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Júlio Lima
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AULA 1. DIREITO DE EMPRESA E LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL
SUMÁRIO
01. FORMAS DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL .................................................... 7
02. EMPRESA POR EMPRESÁRIO INDIVIDUAL .............................................................................. 14
03. EMPRESA POR EIRELI, SOCIEDADE INDIVIDUAL OU COLETIVA ............................... 19
04. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.................................................... 25
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Além dos, PRODUTOS, o conceito de empresa também envolve, a produção
e circulação de SERVIÇOS. Tais como: transporte, hospedagem, fornecimento de
seguros, etc.
Aqueles que prestam (ou produzem) serviços e aqueles que agenciam
serviços (circulam serviços), também devem ser enquadrados na ideia de empresa.
Assim, aquele que presta o serviço de transporte, pode ser enquadrado na ideia de
empresa. Da mesma forma, aquele que agencia a contratação de um seguro,
também pode ser enquadrado na ideia de empresa.
Econômica
Organizada Profissional (objetivo de
lucro)
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Ou seja, justamente as características, acima apontadas, como inerentes à
ideia de empresa.
Veja, agora com mais detalhes, cada uma das características:
ORGANIZADA
A atividade empresarial é organizada, pois é estruturada de forma a que o
empresário possa, com a sua atividade (de produção ou circulação de produtos ou
serviços), promover a circulação econômico, com o objetivo de obter lucro com as
suas atividades.
Assim, aquele que trabalha em prol da construção de uma estrutura para a
realização de suas atividades, faz um planejamento, cuida para que a atividade seja
exercida de forma adequada, realiza atividade de forma organizada.
PROFISSIONAL
A atividade empresarial é profissional, pois o empresário faz da atividade de
produção ou circulação de bens ou serviços, sua profissão. Faz essa atividade
habitualmente, ou seja, faz essa atividade diariamente e não de forma esporádica.
Ex: Quem vende uma vez um carro não faz dessa atividade isolada sua
profissão.
Quem trabalha com venda de veículos, age com habitualidade, age de forma
profissional
ECONÔMICA
A atividade empresarial é econômica, pois o empresário age no sentido de
movimentar a economia com o objetivo de aferir lucro.
Isso não significa que o empresário precisa ter lucro. Às vezes, por força das
intempéries do mercado o empresário não consegue obter lucro. Porém, o
simples fato de buscar lucros já permite que a atividade seja considerada
empresária.
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Em resumo, então, o empresário, nos termos do artigo 966 do Código Civil,
será assim considerado quando trabalhar com atividades voltadas a:
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O Direito Comercial evoluiu para Direito Empresarial (o que se deu
oficialmente com o advento do Código Civil de 2002).
Como é cediço, o Código Civil de 2002, derrogou parte do Código Comercial
e passou a tratar de boa parte da matéria de Direito Empresarial.
1 - Empresa e
Atividade
Emprasarial
2 - Propriedae 3- Sociedade
Indutrial Anônima
4 - Títulos de 5 - Contratos
Crédito Mercantis
6 - Recuperação
Judicial e Falência
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Ao estudar 1. Empresa e Atividade Empresarial, trabalhamos com empresa,
empresário, formas de exercício da atividade empresarial, registro e escrituração,
nome e livros empresariais, dentre outros assuntos relativos à legislação aplicada à
empresa e ao empresário.
Ao estudar 2. Propriedade Industrial, trabalhamos com o registro de
criações no âmbito da empresa no INPI – Instituto Nacional da Propriedade
Industrial, com destaque aos Registros de Marcas e Desenhos Industriais e
Patentes de Invenções e Modelos de Utilidade.
Ao estudar 3. Direito Societário, trabalhamos com o exercício da empresa
por meio de uma sociedade empresária e com os diferentes tipos societários, quais
sejam: sociedade em comum, sociedade em conta de participação, sociedade
simples, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade
em comandita por ações, sociedade limitada e sociedade anônima.
Ao estudar 4. Títulos de crédito, trabalhamos com os documentos que
gozam de proteção legal, no sentido de permitir o exercício de direito literal e
autônomo neles contidos, focando, essencialmente na letra de câmbio, nota
promissória, cheque e duplicata, além de outros títulos de crédito de transporte,
imobiliários, rurais e entre outros.
Ao estudar 5. Contratos Mercantis, trabalhamos com os contratos de Direito
Privado típicos do Direito Empresarial e da prática mercantil, tais como contrato de
alienação fiduciária em garantia, leasing, franchising, contrato de shopping center,
dentre muitos outros.
Ao estudar 6. Recuperação Extrajudicial, Judicial e Falência, trabalhamos
com o enfrentamento da crise por parte das empresas, da tentativa de recuperação
pelos meios legais e, em caso de insucesso, da administração do término das
atividades, com o recolhimento de todos os bens e créditos (na massa falida) e
pagamento dos débitos, aos respectivos credores.
Vamos trabalhar nesta trajetória pelo Direito Empresarial juntos!
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Você já parou para pensar nisso?
Quem pode exercer a Atividade Empresarial?
Pare e reflita.
É possível desde logo concluir que as PESSOAS NATURAIS ou FÍSICAS (ou
seja, os seres humanos) podem exercer a atividade empresarial.
Mas é possível, também, que as PESSOAS NATURAIS constituam PESSOAS
JURÍDICAS, justamente com o objetivo de exercer a atividade empresarial.
Existe a possibilidade de exercício da empresa, portanto, com a
personalidade natural do indivíduo, ou por meio da constituição de uma pessoa
jurídica, ou seja, por meio da personalidade jurídica do ente criado justamente
para tal fim.
Existem pessoa jurídicas que não são empresas (ex. Associações, Organizações Religiosas,
dentre outras) e
Existem Empresas que não são pessoas jurídica (ex. Empresa ou Firma Individual).
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Em resumo, são três as diferentes formas de exercer a atividade empresarial:
Sociedade Empresária
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O empresário, no caso da EIRELI, é detentor sozinho dos direitos sobre a
pessoa jurídica. Porém, neste caso há uma distinção de patrimônio e
consequentemente de responsabilidade, sendo que a responsabilidade do
constituir fica limitada ao valor investido para a criação da EIRELI.
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O produtor rural, portanto, somente será considerado empresário se realizar o
registro perante o Registro Público de Empresas Mercantis.
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A relação dos principais proibidos de exercer a atividade empresarial é a
seguinte:
Chefes dos Poderes Executivos, Ministros, Senadores, Deputados, Embaixadores, Cônsules e Devedores do INSS.
Auxiliares das Atividades Empresariais (Tradutores Intérpretes Oficiais, Leiloeiros Oficiais, Despachantes Aduaneiros,
Trapicheiros, Administradores de Armazéns Gerais (estes três últimos não podem criar e nem manter empresas de importação
ou exportação).
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O incapaz, entretanto, não poderá exercer a atividade empresarial nas
modalidades de empresa criadas por uma única pessoa e administradas por esta
única pessoa, ou seja, Empresa ou Firma Individual, EIRELI e Sociedade
unipessoal.
Naturalmente, uma pessoa que não goza de plena capacidade, não vai
conseguir iniciar a atividade empresarial, com o respectivo registro perante o
Registro Público de Empresas Mercantis.
Porém, pode ocorrer de sobrevir a condição de incapacidade, àquele que
exerce empresa ou, pode ainda, ocorrer de um incapaz, por força de sucessão, vir a
receber os direitos relativos a empresa já constituída.
Nestas hipóteses, o Código Civil estabelece que o incapaz (seja por idade ou
em razão de interdição), mediante autorização judicial específica neste sentido
(no qual serão avaliadas as circunstâncias e riscos relativos à empresa) poderá,
desde que, devidamente representado ou assistido (nos termos da legislação),
continuar as atividades da empresa.
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No caso dos casados em regime da comunhão universal, a existência de uma
sociedade seria praticamente inócua, já que os bens de ambos já se comunicam
em sua totalidade.
No caso dos casados com regime de separação obrigatória, o que quis o
legislador foi que justamente não houvesse uma comunicação dos bens do casal.
Em se criando uma sociedade, em tese, se estaria indo contra o que justamente
resta estabelecido com o regime.
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É importante conhecer, com mais profundidade tais particularidades, pois há
tratamentos jurídicos bastante distintos considerando-se os diferentes tipos de
exercício da atividade empresarial.
Inicialmente, é importante entender as principais características da
Empresa Individual ou Firma Individual (1).
A Empresa ou Firma Individual é um tipo de forma de exercício da atividade
empresarial mais simplificada e de muito fácil acesso a todos aqueles que queiram
exercer a atividade empresarial.
Em verdade tal tipo de forma de exercício da atividade empresarial decorre
da antiga ideia e, até mesmo do instituto do comerciante.
Antigamente, quando se falava em Comércio (e ainda não em Empresa) e
ramo do Direito que cuidava das relações comerciais era o Direito Comercial (e não
o Direito Empresarial), todo aquele queria exercer atividade de comerciante, podia
se cadastrar como tal, na Junta Comercial.
Com a evolução da ideia de comércio para a ideia de Empresa e também de
Direito Comercial para Direito Empresarial, o antigo comerciante foi equiparado ao
atual empresário.
Assim, todo aquele que quer realizar atividade empresarial pode se registrar
como tal perante a Junta Comercial (órgão que centraliza as operações de registro
do Registro Público de Empresas Mercantis).
O empresário realiza o seu cadastro, utilizando sua personalidade natural, de
pessoa física (natural), ou seja, não há a constituição de uma pessoa jurídica.
Embora pareça estranho, o empresário que se cadastra como EMPRESA ou
FIRMA INDIVIDUAL, recebe um número de CNPJ, embora não constitua pessoa
jurídica. Isso ocorre para fins tributários e controle pela Receita Federal.
Justamente, também, pelo fato de que o Empresário individual não constitui
pessoa jurídica e utiliza sua personalidade física ou natural para o exercício de suas
atividades, não há, formalmente separação patrimonial entre a pessoa do
empresário, com a atividade exercida.
Assim, a pessoa do empresário é responsável por todas as dívidas da
atividade que exerce através da EMPRESA ou FIRMA INDIVIDUAL.
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Ao constituir EMPRESA ou FIRMA INDIVIDUAL o empresário
necessariamente deverá adotar o seu nome (como pessoa natural) completo ou
abreviado, acrescido ou não de designação precisa de sua pessoa (exemplo
apelido) ou, indicando, ainda do gênero da atividade. Não é permitida a exclusão
do último nome ou qualquer dos componentes do nome.
Se, por exemplo, João Carlos da Silva Moraes, queira constituir uma
EMPRESA ou FIRMA INDIVIDUAL, para a comercialização de lanches, ele poderá
adotar, dentre muitos outros, a título de exemplo, nomes como:
João Carlos da Silva Moraes;
Joao Carlos da Silva Moraes comércio de lanches;
J. Carlos da Silva Moraes;
J. Carlos da Silva Moraes comércio de lanches;
J. C. da Silva Moraes comércio de lanches;
J. C. S. Moraes comércio de lanches;
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E COMO É O ENQUADRAMENTO EM MEI, ME e EPP ?
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ME – Microempresa: Poderão ser enquadradas como ME, as Empresas ou
Firmas Individuais, as Sociedades (simples ou empresárias) e as EIRELI´S,
que tenham renda bruta anual ou inferior a R$360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais).
EPP – Empresa de Pequeno Porte: Poderão ser enquadradas como ME, as
Empresas ou Firmas Individuais, as Sociedades (simples ou empresárias) e
as EIRELI´S, que tenham renda bruta superior R$360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e
oitocentos mil reais).
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Não são todas as atividades que podem ser enquadradas como MEI; Ex:
Profissionais Liberais, Contadores e Personal Trainers, dentre muitas outras
atividades não estão na lista de atividades permitidas para a MEI;
Também não pode constituir empresa enquadrada no MEI, aquele que
participa de outra empresa como titular, sócio ou administrador, ou ainda, se
a empresa for constituída como startup.
O recolhimento tributário mensal é fixo, baixo e estabelecido pela própria Lei
Complementar 123/2006 e feito através do recolhimento da DAS. O MEI só
pode ter um empregado contratado, com o pagamento do salário mínimo da
categoria (mas não pode ser o cônjuge);
O MEI não pode ter mais de um estabelecimento
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Por meio dessas três diferentes formas, o sujeito que deseja realizar atividade
empresária (produção ou circulação de bens ou serviços, de forma organizada,
profissional e econômica), poderá, após o competente registro, dar início regular a
tais atividades.
Há algumas particularidades de cada uma das formas de exercício da
atividade empresarial. Na última aula foram abordadas as características da (1)
Empresa Individual ou Firma Individual, que, em resumo é pessoa física que
exerce a atividade empresarial sozinha, sem ter qualquer sócio; embora seja pessoa
física, por ser Empresa, tem CNPJ (embora tenha CNPJ, é pessoa física ou seja, não
é pessoa jurídica); e por fim, é uma única pessoa, as dívidas da Empresa atingem os
bens (patrimônio) particular do próprio Empresário.
Veja-se, agora as particularidades da Sociedade Empresária e da EIRELI.
2 - EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (no qual
constitui-se uma pessoa jurídica para o exercício da empresa)
É a Empresa pessoa jurídica, criada por uma única pessoa, sozinha. A EIRELI é
a pessoa jurídica, que exerce atividade empresarial. Por ser Empresa, tem
CNPJ.
A pessoa jurídica - EIRELI - responde, com seus próprios bens (patrimônio),
pelas dívidas da Empresa.
Os bens (patrimônio) de seu único integrante estão protegidos e, em
princípio, não são atingidos por dívidas da Empresa EIRELI. Para ser criada
tem que ter capital de 100 salários mínimos.
A EIRELI foi incluída no Código Civil, por meio do artigo 980-A que estabelece
que:
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída
por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente
integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País.
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Referido artigo estabelece ainda que:
O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI"
após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade
limitada.
Firma individual, é o nome do empresário (com ou sem a atividade).
Exemplo: TADEU CARLOS DA SILVA EIRELI
TADEU CARLOS DA SILVA AÇOUGUE EIRELI
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Assim, se um cantor, por exemplo, constituir uma EIRELI, poderá prestar os
serviços e atribuir a remuneração decorrente da sua atividade à empresa por ele
constituída.
Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber,
as regras previstas para as sociedades limitadas.
Isso significa que aplica-se subsidiariamente, no que for necessário a parte
do Código Civil que trata das Sociedades Limitadas.
Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da
empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se
confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui,
ressalvados os casos de fraude.
Traz expressa a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade
jurídica, na hipótese de fraude cometida pelo Empresário.
É importante ainda ressaltar que a EIRELI pode ser administrada pelo
próprio instituidor ou por terceiro, por ele nomeado no Ato constitutivo ou ainda
por instrumento apartado, desde que seja devidamente registrado na Junta
comercial.
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São vários os tipos de sociedades. Todas serão abordadas ao longo do curso,
porém podemos destacar desde logo que:
IMPORTANTE:
Desde o ano de 2019, a lei permite a constituição de uma sociedade por uma
pessoa só.
A possibilidade surgiu com a modificação e inclusão dos parágrafos 1º e 2º ao
artigo 1.052 do Código Civil.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao
valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
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§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio
único, no que couber, as disposições sobre o contrato social.
Não faz muito sentido manter a sociedade limitada de um único sócio e a EIRELI
na legislação. Poderia, o legislador, ter apenas tirado a obrigatoriedade do
investimento de 100 salários mínimos da EIRELI, que ele teria atingido
praticamente o mesmo objetivo. Como o assunto bastante recente e
importante para o Direito Empresarial, é válido conhecer as diferenças e a
repercussão doutrinária sobre o assunto.
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Independentemente de ter realizado o registro ou não no Registro Público de
Empresas Mercantis, se forem identificada as condições do artigo 966 do
Código Civil, é possível dizer que há o exercício empresa e/ou empresário.
Na sociedade anônima
Na EIRELI
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Mas e se faltar ?! Ou seja, e se a empresa não tiver patrimônio suficiente para
o pagamento de suas dívidas.
Neste caso, os sócios ou constituidor não podem ser chamados para o
pagamento das dívidas, pois sua responsabilidade é LIMITADA ao que investiram
no início.
Outros bens, desde que pertençam ao patrimônio da empresa/pessoa
jurídica podem vir a ser penhorados e ela pode até mesmo, vir a falir e ter todo seu
patrimônio penhorado. Mas os sócios, em decorrência desta limitação de
responsabilidade não responderá por essas dívidas.
Algumas pessoas, entretanto, passaram a se aproveitar dessa situação, para
se beneficiar indevidamente.
Criou-se então a teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica, que
foi desenvolvida na Alemanha e trazida ao Brasil por Rubens Requião, que foi o
primeiro jurista a publicar um artigo sobre ela, na Revista dos Tribunais, ao citar os
trabalhos do famoso jurista alemão Rolf Serick.
Por meio da teoria, embora exista a distinção de patrimônio entre pessoa
jurídica e sócio ou constituidor, se comprovar-se que os sócios ou administradores
abusaram da personalidade jurídica ou praticaram atos fraudulentos, permite-se
que os responsáveis também respondam com o seu patrimônio para o pagamento
das dívidas da empresa.
Com a menção da teoria por Rubens Requião em artigo da Revista dos
Tribunais começou-se a debater a sua aplicação no Brasil.
Como não havia previsão legal para a desconsideração da personalidade
jurídica, para que pudesse ser aplicada, os Tribunais passaram a utilizar por
analogia o artigo 135 do CTN, que responsabiliza membros da administração, que
agiam com excesso de poder, contra a legislação tributária.
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privado.
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A primeira previsão veio com o Código de Defesa do Consumidor, no Art. 28
(quando houver abuso ou excesso de poder, contra o consumidor).
Por fim, o Código Civil, adotou a teoria, no artigo 50. Inicialmente a redação
era mais curta e não trazia muitos detalhes a respeito do instituto, tendo gerado,
inclusive muita discussão doutrinária e jurisprudencial.
Porém, recentemente (2019) foi feita uma alteração legislativa que ampliou
consideravelmente o texto, tendo trazido detalhes sobre as hipóteses em que se
configura o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial (justamente os pontos
mais debatidos como ausentes de uma definição).
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Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio
de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da
pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos
ilícitos de qualquer natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto
os de valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à
extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de
que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.
São pontos muito importantes que merecem destaque, por terem enfim
sido definidos na nova redação do artigo, que a desconsideração da personalidade
jurídica pode ser aplicada quando houver abuso da personalidade jurídica, que é
caracterizado pelo:
Desvio de finalidade;
Confusão patrimonial,
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Antes não havia definição no artigo para desvio de finalidade.
Agora, o artigo 50 do Código Civil traz expressamente essa definição.
Consoante §1º do artigo, desvio de finalidade configura-se quando
constatada a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e
para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
Também não havia, antes, definição para confusão patrimonial.
O artigo 50 do Código Civil passou a prever, com a alteração de sua redação,
no §2º que confusão patrimonial configura-se ante a ausência de separação de
fato entre os patrimônios, caracterizada por:
cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa;
transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto
os de valor proporcionalmente insignificante; e
outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
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Verifica-se ademais que a jurisprudência da Justiça do Trabalho, mesmo sem
a existência de um dispositivo legal específico neste sentido que ampare tal
entendimento, vem aplicando a desconsideração da personalidade jurídica em
favor do trabalhador e em detrimento do empregador, em casos em que não
necessariamente se comprovou o abuso da personalidade jurídica.
Trata-se de tema muito polêmico e que gera grande debate, já que a teoria foi
idealizada na Alemanha e é aplicada no mundo todo como uma hipótese de
exceção.
Por fim, é válido destacar que a desconsideração havia sido contemplada no
Código Civil, no artigo 50, mas não havia procedimento específico para regular sua
aplicação prática.
Assim, durante muito tempo, para solicitar sua aplicação no caso concreto, os
demandantes apenas peticionavam aos Juízes invocando a aplicação do artigo 50
do Código Civil.
Havia dúvidas relativas ao momento em que deveria ser decretada e,
sobretudo grande debate sobre a necessidade de se permitir aos sócios ou
constituidor da pessoa jurídica, o contraditório e a ampla defesa (o que não ocorria
em hipóteses em que a desconsideração da personalidade jurídica era deferida,
antes que o sócio ou constituidor fosse ouvido ou se defendesse).
Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, a aplicação da
desconsideração da personalidade jurídica foi regulamentada.
A teoria pode ser invocada logo no início da demanda, hipótese na qual o
demandante ingressa com a execução ou ação visando a cobrança da dívida contra
a pessoa jurídica e também contra os seus sócios ou constituidor, sendo certo que
todos serão citados e poderão exercer o contraditório ou a ampla defesa, ou então
a desconsideração poder ser solicitada no curso do processo.
Nesta hipótese instaurar-se-á procedimento próprio, chamado no Código de
Processo Civil de Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica, cabível
em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e
na execução fundada em título executivo extrajudicial.
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Tal procedimento suspende (admitindo-se o contrário, desde que
justificado) o procedimento de execução ou cobrança, para que os sócios ou
constituidores sejam citados e possam exercer o contraditório e ampla defesa.
É válido lembra que a decisão que resolve o incidente tem natureza de decisão
interlocutória e, portanto, é agravável (Recurso de Agravo de Instrumento).
No ano de 2017, foi incluído na CLT, o artigo 855-A, que traz resumidamente
o procedimento do Incidente de desconsideração da personalidade jurídica,
previsto no Código de Processo Civil.
Adota-se o mesmo procedimento. Porém no caso da justiça do Trabalho,
considerando-se a sistemática da CLT, houve previsão específica para regulação
dos recursos contra as decisões do inicidente.
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III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado
originariamente no tribunal.
§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de
concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301
da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
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