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Direito Empresarial – Thiago Carapetcov

Aula 2 | Direito de empresa

SUMÁRIO
1. APONTAMENTOS SOBRE A PARTE GERAL .................................................... 2
1.1 CONCEITOS BASILARES ..................................................................................... 2
1.1.1 CONCEITO DE EMPRESA ................................................................................. 2
1.1.2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO ......................................................................... 3

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Aula 2 | Direito de empresa

1. APONTAMENTOS SOBRE A PARTE GERAL


O que aprendemos no bloco passado foi aplicarmos as regras do Direito Empresarial toda
vez que verificarmos o conceito de empresa. O problema é saber o que é empresa, o que nos
leva ao tópico: conceito basilares do Direito Empresarial.

1.1 CONCEITOS BASILARES


A parte geral da matéria, está sustentada sobre um tripé, o conceito de empresa,
empresário e estabelecimento. Vamos compreender o conceito de cada um dos pilares, sendo
que o pilar de estabelecimento será visto em outra aula, mas é importantíssimo, porque é muito
cobrado em prova.

1.1.1 CONCEITO DE EMPRESA


É muito difícil conceituar empresa, porque significa algo no Brasil, mas na Rússia, na
China, Cuba e nos EUA é algo diferente. Seria mais fácil a conceituação se nos pautássemos
no conceito jurídico? Não. O conceito de empresa no Direito Empresarial é diferente para o
Direito do Trabalho, Direito Previdenciário.

 O que é Empresa para o Direito Empresarial?


Tecnicamente, não se pode ir a uma empresa, mas a uma loja. Buscando o conceito na
lei, não o encontrará diretamente, mas apenas indiretamente, por meio do artigo 966 do Código
Civil, que explica o segundo pilar, isto é, o conceito de empresário.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para
a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.
Justamente por isso, é muito difícil conceituar empresa, que significa atividade
econômica complexa, estruturada e organizada. Empresa é a atividade econômica organizada.
A empresa é algo abstrato, algo que não se pode tocar, porque empresa é a atividade
econômica complexa e estruturada ou organizada. Se a empresa não for uma atividade
econômica, complexa e organizada, será matéria de Direito Civil.
Além disso, a atividade precisa ser econômica, isto é, buscar ao lucro, como a venda de
livros, venda de refeições, venda de remédios, etc. A atividade econômica precisa ter uma
estrutura, porque se for simplória é regulada pelo Direito Civil.
A empresa é a atividade, algo abstrato, como venda de livros, refeições, etc. Não há como
ir na venda de refeições, de livros, de ar condicionado, entre outros. Empresa é atividade
econômica, sistemática, estruturada, organizada e complexa. Esse é o conceito, toda vez que se
aplica o conceito, se trata do Direito Empresarial.
O curso ênfase exerce atividade de empresa, que é a venda dos cursos. O curso ênfase
não é a empresa, é empresário.

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O professor quer semear no nosso pensamento uma crítica que veremos daqui a 3 (três)
aulas. Existem 3 (três) empresários no Brasil: a) empresário individual; b) sociedades; e c)
EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada).
O professor participou do projeto da EIRELI, mas foi contrário, sendo até expulso de duas
reuniões. A EIRELI se chama empresa individual de responsabilidade limitada, mas não
poderia ser usado a expressão empresa.
Ora, se a empresa é a atividade, ela não tem como possuir responsabilidade, porque
empresa é a atividade, a venda de livros tem responsabilidade limitada? Onde ela mora? Onde
estão seus bens? Ela não possui nada disso, a empresa é algo abstrato, não tem endereço ou
bens, cabendo a responsabilidade ao empresário e não à empresa.
O professor disse na reunião que a EIRELI não poderia ser chamada de empresa, porque,
na verdade, trata-se de um empresário.
Além disso, a empresa é uma atividade econômica, com estrutura complexa. Vários
pensadores estruturaram o conceito de empresa e já se caiu muito em prova o perfil poliédrico
de Alberto Asquini ou o conceito em círculos de Waldirio Bulgarelli, enfim, o conceito de
empresa é de atividade econômica estruturada.

 Foi entendido que empresa é a atividade, mas qual a natureza jurídica da empresa?
A natureza jurídica é dizer que não há um ato jurídico, a atividade econômica do Curso
Ênfase de vender cursos preparatórios não se trata de um ato jurídico, mas de um conjunto de
atos, de um fato jurídico. Então, a natureza jurídica da empresa é um fato jurídico.
Portanto, tem-se o conceito de empresa como atividade econômica, complexa e
estruturada e sua natureza jurídica, que é de fato jurídico.
O estudo da natureza jurídica é importante. Pontes de Miranda estudou a vida toda sobre
isso. Não o bastante, o examinador costuma cobrar em prova. Então, é importante saber a
natureza jurídica da empresa.
Já estudamos o primeiro tripé do conceito basilar, qual seja, o conceito de empresa, já
vimos que ela é uma atividade econômica, organizada, complexa e estruturada. Conforme visto,
observamos que ela é abstrata, porque não se pode tocar nela ou dizer onde mora, tratando-se
da atividade em si, como a venda de bens.
Findo o conceito de empresa, vamos para o conceito de empresário, o qual está na lei.

1.1.2 CONCEITO DE EMPRESÁRIO


O conceito de empresário está previsto no artigo 966 do Código Civil.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para
a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Considera-se empresária a pessoa física ou jurídica que exerce a empresa, que é a
atividade econômica estruturada, complexa ou organizada.

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Existem 3 (três) espécies de empresários no Brasil: i) individual; ii) sociedade empresária;


e iii) EIRELI. O empresário individual é uma pessoa física, enquanto a sociedade empresária e
a EIRELI são pessoas jurídicas.
Vamos estudar os empresários, mas antes é necessário conversar sobre o termo
empresário, sem haver uma especificação sobre o que será o empresário individual, sociedade
empresária ou EIRELI.
 Há algumas observações importantes de prova:
1) Jamais se deve confundir empresário com sócio. Ao se falar em
empresário, o professor não falou em sócio, pois sócio não é empresário. O Silvio
Santos e o Luciano Hulk são sócios e não empresários. O Sílvio Santos é sócio,
porque quem exerce a atividade de empresa não é ele, mas a pessoa jurídica,
como o grupo baú. Deve ficar claro que sócio não exerce a empresa, quem exerce
a empresa é o empresário, que é o SBT, o Baú e não o Sílvio Santos.
2) Cooperativas não são empresários, pois apenas há 3 entidades
empresárias. A cooperativa tem natureza de sociedade simples, que tem outro
contexto que não o empresarial.
3) Sociedade de advogados devem ser estudadas com o professor de civil
ou o professor de ética, mas não em Direito Empresarial. Assim como a
cooperativa, a sociedade de advogadas é simples e não empresária.
4) O produtor rural é regido pelo Direito Civil, em regra, por sua atividade
não ser complexa. Todavia, há uma exceção no artigo 971 do CC, que dita que o
produtor rural, caso queira, poderá ir até a Junta Comercial e se equiparar ao
empresário. Desse modo, cabe ao produtor rural escolher se será uma sociedade
simples ou empresária.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os
efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Enunciado 62 do CJF – Jornada de Direito Comercial


O produtor rural, nas condições mencionadas do artigo 971 do CCB, pode constituir EIRELI.

Acerca do enunciado, ele é de autoria do Professor, que afirma que o produtor pode até
mesmo constituir EIRELI, desde que preencha as condições do artigo 971 do CC.
O produtor rural não é sociedade empresária, é abrangido pelo Código Civil. O produtor
rural, no entanto, pode optar por ser uma sociedade empresária e, segundo o enunciado visto,
caso preencha as condições, pode ser até mesmo uma EIRELI.

 Por que é importante compreender se alguém é empresário ou não?


Isso terá reflexos importantes na prova. Se definimos alguém como empresário, deve
haver o Registro Público de Empresas Mercantis (RPEM), que fica a cargo da Junta Comercial.
Mas se não for empresário, deve-se dirigir ao RCPJ, que é o Registo Civil de Pessoas Jurídicas.

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Existem reflexos no caso de crise. Sendo empresário, a crise é regulada pela lei
11.101/2005 (lei de falência e recuperação). Caso não seja empresário, será regulado pela
insolvência civil.
Como se vê, saber se alguém é empresário ou não influência em vários pontos.

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