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DIREITO EMPRESARIAL

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

DUAS TEORIAS: Teoria dos atos de comérico (1808- FRANÇA) e a Teoria da Empresa (1942- Itália).

TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO- Surgiu após a Revolução Francesa, burguesia tomou o poder na
França.

Separação dos poderes- Bipartição do direito privado: Direito Comercial- Código de 1808 (para os ricos
burgueses) e o Direito Civil- Código Napoleônico de 1804- para os demais cidadãos.

Os atos de comércio jamais foram conceituados, sendo que o Código Francês se limitou a listar como
sujeitos às suas positivações aqueles que atuam no comércio, na indústria, nos bancos e nos seguros.
Posições essas que não eram ocupadas por nobres, o que era o objetivo da burguesia, evitar que os
nobres fossem cobertos pelos privilégios oriundos do código.

CÓDIGO COMERCIAL BRASILEIRO – 1850- Influência francesa – Código quase que inteiramente
revogado, apenas a parte de direito comercial marítima ainda está em vigência, mas em desuso.

TEORIA DA EMPRESA: Nasce com o intuito de preencher as lacunas e corrigir os defeitos


deixados pela teoria dos atos de comércio (principal defeito: ausência de um conceito
fundamental).

Ocorreu em um momento facista- Itália 1942- Para suprir a ausência de conceito fundamental,
o CC italiano traz o conceito de empresário. (COPIADO pelo CC brasileiro)

O Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa de cuidar de determinadas


atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular
bens ou serviços, a empresarial.

CC/BRASILEIRO revogou tacitamente o Código Comercial.

ART 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

EMPRESÁRIO – 3 ESPÉCIES:

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: Pessoa física que exerce a atividade empresarial e tem


responsabilidade ilimitada pelas obrigações assumidas. O fato de a Receita Federal atribuir
CNPJ ao empresário individual não altera sua condição de pessoa física, visto que o Órgão
competente por conceder a personalidade jurídica nesse caso não o fez. A atribuição de CNPJ
pela Receita tem o mero objetivo de maior controle fiscal.

SOCIEDADE EMPRESÁRIA: Pessoa jurídica formada por sócios que podem ter
responsabilidade limitada ou ilimitada pelas obrigações assumidas. Importante ressaltar que a
pessoa jurídica não pode ser confundida com os sócios que dela fazem parte.
EIRELI- A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) é uma pessoa jurídica que
tem um único titular, único integrante que pode ser tanto uma pessoa física quanto uma
pessoa jurídica. A EIRELI foi criada para evitar a criação de sociedades fictícias (99%- 1%).

Para caracterização de empresário:

A) Profissionalismo: Habitualidade, Pessoalidade e Monopólio de informações.


Habitual- Ser habitual é exercer a atividade de acordo com a demanda exigida pelo
tipo de atividade explorada. Não se considera empresário quem exerce suas atividades
de modo esporádico, exceto se a esporadicidade decorrer da própria natureza da
atividade.
Pessoalidade- É imprescindível o exercício de uma atividade econômica em nome de
um empresário. A pessoalidade tem como consequência lógica a responsabilidade do
empresário em relação aos atos dos prepostos da empresa. Enquanto o empresário,
na condição de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os
empregados, quando produzem ou circulam bens e serviços, fazem-no em nome do
empregador. A pessoalidade demonstra que para ser empresário, o mesmo deve
contratar empregados.
Monopólio de Informações: Consiste na necessidade de o empresário ter
conhecimento acerca do consumo do produto ou serviço que oferece, tais como as
condições adequadas de uso e possíveis riscos ao consumidor. São informações que o
mesmo é obrigado a repassar aos consumidores. Porque profissional, o empresário
tem o dever de conhecer estes e outros aspectos dos bens ou serviços por ele
fornecidos, bem como o de informar amplamente os consumidores e usuários.
B) Atividade econômica com intuito lucrativo:

A possibilidade de lucro está presente em diferentes tipos de personalidade jurídica.


Entretanto, para o empresário, o lucro é o objetivo. O empresário persegue o lucro, tem
intuito lucrativo. Nem todos que possuem intuito lucrativo são empresários. Ex: Advogados.
Já existem críticas: Produção de externalidades positivas (quando uma ação produz
benefícios para terceiros .

EMPRESA

Tecnicamente, empresa é o vínculo jurídica que liga o sujeito ao objeto, por tal
motivo o código não estabeleceu
EMPRESAum conceito de empresa.
(Exemplo: A empresa não “pega fogo” ou exporta bens, o que pode acontecer
é o prédio onde as atividades são exercidas ser vítima de incêndio ou então o
empresário exportar bens).
A teoria da empresa foi formulada por Alberto Asquini, para o mesmo a
empresa possui 4 (quatro) perfis: O perfil subjetivo, o objetivo, o
funcional/abstrato e o corporativo.
O perfil subjetivo está relacionado com o sujeito da atividade econômica
relacionada, ou seja, com o empresário. O perfil objetivo está relacionado com
o objeto da atividade econômica, está relacionado com o instrumento de
trabalho utilizado pelo empresário. O perfil funcional ou abstrato está
relacionado com a empresa enquanto que o perfil corporativo está relacionado
com os prepostos dos empresários
C) Organização:
Organização é a articulação dos quatro fatores de produção – quais sejam
capital, insumos, mão de obra e tecnologia. O capital pode ser próprio ou
alheio. Insumo é a matéria prima utilizada para o exercício da atividade.
Tecnologia é o aprimoramento da técnica para atender a demanda. A mão
de obra pode ser direta (formada por aqueles que têm vínculo
empregatício) ou indireta (formada por aqueles que não têm vínculo
empregatício).

QUEM NÃO PODE SER CONSIDERADO EMPRESÁRIO?

Podem ser divididos em 4 grupos:

A) Excludentes:
São aqueles que não preenchem quaisquer dos requisitos do art.966 do Código Civil. Se
alguém presta serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não tem empregados, por
exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com intuito lucrativo e habitualidade), ele não é
empresário e o seu regime será o civil.
OBS – Através do desenvolvimento dos meios de transmissão eletrônica de dados,
estão surgindo atividades econômicas de relevo exploradas sem empresa, em que o prestador
dos serviços trabalha sozinho em casa – Fabio Ulhoa Coelho.
B) Profissional intelectual:
O profissional intelectual, a priori, não pode ser considerado empresário, conforme
parágrafo único do art. 966. Entretanto, o próprio dispositivo traz uma exceção à
consideração imposta.
Os profissionais intelectuais exploram atividades econômicas civis, não sujeitas ao Direito
Comercial. Entre eles se encontram os profissionais liberais (advogado, médico, dentista,
arquiteto etc.), os escritores e artistas de qualquer expressão (plásticos, músicos, atores etc.).

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de


natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.(ou seja,
houver organização dos fatores de produção)

Um exemplo de aplicação do parágrafo único é o médico atendendo em seu consultório, pois,


mesmo que contrate auxiliares, o referencial do negócio é o próprio médico, não configurando
assim a atividade empresarial. Entretanto o mesmo não seria aplicável se o referencial passar a
ser a empresa/organização em si, ou seja, se o paciente buscasse um hospital → Exceção da
parte final do dispositivo legal.

Se o referencial é o profissional, independentemente do tamanho da organização, a


atividade não será considerada empresarial.

Exemplo: Uma clínica focada na imagem da clínica em si, em que os lucros são divididos entre os
médicos, configura uma atividade empresarial, entretanto, uma clínica em que o referencial se divide
entre os médicos não configura atividade empresarial. Na primeira situação se um médico sair os
pacientes permanecem, na segunda hipótese se um médico sair os pacientes o seguem.
Quanto aos advogados, por mais que o estatuto da OAB tente coibir a mercantilização da
profissão, ou seja, evitar que a concorrência tenha sua base no preço e não na qualidade
(teoria),(todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente), é sim possível que um
escritório de advocacia possua natureza empresarial (prática). Em suma, não pode um
escritório de advocacia, em tese, caracterizar atividade empresarial, mas é uma situação
frequentemente vista no nosso cotidiano.

C) Atividade rural
Quem exerce atividade rural tem sua natureza jurídica determinada pelo LUGAR DO
REGISTRO. Diferentemente das situações analisadas anteriormente, em que o registro é uma
mera formalidade acerca de uma situação consolidada, ou seja, meramente declaratório e não
fundamental na caracterização de sua natureza jurídica, podendo existir empresário irregular,
sem o devido registro. Entretanto, para quem exerce atividade rural o registro passa a ter
caráter constitutivo, visto que, para quem exerce atividade rural pouco importa a organização
de acordo com o art. 966 do Código Civil. Em suma, se aquele que exerce atividade rural
efetuar registro na Junta Comercial, (agronegócio) estaremos diante de uma atividade
empresarial, se for realizado no RCPJ (Registro civil das pessoas jurídicas) estaremos diante de
uma atividade de natureza civil (negócios rurais familiares). É irrelevante o atendimento ou
não aos requisitos do art. 966.

Art. 971. O empresário, CUJA ATIVIDADE RURAL CONSTITUA SUA PRINCIPAL


PROFISSÃO, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos,
requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que,
depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

D) Cooperativas – São sem fins lucrativos.


As cooperativas serão sempre sociedades simples, por expressa determinação legal, pouco
importa a organização ou o lugar do registro, visto que necessita realizar seu registro na
Junta Comercial (o que é objeto de crítica). Desta forma, nunca serão sociedades
empresárias. Assim dispõe o parágrafo único do art. 982 do Código Civil brasileiro.

“Desde o tempo em que a delimitação do objeto do Direito Comercial era feita pela teoria dos atos de
comércio, há duas exceções a assinalar no contexto do critério identificador desse ramo jurídico. De um
lado, a sociedade por ações, que será sempre comercial, independentemente da atividade que explora
(LSA, art. 2º, § 2º; CC, art. 982). De outro, as cooperativas, que são sempre sociedades simples,
independentemente da atividade que exploram (art. 982). ” – FABIO ULHOA COELHO.

As cooperativas, normalmente, dedicam-se às mesmas atividades dos empresários e


costumam atender aos requisitos legais de caracterização destes (profissionalismo, atividade
econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços), mas, por expressa disposição do
legislador, que data de 1971, não se submetem ao regime jurídico-empresarial. Quer dizer,
não estão sujeitas à falência e não podem requerer a recuperação judicial. Sua disciplina
legal específica encontra-se na Lei n. 5.764/71 e nos arts. 1.093 a 1.096 do CC, e seu estudo
cabe ao Direito Civil.
Art. 982 - Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária
a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
OBS – Também por expressa determinação legal, as sociedades por ações (sociedade anônima e
sociedade em comandita por ações) serão sempre consideradas sociedades empresárias.

VEDAÇÕES AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL- QUEM NÃO


PODE SER EMPRESÁRIO?

Incapacidade- Uma proteção ao indivíduo que não tem o necessário discernimento para
os atos da vida civil, ou seja, busca proteger o indivíduo dos perigos da sociedade.

São eles: O absolutamente incapaz (protegido pelo instituto da representação) o relativamente


incapaz (protegido pelo instituto da assistência) e os protegidos pela curatela. O emancipado é
plenamente capaz.

O incapaz pode exercer a atividade empresarial?

O incapaz pode ser empresário individual, desde que continue uma atividade iniciada por
ele quando capaz ou que tenha sido objeto de herança.

O incapaz não pode nunca começar uma atividade quando incapaz. Entretanto, para
continuar a atividade será necessária uma autorização judicial constante de alvará, em que
serão listados pelo juiz os bens particulares do incapaz ao tempo da sucessão, que estarão
protegidos do eventual insucesso do negócio (credores poderão invadir o patrimônio
profissional, mas não os bens particulares), salvo se o bem for utilizado na atividade,
situação em que perderá sua proteção.

Ele obviamente estará sendo revestido pelo instituto da representação, assistência ou


curatela, e, caso o representante, assistente ou curador sejam impedidos de exercer
atividade empresarial, o juiz nomeará um gerente.

Quanto à possibilidade de o incapaz ser sócio de uma empresa ou integrante único de


uma EIRELI, o incapaz pode o fazê-lo desde o início das atividades (iniciar a empresa-
constituir sociedade), desde que atenda aos requisitos do §3º do art. 974 do Código Civil,
que são:
a) O incapaz deve estar representado, assistido ou curatelado;
b) O incapaz não poderá ser o administrador da sociedade (no caso da EIRELI,
será necessária a indicação de um administrador interno – que pode ser um terceiro, desde
que não seja o assistente/representante/curador).
c) O capital social deve estar devidamente integralizado, (quanto precisaria para
constituir sociedade, para que se tenha um capital próprio), posto que existe uma relação
entre o capital social despendido e a responsabilidade dos sócios. Se o capital social não
estiver integralizado, os outros sócios podem ser chamados para responder pela parte não
integralizada, o que envolve o incapaz, por isso a exigência legal.

Obs: Se o capital social é 1000 reais, significa que subscreveu 1000 reais.

Pode integralizar tanto dinheiro quanto serviço.


Capital social é a contribuição inicial dos sócios para a formação e desenvolvimento
da sociedade.

§ 3o. O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá
registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz,
desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos:
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser
representado por seus representantes legais.

PROIBIÇÕES AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

Esse instituto visa à proteção da coletividade contra indivíduo que já se mostrou nocivo ou
potencialmente nocivo.

Quem está proibido de exercer a atividade empresarial?

a) O falido enquanto não reabilitado, pois é aquele que já exerceu, mas sem sucesso, a
atividade empresarial. Essa proibição dura até a reabilitação do falido. A reabilitação
ocorre com a extinção das obrigações do falido, ou seja, com o trânsito em julgado da
decisão que declara a extinção das obrigações do falido – Extintas as obrigações penais
e civis, desde que reconhecidas pelo juiz em sentença, após o trânsito em julgado
poderá o falido novamente exercer atividade empresarial;

b) O condenado por crime incompatível com o exercício da empresa. São os tipos


penais impulsionados pela prática da atividade empresarial (os crimes contra a ordem
econômica, por exemplo). A proibição se encerra junto com a extinção da punibilidade;

c) O leiloeiro, pois é um agente auxiliar do empresário, e, portanto, possuirá informações


privilegiadas, o que o impede de exercer a atividade empresarial;

d) O devedor de tributos, impostos e contribuições previdenciárias. Esse


impedimento se refere à abertura de novos negócios, obviamente a atividade que gerou
a dívida poderá ser continuada por ele;

e) O estrangeiro. Esta restrição somente se aplica a algumas atividades que atraem o


interesse nacional e que repercutem em algumas questões de segurança nacional
(Exemplo: Aviação Civil e Comercial – O estrangeiro não pode ter participação
superior a 20% em empresas desse ramo). O art. 222 da CF afirma também que os
estrangeiros não podem ter participação superior a 30% em empresas jornalísticas e de
radiodifusão, bem como não podem exercer cargos de direção ou coordenar a
programação – não aplicada aos brasileiros naturalizados há mais de 10 anos.

f) O funcionário público. Regime único dos servidores públicos federais – Não podem
ser empresários individuais e também não podem ser sócios administradores de
sociedade. Em regra, o servidor público federal só pode ser sócio investidor. Essa
restrição foi mitigada por uma MP de julho de 2017 que previu que o funcionário que
solicitar redução da carga horária não sofrerá essa restrição. No que tange ao estado da
Bahia, os servidores públicos do estado podem exercer a atividade empresarial sem
limitações.
Importante - O proibido de exercer atividade empresarial que ignora a proibição e
exerce a atividade empresarial não poderá alegar a proibição como escusa ao
cumprimento de suas obrigações.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de


empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

ESTABELECIMENTO:

Apesar de muitos acharem que o Estabelecimento Empresarial é o local onde a atividade é


desenvolvido, esse conceito é equivocado, o lugar de exercício das atividades é chamado de
ponto empresarial. Já o termo ESTABELECIMENTO COMERCIAL refere-se ao
conjunto de bens materiais e imateriais do empresário destinados ao exercício da atividade
econômica organizada. É a parcela do patrimônio destinada ao exercício da atividade
econômica organizada. Desta forma, é impossível que o estabelecimento empresarial seja
maior que o patrimônio.

Esse complexo de bens não precisa, necessariamente, pertencer ao empresário, que


pode eventualmente locar bens. O essencial é que esse complexo de bens seja organizado
pelo empresário para o exercício da empresa. A organização do empresário para uma
finalidade comum é que vai dar ao complexo de bens a natureza de um estabelecimento.

Seu valor é o valor dos bens que o compõe somados com o valor do aviamento

O aviamento é o valor agregado ao estabelecimento empresarial em razão de sua organização,


em outras palavras, aviamento é a aptidão da empresa para produzir lucros, decorrente da
qualidade de sua organização.

PONTO COMERCIAL

O Ponto Empresarial é o lugar onde a atividade empresarial é exercida. É o imóvel utilizado


para o exercício da atividade econômica organizada. A localização na atividade empresária é
de suma importância, posto que cria uma vinculação entre o local e a atividade
prestada.
“Em muitos casos, a localização do exercício da empresa se mostra fundamental para o
sucesso da empresa. Na maioria dos casos, a clientela do empresário surge e aumenta em
função especificamente do local onde se exerce a atividade.
Tal localização também pode ser atrativa para os próprios fornecedores, especialmente no
caso das atividades industriais. Uma loja de roupas, situada num centro comercial de grande
movimento, tem expectativas maiores de lucros, em função do local em que está situada. Do
mesmo modo, os restaurantes em centros empresariais, aeroportos. Outro exemplo que pode
ser dado, embora um tanto mórbido, é o caso da localização de funerárias próximas a
hospitais. ” - TOMAZETTE

Como todo imóvel, o ponto empresarial, ou seja, o imóvel utilizado para o exercício da
atividade econômica organizada, pode ser de propriedade do empresário ou alugado.
OBS - Na hipótese em que o imóvel não é de propriedade do empresário, ou seja, em que
há um contrato de locação empresarial, as situações decorrentes da locação serão regidas
pela Lei de Locação (Lei 8.245/1991).

Locação Empresarial: Locação empresarial é aquela que o locatário é empresário e o


imóvel é utilizado no exercício da atividade econômica organizada. A lei concede um
tratamento diferenciado à locação empresarial que se estende às outras hipóteses de locações
não residenciais.

Direito de Inerência ao Ponto – Direito do locatário de renovar o contrato de


locação mesmo que o locador não queira. Renovação forçada/compulsória, existe para
proteger o locatário e a empresa, considerando o papel importante do ponto empresarial
para a sucesso da empresa. No caso de o imóvel ser de propriedade do empresário, a
proteção se dá com base no direito de propriedade.

“Quando o imóvel pertence ao empresário, a proteção do ponto decorre da proteção da


propriedade do imóvel. Mesmo nos casos de locação do imóvel, o ponto empresarial é
protegido como um elemento integrante do estabelecimento, assegurando-se ao
empresário o direito de renovação da locação, atendidas determinadas hipóteses legais, e
a indenização no caso de não renovação. Ressalte-se que no caso de locação não há uma
dupla propriedade sobre o imóvel, o que há é um direito pessoal do locatário em face do
proprietário. ” – TOMAZETTE

REQUISITOS DA RENOVAÇÃO COMPULSÓRIA

São três os requisitos que servem de fundamentação para a renovação forçada/compulsória


de contrato de locação:
i i. Contrato escrito e com prazo determinado;

ii ii. Ter o locatário, pelo menos, cinco anos ININTERRUPTOS de contrato


ou contratos, inclusive com diferentes titulares, desde que entre eles se tenha
mantido o vínculo jurídico, inter vivos ou mortis causa; ou seja, poderá o filho
aproveitar o tempo contratual do pai falecido;
OBS 01 – O requisito não é estar no imóvel há mais de 05 anos, e sim ter esse tempo de
contrato, ou seja, se hoje firmo um contrato de locação comercial com prazo de 06 anos, o
requisito está cumprido.
OBS 02 – Muitos locadores produzem um contrato com prazo inferior a 05 anos, visando
impedir que o locatário obtenha o direito de inerência ao ponto, posto que o mesmo pode
ter um comportamento péssimo ou que, mesmo não tendo, passe a ter após a renovação.
iii OBS 03 – Os Tribunais vêm entendendo que uma interrupção formal do contrato,
para renovação do contrato, tendo como consequência a fraude ao direito de inerência ao
ponto do locatário, os cinco anos não mais precisam ser ininterruptos. Assim, se um
contrato for firmado por 04 anos e ao seu fim o locador “enrolar” para renovar por 30, 60,
90, 180 dias, tal comportamento não obstará o direito de inerência ao ponto do locatário.

i iii. Ter o locatário, pelo menos, 03 (três) anos ININTERRUPTOS, de


efetivo exercício da mesma atividade quando da propositura da ação renovatória.
OBS 01 – O prazo para propositura da ação renovatória começa quando restar 01 ano para
o fim do contrato e termina quando restar 06 meses para o fim do contrato. Trata-se de
prazo decadencial: não suspende, não interrompe e não se prorroga.
OBS 02 – A renovação será determinada por igual período. Ocorre que o termo “igual
período” gerou diversas divergências doutrinárias. Qual seria seu significado? Tempo do
último contrato? Tempo total de permanência? Os tribunais vêm entendendo que “igual
período” equivale ao prazo legal, qual seja 05 (cinco) anos.

DIREITO DE PREFERÊNCIA:

Obrigado por contrato, o locatário oferecer ao locatário antes de colocar no


mercado, nas mesmas condições. Se for vendido por um valor mais baixo a um
terceiro, o locatário pode depositar todo o dinheiro (ou nas mesmas condições) e
pegar o imóvel para ele – Tem preferencia, consegue mudar a titularidade- Não
precisa ser clausula no contrato.

Cláusula de vigência: “Quem comprar precisa me manter no imóvel”. Mas não é o


suficiente, todo imóvel precisa ser registrado no registro de imóveis, averbando na
matrícula do imóvel. Obs: escritura pública não transfere imóvel.

Se A e B são locador e locatário e B vende a C, A pode ajuízar uma ação de renovação


compulsória também contra C. Por causa da clausula de vigência e do registro no cartório.

A e B- Relação obrigacional

B e C- Real

ATOS DE REGISTRO

Registro: É dever do empresário, realizar a correta inscrição da sua empresa, evento que
servirá para comunicar ao Estado o início da atividade empresarial.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

As Juntas Comerciais possuem dupla subordinação: Estão subordinadas, tecnicamente, ao


DREI, e, administrativamente, ao Governo Estadual.

Atos de registro:

a) Matrícula: Ato de registro dos auxiliares do empresário, ou seja, é o nome do ato de


inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e
administradores de armazéns-gerais. Trata-se de profissionais que desenvolvem
atividades paracomerciais. Os dois primeiros, além de matriculados, são também
habilitados e nomeados pela Junta, enquanto os três últimos são apenas matriculados.

b) Arquivamento: É o ato de registro do empresário individual e ato de constituição,


alteração e dissolução da Sociedade Empresária e da EIRELI. O prazo para
arquivamento é de 30 dias, desta forma, após a assinatura do contrato o arquivamento
deve ser requerido em até 30 dias e produzirá efeitos ex tunc, ou seja, retroativos, e vai
convalidar todos os atos anteriormente praticados. O arquivamento requerido fora
do prazo não convalidará atos anteriormente praticados, produzirá efeitos apenas
ex nunc.

c) Autenticação: Está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que são os


livros comerciais e as fichas escriturais. É ato que possui duas funções – a de
veracidade, visto que reveste a cópia do documento com fé pública e a função de
regularidade, pois é requisito para inúmeros documentos empresariais, visando
impossibilitar a alteração e substituição de documentos.
DIREITO EMPRESARIAL
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

DUAS TEORIAS: Teoria dos atos de comérico (1808- FRANÇA) e a Teoria da Empresa (1942- Itália).

TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO- Surgiu após a Revolução Francesa, burguesia tomou o poder na
França.

Separação dos poderes- Bipartição do direito privado: Direito Comercial- Código de 1808 (para os ricos
burgueses) e o Direito Civil- Código Napoleônico de 1804- para os demais cidadãos.

Os atos de comércio jamais foram conceituados, sendo que o Código Francês se limitou a listar como
sujeitos às suas positivações aqueles que atuam no comércio, na indústria, nos bancos e nos seguros.
Posições essas que não eram ocupadas por nobres, o que era o objetivo da burguesia, evitar que os
nobres fossem cobertos pelos privilégios oriundos do código.

CÓDIGO COMERCIAL BRASILEIRO – 1850- Influência francesa – Código quase que inteiramente
revogado, apenas a parte de direito comercial marítima ainda está em vigência, mas em desuso.

TEORIA DA EMPRESA: Nasce com o intuito de preencher as lacunas e corrigir os defeitos


deixados pela teoria dos atos de comércio (principal defeito: ausência de um conceito
fundamental).

Ocorreu em um momento facista- Itália 1942- Para suprir a ausência de conceito fundamental,
o CC italiano traz o conceito de empresário. (COPIADO pelo CC brasileiro)

O Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa de cuidar de determinadas


atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular
bens ou serviços, a empresarial.
CC/BRASILEIRO revogou tacitamente o Código Comercial.

ART 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

EMPRESÁRIO – 3 ESPÉCIES:

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: Pessoa física que exerce a atividade empresarial e tem


responsabilidade ilimitada pelas obrigações assumidas. O fato de a Receita Federal atribuir
CNPJ ao empresário individual não altera sua condição de pessoa física, visto que o Órgão
competente por conceder a personalidade jurídica nesse caso não o fez. A atribuição de CNPJ
pela Receita tem o mero objetivo de maior controle fiscal.

SOCIEDADE EMPRESÁRIA: Pessoa jurídica formada por sócios que podem ter
responsabilidade limitada ou ilimitada pelas obrigações assumidas. Importante ressaltar que a
pessoa jurídica não pode ser confundida com os sócios que dela fazem parte.

EIRELI- A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) é uma pessoa jurídica que
tem um único titular, único integrante que pode ser tanto uma pessoa física quanto uma
pessoa jurídica. A EIRELI foi criada para evitar a criação de sociedades fictícias (99%- 1%).

Para caracterização de empresário:

D) Profissionalismo: Habitualidade, Pessoalidade e Monopólio de informações.


Habitual- Ser habitual é exercer a atividade de acordo com a demanda exigida pelo
tipo de atividade explorada. Não se considera empresário quem exerce suas atividades
de modo esporádico, exceto se a esporadicidade decorrer da própria natureza da
atividade.
Pessoalidade- É imprescindível o exercício de uma atividade econômica em nome de
um empresário. A pessoalidade tem como consequência lógica a responsabilidade do
empresário em relação aos atos dos prepostos da empresa. Enquanto o empresário,
na condição de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os
empregados, quando produzem ou circulam bens e serviços, fazem-no em nome do
empregador. A pessoalidade demonstra que para ser empresário, o mesmo deve
contratar empregados.
Monopólio de Informações: Consiste na necessidade de o empresário ter
conhecimento acerca do consumo do produto ou serviço que oferece, tais como as
condições adequadas de uso e possíveis riscos ao consumidor. São informações que o
mesmo é obrigado a repassar aos consumidores. Porque profissional, o empresário
tem o dever de conhecer estes e outros aspectos dos bens ou serviços por ele
fornecidos, bem como o de informar amplamente os consumidores e usuários.
B) Atividade econômica com intuito lucrativo:

A possibilidade de lucro está presente em diferentes tipos de personalidade jurídica.


Entretanto, para o empresário, o lucro é o objetivo. O empresário persegue o lucro, tem
intuito lucrativo. Nem todos que possuem intuito lucrativo são empresários. Ex: Advogados.

EMPRESA
EMPRESA

Tecnicamente, empresa é o vínculo jurídica que liga o sujeito ao objeto, por tal
motivo o código não estabeleceu um conceito de empresa.
(Exemplo: A empresa não “pega fogo” ou exporta bens, o que pode acontecer
é o prédio onde as atividades são exercidas ser vítima de incêndio ou então o

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