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DIREITO EMPRESARIAL

EMPRESÁRIO
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Sumário

1 INCIDÊNCIA DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO....................................................................................................3


2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO.............................................................................................................................4
2.1. ELEMENTOS FORMADORES..........................................................................................................................4
3 CONCEITO DE ESTABELECIMENTO...................................................................................................................5
4 AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO.............................................................8
4.1. NOMENCLATURA.........................................................................................................................................8
4.2. EXCLUÍDOS...................................................................................................................................................9
5 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL..............................................................................................................................11
5.1. REQUISITOS................................................................................................................................................11
5.2. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS DE AUTORIZAÇÃO PARA O INCAPAZ SER EMPRESÁRIO INDIVIDUAL...............13
5.3. EMPRESÁRIO RURAL..................................................................................................................................14
5.4. EMPRESÁRIO CASADO................................................................................................................................15
5.5. RESPONSABILIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL...................................................................................16
6 EIRELI – LEI 12.444/11................................................................................................................................16
6.1. CONCEITO..................................................................................................................................................19
6.2. RESPONSABILIDADE...................................................................................................................................20
6.3. CAPITAL MÍNIMO.......................................................................................................................................20
6.4. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA............................................................................................................................21
6.5. ADMINISTRADOR.......................................................................................................................................21
6.6. TITULAR SÓ PF............................................................................................................................................21
6.7. LIMITAÇÃO DA EIRELI POR CPF...................................................................................................................22
6.8. TRANSFORMAÇÃO.....................................................................................................................................24
6.9. NATUREZA EMPRESÁRIA OU SIMPLES........................................................................................................24
7 OBRIGAÇÕES EMPRESARIAIS (E.I., S.E. e EIRELI).............................................................................................24
7.1. REGISTRO...................................................................................................................................................24
8. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO.....................................................................................................33

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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ATUALIZADO EM 16/03/20221

EMPRESÁRIOi

1 INCIDÊNCIA DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO

O conceito de empresário é aplicável tanto à pessoa física como à pessoa jurídica. Entretanto, a pessoa
física, inserida no contexto de empresário, será chamada de empresário de individual, enquanto que a pessoa
jurídica será uma pessoa empresária (sociedade empresária) ou uma EIRELI (empresa individual de
responsabilidade limitada).

O empresário individual é a pessoa física que exerce a empresa em seu próprio nome, assumindo todo o
risco da atividade. É a própria pessoa física que será o titular da atividade. Ainda que lhe seja atribuído um CNPJ
próprio, distinto do seu CPF, não há distinção entre a pessoa física em si e o empresário individual.

*OBS.: empresário é a sociedade e não os sócios. Não chamar os sócios de empresários. A responsabilidade do
empresário individual é, em regra, direta, e a do sócio de sociedade empresária, subsidiária e indireta. Nas
sociedades limitadas e anônimas, por exemplo, além de subsidiária, a responsabilidade é limitada, isto é, fica
adstrita àquilo que foi dado em contribuição para o capital social. O empresário individual além de responder
diretamente, não goza da prerrogativa de limitação da responsabilidade.

#ATENÇÃO: Apesar de não haver essa distinção de patrimônio no caso do empresário individual, o Enunciado 5
da I Jornada de Direito Comercial afirma que “Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário
individual tipificado no artigo 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens vinculados à
exploração de sua atividade econômica, nos termos do artigo 1.024 do Código Civil”, o que caracteriza uma
mitigação dessa responsabilidade direta, conferindo ao empresário individual benefício de ordem.

Obs.: o empresário individual possui CNPJ para ter o mesmo tratamento tributário da pessoa jurídica. Porém,
não é pessoa jurídica, mas pessoa natural, que exerce uma atividade empresarial. A EIRELI, por sua vez, é pessoa
jurídica.
*(Atualizado em 04/03/2022): A EIRELI deixou de existir no ordenamento brasileiro como pessoa jurídica.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Questão: a teoria da desconsideração da personalidade jurídica é aplicável ao empresário individual?
Não, porque o empresário individual somente pode ser pessoa física, que explora uma atividade empresarial.

2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO

Primeiramente, ressalte-se que empresário é um gênero, que tem como espécies o empresário
individual, a sociedade empresarial e a EIRELI.

Empresário é a pessoa natural – empresário individual - ou jurídica – sociedade empresária ou EIRELI -,


que exerce, profissionalmente, atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou
serviços(art. 966, do CC). Há, aqui, uma análise subjetiva, e não mais objetiva, como se dava no Código
Comercial de 1850, que arrolava as atividades que deveriam ser consideradas empresariais.

*(Atualizado em 04/03/2022): A EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da


Lei 14.195/2021.

2.1. ELEMENTOS FORMADORES

a) Profissionalmente: quando o Código utiliza essa expressão, faz alusão ao profissionalismo, que tem
como característica a habitualidade, a continuidade. Isto implica dizer que não é considerada
empresária a pessoa que organiza episodicamente a produção de certa mercadoria, ainda que destinada
à venda no mercado. Habitualidade, assim, é sinônimo de periodicidade.
Além disso, para ser profissional, é necessário que exista pessoalidade e monopólio de informações.
Pessoalidade: o empresário é o responsável pelos atos praticados em seu nome. Ou seja, é ele quem
responde por todos os atos, inclusive aqueles praticados pelos prepostos.
Monopólio de informações: o empresário é obrigado a deter as informações relacionadas com o
consumo do produto ou serviço por ele oferecido. Ele também é obrigado a compartilhar aquelas
informações com seus consumidores. Monopólio de informações, portanto, não significa que o
empresário deve saber e guardar tudo para ele ou, menos ainda, que ele seja técnico na empresa
exercida.

b) Atividade econômica: empresário é aquele que tem finalidade lucrativa. Não se fala aqui do lucro
efetivo, mas do escopo da atividade, que poderá ser atingido ou não. A assunção dos riscos da atividade
também se faz presente nesse conceito.

c) Organização empresarial: é a organização e articulação dos quatro fatores de produção, quais sejam a
mão de obra, o capital, os insumos ou matérias-primas e tecnologia.Para Fábio Ulhôa Coelho, na
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ausência de um desses fatores não se pode mais falar em organização empresarial. Hodiernamente, de
acordo com as tendências do capitalismo, esse não pode mais ser o entendimento, pois que diversas
configurações podem ser observadas sem que haja a desnaturação da organização empresarial, como
no exemplo de um site de vendas organizado por uma única pessoa (ausência de mão de obra
contratada). Há também os microempresários que, por vezes, exercem atividade empresarial única ou
preponderantemente com trabalho próprio, não deixando, por isso, de se enquadrarem no conceito de
empresário.

d) Produção ou circulação de bens ou serviços: praticamente, todo e qualquer tipo de atividade está
inserido nesse contexto, de modo que este não é um elemento que enseja grandes problemas. Afasta a
incidência da teoria dos atos de comércio, pois aqui a lei deixa claro que para a teoria da empresa
qualquer atividade pode ser comercial. Além disso, essa produção tem de se destinar ao mercado.
Nunca ao consumo próprio.

3 CONCEITO DE ESTABELECIMENTO

O conceito de estabelecimento pode ser extraído do art. 1.142, do CC, que diz ser o estabelecimento
todo complexo de bens organizado, para o exercício de empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

*(Atualizado em 11/09/2021): #NOVIDADELEGISLATIVA A Lei 14.195/2021 alterou dispositivos relacionados ao


Direito Empresarial:

Estabelecimento (ou fundo de comércio) é o conjunto de bens (materiais e imateriais) e serviços que o
empresário reúne e organiza com o objetivo de realizar a atividade empresarial e gerar lucros. Seu conceito legal
está previsto no caput do art. 1.142 do Código Civil:

Art. 1.142 Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa,
por empresário, ou por sociedade empresária.

A Lei nº 14.195/2021 acrescentou três parágrafos ao art. 1.142. Vejamos cada um deles:

Art. 1.142. (...)


§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá
ser físico ou virtual.

Essa previsão corresponde aquilo que já era defendido pela doutrina:

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“A expressão estabelecimento empresarial parece se referir, numa primeira leitura, ao local em
que o empresário exerce sua atividade empresarial. Trata-se, todavia, de uma visão equivocada,
que representa apenas uma noção vulgar da expressão, correspondendo tão somente ao sentido
coloquial que ela possui para as pessoas em geral.
(...)
Portanto, o local em que o empresário exerce suas atividades - ponto de negócio - é apenas um
dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial, o qual, como visto, é composto
também de outros bens materiais (equipamentos, máquinas etc.) e até mesmo bens imateriais
(marca, patente de invenção etc.).” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. 11ª ed.,
São Paulo: Juspdovim, 2021, p. 169-170)

Art. 1.142. (...)


§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins de
registro poderá ser, conforme o caso, o do empresário individual ou o de um dos sócios da sociedade
empresária.

Atualmente, é muito comum que várias atividades empresariais sejam desenvolvidas de modo virtual,
não necessitando de uma sede física para atendimento de clientes, fornecedores e público em geral.

A despeito disso, algumas leis locais proibiam que o endereço informado para fins de registro fosse a
própria residência do sócio.

Logo, o novo § 2º do art. 1.142 do Código Civil traz uma relevante novidade ao autorizar expressamente
essa prática, facilitando a situação de inúmeros empresários que não mais precisam ser obrigados a contratar
um endereço apenas para fins de registro.

Sobre o tema, vale a pena mencionar o § 25 do art. 18-A da LC 123/2006, que autoriza o
microempreendedor individual a utilizar sua residência como sede do estabelecimento:

Art. 18-A. (...)


§ 25. O MEI poderá utilizar sua residência como sede do estabelecimento, quando não for indispensável a
existência de local próprio para o exercício da atividade.

Art. 1.142. (...)


§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de
funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral do inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874,
de 20 de setembro de 2019.
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A competência é municipal, conforme entendimento sumulado do STF:


Súmula Vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.

Compete aos Municípios legislar sobre o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais
situados no âmbito de seus territórios. Isso porque essa matéria é entendida como sendo “assunto de interesse
local”, cuja competência é municipal, nos termos do art. 30, I, da CF/88.

Cada cidade tem suas peculiaridades, tem seu modo de vida, umas são mais cosmopolitas, com estilo de
vida agitado, muitos serviços, turistas. Por outro lado, existem aquelas menos urbanizadas, com costumes mais
tradicionais etc. Assim, o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender a essas
características próprias, análise a ser feita pelo Poder Legislativo local.

Existe uma “exceção” à Súmula Vinculante 38: o horário de funcionamento dos bancos. Segundo o STF e
o STJ, as leis municipais não podem estipular o horário de funcionamento dos bancos. A competência para
definir o horário de funcionamento das instituições financeiras é da União. Isso porque esse assunto (horário
bancário) traz consequências diretas para transações comerciais intermunicipais e interestaduais, transferências
de valores entre pessoas em diferentes partes do país, contratos etc., situações que transcendem (ultrapassam)
o interesse local do Município. Enfim, o horário de funcionamento bancário é um assunto de interesse nacional
(STF RE 118363/PR). O STJ possui, inclusive, um enunciado que espelha esse entendimento:

Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.

Lei municipal pode dispor sobre:


a) Horário de funcionamento de estabelecimento comercial: SIM (SV 38).
b) Horário de funcionamento dos bancos (horário bancário): NÃO (Súmula 19 do STJ).

Veja agora o que diz o art. 3º, II, da Lei nº 13.874/2019 (Declaração de Direitos de Liberdade
Econômica):

Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o crescimento
econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal:
(...)
II - desenvolver atividade econômica em qualquer horário ou dia da semana, inclusive feriados, sem que
para isso esteja sujeita a cobranças ou encargos adicionais, observadas:

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a) as normas de proteção ao meio ambiente, incluídas as de repressão à poluição sonora e à perturbação
do sossego público;
b) as restrições advindas de contrato, de regulamento condominial ou de outro negócio jurídico, bem
como as decorrentes das normas de direito real, incluídas as de direito de vizinhança; e
c) a legislação trabalhista;

Empresa é a atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços e


realizada por empresário individual, sociedade empresária ou EIRELI. *(Atualizado em 04/03/2022): A EIRELI
deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Lei 14.195/2021.

O CC adota a Teoria da Empresa. Segundo o art. 966, empresa é a “atividade econômica organizada para
a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.

Portanto, empresário é o sujeito e empresa é o objeto. Empresa é a atividade exercida pelo empresário.

De forma mais completa, podemos dizer que empresa é “a organização técnico-econômica que se
propõe a produzir bens ou serviços destinados à troca (venda), mediante a combinação dos diversos elementos
(natureza, trabalho e capital), com a esperança de realizar lucros, correndo os riscos por conta do empresário,
que é aquele que coordena e dirige esses elementos sob a sua responsabilidade” – Carvalho de Mendonça.

Por exemplo, em uma indústria de automóveis, quem é o empresário? Qual seria a empresa? O
empresário é a sociedade que tenha por objeto social a fabricação de automóveis e a empresa é a atividade de
fabricação de automóveis.

A empresa não se confunde com estabelecimento, ou com o local físico onde são executadas as
atividades necessárias para produção dos bens ou serviços.

Estabelecimento empresarial (ou fundo de comércio), de acordo com o art. 1.142 do Código Civil, é
“todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.
Este complexo pode ser composto por bens materiais (ex: estoque e imóvel), como também bens imateriais (ex:
marcas e patentes).

4 AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO

4.1. NOMENCLATURA

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Embora a teoria da empresa não exclua nenhuma atividade ou pessoa, a própria lei faz algumas
ressalvas. Dessa forma, há atividades que a despeito de serem econômicas, não configuram empresa e agentes
econômicos que, embora exerçam atividade econômica, não são considerados empresário. Se forem pessoas
físicas, esses agentes serão chamados de autônomos ou profissionais liberais. Se, contudo, forem pessoas
jurídicas, receberão o nome de sociedade simples ou EIRELI simples. *(Atualizado em 04/03/2022): (A EIRELI
deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Lei 14.195/2021.)
Diferente de sociedade comum – pode ser sociedade, mas não é registrada (aplicam-se as regras da
sociedade simples). Há ainda a atividade rural e cooperativa.

4.2. EXCLUÍDOS

Atividade mercantil sem organização empresarial: são as atividades que, apesar de terem por objetivo o
lucro, não possuem articulados todos os fatores de produção.

Art. 966, parágrafo único, do CC: a priori, as profissões de natureza intelectual (científica, literária ou
artística) não são consideradas empresariais – quanto ao registro compulsório dessas atividades em órgãos de
fiscalização, o STF decidiu que só é possível nos casos de potencial lesividade da atividade. Essa exclusão decorre
do papel secundário que a organização assume nessas atividades. Nelas, o essencial é a atividade pessoal, o que
não se compatibiliza com o conceito de empresário. Obs. o que caracteriza mudança para sociedade empresária
não é a dimensão que a atividade exercida pelo profissional liberal toma.

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa.

Essa regra se aplica nos casos tanto do profissional liberal que atua sozinho, como no caso de sociedade
uniprofissional, isto é, sociedade formada por profissionais liberais unicamente para a prestação dos seus
serviços, sendo, nesse caso, chamadas de sociedades simples. Da mesma forma, se passarem a explorar suas
atividades intelectuais com empresarialidade (organização dos fatores de produção), elas serão consideradas
sociedades empresárias.

RESUMO

 Sociedade comum – sem registro


 Sociedade de fato – não tem ato constitutivo
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 Sociedade irregular – tem ato constitutivo, mas não registrou.
 Sociedade simples – sem finalidade empresária (organização dos fatores de produção).
 Sociedade civil – não existe mais. Se não for empresarial = sociedade simples

#ATENÇÃO: a distinção entre uma sociedade simples e empresária está atrelada ao modo de exploração de seu
objeto social. Isto é, a atividade pode ter finalidade lucrativa, contudo não será empresária se não tiver a
organização dos fatores de produção. Não confundam: Ambas exercem atividades econômicas, mas
diferenciam-se pela natureza da atividade exercida.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício
de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e,
simples, a cooperativa.

Não serão empresárias, ainda que haja o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa, o que será observado quando a natureza pessoal do exercício da
atividade ceder espaço a uma atividade maior de natureza empresarial, como ocorre nos seguintes casos: (o
livro fala em dois critérios: há mais de um ramo de atividade OU há contratação de terceiros para a atividade-
fim).

a) Quando a atividade intelectual está integrada em um objeto mais complexo, próprio da atividade
empresarial. Exemplo: veterinário com pet shop e uma farmácia;

b) Quando o serviço não se caracteriza personalíssimo, tendo em vista um cliente individualizado, mas sim
um serviço objetivo direcionado a uma clientela indistinta. Será empresário quando oferecer a terceiros
prestações intelectuais de pessoas a seu serviço. Exemplo: empresa fotográfica e franquia de dentista.

O que caracteriza esse elemento de empresa? A organização dos fatores de produção.

Em que pese alguns autores falarem que o escritório de advocacia pode ter natureza empresarial, esse
entendimento é refutado expressamente pelo art. 16, da Lei 8.906/94 – Estatuto da OAB, que afirma ser a
sociedade de advogados uma sociedade civil - simples, sob a forma de sociedade em nome coletivo
(responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios).

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Sociedade cooperativa: é excluída do conceito de empresário, com base no art. 982, parágrafo único, do
CC. Abandona-se aqui o critério material adotado pelo art. 966, adotando-se o critério legal.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e,
simples, a cooperativa.

Exercente de atividade rural sem registro na junta comercial: esta atividade está pelo art. 971 a
possibilidade (FACULTATIVO) de o empresário rural proceder ao registro na junta comercial, de modo a lhe
serem aplicadas as regras atinentes às empresas. Dessa forma, o registro, nesses casos, teria natureza
constitutiva e não declaratória. A mesma coisa se aplica no caso de sociedade que tenha por objeto social a
prática de atividade rural.

(*) Atualizado em 16/03/2022:


#NOVIDADELEGISLATIVA
Lei 14.193 de 6 de agosto 2021
#DIZERODIREITO
Possibilidade de a associação de futebol (clube tradicional) requerer sua inscrição na Junta Comercial
Todo empresário, antes de iniciar suas atividades, deverá se inscrever no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, isto é, na Junta Comercial. É o que prevê o art. 967 do Código Civil:
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
antes do início de sua atividade.
Para o empresário rural, todavia, o Código Civil concedeu a faculdade de se registrar ou não perante a Junta da
sua unidade federativa. Por isso, o dispositivo utiliza o verbo “pode” no caput do art. 971 do Código Civil:
Art. 971. O empresário cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades
de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito
a registro.
Ora, se pode ele requerer inscrição, significa que o empreendedor rural, diferentemente do empreendedor
econômico comum, não está obrigado a requerer inscrição antes de empreender.
A Lei nº 14.193/2021 acrescentou o parágrafo único ao art. 971 do CC estendendo essa mesma faculdade ao
clube tradicional de futebol (constituído sob a forma de associação). Veja:
Art. 971. (...)
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que desenvolva atividade futebolística
em caráter habitual e profissional, caso em que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os
efeitos.
A Lei nº 14.193/2021 entrou em vigor na data de sua publicação (21/10/2021).

5 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

Empresário individual é a pessoa física que organiza uma atividade empresarial.

5.1. REQUISITOS
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Estão previstos no art. 972, do CC:

a) Estar em pleno gozo da capacidade civil (os emancipados preenchem esse requisito).

b) Não ter impedimento legal. Os casos de impedimento: condenados a crimes (Q – contravenção não)
relacionados no art. 1011, §1º, MP, Magistratura, Defensoria, militares, servidores públicos federais. §
1o Não podem ser administradores – OU EMPRESÁRIO INDIVIDUAL -, além das pessoas impedidas por lei
especial, os condenados à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia
popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as
relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

 Leiloeiros, vedado o exercício direto ou indireto da empresa ou a constituição de sociedade empresária


(artigo 36 do Decreto 21.981/32);

 Despachantes aduaneiros, em relação a manutenção de empresas de importação ou exportação, assim


como não lhes é permitido comercializar mercadorias estrangeiras no país, nos termos do Decreto nº.
6.759/2009 – Art. 735;

 Prepostos, atuando na qualidade de empresário ou de administrador ou gerente para terceiros, nem


participando, direta ou indiretamente, em operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena
de perdas e danos, de acordo com o artigo 1.170 do Código Civil;

 Médicos, no exercício simultâneo de empresa farmacêutica, conforme a Lei 5.991/73;

 Estrangeiros com visto provisório, pela própria condição de temporariedade da sua permanência no país,
não podendo estabelecer empresa individual ou atuar como administrador ou gerente de sociedade (art.
13, §1º da Lei de Migração), salvo se admitido temporariamente em regime contratual. Estrangeiros em
certas atividades proibidas por lei, como já foi dito anteriormente, em razão da proteção e da supremacia
do interesse nacional;

 Falidos não reabilitados, artigo 102 da Lei 11.101/2005;

c) Lavra de recursos mineiras, potenciais de energia hidráulica, jazidas - brasileiros ou empresa constituída
sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País. A pesquisa e a lavra de recursos
minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser

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efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da
lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de
fronteira ou terras indígenas.

d) Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa
de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sede no País. As leis orgânicas da Magistratura e do Ministério Público (e
em todos os casos acima citados) permitem que seus integrantes sejam sócios ou cotistas de sociedades
empresárias, desde que não sejam administradores. A responsabilidade deve ser limitada. Não podem,
por outro lado, ser empresários individuais.

Obs. obrigações contraídas por empresários impedidos não são nulas. Deve ele responder perante terceiros de
boa-fé.

*#OUSESABER: O registro consiste em obrigação legal imposta a todo empresário, antes do início de suas
atividades, conforme previsão do art. 967 do Código Civil brasileiro. Assim sendo, seria o registro um requisito
essencial para a caracterização do empresário?
NÃO. Trata-se apenas de condição de REGULARIDADE da atividade empresarial. O registro possui, como regra,
natureza DECLARATÓRIA, não sendo essencial para que o exercente de atividade empresária seja caracterizado
como empresário, nem para a sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial. A exceção fica por
conta daqueles que exercem atividade rural, para os quais o registro possui natureza constitutiva, nos termos do
art. 971 do CC.
èConfira-se os seguintes enunciados do Conselho da Justiça Federal, que espelham o entendimento ora
exposto:
• Enunciado 199: “A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua
regularidade, e não da sua caracterização”.
• Enunciado 198: “A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização,
admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966,
sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis
com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário”.

5.2. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS DE AUTORIZAÇÃO PARA O INCAPAZ SER EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

Duas são as exceções:

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OBS. o artigo fala de a possibilidade do incapaz ser empresário individual e não sócio de uma empresa.
Para ser sócio basta que não seja o administrador, que o capital esteja integralizado e que ele esteja
assistido/representado.

§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus
representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).

a) Incapacidade superveniente: o incapaz não pode, tão somente, iniciar a atividade. O Código Civil, em
seu art. 974, autoriza o incapaz a continuar com a atividade já existente. O que se busca com esse
dispositivo é a preservação da empresa, não a proteção do incapaz.

b) Sucessão: suas implicações são semelhantes as da exceção estudada acima.

Requisitos: São três os requisitos para que o incapaz possa continuar com a empresa:

 Ser assistido/representado, ou gerentes, nos casos legais;

 Autorização judicial (art. 974, §1º, do CC) – jurisdição voluntária. Juiz concede alvará. O juiz deve avaliar
a conveniência da autorização;

 Averbação na junta comercial (art. 976, do CC).

§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão
ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a
autorização. - PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO.

*#NOVIDADELEGISLATIVA: Nesse ponto, vale destacar a nova LC 167/2019 2, que dispôs sobre a Empresa
Simples de Crédito, autorizando que pessoas naturais ou jurídicas constituam empresas com a finalidade de
conceder empréstimos, realizar financiamentos ou fazer desconto (compra) de títulos de crédito, prestando
serviços em favor de microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
Vejamos:

2
Para mais informações, vide: https://www.dizerodireito.com.br/2019/04/ola-amigos-do-dizer-o-direito-foi.html
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
15

Art. 1º A Empresa Simples de Crédito (ESC), de âmbito municipal ou distrital, com atuação exclusivamente no
Município de sua sede e em Municípios limítrofes, ou, quando for o caso, no Distrito Federal e em Municípios
limítrofes, destina-se à realização de operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de
crédito, exclusivamente com recursos próprios, tendo como contrapartes microempreendedores individuais,
microempresas e empresas de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de
2006 (Lei do Simples Nacional).

Art. 2º A ESC deve adotar a forma de empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli), empresário
individual ou sociedade limitada constituída exclusivamente por pessoas naturais e terá por objeto social
exclusivo as atividades enumeradas no art. 1º desta Lei Complementar.

§ 1º O nome empresarial de que trata o caput deste artigo conterá a expressão “Empresa Simples de Crédito”, e
não poderá constar dele, ou de qualquer texto de divulgação de suas atividades, a expressão “banco” ou outra
expressão identificadora de instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.

§ 2º O capital inicial da ESC e os posteriores aumentos de capital deverão ser realizados integralmente em
moeda corrente.

§ 3º O valor total das operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de crédito da ESC não
poderá ser superior ao capital realizado.

§ 4º A mesma pessoa natural não poderá participar de mais de uma ESC, ainda que localizadas em Municípios
distintos ou sob a forma de filial (...).

5.3. EMPRESÁRIO RURAL

Atividade rural é aquela agrária, seja ela agrícola, pecuária, agroindustrial ou extrativa (vegetal ou
mineral), que procura conjugar, de forma racional, organizada e econômica, os fatores terra, trabalho e capital.

Por força do art. 971, do CC, o empresário rural, além de preencher os requisitos comuns de empresário,
deverá ser registrado na junta comercial.

Questão: o empresário rural, que não tem registro, poderá pedir a recuperação judicial? Não, já que,
caso não tenha procedido ao registro, sobre ele não incidirão as regras do direito empresarial.

5.4. EMPRESÁRIO CASADO


CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
16

Novamente, só se aplica no caso de ser empresário individual.

A regra insculpida no art. 1.647, do CC, não incidirá sobre os casos de alienação do imóvel destinado à
atividade empresarial. Aplica-se, a esses casos, o disposto no art. 978, do CC, que assevera não ser necessária a
outorga uxória, independentemente do regime de bens.3

Entretanto, é de se observar que na matrícula do imóvel destinado à atividade empresarial, a destinação


dele para essa atividade depende de autorização do cônjuge. Portanto, nesse momento prévio, o cônjuge
autoriza a aplicação do art. 978, do CC, o que implica a licença para a futura venda do imóvel sem a sua outorga.

Os cônjuges podem contratar uns com os outros ou com terceiros, desde que o regime de bens não seja
o de separação obrigatória ou a comunhão universal de bens. Caso o regime seja um dos indicados no art. 977
do CC, a sua participação na sociedade fica vedada tanto na originária, que é a constituição da sociedade,
quanto na derivada, que é na continuação da sociedade já constituída (art. 977 e Enunciado 205 do CJF).

Obs. para serem opostos a terceiros alguns documentos precisam ser averbados na Junta.

Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas
Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens
clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.

Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de
reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de
Empresas Mercantis.

5.5. RESPONSABILIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

A responsabilidade é ilimitada. Se os bens não forem suficientes (somente nesse caso) - subsidiária-, a
dívida também poderá recair sobre os bens pessoais. Por isso, muitos preferem não ter registro como
empresário individual. Há uma exceção: quando houver incapaz (pode continuar a atividade empresarial - Art.
974 CC). A lei criou uma regra de blindagem do patrimônio do incapaz – art. 974, §2º. Desde que estranhos ao
acervo da empresa. A lei só blinda os bens que existiam antes de assumir a empresa.

3
A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): A empresária casada sob o regime de comunhão universal não
precisa da outorga conjugal para alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
17
Princípio da unidade patrimonial – não tem como fazer separação do patrimônio (empresariais e
pessoais). De acordo com esse princípio, os bens pessoais também respondem por dívidas empresariais,
enquanto os bens empresariais também respondem pelas dívidas civis.

Obs.: Enunciado 05, I Jornada da CJF: “quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário
individual tipificado no art. 966, CC, responderá primeiramente com os bens vinculados à sua exploração de sua
atividade econômica nos termos do art. 1024, CC”.

Para fugir disso, o empresário cria uma pessoa jurídica. Aqui os bens pessoais não respondem pela
dívida.

EIRELI- funciona como se fosse uma sociedade com um sócio, mas é pessoa jurídica e não sociedade. É
uma ficção.. *(Atualizado em 04/03/2022): (A EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a
partir da Lei 14.195/2021.)

6 EIRELI – LEI 12.444/114

*(Atualizado em 11/09/2021): #NOVIDADELEGISLATIVA A Lei 14.195/2021 alterou dispositivos relacionados ao


Direito Empresarial:

EXTINÇÃO DAS EIRELI´S

EIRELI
A EIRELI era uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física.

Tratava-se de uma espécie de pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresentava, portanto, personalidade
jurídica e patrimônio distintos daquele titularizado pela pessoa física que explora a atividade em questão.

Consistia em uma técnica de limitação dos riscos empresariais em benefício dos empreendedores individuais.

A EIRELI foi criada pela Lei nº 12.441/2011, que acrescentou o art. 980-A ao Código Civil.

Requisitos
Os requisitos para a constituição da EIRELI eram os seguintes:

a) Uma única pessoa natural, que é o titular da totalidade do capital social;

b) O capital social deve estar devidamente integralizado;

c) O capital social não pode ser inferior a 100 (cem) vezes o salário-mínimo;
4
A prova do TRF3/2016 (Banca própria) considerou correta a seguinte alternativa a respeito da EIRELI: “Poderá ser
atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza
a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja
detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional”.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
18
d) A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
Assim, para evitar fraudes, ninguém pode ser titular de duas empresas individuais de responsabilidade limitada.

Veja a redação do dispositivo legal:


Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da
totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País.

Qual foi a grande vantagem da EIRELI no momento de sua criação no ordenamento jurídico brasileiro (em
2011)?
Antes da EIRELI, se um indivíduo quisesse abrir uma loja no centro da cidade para vender vestuário, ele teria
duas opções:

1ª) explorar essa atividade econômica como empresário individual;

2ª) encontrar um outro indivíduo para ser seu sócio e constituir uma sociedade empresária.

A desvantagem de explorar como empresário individual era o fato de que esse indivíduo iria responder com
seus bens pessoais e de forma ilimitada por todas as dívidas que contraísse na atividade econômica.

Tal situação fazia com que muitas pessoas arranjassem um “laranja” para figurar como sócio em uma sociedade
limitada, normalmente com capital social de 1%. Obviamente que tal realidade não era simples nem correta,
servindo como desestímulo à livre iniciativa.

Com a criação da EIRELI no art. 980-A, esse indivíduo passou a conseguir, sozinho, constituir uma pessoa jurídica
para desempenhar sua atividade empresarial, com a vantagem de que, na EIRELI, a responsabilidade pelas
dívidas era limitada ao valor do capital social.

Criação da sociedade unipessoal e esvaziamento da função da EIRELI


Sociedade unipessoal é aquela formada por um só sócio que detém a totalidade do capital social.

A figura da sociedade unipessoal é admitida em alguns países do mundo.

É possível a existência de sociedade unipessoal no Brasil?


Antes da Lei nº 13.874/2019: NÃO Depois da Lei nº 13.874/2019: SIM

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


19
Como regra, havia a necessidade de dois ou A Lei nº 13.874/2019 acrescentou dois
mais sócios. parágrafos ao art. 1.052 do CC prevendo a
possibilidade de a sociedade limitada ser
A doutrina apontava a existência de três composta por um único sócio:
exceções muito peculiares:
Art. 1.052. (...)
1) sociedade subsidiária integral (art. 251, §
2º, da Lei nº 6.404/76); § 1º A sociedade limitada pode ser
constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
2) empresa pública unipessoal.
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao
3) sociedade limitada que ficou com apenas documento de constituição do sócio único,
um sócio, situação que podia durar por, no no que couber, as disposições sobre o
máximo, 180 dias (art. 1.033, IV, do CC – contrato social.
atualmente revogado).

Assim, a Lei nº 13.874/2019 previu a possibilidade de ser, livremente, criada a sociedade limitada unipessoal.

Vale ressaltar que, com a criação da sociedade limitada unipessoal, a EIRELI perdeu praticamente toda a sua
importância e, na prática, passou a não mais ser adotada.

Transformação das EIRELIs em sociedades unipessoais

Diante do modelo que caiu em desuso, o legislador resolveu simplificar o panorama e decidiu transformar todas
EIRELIs ainda existentes em sociedades unipessoais. Confira o art. 41 da Lei nº 14.195/2021:

Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na data da entrada em vigor desta Lei
serão transformadas em sociedades limitadas unipessoais independentemente de qualquer alteração em seu
ato constitutivo.

Parágrafo único. Ato do Drei disciplinará a transformação referida neste artigo.

Revogação do inciso IV do art. 1.033 do Código Civil


O inciso IV do art. 1.033 do Código Civil previa que se uma sociedade – que originalmente tivesse pluralidade de
sócios – ficasse com apenas um sócio (ex: os demais morreram), esta sociedade deveria se regularizar – com a
entrada de novos sócios – em um prazo de até 180 dias. Caso não fizesse isso, tal sociedade deveria ser
dissolvida, salvo se fosse transformada em uma EIRELI. Veja:
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

(...)

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

(...)

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de
concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas
Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de
responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


20
Essa regra existia porque no Brasil não se admitia sociedade unipessoal.

Ocorre que, com a autorização dada pela Lei nº 13.874/2019 para que exista sociedade unipessoal, essa regra
previsão do inciso IV deixou de ter sentido. Ora, se uma sociedade, que era composta por pluralidade de sócios,
passou a contar com apenas um único sócio, ela deve se tornar uma sociedade unipessoal, não havendo motivo
para que seja dissolvida.

Assim, a Lei nº 14.195/2021 – corretamente – decidiu revogar o inciso IV e o parágrafo único do art. 1.033 do
Código Civil.

*(Atualizado em 04/03/2021): A Medida Provisória 1.085/2021 revogou o art. 980-A do Código Civil.

DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da
totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de
2011) (Vigência)
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar
em uma única empresa dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de
outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal
concentração. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de
serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de
imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade
profissional. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as
sociedades limitadas. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

*NOVIDADELEGISLATIVA #LEI 13874/2019

§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de


responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do
titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude.”

6.1. CONCEITO

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


21

Empresa individual de responsabilidade limitada. É uma nova pessoa jurídica de direito privado
(associações, sociedade, EIRELI) constituída por um único titular. Tanto é que foi acrescentada no rol do art. 44
CC que elenca as pessoas jurídicas de direito privado (sociedades, associações, organizações religiosas,
fundações e partidos políticos). Não interpretar como sociedade unipessoal. Enunciado 469 (não é sociedade,
mas novo ente jurídico personificado)da IV Jornada de Direito Civil da CJF e Enunciado 03 (não é sociedade
unipessoal) da I Jornada de Direito Comercial. Essa visão é criticada, pois seria subespécie de sociedade, mas é
minoria.

6.2. RESPONSABILIDADE

A responsabilidade do empresário individual é direta e ilimitada. Como o próprio nome já indica, a


responsabilidade da EIRELI é limitada, isto é, em princípio, as dívidas da pessoa jurídica não poderão recair sobre
os bens pessoais de seu titular.

É de se observar que é possível a desconsideração da personalidade jurídica, quando ocorrer alguma das
hipóteses previstas em lei. Nesse diapasão, o art. 980-A, §4º, do CC, foi vetado, já que dispunha que somente o
patrimônio social da empresa responderia pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não
se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui.

A expressão “em qualquer situação” foi a motivadora do veto, conforme é possível enxergar nas razões
expostas, já que daria a entender que não caberia a desconsideração, mesmo verificadas as hipóteses legais
para tanto.

Enunciado 470, V Jornada de Direito Civil: Art. 980-A: O patrimônio da empresa individual de
responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da
pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade
jurídica.

6.3. CAPITAL MÍNIMO

Valor: em que pese a redação do art. 980-A, caput, dar a entender outra coisa, o valor não pode ser
inferior a 100 (cem) vezes o valor do salário mínimo (federal).

A integralização poderá ser feita com dinheiro e outros bens, a exemplo de carros, imóvel, maquinário,
etc. Entretanto, a integralização não poderá ocorrer com prestação de serviços =LTDA.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


22
i) dinheiro; ii) bens (móveis e imóveis)

Obs.: não é possível a integralização com prestação de serviços (art. 1055, §2° CC e art. 980, § 6 º).

A integralização deve ser feita no momento da constituição. No ato da constituição, o sujeito faz uma
declaração da integralização, respondendo civil e penalmente em caso de falsidade desta.

Obs.: Não é necessário atualizar o capital da pessoa jurídica toda vez que o salário mínimo for reajustado.

Enunciado 04, I JDCom: “uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual
de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores alterações no salário
mínimo”.

A ADI 4637, ajuizada pelo PPS, trata, basicamente, de uma possível violação ao art. 7º, IV, da CRFB/88.

Segundo a AGU, a norma atacada não contraria o comando contido no dispositivo constitucional, uma
vez que não estabelece hipótese de vinculação por ele vedada. O art. 980-A não utiliza o salário mínimo como
fator de indexação, mas, tão somente, como referência para determinar o valor mínimo do capital a ser
integralizado na EIRELI.

Com efeito, o salário mínimo como mero parâmetro não viola a regra do art. 7º, IV, da CRFB/88, cujo
objetivo é o de impedir que o aumento do salário mínimo gere, indiretamente, uma cadeia de reajustes,
circunstância que pressionaria o seu valor para baixo (ex. piso salarial do economista – 10 salários. Não pode).
O que o legislado quis foi apenas dar um parâmetro de valor. Não fosse assim, o parâmetro do juizado especial
também seria inconstitucional. O que se busca é a proteção do credor.

6.4. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA

Aplicam-se subsidiariamente as regras da sociedade limitada (art. 1052 e ss).

6.5. ADMINISTRADOR

O art. 1.061, do CC, indica que o administrador poderá ser sócio ou um não sócio, o que implica dizer
que, para a EIRELI, o administrador poderá ser o titular ou outra pessoa qualquer.

6.6. TITULAR SÓ PF

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


23
Há, em uma sociedade, a possibilidade de que o sócio seja pessoa natural ou jurídica. Quanto à
possibilidade de uma pessoa natural ser a titular, não existe controvérsia. Contudo, no que tange à possibilidade
da pessoa jurídica, a doutrina diverge.

Uma primeira corrente entende que não é possível que uma pessoa jurídica seja titular de uma EIRELI.
Esse entendimento tem como fundamento a Instrução Normativa 117, do DNRC. Enunciado 468 – só pessoa
natural pode constituir EIRELI. Asseveram, ademais, que a EIRELI tem por intuito acabar com a informalidade do
empresário individual. Empresário/sociedade – 1 sócio = subsidiária integral.Esse entendimento é o prevalente.

A segunda corrente entende que é possível, já que a lei não proíbe (a lei fala em pessoa). Além disso,
por aplicação subsidiária das regras destinadas às sociedades limitadas, seria possível a titularidade por uma
pessoa jurídica. Por força do art. 22, I e art. 5, II, ambos da CF, quem tem competência para legislar a respeito do
direito empresarial é a União, e não o DNRC (haveria violação do princípio da legalidade).

* #ATUALIZAÇÃO: Item 1.2.5 do Anexo V da Instrução Normativa 38/2017 do DREI trouxe a possibilidade de
pessoa jurídica nacional ou estrangeira ter capacidade para ser titular de EIRELI.

6.7. LIMITAÇÃO DA EIRELI POR CPF

O art. 980-A, §2º, do CC, limita a criação de uma EIRELI por CPF. O titular poderá ser empresário
individual ou ser sócio de uma sociedade empresária, mas estará limitado no que tange à criação de nova EIRELI.
Crítica. Não tem essa necessidade. Poderia ter mais de uma EIRELI em campos de atuação diferente. Isso não é
possível, pois a lei veda.

*(ATUALIZADO EM 03/05/21): Instrução Normativa DREI Nº 81 DE 10/06/2020

CONSTITUIÇÃO

A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI poderá ser constituída tanto por pessoa natural
quanto por pessoa jurídica, nacional ou estrangeira.

Quando o titular da EIRELI for pessoa natural deverá constar do corpo do ato constitutivo cláusula com a
declaração de que o seu constituinte não figura em nenhuma outra empresa dessa modalidade.

A pessoa jurídica pode figurar em mais de uma EIRELI. (NR)

.....

4. CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


24
.....

x) Declaração de que o seu constituinte não figura em nenhuma outra empresa dessa modalidade, se o titular
for pessoa natural. (NR)

.....

3.1. CAPACIDADE PARA SER TITULAR DE EIRELI


Pode ser titular de EIRELI, desde que não haja impedimento legal:
I - o maior de dezoito anos, brasileiro(a) ou estrangeiro(a), que estiver em pleno gozo da capacidade civil;
II - o menor emancipado (a prova da emancipação do menor deverá ser comprovada exclusivamente mediante a
apresentação da certidão do registro civil, a qual deverá instruir o processo ou ser arquivada em separado);
No caso de instruir o processo, os dados da emancipação deverão constar da qualificação do emancipado.
III - a pessoa jurídica nacional ou estrangeira, ainda que constituída sob a forma de EIRELI;
IV - o incapaz, desde que devidamente representado ou assistido, conforme o grau de sua incapacidade, e com
a administração a cargo de terceira pessoa não impedida;
Conforme art. 1.690 do Código Civil compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade,
representar os sócios menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade. É
desnecessário, para fins do registro, esclarecimento quanto ao motivo da falta.
V - o servidor e o funcionário público, com a administração a cargo de terceira pessoa não impedida.
Em conformidade com o disposto no art. 117, inciso X, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e com o art.
226, inciso VI, do Decreto nº 1.713, de 28 de outubro de 1939.
Nota: A capacidade dos índios é regulada por lei especial (Estatuto do Índio).

*#ATENÇÃO #ATUALIZA Conforme Instrução Normativa n. 55 do DREI, de 8 de março de 2019, o incapaz pode
ser titular de EIRELI, mesmo que de forma inicial (não “exclusivamente para continuar”), desde que seja
representado ou assistido e não seja administrador. “Considerando que é legalmente admitido que a pessoa
incapaz seja sócia de sociedade limitada, desde que não exerça poderes de administração, o capital social já
esteja integralizado e, conforme o grau da incapacidade, o incapaz seja assistido ou representado; Considerando
que na EIRELI permite-se a separação do que é ser "titular" do que é ser "administrador"; e Considerando que
não há vedação legal para que o incapaz possa constituir EIRELI. Resolve: Art. 1º O Manual de Registro de
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI, aprovado pela Instrução Normativa DREI nº 38, de 2
de março de 2017, passa a vigorar com as seguintes alterações: "1.2.5. ..O incapaz, desde que devidamente
representado ou assistido, conforme o grau de sua incapacidade, e com a administração a cargo de terceira
pessoa não impedida.Conforme art. 1.690 do Código Civil compete aos pais, e na falta de um deles ao outro,
com exclusividade, representar os sócios menores de 16 (dezesseis) anos, bem como assisti-los até
completarem a maioridade. É desnecessário, para fins do registro, esclarecimento quanto ao motivo da falta.”

3.2.5 AUMENTO DE CAPITAL

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


25
O capital poderá ser aumentado a qualquer momento, contudo, deve ser inteira e imediatamente
integralizado (art. 980-A do CC). Essa condição deve ser declarada na alteração do ato constitutivo.

Quando da deliberação para aumento de capital da EIRELI, devem ser observadas as disposições constantes do
item 1.2.9 deste manual. (NR)

3.2.6 ALTERAÇÃO DE TITULARIDADE

A alteração de titularidade da EIRELI deve ser formalizada mediante alteração do ato constitutivo. Na
hipótese, a alteração deverá conter cláusula com a declaração de que o novo titular, se for pessoa natural, não
figura em nenhuma empresa dessa modalidade, assim como cláusula de desimpedimento para o exercício da
administração, ou declaração em separado, se for o caso. (NR)"

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

6.8. TRANSFORMAÇÃO

Antes da transformação, no caso de sociedades empresárias, devo concentrar todas as quotas em um sócio
só. É possível a transformação do empresário individual e da sociedade empresária para EIRELI, mantendo-se,
neste caso, inclusive, o mesmo CNPJ. O inverso também é permitido.

6.9. NATUREZA EMPRESÁRIA OU SIMPLES

A EIRELI pode ter natureza empresária ou simples, conforme se depreende do art. 982, caput. Deste
modo, é possível que os profissionais liberais possam criar uma EIRELI simples, em vez de criar uma sociedade
empresária.

A EIRELI simples é registrada no registro civil de pessoa jurídica; a EIRELI empresária deve ser registrada
na junta comercial.

Contudo, por força do Estatuto, a profissão de advogado não possibilita a criação da EIRELI, na medida
em que não se admite a responsabilidade limitada do advogado – esta será sempre ilimitada.

7 OBRIGAÇÕES EMPRESARIAIS (E.I., S.E. e EIRELI)

7.1. REGISTRO

a) Competência

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


26

A Lei 8.934/94 trata do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis – SINREM, que era
composto pelo Departamento Nacional de Registro de Comércio – DNRC (órgão federal) e pela Junta Comercial
(órgão estadual).

O DNRC é um órgão normatizador e supervisor dos atos realizados pelas juntas comerciais. Estas são os
órgãos executores. Destarte, competente para o registro da EIRELI é a Junta Comercial do respectivo Estado.
*(Atualizado em 04/03/2022): (A EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Lei
14.195/2021.)

Nada obstante, o Decreto 8.001/13 criou o Departamento de Registro Empresarial e Integração - DREI,
que, para muitos, substituiu o DNRC.

*(Atualizado em 04/03/2022): (A EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da


Lei 14.195/2021.) Eireli e Sociedades Empresariais têm até 30 dias para fazer o registro. O empresário individual
tem que ser antes do início de sua atividade, segundo art. 967 CC.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da


respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador e supervisor do
registro de empresas, o DNRC não dispõe de instrumentos de intervenção nas Juntas comerciais, caso não
adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de correção. A lei estabelece, apenas, que o DNRC
pode representar as autoridades competentes (o Governador do Estado, O Ministério Público Estadual e
outros).

b) Competência para julgamento de ato do presidente da Junta Comercial – JF

A Junta Comercial é subordinada técnica e administrativamente, isto é, no âmbito técnico está


subordinada ao DREI (órgão federal) e, no âmbito administrativo, está subordinada à unidade federativa.

*(Atualizado em 28/04/2020) Todas as juntas comerciais, incluindo a do DF serão subordinadas


tecnicamente ao DREI e administrativamente a respectiva unidade da federação em que situadas.
Apenas a Junta Comercial do Distrito Federal se submete, tanto técnica como administrativamente, ao
DNRC, conforme preceitua o art. 6°, parágrafo único, da Lei 8.934/1994:
LEI Nº 13.833, DE 4 DE JUNHO DE 2019

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Art. 1º Ficam transferidos, da União para o Distrito Federal, na forma e na data especificadas em ato do
Poder Executivo federal:
I - a Junta Comercial do Distrito Federal;
II - as atividades de registro público de empresas mercantis e atividades afins no âmbito do Distrito
Federal; e

III - os livros e os documentos relativos ao registro público de empresas mercantis e atividades afins do
Distrito Federal sob responsabilidade da Junta Comercial do Distrito Federal.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 6º A Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, observado o disposto nesta Lei,
será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais, estaduais e distrital, com as
seguintes finalidades:
“Art. 3º ...I - o Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, órgão central do Sinrem,
com as seguintes funções:
a) supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, na área técnica; e
b) supletiva, na área administrativa;...”
“Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do respectivo ente
federativo e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, nos termos desta
Lei

Em razão desse caráter híbrido de subordinação das Juntas Comerciais (ao Estado-membro respectivo e
ao DNRC), o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento de que há uma divisão de competência para
apreciar ações judiciais em que a Junta Comercial seja parte. Tratando-se de matéria administrativa, a
competência para processar e julgar as ações em que a Junta figure num dos polos da demanda é da Justiça
comum estadual.

Em contrapartida, em se tratando de matéria técnica, relativa ao registro de empresa, a competência


passa a ser da Justiça Federal, em virtude do interesse na causa do DNRC, conforme preceitua o art. 109, inciso
I, da Constituição Federal.

Assim, por exemplo, se a Junta Comercial indeferir o pedido de arquivamento de contrato social de uma
determinada sociedade limitada, com base numa Instrução Normativa do DNRC, e essa sociedade resolver
impetrar mandado de segurança contra tal decisão, deverá fazê-lo perante a Justiça Federal, porque, nesse
caso, a Junta agiu sob orientação de um ente federal, o DNRC.

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No entanto, recentemente o STJ fixou o entendimento que a competência será da justiça federal apenas
quando se discutir a lisura do procedimento da junta ou no caso de MS em face do seu presidente.

Questão de servidores da junta – JE

Questões particulares. Ex. conflitos societários – JE.

RESUMO:

- REGRA GERAL: JE
-LISURA DO PROCEDIMENTO: JF
- MS EM FACE DO PRESIDENTE DA JUNTA: JF

COMPETÊNCIA EM CRIMES ENVOLVENDO A JUNTA COMERCIAL

 Justiça Federal: se houve ofensa DIRETA a bens, serviços ou interesses da União (art. 109, IV, da CF/88);
 Justiça Estadual: nos demais casos.

Exemplo 1: João e Maria, ao ingressarem com pedido para constituição de sociedade empresária,
apresentam documentos falsos na Junta Comercial. De quem é a competência para o crime? Justiça ESTADUAL.

Exemplo 2: Nicolau, ao dar entrada no requerimento de constituição de uma empresa, utilizou-se de


RGe CPF de um terceiro, que havia perdido seus documentos. De quem é a competência para julgar esse crime?
Justiça ESTADUAL.

Exemplo 3: Rubens, despachante, falsificou selo da Junta Comercial. De quem é a competência para
julgar esse crime? Justiça FEDERAL.O STF possui julgado recente afirmando que nesse caso há ofensa a ato da
atividade-fim da Junta Comercial, não envolvendo apenas interesses de particulares, mas sim, o interesse direto
e específico da União, que teve seu serviço violado pela falsificação do selo. Logo, a competência é da Justiça
Federal.
(STF. 1ª Turma. RE 670569 ED, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/04/2013).

c) Atos de registro

Art. 32.

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I) a matrícula diz respeito aos auxiliares do comércio. Leiloeiros, tradutores públicos, trapicheiros. A
matrícula é uma condição para que eles possam exercer tais atividades paracomerciais. Funciona como órgão
regulador dessas profissões.
II) o arquivamento se refere aos atos de constituição (registro em sentido estrito), modificação e
extinção (averbação, para tudo que vem depois da constituição); correspondem, por sua vez, ao registro dos
empresários individuais, sociedades empresárias e cooperativas. Enquanto não registrados seus atos
constitutivos, as sociedades empresárias não adquirem personalidade jurídica.

Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela
pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado.
§ 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da
lavratura dos atos respectivos.
§ 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de
sua concessão.

Enunciado 69 do CJF – Art. 1.093: as sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição
nas juntas comerciais.

Lei 8.934/94, Art. 35.


Art. 35. Não podem ser arquivados:
I - os documentos que não obedecerem às prescrições legais ou regulamentares ou que contiverem
matéria contrária aos bons costumes ou à ordem pública, bem como os que colidirem com o respectivo estatuto
ou contrato não modificado anteriormente;
II - os documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer espécie ou
modalidade em que figure como titular ou administrador pessoa que esteja condenada pela prática de crime
cuja pena vede o acesso à atividade mercantil;
III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei, não designarem
o respectivo capital, bem como a declaração precisa de seu objeto, cuja indicação no nome empresarial é
facultativa;
IV - a prorrogação do contrato social, depois de findo o prazo nele fixado;
V - os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente;
VI - a alteração contratual, por deliberação majoritária do capital social, quando houver cláusula
restritiva;
VII - os contratos sociais ou suas alterações em que haja incorporação de imóveis à sociedade, por
instrumento particular, quando do instrumento não constar:
a) a descrição e identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem como o número
da matrícula no registro imobiliário;
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b) a outorga uxória ou marital, quando necessária;
VIII - os contratos ou estatutos de sociedades mercantis, ainda não aprovados pelo Governo, nos casos
em que for necessária essa aprovação, bem como as posteriores alterações, antes de igualmente aprovadas.
VIII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. A junta não dará andamento a qualquer documento de alteração de firmas individuais
ou sociedades, sem que dos respectivos requerimentos e instrumentos conste o Número de Identificação de
Registro de Empresas (Nire).
Parágrafo único. O registro dos atos constitutivos e de suas alterações e extinções ocorrerá
independentemente de autorização governamental prévia, e os órgãos públicos deverão ser informados pela
Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim) a respeito
dos registros sobre os quais manifestarem interesse. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)

*(Atualizado em 11/09/2021): #NOVIDADELEGISLATIVA A Lei 14.195/2021 alterou dispositivos relacionados ao


Direito Empresarial:

CPNJ COMO NOME EMPRESARIAL

O empresário individual, a EIRELI e a sociedade empresária precisam ter um nome empresarial, que é a
expressão que os identifica em suas relações jurídicas. *(Atualizado em 04/03/2022): (A EIRELI deixou de existir
no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Lei 14.195/2021.)

Com o objetivo de desburocratizar, a Lei nº 14.195/2021 acrescentou o art. 35-A na Lei nº 8.934/94
dizendo que o empresário ou pessoa jurídica poderá utilizar o CNPJ como nome empresarial.

Art. 35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do tipo
societário ou jurídico, quando exigida por lei.

O art. 1.155 prevê duas espécies de nome empresarial:


a) firma;
b) denominação.

Com esse novo art. 35-A temos uma terceira espécie de nome empresarial: o CPNJ como nome
empresarial.

i. Natureza jurídica do registro:

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Quando se trata de empresário (gênero) comum –não rural-, o registro é mera condição de
regularidade. Ou seja, para que alguém seja empresário, não é necessário o registro, devendo, apenas,
preencher os requisitos do art. 966, do CC.

Enunciado 199, II Jornada de Direito Civil: Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é
requisito delineador de sua regularidade, e não de sua caracterização.

O registro, conforme já visto, é obrigatório para a sua regularidade. A exceção está na figura do
empresário rural.

Enunciado 202, II Jornada de Direito Civil: Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural
na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É
inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.

Enunciado 198, II Jornada de Direito Civil: Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é
requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência.

ii. Inscrição da sociedade empresária

Inscrição de sociedade empresária: leva a registro o ato constitutivo (contrato ou estatuto social).

Os atos de registro de empresário individual e sociedade devem ser visados por advogado – Estatuto da
OAB.

Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

#SELIGANASÚMULA: Súmula 363 STF - A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da
agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato.

iii. Ausência de registro

O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da
legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa

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disposição em contrário. Se sujeita às normas do regime jurídico empresarial, sofrendo, porém, algumas
consequências: não pode pedir recuperação judicial.

iv. Principais efeitos decorrentes da ausência de registro:

 Não possuir legitimidade ativa para pedido de falência de terceiro e pedido de recuperação judicial;

*#CUIDADO: #OUSESABER: A autofalência consiste no pedido de falência que é feito pelo PRÓPRIO DEVEDOR. O
art. 105 da Lei 11.101/05 regula essa situação, estabelecendo entre os requisitos do pedido de autofalência o
seguinte: “IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor OU, SE NÃO HOUVER, a
indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais”.
Considerando esse dispositivo, vê-se que a lei ADMITE que uma sociedade empresária não registrada faça o
pedido de autofalência, bastando que prove, por outros documentos, quem são os seus sócios, com os
respectivos endereços e relação de bens pessoais.
Contudo, vale destacar que, embora possa requerer a PRÓPRIA falência, a sociedade empresária que,
irregularmente, não mantém registro NÃO pode pedir a falência ALHEIA. Isso porque o art. 97, § 1º, da Lei de
Falências exige que o credor empresário comprove a regularidade de suas atividades, por meio da apresentação
de certidão do Registro Público de Empresas, para que possa requerer a falência do devedor.

 Não poder participar de licitação;

 Se a sociedade ou a EIRELI não for devidamente registradas, a responsabilidade será ilimitada;


*(Atualizado em 04/03/2022): (A EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da
Lei 14.195/2021.)

 Não obter certidão negativa de débitos e CNPJ.

d) Regime decisório da Junta Comercial

As Juntas Comerciais adotam dois regimes decisórios distintos: colegiado ou singular.

Em se tratando de matrículas, autenticações ou atos de arquivamento de outros tipos societários, as


Juntas adotam o regime de decisão singular, feito pelo Presidente da Junta ou por um vogal por ele designado.
Prazo de 2 dias para decidir.

Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, não previstos
no artigo anterior, serão objeto de decisão singular proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou
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servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. Os vogais e servidores habilitados a proferir decisões singulares serão designados pelo
presidente da junta comercial.

Lei 8.934/94, Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas comerciais, na forma
desta lei: Prazo de 5 dias para decidir.
I - o arquivamento:
a) dos atos de constituição de sociedades anônimas, bem como das atas de assembleias gerais e demais
atos, relativos a essas sociedades, sujeitos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins;
b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis;
c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
II - o julgamento do recurso previsto nesta lei. Seja das decisões colegiadas ou singulares.

*(atualizado em 30/06/21) Art. 47. Das decisões do plenário cabe recurso ao Departamento Nacional de
Registro Empresarial e Integração como última instância administrativa. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de
2019)

No momento da apresentação dos documentos necessários para o registro da empresa, a Junta


Comercial deverá ater-se apenas aos aspectos formais exigidos por lei para o respectivo registro - legalidade
extrínseca do ato. Não serão registradas empresas cujos documentos não obedecerem às prescrições legais, ou
que contenham matéria contrária aos bons costumes, à ordem pública, bem como os que colidam com o
respectivo estatuto ou contrato social originário não modificado anteriormente. Assim, se a maioria dos sócios
de uma sociedade limitada resolver expulsar um minoritário que está concorrendo com a própria sociedade,
não caberá à Junta verificar se é verdadeiro ou não o fato ensejador da expulsão.

Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a autenticidade e a
legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância das prescrições legais
concernentes ao ato ou aos documentos apresentados.
Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que, se for o caso,
poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei. 30 dias.

Só pode exigir documentos previstos em lei. Decretos estaduais - não. ex. exigir regularidade fiscal
estadual– não pode. Não tem amparo legal. STJ. STJ – ilegítima criação de empecilhos, mediante norma
infralegal, para a inscrição e alteração dos dados cadastrais no CNPJ.

e) Realização de balanços – patrimonial e resultado.


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O balanço patrimonial, que contabiliza o passivo e o ativo, está previsto no art. 1.188, do CC. É
necessário, também, o balanço de resultado econômico, que tratará dos lucros e das perdas (art. 1.889, do CC).
Enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. São obrigados
também a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.É dispensado dessas
exigências o pequeno empresário a que se refere o art. 970.

Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e
apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico.

De acordo com o art. 1.182 do CC/02, a escrituração deve ficar a cargo de um contabilista (vide
preposto), salvo se nenhum houver na localidade.

OBS: Levantar balanço anual (artigo 1179) não quer dizer que sejam obrigados a publicar, mas somente
levantar. As S/As são obrigadas a publicar. As S/As que distribuem lucros semestralmente e as Instituições
Financeiras devem levantar balanço semestralmente.

8. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
Código Civil Art. 966 a 980-A e art. 1.150 a art. 1.154
Lei 8.934/94 Integralmente

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i
Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de
doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões,
entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos
R3.

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