Você está na página 1de 22

INTENSIVO I

Alexandre Gialluca
Direito Empresarial
Aula 1

ROTEIRO DE AULA

Tema: Direito Comercial no Brasil

Inicialmente, o professor destaca que as aulas do Intensivo I abordarão a figura do empresário, as obrigações
empresariais, a empresa individual de responsabilidade limitada, a propriedade industrial e os títulos de crédito.

No curso Intensivo II, serão trabalhados os seguintes temas: direito societário e falência/recuperação judicial.

Bibliografia recomendada:
Ramos, André Santa Cruz. Manual de Direito Empresarial. Vol. Único. Editora Gen.
✓ Obs.: O manual atualizado (edição 11) de acordo com a nova lei de falências ficará pronto no final de fevereiro de
2021.

Sinopse de Direito Empresarial (André Santa Cruz Ramos). Editora Juspodivm. Edição 2021.
✓ Código promocional no site da Juspodivm (SINOPSEEMPRESARIAL2021), válido até 09/01/2021.

Contatos do professor:

1
www.g7juridico.com.br
1. Direito Comercial no Brasil

1.1. Código Comercial de 1850 e a “Teoria dos atos de comércio”.


Antes do CC/2002, havia o Código Comercial de 1850, o qual adotava a “Teoria dos atos de comércio”.

✓ A “Teoria dos atos de comércio” é de origem francesa.

O Código Comercial de 1850 estava dividido em três partes:


Parte I – Do Comércio em Geral.
Parte II – Do Comércio Marítimo.
Parte III – Das Quebras.

A Parte I do Código Comercial de 1850 tratava do comerciante e da sociedade comercial.

✓ A Parte III do Código Comercial de 1850 já havia sido revogada pelo Decreto-Lei 7.661/1945, o qual,
posteriormente, foi revogado pela Lei 11.101/05 (Recentemente, esta lei foi alterada pela Lei 14.112/2020).

Questão: Quem era o comerciante e quem era a sociedade comercial?


• Comerciante era pessoa natural.
• A sociedade comercial era pessoa jurídica.

Para serem classificados como comerciante ou sociedade comercial, era necessário que, com habitualidade, a pessoa
natural ou jurídica praticasse atos de comércio.
Os atos de comércio não eram definidos no Código Comercial de 1850. Assim, era necessário recorrer ao art. 19 do
regulamento 737/1850:

Art. 19 do regulamento 737/1850: “Considera-se mercancia (redação original de 1850)


§1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma
especie ou manufacturados, ou para alugar o seu uso.
§2º As operações de cambio, banco e corretagem
§3º As emprezas de fabricas; de commissões; de depositos; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de
espectaculos publicos.
§4.º Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao comercio maritimo.
§ 5.º A armação e expedição de navios.”

2
www.g7juridico.com.br
Alguns problemas do regulamento 737/1850:
1º) A prestação de serviço não estava elencada no regulamento 737/1850.
2º) A compra e a venda de bens imóveis também não estavam previstas no regulamento 737/1850 e, portanto, as
imobiliárias não podiam ser consideradas sociedades comerciais.
3º)Além disso, aqueles que praticavam atividades rurais também não estavam elencados no regulamento 737/1850.
✓ Tudo isso gerava problemas práticos no tocante à impossibilidade de conseguir os benefícios relativos à
concordata.
✓ Na época, as regras do Direito Comercial só recaíam sobre quem era comerciante e sobre a sociedade comercial.
Assim sendo, prestadores de serviço e imobiliárias que passassem por uma crise financeira não poderiam ter o
benefício da concordata.

1.2. Código Civil de 2002 e a “teoria da empresa”

O Código Civil de 2002 passou a adotar a teoria da empresa, que é de origem italiana.

CC, art. 2.045: “Revogam-se a Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial,
Lei no 556, de 25 de junho de 1850.”

✓ Com a disposição do art. 2.045 do CC, revogou-se apenas a Parte Primeira do Código Comercial de 1850.
Lembrando que a Parte III já havia sido revogada anteriormente. Desse modo, em relação ao Comércio Marítimo
(Parte II), a regulamentação ainda se encontra no Código Comercial de 1850.

Questões de concurso:

(TJ Minas Gerais – 2012) 71. Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do artigo 966, é correto afirmar que o Direito
brasileiro concluiu a transição para a
(A) “teoria da empresa”, de matriz francesa.
(B) “teoria da empresa”, de matriz italiana.
(C) “teoria dos atos de comércio”, de matriz francesa.
(D) “teoria dos atos de comércio”, de matriz italiana.
Correto: B

(DEFENSORIA – ES – 2012 (cespe): 33 - No Código Comercial do Império do Brasil, adotou-se, por influência dos códigos
francês, espanhol e português, a teoria dos atos de comércio, no que se refere à sua abrangência e aplicação.
Gabarito: ERRADO

3
www.g7juridico.com.br
Obs.: A teoria da empresa traz o conceito de empresário (e não mais o conceito de comerciante ou de sociedade
comercial).

2. Empresário

2.1. Incidência do conceito de empresário

A incidência do conceito de empresário abrange a pessoa física e a pessoa jurídica.

• A pessoa física inserida no conceito de empresário é chamada de empresário individual.

• A pessoa jurídica pode ser:


o Sociedade empresária; ou
o EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada).

2.2. Conceito de empresário

O conceito de empresário consta no art. 966 do CC:

CC, art. 966: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços.”

Elementos:
a) profissionalmente;
b) atividade econômica;
c) organizada;
d) para a produção/circulação de bens/serviços.

A) PROFISSIONALMENTE

4
www.g7juridico.com.br
Profissional é aquele que tem habitualidade, continuidade. Assim, o empresário é quem pratica a atividade empresarial
com habitualidade, não podendo ser algo esporádico/eventual.
Exemplo: se determinada pessoa resolveu fazer um evento e auferiu dinheiro com isso, ela não pode ser considerada
empresária do ramo de eventos apenas porque fez uma festa.

Obs.: A atividade não pode ser eventual.

B) ATIVIDADE ECONÔMICA
Atividade econômica é, em linhas gerais, a finalidade lucrativa.
✓ O empresário busca o lucro, apesar de nem sempre conseguir obtê-lo.

C) ORGANIZADA
A organização empresarial é a reunião dos quatro fatores de produção:
1ª) Mão de obra;
2ª) Matéria-prima (insumos);
3ª) Capital; e
4ª) Tecnologia.

Quando esses quatro fatores são reunidos de forma harmoniosa, há a chamada organização empresarial.
Assim sendo, aquele que explora uma atividade econômica e é considerado empresário tem: habitualidade, finalidade
lucrativa e tem organização empresarial.
Exemplo: para montar uma churrascaria, são necessários: mão de obra (garçons, cozinheiros, gerente, estoquista etc.),
capital de investimento, matéria-prima (carnes, demais alimentos et.) e tecnologia (máquina de cartão de crédito,
computador, balança etc.).

5
www.g7juridico.com.br
Questão de concurso:
(CESPE - 2013 - TJ-MA - Juiz) Assinale a opção correta referente ao direito de empresa.
a) O adquirente de um estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência do bem, desde
que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado, pelo prazo de seis meses, a
pagar os créditos vencidos a partir da publicação, e os demais, a partir da data do vencimento.
b) De acordo com disposição expressa do novo Código Civil, o incapaz não pode exercer atividade empresarial.
c) De acordo com o Código Civil, considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Segundo a doutrina, organização é entendida como a cumulação
necessária de capital, mão de obra, insumos e tecnologia.
d) O Código Civil reconhece a figura da empresa individual de responsabilidade limitada, constituída por uma única pessoa
natural titular da totalidade do capital social subscrito, que deverá ser igual ou superior a cem vezes o maior salário
mínimo vigente no país.
Gabarito: C

Obs.: O professor destaca que, na prática, a doutrina relativiza os fatores de produção, em especial, em relação à mão de
obra.
Exemplo 1: no caso de uma loja virtual, a inteligência artificial praticamente desempenha todas as funções e, portanto,
nem sempre é necessário contratar alguém para desempenhar a atividade necessária.
Exemplo 2: lavanderias automatizadas.

D) PRODUÇÃO OU CIRCULAÇÃO DE BENS / SERVIÇOS


Exemplo de produção de bens: fábrica de móveis planejados.
Exemplo de produção de serviços: bancos (produzem serviços bancários).
Exemplo de circulação de bens: loja de roupas. A loja de roupas adquire a mercadoria de fábrica e revende ao cliente,
fazendo a circulação de bens.
Exemplo de circulação de serviços: agência de turismo que vende hospedagem e transporte aéreo de outras sociedades
empresárias.

✓ Em todos esses exemplos, há o preenchimento dos 4 elementos empresariais.

CC, art. 966: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços.”

Questões de concurso:
TJ RS 2018 - artigo 966 do Código Civil define como empresário aquele que exerce:
(a) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens ou de serviços.
(b) atividade eventual econômica, organizada com a finalidade de circulação de bens ou serviços.

6
www.g7juridico.com.br
(c) atividade profissional organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens ou de serviços.
(d) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção e circulação de bens ou de serviços.
(e) atividade eventual econômica não organizada com a finalidade de produção e circulação de bens ou de serviços.
Gabarito: A

TJPI – 2012 – JUIZ. Com relação ao empresário, assinale a opção correta.


a) É considerado empresário individual o comerciante que leve, ele mesmo, a mercadoria comercializada até a residência
dos potenciais consumidores.
b) Não é considerada empresária a pessoa que organiza episodicamente a produção de certa mercadoria, ainda que
destinada à venda no mercado.
c) Por força de lei, aplicam-se aos sócios da sociedade empresária as regras próprias do empresário individual.
d) O menor com dezesseis anos de idade que não seja emancipado somente poderá dar início a empresa mediante
autorização de juiz.
e) É considerada empresária a pessoa que, exercendo profissão intelectual de natureza artística, contrate empregados
para auxiliá-la no trabalho.
Gabarito: B

3. Agentes econômicos excluídos do conceito de empresário

Para completar o conceito de empresário, é necessário atentar para os agentes econômicos excluídos deste conceito.

Questão: Como serão chamados aqueles que não são considerados empresários?
Nomenclatura:
• Se for pessoa física:
o Autônomo;
o Profissional liberal; ou
o Profissional regulamentado.
• Se for pessoa jurídica:
o Sociedade simples; ou
o Eireli de natureza simples.

O art. 982 do CC é muito frequente em concursos públicos:


CC, art. 982: “Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. ”

7
www.g7juridico.com.br
✓ O art. 982 do CC afirma que, se a sociedade está explorando uma atividade própria de empresário, ela será
sociedade empresária.
✓ Por exclusão, se a sociedade não for empresária, será sociedade de natureza simples.

3.1 - Profissão Intelectual

CC, art. 966, parágrafo único: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.”

Profissão intelectual:

• Científica – Exemplos: contador, médico, advogado etc.


Profissão intelectual: • Literária – Exemplos: escritor, autor, jornalista etc.
• Artística – Exemplos: cantor, ator, desenhista, dançarino etc.

Observações:
1ª) Como o advogado, o médico e o contador exploram atividades intelectuais de cunho científico, a princípio, eles estão
excluídos do conceito de empresário.
✓ Se se tratar de sociedade de advogados/médicos/contadores, será sociedade simples.
2ª) A atividade intelectual literária está excluída do conceito de empresário e o mesmo ocorre com a atividade artística.

Questão: Imagine uma linda clínica de ortopedia com dois ortopedistas (sócios da clínica) e com uma grande estrutura.
Neste caso, trata-se de uma sociedade empresária? Não. Ainda que haja secretária, faxineira e outros colaboradores, não
será considerada sociedade empresária (salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa). Isso decorre
da parte final do art. 966, § único do CC.
✓ No exemplo dado, o atendimento é personalizado.

3ª) Atenção: Se o exercício da profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística constituir elemento de
empresa, será considerada atividade empresária.

• As atividades intelectuais são prestadas de forma pessoal e, mesmo que contenha auxiliares ou colaboradores, o
personalismo prevalece.

• Na profissão intelectual, a exclusão decorre do papel secundário que a organização assume nessas atividades.

8
www.g7juridico.com.br
Ocorre elemento de empresa:
a) quando a atividade intelectual estiver integrada em um objeto mais complexo (amplo), próprio da atividade
empresarial.
Exemplo: clínica veterinária. Dois veterinários se juntam e criam a clínica em sociedade. Neste exemplo, haverá sociedade
simples, pois a atividade intelectual científica está excluída do conceito de empresário.
Entretanto, se a clínica veterinária possuir um objeto mais amplo, como, por exemplo, um pet shop, essa atividade
intelectual passa a ser elemento integrante de uma atividade empresarial. Assim sendo, neste caso, a clínica veterinária
será sociedade empresária.
Observações:
✓ A atividade de pet shop possui habitualidade, finalidade lucrativa, organização empresarial e faz a circulação de
bens. Assim sendo, ela está inserida no conceito de empresário anteriormente estudado.
✓ O professor destaca que, quando há uma atividade empresarial e uma atividade intelectual, aquela contamina
esta e, portanto, a atividade intelectual passa a integrar um objeto mais amplo. Desse modo, no exemplo dado,
a atividade veterinária passou a ser um elemento de empresa com a inclusão do pet shop.

Atenção: Um hospital é uma sociedade empresária, pois se trata de uma atividade que comporta hospedagem,
alimentação, comercialização de planos de saúde/exames, entre outros.
✓ Assim sendo, o hospital, além da atividade intelectual, possui outras atividades de natureza predominantemente
empresarial. É por esse motivo que não pode ser sociedade simples, mas sim sociedade empresária.

9
www.g7juridico.com.br
b) ocorre quando o serviço não se caracteriza personalíssimo, tendo em vista um cliente individualizado, mas sim um
serviço impessoal, direcionado a uma clientela indistinta. Será considerado empresário quando oferecer a terceiros
prestações intelectuais de pessoas contratadas a seu serviço.
✓ Neste caso, a atividade deixa de ser personalíssima e se transforma em atividade impessoal. Assim sendo, os
fatores de produção predominam sobre a atividade pessoal.
Exemplo 1: estúdio fotográfico que deixa de ter atendimento personalíssimo e contrata pessoas (equipes) para prestar o
serviço a diversos clientes. Neste caso, a atividade se torna elemento de empresa.

Exemplo 2: a atividade da franquia da clínica Sorridents também se tornou elemento de empresa.

10
www.g7juridico.com.br
Enunciado 194 do CJF: “Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores da
produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.”

3.2 – Sociedade de advogados


O segundo agente econômico que está excluído do conceito de empresário é a sociedade de advogados, que é sociedade
de natureza simples.
O Estatuto da OAB (Lei 8.906/94) preceitua o seguinte:

Lei 8.906/1994, art. 15: “Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou
constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. (Redação dada pela
Lei nº 13.247, de 2016)”

Lei 8.906/1994, art. 16: “Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de
advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que
realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia
pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)”

Exemplo:

3.3 - Exercente de atividade rural sem registro na junta comercial

CC, art. 971: “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de
que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”

11
www.g7juridico.com.br
✓ O art. 971 do CC deixa claro que a atividade rural pode ser objeto de registro no Registro Público de Empresas
Mercantis. Se houver o registro, haverá a equiparação, para todos os efeitos, ao empresário.
✓ Assim sendo, o exercente de atividade rural somente será entendido como empresário propriamente dito quando
ele fizer o registro na junta comercial.

3.4. Sociedade cooperativa

O terceiro agente econômico que está excluído do conceito de empresário é a sociedade cooperativa, pois o art. 982, §
único, CC, preceitua que:

CC, art. 982, parágrafo único: “Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e,
simples, a cooperativa.”

✓ Não importa o tipo de atividade exercida pela cooperativa, já que ela sempre será de natureza simples.

Obs.: a análise de empresário feita no tópico 3 é bem diferente daquela feita pelo Código Comercial de 1850.
✓ O Código Comercial de 1850 classificava como comerciante ou sociedade comercial apenas aqueles que exerciam
os atos elencados no art. 19 com habitualidade.
✓ Na atualidade, não é necessário recorrer a um regulamento que elenque as atividades consideradas empresárias,
pois isso causaria muitos transtornos, já que várias atividades são criadas a cada dia. Desse modo, será
considerado empresário aquele que estiver abrangido pelos requisitos do art. 966 do CC (exemplos: prestadores
de serviços, imobiliárias, exercentes de atividade rural que façam o registro na junta comercial etc. e eles podem
se valer dos benefícios conferidos em razão da recuperação judicial).

4. Conceito de Empresa

Atenção: o conceito de empresa se refere à atividade.

Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

✓ O professor pede para o aluno tomar cuidado com expressões equivocadas.


Exemplo 1: Pegou fogo na empresa (errado). O correto é dizer que o estabelecimento pegou fogo.
Exemplo 2: O meu pai trabalha na empresa (errado). O correto é dizer que a pessoa trabalha em uma sociedade,
em uma EIRELI ou trabalha como empresário individual.
✓ Empresa é a atividade econômica explorada pela sociedade ou pelo empresário.

12
www.g7juridico.com.br
CC, art. 1.142: “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por
empresário, ou por sociedade empresária.”

✓ O exercício da empresa é o exercício da atividade econômica organizada.

5. Empresário individual

Empresário individual é uma das espécies de empresário.

5.1. Conceito

É a pessoa natural (pessoa física) que, individualmente, de forma profissional, exerce uma atividade econômica organizada
para a produção ou circulação de bens ou serviços.

✓ Neste caso, não há sócios. O empresário individual cria seu negócio sozinho.
Exemplo: para montar uma churrascaria, o empresário individual contrata um gerente, os cozinheiros e garçons,
contrata o arquiteto, a empresa de marketing etc. Tudo isso é organizado de forma individual pela pessoa natural,
com habitualidade, com finalidade lucrativa, com a organização empresarial, produzindo ou circulando
bens/serviços.

Observação:
✓ O empresário individual é pessoa natural que possui CNPJ para ter o mesmo tratamento tributário que uma
pessoa jurídica.
Exemplo: “A”, empresário individual, montou uma lanchonete na praça de alimentação do shopping. Do lado do
estabelecimento de “A”, há o estabelecimento de “B”, que é uma sociedade empresária. Ambos exercem a
mesma atividade e fornecem os mesmos produtos. Neste caso, se não houvesse o mesmo tratamento tributário,
“A” pagaria 27,5% de imposto de renda por ser pessoa física, enquanto “B” pagaria apenas 15%. Essa situação
causaria uma injustiça.

13
www.g7juridico.com.br
✓ Não é porque o empresário individual possui CNPJ que ele é pessoa jurídica. Ele sempre será pessoa física.

5.2. Requisitos:
Para ser empresário individual, é necessário que sejam preenchidos alguns requisitos, estabelecidos no art. 972 do CC:
• Estar em pleno gozo da capacidade civil; e
• Não ter impedimento legal.

CC, art. 972: “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem
legalmente impedidos. ”

Questão: O incapaz pode iniciar uma atividade como empresário individual? Não, pois há impedimento legal quanto a
isso.
✓ O incapaz não pode iniciar uma atividade como empresário individual. Ele pode, entretanto, ser sócio de
sociedade empresária, nos termos do art. 974, §3º do CC:

14
www.g7juridico.com.br
CC, art. 974, §3º: “O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes
pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado (deve estar totalmente pago pelos sócios); (Incluído pela Lei nº
12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus
representantes legais.”

➢ Impedimentos:
Há vários impedidos relativos à figura do empresário individual:
• Membros do Ministério Público para exercer o comércio individual ou participar de sociedade comercial (art.128, § 5º,
II, “c”, da CF), salvo se acionista ou cotista, obstada a função de administrador (art. 44, III, da Lei 8.625/1993);
• Os magistrados (art. 36, I, Lei Complementar n. 35/1977 – Lei Orgânica da Magistratura) nos mesmos moldes da
limitação imposta aos membros do Ministério Público.
✓ Observação: tanto o membro do Ministério Público quanto os magistrados, bem como delegado de polícia e
procurador, podem ser sócios de sociedade empresária ou cotistas, não podendo, contudo, exercer a função de
administradores.
• Empresários falidos, enquanto não forem reabilitados (Lei de Falências, art. 195);
✓ Quem tem a falência decretada não pode ser empresário, a menos que esteja reabilitado.
• Leiloeiros (art. 36 do Decreto n° 21.891/32 – proíbe os leiloeiros de exercerem a empresa direta ou indiretamente, bem
como constituir sociedade empresária, sob pena de destituição);
• Despachantes aduaneiros (art.10, inciso I, do Decreto nº 646/92 – não podem manter empresa de exportação ou
importação de mercadorias nem podem comercializar mercadorias estrangeiras no país);
• Cônsules, nos seus distritos, salvo os não-remunerados (Decreto nº 4868/82, art. 11 e Decreto nº 3.529/89, art. 82);
• Médicos, para o exercício simultâneo da farmácia, drogaria ou laboratórios farmacêuticos, e os farmacêuticos, para o
exercício simultâneo da medicina (Decreto nº 19.606/31 c/c Decreto nº 20.877/31 e Lei nº 5.991/73);
• Pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar,
de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade,
enquanto perdurarem os efeitos da condenação;
• Servidores públicos civis da ativa (Lei nº 1.711/52) e servidores federais (Lei nº 8.112/90, art. 117, X, inclusive Ministros
de Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral). Aqui é importante observar que o funcionário público
pode participar como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo obstada a função de administrador;

15
www.g7juridico.com.br
• Servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares (Código Penal Militar, arts. 180 e 204 e Decreto-
Lei nº 1.029/69; arts 29 e 35 da lei nº 6.880/80), neste caso, também poderão integrar sociedade empresária, na
qualidade de cotista ou acionista, sendo obstada a função de administrador;
• Os deputados e senadores não poderão ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, nem exercer nela função remunerada ou cargo de
confiança, sob pena de perda do mandato – arts 54 e 55 da Constituição Federal).

5.3. Hipóteses excepcionais para o incapaz ser empresário individual


Há algumas situações, excepcionalmente previstas em lei em que o incapaz poderá exercer atividade na condição de
empresário individual. Veja o que dispõe o art. 974, caput do CC:

CC, art. 974, caput: “Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.”

✓ O art. 974, caput, CC, autoriza que o incapaz continue a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus
pais ou pelo autor de herança.

Quais são os requisitos para que o incapaz possa continuar a atividade empresarial?
O art. 974 do CC somente se aplica a duas situações:
1ª) No caso de incapacidade superveniente. Exemplo: “A” tinha uma loja de acessórios de celular no shopping.
Posteriormente, ele sofre um acidente e se torna incapaz. Neste caso, “A” pode dar continuidade à atividade empresarial
exercida.
2ª) No caso de sucessão familiar ou doação. Exemplo: incapaz que herda a pousada do pai, dando continuidade à atividade
empresarial.
✓ A ideia central, nesses casos, é a de preservação da empresa.

São requisitos para que o incapaz possa continuar a atividade empresarial:


1º) O incapaz deve estar devidamente assistido ou representado.
2º) O incapaz precisa de autorização judicial. Assim, o juiz dá um alvará de autorização para que o incapaz possa continuar
a atividade empresarial (art. 944, §1º, CC).

CC, art. 974, § 1°: “Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da
empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais,
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.”

✓ O alvará poderá ser revogado a qualquer tempo.


✓ Para a concessão do alvará, por se tratar de incapaz, o juiz ouvirá o Ministério Público (art. 178 do CPC):

16
www.g7juridico.com.br
CPC, art. 178: “O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica
nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério
Público.”

Questões de concurso:
01. (CESPE/UnB – TRF2 - 2011 - Juiz Federal Substituto - QUESTÃO 53) Segundo a doutrina, o direito comercial não se
formou em uma única época nem no meio de um só povo. A cooperação de todos os povos em tempos sucessivos, firmada
fundamentalmente nas bases econômicas, é que o constituíram e lhe imprimiram o caráter autônomo. Com relação ao
direito comercial e ao empresário,
assinale a opção correta.
A) Os funcionários públicos estão proibidos de exercer atividade empresarial, de acordo com a CF e normas específicas;
contudo, a proibição diz respeito ao efetivo exercício da atividade empresarial, não existindo restrição quanto ao fato de
o funcionário público ser simplesmente acionista ou quotista de sociedade empresária.
B) Nos termos do Código Civil, somente podem exercer a atividade empresarial os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos, não havendo possibilidade de menor de dezoito anos exercer a
atividade empresarial.
C) O cosmopolitismo, a onerosidade, a informalidade e a fragmentação são as principais características do direito
comercial. Com relação às espécies de autonomia no direito comercial, a doutrina destaca a autonomia substancial, que
é identificada pela existência de um corpo legislativo codificado.
D) Empresário é definido na lei como o profissional que exerce atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou serviços. Para a doutrina, também será empresário aquele que organizar episodicamente a
produção de certa mercadoria, mesmo destinando-a à venda no mercado.
E) Somente será considerado empresário o exercente profissional de atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou serviços, inscrito no registro de empresas do órgão próprio.
Gabarito: A

AGU/2015 - Acerca dos impedimentos, direitos e deveres do empresário, julgue os itens que se seguem de acordo com a
legislação vigente.
O incapaz não pode ser autorizado a iniciar o exercício de uma atividade empresarial individual, mas, excepcionalmente,
poderá ele ser autorizado a dar continuidade a atividade preexistente.
Questão CORRETA

17
www.g7juridico.com.br
5.4. Responsabilidade do empresário individual

A responsabilidade que o empresário individual possui é uma responsabilidade ilimitada. Isso significa que ele responde
com seus bens pessoais (particulares) por dívidas empresariais contraídas.
Exemplo: João da Silva é empresário individual e abriu um posto de gasolina. Posteriormente, surgiram dívidas do posto
de gasolina e os bens da empresa não foram suficientes para quitar os débitos. Neste caso, João responde com seus bens
particulares pelas dívidas do posto.

O princípio da unidade patrimonial preceitua que tanto a pessoa natural quanto a pessoa jurídica somente podem ter um
único patrimônio, isto é, não há uma separação de patrimônio.
✓ O empresário individual não é pessoa jurídica, mas sim pessoa natural. Assim sendo, ele não possui patrimônios
distintos (exemplo: patrimônio do posto de gasolina e patrimônio de João da Silva). É por esse motivo que as
dívidas empresariais recaem sobre os bens da atividade empresarial e sobre os bens pessoais.
✓ No exemplo dado, imagine que João da Silva possua uma dívida na farmácia e não faça o pagamento. A dívida,
neste caso, pode recair sobre os bens pessoais do devedor e sobre os bens do posto de gasolina.

Mas deverá seguir uma ordem? O credor, ao cobrar o empresário individual, deve respeitar alguma ordem?
O Enunciado n. 5 da I jornada de Direito Comercial traz a resposta a essa questão:

Enunciado 5 da I jornada de Direito Comercial: “Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário
individual tipificado no art. 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua
atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do Código Civil.”

✓ Segundo o art. 1.024 do CC: “os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade,
senão depois de executados os bens sociais”. Trata-se do chamado “benefício de ordem”: assim sendo, há uma
ordem a ser seguida, pois, em primeiro lugar, as dívidas devem recair sobre os bens destinados à atividade
empresarial e, depois, sobre os bens do empresário individual.

18
www.g7juridico.com.br
O professor destaca que, como a responsabilidade do empresário individual é ilimitada, é por esse motivo que o art. 972
do CC, ao tratar dos requisitos para tal, afirma que é necessário que a pessoa esteja em pleno gozo da capacidade civil. O
Código Civil pretendeu proteger os interesses do incapaz, evitando que ele corresse os riscos da atividade empresarial,
tendo prejuízos e comprometendo todo o seu patrimônio.
Por outro lado, a lei também criou uma situação excepcional. O art. 974 do CC permite que o incapaz continue uma
atividade empresarial pré-existente. Neste caso, questiona-se: o incapaz corre o risco de ter o patrimônio pessoal
comprometido em caso de dívida?

Há alguma exceção???
Imagine que João é incapaz, pois possui 15 anos. Ele recebeu, por testamento, uma fazenda do seu avô. Depois de receber
a fazenda, o incapaz continuou a atividade empresarial do pai, o qual tinha uma lan house, ou seja, ele conseguiu um
alvará judicial para isso. Posteriormente, o incapaz comprou um imóvel e um carro com o dinheiro auferido em sua
atividade empresarial.
O incapaz (João) acabou contraindo dívidas. Neste caso, as dívidas poderão recair sobre o patrimônio particular de João
já que ele é empresário individual?
Tais dívidas podem recair sobre os bens auferidos por João após a autorização judicial. Assim, o imóvel e o carro adquiridos
pelo incapaz, que é empresário individual, podem ser utilizados para saldar as dívidas. Ocorre que, no exemplo dado, a
fazenda recebida por herança, por ser anterior à autorização judicial, não responde pela dívida contraída.
✓ Desse modo, o art. 974, §2º, CC, criou uma regra de proteção ao incapaz. Os bens que o incapaz possuía antes da
sucessão ou da interdição devem constar no alvará que conceder a autorização para continuar a atividade
empresarial.

CC, art. 974, § 2o: “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão
ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a
autorização.”

5.5. Empresário casado

Exemplo: imagine que Renata, empresária individual, é casada com Carlos. Renata possui um salão de beleza e com o
dinheiro auferido, ela adquire o imóvel 1, que será a sede do salão. Posteriormente, ela adquire o imóvel 2, que será a
residência dela e de seu marido.
Após isso, a atividade do salão começa a cair e ela precisa de dinheiro para honrar as dívidas. Ela recebe uma proposta
para a venda de sua residência (imóvel 2), mas, para realizar a alienação, ela precisa da autorização de seu marido, pois o
art. 1.647 do CC afirma que, salvo nos casos de outorga judicial, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis.

19
www.g7juridico.com.br
CC, art. 1.647: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis”

Questão: Renata precisa de autorização de seu marido para vender o imóvel 1 (sede do salão)? Não. Neste caso, aplica-
se o disposto no art. 978 do CC, ou seja, ela não precisa de autorização do cônjuge para vender o bem destinado à
atividade empresarial e isso independe do regime de bens do casal. Esse dispositivo somente se aplica ao imóvel que
integre o patrimônio da empresa, ou seja, que esteja destinado à atividade empresarial.

CC, art. 978: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens,
alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.”

Questões de concurso:
(CESPE/2011-TJ/Paraíba - Juiz Substituto) A respeito da disciplina aplicável ao empresário individual, assinale a opção
correta.
a) O empresário individual que venha a se tornar civilmente incapaz poderá obter autorização judicial para continuação
de sua atividade; tal autorização, entretanto, deverá ser averbada na junta comercial e servirá para atos singulares, não
podendo ser genérica.
b) O servidor público pode ser empresário individual, desde que a atividade empresarial seja compatível com o cargo
público que ele exerça.
c) Ao empresário individual é permitida a alienação, sem a outorga de seu cônjuge, de bens imóveis destinados à sua
atividade empresarial.
d) O empresário individual assume os riscos da empresa até o limite do capital que houver destinado à atividade, não
respondendo com seus bens pessoais por dívidas da empresa.
e) Em atenção ao princípio da continuidade da empresa, os bens destinados pelo empresário individual à exploração de
sua atividade não respondem por suas dívidas pessoais.
Gabarito: C

(FCC/2011-TJ/PE - Juiz Substituto) É correto afirmar que:


a) a lei assegurará tratamento isonômico ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição empresarial e
aos efeitos dela decorrentes.
b) o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os
imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
c) é facultativa a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da sede respectiva, antes do início
de sua atividade.
d) quem estiver legalmente impedido de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não responderá pelas
obrigações que contrair.

20
www.g7juridico.com.br
e) é vedado aos cônjuges contratar sociedade entre si ou com terceiros, qualquer que seja o regime de bens escolhido.
Gabarito: B

(CESPE – JUIZ SUBSTITUTO –TJ/PR -2017) Com relação a empresário e atividade de empresa, assinale a opção correta.
(A) Para instituir sucursal em lugar sujeito à competência de outro registro público de empresas mercantis, bastará ao
empresário averbar a constituição do estabelecimento secundário no registro público de empresas mercantis da
respectiva sede.
(B) A empresária casada sob o regime de comunhão universal não precisa da outorga conjugal para alienar os imóveis que
integrem o patrimônio da empresa.
(C) A continuidade do exercício de empresa por quem era capaz e deixou de sê-lo prescinde de autorização judicial.
(D) É vedada a transformação de registro de empresário individual em registro de sociedade empresária.
Gabarito: B

Obs.: Todo imóvel deve ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e todo imóvel possui uma matrícula. Diante
disso, o professor destaca que é necessário que a pessoa se dirija a um tabelionato de notas, lavre a escritura de compra
e venda do imóvel e leve tal escritura para ser registrada no CRI.
Exemplo: Registro 1 - “A” comprou um imóvel xxx do vendedor yyy. A operação foi feita conforme a escritura lavrada no
tabelionato de notas zzz.
Na qualificação do comprador (“A”), há a informação de que ele é um empresário individual (profissão) e é casado com
“B”.
O professor ressalta que, para que a regra do art. 978 do CC se aplique ao imóvel adquirido, é necessário destiná-lo à
atividade empresarial. Para tal, é preciso fazer uma averbação neste registro para dar destinação empresarial ao imóvel.
É necessário ainda dar publicidade a esse fato.
✓ Ao dar destinação empresarial ao imóvel, não se aplica o art. 1.647, mas sim o art. 978 do CC.
✓ Para dar a destinação empresarial, é necessária a autorização do cônjuge, pois a regra aplicável até então é a do
art. 1.647, I do CC. Assim sendo, no exemplo dado, “B” tem que autorizar a destinação empresarial do imóvel.
Trata-se de uma espécie de autorização prévia de “B” para que “A” venda o imóvel destinado à atividade
empresarial.
Sobre o tema, há o Enunciado n. 58. da II Jornada de Direito Comercial.

Enunciado n. 58. da II Jornada de Direito Comercial: “O empresário individual casado é o destinatário da norma do art.
978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da
empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio
empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no
registro público de empresas mercantis.”

21
www.g7juridico.com.br
✓ Em suma: A prévia averbação de autorização conjugal no CRI permite a aplicação do art. 978 do CC na venda de
imóveis.

A partir da próxima aula, o professor trabalhará com o tema “EIRELI” (empresa individual de responsabilidade limitada).

22
www.g7juridico.com.br

Você também pode gostar