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Revisão de Empresarial I

Evolução Histórica do Direito Empresarial


1. Fase Subjetivista
2. Fase objetivista
3. Fase subjetiva mais moderna (ATUAL)

FASE SUBJETIVISTA:

➢ Foco no SUJEITO: o comerciante


➢ Séc. XII ao Séc. XVIII
➢ Surgimento das corporações de ofício: grupos de comerciantes se juntaram
e criaram suas próprias leis
➢ Ausência do Estado na regulamentação do comércio
➢ “Lex Mercatoria” ou “Jus Mercatorium” (Lei de Mercado) – conjunto de
normas elaboradas no âmbito das corporações de ofício. É a lei do mercado,
editada pelas partes interessadas.

FASE OBJETIVISTA:

➢ Edição do Código de Comércio Francês – codificação napoleônica


➢ Do século XVI até o ano de 1807
➢ Caracterização do Direito Comercial pelo objeto (comércio) e não pelo
sujeito (comerciante)
➢ Monopólio da jurisdição pelo Estado – perda da força das corporações de
ofício.
➢ Teoria dos atos de comércio – o próprio ato do comércio que caracterizava a
profissão dos comerciantes.
➢ O Estado passa a regular a atividade mercantil
➢ No Brasil surge o Código Comercial (1850)
FASE SUBJETIVA MAIS MODERNA:

➢ Após a Revolução Industrial o mercado se mostrou mais complexo e a teoria


dos atos de comércio se tornou uma ideia ultrapassada.
➢ Em 1942 foi editado o Código Civil Italiano.
➢ Surge a TEORIA DA EMPRESA
➢ Essa teoria teve sua efetiva inserção no ordenamento brasileiro apenas
com o advento da Lei 10.406/02
➢ A Teoria da Empresa desenvolveu-se para identificar o empresário,
desconsidera-se a espécie de atividade praticada e passa-se a considerar a
estrutura organizacional, relevância social e a atividade econômica
organizada, a fim de colocar em circulação mercadorias e serviços.
➢ Analisa-se quem está exercendo a atividade e qual é o tipo de atividade.

1- (Prova: IESES - 2019 - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros). Quando se trata da origem e evolução
do direito comercial, nos é apontado pela doutrina que:

A. O Código Civil Italiano de 1942 estabeleceu um regime para todas as formas de atividades econômicas,
restabelecendo o sistema objetivo de identificação daqueles que se dedicavam ao comércio.

B. O Código Comercial Brasileiro de 1850 tinha um caráter marcadamente subjetivista de identificação do


comerciante: seria comerciante aquele que arquivasse os atos constitutivos no Registro Público de Empresas.

C. Os ideais da Revolução Francesa acompanharam o surgimento de um direito unificado, regulando tanto os atos de
comércio, que só poderiam ser praticados pelos comerciantes, como os atos de natureza civil.

D. A teoria subjetiva somente considerava comerciantes aqueles que estivessem matriculados em uma das
corporações de ofício, os quais dispunham de uma atividade jurisdicional especializada.

OBJETO DO DIREITO EMPRESARIAL


O objeto do Direito Empresarial é, essencialmente, regular as relações entre
empresários e dispor sobre as regras das sociedades empresariais.

FONTES DO DIREITO COMERCIAL


Fontes primárias:
➢ Constituição da República Federativa do Brasil;
➢ Leis Comerciais CC, Lei nº 10.406/2002, artigos 966 a 1.195;
➢ Lei nº 6.404/1976 – Dispõe sobre as Sociedades Por Ações;
➢ Lei nº 11.101/2005 – Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária;
➢ Lei nº 5.474/1968- Dispõe sobre as Duplicatas
➢ Lei nº 556/1850, Parte Segunda do Código Comercial, que trata “Do
Comércio Marítimo” e que não foi revogada pelo CC;
➢ Tratados e Convenções internacionais (Lei Uniforme de Genebra).
Fontes secundárias (ou indiretas): são formadas pelos princípios gerais do
direito, analogia, equidade e principalmente os usos e costumes.

CONCEITO DE EMPRESÁRIO

Art. 966. Considera-se EMPRESÁRIO quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços.

IMPORTANTE!!!!!

Elementos para caracterização do empresário: a) profissionalmente; b)


atividade econômica; c) organizada; d) produção ou circulação de bens e
serviços.

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL X ATIVIDADE EMPRESÁRIA

O art. 966 CC ao conceituar empresário, não está se referindo apenas a


pessoa física (pessoa natural) que explora atividade econômica, mas também
a pessoa jurídica. Empresário pode ser um empresário individual ou uma
sociedade empresária.

IMPORTANTE!!! Na sociedade empresária, seus sócios não são os


empresários, o empresário nesse caso é a própria sociedade.

QUAL A GRANDE DIFERENÇA? A diferença entre o empresário


individual para a sociedade empresária, é que esta, por ser pessoa jurídica,
tem patrimônio próprio, distinto do patrimônio dos sócios que a integram.

Já o empresário individual... responde com todos os seus bens, inclusive os


pessoais, pelo risco do empreendimento.
A responsabilidade dos sócios de uma sociedade empresária é
SUBSIDIÁRIA, enquanto a responsabilidade de um empresário individual é
DIRETA.

EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO

Art 966, Parágrafo único. NÃO se considera empresário quem exerce


profissão INTELECTUAL, de natureza científica, literária ou artística, ainda
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, SALVO se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

As de natureza rural, de acordo com os arts. 971 e 984 do CC, podem optar
por ser ou não empresárias, bastando, para isso, optar por realizar o registro
na Junta Comercial.

As atividades intelectuais descritas podem ser consideradas como


empresariais desde que a atividade central de seu desenvolvedor se enquadre
no conceito de empresário, ficando as atividades: intelectual, científica,
artística e literária como complemento daquela. Por exemplo: enquanto a
atividade essencial de um médico for a medicina, seu consultório não é
considerado empresário, no entanto, a partir do momento em que ele passa a
exercer como atividade essencial o emprego de meios empresariais para
alcançar lucro por intermédio da medicina, seu consultório passa a se
enquadrar no conceito de empresário.

EMPRESA

Conforme o jurista Fábio Ulhôa Coelho, a empresa é a atividade econômica


organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma
atividade, a empresa não tem a natureza jurídica de sujeito de direito nem de
coisa. Não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o
estabelecimento empresarial (coisa).

IMPORTANTE!!! A empresa é a atividade, não é o local.

Espécies: enquanto atividade econômica, a empresa pode ser agrupada da


seguinte forma:

a. Quanto à atividade desempenhada: podem ser mercantis ou civis.

b. Quanto à natureza jurídica: podem ser públicas, privadas ou de economia


mista.
c. Quanto à nacionalidade: pode ser brasileira ou estrangeira

CAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DA EMPRESA

Tanto as pessoas físicas como as pessoas jurídicas podem ser empresárias,


desde que estejam perfeitamente enquadradas no conceito de empresário (art.
966, caput, do CC).

Possuem capacidade para ser empresários:

► os maiores de 18 (dezoito) anos e as pessoas que possuam entre 16


(dezesseis) e 18 (dezoito) anos, devidamente emancipados;

► os incapazes para continuar a empresa que exerciam devidamente ou que


a receberam por herança, mediante alvará judicial, desde que representados
ou assistidos, este caso trata da incapacidade superveniente (art. 974, caput,
do CC). A autorização judicial atesta só a capacidade para o exercício da
atividade empresarial, pode ser revogada a qualquer tempo, podendo
devolver a capacidade aquele que já a teve (art. 974, §§ 1º e 2º, do CC). A
emancipação ou o Alvará Judicial devem ser averbados na Junta Comercial
(art. 976, caput, do CC).

Estão impedidos de ser empresários:

► magistrados e membros do Ministério Público (arts. 95, parágrafo único


e 128, § 5º, II, c da CF/88) e também não podem ser administradores ou
controladores de sociedades; ► funcionários públicos, conforme
determinação dos respectivos estatutos (art. 117, X, da Lei n. 8.112/90); ►
militares na ativa das 3 (três) armas (art. 142, caput, da CF/88). Ex.: PM
prestando serviço de segurança particular; ► falidos não reabilitados (art.
102 da Lei n. 11.101/2005); ► cônsules remunerados, em seus distritos
(Decretos n. 4.868/82 e n. 3.529/89); ► estrangeiros não residentes no país.
A proibição legal se limita ao exercício individual do comércio, não se
estendendo à participação em sociedade comercial como acionista, quotista
ou sócio comanditário; ► estrangeiros não naturalizados há mais de dez anos
para sociedades que desenvolvem atividade de comunicação (art. 222 da
CF/88); ► devedores do INSS (art. 95, § 2º, d, da Lei n. 8.212/91); ►
médicos, para o exercício simultâneo da farmácia, drogaria ou laboratórios
farmacêuticos, bem como os farmacêuticos para o exercício simultâneo da
medicina (Lei n. 5.991/73 e Decreto n. 20.877/31); ► parlamentares federais
em sociedade que goze de favor do Poder Público (art. 54 da CF/88).
Obrigações comuns a todo empresário

São três as obrigações comuns a qualquer pessoa que desenvolva atividade


empresarial:

a) arquivamento dos atos constitutivos na Junta Comercial; b) escrituração


dos livros obrigatórios; e c) realizar os balanços: Patrimonial e de Resultados
Econômicos.

A Junta Comercial faz parte da Administração Pública indireta, é autarquia


estadual e segue as diretrizes emanadas pelo DNRC – Departamento
Nacional de Registro de Comércio; ambos estão sob a égide do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

► proceder ao assentamento dos usos e práticas mercantis; ► expedir a


carteira de exercício profissional de empresário e demais pessoas legalmente
inscritas no registro de empresas; ► habilitar e nomear tradutores públicos
e intérpretes comerciais. Atos da Junta Comercial ► matrícula; ►
arquivamento; ► autenticação; ► anotações; ► cancelamento de registro;
► assentamento; ► expedição de carteiras profissionais.

Matrícula é o ato obrigatório para que determinadas pessoas possam exercer


regularmente a profissão, como os leiloeiros, tradutores, trapicheiros e
administradores de armazém geral.

Arquivamento é o ato praticado em relação aos documentos que a sociedade


empresarial e o empresário individual levam a registro. Ex.: os atos de
constituição, alteração ou extinção da entidade empresária.

Autenticação é o meio pelo qual a Junta Comercial controla os livros


comerciais, sendo condição a regularidade do documento e a confirmação de
sua autenticidade.

Anotação é um serviço que se refere à publicação dos atos de empresário ou


de sociedade empresarial. Ex.: Publicação do Diário Oficial do Estado –
Caderno da Junta Comercial, a alteração de sede ou de nome empresarial.

Cancelamento de registro é o ato pelo qual a Junta Comercial torna sem


efeito as matrículas, proteções e extingue o que está inativo. Assentamento
são as regras embasadas nos usos e costumes, as quais as Juntas enviam para
o DNRC, e este torna regra geral a todas as Juntas.
Expedição de carteiras profissionais, documento de identificação que
comprova o exercício da atividade profissional, destinada aos empresários;
administradores de sociedade empresária, leiloeiros e trapicheiros.

Arquivamento do ato constitutivo da atividade empresarial na Junta


Comercial

Para exercer plenamente uma atividade empresária, qualquer pessoa (física


ou jurídica) deve efetuar a inscrição no Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins da respectiva sede, antes do início de sua
atividade (art. 967 do CC). Este local é consubstanciado, na estrutura
nacional, pelas Juntas Comerciais. A inscrição deverá conter (art. 968 do
CC): ► nome, nacionalidade, estado civil e, se casado, regime de bens; ►
firma, com a respectiva assinatura; ► o valor do capital; e ► objeto social e
a sede da empresa a ser desenvolvida. O empresário que constituir filiais em
lugares sujeitos a outro Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins neles deverá, também, realizar a inscrição juntando a prova
da inscrição originária.

Inatividade do empresário

O empresário é considerado inativo se ele ficar 10 (dez) anos ou mais sem


arquivar qualquer alteração na Junta Comercial, sendo previamente
notificado por comunicação direta ou edital. Consequência da inatividade A
Junta Comercial instaura um processo administrativo para cancelamento do
registro considerando o empresário inativo e informando o fato às
autoridades arrecadadoras. Ex.: Receita Federal e INSS.

AUXLIARES DO EMPRESÁRIO:

Normalmente é necessário o auxílio de colaboradores, visto que o


empresário dificilmente terá a capacidade de praticar todos os atos por si só,
sendo muito frequente o auxílio de outras pessoas, de colaboradores, tais
como gerentes, empregados, contabilistas, advogados, representantes
comerciais e leiloeiros para colaborar com o desenvolvimento da empresa.
A essas pessoas, no exercício de suas funções, damos o nome de agentes
auxiliares do comércio ou da empresa.

Os auxiliares dependentes são os que prestam serviços à empresa sob a


condição de assalariados, subordinados hierarquicamente ao empresário,
trabalhando internamente (auxiliares dependentes internos) ou
externamente, percorrendo a clientela (auxiliares dependentes externos), ao
passo que os auxiliares independentes não se subordinam hierarquicamente
ao empresário, colaborando apenas em suas relações externas. Sua atividade
é considerada autônoma em relação à empresa, não estando, por isso, sujeita
à sua disciplina hierárquica.

Auxiliares dependentes internos Sobre os colaboradores que se encaixam


nessa categoria, faz-se necessário uma explicação mais detalhada sobre dois
deles, devido as suas consideráveis importâncias. São eles: o gerente e o
contador.

O Gerente: O Código Civil, art. 1.172, reserva a expressão gerente para


designar o preposto (pessoa ou o empregado que, além de ser um locador de
serviços, está investido no poder de representação de seu chefe ou patrão,
praticando atos concernentes à locação, sob direção e autoridade do
preponente ou empregador), portanto empregado, encarregado
permanentemente da administração da empresa, ou de setores,
departamentos ou unidades. Atuando na sede da empresa, ou sucursal, filial
ou agência, é cargo desempenhado em confiança.

O gerente estará autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício


dos poderes que lhe foram concedidos (art. 1.173). Havendo dois ou mais
gerentes no mesmo setor ou departamento da empresa, consideram- se
solidários os poderes a eles concedidos, não havendo estipulação diversa.
Ainda, que haja uma limitação dos poderes do gerente devidamente
arquivado e averbado no Registro Público de Empresas Mercantis (e assim,
oponível a terceiros), o empresário fica vinculado pelos atos praticados por
este desde que dentro do estabelecimento e que guardem relação com a
atividade da empresa. O proponente responde solidariamente com o gerente
pelos atos que este pratique em seu próprio nome, mas à conta dele.

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