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DIREITO EMPRESARIAL
PROFESSOR: JOÃO PAULO LIMA CAVALCANTI
3. EMPRESÁRIO
Não se fala mais em comerciante como sendo aquele que habitualmente pratica atos
de comércio. Fala-se, agora, em empresário, que é aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens e serviços.
OBS. Pessoa jurídica é nomenclatura utilizada no Direito para designar uma entidade
que pode ser detentora de direitos e obrigações e à qual se atribui personalidade
jurídica.
Empresa é, portanto, atividade, algo abstrato. Empresário, por sua vez, é quem exerce
empresa. Assim, a empresa não é sujeito de direitos.
EMPRESÁRIO/ EMPRESA
SOCIEDADE EMPRESÁRIA
Sujeito de direito que pratica a atividade Atividade econômica organizada
de empresa
Exemplo: a empresa está pegando fogo; a empresa foi reformada. Termo empregado
erroneamente. Quem pega fogo ou é reformada não é a empresa, que é uma atividade
econômica, mas o estabelecimento comercial.
O nome empresarial possui duas funções relevantes, uma de ordem subjetiva e outra
de ordem objetiva. Subjetiva: individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente
da atividade empresarial. Objetiva: de lhe garantir reconhecimento, fama, renome etc.
Marca: é sinal distintivo que identifica produtos ou serviços do empresário (art. 122 da
Lei 9.279/1996). Sua disciplina é tratada no âmbito da propriedade industrial.
FIRMA: só pode ter por base o nome civil, do empresário individual ou dos sócios da
sociedade empresária de pessoas (de responsabilidade ilimitada). Sempre conterá um
ou mais nomes civis (de pessoa natural/física). Pode vir com ou sem referencia a
atividade econômica. Serve como assinatura e pode ser social ou individual.
Exemplo: Antônio Silva Pereira é empresário individual. A firma pode ser: Silva
Pereira, Livros Técnicos ou simplesmente Silva Pereira.
DENOMINAÇÃO: deve designar o objeto da empresa e pode adotar o nome civil (de
pessoa natural/física) ou outra expressão lingüística. Atentar para a necessidade de
referência ao ramo da atividade econômica. É usada em regra pelas sociedades em
De acordo com o tipo societário utilizado pela sociedade empresária (LTDA, AS, N/C,
C/A etc) o nome empresarial usado variará conforme a espécie e até mesmo conforme
a estrutura da sociedade constituída. O tema será melhor abordado no assunto
sociedade empresárias. Por hora um pequeno resumo:
Firma:
Empresário Individual
Sociedade em Nome Coletivo
Sociedade em Comandita Simples
Denominação:
Sociedade Anônima
Firma ou Denominação:
Sociedade Limitada
Sociedade em Comandita por Ações
Por obediência ao princípio da veracidade, pode ser que em alguns casos seja
obrigatória a alteração do nome empresarial. Exemplos: quando se provar, após o
registro, a coexistência do nome registrado com outro já constante da Junta
Comercial; quando ocorrer a morte ou a saída de sócio cujo nome conste na firma da
sociedade; quando houver transformação, incorporação, fusão ou cisão da sociedade.
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição
do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.
Exemplo de caso apreciado pelo DNRC: já decidiu que não há colidência entre as
denominações sociais Logística Ambiental de São Paulo S.A. – LOGA e LOGAJ
Transportes e Logística LTDA., por não serem essas expressões iguais nem
semelhantes, já que não são homógrafas (mesma grafia), nem homófonas (mesma
pronúncia).
Exemplo: decidiu que o uso de expressões originárias dos nomes dos sócios, de forma
completa ou abreviada, sendo permitido por lei, não pode ensejar a colidência entre
nomes empresariais. Portanto entendeu o DNRC que podiam coexistir normalmente
os nomes empresariais Supermercados Bergamini LTDA. E Bergamini Comércio
Virtual LTDA., já que a expressão Bergamini não pode ser objeto da alegada
colidência.
Indústria:
Comércio e Serviços
Obs.: - O presente critério não possui fundamentação legal, para fins legais, vale o
previsto na legislação do Simples (Lei 123 de 15 de dezembro de 2006).
(fonte; SEBRAE)
Exemplo: uma fábrica com toda sua aparelhagem possui maior valor comercial que o
preço de suas máquinas e prédio vendidos separadamente.
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Bens Corpóreos Mercadorias
Instalações
Veículos
Etc
As teorias adotadas pela doutrina são oriundas de Oscar Barreto Filho, chamadas de
Teorias Universalistas.
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a
renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
(requisito formal – contrato escrito)
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo
mínimo e ininterrupto de três anos. (requisito material)
Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de Processo
Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com:
III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo
pagamento lhe incumbia;
VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título
oponível ao proprietário.
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que
importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal
natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade;
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de
comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o
locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.
Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber,
ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte:
O art. 1143, CC, aduz que o estabelecimento pode ser negociado como um todo
unitário (universalidade de fato):
Pela leitura do art. 1.144, CC verifica-se que a condição de eficácia perante terceiros
dá-se com o registro do contrato de trespasse na Junta Comercial e sua posterior
publicação:
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de
todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em
trinta dias a partir de sua notificação.
Contudo, parte da doutrina entende não estar o contrato de locação aí abarcado por
tratar-se de contrato de caráter pessoal (intuitu personae). A recomendação a cerca do
assunto é de que se comunique ao locador sobre o trespasse e se obtenha dele
concordância prévia, a fim de evitar inconvenientes.
Devem ser inclusos nesse raciocínio os contratos de prestação de serviços, tal como o
firmado com advogado ou contabilista, já que, em ambos os casos, os contratos
possuem caráter pessoal, não se transmitindo automaticamente com o trespasse.
Por último, verifica-se que o adquirente, ao mesmo tempo em que adquire as dívidas
contabilizadas do alienante (art. 1.146, CC), obtêm, igualmente, todo o ativo
contabilizado (art. 1.044, CC)..
Art. 191. Reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão,
armas, brasões ou distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais,
sem a necessária autorização, no todo ou em parte, em marca, título de
estabelecimento, nome comercial, insígnia ou sinal de propaganda, ou usar essas
reproduções ou imitações com fins econômicos.
Conforme leciona Fábio Ulhôa Coelho, "a proteção do título de estabelecimento se faz,
atualmente, por regras de responsabilidade civil e penal, na medida em que
caracteriza concorrência desleal (Lei de Propriedade Industrial, arts. 195, inciso V, e
209). O empresário que imitar ou utilizar o título de estabelecimento que outro havia
adotado anteriormente deve indenizar este último pelo desvio eficaz de clientela".
Nome de domínio: é o endereço eletrônico dos sites dos empresários na internet. Hoje
é muito utilizado em virtude do desenvolvimento do chamado comércio eletrônico (e-
commerce). Ressalta-se que, segundo o enunciado 7 da I jornada de Direito Comercial
do CJF, o nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem
incorpóreo para todos os fins do direito.
Uma regra importante diz respeito à proibição dos prepostos de fazerem concorrência
com o empresário (art. 1.170, CC). Tal hipótese pode ainda configurar concorrência
desleal (art. 195 da Lei de Propriedade Industrial – Lei 9.279/1996).
Quando os atos contábeis forem praticados pelo preposto nos estabelecimentos dos
preponentes, quem ficará responsável pelas conseqüências relativas à empresa será
o próprio preponente, quando forem realizados fora de seu estabelecimento, ou seja,
no escritório particular do preposto, este será responsável pelas conseqüências.
O novo código civil enquadrou o contador e o técnico em contabilidade, que nas suas
relações com seus clientes ou como empregado, são considerados prepostos, ficando
assim, submetidos às determinações expressas do código e da legislação
extravagante. O código trata a palavra contabilista em substituição a contador (inclui-
se no art. o técnico em contabilidade). O preposto fica solidariamente responsável ao
preponente, perante terceiros, quando pratica um ato doloso, risco de dano assumido,
de forma intencional.
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer
dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver
procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.
ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO
A doutrina aponta que, atualmente, o único livro obrigatório comum a todo e qualquer
empresário é o livro diário que pode ser substituído por fichas no caso de adotada
escrituração mecanizada ou eletrônica:
Art. 1.180, CC. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário,
que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou
eletrônica.
Sendo o Diário o único livro obrigatório comum, são facultativos: os livros Caixa, no
qual se controlam as entradas e saídas de dinheiro; o livro Estoque, Razão, que
Outros livros também poderão ser exigidos do empresário, por força de legislação
fiscal, trabalhista ou previdenciária. Todavia, eles não podem ser considerados livros
empresariais. Só recebem essa qualificação os livros que o empresário escritura em
razão do disposto na legislação empresarial.
Alguns livros específicos, porém, são exigidos a certos empresários. É o caso, por
exemplo, do livro de Registro de Duplicatas, exigido dos empresários que trabalhem
com a emissão de duplicatas mercantis. É o caso, igualmente, das sociedades
anônimas, que são obrigadas pela Lei 6.404/1976. A escriturar uma série de livros
específicos, como o livro de Registros de transferência de ações nominadas, o livro de
Registro da atas de assembléia, entre ouros (art. 100, Lei 6.404/1976).
Fora esses livros obrigatórios, o empresário poderá escriturar outros, a seu critério
(art. 1.179, §1º, CC).
SIGILO PROFISSIONAL
O sigilo que protege os livros empresariais também pode ser “quebrado! Por ordem
judicial. A exibição dos livros empresariais, em obediência à ordem judicial pode ser
total ou parcial, havendo tratamento distinto para ambos os casos.
Art. 1.191, CC. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de
escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão,
comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso
de falência.
I - na liquidação de sociedade;
Conclui-se, pela interpretação harmônica dos dois dispositivos que a exibição integral
dos livros só pode ser determinada a requerimento da parte e somente nos casos
expressamente previstos em lei. (liquidação, sucessão por morte de sócio,
administração ou gestão à conta de outrem, falência ou outros casos previstos em lei).
No caso de S/A, sua lei específica (Lei 6.404/1976), em seu art. 105 um caso
particular:
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada
judicialmente sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo
menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da
lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas
por qualquer dos órgãos da companhia.
Art. 382, CPC. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros
e documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como
reproduções autenticadas.
A conjugação desses dois dispositivos leva a conclusão que a exibição parcial dos
livros empresariais pode ser determinada pelo juiz, a requerimento ou até de ofício, em
qualquer processo. Essa exibição parcial não atinge os livros que não são obrigatórios,
por sua existência não ser presumida. Contudo, se o requerente conseguir provar a
existência desse livro não obrigatório e que ele representa-se indispensável para a
prova de determinado fato, a exibição poderá se determinada.
Os livros empresariais são documentos que possuem força probatória, sendo, muitas
vezes, fundamentais para a solução de determinado litígio. No exame de livros pode-
se verificar a existência de relações contratuais, o seu respectivo adimplemento ou
inadimplemento, uma fraude contábil, entre outras coisas. Por essa razão que a lei
determina que devem os livros comerciais serem guardados até ocorrer prescrição ou
decadência no tocante aos atos nele designados (art. 1.194, CC)
Art. 378, CPC. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao
comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que
os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 379, CPC. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei,
provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.
8. LIVROS COMERCIAIS
Os empresários estão sujeitos a algumas obrigações que são comuns a todos tais
como:
O fato da não escrituração das obrigações citadas acima, não exclui o empresário do
regime jurídico-empresarial, contudo estas não observâncias importam outras
conseqüências, que embora não tenham o condão de punir, mas o de estimular o
comprimento destas obrigações, impedindo, por exemplo, que o empresário usufrua
de benefícios como o de pedir falência ou entrar em licitações.
Não quer dizer que tais conseqüências não tenham o caráter punitivo, já que em
certos casos a não escrituração é considerada crime (irregularidade na escrituração,
no caso de falência fraudulenta, por exemplo).
Já os facultativos são os livros que tem para o empresário uma função de controle de
seus negócios e de que a sua falta não importa nenhuma sanção. São facultativos ou
auxiliares: o razão, caixa, contas/corrente, o Borrador e o Copiador de cartas/faturas.
8. FREGUESIA E CLIENTELA
Isso significa que o conceito de empresário previsto no art. 966, CC não é tão
abrangente assim, já que não engloba toda atividade econômica organizada. Assim,
existem agentes que mesmo praticando atividade econômica remunerada não são
considerados empresários pelo legislador.
2. AS SOCIEDADES SIMPLES
A sociedade simples pode ser organizada de várias formas, conforme preceitua o art.
983, CC:
Contudo, frisa-se que esse rol não é exaustivo, conforme Enunciado 214, CNJ: “Arts.
997 e 1054: As indicações contidas no art. 997 não são exaustivas, aplicando-se
outras exigências contidas na legislação pertinente para fins de registro.”.
Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá
requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do
local de sua sede.
Enunciado 213, CNJ – Art. 997: O art. 997, inc. II, não exclui a possibilidade de
sociedade simples utilizar firma ou razão social.
Exemplo: sociedade formada por médicos para a prestação de serviços médicos; por
professores para a prestação de serviços de ensino; por engenheiros, para a
prestação de serviços de engenharia.
3. EMPRESÁRIO RURAL.
Logo, se aquele que exerce atividade econômica rural e não se registrar na Junta, não
será considerado empresário para os efeitos legais (por exemplo, não se submeterá
ao regime jurídico da Lei 11.101/2005, que trata da falência e da recuperação judicial).
Em contrapartida, se optar por se registrar, será considerado empresário para todos os
efeitos legais.
Art. 971, CC. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos,
requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao
empresário sujeito a registro.
Deve-se acrescentar que pode configurar sociedade simples, cujo objeto constitui o
exercício de atividade econômica rural, desde que seus sócios optem pelo registro do
Cartórios de pessoas jurídicas e não na Junta Comercial.
A cooperativa pode ser dirigida e controlada pelos próprios associados, que participam
do planejamento e obtém vantagens na obtenção de crédito, com menor custo
operacional em relação aos bancos.