no
contrato social, variando a qualquer tempo (Ex: Sociedades Cooperativas).

 Classificação quanto à forma de constituição:


 Sociedades Contratuais: As sociedades contratuais são regidas pelo contrato
social dividido em cláusulas, trata-se de um acordo de vontades. Dessa forma,
existe um vínculo maior em relação aos seus integrantes, que são descritos no
contrato e, na hipótese de um deles saírem, deve-se elaborar outro contrato
para avisar. (Exemplo: Todas as sociedades, salvo as anônimas e as
sociedades em comandita por ações).
 Sociedades Institucionais: As sociedades institucionais são regidas por
estatutos sociais, que não contêm o nome dos integrantes, divididos em
artigos. A função dessa estrutura é criar uma instituição com caráter mais
permanente e profissionais, que tende a sobreviver mais tempo do que uma
sociedade contratual e do que aqueles que a criaram, pois independe de quem
a integra. (Exemplo: Sociedades Anônimas e Sociedades em Comandita por
Ações)

 Sociedades Civis x Sociedades Comerciais:


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

As sociedades civis são as atuais sociedades simples. Não usamos mais a


nomenclatura sociedades civis. Essa antiga classificação se baseia em dois critérios: o
objeto da sociedade e a forma de que se reveste a sociedade.

 Sociedades Civis: As sociedades civis exercem atividades civis, outrossim,


têm por objeto atividades relacionadas à terra, à agricultura, à pecuária e à
indústria extrativa. Os exercentes de tais atividades estariam no início da
cadeia de produção. Ademais, são consideradas civis, as atividades com
imóveis (salvo a construção civil) e as atividades dos profissionais liberais e
prestação de serviços. As sociedades arquivam seus atos constitutivos no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
 Sociedades Comerciais: As sociedades comerciais exercem atividades
comerciais e têm por objeto atividades de intermediação, exercidas com
habitualidade e intuito de lucro, ou seja, que tenham por objeto o comércio em
sentido estrito, atividades que facilitam, complementam ou se agregam às
primeiras, como o crédito, o transporte e a indústria. As sociedades comerciais
devem ter seus atos constitutivos arquivados na junta comercial.

ATENÇÃO: Essa distinção perdeu a sua importância com o acolhimento da teoria


da empresa pelo Código Civil de 2002, falando-se afora em sociedades empresárias e
sociedades simples. O conceito de sociedade empresária é mais amplo do que o de
sociedade comercial, abrangendo inclusive algumas sociedades que hoje seriam civis,
mas que exercem a atividade econômica de produção ou circulação de bens e serviços

 Sociedade Simples X Sociedades Empresárias:

As sociedades simples e as sociedades empresárias exercem atividades econômicas,


mas diferenciam-se pela natureza da atividade exercida.

 Sociedades Empresárias: Exercem atividade própria de empresário (art. 982


do CC/02) - atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens ou serviços e a lei lhes impõe uma obrigação de registro.
 Sociedade Simples: Exercem as demais atividades econômicas, como as
atividades de natureza intelectual, científica ou artística, salvo se constituírem
elemento de empresa.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

ATENÇÃO: A princípio, tanto as sociedades simples, quanto as sociedades


empresárias podem assumir as mesmas formas societárias (limitadas, em comandita
simples, em nome coletivo). Porém, há exceções, pois determinadas formas de societárias
são peculiares às sociedades simples ou empresárias, não importando a atividade
exercida.

 Sociedades Anônimas -> Empresárias.


 Sociedades Cooperativas -> Simples.
Sociedades Empresárias Rurais:

Não há obrigação do registro na JUNTA COMERCIAL, mas uma faculdade. Assim,


as sociedades que desempenham tal atividade podem assumir a condição de empresárias
se fizerem o registro na junta comercial, ou, caso se registrem no cartório civil, assumirão
a condição de sociedade simples.

 Sociedade de Pessoas x Sociedade de Capitais:


 Sociedade de Pessoas:

A sociedade de pessoas é aquela formada em razão dos indivíduos que a compõem,


em razão de qualidade e característica, relação de estrita confiança entre eles 1. A
responsabilidade e a atuação dos sócios constitui um fator preponderante na vida
empresarial da sociedade. Ademais, as qualidades morais, técnicas ou intelectuais dos
sócios, seu caráter, sua formação, sua sorte e mesmo sua reputação são determinantes na
formação da sociedade.

Por essa razão, a alienação de uma parte societária a um terceiro depende da


aprovação dos demais sócios, outrossim, pode-se impedir a alienação societária a um
terceiro. O sócio pode evadir-se e tem direito à participação do patrimônio social líquido
do capital que integralizou, calculado pelo patrimônio menos as dívidas. Há dissolução
parcial da sociedade com apuração de haveres. Contudo, não tem direito ao valor de
mercado da sua parte. Na hipótese de um dos sócios morrerem, os herdeiros não podem

1
Decide-se formar uma sociedade de moda fitness com dois amigos, pois se tem características
complementares, um cuida do financeiro, outra da administração e outra faz a propaganda. Todos têm
uma estreita relação de confiança e, por isso, cria-se a sociedade.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

adentrar na sociedade sem permissão dos demais ou expressa previsão contratual. Se os


outros sócios não aceitarem, o herdeiro fica com a participação no capital social.

Exemplo: Sociedade em nome coletiva, sociedade em comandita simples, sociedade


simples, sociedades em conta de participação.

 Sociedade de Capitais:

A sociedade de capitais é formada preponderantemente em razão dos recursos


financeiros empreendidos, outrossim, a contribuição dos sócios é que possui papel
preponderante, dessa forma, pouco importa quem é o sócio.

Por isso, a alienação da participação societária a um terceiro não depende de


aprovação pelos demais sócios. Contudo, mantém-se o direito de preferência, primeiro
deve-se ofertar aos demais sócios que, se não quiserem, vendem a um terceiro. Se um
sócio falecer, os herdeiros poderão ingressar na sociedade sem a necessidade de
autorização dos demais sócios.

Exemplo: Sociedade Anônima e Sociedade em comandita por ações.

ATENÇÃO: É o contrato ou estatuto social que estabelece se a sociedade é de


pessoas ou de capital. Se forem omissos, em regra, as institucionais são de capital e as de
pessoas são contratuais.

Sociedade de Pessoas Sociedade de Capitais


A administração só pode ser exercida por Há uma dissociação entre administração
quem é sócio. e propriedade.
Pelo menos uma classe de sócios possui Todos os sócios possuem
responsabilidade solidária e ilimitada. responsabilidade limitada à sua
contribuição ou ao total do capital social.
Não é livre a entrada de novos sócios. É livre o ingresso de novos sócios.
Morte ou incapacidade dos sócios pode A morte ou incapacidade dos sócios não
gerar a dissolução total ou parcial da influi na vida da sociedade.
sociedade.
Não se admite a participação de Admite-se a participação de incapazes.
incapazes.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Usa razão social. Usa denominação


Admite a exclusão de sócios pela quebra Não admite a exclusão pela simples
da affectio societatis. quebra da affectio societatis.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

A responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais é subsidiária. O credor da


sociedade, em primeiro lugar, tem que demandar à sociedade, depois aos sócios (o sócio
tem o direito de ser demandado apenas depois da sociedade – benefício de ordem). Há
duas exceções:

a) Desconsideração da personalidade jurídica: O sócio fraudador não tem direito


ao benefício de ordem, outrossim, tem responsabilidade direita, pessoal e
ilimitada pelas obrigações assumidas, objeto da fraude.
b) Sociedade em comum: Trata-se da sociedade que não realizou o registro na junta
comercial e, por conseguinte, não adquiriu a personalidade jurídica (não tem
direito ao benefício de ordem). Dessa forma, o sócio que contrata pela sociedade
utiliza a sua própria personalidade jurídica, logo responderá diretamente pelas
obrigações futuras (responsabilidade direta). A sociedade comum abrange duas
espécies: a sociedade de fato (contrato social na forma oral) e irregular (contrato
social na forma escrita).

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

1. O uso da pessoa jurídica:

A pessoa jurídica é utilizada como “uma armadura jurídica para realizar de modo mais
adequado os interesses dos homens. Assim sendo, o instituto da pessoa jurídica e a criação
de sociedades personificadas possibilita a limitação dos riscos nas atividades econômicas.

Dessa forma, o particular poderia explorar a atividade econômica com limitação de


prejuízos pessoais, contudo isso permitiu uma série de fraudes e abuso de direito. As
sociedades contraiam em seus nomes, inúmeras obrigações, não restando, porém, bens
suficientes em seu patrimônio para a satisfação das obrigações, de modo que os sócios
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

ficam com os ganhos e o prejuízo fica com os credores e com a sociedade, cuja falência,
via de regra é decretada.

Destarte, surgiu o instituto da desconsideração da personalidade jurídica.

2. O que é a desconsideração da personalidade jurídica?

A desconsideração da pessoa jurídica é a retirada episódica (no caso concreto),


momentânea e excepcional da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a fim de estender
os efeitos de suas obrigações à pessoa de seus titulares sócios ou administradores, com o
fim de coibir o desvio da função da pessoa jurídica, perpetrado por estes.

A teoria autoriza o poder judiciário a ignorar a personalidade jurídica da


sociedade, com o fim de que aquele que praticou o ato ilícito seja direta, pessoal e
ilimitadamente responsabilizado.

Há que se ressaltar, contudo, que esta se constitui uma medida excepcionalíssima,


adotada apenas se comprovado cabalmente o desvio no uso da pessoa jurídica. Ademais,
faz-se mister destacar que não se destrói a pessoa jurídica, que continua a existir, sendo
desconsiderada apenas no caso concreto.

3. Origem Histórica da Teoria da Desconsideração:

O primeiro caso de ocorrência da desconsideração da personalidade jurídica foi o


Caso Salomon x Salomon Co, em 1897, na Inglaterra. Verifica-se que foi a partir da
jurisprudência anglo-saxônica que se desenvolveu a teoria da desconsideração da
personalidade jurídica, sobretudo na jurisprudência norte-americana.

4. Terminologia:

A desconsideração da personalidade jurídica também é conhecida como disregard of


legal entity ou disregard doctrine. No Brasil, adota-se a expressão “desconsideração da
personalidade jurídica”, que se distingue da “despersonalização”.

 Desconsideração:

A desconsideração é o afastamento temporário da personalidade (simples retirada


momentânea da eficácia da personalidade) para a responsabilização do sócio fraudador
que responde direta e ilimitadamente, porém após a compensação do dano, a
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

personalidade de constitui novamente. Assim, a pessoa jurídica continua a existir para os


demais atos, nos quais não se apresente um motivo justificado para aplicar a
desconsideração.

 Despersonalização:

A despersonalização é a extinção da personalidade jurídica, ou seja, significa anular


a personalidade e não requer sequer fraude, apenas a ausência do cumprimento da
obrigação.

5. Aplicação da desconsideração da personalidade jurídica:


5.1. Teoria Maior: A teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica
enuncia que não basta o descumprimento de uma obrigação por parte da pessoa
jurídica, é necessário que tal descumprimento decorra do desvirtuamento da sua
função. Dessa forma, existem fundamentos necessários à aplicação da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica.
 Subjetiva (teoria adotada): O pressuposto fundamental da desconsideração é o
desvio da função da pessoa jurídica que se constata na fraude e no abuso de
direito relativos à autonomia patrimonial.
 Objetiva: O requisito primordial da desconsideração da personalidade jurídica é
a confusão patrimonial – inexistência de separação clara entre o patrimônio da
pessoa jurídica e o patrimônio dos sócios ou administradores. Contudo, Tomazette
critica esta teoria afirmando que a confusão patrimonial não é por si só suficiente
para coibir todos os casos de desvio da função da pessoa jurídica.
5.2. Teoria Menor: A teoria menor afirma que não há requisitos específicos para a
aplicação da desconsideração da personalidade jurídica. Dessa forma, bastaria o
não pagamento de um crédito para se aplicar a desconsideração da personalidade
jurídica. Transfere-se o risco da atividade para os sócios e administradores, de
modo que eles respondem pelos atos da sociedade, independentemente de
qualquer intuito fraudulento. Segundo o STJ, “a teoria menor de desconsideração,
acolhida no nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do
Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da
pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações independentemente da
existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial”. Essa teoria está
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

prevista no CDC, no art. 28, §5º, na Lei do CADE (Lei que instituiu o novo
sistema brasileiro de concorrência – Lei 12.529/11), no art. 34, na Lei de crimes
ambientais (Lei 9.605/98), art. 4º.

6. Requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica (teoria maior


subjetiva):

A configuração da desconsideração da personalidade jurídica ocorre mediante os


seguintes requisitos: fraude ou abuso de direito relacionado à autonomia patrimonial.
Ademais, é necessária a existência de uma pessoa jurídica e que não se trate de
responsabilização direta do sócio, por ato próprio.

6.1. A personificação:

É necessária a existência de sociedade personificada. Nos casos da sociedade em


comum e da sociedade em conta de participação, verifica-se que não há personalidade
jurídica. Por conseguinte, nas sociedades comum, os sócios assumem responsabilidade
solidária e ilimitada pelos atos praticados pela sociedade, não havendo motivo para a
aplicação da desconsideração. Além da personificação, é necessário que os sócios tenham
responsabilidade limitada, ou seja, deve se tratar de sociedade anônima ou limitada.

6.2. A fraude e o abuso de direito relacionados à autonomia patrimonial:


6.2.1. Fraude:

A fraude se trata da distorção intencional da verdade com o intuito de prejudicar


terceiros. Assim, é o uso da autonomia patrimonial para fins ilícitos. Ademais, não basta
a existência de fraude, é imprescindível que ela guarde relação com o uso da pessoa
jurídica, sendo relativa à autonomia patrimonial.

6.2.2. O abuso de direito:

No abuso do direito, o ato praticado é permitido pelo ordenamento jurídico, trata-se


de um ato, a princípio, plenamente lícito. Todavia, ele foge a sua finalidade social. É
abusivo qualquer ato que por sua motivação e por seu fim, vá contra o destino, contra a
função do direito que se exerce.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

 Subcapitalização: A subcapitalização ocorre quando os sócios não mantêm,


na sociedade, capital adequado à realização do objeto social, ingressam
recursos na sociedade que são distribuídos exclusivamente entre os sócios e
não reaplicados na sociedade, a ponto de impedi-la de cumprir suas
finalidades. A adequada capitalização é uma condição para o gozo da
autonomia patrimonial. Ressalte-se que nem toda subcapitalização é uma
espécie de abuso de direito, sendo necessária uma análise no caso concreto.
 Dissolução Irregular: A dissolução irregular da sociedade ocorre quando os
sócios não tomam as providências necessárias para a dissolução da sociedade.
Dessa forma, a dissolução irregular que autoriza a desconsideração é aquela
na qual os sócios dissolvem uma sociedade sem pagar suas obrigações e
constituem uma nova sociedade, com idêntico objeto social, agindo de má-fé.
7. Imputação dos atos praticados à pessoa jurídica:

Quando os sócios ou administradores extrapolam seus poderes, violando a lei ou o


contrato social, a lei lhes impõe a responsabilidade por tais atos. Entretanto, não se cogita
de desconsideração, mas de responsabilidade pessoal e direta dos sócios. Dessa forma,
quando praticarem ato ilícito; doloso ou culposo: responderá por ilícito seu, fato próprio.
Não foi a pessoa jurídica que teve a sua finalidade desvirtuada, foram as pessoas físicas
que agiram de forma ilícita e, por isso, têm responsabilidade pessoal.

8. Insolvência da pessoa jurídica: A insolvência da pessoa jurídica não pode ser


exigida para a desconsideração, uma vez que esta é uma medida de defesa da
pessoa jurídica, a fim de resguardar sua utilização indevida pelos sócios ou
administradores. Exigir a insolvência é condicionar a aplicação da
desconsideração ao estado de dissolução da pessoa jurídica, o que não se coaduna
com o próprio conceito.
9. A desconsideração da personalidade jurídica no Direito Positivo brasileiro:
9.1. A desconsideração no Código de Defesa do Consumidor:

A introdução da teoria da desconsideração no direito positivo brasileiro é atribuída ao


art. 28 do CDC. Trata-se de dispositivo aplicável exclusivamente às relações de consumo,
não havendo que se cogitar de sua aplicação extensiva, a menos que se configurem
presentes os elementos de uma eventual aplicação analógica.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Há que se ressaltar que, em relação às infrações à ordem econômica e ao meio


ambiente há uma legislação própria que reproduz o CDC, não se devendo falar em
aplicação analógica.

 Hipóteses autorizadoras da desconsideração:

As primeiras hipóteses de desconsideração trazidas pelo CDC são: abuso de


direito e excesso de poder. Segundo Tomazatte tais hipóteses não correspondem
efetivamente à desconsideração, pois se trata de questão de haver imputação pessoal dos
sócios ou administradores, não sendo necessário cogitar desconsideração. Por fim, o
caput do art. 28 menciona a falência, insolvência, encerramento das atividades
provocados por má administração.

OBS.: SE HOUVER DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


JURÍDICA, ANULA-SE QUALQUER BENEFÍCIO DE ORDEM EXISTENTE.
ASSIM, O PATRIMÔNIO DO SÓCIO/ADMINISTRADOR PODERÁ SER
EXCUTIDO ANTES DO PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA.

 Grupos, consórcios e sociedades coligadas:

Os §§ 2º, 3º e 4º do artigo referem-se à responsabilidade pelos danos causados ao


consumidor no caso de grupos societários, consórcios e sociedades coligadas e
estabelecem responsabilidade no caso de sociedades que mantêm entre si alguma relação.

 Grupos: Reunião de sociedades distintas submetidas a direção única.


Nesses casos, há responsabilidade subsidiária pelos danos causados ao
consumidor. Se a sociedade causadora do dano ao consumidor não tiver
condição de ressarci-lo, o consumidor poderá se socorrer do patrimônio
das demais integrantes do grupo.
 Consórcios: Trata-se da reunião de sociedades para realizar determinado
empreendimento. Nesse caso, a responsabilidade e solidária, ou seja, o
consumidor escolhe, entre as integrantes do consórcio, aquela da qual ele
irá cobrar o seu prejuízo.
 Sociedades Coligadas: As sociedades coligadas ou filiadas são as sociedades
em que uma detenha uma participação de 10% ou mais do capital da outra sem
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

controlá-la. Nesse caso, a responsabilidade das sociedades coligadas se dá em


caso de culpa.

ATENÇÃO: Tais hipóteses também não se referem à desconsideração propriamente dita,


mas à extensão da responsabilidade das sociedades que mantêm relações entre si.

 O parágrafo 5º do art. 28:

Conforme o §5º do art. 28 do CDC: “também poderá ser desconsiderada a


personalidade jurídica, sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”. Segundo o STJ: “o risco
empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que
contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer
prova capaz de identificar a conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou
administradores da pessoa jurídica”.

Para a doutrina empresarial, contudo, deve haver desconsideração se a pessoa


jurídica foi indevidamente utilizada e, por isso, impedir o ressarcimento do consumidor,
pois em tal caso haveria injustiça.

9.2. Direito Econômico:

A Lei 12.529/11 (art. 34) também positivou a desconsideração da personalidade


jurídica, para os casos de infração à ordem econômica, como os cartéis, o preço predatório
e outras infrações. Valem aqui as mesmas considerações feitas pelo CDC.

9.3. Direito Ambiental:

A Lei 9.605/98 (art. 4º) também positivou a desconsideração da personalidade jurídica


para os crimes ambientais, tal norma reproduziu o CDC. Nesses casos, poderá ser
desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

9.4. Código Civil de 2002:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do


Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da
pessoa jurídica.

O abuso da personalidade jurídica se caracteriza pelo desvio da finalidade ou pela


confusão patrimonial. Contudo, a confusão patrimonial não é fundamento suficiente para
a desconsideração, havendo apenas a presunção de que houve abuso da personalidade
jurídica e cabendo aos sócios ou administradores ilidir tal presunção.

10. Quem deve ser responsabilizado na desconsideração?

A desconsideração da personalidade jurídica permite a responsabilização de titulares,


sócios ou administradores por obrigações da sociedade. A análise deve ser feita em cada
caso, para saber a quem a desconsideração se estende, sendo que existem alguns
parâmetros dados pela doutrina.

Aquele que tem poder de gestão deve ser responsabilizado, mas não apenas esse. Há
casos em que pessoas com participação bem pequena acabam praticando ou se
beneficiando dos atos ensejadores da aplicação da desconsideração. Tais pessoas também
devem ser atingidas pelos efeitos da desconsideração.

A desconsideração não se estende a todos os sócios ou administradores, mas àqueles


que tenham participado ou se beneficiado pelos atos abusivos ou fraudulentos
determinantes da desconsideração, ou seja, os responsáveis pelo uso abusivo da sociedade
empresária2.

Decretada a desconsideração e atingido o sócio ou administrador nãos e cogita de


cotas de responsabilização. Cada sócio ou administrador atingido será responsabilizado
pela dívida como um todo.

2
O STJ já afirmou que “os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica somente alcançam os
sócios participantes da conduta ilícita ou que dela se beneficiaram, ainda que se trate de sócio majoritário
ou controlador”.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

11. Aspectos Processuais da Desconsideração da Personalidade Jurídica:


Desnecessidade de uma Ação de Conhecimento:

O STJ reconheceu a desnecessidade de uma ação própria para se obter a


desconsideração, afirmando que “a providência prescinde de ação autônoma. Verificados
os pressupostos é afastada a personificação societária, os terceiros alcançados poderão
interpor, perante o juízo falimentar, todos os recursos cabíveis na defesa de seus direitos
e interesses”.

12. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica no Novo Código


de Processo Civil:

Admite-se a desconsideração da personalidade jurídica, independentemente de um


processo de conhecimento com esse objetivo específico. O NCPC trouxe o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica como instrumento aplicável aos processos de
execução e à fase de cumprimento de sentença, no qual o juiz poderá estender os efeitos
de uma obrigação da pessoa jurídica a outros sujeitos, na sua modalidade tradicional.

O deferimento da desconsideração não representa qualquer ofensa aos princípios da


ampla defesa e do contraditório, pois será dada toda a chance de reação ao interessado,
que poderá exercer a sua defesa plenamente por meio do agravo de instrumento.

O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de


conhecimento, no cumprimento da sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial. A princípio, trata-se de procedimento obrigatório para a obtenção da
desconsideração, mesmo nos juizados especiais ou no Tribunal. Não será necessária a
instauração do incidente, se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na
petição inicial, hipótese em que as pessoas que podem ser atingidas serão citadas e
figurarão como parte no processo.

A parte ou o Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, poderão


requerê-la por meio do incidente. Instaurado o incidente, o processo será suspenso e o
juiz mandará citar ou sócio ou a pessoa jurídica para manifestar-se e requerer as provas
cabíveis, no prazo de 15 dias. Encerrada a eventual fase instrutória, caberá ao juiz decretar
a desconsideração ou negar o seu pedido. Em todo caso, trata-se de decisão interlocutória,
que pode ser objeto de recurso de agravo de instrumento.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Decretada a desconsideração, a alienação ou a oneração de bens após a citação da


pessoa jurídica cuja personalidade se pretende desconsiderar será considerada fraude de
execução, sendo ineficaz em relação ao requerente.

13. Desconsideração Inversa:

A desconsideração no sentido inverso é o afastamento do princípio da autonomia


patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio.
Nessa situação, o sócio, para se eximir da responsabilidade por dívida pessoal, transfere
bens para a sociedade. Assim, há a desconsideração da personalidade da pessoa física.
Por determinação expressa do novo CPC, o incidente de desconsideração também se
aplica às hipóteses de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Segundo opinião doutrinária, em casos extremos, pode-se anular ou mesmo declarar


a nulidade do ato de transferência dos bens para a sociedade, não havendo qualquer
necessidade de se recorrer à desconsideração inversa.

14. Prescrição/decadência do pedido de desconsideração:

O pedido de desconsideração se constitui um direito potestativo do requerente. Dessa


forma, o que haveria seria um prazo decadencial, contudo este não foi fixado pela nossa
legislação e, por conseguinte, não há prazo para o requerimento da desconsideração da
personalidade.

EM RESUMO: A desconsideração da pessoa jurídica foi primeiramente aplicada no


Brasil pelo CDC, nos termos da Teoria Menor, conforme a qual, para configurar a
desconsideração, bastava ocorrer ou o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial,
exigindo a dissolução da sociedade, de modo a observar, portanto, o benefício de ordem.
Essa teoria aplica-se, então, a dívidas trabalhistas, consumeristas, entre outras em que se
observa sujeito hipossuficiente. Posteriormente, o Código Civil, influenciado por essa
previsão, também se utiliza da expressão OU ao tratar dos pressupostos para a
desconsideração no artigo 50. Ocorre que se deve entender que tal artigo, em verdade,
filia-se à Teoria Maior, inexistindo benefício de ordem e exigindo-se simultaneamente
desvio de finalidade E confusão patrimonial para a desconsideração.

SOCIEDADES DESPERSONIFICADAS
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

1. Sociedades em Comum:

As sociedades em comum são aquelas que, tendo (sociedade irregular) ou não


(sociedade de fato) ato constitutivo escrito, não o levaram ao registro e,
consequentemente, não adquiriram a personalidade jurídica 3. O Código Civil disciplina
as sociedades em comum nos arts. 986 a 990.

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á


a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste
Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem
compatíveis, as normas da sociedade simples.

1.1. Terminologia:

A expressão sociedade em comum veio para substituir as expressões sociedade de


fato e sociedade irregular, que eram normalmente usadas pela doutrina.

1.2. Patrimônio:

O traço fundamental de uma sociedade comum é a ausência de personalidade jurídica,


pelo não cumprimento das solenidades legais exigidas para sua aquisição. Em função
disso, não se reconhece a sociedade em comum como um sujeito autônomo de direitos e
obrigações.

Dessa forma, não há que se cogitar de autonomia patrimonial, assim o conjunto de


bens organizados, posto à disposição do exercício da atividade empresarial é um
patrimônio especial que pertence aos sócios em condomínio.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio


especial, do qual os sócios são titulares em comum.

1.3. Responsabilidade dos sócios:

O patrimônio que irá responder pelo cumprimento das obrigações é o patrimônio dos
sócios, ou seja, as obrigações decorrentes do exercício da atividade são de

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O registro não é condição de existência das sociedades, mas condição para aquisição da personalidade
jurídica.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

responsabilidade dos sócios em conjunto. Dessa forma, os sócios respondem solidária e


ilimitadamente pelas obrigações contraídas em proveito da sociedade em comum.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente


pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem,
previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.

Dessa forma, como regra geral, responde primeiro pelas obrigações contraídas
pela sociedade em comum o patrimônio especial constituído a partir das contribuições
dos sócios. Apenas quando exaurido esse patrimônio especial, todo o restante do
patrimônio dos sócios também é chamado a responder.

1.4. Administração:

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão


praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso
limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro
que o conheça ou deva conhecer.

Reconhece-se a vinculação do patrimônio social pelos atos de gestão praticados pelos


sócios, dentro dos poderes que lhes foram atribuídos. Em relação aos atos que extrapolam
os poderes atribuídos, só haverá vinculação se o terceiro estiver de boa-fé, ou seja, se não
conhecia e nem devia conhecer a limitação dos poderes dos sócios.

Embora não seja personificada, a sociedade em comum tem capacidade processual e


está sujeita ao processo falimentar.

1.5. Prova da Existência da Sociedade:

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros,


somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas
os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

Garante-se expressamente aos terceiros qualquer meio para provar a existência da


sociedade. Contudo, os próprios sócios podem provar a existência da sociedade em ações
ajuizadas contra a sociedade ou contra os outros sócios por escrito. Observe-se que se a
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

causa de pedir não é a existência da sociedade, não é necessário prova-la, e, por


conseguinte, não é obrigatório o instrumento escrito.

2. Sociedade Em Conta de Participação:

A sociedade em conta de participação é uma sociedade oculta, que não aparece


perante terceiros, sendo desprovida de personalidade jurídica. Existem dois tipos de
sócio: o sócio ostensivo, que aparece e assume toda responsabilidade perante terceiros e
o sócio participante, que não aparece perante terceiros e só tem responsabilidade perante
o ostensivo, nos termos do ajuste entre eles.

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade


constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio
ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, participando os demais dos resultados
correspondentes.

Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio


ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante,
nos termos do contrato social.

2.1. Sócios:

 Sócios Ostensivo:

O sócio ostensivo, que pode ser um empresário individual ou uma sociedade, é aquele
que exercerá a atividade em seu próprio nome, vinculando-se e assumindo toda
responsabilidade perante terceiros. Dessa forma, a sociedade em conta de participação
não firmará os contratos necessários para o exercício da atividade, mas o sócio ostensivo
que usará tão somente seu próprio crédito e seu próprio nome.

 Sócio Participante:

O sócio participante não aparece perante terceiros, não assume qualquer


responsabilidade perante o público. A responsabilidade dele é apenas perante o sócio
ostensivo, nos termos acertados entre os dois.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

2.2. Características:

A sociedade em conta de participação é oculta, ou seja, não é ou não precisa ser


conhecida pelo público, quem aparece é o sócio ostensivo. A sociedade não aparece pois
a sua existência e funcionamento independem de quaisquer formalidades, ou seja, não é
necessário o registro, não há um nome próprio e a sua existência e funcionamento
independem de quaisquer formalidades. Ademais, ela não possui órgãos que a
representem na vida jurídica e nem possui sede social.

O acerto entre os sócios pode ser firmado verbalmente ou por escrito, não se
exigindo qualquer formalidade para a validade do contrato. Os sócios podem prová-la por
qualquer meio. Ressalte-se que, caso seja firmada por escrito, é indiferente o seu registro,
isto é, mesmo que o contrato seja registrado não surgirá uma pessoa jurídica.

Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação


independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os
meios de direito.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios,


e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro
não confere personalidade jurídica à sociedade.

Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos


negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas
relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder
solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.

Apesar da ausência de personificação, reconhece-se a existência de um patrimônio


especial, formado pela contribuição do sócio ostensivo e do sócio participante. Tal
patrimônio especial pertence aos sócios em condomínio e não à sociedade e só produz
efeitos entre os sócios.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do


sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de
participação relativa aos negócios sociais.

§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em


relação aos sócios.

Trata-se de uma sociedade de pessoas, sendo vedado ao sócio ostensivo admitir


outros sócios sem o consentimento expresso dos demais sócios. Contudo, essa sociedade
pode em determinados casos específicos assumir as vestes de uma sociedade de capitais,
quando as participações são livremente transferíveis.

Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não


pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos
demais.

Como não é a sociedade em conta de participação que exerce a atividade


empresarial, ela não se vincula, não possui obrigações e, consequentemente, não se sujeita
à falência.

2.3. Extinção da sociedade:

A sociedade em conta de participação pode ser constituída para a realização de


operações determinadas ou para operar por prazo indeterminado. No primeiro caso, a
dissolução da sociedade dependerá da existência de um justo motivo. No segundo caso,
a dissolução pode dar-se a qualquer momento.

No caso da falência do sócio ostensivo, dissolve-se a sociedade, e os créditos que,


eventualmente, possua o sócio participante representarão um crédito quirografário a ser
habilitado perante a massa falida. No caso de falência do sócio participante, a sociedade
poderá continuar a critério do administrador judicial, uma vez que pode ser interessante
e lucrativo à sociedade.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Art. 994. § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução


da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo
constituirá crédito quirografário.

§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às


normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais
do falido.

Dissolvida a sociedade em conta de participação, não se segue a liquidação, o que


há é um mero ajuste de contas entre os sócios, cabendo ao ostensivo prestar contas do
negócio.

Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação,


subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para
a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas
relativas à prestação de contas, na forma da lei processual.

Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as


respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo.

SOCIEDADE SIMPLES

1. Introdução:

As sociedades simples são aquelas que exercem as atividades não empresariais (nas
quais a organização é menos importante que a atividade pessoal) ou atividade de
empresário rural sem se registrar na junta comercial. Ressalvada a hipótese da atividade
rural, não são os sócios que definem se a sociedade é simples ou empresária, a definição
decorre do próprio objeto social.

A sociedade simples, quanto ao objeto, pode assumir a forma de um dos tipos


societários destinados às sociedades empresárias, previstos no Código Civil de 2002,
quais sejam, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade
limitada. Todavia, também pode não optar por nenhum desses tipos societários,
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

sujeitando-se a regras peculiares às sociedades simples (arts. 997 a 1.038 do CC/02).


Também pode eventualmente adotar a forma de cooperativa.

ATENÇÃO: O legislador optou por utilizar as regras das sociedades simples


como regras gerais aplicáveis a todas as sociedades regidas pelo Código Civil.

2. Constituição:
 Personalidade Jurídica:

Para adquirir personalidade jurídica, a sociedade deve arquivar seus atos constitutivos
no registro competente que, no caso das sociedades simples é o cartório de Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, nos 30 dias subsequentes a sua constituição. O registro é exigido
para assegurar uma certa publicidade do que é a sociedade, assegurando o conhecimento
de elementos essenciais de sua vida a terceiros que negociam com ela.

Nada que esteja fora do contrato social pode ser oposto a terceiros. Há que se ressaltar
que, além do registro inicial, devem ser registradas quaisquer alterações no ato
constitutivo, bem como devem ser averbadas as instituições de sucursais ou filiais.

Art. 997. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros


qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do
contrato.

Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a


sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.

§ 1o O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento


autenticado do contrato, e, se algum sócio nele houver sido
representado por procurador, o da respectiva procuração, bem
como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade
competente.

§ 2o Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente,


será a inscrição tomada por termo no livro de registro próprio, e
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

obedecerá a número de ordem contínua para todas as sociedades


inscritas.

Art. 1.000. A sociedade simples que instituir sucursal, filial ou


agência na circunscrição de outro Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da
inscrição originária.

Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição da sucursal,


filial ou agência deverá ser averbada no Registro Civil da
respectiva sede.

 Ato Constitutivo:

O ato constitutivo é denominado de contrato social e possui uma série de requisitos


mencionado no art. 997 do CC/02, devendo indicar:

a) Qualificação dos sócios;


b) Qualificação da sociedade;
c) Capital social, sua divisão e sua formação (bens ou serviços);
d) Participação nos lucros e nas perdas;
e) Responsáveis pela administração da sociedade e os limites de seus poderes;
f) Se os sócios respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito,


particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas
partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos


sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação,
nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo


compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação
pecuniária;

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-


la;

V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição


consista em serviços;

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da


sociedade, e seus poderes e atribuições;

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas


obrigações sociais.

 Omissão do Contrato Social:


o Participação nos Lucros:

Na hipótese de omissão do contrato social sobre a participação nos lucros e nas


perdas, prevalece a divisão dos lucros e das perdas de modo proporcional à participação
de cada sócio no capital social, mas aquele cuja contribuição consiste em serviços
somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos


lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas
aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa
dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

o Administração da Sociedade:

No caso de omissão do contrato social sobre a administração da sociedade, esta


pode ser exercida separadamente por cada um dos sócios (art. 1.013), que terá os poderes
inerentes à gestão da sociedade (art. 1.015).
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o


contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios.

Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem


praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não
constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis
depende do que a maioria dos sócios decidir.

 Responsabilidade Subsidiária dos Sócios:

Quanto à responsabilidade subsidiária dos sócios, prevalece na doutrina a


orientação de que os sócios podem definir se respondem ou não pelas obrigações da
sociedade de forma subsidiária, sendo que o Enunciado 479 da V Jornada de Direito Civil
disserta neste mesmo sentido.

Contudo, segundo Tomazette, a responsabilidade dos sócios é uma questão legal


inerente a cada tipo de sociedade, não havendo o poder de disposição por parte dos sócios.
Entender que é possível a exclusão da responsabilidade é reconhecer aos sócios o poder
de alterar a responsabilidade legal, interpretação que não é razoável.

 Modificação dos elementos:

Verifica-se que os mencionados elementos são tão importantes que a lei


condiciona sua modificação à deliberação unânime dos sócios (art. 999, CC/02).

Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por


objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento
de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria
absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de
deliberação unânime.

Parágrafo único. Qualquer modificação do contrato social será


averbada, cumprindo-se as formalidades previstas no artigo
antecedente.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

3. Sócios:

Os sócios são a base da sociedade, conjunto de pessoas que se reúne para atingir fins
comuns.

3.1. Noções Gerais:

A aquisição da qualidade de sócio decorre da subscrição do capital, isto é, do


compromisso de pagamento de uma parte do capital social. Os sócios, no mínimo 02,
podem ser pessoas físicas ou jurídicas, brasileiros ou estrangeiros, residentes no país ou
no exterior.

No caso de pessoas físicas, exige-se que sejam pessoas capazes, restringindo-se a


possibilidade do incapaz assumir a condição de sócio aos casos onde não haja risco de
sua responsabilização direta, o que lhe afasta das sociedades simples.

3.2. Deveres dos sócios:

Os sócios têm inúmeras obrigações para com a sociedade e para com os demais sócios.
Tais obrigações se iniciam no momento da constituição da sociedade, se outro não for
fixado pelo contrato social, e só terminam quando forem extintas as responsabilidades
sociais (art. 1.001).

Art. 1.001. As obrigações dos sócios começam imediatamente


com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quando,
liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades
sociais.

 Contribuição para o Capital Social:

O dever primordial de um sócio de qualquer sociedade é realizar a sua


contribuição para o capital social. Nas sociedades simples, tal contribuição pode ser em
bens ou serviços.

 Bens:

No caso de contribuição de bens, que não dinheiro, o sócio responde pela evicção
e pela solvência do devedor, no caso de transferência de créditos, ou seja, o sócio não se
desonera da sua obrigação, se ela não for efetivamente cumprida.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir


domínio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência
do devedor, aquele que transferir crédito.

 Serviços:

No caso de contribuição em serviços, não se admite que o sócio se empregue em


atividade estranha à atividade, sob pena de exclusão e não percepção dos lucros.

Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não


pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em atividade
estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela
excluído.

Caso o sócio descumpra tal dever, a sociedade deve notifica-lo para constituí-lo
em mora, assegurando-lhe um prazo de graça de 30 dias para cumprir o seu dever. Passado
tal prazo sem o cumprimento da obrigação, os demais sócios poderão optar por uma
indenização pelos danos causados pela mora do sócio ou pela sua exclusão ou pela
redução de sua quota ao valor integralizado.

Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos,


às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que
deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela
sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.

Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais


sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou
reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, aplicando-se, em
ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031.

 Dever de Lealdade e Cooperação Recíproca:

O sócio deve “velar nos interesses da sociedade, prestando a sua cooperação e


jamais preferindo o interesse individual ao social com prejuízo da sociedade”. Esse dever
tem dado margem à exclusão do sócio que o viola, pela quebra da affectio societatis.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

 Dever de Participar das Perdas:

Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer


sócio de participar dos lucros e das perdas.

3.3. Direitos dos Sócios:

Os sócios têm direitos de duas espécies: direitos pessoais e direitos patrimoniais:

 Direitos Patrimoniais:

São direitos eventuais de crédito contra a sociedade, consistentes a participação dos


lucros e na participação do acervo social em caso de liquidação da sociedade.

 Participação nos lucros:

A princípio, a sociedade é livre para decidir a forma de divisão da participação


nos lucros, desde que não haja um pacto leonino, isto é, desde que nãos e atribuam
vantagens ou desvantagens exageradas a algum sócio. No silêncio do contrato social, cada
sócio participa dos lucros na proporção de suas quotas. Toda via, o sócio que contribui
em serviços só participa dos lucros pela média do valor das quotas.

Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos


lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas
aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa
dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer


sócio de participar dos lucros e das perdas.

 Participação no acervo pessoal:

A participação no acervo pessoal é decorrência da própria contribuição dos sócios.


Assim, se eles contribuíram para a formação do patrimônio social e ainda existe algum
patrimônio após o pagamento de todos os credores da sociedade, deve-se devolver aos
sócios o equivalente à sua contribuição.

 Direitos Pessoais:
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Os direitos pessoais são inerentes à qualidade de sócios como a fiscalização dos atos
da administração da sociedade e a participação nas deliberações da sociedade (direito de
voto).

 Fiscalização dos Atos de Administração da Sociedade:

Obriga-se os administradores a prestar contas justificadas da sua administração


anualmente, além de apresentar o inventário e o balanço patrimonial e de resultado
econômico. Dessa forma, todos os sócios têm o direito de examinar os livros e
documentos, bem como o estado do caixa e da carteira da sociedade, a qualquer tempo,
independentemente de motivação específica ou determinação judicial.

Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios


contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o
inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de
resultado econômico.

Art. 1.021. Salvo estipulação que determine época própria, o


sócio pode, a qualquer tempo, examinar os livros e documentos,
e o estado da caixa e da carteira da sociedade.

 Participação nas deliberações da sociedade:

O sócio tem o direito de voto, ou seja, de participar da formação da vontade social.

3.3.1. Penhora das Quotas:

A sociedade simples é uma sociedade eminentemente de pessoas, na qual os sócios


não podem ser substituídos das suas funções sem o consentimento dos demais. Ademais,
os sócios terão uma qualificação profissional específica, dada a natureza não empresarial
da atividade desenvolvida.

A quota, como bem integrante do patrimônio do sócio devedor, pode estar sujeita à
constrição judicial, para satisfazer os direitos dos credores. Havendo conflito entre o
direito do credor e o direito dos demais sócios de não aceitarem uma pessoa estranha,
deve-se tentar em primeiro lugar garantir aos demais sócios o direito de preferência,
adquirindo as quotas penhoradas por dívidas particulares do sócio. Não sendo exercida a
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

preferência pelos sócios, a própria sociedade tem a oportunidade de adquirir as quotas,


mantendo-as em tesouraria.

Se a sociedade não quiser ou não puder adquiri-las, deve-se promover a liquidação


das quotas penhoradas, com o pagamento em juízo dos valores devidos. Caso tal
pagamento seja muito oneroso para a sociedade, o juiz poderá decidir pelo leilão judicial
das quotas.

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de


outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este
couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em
liquidação.

Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o


credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor,
apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no
juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.

3.3.2. Direitos do cônjuge separado e dos herdeiros do cônjuge falecido:

Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do


que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte
que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica
dos lucros, até que se liquide a sociedade.

O cônjuge que se separou judicialmente de um sócio e os herdeiros do cônjuge de


um sócio não se tornam proprietários das quotas (evitar a quebra da affectio societatis),
mas apenas titulares do direito à participação nos lucros e no acervo social, ficando este
diferido para o momento de liquidação da sociedade. Os demais direitos inerentes à quota,
como o direito de voto, permanecerão na pessoa do sócio originário.

3.4. Responsabilidade:

A princípio, responde pelas obrigações sociais o patrimônio da própria sociedade,


dada a autonomia patrimonial inerente às pessoas jurídicas. Todavia, no caso de
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

insuficiência desse patrimônio, os sócios podem ser chamados a responder com o seu
patrimônio social.

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser


executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados
os bens sociais.

Nas sociedades simples, na opinião da maioria, os sócios definem a


responsabilidade, aplicando-se o art. 1.023 do CC/02 apenas no silêncio do contrato.
Contudo, conforme Tomazette, a regra geral é a do art. 1.023, que estabelece que os sócios
respondem subsidiariamente, na proporção da sua participação no capital social, ou seja,
o patrimônio pessoal do sócio só responde na insuficiência do patrimônio social e pela
parte da dívida equivalente à sua parte no capital social.

Embora, a princípio não haja solidariedade entre os sócios, estes podem, no


contrato social, estipular a solidariedade entre eles, de modo que qualquer sócio será
obrigado pela totalidade da dívida e ao pagá-la se sub-rogaria nos direitos de credor e
adquiriria o direito de regresso contra os demais sócios.

Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas,


respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem
das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária.

Essa responsabilidade vale para todos os sócios. Mesmo o sócio que ingressa na
sociedade não se exime da responsabilidade pelas obrigações anteriores à sua admissão.

Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se


exime das dívidas sociais anteriores à admissão.

O sócio que se retira ou é excluído permanece obrigado por dois anos, após a
averbação da sua saída em relação às obrigações anteriores à averbação da alteração
contratual. Na hipótese de falecimento do sócio, seus herdeiros mantêm a
responsabilidade por dois anos após a averbação da resolução da sociedade, em relação
às obrigações anteriores ao falecimento do sócio.

Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime,


ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade;


nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo,
enquanto não se requerer a averbação.

No caso de cessão da quota, cedente e cessionário mantêm-se solidariamente


responsáveis pelas obrigações anteriores à averbação da alteração contratual, pelo prazo
de dois anos após tal averbação. Pelas obrigações posteriores à averbação a
responsabilidade é exclusivamente do cessionário.

Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a


correspondente modificação do contrato social com o
consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes
e à sociedade.

Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação


do contrato, responde o cedente solidariamente com o
cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que
tinha como sócio.

3.5. A saída voluntária dos sócios: cessão das quotas:

A cessão de quotas envolve a transferência dos direitos inerentes à condição de sócio


e, para valer perante terceiros, essa transferência pressupõe uma alteração do contrato
social, devidamente registrada. Ademais, a sociedade simples é uma sociedade
eminentemente de pessoas, na qual os sócios não podem ser substituídos nas suas funções
sem o consentimento dos demais.

Conclui-se, por conseguinte, que a cessão de quotas sempre depende do


consentimento dos demais sócios, ressalvado o caso de penhora de quotas, com sócios
que, contudo, terão preferência para a aquisição das quotas.

4. Da resolução da sociedade em relação a um sócio (dissolução parcial):

A dissolução parcial ocorre quando a sociedade se resolve apenas em relação a um


sócio, continuando a existir normalmente, mesmo que isso acarrete uma unipessoalidade
temporária, que é admitida por 180 dias, pelo Código Civil. A resolução do contrato
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

societário relativamente a um sócio pode ocorrer nos casos de: morte, exclusão e exercício
do direito de retirada.

4.1. A morte de um sócio:

Conforme o princípio da preservação da empresa e da função social da sociedade, nos


casos de dissolução parcial da sociedade, se dissolveria apenas o vínculo do sócio
falecido, mantendo-se a sociedade. Dessa forma, no caso de morte de um sócio deve, a
princípio, ocorrer a resolução da sociedade apenas no que tange ao vínculo daquele sócio,
liquidando-se suas quotas, apurando-se seus haveres e entregando-os aos seus herdeiros.

Havendo cláusula contratual com os herdeiros ou acordo dos sócios


remanescentes, pode haver a substituição do sócio falecido, não havendo sequer a
dissolução parcial da sociedade, mas apenas a entrada de novo sócio. Trata-se de direito
potestativo dos herdeiros, o ingresso na sociedade, no caso de previsão contratual
(cláusula de continuidade).

Os sócios podem deliberar a dissolução total da sociedade, uma exceção que


depende de manifestação dos sócios em assembleia ou no próprio contrato social.

EM SÍNTESE: No caso de morte de um sócio, deve ocorrer a resolução do contrato


em relação apenas ao vínculo deste, salvo no caso de se decidir a dissolução total da
sociedade ou a substituição o sócio falecido por acordo com os seus herdeiros.

Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota,


salvo:

I - se o contrato dispuser diferentemente;

II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da


sociedade;

III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do


sócio falecido.

4.2. Recesso:
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

O recesso é a saída do sócio por iniciativa própria, ele se retira da sociedade,


apurando os seus haveres.

 Sociedade por prazo indeterminado:

Tratando-se de sociedade por prazo indeterminado, assiste ao sócio o direito de a


qualquer tempo se retirar apurando os seus haveres. Nas sociedades simples, exige-se
apenas a notificação dos demais sócios com antecedência mínima de 60 dias. Essa
manifestação de vontade será o marco final da condição de sócio e servirá de data-base
para a definição da apuração de haveres. Admite-se que os demais sócios deliberem a
dissolução total a sociedade até 30 dias após a notificação.

 Sociedade por prazo determinado:

Nas sociedades por prazo determinado, não se admite a denúncia imotivada do


contrato, exigindo-se para o recesso do sócio, o reconhecimento judicial de uma justa
causa para tanto. Essa justa causa se identifica com eventos que não permitem a
continuação da sociedade e deverá ser apreciada caso a caso pelo juiz, podendo-se ter
como uma ideia geral a quebra da relação de confiança entre os sócios e da affectio
societatis. Em todo caso, será considerada como data da saída do sócio, o final do prazo
mínimo de 60 dias da notificação.

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato,


qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo
indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado,
provando judicialmente justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação,


podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.

4.3. Exclusão do Sócio:

A exclusão do sócio pode ocorrer por iniciativa da sociedade ou de pleno direito.

4.3.1. Exclusão de Pleno Direito:


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A exclusão de pleno direito independe de decisão judicial ou da deliberação de outros


sócios e ocorre nos casos em que a quota do sócio é liquidada em virtude da falência
pessoal ou da iniciativa dos seus credores pessoais.

Art. 1.030. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da


sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha
sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de


outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este
couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em
liquidação.

Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o


credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor,
apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no
juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.

4.3.2. Exclusão pela sociedade:

A exclusão por iniciativa da sociedade se justifica pelo princípio da preservação da


atividade exercida pela sociedade, isto é, por razões de ordem econômica, outrossim, deve
prevalecer o interesse da sociedade em detrimento do interesse individual do sócio. Trata-
se de direito inerente à finalidade comum do contrato de sociedade, independentemente
de previsão contratual ou legal.

São possíveis motivos para a exclusão: grave inadimplência das obrigações sociais;
incapacidade superveniente; impossibilidade do pagamento de suas quotas. Dessa forma,
não se trata de qualquer inadimplemento, mas daquele que impede ou dificulta
extremamente a continuação da sociedade.

A violação ao dever de colaboração que consiste na cooperação do sócio para se


alcançar o fim comum objetivado pela sociedade também se constitui motivo para a sua
exclusão da sociedade.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A incapacidade superveniente é entendida como a perda da capacidade de agir por si


só, tendo em vista que o sócio não pode cooperar para o fim social. Ademais, em tal tipo
de sociedade não se admite a intromissão de um terceiro estranho, tutor, ou curador do
sócio incapaz, pelo que se justifica a sua exclusão.

Admite-se a exclusão do sócio remisso constituído em mora pela notificação da


sociedade para pagamento de sua parte, no prazo de 30 dias. Em tal caso, também há uma
grave violação ao dever primordial do sócio que é contribuir para o capital social.
Ressalvada a hipótese do sócio remisso que pode ser excluído extrajudicialmente, a
exclusão deve ser decretada judicialmente.

Consagrando como regra a exclusão judicial de um sócio, é imprescindível o


ajuizamento de uma ação que tramitará pelo rito ordinário e terá como autora a própria
sociedade e como réu o sócio cuja exclusão é pretendida. Para decidir pelo ajuizamento
da ação, e necessária a concordância da maioria absoluta dos sócios computados pela
participação no capital social (conforme doutrina majoritária), porém Tomazette acredita
que deveriam ser computados por cabeça.

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo


único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante
iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no
cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade
superveniente.

Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o


sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada
nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

4.4. Apuração de Haveres:

A apuração de haveres é o recebimento da parte do sócio no patrimônio da


sociedade.

Na apuração de haveres, a sociedade deve continuar a existir, enquanto na


dissolução, a finalidade é extinguir a sociedade. Além disso, na dissolução surge um novo
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

órgão, o liquidante, enquanto na apuração de haveres a relação se desenvolve entre o


sócio e a sociedade.

Na apuração de haveres é necessária a dissolução do vínculo de um sócio em


relação à sociedade a manutenção da sociedade. Diante de tal situação, o sócio faz jus à
liquidação da sua quota, sendo necessários dois procedimentos: a determinação do
patrimônio da sociedade a definição do quinhão que toca a cada um dos sócios e,
consequentemente, do quinhão do sócio que se afastou da sociedade ou dos seus
membros.

Para a apuração de haveres, exige-se um balanço especial, que defina a situação


patrimonial da sociedade na data da resolução, na data da exclusão ou na data da
manifestação de vontade no caso de recesso, levando-se em consideração os valores
prováveis de liquidação dos bens componentes do patrimônio da sociedade. Apurado o
valor patrimonial da sociedade, há que se determinar a parte em dinheiro que caberia a
cada sócio se a sociedade fosse extinta.

Definido o valor a ser recebido, a título de apuração dos haveres, ele deve ser pago
no prazo de 90 dias contados da liquidação da quota, salvo em disposição em contrário
do contrato social. Feito o pagamento do sócio que não mais faz parte da sociedade, a
princípio deve ser operada a redução do capital social na proporção das quotas que ele
possuía, contudo admite-se que os demais sócios supram o valor da quota, mantendo
íntegro o capital social.

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação


a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante
efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual
em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à
data da resolução, verificada em balanço especialmente
levantado.

§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os


demais sócios suprirem o valor da quota.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa


dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação
contratual em contrário.

4.5. Ação de dissolução parcial da sociedade:

Trata-se de procedimento especial para a dissolução parcial de sociedades, constante


nos arts. 599 a 609 do novo CPC.

No caso de morte do sócio, a ação poderá ser proposta pelo espólio do sócio falecido
ou por seus sucessores. No caso de recesso, o próprio sócio terá legitimidade para propor
a ação. Nos casos de exclusão, a ação poderá ser ajuizada pelo sócio excluído para
impugnar sua exclusão ou buscar a apuração de haveres. Nos casos de exclusão, em que
a sociedade for autora, a ação, a princípio, será ajuizada em face do sócio a ser excluído,
podendo haver litisconsórcio ativo com os demais sócios.

A ação deve ser ajuizada contra a sociedade e os demais sócios. Contudo, a sociedade
não será citada se todos os sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à
coisa julgada. Os sócios e a sociedade, conforme o caso, serão citados para concordar
com o pedido ou apresentar a contestação no prazo de 15 dias. Regularmente citada, a
sociedade poderá ainda formular pedido de indenização compensável com o valor dos
haveres a apurar, como uma espécie de reconvenção.

Com a manifestação expressa de todos os citados e a concordância quanto ao pedido


de dissolução, o juiz julgará de imediato o pedido de dissolução, iniciando a liquidação
para apuração de haveres. Nos demais casos, será seguido o procedimento tradicional até
a prolação da sentença.

Em todo caso, ao sentenciar o feito o juiz deve, além de decidir os pedidos


formulados, fixar a data da resolução, definir o critério de apuração de haveres e nomear
o perito, se necessário. O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela
permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos, o que
pode ser feito pelos sócios.

5. A vontade da sociedade:
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A tomada de decisões da sociedade decorrerá da soma das vontades dos sócios, que
deverão atentar ao dever de lealdade, não votando quando tiverem interesses contrários
aos da sociedade. Exige-se o consentimento de sócios que representem mais da metade
do capital social, se o contrato social não exigir unanimidade.

Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos
sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações
serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das
quotas de cada um.

§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários votos


correspondentes a mais de metade do capital.

§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios


no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.

§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma


operação interesse contrário ao da sociedade, participar da
deliberação que a aprove graças a seu voto.

No entanto, para a modificação das cláusulas essenciais do contrato social, exige-se


legalmente a unanimidade dos sócios.

Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por


objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento
de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria
absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de
deliberação unânime.

6. Administração da sociedade:

Expressa a vontade da sociedade pelos sócios, ou sendo necessária uma decisão


não sujeita à deliberação dos sócios, surge a figura do administrador para tomar a decisão
ou para pôr em prática a vontade social.

6.1. Natureza Jurídica da relação administrador-sociedade:


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A ausência de substrato concreto das pessoas jurídicas torna imprescindível a


intermediação de um órgão, para a exteriorização da vontade social, bem como para a
administração da sociedade no âmbito interno.

Tal órgão, contudo, não é um representante, no sentido técnico, da pessoa jurídica,


seja porque a pessoa jurídica não é incapaz, seja porque a função do órgão é essencial à
própria vida da sociedade, seja porque não há relação de subordinação, não podendo falar
em mandato. Tanto é que se aplicam à atividade dos administradores, apenas
supletivamente e não diretamente, as normas sobre o mandato.

Art. 1.011. § 2o Aplicam-se à atividade dos administradores, no


que couber, as disposições concernentes ao mandato.

Quanto o órgão age, quem age é a pessoa jurídica, por isso o órgão é o presentante
da pessoa jurídica.

6.2. Nomeação e Destituição:

A administração das sociedades simples deve competir a pessoas físicas que


devem gozar de idoneidade para administrar a sociedade. Contudo, não podem ser
administradores os condenados à pena que deve, ainda que temporariamente, o acesso a
cargos públicos; ou por crime falimentar; de prevaricação, peita ou suborno (corrupção
ativa ou passiva); concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema
financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação,
além de outros impedimentos decorrentes de leis específicas.

Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício


de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e
probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios.

§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas


por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,


peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema
financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência,
contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade,
enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

Os administradores, que podem ser sócios ou não, devem ser indicados no contrato
social ou em instrumento separado, que deverá ser averbado à margem do registro da
sociedade, para assegurar ao público em geral o conhecimento de quem pode praticar atos
pela sociedade. Antes de tal averbação, o administrador assume responsabilidade
solidária com a sociedade pelos atos praticados, pois, sem a averbação, o terceiro de boa-
fé não tem como aferir a regularidade ou não da atuação do administrador.

Art. 1.012. O administrador, nomeado por instrumento em


separado, deve averbá-lo à margem da inscrição da sociedade, e,
pelos atos que praticar, antes de requerer a averbação, responde
pessoal e solidariamente com a sociedade.

Os sócios administradores nomeados no contrato social não poderão ser


destituídos, salvo justa causa reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer um dos
sócios. Tomazette discorda desta disposição, afirmando que os processos judiciais são
morosos e isto pode prejudicar a sociedade, pois questões de oportunidade ou de mera
conveniência podem tornar determinado administrador inadequado aos interesses da
sociedade, independente do descumprimento de qualquer dever.

No caso de sócios administradores nomeados em ato estranho ao contrato social


ou administradores não sócios, prevalece a revogabilidade a qualquer tempo, deliberada
pela maioria do capital social.

Art. 1.019. São irrevogáveis os poderes do sócio investido na


administração por cláusula expressa do contrato social, salvo
justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos
sócios.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer tempo, os poderes


conferidos a sócio por ato separado, ou a quem não seja sócio.

Não havendo designação dos administradores, a administração compete a cada um


dos sócios isoladamente. Cada sócio está investido no poder de administrar, podendo
praticar quaisquer atos dentro do seu objeto social.

Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o


contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios.

6.3.Exercício do Poder de Administração:

O contrato social pode organizar o poder de administração, dividindo as atribuições


entre diversas pessoas, definindo a competência de cada uma ou exigindo que os atos
sejam praticados em conjunto. Deve-se obedecer ao quanto estipulado no contrato social,
salvo casos de urgência, nos quais um sócio poderá praticar os atos isoladamente, a fim
de evitar danos à própria sociedade.

Art. 1.014. Nos atos de competência conjunta de vários


administradores, torna-se necessário o concurso de todos, salvo
nos casos urgentes, em que a omissão ou retardo das providências
possa ocasionar dano irreparável ou grave.

Nem sempre há essa organização da administração social. Nesta hipótese, os


administradores podem praticar isoladamente os atos necessários à gestão da sociedade,
entre os quais não se encontra a venda ou oneração de imóveis, que dependem de decisão
dos sócios, a menos que esse seja o próprio objeto social.

Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem


praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não
constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis
depende do que a maioria dos sócios decidir.

Quando a administração cabe a todos os sócios isoladamente, qualquer outro sócio


pode se opor às operações concluídas por um sócio, suscitando a decisão em conjunto dos
sócios, para que prevaleça efetivamente a vontade da sociedade. Caso nenhum sócio se
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

oponha por desconhecimento ou por qualquer outro motivo, o administrador responde por
perdas e danos, se sabe ou devia saber que está agindo em desacordo com a intenção da
maioria.

Art. 1.013. § 1o Se a administração competir separadamente a


vários administradores, cada um pode impugnar operação
pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria
de votos.

§ 2o Responde por perdas e danos perante a sociedade o


administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber
que estava agindo em desacordo com a maioria.

Qualquer que seja a forma do exercício, a função do administrador é


personalíssima, não se admitindo a sua substituição por terceiros. Tal fato não impede a
constituição de mandatários em benefício da sociedade, para atos especificamente
determinados.

Art. 1.018. Ao administrador é vedado fazer-se substituir no


exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de
seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados
no instrumento os atos e operações que poderão praticar.

6.4. A proibição de concorrência:

Os prepostos não podem fazer concorrência ao empresário preponente, em virtude do


dever de lealdade. Proíbe-se o exercício das atividades concorrentes com a sociedade da
qual sejam administradores, com o fim de impedir que o administrador use notícias e
oportunidades que teve conhecimento em virtude do cargo, em benefício próprio e em
detrimento da própria sociedade.

Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode


negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora
indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi
cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem
retidos pelo preponente os lucros da operação.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

O descumprimento de tal dever acarreta ao administrador a obrigação de ressarcir


os danos causados à sociedade e a retenção de lucros obtidos em tais operações pela
sociedade.

6.5. Responsabilidade:

Perante a sociedade, o administrador tem responsabilidade pelos danos causados a


ela, quando age com culpa e quando age em desacordo com a vontade da maioria, a qual
conhecia ou devia conhecer. Além disso, quando utiliza, em proveito próprio ou de
terceiros, bens da sociedade sem o consentimento escrito dos demais sócios.

Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente


perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no
desempenho de suas funções.

Art. 1.017. O administrador que, sem consentimento escrito dos


sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de
terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente,
com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele
também responderá.

Parágrafo único. Fica sujeito às sanções o administrador que,


tendo em qualquer operação interesse contrário ao da sociedade,
tome parte na correspondente deliberação.

Os administradores devem prestar contas de sua administração, bem como elaborar o


balanço patrimonial e o de resultado econômico, para que os sócios tenham ciência do
que está acontecendo com a sociedade e, caso seja necessário, tomem as medidas
cabíveis.

Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios


contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o
inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de
resultado econômico.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Perante terceiros, o administrador pode ser responsabilizado, quando age com culpa,
abrangendo inclusive a exorbitância dos poderes que lhe foram atribuídos. Tal
responsabilidade pode ser isolada ou solidária em relação à sociedade.

6.6. Vinculação da sociedade:

Em determinados casos, os administradores, movidos por vicissitudes pessoais,


podem agir violando a lei ou o contrato social, em exorbitância aos poderes que lhes
foram atribuídos pelo contrato social. Em tais situações, a princípio, há responsabilidade
do administrador perante a sociedade e perante terceiros, porquanto o administrador, ao
agir dessa forma, agiu com culpa.

Contudo, conforme o art. 1.015, parágrafo único, a sociedade não se vincula pelos
atos praticados pelos administradores, se provar: limitação inscrita ou averbada no
registro de empresas; limitação conhecida por terceiro; ato estranho ao objeto social.

Art. 1.015. Parágrafo único. O excesso por parte dos


administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer
pelo menos uma das seguintes hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no


registro próprio da sociedade;

II - provando-se que era conhecida do terceiro;

III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios


da sociedade.

Conforme o STJ: “o excesso de mandato praticado pelo administrador da pessoa


jurídica poderá ser oposto ao terceiro beneficiário apenas se ficar afastada a boa-fé deste,
o que ocorre quando: a limitação de poderes dos administradores estiver inscrita no
registro próprio; o terceiro conhecia do excesso de mandato; a operação realizada for
evidentemente estranha ao objeto social da pessoa jurídica”. Nestas hipóteses, há
presunção de modo absoluto da má-fé do terceiro.

6.6.1. Restrições contratuais aos poderes de administração:


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A primeira hipótese de não vinculação da sociedade refere-se às restrições contratuais


aos poderes do administrador, como, por exemplo, a proibição da prestação e aval ou
fiança pela sociedade. Se o contrato proíbe a prática de determinado ato e o administrador
ainda assim o pratica, quem irá responder pelo ato será o administrador isoladamente, não
havendo vinculação da pessoa jurídica.

Conforme a teoria da aparência, se o ato parece regular é dessa forma que deve ser
tratado. A boa-fé dos terceiros que contratam com a sociedade em situação que acreditam
perfeitamente regular deve ser prestigiada.

6.6.2. Terceiros de má-fé:

Pune-se a má-fé do terceiro, que, sabendo da limitação, ainda assim concluiu o


contrato. Logo, não há aparência a ser protegida diante da má-fé do terceiro.

6.6.3. Atos ultra vires:

Trata-se de ato completamente alheio ao objeto da sociedade, não se concebendo que


terceiros acreditem que se trata de ato da sociedade, por isso quem deve responder pelo
ato é o administrador que o praticou. O STJ já afirmou expressamente que a referida teoria
foi acolhida no direito brasileiro.

SOCIEDADE EM NOME COLETIVO E COMANDITA SIMPLES

1. Introdução:
As sociedades em nome coletivo e as sociedades em comandita simples caíram em
completo desuso diante do surgimento da sociedade limitada. Contudo, foram mantidas
no CC/02.

2. Sociedade Em Nome Coletivo:

O Código Civil trata da sociedade em nome coletivo dos arts. 1.039 a 1.044, com
aplicação subsidiária das normas relativas à sociedade simples.

2.1. Histórico:
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

As sociedades em nome coletivo têm como traço característico o elemento da


confiança mútua, do companheirismo entre seus membros, tratando-se de uma sociedade
de pessoas.

2.2. A sociedade genérica:

A sociedade em nome coletivo é a sociedade mais simples, sendo considerada o


protótipo das sociedades empresariais em geral. A opção expressa pela sociedade em
nome coletivo só é necessária para as sociedades simples, que resolvam optar por essa
forma, pois para as empresárias ela é a forma genérica.

A concepção da sociedade em nome coletivo como o tipo geral das sociedades deve
ser, no futuro, suplantada pela utilização das sociedades limitadas, tendo em vista que
representam a opção geral dos pequenos e médios empreendimentos no Brasil.

2.3. A natureza personalista:

A sociedade em nome coletivo é uma sociedade eminentemente de pessoas, baseada


na confiança recíproca entre os sócios, tratando-se de uma sociedade intuitu personae. As
características pessoais dos sócios exercem papel fundamental para a constituição da
sociedade e para a vida empresarial da sociedade, por isso, não se admite a participação
de pessoas jurídicas, pois, em relação a uma pessoa jurídica, não se pode cogitar de
qualquer “confiança”, no seu sentido mais subjetivo.

A sociedade em nome coletivo regular é dotada de personalidade jurídica, sendo um


sujeito de direitos autônomos. Contudo, a pessoa dos sócios é extremamente importante
para a vida da sociedade, por conseguinte esta deve utilizar uma razão social, na qual se
faça presente o nome de pelo menos algum dos sócios. Não se indiciando todos os sócios
na razão social, há que se registrar a existência de outros não mencionados pela expressão:
“e Companhia” ou “e Cia” ou outra expressão como, por exemplo “e irmãos”.

Ademais, a administração da sociedade só pode ser atribuída a quem goze da condição


de sócio. Todos os sócios são responsáveis pessoalmente pelo cumprimento das
obrigações da sociedade, por isso não se admite a participação de incapazes nas
sociedades em nome coletivo.

2.4. A responsabilidade dos sócios:


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Todos os sócios têm responsabilidade subsidiária, solidária e ilimitada pelas


obrigações sociais, sem qualquer possibilidade de alteração dessa responsabilidade
perante terceiros.

É subsidiária, pois os sócios só assumem alguma responsabilidade após o exaurimento


do patrimônio da sociedade. É solidária, pois cada sócio responde perante os credores
pela dívida inteira e depois se volta contra os demais sócios. É ilimitada, pois a obrigação
dos sócios não se limita ao valor da participação no capital, cada sócio responde com todo
o seu patrimônio pelas obrigações não cumpridas.

A responsabilidade perante terceiros é inderrogável pelas partes, mas estas podem


estabelecer nas relações internas da sociedade, uma eventual limitação de
responsabilidade de algum sócio; o que só vale nas relações internas entre os sócios, para
os ajustes posteriores.

2.5. Os credores do sócio:

Os credores particulares do sócio só podem fazer valer os seus direitos sobre os lucros,
a que o sócio faz jus, não se admitindo a liquidação da quota do sócio devedor no correr
da existência da sociedade.

Excepcionalmente, os credores poderão liquidar a quota do sócio, durante a


existência da sociedade, isto é, fazer recair seus direitos sobre o que o sócio receberia em
caso de liquidação da sociedade, mas no correr da vida desta. Admite-se tal liquidação
quando a sociedade for prorrogada tacitamente ou quando for acolhida oposição judicial
do credor à prorrogação contratual da sociedade.

O credor tem o prazo de 90 dias contados da publicação do ato, que determinou a


prorrogação da sociedade, para se opor judicialmente, demonstrando os prejuízos que tal
prorrogação lhe causam.

1. Introdução sobre as sociedades em nome coletivo:

A lei que a regulamenta ainda está em vigor, pois suas normas estão no CC/02. É
uma das sociedades mais antigas dentro das personificadas (ao lado da sociedade em
comandita simples).
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A sociedade em nome coletivo se caracteriza pela coletividade de nomes de


pessoas físicas que traziam ao nome dessa sociedade o nome civil dos seus componentes
e dos seus sócios. Essa sociedade deve ser constituída exclusivamente de pessoas físicas.
Então, a ideia é porque é uma coletividade de nomes.

Essa sociedade pode ser simples ou empresária.

2. Constituição:

As pessoas têm a vontade de se associar umas com as outras (affectio societatis)


– deseja-se se tornar sócio de uma pessoa específica, em razão de suas qualidades pessoais
e profissionais.

Os sócios devem redigir um ato constitutivo, que visa constituir essa sociedade.
Neste ato constitutivo deve constar o nome dos sócios e quem irá administrar essa
sociedade.

Podendo ser uma sociedade simples (com ou sem fins lucrativos) ou empresária
(fins lucrativos – o contrato social deve trazer de que forma os sócios irão integralizar4 o
capital social5. Essa integralização deve refletir um patrimônio econômico – bens ou
dinheiro- pois busca o lucro e o ato constitutivo deve dizer quais são, quanto é e de que
forma. Todos os sócios são investidores, pois devem injetar capital através dessa
transferência, o valor não precisa ser igual. Contudo nem todos precisam ser sócios
gerenciadores – administradores, apresentam poder de gestão). Na sociedade em nome
coletivo, necessariamente, o administrador precisa ser um sócio.

Sub-capitalização – fraudar o credor.

Os bens precisam passar por uma perícia (03 laudos).

Ao integralizar o capital social, em contrapartida, essas pessoas passam a ser


sócios, pois são titulares de participação societária. Essa participação societária é
representada no caso da sociedade em nome coletivo pelas quotas (são bens intangíveis e

4
Transferir do patrimônio do sócio para a empresa.
5
Capital inicial que a sociedade iria explorar e organizar os fatores de produção.
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Semestre: 2017.1.

indivisíveis que integram o patrimônio do sócio e tem valor econômico). A legislação não
traz mínimo ou máximo de quotas.

No ato constitutivo deve constar qual é a atividade e se o prazo é determinado ou


indeterminado.

Nome empresarial objetiva identificar o empresário e é gênero que compõe duas


espécies: firma e denominação. A firma se subdivide em firma individual e firma social.
A firma, além da função de identificar o empresário tem também a função da assinatura.
A denominação só tem a função de identificar o empresário.

A estrutura da firma irá utilizar necessariamente elementos do nome civil. A firma


individual é utilizada pelo empresário individual e firma social é utilizada pela sociedade.
Se, na firma, coloca-se elementos de nome civil. O nome do empresário individual será o
nome do empresário por extenso.

O nome empresarial da sociedade em nome coletivo quando for FIRMA poderá


inserir a atividade (facultativo). A denominação, na estrutura, pode ser composta por
elementos do nome civil do sócio. Tanto na firma, como na denominação, quanto existe
mais de um sócio, pode-se colocar o elemento do nome civil de um sócio, mais de um ou
todos, contudo se colocar apenas um, deve-se colocar o nome cia. Na denominação, a
atividade é obrigatória.

A regra geral é que o tipo societário seja ao final, contudo existem exceções. No
entanto, a denominação também pode usar elementos de nomes fantasia, não se deve
confundir com nome fantasia.

A professora afirma que a sociedade em nome coletivo só pode utilizar firma e é


uma firma social, pois se está diante de uma sociedade. A ideia dessa sociedade é uma
coletividade de nomes, são pessoas físicas. Os sócios respondem de forma solidária
quanto a integralização e isso tem reflexo na responsabilidade dos sócios em relação as
obrigações sociais. A integralização pode ser a vista ou a prazo. Sempre se deve buscar
primeiro os bens que são patrimônio da sociedade.

Na sociedade em nome coletivo, se o ativo da sociedade não for suficiente para o


adimplemento das obrigações, pode-se atingir os bens dos sócios até o limite da
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
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obrigação. A responsabilidade é limitada, o credor pode buscar de um, do outro ou dos


dois. Existe, portanto, uma classificação da responsabilidade dos sócios em relação à
responsabilidade social, neste caso a responsabilidade dos sócios é limitada.

O ato constitutivo da sociedade em nome coletivo é um contrato social (quanto à


constituição e dissolução), portanto, nesta classificação contratual (diferentemente da
institucional, em que o ato constitutivo é um instituto).

Quanto às condições de alienação das condições societárias, a participação


societária é representada por quotas (bem indivisível que integra o patrimônio do sócio –
titular das quotas), se irá alienar esses bens, estará saindo da sociedade se alienar tudo, se
alienar em parte, continua sendo sócio, contudo há uma diminuição da sua participação
societária e aquele que adquirir passa a ser sócio, o que acaba interferindo nas decisões.

Quanto às condições de alienação da participação societária, a sociedade pode ser


de pessoas ou de capital. A sociedade de pessoas tem a seguinte característica, deseja-se
ter determinada pessoa como sócia, em virtude das suas características pessoais, caso não
tenha sido integralizado todo o capital social, é preciso a anuência de todos para a
alienação da participação societária. Na sociedade de capital o que importa é o capital, o
dinheiro.

Para a sociedade de pessoas é necessária a responsabilização solidária em relação


a capital integralizado, para a sociedade de nome coletivo, o que importa são das pessoas.
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3. Sociedade em Comandita Simples:

A sociedade em comandita simples apresenta dois tipos de sócios, que exercem papéis
distintos para a vida da sociedade. A ausência de um dos tipos de sócio por mais de 180
dias, apesar da subsistência da pluralidade de sócios da outra categoria, gera a dissolução
da sociedade.

3.1. Legislação Aplicável:

O Código Civil rege a sociedade em comandita simples nos arts. 1.045 a 1.051, bem
como aplicam-se as disposições relativas às sociedades em nome coletivo, naquilo que
não for incompatível com o regime das comanditas simples.

3.2. Os sócios:

Existem dois tipos de sócios: comanditado e comanditário.

3.2.1. Comanditado:

Os sócios comanditados são aqueles que se comprometem mais diretamente com a


atividade exercida pela sociedade, assumindo responsabilidade subsidiária, solidária e
ilimitada pelas obrigações desta. Apenas os comanditados podem ser nomeados
administradores e, na ausência da nomeação, todos eles têm isoladamente o poder de gerir
a sociedade. Ressalte-se, ainda, que só o nome dos comanditados pode ser inserido na
razão da sociedade.

3.2.2. Comanditário:

Os sócios comanditários são aqueles que possuem responsabilidade limitada pelas


obrigações sociais. Trata-se de um prestador de capital, no sentido de participar dos
resultados da atividade exercida, sem, contudo, interferir de forma mais direta na gestão
social. A sua única obrigação pecuniária é pagar o valor da sua quota.

Os sócios comanditários não podem participar da gestão da sociedade e nem incluir


seu nome na formação da razão social, sob pena de ser considerado um comanditado.
Ressalte-se, contudo, que essas restrições à atuação do comanditário não lhe retiram o
direito de votar, fiscalizar a sociedade e participar dos lucros sociais. Este último direito
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

é, todavia, condicionado à integridade do capital social, isto é, só podem ser distribuídos


lucros aos comanditários se o capital social não tiver sofrido nenhum desfalque em virtude
de prejuízos da sociedade. No caso de desfalques ao capital social, deve-se primeiro
reconstruí-lo integralmente e só então poderá haver a distribuição dos lucros.

3.3.O personalismo da sociedade:

Trata-se de uma sociedade de pessoas. Em relação aos comanditários, que restringem


a sua responsabilidade ao valor de suas quotas e não participam da gestão da sociedade,
suas qualidades pessoais não são tão determinantes e, no caso de morte do sócio
comanditário, a sociedade continuará com os seus herdeiros, salvo disposição em
contrário do contrato social.

Contudo, ressalte-se que se impede a cessão das quotas sociais sem o consentimento
dos demais sócios. Tal regra se aplica também aos comanditários, denotando uma certa
importância da sua condição pessoal.

SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

Deve ser constituída por pelo menos 2 sócios. Ocorre que é necessário ter pelo menos
um sócio na categoria comanditado e um na categoria comanditário (um sócio em cada
categoria).

A participação societária é representada por quotas.

O ato constitutivo é um contrato social.

Sócios comanditados só podem ser pessoas FÍSICAS. São sócios investidores e


obrigatoriamente empreendedores, ou seja, têm poder de gestão. A responsabilidade
desses sócios é ILIMITADA.

Comanditado lembre de advogado, comanditários lembre de estagiário.

Os comanditários podem ser pessoas FÍSICAS ou JURÍDICAS. Só são investidores. A


responsabilidade desses sócios é LIMITADA. NÃO POSSUEM PODER DE GESTÃO.
Cada comanditário responde pela integralização do capital devido pelo grupo. Se o
grupo deve 10 mil e eu já paguei 5 mil, tenho que confiar que o outro comanditário vai
pagar 5 mil também. Se ele não pagar, eu pago.

Independente da categoria, os sócios da mesma categoria são solidários entre si, na


integralização do capital social.

Essa sociedade é MISTA, porque a categoria comanditário e a comanditado têm


responsabilidades diferentes. O primeiro, limitada, o segundo, ilimitada.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Se não for caso de desconsideração da personalidade jurídica, eu sou vou poder cobrar
2 mil reais do grupo dos comanditários, porque o comanditário 1 tinha que integralizar
6 mil e integralizou só 4. Dois mil estão disponíveis para o credor caçar. O credor vai
caçar esses 2 mil tanto do comanditário 1 quanto do 2, porque ambos respondem
solidariamente. Grupo de comanditário nesse exemplo é formado por comanditário 1
(devia 6 e pagou 4 de integralização); comanditário 2 (devia 6 pagou 6 de
integralização).

NOME NA COMANDITA SIMPLES

Só pode ser firma, com os nomes dos comanditados (AZEVEDO E SILVA). Os


comanditários são Batista e Carvalho. É vedado botar o nome desses últimos (porque
eles têm responsabilidade limitada), mas devo botar CIA, para representar sua
existência.

AZEVEDO E SILVA E CIA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES.


Poderia ser só AZEVEDO e CIA.

Se Azevedo trocar de categoria e for para comanditário, deve retirar seu nome do nome
empresarial, porque se eu não retirar Azevedo vai continuar respondendo
ILIMITADAMENTE, para proteger o credor.

O nome civil dos comanditários não pode compor o nome empresarial.

Constituição contratual, nome é firma e firma social somente dos comanditados,


necessária sigla CIA, a atividade é facultativa no nome, há duas categorias de sócios, a
responsabilidade é mista, está em desuso.

A comandita simples pode ser sociedade simples (não exerce atividade empresarial) ou
sociedade empresária.

 Sociedade em comandita simples:

A sociedade em comandita simples deve ser constituída por pelo menos dois
sócios, contudo está em desuso. Ocorre que além de ter esse mínimo de sócios, é
necessário ter pelo menos um dos sócios em uma das suas categorias. Existem duas
categorias de sócios: comanditados e comanditários, que apresentam características
distintas.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

A comandita simples pode ser simples ou empresária, dependendo de como a


atividade é desenvolvida. No caso de sociedade empresária, deve ter o registro público de
empresa mercantil e constituída na junta comercial, ademais todos os sócios devem ser,
no mínimo, sócios investidores. A integralização deve ser em bens ou dinheiro, os sócios
são solidários entre si em relação à integralização do capital social pelo total da sua
categoria.

A participação societária é representada por quotas, o ato constitutivo é um


contrato social.

Os sócios comanditados podem ser pessoas físicas, são sócios investidores e


empreendedores, apresentam poder de gestão, responsabilidade ilimitada (similar à
sociedade em nome coletivo).

Os sócios comanditários só podem ser pessoas físicas ou jurídicas, sendo apenas


sócios investidores, responsabilidade limitada. O limite para os sócios comanditário é o
que falta integralizar (R$ 2.000,00), ou seja, cabe exigir essa quantia, de qualquer dos
sócios, mesmo o que integralizou o valor completo, pois a responsabilidade é solidária.

Caso tenha se comprometido e integralizado TODO o valor, não se pode exigir


nada dos sócios comanditários, somente podendo buscar dos sócios comanditados. A
relação empresária é equiparada, então, a limitação da responsabilidade não é da categoria
ou da sociedade, nem do valor do capital social ou que se comprometeram, mas dos
sócios, do que falta do que eles se comprometeram.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Assim sendo, a sociedade em comandita simples apresenta responsabilidade mista


quanto à responsabilidade dos sócios. O nome é um reflexo da personalidade dos sócios.

O nome empresarial da sociedade em comandita simples é firma social e envolve


os nomes de um, alguns ou todos os sócios comanditados (os comanditários NÃO podem
compor o nome empresarial, mas devem ser representados através da firma CIA),
constando facultativamente a atividade, após ou antes a partícula CIA e obrigatoriedade
o tipo societário (C/S ou Sociedade em comandita simples). Se alguém sair dos
comanditados para comanditários, deve necessariamente alterar o nome empresarial, pois
do contrário, continua respondendo ilimitadamente (uma das hipóteses obrigatórias de
alteração do nome).

Quanto às condições de alienação da participação societária: É uma sociedade de


pessoas, pois as características da sociedade de comandita simples estão voltadas às
características pessoais dos sócios.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

SOCIEDADE LIMITADA

Não é a sociedade que tem a responsabilidade, mas sim o sócio. Antigamente, o seu
nome era sociedade por quotas limitadas, depois sociedade de quotas limitadas.

Histórico: França.

Sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas.

A sociedade limitada pode ser simples ou empresária.

Não tem capital social mínimo.

Todos os sócios respondem de forma limitada (classificação é limitada).

Regramento está no CC. Na ausência de dispositivo sobre a limitada, uso o regramento


da sociedade simples.

Quanto às condições para a participação societária, apesar de ser quota, a sociedade


pode ser de pessoas ou capital, no silêncio do contrato é de pessoas. Os sócios têm
que determinar expressamente que é sociedade de capital, se assim o quiser.

Todos os sócios respondem de forma solidária pela integralização do capital social. Isso
significa que se algum sócio ainda não pagou o que deveria para a sociedade todos os
demais sócios respondem por essa falta de integralização do capital social.

A sociedade limitada, alguns pensam que a criação da pessoa jurídica foi para poder
limitar a responsabilidade dos sócios. A primeira legislação é da Alemanha, depois França
e, a partir daí tem-se a Espanha, Portugal e o Brasil. Atualmente, é regida pelas regras
que estão no CC e na ausência, aplica-se as regras da sociedade simples.

Os sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas. A sociedade limitada pode ser
simples ou empresária. Não tem capital social e nem quotas mínimas. Todos os sócios
respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. Essa sociedade tem como ato
constitutivo um contrato social. Apesar da participação societária ser quotas, a sociedade
limitada pode ser de pessoas ou de capital, quando o contrato social é silente, ela é de
pessoas, para que seja de capital, deve vir expresso em cláusula prevista no contrato
social. Responsabilidade solidária pela integralização do capital social. É muito bem vista
no âmbito empresarial. No silêncio, será considerada de pessoas. Deve-se agredir em
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

primeiro lugar os bens da sociedade e, posteriormente, deve-se verificar a possibilidade


de agressão aos bens dos sócios a partir da desconsideração da personalidade jurídica.

Desconsideração e o novo CPC

A previsão dessa desconsideração da personalidade jurídica surge pela primeira vez


no CDC, art. 28.

Pode ser firma ou denominação, se for firma deve ter o nome civil dos sócios, no caso
de denominação, deve utilizar os elementos dos nomes civis dos sócios ou utilizar
elementos de nome fantasia, sendo denominação obrigatoriamente, deve-se inserir a
atividade, sendo possível trocar e ao final deve ter LTDA ou limitada. Se for firma, além
de identificar é assinatura, se for denominação, assinatura não será o nome empresarial,
mas o nome do administrador.

O nome fantasia não tem proteção legal, o nome empresarial tem proteção na sede em
que for registrada e a marca apresenta proteção nacional. Marca é bem, então, marca se
vende.

NOVO CPC E DESCONSIDERAÇÃO

Sociedades não personificadas:

Sociedade em comum – Uma das obrigações do empresário é a inscrição no órgão


competente antes do início das atividades (art. 967 do CC), é obrigação do empresário.
Ocorre que, na prática, muitas sociedades existem, mas não foram devidamente
registradas (sociedades irregulares/de fato) (art. 986 do CC). A sociedade em comum não
foi devidamente registrada no órgão competente. Pode existir ato constitutivo assinada
pelas partes ou não. Quer seja uma sociedade irregular (ato constitutivo não registrado),
quer seja uma sociedade de fato (não tem sequer ato constitutivo), elas serão consideradas
empresários irregulares.

Quanto existe pelo menos um ato constitutivo, os sócios poderão provar a existência
de uma sociedade irregular, outrossim, é preciso existir pelo menos um ato constitutivo.
Terceiro pode provar a existência da sociedade, quer seja irregular, quer seja de fato de
qualquer jeito e pode executar qualquer um, não existe benefício de ordem.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Quer seja na irregular, quer seja na de fato, os bens utilizados no desenvolvimento


das atividades devem ser agredidos primeiramente do que o dos sócios, contudo não
existe benefício de ordem. Não se aplica essa desconsideração na sociedade em comum
e na sociedade em conta de participação (SCP), pois a sociedade precisa ter personalidade
própria para ser desconsiderada. Acho que nesses casos a responsabilidade é direta
mesmo.

SOCIEDADE SIMPLES

O ato constitutivo é o contrato social. Trata-se contrato social sui generis, não é
bilateral (duas partes que tem direitos e deveres recíprocos – sinalagmático). O contrato
social é plurilateral (direitos e deveres entre eles e para com as sociedades e os credores
da sociedade). As suas regras encontram-se previstas no Código Civil.

SOCIEDADE SIMPLES PURA

A sociedade simples pura não é comum e um dos motivos é que os sócios respondem
de forma ilimitada pelas obrigações sociais. O registro é no cartório civil de pessoas
jurídicas. O contrato social deve ser por escrito. Quando se trata de sociedade simples, o
ato constitutivo deve ir a registro em 30 dias. A participação societária é representada por
quotas. A sociedade simples pura é titular de uma atividade não empresarial. Os sócios
podem ser pessoas físicas ou jurídicas.

A integralização dos bens pode ter prestação de serviços (SÓ NA SIMPLES PURA),
isso não quer dizer que não seja possível ter sócios remissos (não cumprem com o que foi
determinado) ou responder pela evicção. No ato constitutivo, além de prever capital
social, este deve dizer se é à vista, à prazo e se, porventura, os sócios não cumprirem com
a integralização podem se tornar remissos. Quando se trata de sócio remisso, três coisas
podem ocorrer (elas não se excluem necessariamente): pode-se solicitar indenização por
perdas e danos, decorrente da morta; pode ser feita a exclusão desse sócio
extrajudicialmente; ou pode perder parte do capital societário.

Apesar de não serem comuns, existem.

Quando se trata de sociedades simples puras, quanto ao administrador, o normal que


é que esteja determinado no ato constitutivo. A administração é personalíssima, não
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

podendo ser atribuída a outras pessoas e o administrado (identificação ou seus poderes)


podem vir em ato constitutivo ou em ato apartado (devidamente averbado no cartório civil
de registro de pessoa jurídica). Professora é adepta da teoria orgânica.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

SOCIEDADE SIMPLES

ART. 997 – Esse inciso não é taxativo.

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou


público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se


pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos
sócios, se jurídicas;

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; [Nesse inciso II, tem-


se a observação e não confundir a denominação com a espécie de nome
empresarial, aqui é tratado como razão social] [Existem algumas
sociedades com prazo determinado].

Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no


art. 997, a firma social.

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo


compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação
pecuniária; [a avaliação pecuniária passa por perícia].

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em


serviços; [inciso voltado para a sociedade simples pura].

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus


poderes e atribuições; [pode ser no ato constitutivo e se tratando de simples
pura, pode ser em ato apartado].

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações


sociais. [Sabe-se que todos os sócios respondem de forma subsidiária,
porém sabe-se também que em determinadas situações esses sócios podem
não responder, quando se tem uma sociedade limitada e os sócios
respondem de forma limitada, integralizada pelo capital social]
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Parágrafo único - É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto


separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.

Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade


deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas do local de sua sede.

§ 1º O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado


do contrato, e, se algum sócio nele houver sido representado por
procurador, o da respectiva procuração, bem como, se for o caso, da prova
de autorização da autoridade competente. [Não é o registro que determina
se a sociedade é simples ou não, mas a atividade exercida].

§ 2º Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a


inscrição tomada por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a
número de ordem contínua para todas as sociedades inscritas.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Caderno de Victória:

A assinatura do contrato forma a sociedade. O registro forma a personalidade. A


sociedade em comum é despersonificada. Forma-se com a assinatura do contrato. Se não
houver, fica difícil provar sua existência. A sociedade em comum pode solicitar falência.
Fica uma massa falida que tem capacidade judiciária. Não pode concorrer em licitação e
nem pedir recuperação judicial.

O administrador age em nome da sociedade x o gerente é preposto.

DA SOCIEDADADE SIMPLES

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,
além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

Art. 1.012. O administrador, nomeado por instrumento em separado, deve averbá-lo à


margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a
averbação, responde pessoal e solidariamente com a sociedade.

*Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete


separadamente a cada um dos sócios.

§ 1º - Se a administração competir separadamente a vários administradores, cada um pode


impugnar operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de
votos.

§ 2º - Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizar


operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria.

Mais na frente vamos discutir se esse artigo se aplica à sociedade limitada


subsidiariamente.

Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos


pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda
de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir (responsabilidade DIRETA,
teoria ultra vires).

Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a
terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;


Porque dá publicidade.

II - provando-se que era conhecida do terceiro;

III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os


terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.
Aqui, não pode ser ato doloso. A sociedade pode entrar com regresso em relação ao adm.

Lembre que a sociedade em nome coletivo usa subsidiariamente as regras da sociedade


simples.

O administrador abaixo não necessariamente é sócio. Se não for sócio, não se fala em
desconsideração da personalidade jurídica.
Art. 1.017. O administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos
ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou
pagar o equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele
também responderá.

Parágrafo único. Fica sujeito às sanções o administrador que, tendo em qualquer operação
interesse contrário ao da sociedade, tome parte na correspondente deliberação.

Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de
sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço
patrimonial e o de resultado econômico.
Empresa familiar não faz isso.

Art. 1.021. Salvo estipulação que determine época própria, o sócio pode, a qualquer
tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da sociedade.
Qualquer sócio , independente de ser administrador.

SUBTÍTULO II
Da Sociedade Personificada

CAPÍTULO I
Da Sociedade Simples

Seção I
Do Contrato Social

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,
além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas


naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer


espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e


atribuições;

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao


disposto no instrumento do contrato.

Microempresário individual não é necessariamente um pequeno empresário. Pode ser


uma pessoa natural com responsabilidade ilimitada. A eireli tem responsabilidade
limitada e não pode prestar serviço segundo a professora, mas acaba prestando.

Cooperativa é sempre sociedade simples.

Sociedade não personificada é aquela sem registro: sociedade em comum (irregular e de


fato - irregular tem contrato e não registrou ou expirou, sociedade de fato nem sequer tem
contrato).

Sócio de sociedade não personificada responde diretamente se praticou atos de


gestão. Excluído esta, portanto, o benefício de ordem.
Se o sócio não praticou o ato, responde depois e subsidiariamente.

Pessoa jurídica não necessariamente desenvolve atividades empresarial : partido político,


fundações, organizações religiosas. Art. 44 do CC.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Você também pode ter registro no CNPJ sem ser pessoa jurídica, como o condomínio,
que nem personalidade jurídica tem.

Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios
pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de
responsabilidade solidária.
Lembre que se é sociedade simples pura o sócio responde ilimitadamente. Se for simples
pq é civil, existe limitação da responsabilidade.

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Lembre que nas sociedades não personificadas os bens integram o patrimônio especial.
Lembre que SEMPRE há esse "benefício de ordem", não importa o tipo de sociedade.

Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas
sociais anteriores à admissão.
O sócio tem responsabilidade para com a sociedade, outros sócios e CREDORES. O
fundamento disso é que o sócio novo que entrou na sociedade está nela e foi ela que
contraiu a obrigação, devendo responder por ela.

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor,
fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade (dividendos do
sócio), ou na parte que lhe tocar em liquidação da participação societária (isso significa
penhora).
Sociedade de pessoas não pode ter gente estranha interferindo então você não é obrigado
a ter o credor como sócio. As quotas serão penhoradas e não transferidas ao credor.
Liquidação não se confunde com alienação.

Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a


liquidação da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será
depositado em dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.

Antes de 2002 não existia sociedade simples, pois está era chamada de sociedade civil.

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da
sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data
da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

§ 1º - O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios


suprirem o valor da quota.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

§ 2º - A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da


liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

AULA 7 - 19/06

SOCIEDADE SIMPLES
PURA OU LTDA, COMANDITA SIMPLES e em nome coletivo

Seção V
Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio

Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:

I - se o contrato dispuser diferentemente;

II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;

III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.

SOCIEDADE SIMPLES : não existe a possibilidade de uma sociedade simples ser


transformada em EIRELI com a dissolução ou com a saída de um sócio. Sempre tem que
ter mais de uma pessoa.

Se fosse sociedade empresária, esta poderia se converter em Eireli.

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se
da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar
pela dissolução da sociedade.

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser
excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios (maioria da
participação societária), por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda,
por incapacidade superveniente.

O incapaz perde o poder de gestão. Os sócios podem tentar excluir o incapaz, mas ele
poderá pleitear sua continuação (sem poder de gestão) por meio de representante.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou
aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

Uma sociedade simples pode ter em seu quadro societário um empresário individual e
uma sociedade empresária. Pode ter, mas se for sociedade simples em nome coletivo é
regra que só pode haver pessoa natural em seu quadro societário (Art. 1039).

Sociedade simples não vai à falência.

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da
sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data
da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

§ 1º - O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios


suprirem o valor da quota.
A redução do capital social é o que geralmente ocorre.

§ 2º - A quota liquidada será paga em dinheiro (em conta), no prazo de noventa dias, a
partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.

Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da
responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a
resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo,
enquanto não se requerer a averbação.

Seção VI
Da Dissolução

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente,


inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade,
requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da
sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade
limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

A transformação de uma sociedade em outra não tem disposição expressa nos casos da
sociedade em comandita por ações e em nome coletivo, mas eu posso fazer a
transformação subsidiariamente. Não está expresso no CC.

No caso da limitada, eu posso fazer essa transformação e isso tá expresso no CC.

Art. 1.036. Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar


imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios
inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e
ilimitadamente. PORQUE NÃO HÁ MAIS PERSONIFICAÇÃO DEPOIS DA
DISSOLUÇÃO.

Parágrafo único. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desde
logo, a liquidação judicial.

Art. 1.038. Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito por
deliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade.
Essa pessoa estranha pode ser um escritório, um administrador. Alguém especializado em
liquidar e fazer a dissolução. Isso não é uma intervenção. Quem passa por intervenção é
banco, porque para ser dissolvido precisa sofrer intervenção primeiro, depois se declara
a falência.

§ 1º - O liquidante pode ser destituído, a todo tempo:

I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios;

II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais sócios, ocorrendo


justa causa.

§ 2º - A liquidação da sociedade se processa de conformidade com o disposto no Capítulo


IX, deste Subtítulo.

SOCIEDADE EM COMANDITA

Art. 1.051. Dissolve-se de pleno direito a sociedade:


Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;

II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de
sócio.

Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão


administrador provisório para praticar, durante o período referido no inciso II e sem
assumir a condição de sócio, os atos de administração. ISSO de escolher um adm
comanditado PORQUE EU PRECISO DE GENTE PRESENTE NAS DUAS
CATEGORIAS. PRAZO DE 180 dias pra suprir a falta.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

AULA 28/06 - sociedades limitadas

Texto sobre diferença entre a sociedade simples e a pura será colocado no grupo do
Facebook.

A sociedade limitada é uma sociedade em que existem muitos questionamentos. O


primeiro é sobre a sua origem. Qual seria o lugar em que efetivamente a sociedade
limitada teria surgido?

Independentemente desse questionamento, a questão da limitação da responsabilidade


dos sócios em relação às obrigações sociais é anterior à própria sociedade limitada.

Na Inglaterra, surgem as limited partnerships, sociedades não personificadas e sem lei


específica regulando.

A professora afirma que a sociedade limitada surgiu na Inglaterra, ainda que não existisse
lei regulando-a. A professora fala bastante sobre esse histórico no livro dela. Para ela, a
inexistência da lei não impede que afirmemos que a sociedade limitada primeiro existiu
na Inglaterra, até porque nos países de common law a lei não seria necessária. Não há,
portanto, divergência para a professora quanto ao local de surgimento das sociedades
limitadas.

As comanditas surgem nas navegações: parte dos sócios têm responsabilidade limitada,
parte não tem. Se a sociedade não tem bens quem assume o ônus é primeiro o sócio com
responsabilidade ilimitada e depois o com responsabilidade limitada.

Nas sociedades limitadas, há limitação da responsabilidade. As responsabilidades não


deixam de existir no mundo real, mas elas não serão atribuídas aos sócios. As
responsabilidades não deixam de existir (tenha sempre em mente isso). Mas se as
responsabilidades não deixam de existir, pra quem elas vão? Quem responde por elas?
Resposta: os próprios credores assumem esse ônus. A limitação de responsabilidade é dos
sócios, sendo a responsabilidade transferida aos credores.
É preciso entender que, inexistindo subcapitalização e inexistindo violações ao estatuto,
não há como desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade e assim atingir os
sócios. A responsabilidade será dos credores.

Subcapitalização ocorre quando o sócio não integraliza tudo quando deveria.

Professora relembrou que o registro personifica a sociedade. A assinatura do ato


constitutivo é que vai fazer ela existir.

Ainda na parte histórica, devemos frisar o segundo pós guerra e a briga da Alemanha
contra a França pela região da Alsácia Lorena. Houve a difusão da sociedade limitada pra
França e depois Portugal. Variavam entre esses países qual era o capital social mínimo,
qual era a quantidade de quotas mínimas por sócio e como se daria a integralização.

Crítica ao nome sociedade de responsabilidade limitada: não é a sociedade que tem


responsabilidade limitada, mas sim seus sócios.
Discente: Victória Régia Batista Pires e Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Adriana Aureliano.
Semestre: 2017.1.

Hoje em dia chamam de sociedade limitada. Mas limitada a que?

A sociedade limitada pode ser de pessoas ou de capital. Em toda sociedade limitada de


capital eu uso como regra subsidiária a da sociedade anônima ? Nem sempre, pois eu
posso usar subsidiariamente as regras da sociedade simples.

O que determina se eu vou usar subsidiariamente as regras da sociedade anônima ou da


sociedade simples para as sociedades limitadas? O estatuto. Ela disse que não é o porte
da sociedade que determina isso, nem quanto ela ganha.

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