Você está na página 1de 116

RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Sumário

DO EMPRESÁRIO (artigos 966 a 980 do CC) ...................... 3

DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL (artigos 1.142


a 1.149)...................................................................................... 21

INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO .................... 38

SOCIEDADE EM COMUM E SOCIEDADE EM CONTA


DE PARTICIPAÇÃO ............................................................. 47

SOCIEDADE SIMPLES (artigos 997 a 1.038 do Código


Civil) ......................................................................................... 55

SOCIEDADE LIMITADA (artigos 1.052 a 1.087 do Código


Civil) ......................................................................................... 59

SOCIEDADE ANÔNIMA ..................................................... 72

RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA (Lei 11.101/2005)............ 88

TÍTULOS DE CRÉDITO ...................................................... 105

2
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

DO EMPRESÁRIO (artigos 966 a 980 do CC)

TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO: a ideia do direito comercial estava


relacionada à teoria dos ato de comércio. Sujeitavam-se às regras do direito
comercial aqueles que exerciam as atividades de comércio. Havia um ROL
EXAUSTIVO que elencava tais atividades. Portanto, algumas atividades que
eram muito semelhantes a outra, não se caracterizavam como atividade
comercial apenas por não constarem no mencionado rol.

Com o advento do Código Civil de 2002 surgiu a TEORIA DA EMPRESA, que


trabalha com a ideia da ATIVIDADE.

Pela teoria da empresa, adotada pelo Código Civil, o principal elemento da


sociedade empresarial é a ORGANIZAÇÃO.

CONCEITO DE EMPRESÁRIO:

O Código Civil adotou a TEORIA DA EMPRESA. Empresa é a atividade


econômica e empresário é quem exerce essa atividade.

Nunca confunda a definição dos institutos: empresa, empresário e


estabelecimento.

EMPRESA é a ATIVIDADE ECONÔMICA, é um conceito abstrato e que quer


dizer o exercício da atividade econômica de maneira ORGANIZADA para a
produção ou circulação de bens ou de serviços. Essa atividade é exercida pelo
empresário de maneira profissional.

EMPRESÁRIO É QUEM EXERCE A ATIVIDADE. O empresário pode ser


pessoa física que exerce a empresa (chamado de empresário individual), ou
empresária pode ser a sociedade que é uma pessoa jurídica que não se confunde
com seus sócios. EMPRESÁRIO é quem exerce atividade econômica de maneira
profissional e organizada para a produção e a circulação de bens ou de serviços.

Empresário é a pessoa FÍSICA ou JURÍDICA que exerce de forma


PROFISSIONAL atividade ECONÔMICA (empresa) para a produção ou
circulação de bens ou serviços. A caracterização do empresário INDEPENDE da
existência do registro.

Código Civil, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.

- empresário individual - é pessoa física com responsabilidade direta e ilimitada


3
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

- empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI – pessoa jurídica


com responsabilidade LIMITADA.

- sociedade empresária – pessoa jurídica – responsabilidade depende do tipo


societário, mas se for sociedade limitada ou anônima, a responsabilidade é
limitada, e quase sempre subsidiária, em função da autonomia patrimonial.

Como é cobrado:

1 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2015/XVII Exame


Assinale a alternativa correta em relação aos conceitos de empresa e empresário no Direito
Empresarial.
Empresa é a sociedade com ou sem personalidade jurídica; empresário é o sócio da empresa,
A
pessoa natural ou jurídica com responsabilidade limitada ao valor das quotas integralizadas.
Empresa é qualquer atividade econômica destinada à produção de bens; empresário é a
B pessoa natural que exerce profissionalmente a empresa e tenha receita bruta anual de até R$
100.000,00 (cem mil reais).

Empresa é a atividade econômica organizada para a produção e/ou a circulação de bens e de


C
serviços; empresário é o titular da empresa, quem a exerce em caráter profissional.
Empresa é a repetição profissional dos atos de comércio ou mercancia; empresário é a pessoa
D
natural ou jurídica que pratica de modo habitual tais atos de comércio.

2 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2010

Segundo o art. 966 do Código Civil, é considerado empresário:

A quem é sócio de sociedade empresária dotada de personalidade jurídica.

B quem é titular do controle de sociedade empresária dotada de personalidade jurídica.

C quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística.

D quem assume a função de administrador em sociedade limitada ou sociedade anônima.

3 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2008


Pela teoria da empresa, adotada pelo novo Código Civil, pode-se afirmar que o principal
elemento da sociedade empresarial é:

A o trabalho.

B o capital.

C o ativo permanente.

D o maquinário.

4
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

OBS: A ATIVIDADE DE PRODUTOR RURAL, independentemente do


tamanho, está sujeita a um regime jurídico específico. Esse regime para o
produtor rural segue a regra de que, se o produtor rural fizer o seu registro na
Junta Comercial, será considerado empresário, e se não fizer o registro não será
considerado empresário.

O Art. 971 do Código Civil faculta ao empresário que exerce a atividade rural
efetuar sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. Como foi dito,
esta inscrição é facultativa e não obrigatória.

Código Civil, Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal
profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos
os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Como é cobrado:

4 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XX Exame


O engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro fazendas onde ele realiza, em nome
próprio, a exploração de culturas de soja e milho, bem como criação intensiva de gado. A
atividade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e
insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial.

Com base nessas informações, é correto afirmar que


Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário
A
independentemente de ter ou não registro na Junta Comercial.

Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de não
B
ter realizado seu registro na Junta Comercial.

Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo,
C
exerce profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores.

Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial antes
D
do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal.

EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO:

Código Civil, Art. 966. Parágrafo único. Não se considera empresário quem
exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa.

Enunciado 193 do CJF/STJ:

O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído


do conceito de empresa.
5
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Enunciado 194 do CJF/STJ:

Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a


organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal
desenvolvida.

Ainda que haja o concurso de colaboradores, o exercício de profissão intelectual


não configura atividade empresarial se ausente o elemento de empresa (art. 966,
p. único, CC).

Enunciado 195 CJF/STJ:

A expressão "elemento de empresa" demanda interpretação econômica, devendo


ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial.

Como é cobrado:

5 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2022/XXXV Exame


A fisioterapeuta Alhandra Mogeiro tem um consultório em que realiza seus atendimentos
mas atende, também, em domicílio. Doutora Alhandra não conta com auxiliares ou
colaboradores, mas tem uma página na Internet exclusivamente para marcação de consultas
e comunicação com seus clientes.

Com base nessas informações, assinale a afirmativa correta.


Não se trata de empresária individual em razão do exercício de profissão intelectual de
A
natureza científica, haja ou não a atuação de colaboradores.

Trata-se de empresária individual em razão do exercício de profissão liberal e prestação de


B
serviços com finalidade lucrativa.

Não se trata de empresária individual em razão de o exercício de profissão intelectual só


C
configurar empresa com o concurso de colaboradores.

Trata-se de empresária individual em razão do exercício de profissão intelectual com emprego


D
de elemento de empresa pela manutenção da página na Internet.

6
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

6 FGV - Auditor do Tesouro Municipal (Recife)/2014


Alfredo Chaves exerce em caráter profissional atividade intelectual de natureza literária
com a colaboração de auxiliares. O exercício da profissão constitui elemento de empresa.
Não há registro da atividade por parte de Alfredo Chaves em nenhum órgão público.

Com base nestas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa
correta.

A Alfredo Chaves não é empresário porque exerce atividade intelectual de natureza literária.

B Alfredo Chaves não é empresário porque não possui registro em nenhum órgão público.

C Alfredo Chaves será empresário após sua inscrição na Junta Comercial.

D Alfredo Chaves é empresário porque exerce atividade não organizada em caráter profissional.

E Alfredo Chaves é empresário independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial.

7 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2014/XV Exame


Alfredo Chaves exerce em caráter profissional atividade intelectual de natureza literária
com a colaboração de auxiliares. O exercício da profissão constitui elemento de empresa.
Não há registro da atividade por parte de Alfredo Chaves em nenhum órgão público.

Com base nestas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa
correta.

A Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelectual de natureza literária.

B Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em nenhum órgão público.

C Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial.

Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organizada em caráter


D
profissional.

O REGISTRO:

O registro não constitui elemento que caracteriza a atividade empresarial, mas


sim requisito necessário à sua regularidade, estando o empresário ou a sociedade
irregular submetidos às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo
naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa
disposição em contrário.

Nesse sentido o Enunciado 198 do CJF/STJ:

A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua


caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O

7
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do


Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem
incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.

Enunciado 199 do CJF/STJ:

A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua


regularidade, e não de sua caracterização.

A obrigatoriedade de inscrição prévia no Registro Público de Empresas


Mercantis é uma exigência para a regularidade do empresário, a qual está
prevista no Código Civil:

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Apesar de existir a regra do Artigo 967 estabelecendo que a inscrição do


empresário no registro público de empresas mercantis é obrigatória, não é
necessário esse registro para que uma pessoa se enquadre no perfil de
empresário. O registro é requisito delineador da regularidade do empresário e
não de sua caracterização.

A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua


REGULARIDADE e não de sua CARACTERIZAÇÃO.

O registro do empresário se dá pela inscrição no Registro Público de Empresas


Mercantis (RPEM)

O RPEM é chamado de Junta Comercial. Cada Estado da Federação tem a sua


Junta Comercial. O registro ocorre quando o empresário encaminha a
documentação necessária à respectiva Junta Comercial.

Código Civil, Art. 968 - § 1o Com as indicações estabelecidas neste artigo, a


inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de
Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os
empresários inscritos.

§ 2o À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas


quaisquer modificações nela ocorrentes.

§ 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao


Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de
empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o
disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

8
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

A matrícula ato que se refere tão-somente aos leiloeiros, tradutores públicos,


intérpretes comerciais, trapicheiros (administradores de armazéns para
importação ou exportação) e administradores de armazéns-gerais.

O arquivamento trata basicamente dos documentos relativos à constituição,


alteração, dissolução e extinção de empresários individuais e sociedades
empresárias.

Por seu turno, a autenticação é o registro da escrituração realizada pelos


empresários e sociedades empresárias.

A matrícula, o arquivamento e a autenticação são atos do registro de empresa.

A competência para execução e administração do Registro é da Junta


Comercial, que é órgão estadual.

O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) tem função


supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técnico. É órgão
federal, subordinado ao SINREM - Sistema Nacional de Registro de Empresas
Mercantis - e, também, ao MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior.

Como é cobrado:

8 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2018/XXVII Exame


Roberto desligou-se de seu emprego e decidiu investir na construção de uma hospedagem
do tipo pousada no terreno que possuía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para
mobiliar a pousada, fez cursos de hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou
empregados e os treinou. Ele também contratou um desenvolvedor de sites de Internet e
um profissional de marketing para divulgar sua pousada.

Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores.


A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em
breve, será ampliada em sua capacidade.

Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a


afirmativa correta.
A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo de
A
seu titular quanto de produção de bens.

A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser
B
um ato de empresa.

A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir
C
do registro na Junta Comercial.
A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de
D
registro na Junta Comercial.

9
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

9 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2010


Com relação ao registro da empresa, analise as afirmativas a seguir.

I. A matrícula, o arquivamento e a autenticação são atos do registro de empresa.

II. O empresário que desenvolve atividade rural de grande porte está obrigado a requerer a
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

III. Compete ao Departamento Nacional de Registro do Comércio - DNRC, a execução do


ato de registro do empresário.

Assinale:

A se todas as afirmativas estiverem corretas.

B se somente a afirmativa I estiver correta.

C se somente a afirmativa II estiver correta.

D se somente a afirmativa III estiver correta.

E se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

DA CAPACIDADE DO EMPRESÁRIO:

Capacidade de ser empresário individual: poderá ser empresário a pessoa que


esteja em pleno gozo da capacidade civil e não seja legalmente impedida.

Além dos incapazes, o Código Civil deixa claro que os impedidos por força de lei
também não podem ser empresários individuais (magistrado, membro do MP,
militar, servidor público federal).

CAPACIDADE CIVIL PLENA + AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL

Código Civil, Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem
em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

Apesar de a incapacidade civil impedir o exercício da atividade empresarial, a lei


excepciona tal situação e permite o exercício da empresa pelo incapaz, desde que
respeitados os requisitos do art. 974:

1) CONTINUAR atividade empresarial exercida pelos seus pais ou por autor da


herança, ou exercida por ele mesmo enquanto era capaz;

2) AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (o juiz, ao conceder a autorização, fará constar


no alvará a informação de que não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens
que o incapaz já possuia ao tempo da sucessão ou da interdição);

10
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

3) ASSISTÊNCIA (no caso de incapacidade relativa) ou REPRESENTAÇÃO (no


caso de incapacidade absoluta). Se o representante ou assistente do incapaz for
pessoa legalmente impedida de exercer atividade de empresário, serão
nomeados gerentes.

Código Civil, Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou


devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto
capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em
continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais,
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos
direitos adquiridos por terceiros.

§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía,


ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela,
devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.

§ 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais


deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva
sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes
pressupostos:

I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;

II – o capital social deve ser totalmente integralizado;

III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz


deve ser representado por seus representantes legais.

O exercício da atividade empresarial demanda a plena capacidade e a ausência


de impedimentos, daí porque o incapaz não pode iniciar a atividade
empresarial individualmente, mas pode, em caráter excepcional, continuá-la,
ante o princípio da preservação da empresa.

Referida continuidade dar-se-á por meio de herança (empresa já iniciada por


alguém capaz) ou por incapacidade superveniente, devendo ambas serem
precedidas de autorização judicial e oitiva do MP, com a designação de um
representante ou assistente, que comandará os negócios e prestará contas da
atribuição.

O incapaz nunca pode iniciar uma empresa como empresário individual,


porém pode continuar o exercício da empresa.

Quando o incapaz for dar continuidade ao exercício da empresa é feito um


levantamento dos bens que já possui antes desse momento, os quais não ficarão
11
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

sujeitos a qualquer dívida da empresa. Esses bens anteriores também não devem
ser usados na atividade econômica para continuarem fora da responsabilidade.

O incapaz continuará a atividade com a autorização do juiz que se dá por meio


de um alvará de autorização. Esse alvará pode ser revogado pelo juiz a qualquer
tempo. A alvará e sua eventual revogação devem ser registrados no Registro
Público de Empresas Mercantis e não no de Pessoas Naturais.

Caso o representante seja impedido de realizar a atividade empresarial, serão


nomeados um ou mais gerentes, com a aprovação do juiz (art. 975, caput, CC).

Também serão nomeados um ou mais gerentes quando o juiz entender


conveniente (art. 975, § 1°, CC).

Dessa forma, ainda que o representante ou assistente não seja impedido de


exercer a atividade empresarial, a nomeação de um ou mais gerentes pode se
dar em virtude da conveniência do juízo, à luz das circunstâncias do caso
concreto (v.g. falta de expertise em determinado ramo de negócios).

Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por


disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a
aprovação do juiz, um ou mais gerentes.

§ 1º Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz


entender ser conveniente.

§ 2º A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do


interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.

A lei não especifica o tipo de sociedade que o incapaz pode participar.

Os militares na ativa não apenas são proibidos de serem empresários individuais


ou administradores de sociedades empresárias (v.g., art. 29 da Lei n° 6.880/1980),
como também tal exercício constitui crime militar (art. 204, CPM).

No entanto, sem embargo das sanções cabíveis, caso o servidor militar da ativa
venha a exercer atividade empresarial, responderá ele pelas obrigações
contraídas, sem que haja termo final para tal responsabilização, daí poder se
afirmar que as obrigações contraídas por aquele que esteja legalmente
impedido de exercer atividade empresarial não são nulas; ao contrário, elas
terão plena validade em relação a terceiros de boa-fé que com ele contratarem
(Cf. RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Op. Cit.), nos termos do art. 973, CC:

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de


empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

12
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

A regra é a de que o impedido por lei não pode exercer atividade de empresário,
mas se ele exercer a atividade vai responder pelas obrigações contraídas.

O empresário impedido pode falir, pois a lei de falência se aplica aos


empresários que exerçam atividade econômica de maneira empresarial, seja ele
impedido ou não de exercer a referida atividade.

Rol exemplificativo das pessoas impedidas por lei de serem empresários:

- Juízes - Servidores Públicos Federais – Membros do Ministério Público –


Militares

- O falido – Lei 11.101/2005, Art. 102

*Esses estão impedidos por lei de serem empresários ou sócios gerentes das
sociedades. Eles podem ser sócios de sociedade como cotista ou acionista.

Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art.


974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro
Público de Empresas Mercantis.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros,
desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no
da separação obrigatória.

Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal,


qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro


Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do
empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de
incomunicabilidade ou inalienabilidade.

A incapacidade do empresário não extingue a empresa, já que o incapaz poderá


continuar sendo representado ou assistido.
13
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado:

10 FGV - Juiz Estadual (TJ AP)/2022


No Livro Il da Parte Especial do Código Civil estão dispostas regras quanto à caracterização e à
capacidade do empresário individual.

Com base nas prescrições legais, analise as afirmativas a seguir.

I. Nos casos em que a lei autoriza o prosseguimento da empresa por incapaz, ainda que seu
representante ou assistente seja pessoa que possa exercer atividade de empresário, o juiz poderá
nomear um ou mais gerentes, se entender ser conveniente.

II. Considera-se empresário a pessoa natural, com firma inscrita na Junta Comercial, que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços.

III. Caso um servidor militar da ativa exerça atividade própria de empresário, todos os atos
relacionados à empresa serão declarados nulos pelo juiz, porém ele responderá pelas obrigações
contraídas até dois anos seguintes da data de sua prática.

Entre as alternativas de resposta apresentadas, está(ão) correta(s) somente:


A I

B II

C III

D I e II

E II e III

11 FGV - Juiz Estadual (TJ MG)/2022


João, brasileiro, casado sob o regime de comunhão universal de bens com Maria, residente
e domiciliado em Minas Gerais, pretende constituir sociedade empresária com Carlos,
brasileiro, solteiro, nascido em 2007, residente e domiciliado em São Paulo, para a
consecução de compra e venda de produtos alimentícios.
Com relação à hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
João não pode ser sócio de Carlos, por ser casado sob o regime de comunhão universal de
A
bens com Maria, o que, nos moldes legais o impede de exercer a atividade empresarial.

Carlos, por ser absolutamente incapaz, não poderá exercer a administração da sociedade,
B porém poderá dela fazer parte desde que seja devidamente representado e o capital social
esteja totalmente subscrito e integralizado.
Se o representante ou assistente de Carlos for pessoa que, por disposição de lei, não puder
C
exercer atividade de empresário, ele não poderá ser sócio da sociedade.

João, no exercício da atividade empresarial, não poderá gravar de ônus reais os imóveis que
D
integrem o patrimônio da empresa sem a outorga conjugal de Maria.

14
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

12 FGV - Notário e Registrador (TJ SC)/Remoção/2021


A despeito de o direito brasileiro exigir o pleno gozo da capacidade civil para o exercício de
empresa, há regra diversa para a participação de incapazes, que podem integrar a sociedade
empresária, desde que:
se trate de sociedade por ações, o capital social esteja totalmente integralizado e o incapaz
A
tenha somente ações sem direito a voto;

o sócio incapaz não exerça a administração da sociedade, tenha apenas quotas ou ações sem
B
direito a voto e haja prévia autorização judicial;

haja prévia autorização judicial e o sócio relativamente incapaz esteja assistido e o


C
absolutamente incapaz esteja representado por seus representantes legais;

se trate de sociedade do tipo limitada e o sócio relativamente incapaz esteja assistido e o


D
absolutamente incapaz esteja representado por seus representantes legais;

o sócio incapaz não exerça a administração da sociedade, o capital social esteja totalmente
E integralizado, o sócio relativamente incapaz esteja assistido e o absolutamente incapaz esteja
representado por seus representantes legais.

13 FGV - Notário e Registrador (TJ SC)/Provimento/2021


Luiz, empresário registrado na Junta Comercial, e sua noiva Emma realizaram processo de
habilitação para o casamento perante o oficial do Registro Civil. Após os esclarecimentos
prestados aos nubentes sobre os fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento,
bem como sobre os diversos regimes de bens, Luiz e Emma decidiram optar pelo regime da
separação de bens, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública. Em relação ao
pacto antenupcial celebrado por empresário, de acordo com o Código Civil, esse
documento:

A não deve ser arquivado e averbado em qualquer registro;

B deve ser arquivado e averbado tão somente no Registro Civil;

deve ser arquivado e averbado tanto no Registro Civil quanto no Registro Público de
C
Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais;

D pode ser arquivado e averbado em qualquer registro público, de escolha livre do empresário;

deve ser arquivado e averbado tão somente no Registro Público de Empresas Mercantis, a
E
cargo das Juntas Comerciais.

15
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

14 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2017/XXII Exame


Fagundes e Pilar são noivos e pretendem se casar adotando o regime de separação de bens
mediante celebração de pacto antenupcial. Fagundes é empresário individual e titular do
estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME.

Celebrado o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por Fagundes


providenciará o arquivamento e a averbação do documento

A no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na imprensa oficial.

B no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Pessoas Naturais.

C no Registro Civil de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa oficial.

D no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Títulos e Documentos.

15 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XX Exame


Maria, empresária individual, teve sua interdição decretada pelo juiz a pedido de seu pai,
José, em razão de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os atos da
vida civil. Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado curador de
Maria, assinale a afirmativa correta.
É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria;
A porém, diante do impedimento de José para exercer atividade de empresário, este nomeará,
com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.

A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extinção da empresa,
B
cabendo a José, na condição de pai e curador, promover a liquidação do estabelecimento.

É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria


C antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, José, como curador e representante,
assumir o exercício da empresa.

Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria,


D porém ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria já possuía ao tempo da
interdição, tanto os afetados quanto os estranhos ao acervo daquela.

16
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

16 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2015/XVII Exame


Paulo, casado no regime de comunhão parcial com Jacobina, é empresário enquadrado
como microempreendedor individual (MEI). O varão pretende gravar com hipoteca o
imóvel onde está situado seu estabelecimento, que serve exclusivamente aos fins da
empresa. De acordo com o Código Civil, assinale a opção correta.
Paulo pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, gravar
A
com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento.

Paulo não pode, sem a outorga conjugal, gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu
B
estabelecimento, salvo no regime de separação de bens.

Paulo, qualquer que seja o regime de bens, depende de outorga conjugal para gravar com
C
hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento.

Paulo pode, sem necessidade de outorga conjugal, gravar com hipoteca os imóveis que
D
integram o seu estabelecimento, salvo no regime da comunhão universal.

17 FGV - Auditor do Tesouro Municipal (Recife)/2014


Paulo Afonso, casado no regime de comunhão parcial com Jacobina, é empresário
enquadrado como microempreendedor individual (MEI). O varão pretende gravar com
hipoteca o imóvel onde está situado seu estabelecimento, que serve exclusivamente aos
fins da empresa.

De acordo com o Código Civil, assinale a opção correta.


O empresário casado não pode, sem a outorga conjugal, gravar com hipoteca os imóveis que
A
integram o seu estabelecimento, salvo no regime da separação de bens.

O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime
B
de bens, gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento.

O empresário casado, qualquer que seja o regime de bens, depende de outorga conjugal para
C
gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento.

O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, gravar com hipoteca os
D
imóveis que integram o seu estabelecimento, salvo no regime da comunhão universal.

O empresário casado pode, mediante autorização judicial, gravar com hipoteca os imóveis
E
que integram o estabelecimento.

17
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

18 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2014/XIII Exame


Olímpio Noronha é servidor público militar ativo e, concomitantemente, exerce
pessoalmente atividade econômica organizada sem ter sua firma inscrita na Junta
Comercial.

Em relação às obrigações assumidas por Olímpio Noronha, assinale a alternativa correta.


São válidas tanto as obrigações assumidas no exercício da empresa quanto estranhas a essa
A
atividade e por elas Olímpio Noronha responderá ilimitadamente.

São nulas todas as obrigações assumidas, porque Olímpio Noronha não pode ser empresário
B
concomitantemente com o serviço público militar.

São válidas apenas as obrigações estranhas ao exercício da empresa, pelas quais Olímpio
C
Noronha responderá ilimitadamente; as demais são nulas.

São válidas apenas as obrigações relacionadas ao exercício da empresa e por elas Olímpio
D
Noronha responderá limitadamente; as demais são anuláveis.

19 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2012/IX Exame

Sobre o exercício da empresa por incapaz, assinale a afirmativa correta.

O incapaz deverá estar representado ou ser devidamente assistido, ter no mínimo 10 (dez)
A
anos de idade e ser autorizado pelo Registro Público de Empresas Mercantis.

Os bens que o incapaz já possuía ao tempo da incapacidade ou interdição ficam sujeitos aos
B
resultados da empresa, desde que estranhos ao acervo desta.

O alvará de autorização e a eventual revogação deste serão inscritos ou averbados no Registro


C
Civil de Pessoas Naturais e publicados na imprensa oficial.

Se o representante ou assistente do incapaz for um servidor público em atividade, será


D
nomeado, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.

18
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

20 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2011/V Exame


Em relação à incapacidade e proibição para o exercício da empresa, assinale a alternativa
correta.

Caso a pessoa proibida de exercer a atividade de empresário praticar tal atividade, deverá
A
responder pelas obrigações contraídas, podendo até ser declarada falida.

Aquele que tenha impedimento legal para ser empresário está impedido de ser sócio ou
B
acionista de uma sociedade empresária.

Entre as pessoas impedidas de exercer a empresa está o incapaz, que não poderá exercer tal
C
atividade.

Por se tratar de matéria de ordem pública e considerando que a continuação da empresa


interessa a toda a sociedade, quer em razão da arrecadação de impostos, quer em razão da
D
geração de empregos, caso a pessoa proibida de exercer a atividade empresarial o faça,
poderá requerer a recuperação judicial.

EXTRA

MEI é o micro empreendedor individual previsto na lei complementar 123 de


2006. Para ser MEI é preciso auferir uma receita bruta de no máximo R$ 81.000,00
ao ano. A firma individual e a assinatura do empresário PODERÃO ser
indicadas, já que a lei permite que poderão ser dispensados os usos da firma e da
assinatura por ocasião da abertura e registro do MEI.

LC 123 de 2006:

Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo


recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em
valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no
mês, na forma prevista neste artigo.

Art. 18-A § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o


empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as
atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito
rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$
81.000,00 (oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que
não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.

- O Art. 2.045 do Código Civil destaca que a Parte Primeira parte do Código
Comercial 1850, que trata do "Comércio em Geral" (Lei 556, de 25 de junho de
1850), foi expressamente revogado, mantendo-se vigentes apenas os dispositivos
que regem o comércio marítimo.

19
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 C. Art. 966.
02 C. Art. 966.
03 C. Art. 966.
04 B. Art. 971.
05 A. Art. 966. Parágrafo único
06 C. Art. 966. Parágrafo único
07 C. Art. 966. Parágrafo único
08 D. Art. 966 e 967.
09 B. Art. 968 - § 1º; Art. 971
10 A. Art. 975, §1º.
11 B. Art. 974, §3º.
12 E. Art. 974, §3º.
13 C. art. 979.
14 B. art. 979.
15 A. Arts. 974 e 975.
16 A. Art. 978.
17 B. Art. 978
18 A. Art. 973.
19 D. Art. 975.
20 A. Art. 973.

20
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL (artigos 1.142 a 1.149)

ESTABELECIMENTO é o COMPLEXO DE BENS para o exercício da empresa.


A empresa é atividade econômica exercida pelo empresário, que pode ser pessoa
física ou jurídica. O exercício da empresa ocorre no estabelecimento empresarial.

ESTABELECIMENTO é o CONJUNTO de bens que o empresário reúne para a


exploração da sua atividade, podendo ser bens materiais, corpóreos, OU
imateriais, incorpóreos (propriedade industrial, ponto, nome empresarial, etc).

NATUREZA JURÍDICA DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL: O


estabelecimento é considerado uma UNIVERSALIDADE DE FATO. Ou seja,
todos os bens que compõem o estabelecimento estão reunidos e juntos formam
algo único. O estabelecimento é considerado pela doutrina uma universalidade
de fato, é aquela em que os bens são reunidos pela vontade de alguém, e não em
virtude de disposicção legal.

Existe no ordenamento jurídico a classificação em universalidade de fato e


universalidade de direito.

Universalidade de fato é aquela que decorre da vontade da pessoa em reunir os


bens, por exemplo a biblioteca, um rebanho.

Universalidade de direito é a reunião de bens que se dá por determinação da


lei, por exemplo a massa falida, o espólio.

A maioria da doutrina entende que o estabelecimento é uma


UNIVERSALIDADE DE FATO, já que ele só passa a ser uma coisa unitária por
vontade do organizador dos bens, o empresário.

Exatamente por ser uma universalidade é que existe a possibilidade legal de que
o estabelecimento seja objeto de negócio jurídico como uma coisa só. O complexo
de bens pode ser negociado como um todo.

O estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,


translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

É indistinto, para a configuração do estabelecimento, se os bens são próprios ou


alugados.

Não se confunde estabelecimento com a atividade ou com o seu empresário. A


pessoa é o empresário titular do estabelecimento, e o estabelecimento é o
complexo de bens usado pelo empresário para o exercício da empresa. Tanto é
verdade que é possível a penhora da sede do estabelecimento (Súmula 451 do
STJ), mas não é possível a penhora da empresa, porque a empresa é a
ATIVIDADE.
21
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

O LOCAL é o PONTO comercial. A SEDE faz parte do conceito de


estabelecimento.

O ponto, também chamado de PROPRIEDADE COMERCIAL, é o local em que o


empresário se estabelece. O ponto é tão importante que a doutrina entende por
existente o direito de inerência ao ponto, o qual busca proteger o empresário.

AVIAMENTO: é atributo do estabelecimento empresarial, resultado do


conjunto de vários fatores de ordem material ou imaterial que lhe conferem
capacidade ou aptidão de gerar lucros.

LEI SECA:

Código Civil:

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado,


para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade


empresarial, que poderá ser físico ou virtual. (Incluído pela Lei nº 14.382, de
2022)

§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço


informado para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do
empresário individual ou o de um dos sócios da sociedade empresária.

§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do


horário de funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral
prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de
2019.

Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios


jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua
natureza.

22
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

COMO É COBRADO?

1 FGV - Auditor do Tesouro Municipal (Recife)/2014


O complexo de bens organizado e titularizado por empresário para o exercício de atividade
econômica em caráter profissional, que pode ser objeto unitário de direitos e negócios
jurídicos, denomina-se

A aviamento

B firma

C empresa

D estabelecimento

E matriz ou sede.

2 FGV - Procurador Legislativo (ALMT)/2013


O complexo de bens organizados de forma racional para o exercício da empresa, entendida
esta como a atividade economicamente organizada para a produção de bens e serviços, por
empresário ou sociedade empresária, é denominado

A estabelecimento

B líquido

C ações

D sociedade em comum.

E balanço patrimonial.

3 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2010

Com relação ao estabelecimento empresarial, assinale a afirmativa incorreta.

É o complexo de bens organizado para o exercício da empresa, por empresário ou por


A
sociedade empresária.
B Refere-se tão-somente à sede física da sociedade empresária.

C Desponta a noção de aviamento.

D Inclui, também, bens incorpóreos, imateriais e intangíveis.

E É integrado pela propriedade intelectual.

23
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

4 FGV - Auditor da Receita Estadual (SEFAZ AP)/2010


Pedro Henrique tem uma sorveteria na qual vende sorvetes artesanais da sua marca
Gelados. O imóvel no qual está localizada a empresa, os freezers e as máquinas necessárias
para a elaboração dos sorvetes são alugados.

Os móveis e o estoque de matéria prima, no entanto, são de propriedade de Pedro


Henrique. Ressalta-se que a marca é bastante conhecida na cidade e o seu estabelecimento
já tem uma clientela fiel.

Considerando os fatos expostos, assinale a alternativa correta.


Fazem parte do estabelecimento empresarial apenas os móveis e o estoque de matéria prima,
A
pois somente estes bens são de propriedade de Pedro Henrique.

Fazem parte do estabelecimento empresarial todos os bens que estão organizados para o
B desenvolvimento da empresa, isto é, tanto o imóvel, quando os freezers, as máquinas, os
móveis, o estoque e a marca Gelados.

Pedro Henrique não pode ser considerado empresário pois não desenvolve a atividade
C
empresarial por meio de uma sociedade empresária.

Se Pedro Henrique desejar alienar o estabelecimento, o trespasse somente poderá abranger os


D bens de propriedade de Pedro Henrique, não podendo versar sobre os contratos relacionados
com os outros bens.

Se Pedro Henrique desejar alienar o estabelecimento, o preço do negócio deverá corresponder


E
exatamente ao preço de mercado dos bens de sua propriedade, considerados isoladamente.

24
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

5 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XX Exame


P. Industrial S.A., companhia fechada, passa momentaneamente por dificuldades
financeiras que se agravaram com a crise na atividade industrial do país. A assembleia
geral autorizou os administradores a alienar bens do ativo permanente, dentre eles uma
unidade produtiva
situada no município de Mirante da Serra, avaliada em R$ 495.000.000,00 (quatrocentos e
noventa e cinco milhões de reais).

Considerando-se que a unidade produtiva da companhia integra seu estabelecimento,


assinale a afirmativa correta.
A assembleia geral não pode autorizar a alienação da unidade produtiva. Por ser o
A estabelecimento uma universalidade de direito, seus elementos devem ser mantidos
indivisíveis e unitariamente agregados para o exercício da empresa.

A assembleia geral pode autorizar a alienação da unidade produtiva. Por ser o


B estabelecimento uma universalidade de fato, seus elementos podem ser objeto de negócios
jurídicos próprios, translativos ou constitutivos, separadamente dos demais.

A assembleia geral pode autorizar a alienação da unidade produtiva. Por ser o


estabelecimento um patrimônio de afetação, cabe exclusivamente à companhia a decisão de
C
desagregá-lo e, com isso, limitar sua responsabilidade perante os credores ao valor da unidade
produtiva alienada.

A assembleia geral não pode autorizar a alienação da unidade produtiva. Por ser o
estabelecimento elemento de exercício da empresa, a alienação de qualquer de seus elementos
D
(corpóreos ou incorpóreos) implica a impossibilidade de manutenção da atividade da
companhia, operando-se sua dissolução de pleno direito.

6 FGV - Fiscal de Tributos (Niterói)/2015


A partir da previsão contida no art. 1.143 do Código Civil, segundo o qual “pode o
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza”, é possível afirmar que tal
instituto tem natureza de:

A comunhão ou universalidade de direitos;

B universalidade de fato;

C patrimônio de afetação;

D pessoa jurídica de direito privado;

E pessoa formal, sem personalidade jurídica.

25
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

TRESPASSE:

O trespasse é o contrato de alienação do estabelecimento empresarial. O


trespasse não se confunde com a cessão de quotas na sociedade limitada ou a
alienação do controle da S/A.

O trespasse, denominação para o procedimento de aquisição de fundo de


comércio ou estabelecimento comercial, caracteriza-se pela alienação do
estabelecimento empresarial e é o nome que se atribui ao contrato de compra e
venda do negócio, pelo qual ocorre a transferência de sua titularidade.

Por este contrato, o trespassante se obriga a transferir o estabelecimento


empresarial e o adquirente (trespassário) se obriga a pagar pela aquisição. Assim,
o estabelecimento que pertencia a um determinado titular, passa a ser objeto de
direito de propriedade de outro.

Para produzir efeitos perante terceiros é necessária a AVERBAÇÃO NO


REGISTRO E a PUBLICAÇÃO NA IMPRENSA OFICIAL.

O adquirente do estabelecimento empresarial responde por todas as obrigações


regularmente contabilizadas (que não sejam nem tributárias nem trabalhsitas),
porém, não há uma completa exoneração do alientante, que permanecerá
SOLIDARIAMENTE responsável PELO PRAZO DE UM ANO.

Tal prazo é contado da seguinte forma:

• quanto aos créditos vencidos (dívida vencida), da data da publicação do


contrato de trespasse (art. 1.144, CC);

• quanto aos demais créditos (dívida vincenda), da data do vencimento.

O adquirente se obriga pelos débitos anteriores à transferência que estejam


regularmente contabilizados (art. 1.146 do CC).

Ao realizar o trespasse, uma das obrigações do empresário é registrá-lo e dar


publicidade na imprensa oficial, a fim de que possa ser oposto aos terceiros (art.
1.144).

Importante destacar que no caso de Empresa de Pequeno Porte (EPP) ou


Microempresa (ME) não há necessidade de publicação na imprensa oficial, sendo
obrigatório apenas o registro na junta comercial. Este ocorrerá por meio da
averbação do contrato de trespasse no registro da sociedade.

Ao realizar o trespasse, o alienante deverá tomar uma das três atitudes abaixo,
sob pena de sua ineficácia:

1) resguardar patrimônio suficiente para pagamento de todos os credores;

26
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

OU

2) no caso de ausência de patrimônio, será necessário o pagamento de todos os


credores;

OU

3) obtenção de anuência destes credores em relação à alienação. A anuência


poderá ser expressa ou tácita, esta última quando não houver oposição no prazo
de 30 dias após a notificação (art. 1.145).

A regra é: para que a alienação seja eficaz faz-se necessário que o alienante tenha
bens suficientes para solver o seu passivo;

Caso essa situação não seja atendida, ainda assim, a eficácia pode ser observada
desde que haja pagamento de todos os credores.

Por fim, caso os requisitos acima não sejam cumpridos, a alienação apenas será
eficaz quando os credores derem o seu consentimento. Esse consentimento pode
ser expresso ou tácito. Para a caracterização do consentimento, é preciso que os
credores sejam notificados, possuindo um prazo de 30 dias para responder se
consentem ou não com alienação feita.

Outro tema importante quanto ao trespasse é a questão da manutenção, ou não,


dos contratos para o desenvolvimento da atividade:

- Em relação ao contrato de locação, há a necessidade de autorização do locador


para a transferência do contrato de locação. Esta autorização poderá ser expressa
ou tácita, esta última nos casos em que notificado acerca do trespasse não haja
oposição no prazo de 30 dias;

- quanto aos demais contratos, NÃO HAVENDO CARÁTER PESSOAL E NEM


DISPOSIÇÃO EM SENTIDO CONTRÁRIO, O ADQUIRENTE SUB-ROGA-
SE NOS CONTRATOS FIRMADOS PELO ALIENANTE PARA
EXPLORAÇÃO DO ESTABELECIMENTO. Salienta-se que, no prazo de 90 dias
contados da publicação do trespasse poderão os terceiros (aqueles que tinham
contratado com o alienante) rescindir o contrato, se ocorrer justa causa,
ressalvada a responsabilidade do alienante (art. 1.148).

Como regra, o trespasse importa em sub-rogação dos contratos estipulados para


a exploração do estabelecimento, desde que tais contratos tenham relação com a
atividade empresarial e que não tenham caráter pessoal.

No entanto, a sucessão dos contratos pode não ocorrer quando fundada em justa
causa, podendo o terceiro rescindir o contrato no prazo de 90 (noventa) dias
contados da publicação do trespasse.

27
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

A regra básica é a de que os contratos do estabelecimento são transmitidos junto


com ele. Há três casos de exceção no próprio artigo:

Uma exceção ocorre em relação aos contratos de caráter pessoal.

A outra exceção ocorre quando o próprio contrato de transmissão de


estabelecimento dispõe de maneira contrária.

E por último, nos casos em que por motivo justo, o contratante queira terminar o
contrato.

Em complemento, vale ressaltar que, se tratando de estabelecimento empresarial


em processo de falência ou recuperação judicial, o adquirente não responderá
pelas dívidas anteriores do alienante, incluídas as tributárias e trabalhistas,
conforme arts. 60, p. único, e 141, II, da Lei n° 11.101/2005.

Cláusula de não restabelecimento (ou de não concorrência): não havendo


autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.

Em regra, quem vende o estabelecimento para outra pessoa não pode fazer
concorrência com o adquirente. Essa proibição de concorrência vale tanto para a
alienação, como para o usufruto e arrendamento.

No caso de arrendamento ou usufruto, a proibição de concorrência deve


perdurar pelo prazo do contrato.

Portanto, se o contrato não falar nada, a concorrência de quem vende, de quem


dá o usufruto ou de quem arrenda um estabelecimento é proibida. Na venda pelo
prazo de 5 anos, no arrendamento e no usufruto, pelo prazo do contrato (pode
ser mais ou menso que 5 anos).

LEI SECA:

Código Civil:

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou


arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros
depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade
empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, E de PUBLICADO
NA IMPRENSA OFICIAL.

Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de
todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em
trinta dias a partir de sua notificação.

28
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos


débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,
continuando o devedor primitivo SOLIDARIAMENTE obrigado pelo PRAZO
DE UM ANO, A PARTIR, QUANTO AOS CRÉDITOS VENCIDOS, DA
PUBLICAÇÃO, E, QUANTO AOS OUTROS, DA DATA DO VENCIMENTO.

Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento


não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à
transferência.

Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a


proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.

Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação


do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento,
se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em
noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.

Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido


produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da
publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar
ao cedente.

EXTRA

O caput do art. 1.164, do Código Civil prevê que "o nome empresarial não pode
ser objeto de alienação". No entanto, o dispositivo traz exceção no seu Parágrafo
Único, que ressalva a possibilidade de o adquirente do estabelecimento
empresarial continuar usando o antigo nome empresarial do alienante, precedido
do seu e com a qualificação de sucessor, desde o contrato de trespasse assim o
permita.

Portanto, a regra do caput do art. 1.164 do Código Civil, que prevê a


inalienabilidade do nome empresarial, deve ser interpretada em consonância
com a regra do seu parágrafo único. Assim, embora o nome empresarial não
possa ser vendido, é possível que, num contrato de alienação do estabelecimento
empresarial (o trespasse), ele seja negociado como elemento incorpóreo
integrante do fundo de comércio. O Parágrafo Único do art. 1.164 pode ser
tratado como uma exceção à inalienabilidade absoluta do nome empresarial.

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.

Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se


o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a
qualificação de sucessor.
29
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

COMO É COBRADO?

7 FGV - Analista da Procuradoria (PGE RO)/Processual/2015


A sociedade empresária Guajará Marques Motores Ltda., com sede em Chupinguaia, em
reunião de sócios, decide aprovar o trespasse da filial situada em Theobroma.
Para que o trespasse seja considerado eficaz em relação a terceiros, é preciso que o contrato
seja averbado:
à margem da inscrição da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis,
A
a cargo das Juntas Comerciais, e seja publicado na imprensa oficial;

no Registro de Títulos e Documentos do local da sede da sociedade e publicado em jornal de


B
grande circulação nas localidades em que a sociedade tenha sede e filiais;

à margem da inscrição do imóvel, no Registro de Imóveis do local da sede da sociedade e


C publicado na imprensa oficial e em jornal de grande circulação nas localidades em que a
sociedade tenha sede e filiais;

à margem da inscrição da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis,


D
a cargo das Juntas Comerciais, dispensada qualquer publicação oficial;

no Registro de Títulos e Documentos do local da sede da sociedade e de suas filiais,


E
dispensada qualquer publicação oficial.

8 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ MS)/2006

Em que consiste o trespasse?

A Direito de retirada de sócio ou acionista.

B Cessão gratuita de cotas sociais.

C Cessão onerosa de cotas sociais.

D Alienação de estabelecimento comercial.

E Abdicação, pelo sócio, do direito ao recebimento de dividendos em prol de outrem.

30
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

9 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2018/XXV Exame


O empresário individual José de Freitas alienou seu estabelecimento a outro empresário
mediante os termos de um contrato escrito, averbado à margem de sua inscrição no Registro
Público de Empresas Mercantis, publicado na imprensa oficial, mas não lhe restaram bens
suficientes para solver o seu passivo.

Em relação à alienação do estabelecimento empresarial nessas condições, sua eficácia


depende
da quitação prévia dos créditos trabalhistas e fiscais vencidos no ano anterior ao da alienação
A
do estabelecimento.
do pagamento a todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito,
B
em trinta dias a partir de sua notificação.
da quitação ou anuência prévia dos credores com garantia real e, quanto aos demais credores,
C
da notificação da transferência com antecedência de, no mínimo, sessenta dias.
do consentimento expresso de todos os credores quirografários ou da consignação prévia das
D
importâncias que lhes são devidas.

10 FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFAZ AM)/2022 (e mais 2 concursos)


No dia 9 de setembro de 2021, o empresário individual Ramsés Borba alienou para Silves
Modas Ltda. o estabelecimento empresarial situado em Itacoatiara, sendo o contrato referente
ao negócio jurídico arquivado na Junta Comercial do Estado do Amazonas, no dia 11 de
setembro de 2021, e publicado, na imprensa oficial, no dia 30 de setembro do mesmo ano.

Dentre os credores do alienante, cujos créditos estão regularmente contabilizados, destacam-se


Fiação Anori Ltda. e Cooperativa do Vale do Solimões. O crédito da Fiação Anori Ltda. em face
de Ramsés Borba, no valor de R$ 15.500,00 (quinze mil e quinhentos reais) já estava vencido na
data da alienação do estabelecimento e o crédito da Cooperativa do Vale do Solimões, no valor
de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais), terá vencimento no dia 31 de agosto de 2022.

Considerando a solidariedade legal entre o adquirente do estabelecimento e o alienante em


relação ao pagamento dos débitos anteriores à transferência, assinale a afirmativa correta.
Ramsés Borba permanece responsável pelo pagamento perante Fiação Anori Ltda. pelo prazo
A de 6 (seis) meses, a contar de 30 de setembro de 2021, e pelo prazo de 1 (um) ano, a contar
também de 30 de setembro de 2021, perante a Cooperativa do Vale do Solimões;
Ramsés Borba permanece responsável pelo pagamento perante Fiação Anori Ltda. pelo prazo
B de 6 (seis) meses, a contar de 11 de setembro de 2021 e pelo prazo de 1 (um) ano, a contar de
31 de agosto de 2022, perante a Cooperativa do Vale do Solimões;
Ramsés Borba permanece responsável pelo pagamento perante Fiação Anori Ltda. pelo prazo
C de 1 (um) ano, a contar de 9 de setembro de 2021, e pelo prazo de 6 (seis) meses, a contar de
30 de setembro de 2021, perante a Cooperativa do Vale do Solimões;
Ramsés Borba permanece responsável pelo pagamento perante Fiação Anori Ltda. pelo prazo
D de 1 (um) ano, a contar de 30 de setembro de 2021, e também pelo prazo de 1 (um) ano, a
contar de 31 de agosto de 2022, perante a Cooperativa do Vale do Solimões;
Ramsés Borba permanece responsável pelo pagamento perante Fiação Anori Ltda. pelo prazo
de 6 (seis) meses, a contar de 31 de agosto de 2022, e também pelo prazo de 6 (seis) meses, a
E
contar de 11 de setembro de 2021, perante a Cooperativa do Vale do Solimões.

31
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

11 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2020/XXXI Exame


As sociedades empresárias Y e J celebraram contrato tendo por objeto a alienação do
estabelecimento da primeira, situado em Antônio Dias/MG. Na data da assinatura do contrato,
dentre outros débitos regularmente contabilizados, constava uma nota promissória vencida
havia três meses no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). O contrato não tem nenhuma
cláusula quanto à existência de solidariedade entre as partes, tanto pelos débitos vencidos
quanto pelos vincendos.

Sabendo-se que, em 15/10/2018, após averbação na Junta Comercial competente, houve


publicação do contrato na imprensa oficial e, tomando por base comparativa o dia 15/01/2020, o
alienante
responderá pelo débito vencido com o adquirente por não terem decorrido cinco anos da
A
publicação do contrato na imprensa oficial.
não responderá pelo débito vencido com o adquirente em razão de não ter sido estipulada tal
B
solidariedade no contrato.
responderá pelo débito vencido com o adquirente até a ocorrência da prescrição relativa à
C
cobrança da nota promissória.

não responderá pelo débito vencido com o adquirente diante do decurso de mais de 1 (um)
D
ano da publicação do contrato na imprensa oficial.

12 FGV - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal (Cuiabá)/2016


O empresário individual Júlio Melgaço adquiriu da Metalúrgica Cotriguaçu Ltda.,
mediante o uso de sua firma, um estabelecimento industrial situado em Conquista d´Oeste.
O adquirente prosseguiu com a exploração da empresa.

Com base nessa informação, assinale a afirmativa incorreta.


O estabelecimento adquirido por Júlio Melgaço da Metalúrgica Cotriguaçu Ltda., em
A Conquista d´Oeste, pode ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, compatíveis com a sua natureza.

Se não restarem bens suficientes para a Metalúrgica Cotriguaçu Ltda. solver seu passivo, a
B eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do
consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 dias a partir de sua notificação

O trespasse do estabelecimento de Conquista d´Oeste importa a sub-rogação de Júlio Melgaço


C nos contratos estipulados para sua exploração, se não tiverem caráter pessoal, salvo
disposição contratual em contrário.

Júlio Melgaço responde solidariamente com a Metalúrgica Cotriguaçu Ltda. pelos tributos
D relativos ao estabelecimento adquirido pelo prazo de 1 ano a partir da publicação do contrato
de trespasse na imprensa oficial.

Caso o estabelecimento de Conquista d´Oeste tivesse sido arrendado a Júlio Melgaço, não
E havendo autorização expressa, Metalúrgica Cotriguaçu Ltda. não poderia lhe fazer
concorrência durante o prazo do contrato.

32
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

13 FGV - Fiscal de Tributos (Niterói)/2015


No contrato de arrendamento de um dos estabelecimentos da sociedade empresária Abreu
& Cia Ltda., celebrado pelo prazo de 10 (dez) anos, não houve estipulação autorizando o
arrendatário a fazer concorrência ao arrendador. A partir desse dado, é correto afirmar que
o arrendador:

não poderá fazer concorrência ao arrendatário pelo prazo do contrato, porém esse prazo fica
A
limitado a cinco anos;

poderá fazer concorrência ao arrendatário, porque as cláusulas implícitas ou expressas de


B
proibição de concorrência são nulas;

diante da omissão no contrato quanto à proibição de concorrência, poderá fazer concorrência


C
ao arrendatário pelo prazo do contrato;

não poderá fazer concorrência ao arrendatário pelo prazo do contrato, mesmo que esse seja
D
maior do que cinco anos;

não poderá fazer concorrência ao arrendatário porque o prazo de duração do contrato


E
coincide com o máximo fixado em lei para a cláusula de proibição de concorrência.

14 FGV - Auditor do Tesouro Municipal (Recife)/2014


Condado Confeitaria Ltda. arrendou o estabelecimento de uma de suas filiais, situado na
cidade de Buíque, à sociedade empresária Calumbi, Machados & Cia. Ltda. Não houve
notificação prévia do arrendamento aos credores quirografários do arrendador, apenas a
publicação legal do contrato e seu arquivamento na Junta Comercial.

O contrato foi celebrado pelo prazo de quatro anos e contém estipulação estabelecendo
que, durante sua vigência, o arrendador está proibido de fazer concorrência ao arrendatário
na cidade de Buíque.

Com base nessas informações, é correto afirmar que a estipulação contratual é

válida, porque, no caso de arrendamento do estabelecimento, a proibição de concorrência ao


A
arrendador persiste durante o prazo do contrato.

nula de pleno direito, porque viola os princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre
B
concorrência, impedindo o restabelecimento do arrendador.

anulável, porque, no caso de arrendamento do estabelecimento, o prazo de proibição de


C
concorrência ao arrendador limita-se aos cinco anos subsequentes à transferência.

não escrita, porque somente é possível proibir o restabelecimento em caso de alienação do


D
estabelecimento e, ainda assim, até o limite de cinco anos.

é válida, porém ineficaz perante terceiros, porque, em havendo arrendamento do


E estabelecimento, o arrendador deveria ter notificado previamente seus credores
quirografários.

33
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

15 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2013/X Exame


Lavanderias Roupa Limpa Ltda. (“Roupa Limpa”) alienou um de seus estabelecimentos
comerciais, uma lavanderia no bairro do Jacintinho, na cidade de Maceió, para Caio da
Silva, empresário individual. O contrato de trespasse foi omisso quanto à possibilidade de
restabelecimento da “Roupa Limpa”, bem como nada dispôs a respeito da
responsabilidade de Caio da Silva por débitos anteriores à transferência do
estabelecimento.

Nesse cenário, assinale a afirmativa correta.


O contrato de trespasse será oponível a terceiros, independentemente de qualquer registro na
A
Junta Comercial ou publicação.

Caio da Silva não responderá por qualquer débito anterior à transferência, exceto os que não
B
estiverem devidamente escriturados.

Na omissão do contrato de trespasse, Roupa Limpa poderá se restabelecer no bairro do


C
Jacintinho e fazer concorrência a Caio da Silva.

Não havendo autorização expressa, “Roupa Limpa” não poderá fazer concorrência a Caio da
D
Silva, nos cinco anos subsequentes à transferência.

16 FGV - Juiz Estadual (TJ AP)/2022


O contrato de transferência ou trespasse do estabelecimento empresarial da sociedade Jari do
Laranjal Lanifício Ltda. estabeleceu a sub-rogação do adquirente nos contratos firmados pela
alienante para sua exploração, sem, contudo, fixar prazo para que terceiros pudessem pleitear a
extinção, por justa causa, dos contratos que tinham com a sociedade. No dia 11 de agosto de
2021 foi publicado o contrato de transferência do estabelecimento na imprensa oficial e, no dia
19 de novembro do mesmo ano, Ana interpelou extrajudicialmente a alienante e o adquirente,
apresentando razões relevantes para a extinção do contrato.

Considerando-se as informações e datas acima, é correto afirmar que:


haverá sub-rogação para o adquirente das obrigações da alienante, inclusive em relação a
A Ana, pois não houve manifestação tempestiva por parte dela no prazo de noventa dias da
data da publicação do contrato;
não haverá sub-rogação para o adquirente das obrigações da alienante em relação a Ana, pois
B houve manifestação tempestiva por parte dela no prazo de cento e vinte dias da data da
publicação do contrato;
haverá sub-rogação para o adquirente das obrigações da alienante, inclusive em relação a
Ana, pois houve a publicação do contrato na imprensa oficial, acarretando a eficácia erga
C
omnes dos efeitos da transferência, ou seja, tanto entre os contratantes quanto perante
terceiros;
não haverá sub-rogação para o adquirente das obrigações da alienante, pois a estipulação
D contratual não pode produzir efeitos em relação a terceiros, sendo desnecessária qualquer
manifestação formal de Ana, haja ou não publicação da transferência;
haverá sub-rogação para o adquirente das obrigações da alienante, inclusive em relação a
Ana, em razão da estipulação contratual e da eficácia erga omnes da publicação, sendo
E
intempestiva qualquer oposição a partir da publicação.

34
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

17 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2013/XII Exame


No contrato de alienação do estabelecimento da sociedade empresária Chaves & Cia Ltda., com
sede em Theobroma, ficou pactuado que não haveria sub-rogação do adquirente nos contratos
celebrados pelo alienante, em vigor na data da transferência, relativos ao fornecimento de
matéria-prima para o exercício da empresa. Um dos sócios da sociedade empresária consulta sua
advogada para saber se a estipulação é válida. Consoante as disposições legais sobre o
estabelecimento, assinale a afirmativa correta.
A estipulação é nula, pois o contrato de alienação do estabelecimento não pode afastar a sub-
A
rogação do adquirente nos contratos celebrados anteriormente para sua exploração.

A estipulação é válida, pois o contrato de alienação do estabelecimento pode afastar a sub-


B
rogação do adquirente nos contratos celebrados anteriormente para sua exploração.

A estipulação é anulável, podendo os terceiros rescindir seus contratos com a sociedade


C
empresária em até 90 (noventa) dias a contar da publicação da transferência.

A estipulação é considerada não escrita, por desrespeitar norma de ordem pública que impõe
D
a solidariedade entre alienante e adquirente pelas obrigações referentes ao estabelecimento.

18 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2010


A respeito do trespasse do estabelecimento empresarial, analise as afirmativas a seguir.

I. O contrato de trespasse de estabelecimento empresarial produzirá efeitos quanto a terceiros


só depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no
Registro Público de Empresas Mercantis e de publicado na imprensa oficial.

II. Com relação aos créditos de natureza civil vencidos antes da celebração do contrato de
trespasse, o vendedor do estabelecimento continuará por eles solidariamente obrigado, pelo
prazo de um ano contado a partir da publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial.

III. Não se admite, mesmo por convenção expressa entre os contratantes, o imediato
restabelecimento do vendedor do estabelecimento no mesmo ramo de atividades e na mesma
zona geográfica.

Assinale:

A se somente a afirmativa I estiver correta.

B se somente a afirmativa II estiver correta.

C se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

D se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

E se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

35
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

19 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2007

No que tange ao estabelecimento empresarial, é incorreto afirmar que:

o alienante do estabelecimento assume responsabilidade subsidiária com o adquirente, pelo


A prazo de um ano a partir, quanto aos créditos vincendos, da publicação e, quanto aos outros,
da data do vencimento.
o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos
B
posteriores ao trepasse, salvo autorização expressa.

o adquirente do estabelecimento é responsável pelo pagamento dos débitos anteriores à


C
transferência, desde que regularmente contabilizados.

se entende por estabelecimento empresarial o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos


D
utilizados pelo empresário no exercício de sua empresa.

o estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou


E
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

20 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2011


XYZ Produtos Alimentícios Ltda. é uma sociedade empresária, regularmente inscrita no órgão
competente desde 1999, cujo objeto constitui a exploração do ramo de alimentos. Com sólido
nome no mercado, localizada em um ponto empresarial altamente valorizado no Estado do Rio
de Janeiro, detentora de valiosa marca e linhas de crédito pré-aprovadas nos melhores bancos
do Estado à sua disposição, os sócios decidem, por maioria absoluta, fazer a cessão do
estabelecimento, aproveitando ótima proposta oferecida por um empresário que já atua no
mesmo ramo.

Em relação ao estabelecimento, assinale a afirmativa correta.

A sociedade empresária XYZ Produtos Alimentícios Ltda. responde de forma subsidiária por
A
eventuais débitos existentes anteriormente à cessão apontada.

Para ser considerada eficaz, a cessão é indispensável à expressa autorização dos credores
B existentes àquela época, ainda que a sociedade possua bens suficientes para solver o seu
passivo.

O contrato de cessão produz efeitos em relação a terceiros desde a sua averbação à margem
da inscrição da sociedade no Registro Público de Empresas Mercantis, no caso, a cargo da
C
Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro, independente de a publicação ocorrer na
imprensa oficial.

A sociedade empresária XYZ Produtos Alimentícios Ltda. não pode fazer concorrência ao
D
empresário adquirente, pelo prazo de 2 (dois) anos, salvo se obtida autorização expressa.

A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produz efeitos em relação aos
E respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, somente ficando
exonerado se, de boa-fé, paga ao cedente.

36
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 D
02 A
03 B
04 B Art. 1.142
05 B Art. 1.143
06 B Art. 1.143
07 A Art. 1144
08 D Art. 1144
09 B Art. 1145
10 D Art. 1146
11 D Art. 1146
12 D. Art. 1.146
13 D. Art. 1.147
14 A. Art. 1.147
15 D. Art. 1.147
16 A. Art. 1.148
17 B. Art. 1.148
18 C. Art. 1.144, art. 1.146 e 1.147
19 A. Art. 1.146, 1.147, 1.142 e 1.143
20 E. Art. 1.149

37
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIETÁRIO

CONCEITO DE SOCIEDADE:

Código Civil:

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se


obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

A partir do contido no dispositivo acima citado é possível extrair elementos do


conceito de sociedade:

1) pluralidade de pessoas (físicas ou jurídicas);

OBS: é um elemento em conceito amplo, existem sociedades que não permitem


pessoas físicas, ou jurídicas, etc.

2) contribuição recíproca com bens ou serviços;

3) exercício de atividade econômica;

4) partilha dos resultados.

COMO É COBRADO?

1 FGV - Oficial (TJ SC)/Justiça e Avaliador/2018


Jorge, Felipe e Marcela pretendem exercer, conjuntamente, atividade econômica voltada
para prestação de serviços de barbearia, por meio da qual buscarão distribuir lucros para o
sustento de suas famílias.

Para tanto, pretendem constituir uma pessoa jurídica, sendo-lhes adequado o tipo:

A fundação

B associação

C sociedade

D organização religiosa

E empresa individual de responsabilidade limitada

Além desses elementos, alguns ainda falam na chamada AFFECTIO


SOCIETATIS, presente nas sociedades de pessoas, que nada mais é do que o

38
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

elemento subjetivo consistente na intenção do sócio de constituir e de


permanecer em uma sociedade.

COMO É COBRADO?

2 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ MS)/2006

O affectio societatis refere-se:

A à disposição dos sócios em obterem lucro de lucro.

B à disposição dos sócios em criarem, em conjunto, novas sociedades mercantis.

C à imagem de que goza uma sociedade perante o público em geral.

D ao direito dos sócios de criarem novos estabelecimentos comerciais.

E à vontade de união e aceitação das áleas comuns.

Sociedade de Propósito Específico (SPE):

Art. 981, Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou


mais negócios determinados.

Sociedade simples X sociedade empresária

A distinção deve ser feita com base no conceito de empresário (art. 966 do CC),
ou seja, se a atividade desenvolvida for própria de empresário, a sociedade será
empresária, caso contrário será sociedade simples.

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Em outras palavras, toda sociedade que desenvolve atividade econômica


organizada para produção de bens ou serviços e que não seja atividade
intelectual de natureza científica, literária ou artística, será sociedade empresária.

OBS: Sociedade simples não tem nada a ver com o SIMPLES NACIONAL, que é
um regime de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

Exceção: esta regra não se aplica no caso das sociedades por ações, que serão
SEMPRE empresárias, nem às cooperativas, que serão SEMPRE simples,
independentemente do objeto e da atividade que explorem.

Sociedade por ações: SEMPRE EMPRESÁRIA

Cooperativas: SEMPRE SIMPLES.

39
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

COMO É COBRADO?

3 FGV - Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ AP)/2010

Nos termos do Código Civil brasileiro, consideram-se empresárias:

A todas as sociedades que têm finalidade lucrativa, independente da atividade desenvolvida.

B as associações.

C as cooperativas.

D as sociedades por ações, independente da atividade desenvolvida.

E as sociedades limitadas, independente da atividade desenvolvida.

PERSONALIDADE JURÍDICA DAS SOCIEDADES (aquisição):

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no


registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

O registro das sociedades empresárias será feito no Registro Público das


Empresas Mercantis (Junta Comercial). Sociedade sem registro é um ente
despersonificado, sem personalidade jurídica.

Já o registro das sociedades simples será feito no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas. Se for uma sociedade de advogado, o registro será na OAB.

Consequência da aquisição da personalidade jurídica pela sociedade: separação


patrimonial da sociedade em relação aos seus sócios e aptidão para contrair
direitos e obrigações (a sociedade passa a poder contratar em nome próprio).

Desconsideração da personalidade jurídica:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


DESVIO DE FINALIDADE ou pela CONFUSÃO PATRIMONIAL, pode o juiz,
a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou
de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da


pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos
de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre


os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

40
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do


administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto


os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)

III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei


nº 13.874, de 2019)

§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão


das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019)

§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que


trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da
pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da


finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

Importante destacar que a desconsideração não anula ou extingue a pessoa


jurídica, há apenas uma suspensão momentânea da personalidade jurídica para
determinada situação jurídica.

A respeito da desconsideração da personalidade jurídica, a doutrina definiu duas


teorias:

TEORIA MAIOR: fraude, abuso do direito e confusão patrimonial, ou seja, há a


necessidade de uma MAIOR quantidade de requisitos para que haja a
desconsideração e não simplesmente a inexistência de patrimônio social. Essa
teoria foi adotada pelo art. 50 do Código Civil.

Pela teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica, adotada no art.


50 do CC, não basta a mera caracterização do estado de insolvência da empresa
para fins de aplicação do instituto – o que, inclusive, é dispensado de
comprovação, conforme Enunciado 281 do CJF/STJ: A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração
de insolvência da pessoa jurídica –, sendo necessário que tenha ocorrido abuso
de direito, seja na modalidade desvio de finalidade, seja como na confusão
patrimonial.

Enunciado n° 406 do CJF/STJ: A desconsideração da personalidade jurídica


alcança os grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressupostos do
art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para os credores até o limite
transferido entre as sociedades.

41
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

STJ:

A desconsideração da personalidade jurídica constitui regra de exceção, pois


configura restrição à autonomia patrimonial da pessoa de jurídica, de forma que
a interpretação que melhor se coaduna com o art. 50 do Código Civil é a que
relega sua aplicação a casos extremos, em que a pessoa jurídica tenha sido
instrumento para fins fraudulentos, configurado mediante o desvio da
finalidade institucional ou a confusão patrimonial, de sorte que o encerramento
das atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não são causas,
por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do
Código Civil. (EREsp n° 1.306.553/SC, Rel.: Min. Maria Isabel Gallotti, Órgão
Julgador: 2ª Seção, j. em 10.12.2014).

Enunciado 435 da Súmula do STJ:

Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu


domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

TEORIA MENOR: a inexistência de patrimônio da sociedade, POR SI SÓ, já seria


suficiente para atingir o patrimônio dos sócios e administradores. Exige menos
requisitos para a desconsideração. Essa teoria foi adotada pelo art. 28, 5º, do
Código de Defesa do Consumidor.

CDC, art. 28, § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre
que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

42
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

COMO É COBRADO?

4 FGV - Juiz Estadual (TJ AP)/2022


A empresa XYWZ, com sede no Estado do Amapá, há alguns anos enfrentava dificuldades
financeiras e passou a não realizar o pagamento de dívidas que já acumulavam um passivo
maior do que o seu ativo. Com a pandemia, a situação se agravou ainda mais e a empresa
encerrou suas atividades às pressas, sem comunicar aos órgãos competentes. Diante da
inadimplência da empresa, seus credores, incluindo o fisco, entraram em juízo e solicitaram
a desconsideração da personalidade jurídica.

Atento à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o magistrado deve considerar, no


caso, que:
para a desconsideração da personalidade jurídica basta a caracterização do estado de
A
insolvência da empresa;

caso a empresa participasse de grupo econômico, haveria a desconsideração da personalidade


B
jurídica;

a dissolução irregular é suficiente, por si só, para o implemento da desconsideração da


C
personalidade jurídica, com base no Art. 50 do Código Civil;

presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio


D
fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes;

tratando-se de regra que importa na ampliação do princípio da autonomia patrimonial da


pessoa jurídica, a interpretação que melhor se coaduna com o Art. 50 do Código Civil é a de
E
que, diante do encerramento irregular das atividades, a pessoa jurídica tenha sido
instrumento para fins fraudulentos.

43
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

FGV - Auditor Federal de Finanças e Controle (CGU)/Correição e Combate à


5
Corrupção/2022

Após denúncias encaminhadas pelo canal digital de órgão federal vinculado ao Ministério
X, foi instaurado processo administrativo para apuração de eventuais ilícitos e sua autoria,
inclusive com forte suspeita de prática de atos de corrupção ativa a servidores públicos. Em
breve narrativa, a denúncia aponta que duas sociedades empresárias, através de seus sócios
majoritários e com vínculo de parentesco colateral por consanguinidade, se utilizavam de
combinação prévia de preços e condições para fraudar o caráter competitivo de
procedimentos licitatórios públicos nas modalidades de concorrência e pregão.

A investigação apurou que os sócios, todos não administradores, se utilizavam da


autonomia subjetiva das pessoas jurídicas para manipular suas ações por meio dos atos de
gestão dos administradores, beneficiando-se dos efeitos de tais atos. Na prática, verificou-se
confusão patrimonial entre as duas sociedades empresárias diante do cumprimento, pela
pessoa jurídica, reiteradamente, de obrigações particulares do sócio e dos administradores.

Considerados os fatos narrados, a situação descrita autoriza:

a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica para responsabilizar os sócios pelos


A prejuízos que a Administração Pública sofreu, porém é indispensável que seja garantido aos
sócios o contraditório e a ampla defesa prévios;

a aplicação da fraude contra credores de modo a anular todo o procedimento licitatório e o(s)
B eventual(is) contrato(s) administrativo(s) decorrente(s), sem prejuízo do ajuizamento de ação
indenizatória pela pessoa jurídica de direito público prejudicada em face das sociedades;

o ajuizamento de ação de responsabilidade civil em face das sociedades e dos sócios, em razão
C da solidariedade legal entre elas e seus membros, independentemente da averiguação da
existência de dolo ou culpa;

a declaração judicial de ineficácia dos atos praticados em relação à Administração Pública,


D
com decretação liminar de arresto dos bens das sociedades, seus sócios e administradores;

a decretação, pela Administração Pública, da dissolução compulsória das pessoas jurídicas,


E
que será executada em processo judicial próprio, cabendo ao juiz a nomeação dos liquidantes.

44
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

6 FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFAZ AM)/2022 (e mais 2 concursos)

Pedro e Ariel, sócios em um pequeno empreendimento no ramo de entretenimento, a


Sextou, viram sua empresa enfrentar sérias dificuldades financeiras em razão da suspensão
das atividades, em consequência da pandemia da Covid-19.

Em razão disso, deixaram de adimplir algumas obrigações contratuais, incluindo as três


últimas parcelas de um contrato de empreitada que haviam celebrado com a sociedade
empresária Construir para reforma de um espaço destinado a eventos.

Diante do inadimplemento da Sextou, a sociedade empresária Construir promove ação


judicial com o intuito de receber as parcelas vencidas e não pagas da obra, que havia sido
finalizada 20 dias antes da decretação da pandemia.

A sociedade empresária Construir, tendo conhecimento da situação financeira da Sextou,


bem como da interrupção das atividades sem previsão de retorno, requer a instauração do
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, com o intuito de alcançar o
patrimônio pessoal dos sócios para a satisfação do seu crédito.

Diante da hipótese narrada e de acordo com o disposto no Art. 50 do Código Civil, assinale
a afirmativa correta.
O inadimplemento da Sextou, somado à suspensão das suas atividades, é causa justificadora
A
para o deferimento do pedido de desconsideração da personalidade jurídica.

A interrupção das atividades comerciais da Sextou configura abuso da personalidade jurídica,


B
ensejando a desconsideração.

O inadimplemento, por si só, não configura abuso da personalidade, não sendo causa
C
justificadora para a desconsideração da personalidade jurídica da empresa.

As obrigações da Sextou serão estendidas aos sócios se ficar comprovado que ambos possuem
D patrimônio pessoal suficiente para arcar com tais obrigações sem comprometimento da
subsistência individual e familiar.

A interrupção das atividades da Sextou configura desvio de finalidade, independente da


E
demonstração do propósito de lesar os credores.

45
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 C
02 E
03 D
04 D
05 A
06 C

46
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

SOCIEDADE EM COMUM E SOCIEDADE EM CONTA DE


PARTICIPAÇÃO

SOCIEDADE EM COMUM (artigos 986 a 990 do Código Civil)

Conceito: sociedade em comum é aquela que não possui contrato social


registrado no órgão competente.

Prova da existência da sociedade: no caso de a prova ser uma incumbência dos


SÓCIOS desta sociedade, somente poderá ser feita por escrito. Já no caso de
necessidade de prova ser por TERCEIROS, esta poderá ser feita por qualquer
meio e não somente por escrito.

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito
podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de
qualquer modo.

Patrimônio da sociedade em comum: a sociedade em comum, em virtude da


ausência do registro, não possui personalidade jurídica própria. Por tal razão,
não há uma separação patrimonial do ponto de vista formal.

Porém, o Código Civil fala sobre a existência de um PATRIMÔNIO ESPECIAL,


o qual pode ser definido como aquele AFETADO ao exercício da atividade
empresarial, mesmo estando em nome dos sócios e não da sociedade.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem PATRIMÔNIO ESPECIAL, do


qual os sócios são titulares em comum.

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos ATOS DE GESTÃO praticados por
qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente
terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer.

O que são atos de gestão? Atos de gestão são aqueles praticados pela
administração na qualidade de administradora de seus bens e serviços, sem
exercício de supremacia sobre os particulares. Exemplos: alienação ou locação de
imóveis, atos negociais em geral, etc.

47
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

1 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XX Exame


Sebastião e Marcelo constituíram uma sociedade sem que o documento de constituição
tivesse sido levado a registro. Marcelo assumiu uma dívida em seu nome pessoal, mas no
interesse da sociedade. Barros é credor de Marcelo pela referida obrigação.

Barros poderá provar a existência da sociedade

A de qualquer modo, e os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por Marcelo.

B somente por escrito, e os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por Marcelo.
de qualquer modo, e somente os bens particulares de Marcelo respondem pelos atos de gestão
C
por ele praticados.
somente por escrito, e os bens particulares de Marcelo e Sebastião respondem pelos atos de
D
gestão praticados por Marcelo.

2 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2011/V Exame

A respeito da sociedade em comum, é correto afirmar que

A os sócios respondem individual e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

B são regidas pelas disposições das sociedades simples.


na relação com terceiros, os sócios podem comprovar a existência da sociedade de qualquer
C
modo.
D os sócios são titulares em comum das dívidas sociais.

3 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2009


Há mais de dez anos, Jorge e Matias, ambos juridicamente plenamente capazes,
constituíram sociedade limitada para desenvolver o comércio de carnes em Petrópolis.
Apesar de eles terem elaborado contrato de sociedade por escrito, tal contrato nunca foi
levado a registro na Junta Comercial competente.

Considerando as informações acima, é correto afirmar que:


a sociedade não tem personalidade jurídica, mas os bens e dívidas sociais constituem
A
patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.

B a sociedade é inexistente.

C a sociedade é ineficaz, tanto para Jorge e Matias quanto para terceiros.

D a sociedade é nula de pleno direito.

e a sociedade existe, é válida e possui personalidade jurídica.

48
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Responsabilidade dos sócios: aquele que contratou pela sociedade possui


responsabilidade ilimitada e direta, ou seja, responde com seu próprio
patrimônio independentemente de benefício de ordem. Já o socio que não
contratou tem direito de que sejam utilizados primeiramente os bens sociais
(patrimônio especial) para o pagamento das dívidas, ou seja, tem direito ao
chamado BENEFÍCIO DE ORDEM.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações


sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que
contratou pela sociedade.

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (SCP) (artigos 991 a 996 do


Código Civil).

Conceito: assemelha-se mais a uma modalidade de investimento. Trata-se de


sociedade despersonificada, ainda que seja registrado o contrato da sociedade em
conta de participação.

Sociedade constituída por dois tipos de sócio: o sócio ostensivo e o sócio oculto,
também chamado de participante ou investidor.

Função de cada um dos sócios: o sócio ostensivo é aquele que desenvolve, de


forma exclusiva, a atividade constitutiva do objeto social, em seu próprio nome
e sob sua responsabilidade. O sócio oculto (participante, investidor) participa dos
resultados correspondentes, nos termos definidos com o sócio ostensivo.

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do


objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome
individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os
demais dos resultados correspondentes.

Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e,


exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.

A informalidade da SCP: a SCP independe de qualquer formalidade para ser


contraída. Ainda que haja registro, o contrato não gera efeitos perante terceiros,
mas somente entre as partes contratantes.

Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de


qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual
inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade
jurídica à sociedade.

49
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Possibilidade de responsabilização do sócio oculto: caso o sócio participante


tome parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, responderá
solidariamente com o sócio ostensivo, nas obrigações que intervier.

Art. 993, Parágrafo único. SEM PREJUÍZO DO DIREITO DE FISCALIZAR a


gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode TOMAR PARTE nas
relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente
com este pelas obrigações em que intervier.

Como é cobrado?
FGV - Auditor Federal de Finanças e Controle (CGU)/Correição e Combate à
4
Corrupção/2022

No curso de uma investigação instaurada pela CGU para apuração da prática de atos de
corrupção ativa em prejuízo da administração pública, o auditor verificou provas documentais
que indicam a formação de uma sociedade em conta de participação entre três sociedades
empresárias em conjunto com uma quarta, que atuava em nome próprio e no interesse comum,
utilizando-se de interposta pessoa física para ocultar a identidade dos beneficiários dos atos
praticados.

Considerando a narrativa e os aspectos que caracterizam a sociedade em conta de participação,


analise as afirmativas a seguir.

I. Trata-se de pessoa jurídica de direito privado, com registro do contrato na Junta Comercial,
atuando seja na pessoa do sócio ostensivo seja nas dos sócios participantes, que poderão ou não
tomar parte nos negócios do sócio ostensivo.

II. Trata-se de sociedade não personificada cuja atuação ocorre sem a utilização de firma ou
denominação social, pois quem se obriga perante terceiros e em nome próprio é o sócio
ostensivo.

III. Trata-se de sociedade em comum que se estabelece sem observância das formalidades
prescritas para as demais sociedades, respondendo todos os sócios de maneira solidária e
subsidiária pelas obrigações sociais.

Está correto o que se afirma em:

A somente II;

B somente III;

C somente I e II;

D somente I e III;

E I, II e III.

50
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

5 FGV - Notário e Registrador (TJ SC)/Provimento/2021

Três sociedades empresárias constituíram uma sociedade em conta de participação designando


a primeira como sócio ostensivo. Os sócios elaboraram instrumento particular de constituição e
o submeteram, para sua conservação, ao oficial do Registro de Títulos e Documentos (RTD). Em
atenção à disciplina legal do tipo societário em tela, é correto afirmar que:

é vedada a inscrição ou transcrição do contrato de sociedade em conta de participação em


A
qualquer registro, sendo ilegal a pretensão dos sócios;

a inscrição ou transcrição do ato de constituição de uma sociedade em conta de participação


B no RTD lhe confere personalidade jurídica, mesmo estando dispensada das formalidades
aplicáveis aos demais tipos societários;

é permitida a eventual inscrição ou transcrição do instrumento contratual em qualquer


C
registro, porém tal ato não confere personalidade jurídica à sociedade;

é incompetente o oficial do RTD para o ato pretendido pelos sócios, porque o instrumento
D
público é essencial para a validade da constituição da sociedade em conta de participação;

o ato constitutivo da sociedade em conta de participação deve ser arquivado na Junta


E Comercial diante da qualidade de sociedade empresária do sócio ostensivo, sob pena de se
caracterizar uma sociedade em comum.

6 FGV - Analista de Desenvolvimento Econômico (CODEMIG)/Contador Corporativo/2015

Companhia Braúnas de Reflorestamento, Cooperativa Canaã de Laticínios e Ewbank da Câmara


constituíram sociedade em que a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente
pelo sócio Ewbank da Câmara, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, participando os demais sócios dos resultados correspondentes e tão somente
perante o sócio Ewbank, nos termos do contrato social.

De acordo com as disposições do Código Civil, é correto afirmar que a constituição dessa
sociedade:
deve ser realizada através de escritura pública lavrada pelo tabelião de notas do lugar da sede,
A
sob pena de a sociedade não adquirir personalidade jurídica;
pode ser realizada através de escritura pública ou documento particular, e o ato de
B constituição deve ser arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas para que a sociedade
adquira personalidade jurídica;
deve ser realizada através de instrumento particular, e o ato de constituição será arquivado no
C Registro Empresarial, a cargo das Juntas Comerciais, para que a sociedade adquira
personalidade jurídica;

não pode ser por escrito, em razão da inexistência de capital social, nome empresarial e de
D
personalidade jurídica, podendo provar-se por todos os meios de direito;

independe de qualquer formalidade, podendo provar-se por todos os meios de direito;


E eventual inscrição do contrato em qualquer registro não lhe confere a natureza de pessoa
jurídica.

51
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

7 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2014/XIV Exame

Mariana, Januária e Cristina decidiram constituir uma sociedade em conta de participação,


sendo a primeira sócia ostensiva e as demais sócias participantes.

Sobre o caso apresentado, de acordo com as disposições do Código Civil, assinale a opção
correta.
É vedada a participação de mais de um sócio ostensivo na sociedade em conta de participação;
A
logo, as demais sócias não poderão ter a qualidade de sócio ostensivo.

As sócias participantes Januária e Cristina poderão fiscalizar a gestão dos negócios sociais pela
B
sócia ostensiva Mariana.

A sociedade em conta de participação deverá adotar como nome empresarial firma social, da
C
qual deverá fazer parte a sócia ostensiva.

A sociedade somente poderá existir se o contrato não estiver inscrito em qualquer registro,
D
pois é uma sociedade não personificada.

Patrimônio na SCP: a contribuição do sócio participante, juntamente com a do


sócio ostensivo constituem PATRIMÔNIO ESPECIAL. Essa especialização
patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios (art. 994, caput e §1º do
CC).

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo,


patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.

§ 1º A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.

Como é cobrado?

8 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2012/VII Exame

Em relação à Sociedade em Conta de Participação NÃO é correto afirmar que

A é uma sociedade empresária personificada e de pessoas.

B a atividade constitutiva do objeto social deve ser exercida unicamente pelo sócio ostensivo.

C o contrato social produz efeito somente entre os sócios.

D as contribuições dos sócios participante e ostensivo constituem patrimônio especial.

A falência dos sócios: é possível que esta sociedade possua sócios que sejam
empresários. Se assim for, é possível falar na falência destes sócios. A depender
do tipo de sócio falido, as consequências serão diferentes.

52
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

No caso de falência do sócio ostensivo, ocorre a dissolução da SCP e a


liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.

Já no caso de falência do sócio participante, o contrato social fica sujeito às


normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido (art.
994, §§3º e 4º do CC).

(Im)possibilidade de mais de um sócio oculto: a lei não proíbe a presença de


mais de um sócio desta natureza.

Se o contrato silenciou sobre o tema, o sócio ostensivo apenas poderá admitir


novo sócio oculto se houver concordância do sócio oculto que já integra a SCP.
Todavia, o contrato pode dispor e forma diversa (dispensar a concordância, por
exemplo.

Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo
sócio sem o consentimento expresso dos demais.

Liquidação da SCP: a liquidação funciona como uma verdadeira prestação de


contas, devendo a parte recorrer ao procedimento da ação de exigir contas,
previsto nos artigos 550 a 553 do CPC.

Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no


que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua
liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei
processual.

Como é cobrado?

9 FGV - Fiscal de Tributos (Niterói)/2015

Paulo e Miguel decidiram constituir uma sociedade em conta de participação e desejam ter
informações sobre tal sociedade. Nos termos do que dispõe o Código Civil sobre esse tipo, é
correto afirmar que:
aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for
A compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas
relativas à dissolução das sociedades em comum;

a contribuição do sócio participante na sociedade em conta de participação constitui, com a do


B sócio ostensivo, patrimônio especial, mas tal especialização patrimonial não produz efeitos em
relação a terceiros;

não se trata legalmente de sociedade, pois para existir sociedade é preciso que os sócios sejam
C
todos aparentes, o que não ocorre no tipo em conta de participação;

embora a sociedade em conta de participação não seja personificada, poderá adquirir


D
personalidade jurídica com o arquivamento do ato constitutivo em qualquer registro;

o sócio ostensivo deverá ser pessoa natural, tal qual ocorre na sociedade simples, enquanto o
E
sócio participante poderá ser pessoa física ou jurídica.

53
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

10 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2012/VIII Exame

A respeito do sócio ostensivo da sociedade em conta de participação, assinale a afirmativa


correta.

A É também chamado de sócio oculto.

B É o único responsável pela atividade constitutiva do objeto social.

É o novo sócio admitido, mesmo que sem o consentimento dos demais, quando a sociedade
C
necessitar de um aporte de capital.

D É o único sócio ostensivo da sociedade,vedada a pluralidade de sócios dessa natureza.

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 A
02 D
03 A
04 A
05 C
06 E
07 B
08 A
09 B
10 B

54
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

SOCIEDADE SIMPLES (artigos 997 a 1.038 do Código Civil)

INTRODUÇÃO:

Em regra, a sociedade simples caracteriza-se pelo fato de não ser empresarial.

Sociedade empresária X Sociedade simples: enquanto a sociedade empresária


exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços, as sociedades simples são as que não se
enquadram nos requisitos de empresário do Artigo 966.

Exemplos clássicos de sociedades simples são as sociedades


UNIPROFISSIONAIS (sociedade de advogados, arquitetos, etc.), ainda que
contem com colaboradores que não exerçam a atividade fim da sociedade.

Além disso, caracterizam-se como sociedade simples aquelas exercentes de


atividade rural, desde que NÃO tenham registro; e as sociedades cooperativas,
essas últimas independentemente da atividade que realizem.

Como é cobrado?

1 FGV - Procurador do Município de Niterói/2014


Salvo as exceções legais, a sociedade simples é aquela cujo objeto não é atividade própria
de empresário sujeito a registro obrigatório. No caso de sociedade, cujo objeto seja
atividade própria de empresário rural, é correto afirmar que
trata-se de sociedade empresária, devendo o ato constitutivo ser registrado na Junta
A
Comercial do lugar da sede.
trata-se de sociedade simples, podendo o ato constitutivo ser registrado no Registro de
B
Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial.
trata-se de sociedade simples, mas poderá vir a ser uma sociedade empresária se o ato
C
constitutivo for registrado na Junta Comercial.

trata-se de sociedade simples, exceto se for adotada a forma de cooperativa, quando será
D
empresária e o registro realizado na Junta Comercial.

trata-se de sociedade empresária, exceto se for adotada a forma de cooperativa, quando será
E
simples e o registro realizado no Registro de Pessoas Jurídicas.

55
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

O CONTRATO SOCIAL:

Instrumento PÚBLICO ou PRIVADO e deve ser registrado no prazo de 30 dias


após sua constituição.

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou


público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

(...)

Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá
requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do
local de sua sede.

Obs: a falta de registro no prazo de 30 dias torna a sociedade irregular, mas não
deixa de ser sociedade.

Os requisitos deste contrato são:

a) nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas


naturais, e a firma ou denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas
(a ideia deste requisito é a verificação quanto à existência de eventuais
impedimentos dos sócios).

b) denominação (ou firma), objeto, sede e o prazo da sociedade (prazo não é


obrigatório). OBS: apesar de constar o nome denominação, também pode ser
utilizada a firma social formada pelo nome civil de um ou mais sócios).

c) capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender


qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária.

d) a quota de cada sócio no capital social e o modo de realiza-la (na sociedade


simples é possível que o sócio INTEGRALIZE sua parcela por meio de serviços,
se isto ocorrer, salvo convenção em contrário, não pode este sócio empregar-se
em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela
excluído) (art. 1.006 do CC).

e) devem constar as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista


em serviços.

f) as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes


e atribuições.

g) a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas (em caso de ausência desta
previsão, será proporcional às quotas, ou seja, o percentual de quotas que o sócio
possui será o percentual em que ele participará dos resultados.

h) se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações sociais (o


entendimento majoritário é de que a expressão “subsidiária” está equivocada,
56
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

tanto é que foi editado o Enunciado 61 das Jornadas de Direito Civil que assim
prevê: O termo "subsidiariamente" constante do inc. VIII do art. 997 do Código Civil
deverá ser substituído por "solidariamente" a fim de compatibilizar esse dispositivo com
o art. 1.023 do mesmo Código.

Como é cobrado?

2 FGV - Auditor do Tesouro Municipal (Recife)/2014


Maria, Betânia e Custódia pretendem constituir uma sociedade empresária e consultam um
especialista para saber quais são as cláusulas que devem, obrigatoriamente, constar no
referido instrumento contratual.

As opções a seguir apresentam cláusulas obrigatórias do contrato, à exceção de uma.


Assinale-a.

A Denominação, objeto, sede e prazo da sociedade.

B De arbitragem ou compromissória.

C Indicação das pessoas naturais incumbidas da administração, seus poderes e atribuições.

D A quota de cada sócio e o modo de realizá-la.


O capital, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens,
E
suscetíveis de avaliação pecuniária.

OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS:

O início das obrigações dos sócios ocorre na data do contrato.

Uma das principais obrigações é a de integralizar sua quota, caso o sócio não
integralize suas quotas ele é chamado de sócio REMISSO.

DIREITOS DOS SÓCIOS:

Distribuição dos resultados. Este direito não pode ser retirado, nem mesmo por
previsão no contrato social.

Proibição da CLÁUSULA LEONINA: é aquela cláusula abusiva, que estabelece


uma relação desproporcional e desigual de vantagens e desvantagens entre as
partes envolvidas

A distribuição será feita de forma proporcional à participação societária, salvo


disposição em sentido contrário.

Em relação à esta distribuição dos resultados, é importante destacar o contido no


art. 1.009 do CC:

Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade


solidária dos administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem,
conhecendo ou devendo conhecer-lhes a ilegitimidade.

57
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS:

Há a separação patrimonial, razão pela qual, em regra, as dívidas sociais serão


arcadas pelo patrimônio da própria sociedade.

No caso de o patrimônio não ser suficiente para saldar as dívidas sociais, haverá
a responsabilidade dos sócios na medida de sua participação, salvo se houver
cláusula de responsabilidade solidária.

O sócio admitido em sociedade já constituída não se exime das dívidas sociais


anteriores à admissão.

Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das


dívidas sociais anteriores à admissão.

Como é cobrado?

3 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2015/XVII Exame


Perseu, em 2012, ingressa numa sociedade simples, constituída em 2008, formada por cinco
pessoas naturais e com sede na cidade de Primeira Cruz. De acordo com as disposições do
Código Civil sobre a sociedade simples, assinale a afirmativa correta.

A Perseu é responsável por todas as dívidas sociais anteriores à admissão.

B Perseu responde apenas pelas dívidas sociais posteriores à admissão.

C Perseu responde apenas pelas dívidas sociais contraídas no ano anterior à admissão.

D Perseu não responde pelas dívidas sociais anteriores e posteriores à admissão.

Responsabilidade do sócio que se retirou da sociedade:

O desligamento do sócio para surtir efeitos perante terceiros precisa ser averbado
no registro competente. O sócio que saiu permanece responsável pelo prazo de 2
anos pelas obrigações contraídas à época em que ainda era sócio.

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 C
02 B
03 A

58
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

SOCIEDADE LIMITADA (artigos 1.052 a 1.087 do Código Civil)

DISPOSIÇÕES GERAIS:

É o tipo societário mais comum no Brasil.

Duas características marcantes: a contratualidade (aumento de liberdade dos


sócios na contratação) e a limitação de responsabilidade dos sócios (diminuição
dos riscos sobre o patrimônio dos sócios).

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao


valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização
do capital social.

As normas das sociedades simples são aplicadas subsidiariamente.

Pode-se prever a aplicação da lei das S/A (Lei 6.404/76) à limitada, naquilo que
for compatível.

Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas
normas da sociedade simples.

Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da


sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.

Como é cobrado?

1 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2020/XXXI Exame


No contrato da sociedade empresária Arealva Calçados Finos Ltda., não consta cláusula de
regência supletiva pelas disposições de outro tipo societário. Ademais, tanto no contrato social
quanto nas disposições legais relativas ao tipo adotado pela sociedade não há norma regulando
a sucessão por morte de sócio.

Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.

A Haverá resolução da sociedade em relação ao sócio em caso de morte.

B Haverá transmissão causa mortis da quota social.

C Caberá aos sócios remanescentes regular a substituição do sócio falecido.


Os sócios serão obrigados a incluir, no contrato, cláusula dispondo sobre a sucessão por morte
D
de sócio.

59
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

2 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2017/XXIV Exame


Miguel e Paulo pretendem constituir uma sociedade do tipo limitada porque não pretendem
responder subsidiariamente pelas obrigações sociais. Na consulta a um advogado previamente
à elaboração do contrato, foram informados de que, nesse tipo societário, todos os sócios
respondem

A solidariamente pela integralização do capital social.

B até o valor da quota de cada um, sem solidariedade entre si e em relação à sociedade.

C até o valor da quota de cada um, após cinco anos da data do arquivamento do contrato.

D solidariamente pelas obrigações sociais.

SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL (SLU):

A Lei 13.874/19 (Lei de Liberdade Econômica) trouxe esta inovação jurídica, que
se refere a um modelo de empreendimento que permite a abertura de uma
empresa com apenas um sócio, que possui responsabilidade limitada sobre o
capital social.

A proteção patrimonial é um grande destaque, já que na SLU a responsabilidade


é limitada. Ou seja, a responsabilidade das dívidas e obrigações da sociedade se
estende apenas ao patrimônio integralizado no capital social.

Em outras palavras, o patrimônio particular do empreendedor não se confunde


com o patrimônio da sociedade.

O capital social (valor que o sócio investe na sociedade), por sua vez, não possui
um valor mínimo a ser aplicado para que a SLU seja constituída. É a este capital
social integralizado que o sócio tem sua responsabilidade limitada.

OBS: na SLU a integralização do capital não pode ocorrer por serviços.

Art. 1.052, § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais
pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único,


no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL x EIRELI x SOCIEDADE LIMITADA


UNIPESSOAL (SLU)

O empresário individual possui personalidade jurídica de pessoa natural, não


precisa de capital mínimo e responde pessoalmente pelas obrigações da
atividade empresarial (art. 966).

60
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

A EIRELI é uma pessoa jurídica, precisa de capital mínimo de 100 salários-


mínimos e a responsabilidade é limitada (art. 980-A).

A SLU é uma pessoa jurídica, não precisa de capital mínimo e a responsabilidade


é limitada (art. 1.052, §1º).

Como é cobrado?

3 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2021/XXXII Exame


Alexandre Larocque pretende constituir sociedade do tipo limitada sem se reunir a nenhuma
outra pessoa e consulta sua advogada para saber a possibilidade de efetivar sua pretensão.
Assinale a opção que apresenta a resposta dada pela advogada ao seu cliente.

É possível. A sociedade limitada pode ser constituída por uma pessoa, hipótese em que se
A
aplicarão ao ato de instituição, no que couberem, as disposições sobre o contrato social.

Não é possível. A sociedade limitada só pode ser unipessoal acidentalmente e pelo prazo
B
máximo de 180 dias, nos casos em que remanescer apenas um sócio pessoa natural.

Não é possível. Apenas a empresa pública e a subsidiária integral podem ser sociedades
C
unipessoais e constituídas com apenas sócio pessoa jurídica.

É possível, desde que o capital mínimo da sociedade limitada seja igual ou superior a 100
D
(cem) salários mínimos e esteja totalmente integralizado.

AS QUOTAS:

O capital social será dividido em quotas iguais ou desiguais.

Devem ser integralizadas pelos sócios com bens ou dinheiro, não sendo lícita a
integralização com serviços.

Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a


quem seja sócio, independentemente da audiência dos outros, ou a estranho, se
não houver oposição de titulares de mais de ¼ do capital social.

No caso de ausência de integralização das quotas, o sócio é considerado


REMISSO e, neste caso, poderá o sócio ser acionado para indenizar a sociedade,
ser excluído ou ter reduzida sua participação. Além destas possibilidades, a
sociedade poderá tomar a quota para si e transferi-la a terceiros.

QUEM PODE ADMINISTRAR:

A administração deverá ser feita por uma (ou mais) pessoa física.

No caso de o contrato social prever que a administração será feita por todos os
sócios, aquele que posteriormente for admitido como sócio não será
automaticamente administrador, salvo previsão expressa no contrato.

61
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Havendo pluralidade de administradores, sem a designação no contrato dos


poderes conferidos a cada um deles, presume-se que todos os sócios podem gerir
individualmente.

NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR:

Poderá ser indicado no contrato social, ou nomeado em ato separado. Em ato


separado o quórum irá variar, conforme indicado abaixo:

- UNANIMIDADE: se o administrador não é sócio e o capital não estiver


integralizado.

- 2/3: administrador não é sócio e o capital estiver integralizado.

- maioria absoluta (mais da metade do capital social): administrador sócio.

CESSAÇÃO DAS FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR:

Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em


qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou
em ato separado, não houver recondução.

§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição


somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais
da metade do capital social, salvo disposição contratual diversa. (Redação dada
pela Lei nº 13.792, de 2019)

§ 2 o A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser averbada no


registro competente, mediante requerimento apresentado nos dez dias seguintes
ao da ocorrência.

§ 3 o A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde


o momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do
renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e publicação.

62
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

4 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2021/XXXII Exame


Gilberto é eleito para ocupar cargo de administrador da Gilbs Livros Juntos Ltda. Todavia, após
um ano, Gilberto descobre severa doença, que o leva a renunciar ao cargo.

Sobre a renúncia de Gilberto, é correto afirmar que, em relação à sociedade, ela torna-se eficaz
quando:

A há o registro da renúncia no livro de administração;

B a renúncia é publicada duas vezes em jornais de grande circulação distintos;

C novo administrador é designado para ocupar o cargo de Gilberto;

D os sócios ratificam o ato de renúncia de Gilberto;

E a sociedade toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante.

RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR:

O administrador será responsabilizado diretamente quando agir com culpa ou


dolo no desempenho das funções.

CONSELHO FISCAL:

Fiscalização da atuação da administração da sociedade limitada.

Criação facultativa.

Composição de no mínimo 3 membros efetivos e 3 suplentes, sócios ou não.

A escolha será feita na assembleia geral anual, garantindo aos minoritários (1/5
no mínimo do capital social) o direito de escolher um membro e o respectivo
suplente. Nessa assembleia será fixada a remuneração devida aos membros do
conselho fiscal.

Atribuições do Conselho:

Art. 1.069. Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social,


aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os
deveres seguintes:

I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o


estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-
lhes as informações solicitadas;

II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames


referidos no inciso I deste artigo;

63
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios parecer
sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando
por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico;

IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo


providências úteis à sociedade;

V - convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta


dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes;

VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere


este artigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.

Art. 1.070. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não
podem ser outorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus
membros obedece à regra que define a dos administradores (art. 1.016).

DELIBERAÇÕES SOCIAIS:

Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias


indicadas na lei ou no contrato:

I - a aprovação das contas da administração;

II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado;

III - a destituição dos administradores;

IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;

V - a modificação do contrato social;

VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado


de liquidação;

VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;

VIII - o pedido de concordata.

Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão
tomadas em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social,
devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no
contrato.

§ 1 o A deliberação em assembléia será obrigatória se o número dos sócios for


superior a dez.

§ 2 o Dispensam-se as formalidades de convocação previstas no § 3 o do art. 1.152,


quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do
local, data, hora e ordem do dia.

64
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

§ 3 o A reunião ou a assembléia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios


decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.

§ 4 o No caso do inciso VIII do artigo antecedente, os administradores, se


houver urgência e com autorização de titulares de mais da metade do capital
social, podem requerer concordata preventiva.

§ 5 o As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam


todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes.

§ 6 o Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o disposto


na presente Seção sobre a assembléia.

(...)

Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios serão
tomadas:

I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos


casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071;

II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos


previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;

III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no
contrato, se este não exigir maioria mais elevada.

65
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

5 FGV - Juiz Estadual (TJ MG)/2022


Uma sociedade empresária limitada composta por 16 (dezesseis) sócios reuniu-se em assembleia
para designar administradores em ato separado e o modo de sua remuneração. Todos os sócios
se declararam cientes do local, data, hora e ordem do dia.
Acerca das deliberações dos sócios, assinale a afirmativa correta.
Para aprovação da matéria indicada - designação de administradores por ato em separado e o
A modo de sua remuneração quando não estabelecidos no contrato - serão necessários votos
correspondentes a mais de metade do capital social.

As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam todos os sócios,


B
exceto os ausentes ou dissidentes.

O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante termo de posse


C no livro de atas da administração. Se o termo não for assinado nos 10 (dez) dias seguintes à
designação, esta se tornará sem efeito.

É imprescindível que se faça o anúncio de convocação da assembleia de sócios o qual será


publicado por 3 (três) vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a
D
da realização da assembleia, o prazo mínimo de 8 (oito) dias, para a primeira convocação, e de
5 (cinco) dias, para as posteriores.

6 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2021/XXXII Exame


A sociedade Nerópolis Fretamentos de Cargas Ltda. está passando por grave crise financeira e
precisa, com a máxima urgência, pleitear recuperação judicial. A pedido de um dos
administradores, o sócio Irapuan Pinheiro, titular de 70% do capital social, autorizou o pedido
de recuperação judicial por esse administrador, o que foi feito. Acerca da situação narrada,
assinale a afirmativa correta.

A conduta do sócio Irapuan Pinheiro foi ilícita, pois somente por decisão unânime dos sócios é
A
possível pleitear a recuperação judicial de sociedade limitada.

A conduta do administrador foi lícita, pois é dispensável, em qualquer caso, a manifestação da


B
assembleia de sócios para o pedido de recuperação judicial de sociedade limitada.

A conduta do sócio Irapuan Pinheiro foi lícita, pois, em caso de urgência, é possível a
C qualquer sócio titular de mais da metade do capital social autorizar os administradores a
requerer recuperação judicial.

A conduta do administrador foi ilícita, pois deveria ter sido convocada assembleia de sócios
D
para deliberar sobre a matéria com quórum de, no mínimo, 3/4 (três quartos) do capital social.

66
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

7 FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFAZ AM)/2022 (e mais 2 concursos)


Gabriel Tefé e Paulo de Olivença são sócios minoritários da sociedade Hotelaria Maués Ltda.,
possuindo, juntos, 23% (vinte e três por cento) do capital social. A sócia Isabel Amarutá é titular
de quotas que representam o restante do capital.

Em reunião com a presença de todos os sócios foi aprovada, com o voto contrário de Gabriel
Tefé e Paulo de Olivença, a inserção no contrato de cláusula estabelecendo a dissolução da
sociedade em caso de falecimento ou incapacidade da sócia Isabel Amarutá.

Você foi consultado(a) sobre a validade da deliberação quanto ao quórum obtido e quanto à
cláusula de dissolução.

Assinale a opção que indica a resposta correta à consulta.


A deliberação não foi regular quanto ao quórum, eis que a deliberação deveria ter sido
A aprovada pela unanimidade dos sócios; já quanto a inserção da cláusula houve legalidade,
porque o contrato pode prever outras causas de dissolução.

A deliberação foi regular apenas quanto ao quórum, eis que superou 3/4 (três quartos) do
B capital social; já em relação à inserção da cláusula inserida houve ilegalidade, porque a
sociedade limitada somente se dissolve pelas causas legais ou de pleno direito.

A deliberação foi regular tanto quanto ao quórum, eis que superou ¾ (três quartos) do capital
C social, como em relação à cláusula inserida, porque o contrato pode prever outras causas de
dissolução.

A deliberação não foi regular nem quanto ao quórum, eis que não foi atingido o mínimo de
4/5 (quatro quintos) do capital social, nem em relação à cláusula inserida, porque o
D
falecimento da sócia acarretaria a resolução da sociedade em relação a ela e não sua
dissolução.
A deliberação foi regular quanto ao quórum, eis que esse superou a maioria absoluta do
capital social; em relação à inserção da cláusula houve ilegalidade, porque seu teor fere o
E
princípio da preservação da empresa, privilegiando a dissolução em detrimento da resolução
da sociedade.

Reunião e Assembleia: quando a sociedade possuir mais de 10 sócios, será


sempre assembleia. Quando possuir até 10 sócios, as deliberações podem ser
tomadas em reunião ou assembleia, conforme previsão contratual.

As deliberações tomadas em conformidade com a lei e o contrato vinculam todos


os sócios, até mesmo aqueles que não compareceram ou que foram contra a
deliberação (dissidentes).

Convocação: as formalidades para a convocação da assembleia/reunião poderão


ser dispensadas quando os sócios comparecerem ou declararem por escrito que
estão cientes do dia, hora e local da assembleia.

Dispensa de reunião ou assembleia: há a possibilidade de dispensa de reunião


ou assembleia quando todos os sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que
seria objeto delas.
67
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Quóruns:

De instalação: ¾ do capital social (1ª convocação); qualquer número em 2ª


convocação.

Art. 1.074. A assembléia dos sócios instala-se com a presença, em primeira


convocação, de titulares de no mínimo três quartos do capital social, e, em
segunda, com qualquer número.

De deliberação:

- ¾ do capital social para a modificação do contrato social; a


incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de
liquidação;

- mais de metade do capital social I - a designação dos


administradores, quando feita em ato separado; III - a destituição dos
administradores; IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no
contrato VIII - o pedido de concordata.

- pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos


na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada.

Art. 1.080-A. O sócio poderá participar e votar a distância em reunião ou em


assembleia, nos termos do regulamento do órgão competente do Poder Executivo
federal. (Incluído pela Lei nº 14.030, de 2020)

Parágrafo único. A reunião ou a assembleia poderá ser realizada de forma digital,


respeitados os direitos legalmente previstos de participação e de manifestação
dos sócios e os demais requisitos regulamentares. (Incluído pela Lei nº 14.030,
de 2020)

68
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

8 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2021/XXXIII Exame


Em razão das medidas de isolamento social propagadas nos anos de 2020 e 2021, muitos
administradores precisaram de orientação quanto à licitude da realização de reuniões ou
assembleias de sócios nas sociedades limitadas, de forma digital, ou à possibilidade do modelo
híbrido, ou seja, o conclave é presencial, mas com a possibilidade de participação remota de
sócio, inclusive proferindo voto.

Assinale a afirmativa que apresenta a orientação correta.


Na sociedade limitada é vedada tanto a reunião ou assembleia de sócios, de forma digital,
A
quanto a participação do sócio e o voto à distância.

Na sociedade limitada é vedada a reunião ou assembleia de sócios, de forma digital, mas é


B
possível a participação de sócio e o voto à distância.

Na sociedade limitada é vedada a participação e voto à distância nas reuniões e assembleias,


C
mas é possível a reunião ou assembleia de forma digital.

Na sociedade limitada é possível tanto a reunião ou a assembleia de sócios, de forma digital,


D
quanto a participação do sócio e o voto à distância.

CAPITAL SOCIAL

Formação e integralização: deverá ser expresso em moeda corrente,


podendo compreender qualquer espécie de bens que sejam suscetíveis de
avaliação pecuniária.

O capital social será dividido em quotas (iguais ou desiguais) e os sócios


possuem a obrigação de subscrever e integralizar as quotas.

A integralização do capital não poderá ser feita com serviços. Com a


integralização das quotas, o capital social constante no contrato social é
exatamente aquele que existe no patrimônio social.

A falta de integralização torna o sócio remisso e com isso ele poderá ser
excluído, ter sua participação reduzida ou ter que indenizar a sociedade em
decorrência da mora.

No caso de capital social não integralizado, todos os sócios respondem de


forma solidária pela integralização do capital social.

Aumento do capital social: existe a possibilidade de aumento do capital


social que somente poderá ocorrer se o capital social existente já estiver
totalmente integralizado.

O aumento será deliberado em assembleia. Uma vez aprovado, haverá


aumento mediante a alteração do contrato social.

69
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Até 30 dias após a deliberação que decidiu pelo aumento, os sócios terão
preferência na aquisição das novas quotas, na proporção de sua participação.

A preferência mencionada pode ser cedida a outro sócio sem a necessidade


de anuência dos demais. No caso de cessão para terceiros, será válida se não
houver oposição de sócios titulares de mais de ¼ do capital.

Após a aquisição das novas parcelas do capital social decorrentes do


aumento haverá reunião ou assembleia a fim de que haja alteração do contrato
social.

Redução do capital social: há também a possibilidade de redução do


capital social em duas hipóteses:

Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente


modificação do contrato:

I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis;

II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade.

Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital


será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas,
tornando-se efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empresas
Mercantis, da ata da assembléia que a tenha aprovado.

Na segunda hipótese, a lei prevê regra a fim de evitar prejuízos a terceiros.


Muitas vezes um terceiro contrata com a sociedade levando em consideração o
valor do capital social e eventual redução o prejudicará:

Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita
restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as
prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do
valor nominal das quotas.

§ 1 o No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da


assembléia que aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido
anterior a essa data, poderá opor-se ao deliberado.

§ 2 o A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no


parágrafo antecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da
dívida ou o depósito judicial do respectivo valor.

§ 3 o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente,


proceder-se-á à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata
que tenha aprovado a redução.

70
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

EXCLUSÃO EXTRAJUDICIAL DE SÓCIO:

O art. 1.085 do CC trata da exclusão do sócio de forma extrajudicial. Nesse


tipo de exclusão não há necessidade de interferência do Poder Judiciário,
operando-se a exclusão a partir do atendimento de alguns requisitos e de
posterior alteração do contrato social.

Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos


sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou
mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos
de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do
contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.

Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na


sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em reunião
ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em
tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa.
(Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019)

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 A. OBS: art. 1.028 do CC.


02 A
03 A
04 E
05 A
06 C
07 C. OBS: as normas das sociedades simples aplicam-se
subsidiariamente (art. 1.035)
08 D

71
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

SOCIEDADE ANÔNIMA
Lei 6.404/76 (Lei das S/A’s)

A sociedade anônima rege-se pela Lei 6.404/76 e, no caso de omissão, aplicam-


se as normas do Código Civil.

CC, Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe,
nos casos omissos, as disposições deste Código.

Como é cobrado?

1 FGV - Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro/2008

Em relação às sociedades anônimas, assinale a alternativa correta.

A companhia aberta poderá emitir partes beneficiárias para negociação no mercado de


A
valores.
A incorporação de imóveis para a formação do capital social não prescinde de escritura
B
pública.
As sociedades anônimas são regidas pela Lei 6.404/76, aplicando-se-lhes, nos casos omissos, as
C
disposições do Código Civil.

É assegurado ao acionista que discordar de qualquer deliberação de Assembléia Geral o


D
direito de retirada ou recesso.

E O processo do voto múltiplo pode ser requerido em eleição dos membros da diretoria.

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS

De capital aberto (ou aberta): admissão de negociação dos valores


mobiliários no mercado de capitais (bolsa de valores). Há necessidade de
autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

De capital fechado (ou fechada): não admissão de negociação dos valores


mobiliários no mercado de capitais.

Obs: S/A também pode ser chamada de COMPANHIA.

Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os


valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no
mercado de valores mobiliários.

CAPITAL SOCIAL

Capital social é dividido em ações.

Os sócios (acionistas) são responsáveis somente pelo preço de emissão


das ações que subscreverem ou adquirirem. Ou seja, não há solidariedade pela
integralização do restante das ações.

72
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Formado por bens ou dinheiro, não sendo admitida sua integralização por
meio de prestação de serviços.

Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a


responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das
ações subscritas ou adquiridas.

Como é cobrado?

2 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2018/XXVI Exame


Leandro, Alcides e Inácio pretendem investir recursos oriundos de investimentos no mercado
de capitais para constituir uma companhia fechada por subscrição particular do capital. A
sociedade será administrada por Inácio e sua irmã, que não será sócia.

Considerando-se o tipo societário e a responsabilidade legal dos sócios a ele inerente, assinale a
afirmativa correta.
Leandro, Alcides e Inácio responderão limitadamente até o preço de emissão das ações por
A
eles subscritas.
Leandro, Alcides e Inácio responderão limitadamente até o valor das quotas por eles
B
subscritas, mas solidariamente pela integralização do capital.
Leandro, Alcides e Inácio responderão ilimitada, solidária e subsidiariamente pelas obrigações
C
sociais.
Leandro e Alcides responderão limitadamente até o preço de emissão das ações por eles
D subscritas, e Inácio, como administrador, ilimitada e subsidiaramente, pelas obrigações
sociais.

NOME EMPRESARIAL

Adota denominação e nunca firma, com expressão que designe a atividade


desenvolvida acompanhada da expressão S/A ou Sociedade Anônima no início,
meio ou final do nome (ex: Banco Itaú S/A).

Poderá ser usada a expressão CIA ou Companhia no início ou no meio,


NUNCA NO FINAL.

É possível a colocação de nome do fundador ou acionista que tenha


contribuído para o êxito da sociedade.

Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das


expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou
abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final.

§ 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo


tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação.

73
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES

As ações podem ser classificadas por alguns critérios:

De acordo com a espécie: ordinárias, preferenciais ou de fruição.

Ordinárias: oferecem direitos e vantagens comuns a todos os


acionistas.

Preferenciais: atribuem uma vantagem política ou econômica ao


seu detentor. ATENÇÃO: apesar de o preferencialista possuir certas vantagens,
em regra, ele não possui direito a voto.

De fruição: são aquelas que substituem ações ordinárias ou


preferenciais que foram amortizadas pela companhia. A amortização ocorre
quando a sociedade apura o valor patrimonial da ação e paga ao respectivo
acionista.

Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a
seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.

§ 1º As ações ordinárias e preferenciais poderão ser de uma ou mais classes,


observado, no caso das ordinárias, o disposto nos arts. 16, 16-A e 110-A desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)

§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição


no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do
total das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

(...)

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:


(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;

II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou

III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.

Art. 29. As ações da companhia aberta somente poderão ser negociadas depois
de realizados 30% (trinta por cento) do preço de emissão.

74
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

3 FGV - Juiz Estadual (TJ MG)/2022

Sobre as ações e demais valores mobiliários emitidos pelas sociedades anônimas, assinale a
afirmativa correta.

A deliberação sobre emissão de debêntures é de competência privativa do conselho de


A administração. Na companhia aberta, o conselho de administração pode deliberar sobre a
emissão de debêntures não conversíveis em ações, salvo disposição estatutária em contrário.

A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto,


títulos negociáveis denominados "Bônus de Subscrição" que conferirão aos seus titulares,
B direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do
título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Somente a assembleia-geral
pode deliberar sobre a emissão de bônus de subscrição.

A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos
ao capital social, denominadas "partes beneficiárias", que conferirão aos seus titulares direito
de crédito eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais. As
C
partes beneficiárias poderão ser de mais de uma classe ou série e poderão ser alienadas pela
companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela assembleia-geral, ou atribuídas
a fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia.

As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são
ordinárias, preferenciais, ou de fruição. O número de ações preferenciais sem direito a voto,
D ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinquenta por
cento) do total das ações emitidas. As ações da companhia aberta somente poderão ser
negociadas depois de realizados 30% (trinta por cento) do preço de emissão.

4 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2013/XII Exame

Com relação às sociedades anônimas, assinale a opção correta.

As ações preferenciais são sempre ações sem direito de voto e com prioridade no recebimento
A
de dividendos fixos e cumulativos.

A vantagem das ações preferenciais de companhia fechada pode consistir exclusivamente em


B
prioridade no reembolso do capital.

A primeira convocação de assembleia geral de companhia fechada deverá ser feita no prazo
C
de 15 (quinze) dias antes de sua realização.

O conselho de administração é órgão obrigatório em todas as sociedades anônimas fechadas,


D
com capital autorizado e de economia mista.

75
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

De acordo com a circulação:

Nominativas: geram a emissão de um certificado e circulam por


meio de registro em livro próprio, chamado Livro de Transferência de Ações
Nominativas. Este livro é obrigatório para sociedades que emitem ações
nominativas.

Escriturais: são transferidas por meio de instituição financeira, não


gerando um certificado.

Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de


depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição
depositária.

§ 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento efetuado pela


instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a
crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou
de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará em poder da
instituição.

Como é cobrado?

5 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XXI Exame


Bernardino adquiriu de Lorena ações preferenciais escriturais da companhia Campos Logística
S/A e recebeu do(a) advogado(a) orientação de como se dará a formalização da transferência da
propriedade.

A resposta do(a) advogado(a) é a de que a transferência das ações se opera


pelo extrato a ser fornecido pela instituição custodiante, na qualidade de proprietária
A
fiduciária das ações.

pela inscrição do nome de Bernardino no livro de Registro de Ações Nominativas em poder


B
da companhia.

pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de
C
ações de Lorena e a crédito da conta de ações de Bernardino.

por termo lavrado no livro de Transferência de Ações Nominativas, datado e assinado por
D
Lorena e por Bernardino ou por seus legítimos representantes.

OBS: atualmente não existem mais ações ao portador ou


endossáveis no sistema brasileiro, já que os dispositivos da Lei 6.404/76 que
autorizavam a emissão destes tipos de ações foram revogados.

76
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

DEBÊNTURES

Espécie de valor mobiliário emitido pelas S/A que conferem ao seu titular
um direito de crédito CERTO contra a companhia, nos termos do que dispuser a
sua escritura de emissão ou seu certificado.

Eventual lucro ou prejuízo da companhia em nada afetará o direito


daquele que é titular da debênture.

A debênture é título executivo extrajudicial (art. 784, I, do CPC).

Em relação à deliberação a respeito da emissão de debêntures cabe, em


princípio, de forma privativa à assembleia geral (art. 59 da Lei 6.404/76), podendo
em algumas hipóteses ocorrer a deliberação por parte do Conselho de
Administração.

Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares
direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e,
se houver, do certificado.

(...)

Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes
da escritura de emissão, que especificará:

(...)

Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa


da assembléia-geral, que deverá fixar, observado o que a respeito dispuser o
estatuto:

(...)

77
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

6 FGV - Analista de Desenvolvimento Econômico (CODEMIG)/Advogado Societário/2015


O Conselho de Administração da companhia aberta Mineração Araçuaí S.A., com base em
disposição estatutária, aprovou a emissão de debêntures sem garantia conversíveis em ações
preferenciais até o limite de 25% do capital autorizado. A ata do Conselho de Administração foi
arquivada na Junta Comercial e publicada, bem como foi arquivada a escritura de emissão de
debêntures.

Com base nas informações supra, é correto afirmar que a emissão é:


ilegal, porque não há elaboração de escritura de emissão no lançamento de debêntures
A
conversíveis, e sim registro da emissão das debêntures na Comissão de Valores Mobiliários;
legal, porque as debêntures são conversíveis em ações; haveria ilegalidade se se tratasse de
B debêntures não conversíveis, hipótese em que a autorização para emissão é privativa da
assembleia geral;
legal, porque o estatuto de companhia aberta pode autorizar que o Conselho de
C Administração delibere sobre a emissão das debêntures conversíveis em ações, respeitado o
limite do capital autorizado;

ilegal, porque a ata do Conselho de Administração deveria ter sido arquivada na Comissão de
D
Valores Mobiliários e não na Junta Comercial, dispensada a publicação;

ilegal, porque a competência para autorizar a emissão de debêntures conversíveis em ações


E
nas companhias abertas de capital autorizado é privativa da assembleia geral.

PARTES BENEFICIÁRIAS

Títulos que conferem aos seus titulares um direito EVENTUAL de crédito


contra a companhia, condicionado ao resultado positivo da companhia, ou seja,
ao lucro anual.

Somente as companhias fechadas podem emitir as partes beneficiárias.

Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas
condições determinadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral, ou atribuídas a
fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à
companhia.

Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias.

BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO

Não representa direito de crédito aos seus titulares, mas sim o direito de
preferência na subscrição de novas ações.

Somente será exercido no caso de pagamento do preço de emissão da ação.

O acionista possui preferência na subscrição da emissão dos bônus de


subscrição.

78
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Os bônus de subscrição serão nominativos, ou seja, deverão indicar os


respectivos titulares, não podendo ser ao portador.

CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS

O ato constitutivo das S/A’s é um estatuto (e não contrato social) e, por tal
razão, é tida como sociedade estatutária ou institucional.

Os requisitos para a constituição são:

Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes


requisitos preliminares:

I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se


divide o capital social fixado no estatuto;

II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de


emissão das ações subscritas em dinheiro;

III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário


autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado
em dinheiro.

Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as


quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.

Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo
fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em
nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá
levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica.

Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da


data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos
subscritores.

OS ACIONISTAS

Acionista é o detentor de uma parcela do capital social, chamada ação.

Os acionistas possuem os chamados direitos essenciais que não podem ser


retirados nem mesmo pelo estatuto, são eles:

- participação nos lucros sociais: a divisão deste lucro é conhecida como


DIVIDENDO. A lei prevê o recebimento de dividendos obrigatórios, nos termos
do que foi previsto no estatuto social. Caso o estatuto tenha sido omisso, será a
metade do lucro líquido dividido entre os acionistas, deduzidas as despesas
destinadas às reservas, previstas no art. 202 da Lei.

79
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

- participação no acervo da companhia em caso de liquidação: em regra,


após o pagamento de todos credores, o ativo remanescente será partilhado entre
os acionistas, nas devidas proporções.

- fiscalização da gestão dos negócios sociais: apesar de o Conselho Fiscal


ter como uma de suas principais funções, não há impedimento para que os sócios
também realizem a fiscalização. Tanto é assim que o art. 105 da Lei autoriza a
exibição por inteiro dos livros da companhia, quando requerida por acionistas
com pelo menos 5% do capital social que afirmem a prática, por parte de qualquer
um dos órgãos da companhia, de atos que violem o estatuto ou a lei.

- preferência para a subscrição de novas ações, partes beneficiárias


conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição:
esta preferência será exercida na proporção das ações que o acionista possui.

- direito de retirada: conhecido como direito de recesso, é assegurado


mediante o reembolso do valor de suas ações (valor apurado no momento, não é
exatamente o valor de compra).

Como é cobrado?

7 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2012/VII Exame

Sobre os direitos dos acionistas, é correto afirmar que

o direito de voto é garantido a todo acionista, independente da espécie ou classe de ações de


A
que seja titular.

B os acionistas deverão receber dividendos obrigatórios em todos os exercícios sociais.

o acionista terá direito de se retirar da companhia caso cláusula compromissória venha a ser
C
introduzida no estatuto social.

o acionista tem o direito de fiscalizar as atividades sociais e sendo titular de mais de 5% do


D capital poderá requerer judicialmente a exibição dos livros da companhia, caso haja suspeita
de irregularidades dos administradores.

Acionista controlador:

Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o


grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:

a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a


maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a
maioria dos administradores da companhia; E

b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o


funcionamento dos órgãos da companhia.

80
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a
companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e
responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve
lealmente respeitar e atender.

Acordo de acionistas: trata-se de contrato parassocial formado fora do


estatuto social e poderá ser oposto à companhia (exigido seu cumprimento)
quando arquivado na sua sede.

Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações,


preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle
deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede.
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 1º As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos somente serão oponíveis


a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e nos certificados das
ações, se emitidos.

(...)

§8o O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da


companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas
devidamente arquivado.

Como é cobrado?

8 FGV - Juiz Estadual (TJ MS)/2008/28º

Nos termos da Lei 6.404/76, se um signatário de acordo de acionistas, devidamente arquivado na


Companhia, votar contrariamente ao acordo firmado:

ele responderá objetivamente pelos prejuízos decorrentes de seu voto perante os demais
A
signatários.
seu voto não será computado pelo presidente da assembléia ou do órgão colegiado de
B
deliberação.

C ele responderá subjetivamente pelos prejuízos decorrentes de seu voto perante a Companhia.

haverá a suspensão da deliberação, com instauração de assembléia especial da qual


D
participarão somente os signatários do acordo para resolver a questão.

haverá a anulação da deliberação no prazo legal por acionistas representando no mínimo 5%


E
do capital votante.

81
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

ASSEMBLEIA GERAL

Órgão máximo da sociedade anônima em que todos os acionistas têm


direito de participar e possui competência para tratar de qualquer assunto
relacionado ao objeto social. Ela divide-se em ordinária e extraordinária.

Art. 121. A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o


estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da
companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e
desenvolvimento.

Parágrafo único. Nas companhias, abertas e fechadas, o acionista poderá


participar e votar a distância em assembleia geral, nos termos do regulamento da
Comissão de Valores Mobiliários e do órgão competente do Poder Executivo
federal, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 14.030, de 2020).

Assembleia geral ordinária: acontece 1 vez ao ano, dentro dos 4 primeiros


meses do ano.

Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do


exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para:

I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as


demonstrações financeiras;

II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de


dividendos;

III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o


caso;

IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167).

O que não estiver na competência da assembleia ordinária deverá ser


tratado na extraordinária, que poderá se realizar quantas vezes forem
necessárias, inclusive nos 4 primeiros meses do ano.

É possível que a assembleia geral ordinária e a extraordinária sejam


cumulativamente convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora,
instrumentadas em ata única.

A respeito da assembleia geral, importante destacar que ela será


convocada pelo conselho de administração (se existir) ou pelos diretores. A lei
traz a possibilidade de a convocação ser feita por pessoas diferentes destas:

Art. 123. Compete ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores,


observado o disposto no estatuto, convocar a assembléia-geral.

Parágrafo único. A assembléia-geral pode também ser convocada:


82
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

a) pelo conselho fiscal, nos casos previstos no número V, do artigo 163;

b) por qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de


60 (sessenta) dias, a convocação nos casos previstos em lei ou no estatuto;

c) por acionistas que representem cinco por cento, no mínimo, do capital social,
quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de
convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das
matérias a serem tratadas; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

d) por acionistas que representem cinco por cento, no mínimo, do capital votante,
ou cinco por cento, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os
administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação
de assembléia para instalação do conselho fiscal. (Incluída pela Lei nº 9.457, de
1997)

Salienta-se que os acionistas sem direito de voto podem comparecer à


assembleia geral e discutir a matéria submetida à deliberação, ou seja, há
restrição ao direito de voto, mas não ao direito de voz.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

O Conselho de Administração é facultativo e, junto com a diretoria, faz


parte da administração da companhia, por isso é órgão com função
administrativa, fixando rumos gerais da sociedade anônima.

Possui também função deliberativa, já que possui competência para


deliberar sobre algumas matérias (ex: eleição de diretores).

O Conselho de Administração é composto por, no mínimo, 3 membros,


eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo.

O Conselho de Administração não é obrigatório em todas as S/A’s.

Será obrigatório nas companhias de capital aberto (aquelas que admitem


a negociação dos valores mobiliários no mercado de capitais), de capital
autorizado (aquelas em que há prévia autorização no estatuto para aumento do
capital social) e nas sociedades de economia mista.

Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o


estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria.

§ 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a


representação da companhia privativa dos diretores.

§ 2º As companhias abertas e as de capital autorizado terão, obrigatoriamente,


conselho de administração.
83
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Art. 140. O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 (três)


membros, eleitos pela assembléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo,
devendo o estatuto estabelecer:

I - o número de conselheiros, ou o máximo e mínimo permitidos, e o processo de


escolha e substituição do presidente do conselho pela assembléia ou pelo próprio
conselho; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

II - o modo de substituição dos conselheiros;

III - o prazo de gestão, que não poderá ser superior a 3 (três) anos, permitida a
reeleição;

IV - as normas sobre convocação, instalação e funcionamento do conselho, que


deliberará por maioria de votos, podendo o estatuto estabelecer quorum
qualificado para certas deliberações, desde que especifique as matérias.
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 1º O estatuto poderá prever a participação no conselho de representantes dos


empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela
empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representam.
(Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)

§ 2º Na composição do conselho de administração das companhias abertas, é


obrigatória a participação de conselheiros independentes, nos termos e nos
prazos definidos pela Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº
14.195, de 2021)

84
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

9 FGV - Analista Judiciário (TRT 12ª Região)/Judiciária/"Sem Especialidade"/2017


A Companhia Y, com sede em Ouro, tem grande estrutura operacional, centenas de empregados
e faturamento anual superior a dois bilhões de reais. O estatuto dessa companhia está prestes a
ser reformado para incluir a possibilidade de participação no Conselho de Administração de 1
(um) representante dos empregados.

Acerca da inserção dessa cláusula no estatuto, é correto afirmar que:


não é possível o estatuto prever a participação no Conselho de Administração de
A representantes dos empregados, uma vez que, para o Conselho de Administração, só podem
ser eleitos acionistas pessoas naturais;

é possível o estatuto prever a participação no Conselho de Administração de representantes


B dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela companhia,
em conjunto com as entidades sindicais que os representem;

é possível o estatuto prever a participação no Conselho de Administração de representantes


C dos empregados, escolhidos pelo voto dos acionistas, em eleição conjunta com os empregados,
e organizada pelas entidades sindicais destes;

não é possível o estatuto prever a participação no Conselho de Administração de


D representantes dos empregados, haja vista que os membros do Conselho de Administração
são indicados pelo acionista controlador;

não é possível o estatuto prever a participação no Conselho de Administração de


E representantes dos empregados, porque tal faculdade só é lícita em companhias enquadradas
como empresas de pequeno porte.

DIRETORIA

É órgão obrigatório e de representação da companhia. Juntamente com o


Conselho de Administração, a diretoria é órgão de administração.

Art. 143. A Diretoria será composta por 1 (um) ou mais membros eleitos e
destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração ou, se inexistente,
pela assembleia geral, e o estatuto estabelecerá: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 182, de 2021)

I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos;

II - o modo de sua substituição;

III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a
reeleição;

IV - as atribuições e poderes de cada diretor.

§ 1º Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço),


poderão ser eleitos para cargos de diretores.

85
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

§ 2º O estatuto pode estabelecer que determinadas decisões, de competência dos


diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria.

CONSELHO FISCAL

É órgão obrigatório, mas de funcionamento facultativo, com função de


assessoramento técnico e fiscalização.

É composto por no mínimo 3 e no máximo 5 pessoas físicas, acionistas ou


não, eleitos pela Assembleia Geral.

Só podem fazer parte do Conselho Fiscal pessoas que tenham sido


administradoras ou conselheiras fiscais de outra sociedade por no mínimo 3 anos
ou que tenham curso superior.

RESPONSABILIDADE DA COMPANHIA PELOS ATOS DE SEUS


ADMINISTRADORES PERANTE TERCEIROS

Em relação aos atos praticados pelos seus administradores, a sociedade


SEMPRE responderá.

Já os administradores poderão, ou não, serem responsabilizados


pessoalmente pelos atos realizados em nome da companhia. O regramento é o
seguinte:

- no caso de realização de atos regulares de gestão, o administrador não


assume responsabilidade pessoal por eles;

- no caso de atos de gestão praticados com dolo, culpa ou com violação


da lei ou do estatuto, os administradores faltosos poderão responder perante à
sociedade.

Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que


contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde,
porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder:

I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;

II - com violação da lei ou do estatuto.

Ação de responsabilidade contra o administrador faltoso: a sociedade


deliberará em assembleia acerca do ajuizamento da ação contra o administrador
faltoso. Havendo deliberação neste sentido, a companhia ajuizará a competente
ação de responsabilidade.

Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-


geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos
causados ao seu patrimônio.

86
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

No caso de a companhia, mesmo havendo deliberação nesse sentido, não


ingressar com ação no prazo de 3 meses, qualquer acionista poderá mover a ação
em nome próprio para recuperar o prejuízo da companhia. Ou seja, o benefício
da ação não será revertido ao acionista, mas à sociedade.

§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de


3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral.

§ 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por
acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social.

(...)

§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao acionista ou terceiro
diretamente prejudicado por ato de administrador.

SOCIEDADE SUBSIDIÁRIA INTEGRAL

Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo
como único acionista sociedade brasileira.

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 C
02 A
03 D
04 B
05 C
06 C
07 D
08 B
09 B

87
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA (Lei 11.101/2005)

ABRANGÊNCIA DA LEI 11.101/2005:

A lei de falências possibilita a decretação da falência ou a recuperação do


EMPRESÁRIO (individual ou sociedade empresária), denominado pela lei como
devedor.

Alguns tipos de empresários estão excluídos das disposições da Lei


11.101/05:

Art. 2º Esta Lei não se aplica a:

I – empresa pública e sociedade de economia mista;

II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio,


entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Como é cobrado?

1 FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2009

A respeito da disciplina jurídica brasileira das empresas em crise, é correto afirmar que:

estão sujeitos à disciplina da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas) os


A empresários, as sociedades empresárias, as instituições financeiras privadas, as sociedades
seguradoras e as cooperativas de crédito.

os sócios das sociedades limitadas estão sujeitos aos efeitos jurídicos da falência produzidos
B
em relação à sociedade empresária falida.

durante o procedimento de recuperação judicial, os administradores da sociedade podem ser


C
mantidos em seus cargos com competência para a condução dos negócios sociais.

todos os credores, inclusive os de natureza tributária e trabalhista, podem participar da


D
negociação da recuperação extrajudicial.

o plano de recuperação judicial deverá ser apresentado pelo devedor e aprovado pela
E
unanimidade dos devedores, sob pena de ser decretada a falência.

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO E DA


FALÊNCIA

Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial,


deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do
Brasil.
88
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Principal estabelecimento é aquele que tem o maior volume de negócios.

OBS: SEMPRE Justiça Estadual.

Como é cobrado?

2 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2017/XXIII Exame

Você participou da elaboração, apresentação e negociação do plano de recuperação extrajudicial


de devedor sociedade empresária. Tendo sido o plano assinado por todos os credores por ele
atingidos, seu cliente o contratou para requerer a homologação judicial.

Assinale a opção que indica o juízo em que deverá ser apresentado o pedido de homologação
do plano de recuperação extrajudicial.

A O juízo da sede do devedor.

B O juízo do principal estabelecimento do devedor.

C O juízo da sede ou de qualquer filial do devedor.

D O juízo do principal estabelecimento ou da sede do devedor.

A distribuição do pedido de falência previne a jurisdição para o pedido de


recuperação judicial formulado pelo devedor.

Art. 6º, § 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial ou a


homologação de recuperação extrajudicial previne a jurisdição para qualquer
outro pedido de falência, de recuperação judicial ou de homologação de
recuperação extrajudicial relativo ao mesmo devedor.

89
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

3 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2021/XXXIII Exame

Na Comarca de Imperatriz/MA funcionam 4 (quatro) Varas Cíveis, com competência


concorrente para o julgamento de causas de falência e recuperação judicial. Em 22 de agosto de
2019, foi apresentado requerimento de falência de uma sociedade empresária enquadrada como
empresa de pequeno porte, com principal estabelecimento naquele município. O requerimento
foi distribuído para a 3ª Vara Cível.

Tendo sido determinada a citação do devedor, no prazo da contestação, Coelho Dutra,


administrador e representante legal da sociedade, requereu sua recuperação judicial,
devidamente autorizado por deliberação dos sócios. Com base nestas informações, assinale a
afirmativa correta.
O requerimento de recuperação judicial não está sujeito à distribuição por dependência,
A
podendo ser apreciado por qualquer um dos quatro juízos cíveis da comarca.

A distribuição do pedido de falência previne a jurisdição para o pedido de recuperação


B
judicial formulado pelo devedor, de modo que será competente o juízo da 3ª Vara Cível.

Por se tratar de devedor enquadrado como empresa de pequeno porte, há tratamento


C diferenciado para o pedido de recuperação judicial, estando prevento o juízo que conheceu do
pedido de falência.

Como o devedor não se enquadra na definição legal de microempresa (incluído o


D microempreendedor individual), o requerimento de recuperação judicial não está sujeito à
distribuição por dependência.

SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO E DAS AÇÕES E EXECUÇÕES MOVIDAS


EM FACE DO DEVEDOR

Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da


recuperação judicial implica: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
(Vigência)

I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime


desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos


credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações
sujeitos à recuperação judicial ou à falência; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
(Vigência)

III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca


e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor,
oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações
sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)

90
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Não são suspensas as ações que demandem quantia ilíquida e as ações


trabalhistas, já que o prosseguimento das ações, por si só, não levará à redução
do patrimônio. Nesse caso, após o trânsito em julgado, não haverá
prosseguimento da execução nos respectivos juízos, devendo os credores
HABILITAREM SEUS CRÉDITOS no processo de falência.

Como é cobrado?

4 FGV - Analista Judiciário (TRT 12ª Região)/Judiciária/"Sem Especialidade"/2017

Matheus foi empregado da sociedade empresária Itaiópolis Gaxetas Ltda. por vinte e cinco
anos. Após ter seu contrato de trabalho rescindido sem o pagamento das verbas trabalhistas,
Matheus ajuizou reclamação trabalhista em face da empregadora.

Antes do julgamento da reclamação trabalhista, Matheus tomou conhecimento do


processamento da recuperação judicial do empregador, sendo certo que tal ato processual:
atingirá a reclamação trabalhista, promovendo sua extinção de pleno direito e atração para o
A
juízo recuperacional, onde deverá ser ajuizada, diante da unidade desse juízo;

atingirá a reclamação trabalhista, promovendo sua suspensão pelo prazo de 180 (cento e
B oitenta) dias contados da publicação do processamento da recuperação judicial, prazo esse
que é improrrogável;
Por se tratar de devedor enquadrado como empresa de pequeno porte, há tratamento
C diferenciado para o pedido de recuperação judicial, estando prevento o juízo que conheceu do
pedido de falência.

atingirá a reclamação trabalhista, promovendo sua suspensão até que o administrador judicial
D
seja intimado para assumir a representação do empregador no processo;

não atingirá a reclamação, prosseguindo essa na Justiça do Trabalho até a apuração do crédito,
E que será inscrito no quadro geral de credores da recuperação judicial pelo valor determinado
na sentença trabalhista.

§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que


demandar quantia ilíquida.

§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão


ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de
natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei,
serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo
crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em
sentença.

As suspensões podem perdurar por até 180 dias, prorrogável por mais 180
dias desde que o devedor não tenha concorrido para a extrapolação do prazo.

§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos


I, II e III do caput deste artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta)
91
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

dias, contado do deferimento do processamento da recuperação, prorrogável por


igual período, uma única vez, em caráter excepcional, desde que o devedor não
haja concorrido com a superação do lapso temporal. (Redação dada pela Lei
nº 14.112, de 2020)

ADMINISTRADOR JUDICIAL

O administrador judicial (nomeado por juiz) será profissional idôneo,


PREFERENCIALMENTE advogado, economista, administrador de empresas,
contador, ou pessoa jurídica especializada.

Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente


advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa
jurídica especializada.

A remuneração do administrador será fixada pelo juiz e não será


superior a 5% do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial
ou do valor de venda dos bens na falência. No caso de EPP ou ME, este
percentual não será superior a 2%.

Art. 24, § 1º Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não


excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à
recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência.

O administrador judicial não necessariamente administrará a sociedade


empresária falida ou em recuperação.

COMITÊ

O Comitê, também denominado de Comitê de Credores, não é obrigatório


na recuperação ou na falência e será constituído a partir de deliberação dos
credores na assembleia geral.

A composição do comitê é bastante plural, abrangendo todos os tipos de


credores (a Fazenda Pública não possui representação no comitê):

Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das
classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição:

I – 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois)


suplentes;

II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de


garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;

III – 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com


privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes.

92
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de


microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes.

ASSSEMBLEIA GERAL DE CREDORES

Esta assembleia representa a vontade dos credores, razão pela qual ela é
bastante importante. Será formada pela classe dos credores assim dividida:

Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:

I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de


acidentes de trabalho;

II – titulares de créditos com garantia real;

III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio


geral ou subordinados.

IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de


pequeno porte.

Na recuperação, a principal função da assembleia é deliberar sobre a


aprovação ou não do plano de recuperação judicial. Já na falência, a assembleia
poderá deliberar sobre a formação ou não do comitê de credores, adoção de
outras formas de realização do ativo, bem como qualquer outra matéria de
interesse dos credores.

OBJETIVOS DA RECUPERAÇÃO

A ideia da recuperação da empresa, seja no âmbito judicial ou


extrajudicial, é a superação da crise econômica, financeira e patrimonial do
empresário, a fim de que suas atividades não sejam encerradas, mantendo-se os
postos de trabalho e atendendo aos interesses dos credores (PRINCÍPIO DA
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA)

Em resumo, o objetivo é evitar sua falência com o cumprimento de sua


função social.

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação
de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – FASE POSTULATÓRIA

Inicia-se pela apresentação da petição inicial pelo devedor, que pode ser
empresário individual ou sociedade empresária.

93
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Requisitos para postular a recuperação judicial:

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor (REGISTRADO) que, no


momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois)
anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:

I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada
em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;

II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;

III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo (ME e EPP);

IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

A decisão que defere o processamento da recuperação possui os seguintes


efeitos:

Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz
deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:

I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;

II - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o


devedor exerça suas atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195 da
Constituição Federal e no art. 69 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)

III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na


forma do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se
processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º , 2º e 7º do art. 6º desta Lei e
as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei;

IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais


enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus
administradores;

V - ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas


Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o
devedor tiver estabelecimento, a fim de que tomem conhecimento da
recuperação judicial e informem eventuais créditos perante o devedor, para
divulgação aos demais interessados. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)

Ainda se destaca que, com a intimação do devedor a respeito da decisão


que autorizou o processamento do pedido de recuperação, inicia-se o prazo de

94
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

60 dias para apresentação do plano de recuperação. Caso o prazo seja


descumprido, será decretada a falência do devedor.

Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o
processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e
deverá conter:

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – FASE DELIBERATIVA

Nessa fase, o principal objetivo é deliberar sobre a aprovação do plano de


recuperação judicial.

A aprovação do plano de recuperação ocorrerá na assembleia dos


credores, ou por meio de decisão judicial, atendidas certas condições:

Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes
de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.

Nas classes II e III a proposta deverá ser aprovada por credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia
e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.

Art. 45, § 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta
Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da
metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e, cumulativamente,
pela maioria simples dos credores presentes.

Nas classes I e IV a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos
credores presentes, INDEPENDENTEMENTE DO VALOR DO CRÉDITO

Art. 45, § 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta
deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes,
independentemente do valor de seu crédito.

Nem todos os credores incluídos no plano terão direito a voto, já que o


credor que não teve alterado o valor ou as condições originais de pagamento de
seu crédito não poderá votar.

Art. 45, § 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de
verificação de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não
alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito.

Se as aprovações acima mencionadas não foram atingidas, o juiz poderá


aprovar o plano mesmo assim, desde que atendidas as seguintes condições
cumulativas:

95
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação


judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos
do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na
forma dos arts. 45 ou 56-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)

§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não
obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma
assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de


todos os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes;

II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três)
classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes
ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo
menos 1 (uma) delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei; (Redação dada
pela Lei nº 14.112, de 2020)

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço)
dos credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.

Caso não seja possível a aprovação do plano e ele seja rejeitado, será
decretada a falência do devedor.

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – FASE DE EXECUÇÃO

Uma vez aprovado o plano de recuperação, o devedor permanecerá nesta


condição até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se
vencerem até 2 anos depois da concessão da recuperação judicial.

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar
a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas
todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois)
anos depois da concessão da recuperação judicial, independentemente do
eventual período de carência. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

Em relação ao cumprimento do plano, em regra, deve-se seguir à risca o


nele contido, ou seja, as obrigações devem ser fielmente cumpridas, sob pena de
convolação (transformação) da recuperação em falência.

§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de


qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em
falência, nos termos do art. 73 desta Lei.

96
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

FALÊNCIA

A ideia de falência é o afastamento do empresário a fim de que sejam


diminuídos os prejuízos dos credores e empregados.

Segue um regime de execução concursal em face do empresário, mesmo


que somente um dos credores tenha ajuizado o pedido de falência.

O procedimento da falência abrange duas fases: a pré-falimentar (do


pedido de falência até a sentença que decreta a falência) e a fase de pagamento
dos credores (execução concursal).

SUJEITO PASSIVO DO PEDIDO DE FALÊNCIA

Em regra, podem ser sujeitos passivos do pedido de falência o empresário


individual e as sociedades empresárias, com exceção das sociedades empresárias
não abrangidas pela Lei 11.101/05: sociedade de economia mista, empresas
públicas, instituições financeiras, cooperativas de crédito, consórcio, previdência
complementar, sociedade operadora de plano de saúde, seguradoras e sociedade
de capitalização.

SUJEITO ATIVO DO PEDIDO DE FALÊNCIA

Os legitimados ativos ao pedido de falência podem ser:

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:

I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;

II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;

III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da


sociedade;

IV – qualquer credor.

§ 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas


que comprove a regularidade de suas atividades.

HIPÓTESES DO PEDIDO DE FALÊNCIA

Impontualidade injustificada:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida


materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse
o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;

97
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Execução frustrada:

I – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; (NÃO TEM VALOR
MÍNIMO)

Prática de “atos de falência”: não cumpre regra do traspasse (“c”), não


cumpre regra do plano de recuperação (“g”), ou pratica atos de má-fé.

III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial:

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso


ou fraudulento para realizar pagamentos;

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de


todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de


burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar


com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para


pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;

g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de


recuperação judicial.

RESPOSTA DO DEVEDOR AO PEDIDO DE FALÊNCIA

Uma vez citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10


dias.

Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez)


dias.

Poderá o devedor, quando o pedido de falência fundar-se em execução


frustrada ou impontualidade injustificada, elidir a falência pela realização do
chamado “DEPÓSITO ELISIVO” (em dinheiro), pelo qual o devedor deposita
o valor do título acrescido de juros, correção monetária e honorários advocatícios.

98
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Art. 98. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art.
94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso
julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor
pelo autor.

A DENEGAÇÃO DA FALÊNCIA

A denegação da falência pode se fundamentar em dois motivos:

I – improcedência do pedido de falência pelo acatamento de alguma


alegação da defesa. Nesse caso, o autor arca com custas processuais e honorários
advocatícios.

II – realização do depósito elisivo. Nesse caso, o devedor arcará com as


verbas sucumbenciais.

A decisão que denega a falência é uma sentença que encerra o


procedimento e é recorrível por meio de apelação.

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação.

A DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA

A decretação da falência do devedor ocorrerá caso o pedido de falência


seja julgado procedente, somada à ausência de depósito elisivo.

A decisão impugnável pela via do agravo de instrumento (art. 100).

EFEITOS DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA

Com a decretação da falência alguns efeitos são gerados:

I – instauração do JUÍZO UNIVERSAL da falência. Atração para o juízo


da falência de todas as ações que envolvam os interesses do falido, com exceção
das causas trabalhistas, fiscais, ações que demandem quantia ilíquida, ações em
que a União ou algum ente público federal seja parte e aquelas não reguladas
pela Lei 11.101.

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as


ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar
como autor ou litisconsorte ativo.

99
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo,


terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado
para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo.

II – suspensão da prescrição e das ações e execuções contra o devedor


falido (são as mesmas hipóteses previstas para o caso de recuperação judicial).
Ações que demandem quantia ilíquida, trabalhistas, execuções fiscais e
execuções de credores que não se submetem ao plano de recuperação.

III – fixação do termo legal da falência, o chamado “período suspeito”.


Com a decretação da falência, deve ser definido o período (lapso temporal) que
poderá ser investigado pelos credores a fim de que se verifiquem irregularidades
nas ações do devedor, podendo inclusive tais atos serem declarados ineficazes.

O “período suspeito” é determinado pelo juiz, não podendo retroagir por


mais de 90 dias do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou da
data do primeiro protesto por falta de pagamento.

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras


determinações:

(...)

II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90


(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial
ou do 1º (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta
finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

IV – proibição da prática de certos atos: ao decretar a falência o juiz


proibirá o falido de praticar qualquer ato de disposição ou oneração de seus bens,
submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver,
ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor
naquelas situações em que foi autorizada a continuação provisória da atividade.

VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do


falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se
houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do
devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput
deste artigo;

V – intimações e comunicações: decretando a falência, o juiz determinará


a intimação do MP e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de
todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que
tomem conhecimento da falência. Além disso, determinará a publicação de edital
contendo a íntegra da decisão que decretou a falência, com a respectiva relação
de credores.

100
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

XIII - ordenará a intimação eletrônica, nos termos da legislação vigente e


respeitadas as prerrogativas funcionais, respectivamente, do Ministério Público
e das Fazendas Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e
Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem
conhecimento da falência. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

§ 1º O juiz ordenará a publicação de edital eletrônico com a íntegra da decisão


que decreta a falência e a relação de credores apresentada pelo falido.

ORDEM DE PAGAMENTO DOS CREDORES

Credores que recebem de forma antecipada, assim que possuir dinheiro


em caixa:

(I) Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos


nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco)
salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em
caixa.

(II) Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles
relativos:

I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta Lei; (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)

Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à


administração da falência, inclusive na hipótese de continuação
provisória das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99
desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos
disponíveis em caixa.

Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial


vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o
limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão
logo haja disponibilidade em caixa.

I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação judicial pelo


financiador, em conformidade com o disposto na Seção IV-A do Capítulo III
desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art. 86


desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

I-D - às remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares, aos


reembolsos devidos a membros do Comitê de Credores, e aos créditos derivados
da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a

101
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

serviços prestados após a decretação da falência; (Incluído pela Lei nº 14.112,


de 2020) (Vigência)

I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a


recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da
falência; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

(III) CREDORES CONCURSAIS

Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e


cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de
trabalho; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

II - os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do bem
gravado; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

III - os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de


constituição, exceto os créditos extraconcursais e as multas tributárias;
(Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

VI - os créditos quirografários, a saber:

a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;

b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento; e (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que excederem o


limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; (Redação dada pela Lei
nº 14.112, de 2020)

VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, incluídas as multas tributárias; (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)

VIII - os créditos subordinados, a saber: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de


2020) (Vigência)

a) os previstos em lei ou em contrato; e (Redação dada pela Lei nº 14.112, de


2020) (Vigência)

b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício cuja


contratação não tenha observado as condições estritamente comutativas e as
práticas de mercado; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

IX - os juros vencidos após a decretação da falência, conforme previsto no art. 124


desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

102
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor
do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua
venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem
individualmente considerado.

§ 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao


recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade.

§ 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as


obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência.

§ 5º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos cedidos a qualquer título


manterão sua natureza e classificação. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
(Vigência)

§ 6º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos que disponham de privilégio


especial ou geral em outras normas integrarão a classe dos créditos
quirografários. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

A EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR FALIDO

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

I – o pagamento de todos os créditos;

II - o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais de 25% (vinte e cinco por
cento) dos créditos quirografários, facultado ao falido o depósito da quantia
necessária para atingir a referida porcentagem se para isso não tiver sido
suficiente a integral liquidação do ativo; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)

III - (revogado)

IV - (revogado)

V - o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da decretação da falência,


ressalvada a utilização dos bens arrecadados anteriormente, que serão
destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados ou com pedido
de reserva realizado; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

VI - o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

103
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 C
02 B
03 B
04 E

104
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

TÍTULOS DE CRÉDITO

CONCEITO:

Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito


literal e autônomo nele mencionado.

CC, Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito


literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os
requisitos da lei.

O CÓDIGO CIVIL E OS TÍTULOS DE CRÉDITO

O CC apenas regula os títulos de crédito que não são regulados por


legislação especial. Dessa forma, os títulos de crédito que mais aparecem em
prova (letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicada) não são regidos
pelo CC, pois são regulados por leis específicas.

Em relação aos títulos de crédito regidos pelo CC, algumas regras


merecem destaque:

I) a omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade


como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu
origem.

Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade
como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu
origem.

II) o título de crédito deve contar a data da emissão, a indicação precisa


dos direitos que confere e a assinatura do emitente.

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa
dos direitos que confere, e a assinatura do emitente.

III) considera-se à vista o título de crédito que não contenha indicação de


vencimento

Art. 889, § 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de


vencimento.

IV) é considerado como lugar de emissão e de pegamento, quando não


indicado no título, o domicílio do emitente.

§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no


título, o domicílio do emitente.

105
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

V) consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de


endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a
que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos
limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.

Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de


endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a
que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos
limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.

VI) o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar


soma determinada, pode ser garantido por aval, sendo vedado de forma parcial.

Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar


soma determinada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Aval: é uma forma de garantia. Avalista é quem garante o pagamento do


título de crédito se o devedor principal não pagar.

PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Cartularidade: o exercício dos direitos representados por um título de


crédito pressupõe a posse e existência do título, em seu original. Tal princípio
pode ser relativizado nos casos de títulos eletrônicos e no caso da possibilidade
do protesto da duplicata por indicações.

Art. 889 - § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em
computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do
emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

Literalidade: somente produzem efeitos jurídicos-cambiais os atos


lançados no próprio título de crédito. Em caso de pagamento parcial, deve
constar expressamente no título a quitação parcial, sob pena de o título ser
transferido a terceiro e este exigir o pagamento do valor integral.

Autonomia: quando um único título documenta mais de uma obrigação,


a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais. A ideia é
proteger a circulação cambial, a fim de que terceiros não tenham prejuízo ao
receber o título que agora não é pago em razão de vício no negócio jurídico que
lhe deu origem.

Abstração: aparece nos casos em que o título circula, ou seja, ele se


desvincula de sua causa de origem.

106
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé: o


executado em virtude de um título de crédito não pode alegar em sua defesa
matéria de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, ou seja, não
podem ser opostas defesas não constantes no título.

CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Quanto ao modelo: vinculados (necessitam do atendimento de um padrão


exigido) ou livres (não existe padrão, o que faz com que o emitente disponha à
vontade dos elementos essenciais do título, previstos em lei).

Quanto à estrutura: os títulos pode ser ordem de pagamento (geram no


momento do saque três situações jurídicas distintas: a do sacador, a do sacado e
a do tomador) ou promessa de pagamento (nesses apenas há duas situações
jurídicas, o promitente e o beneficiário).

Quanto às hipóteses de emissão: os títulos podem ser causais (necessitam


de autorização legal para serem emitidos); limitados (não pode ser emitidos em
hipóteses previstas em lei); não causais (podem ser criados em qualquer
hipótese).

Quanto à circulação: os títulos podem ser ao portador (não ostenta o nome


do credor e por isso circula com a simples tradição); nominativos à ordem
(ostenta o nome do credor e se transfere por meio de endosso); nominativos não
à ordem (também identificam o credor, mas a circulação é por cessão civil de
crédito).

Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição.

CC - Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele


indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor.

Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em


circulação contra a vontade do emitente.

107
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

1 FGV - Auditor Fiscal da Receita Municipal (Angra)/2010

Em relação aos títulos de crédito, assinale a afirmativa INCORRETA.

Aquele que possui um título ao portador pode exigir o cumprimento da prestação nele
A indicada. Entretanto, se o título entrou em circulação contra a vontade do emitente, a
prestação já não é mais devida.

Caso o título de crédito seja omisso quanto à data de vencimento, considera-se que ele seja à
B
vista.
O título de crédito é um documento necessário ao exercício do direito nele contido, que
C somente produz efeito quando preenchidos os requisitos da lei. Assim, a transferência do
título que atende a todos os requisitos da lei implica a dos direitos que lhe são inerentes.

Qualquer negócio ou medida judicial que tenha por objeto o título só produz efeito perante
D
emitente ou terceiros, uma vez feita a competente averbação no registro emitente.

O título de crédito corresponde a bem móvel, estando, portanto, sujeito aos princípios que
E
disciplinam a circulação de tais bens.

LETRA DE CÂMBIO (LEI UNIFORME DE GENEBRA (LUG) – DECRETO


57.663/66)

CONCEITO: ordem de pagamento pela qual o sacador (emitente da letra


de câmbio) ordena uma outra pessoa (sacado) a pagar determinada quantia ao
beneficiário (tomador). Dessa forma, munido da letra de câmbio, pode o tomador
procurador o sacado para aceitação do pagamento e recebimento da quantia, caso
este não aceite ou não pague, poderá o beneficiário cobrar o valor devido do
sacador (emitente), codevedor do título.

ACEITE: o sacado apenas se obriga ao pagamento no caso de efetuar o


“aceite”. O “aceite” é representado pela assinatura no ANVERSO da letra de
câmbio. O “aceite” também poderá ser feito no verso do título, mas nesse caso
além da assinatura deverá haver a indicação da expressão “aceito”.

O “aceite” na letra de câmbio é FACULTATIVO e, havendo sua recusa,


ocorre o vencimento antecipado do título, podendo o tomador cobrar o valor
diretamente do sacador, o emitente do título.

Recusa parcial do aceite: caso em que o sacado aceita parcialmente o


valor, ou o aceita integralmente, mas para pagamento em outra data. Nesse caso,
também ocorre o vencimento antecipado, podendo o tomador cobrar do sacador
que terá direito de regresso contra o sacado na parte em que este aceitou.

108
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Cláusula não aceitável: quando o sacador proíbe a apresentação da letra


de câmbio ao sacado antes do dia designado para o vencimento, o que acaba por
impedir o vencimento antecipado da dívida.

ENDOSSO: é o ato de circulação (transferência) dos direitos do credor de


um título de crédito à ordem. Nos títulos não à ordem não é possível a
transferência por endosso, mas tão somente pela cessão civil do crédito (em regra,
os títulos de crédito são à ordem).

Pelo endosso, o endossante transfere o seu crédito a outra pessoa


(endossatário). O endossante se torna devedor do título, salvo se constar cláusula
“sem garantia”, situação em que o endossante não responde pelo crédito.

CC, Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos


que lhe são inerentes.

O endosso pode ser em branco (aquele em que não se identifica o


endossatário) ou em preto (aquele em que é feita tal identificação).

O endosso será dado no verso do título com a simples assinatura. Poderá


ser no anverso, desde que com a expressão “pague-se”, ou outra expressão
similar.

CC, Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o
subordine o endossante.

Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.

LUG, Artigo 15: O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da


aceitação como do pagamento da letra.

O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o


pagamento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada.

109
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

2 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XX Exame

Cícero sacou uma letra de câmbio em favor de Amélia, tendo designado como sacado Elísio, que
acatou a ordem de pagamento. A primeira endossante realizou um endosso em preto para
Dario, com proibição de novo endosso.

Diante do efeito legal da cláusula de proibição de novo endosso, assinale a afirmativa correta.

Caso Dario realize um novo endosso, tal transferência terá efeito de cessão de crédito perante
A
os coobrigados e efeito de endosso perante o aceitante.

Dario não poderá realizar novo endosso no título sob pena de desoneração de
B
responsabilidade cambial dos coobrigados.

Tal qual o endosso parcial, a proibição de novo endosso é nula por restringir a
C
responsabilidade cambiária do endossante e do sacador.

Amélia, embora coobrigada, não responde pelo pagamento da letra de câmbio perante os
D
endossatários posteriores a Dario.

Endosso-mandato: situação em que se legitima outra pessoa à cobrança


do título sem lhe transferir a titularidade do crédito.

Endosso-caução: situação em que se institui um penhor sobre o título de


crédito.

As duas situações são consideradas como modalidades de endosso


impróprio, já que não há a transferência do crédito. No endosso em que há a
transferência do crédito, chama-se endosso próprio ou endosso translativo.

Súmula 475-STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido


o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício
formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra
os endossantes e avalistas. Aprovada em 13/06/2012, DJe 19/06/2012.

Súmula 476-STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato


só responde por

danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de


mandatário

AVAL: ato cambiário pelo qual uma pessoa, o avalista, compromete-se a


pagar título de crédito nas mesmas condições que o devedor do título, o
avalizado.

110
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Apesar de o CC não permitir, a Lei Uniforme admite o aval parcial. Assim,


nos títulos regidos pelo CC não é permitido o aval parcial, mas nos demais será
possível.

Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar


soma determinada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Como é cobrado?

3 FGV - Advogado (ALERO)/2018

Sobre títulos de crédito, analise as afirmativas a seguir.

I. A lei brasileira permite que se faça um endosso parcial, desde que seja tal circunstância
anotada no verso do título de crédito transferido.

II. Nos títulos de crédito ao portador, a prestação é devida ainda que o documento tenha
entrado em circulação contra a vontade do emitente.

III. Em relações jurídicas regidas pelo direito comum, é válida a cláusula pela qual o avalista se
responsabiliza por parte do pagamento da dívida.

Está correto o que se afirma em:

A I, somente.

B II, somente.

C III, somente.

D I e II, somente.

E II e III, somente.

A obrigação do avalista permanece mesmo diante da nulidade da


obrigação principal, salvo a existência de vício de forma.

O aval é representado pela assinatura do avalista no anverso da letra de


câmbio. Poderá ainda ser dado no verso do título, mas nesse caso deverá constar
a expressão “por aval”, já que a simples assinatura será tida por endosso.

O aval poderá indicar quem está sendo avalizado (em preto) ou não
identificar (em branco).

Há ainda a possibilidade de serem feitos vários avais: a) avais simultâneos


ou coavais (nesse caso várias pessoas avalizam o mesmo avalizado), b) avais

111
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

sucessivos (hipótese em que os avalistas garantem a dívida de pessoas diferentes.


Aqui o avalista será avalizado por outro avalista).

PROTESTO: trata-se de ato praticado pelo credor para fins de incorporar


ao título de crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais. Os
principais tipos de protesto são:

- por falta de pagamento

- por falta de aceite

- por falta de devolução

NOTA PROMISSÓRIA

É uma promessa de pagamento em que o sacador (emitente, promitente,


subscritor) promete pagar determinada quantia ao beneficiário (tomador) dessa
forma criam-se duas situações jurídicas: promitente e beneficiário.

Serão aplicáveis às notas promissórias as regras das letras de câmbio,


naquilo em que houver compatibilidade.

Não há que se falar em aceite na nota promissória, já que incompatível


com sua natureza de título do tipo “promessa de pagamento”.

Súmula 258-STJ: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de


crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.

CHEQUE (Lei 7.357/85)

CONCEITO: trata-se de uma ordem de pagamento à vista emitida contra


um banco ou instituição financeira equiparada em razão de provisão (dinheiro
ou limite em conta) que o emitente possui junto ao banco sacado.

A partir desse conceito criam-se três situações jurídicas: emitente (sacador,


aquele que assina o cheque); sacado (banco) e o beneficiário (quem receberá o
valor constante no cheque).

Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de


cheque pré-datado.

112
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?

4 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2019/XXVIII Exame

Inocência adquiriu um aparelho de jantar para sua nova residência em uma loja de artigos
domésticos. A vendedora, sociedade limitada empresária, recebeu um cheque cruzado emitido
pela compradora e, se comprometeu, a não o apresentar ao sacado antes de 10 de janeiro de 2019.

Em 13 de dezembro de 2018, exatamente uma semana após a compra, Inocência verificou, no


extrato de sua conta-corrente bancária, que o cheque em referência havia sido apresentado a
pagamento e devolvido por insuficiência de fundos, em decorrência da apresentação antecipada
ao sacado.

Sobre a apresentação de cheque pós-datado antes da data indicada como sendo a de emissão,
com base na jurisprudência pacificada, assinale a afirmativa correta.

A Caracteriza dano moral.

B Não pode ensejar qualquer indenização ao emitente.

C Pode ensejar apenas dano material.

D Pode ensejar indenização apenas se o cheque não estiver cruzado.

Em relação ao valor, caso haja divergência entre o valor indicado por


extenso e aquele indicado em algarismos, prevalecerá aquele.

O prazo de apresentação do cheque será de 30 dias quando for da mesma


praça, ou seja, o local da emissão é o mesmo local da conta do emitente.

No caso de praças diferentes, o prazo será de 60 dias. Não importa onde


ele de fato foi emitido, mas sim o local indicado pelo emitente no momento do
preenchimento do cheque (princípio da literalidade).

Lei 7.357/85, Art. 33. O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do
dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde
houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do
País ou no exterior.

A partir do vencimento do prazo de apresentação se inicia o prazo


prescricional de 6 meses. No caso de prescrição, o banco ou instituição financeira
equiparada não poderá mais pagar o cheque. Só poderá ser cobrado via ação
monitória.

O cheque visado é aquele em que o sacado (banco) assina ou certifica no


verso garantindo a existência de fundos durante o prazo de apresentação.

113
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

O cheque administrativo é aquele emitido pelo próprio sacado (banco).


Esse tipo de cheque não poderá ser emitido ao portador. Só pode ser emitido
nominalmente.

Cheque cruzado: o valor não poderá ser pago na boca do caixa, mas
apenas depositado em conta de titularidade do beneficiário.

Art . 44 O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição


de dois traços paralelos no anverso do título.

§ 1º O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação


ou existir apenas a indicação ‘’banco’’, ou outra equivalente. O cruzamento é
especial se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco.

Art . 45 O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco
ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento
especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado,
a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado
incumbir outro da cobrança.

Sustação do cheque: a ideia é evitar o pagamento do cheque pelo banco e


isso poderá ocorrer a partir de duas diferentes modalidades:

Revogação: também chamada de contra-ordem. É ato exclusivo do


emitente, produz efeitos somente após expirado o prazo de apresentação. Ou
seja, passado o prazo, o emitente poderá solicitar ao banco a revogação,
determinando que o cheque não seja pago, já que expirado o prazo de
apresentação.

Art. 35. O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de


contraordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com
as razões motivadoras do ato.

Parágrafo único. A revogação ou contraordem só produz efeito depois de


expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar
o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei

114
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

Como é cobrado?
FGV - Analista Legislativo Municipal (CM Salvador)/Licitação, Contratos e
5
Convênios/Licitação, Contratos e Convênios/2018

Em relação à emissão e ao pagamento do cheque, analise as afirmativas a seguir.

I. Um cheque no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) emitido na cidade de Jacobina/BA, com
praça de pagamento na cidade de Andaraí/BA, deverá ser apresentado a pagamento nos 30
(trinta) dias seguintes ao de sua emissão.
II. Após a expiração do prazo de apresentação, poderá o emitente dar ao sacado contraordem de
pagamento com efeito imediato.
III. A assinatura do emitente deve ser autógrafa (de próprio punho), sendo vedada emissão de
cheque por chancela mecânica ou processo equivalente.

Está correto o que se afirma em:

A somente II;

B somente III;

C somente I e II;

D somente I e III;

E I, II e III.

Oposição: pode ser realizada tanto pelo emitente, como pelo


portador legítimo. Aqui a produção de efeitos é imediata. Se na revogação não se
exige nenhum motivo, aqui o fundamento é uma relevante razão de direito, como
o furto de uma folha de cheque.

DUPLICATA (Lei 5.474/68)

CONCEITO: é emitido pelo sacador em DESFAVOR do sacado, a fim de


documentar um crédito do primeiro em face do segundo em razão da prestação
de serviços ou compra e venda mercantil. Trata-se de título da espécie “ordem
de pagamento”.

O credor é o emitente (sacador).

O aceite na duplicada: em regra o aceite é obrigatório, podendo haver


recusa apenas nas hipóteses descritas no art. 8º da Lei 5.474/68:

Art . 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:

I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não


entregues por sua conta e risco;
115
www.gabaritojuridico.com.br
RESUMO DIREITO EMPRESARIAL

II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias,


devidamente comprovados;

III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.

Fora dessas hipóteses é dever do sacado (devedor) lançar o aceite no título.


Este pode ser ordinário, situação em que o devedor apõe assinatura no campo
próprio; por presunção, quando o devedor recebe as mercadorias sem apresentar
recusa formal; por comunicação, que ocorre por escrito quando o devedor,
apesar de não assinar no campo próprio do título, envia ao credor o seu aceite.

Execução da duplicada: no aso de não ter havido o pagamento, surge ao


credor a possibilidade de cobrar em juízo o valor devido. Essa cobrança poderá
ser feita por meio de processo de execução.

No caso de duplicata aceita, basta a instrução da inicial com a duplicata


com o aceite do devedor.

Por sua vez, se não houve o aceite ordinário, há a necessidade de instruir


o pedido com a duplicata caso tenha sido devolvida, com o instrumento do
protesto realizado e com o comprovante de entrega das mercadorias.

Obrigação do empresário que emite duplicatas: aquele que emite


duplicatas possui o dever de escriturar o Livro de Registro de Duplicatas.

GABARITO DAS QUESTÕES CITADAS:

01 A
02 D
03 B
04 A
05 A

116
www.gabaritojuridico.com.br

Você também pode gostar