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Gestão Empresarial

Aula 04
Noções de Direito
Empresarial
Direito empresarial é um ramo do direito privado que
pode ser entendido como o conjunto de normas
disciplinadoras da atividade negocial do empresário e de
qualquer pessoa física ou jurídica, destinada a fins de
natureza econômica, desde que habitual e dirigida à
produção de bens ou serviços.
O Código Civil é o principal diploma do Direito Empresarial.

Nele, estão previstas as diretrizes mais importantes a serem


observadas pelos empresários e suas organizações,
principalmente no que diz respeito aos aspectos legais da
atividade empresarial (constituição da empresa, administração,
direitos e deveres de sócios, entre outros).
O que é empresário?

Segundo o Art. 966 do CC, considera-se empresário


quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços.
Vamos entender o conceito:
Profissionalmente: o empresário deve exercer sua atividade de forma
habitual, não esporádica;

Atividade: É o exercício da empresa. O ramo;

Econômica: a busca do lucro na exploração da empresa;

Organizada: deve ter os quatro fatores de produção, que são o capital, a


mão de obra, os insumos e a tecnologia;

Produção: a fabricação de mercadorias ou a prestação de serviços;

Circulação: a intermediação de mercadorias ou de serviços.


O mesmo artigo informa que o empresário que exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores,
NÃO É CONSIDERADO EMPRESÁRIO, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.

Ex.: O cirurgião plástico; o ator, escritor...


O empresário pode ser Pessoa Física (empresário
individual) ou Pessoa Jurídica (sociedade
empresária).
Quanto a inscrição:

Ao empresário é obrigatório a sua inscrição no


Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade.
EIRELI
Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada) é um formato empresarial que pode ser
constituído por apenas um sócio. Para abrir uma
Eireli, é preciso declarar um capital social de, no
mínimo, 100 salários mínimos atuais. O empresário
não tem seu patrimônio pessoal afetado por
dívidas da empresa.
A EIRELI foi instituída no ano de 2011 e
acrescentada ao Código Civil no artigo 980 – A.
Vantagens do EIRELI

https://m.sebrae.com.br/
1º - A atividade empresarial pode ser realizada por
uma pessoa com responsabilidade limitada, sem
comprometer o patrimônio pessoal, ou seja, caso o
negócio contraia dívidas, apenas o patrimônio social
da empresa será utilizado para quitá-las.
2º - Redução da informalidade através da
regularização da situação do empresário
individual.
3º - Liberdade de escolher o modelo de
tributação que melhor adapte a sua atividade
ao porte da empresa, podendo optar,
inclusive, pelo Simples Nacional.
4º - Incentivo à inovação tecnológica e o PAT
(Programa de Alimentação do Trabalhador).

Instituída pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de


1976 e regulamentado pelo Decreto nº 5, de
14 de janeiro de 1991
5º - Sem limite de faturamento
(diferentemente do MEI)
Quem pode ser
empresário?
1 - Maior de 18 anos, brasileiro(a) ou estrangeiro(a).

>> O estrangeiro deverá ter domicílio no país ou


constituir representante!
2. Menor de idade emancipado ou que atinja a maioridade.

a. por concessão dos pais, ou de um deles na falta de outro,


se o menor tiver dezesseis anos completos. A outorga
constará de instrumento público, que deverá ser inscrito no
Registro Civil das Pessoas Naturais e arquivado na Junta
Comercial.

b. por sentença do juiz que, também, deverá ser inscrita no


Registro Civil das Pessoas Naturais;
c. pelo casamento;

d. pelo exercício de emprego público efetivo (servidor ocupante de


cargo em órgão da administração direta, autarquia ou fundação
pública federal, estadual ou municipal);

e. pela colação de grau em curso de ensino superior; e

f. pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de


relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16
anos completos tenha economia própria.
Art. 5º - CC/02
>> Poderá o incapaz, por meio de representante ou
devidamente assistido, continuar a empresa exercida
por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de
herança.

Nesses casos, o incapaz será autorizado pelo juiz.


Quem são os incapazes, segundo o CC/02?
*Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
*Os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
*Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade;
*Os pródigos (Pródigo é a pessoa que se revela por um gasto
imoderado capaz de comprometer seu patrimônio).
Quem não pode ser
empresário?
*militares da ativa das três Forças Armadas e das Polícias Militares;
*funcionários públicos civis (União, Estados, Territórios e Municípios);
*magistrados;
*médicos, para o exercício simultâneo da medicina e farmácia, drogaria
ou laboratório;
*cônsules, salvo os não remunerados;
*corretores e leiloeiros;
*falidos, enquanto não reabilitados;
*governador do estado e membro do MP (enquanto exercem a função).
Outras informações:

Os parlamentares donos de empresa, não podem firmar contratos com


empresas de direito público;

Os estrangeiros podem abrir empresa no Brasil, todavia é necessário, para


fazer registro dos seus atos constitutivos outorgar a um residente do País
poderes específicos, perfazendo, este, como representante no Brasil.

Cônjuges não podem ser sócios quando estão casados nos regimes
de comunhão universal de bens, ou no regime de separação obrigatória de
bens.
O regime de comunhão universal de bens é aquele em que
todos os bens do casal serão partilhados entre eles em caso
de divórcio, salvo algumas exceções.

Não somente os bens serão partilhados, mas as dívidas do


casal também serão pagas com o patrimônio ou com o
dinheiro a ser dividido.
O regime da separação total de bens promove uma absoluta
separação patrimonial e os bens do casal não se comunicam.

Isso significa que, tanto os bens adquiridos depois do


casamento, quanto os bens adquiridos antes do casamento,
permanecerão sendo particulares de cada cônjuge.
A separação obrigatória de bens é um regime no qual os nubentes
são obrigados pela lei a adotarem o regime de separação de bens.

Art. 1.641 CC.

É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas


suspensivas da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Princípios Fundamentais do
Direito Empresarial
Um princípio é o fundamento de uma norma jurídica, são as vigas
do direito que não estão definidas em nenhum diploma legal.

Dessa forma, é possível concluir que o princípio inspira a criação


da norma, ou seja, tem a função de instruir o legislador.

https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-104/teoria-geral-dos-principios/
Princípio da Livre Iniciativa
Através desse princípio, o empresário tem liberdade para exercer sua iniciativa
privada. A Constituição Federal, em seu artigo 1º, IV diz que:

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e


Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;


Isso significa que o empreendedor tem liberdade de explorar
qualquer nicho que deseja, desde que de forma lícita.

Dessa forma, em alguns momentos o estado deve intervir como


agente regulador para manter o controle e o bem comum a todos.
Princípio da Livre concorrência
A livre iniciativa não isenta o empreendedor de, também, ter a
livre concorrência. Pelo contrário, justamente pela liberdade de
empreender, o empresário poderá investir quando desejar.
A livre concorrência está correlacionada com o princípio da livre
iniciativa, ou seja, quando se está diante de um mercado
competitivo, os empresários que estejam atuantes com suas
atividades, podem perfeitamente utilizar todos os recursos lícitos
para que desenvolvam da melhor maneira possível sua atividade
econômica.
A concorrência permite que o mercado se
mantenha com aqueles que são os mais
capacitados para fornecer produtos e serviços
diferenciados à clientela.
Princípio da Função social da empresa

Mesmo que a empresa seja privada e o intuito do empresário


seja o lucro, é necessário que ela tenha um apelo social,
aplicado à sociedade.
A função social da empresa deve ser realizada de
forma plena e satisfatória a todos, com melhorias ao
meio ambiente, criação de programas sociais que
integrem a empresa e a sociedade por exemplo.
Ou seja, não basta apenas respeitar o direito do
consumidor, mas é necessário pensar em contribuir
para o desenvolvimento das áreas: econômica,
cultural, social e com o meio ambiente.
Princípio da Preservação da empresa
Tal princípio parte da ideia de que as atividades econômicas da
empresa precisam ser preservadas e conservadas.

O objetivo principal é a manutenção da atividade produtiva no


interesse de empregados, governos e dos próprios credores.

A prática previne conflitos de interesse em que os envolvidos saiam


prejudicados.
Sociedades Empresárias
Todo empresário deve atentar-se ao fato
de que existem diferentes tipos de
sociedade permitidos pela legislação
brasileira.
Uma sociedade empresária é a junção de
duas ou mais pessoas buscando exercer
atividade econômica visando lucro.
O que é LIMITADA?

São as sociedades em que o patrimônio social da


empresa não se confunde com o patrimônio individual
dos titulares, que fica protegido em caso de falência,
débitos ou disputas judiciais da empresa. Por esse motivo,
as sociedades limitadas são as mais comuns no Brasil.
E o que é Ilimitada?
Sociedades ilimitadas são aquelas em que a responsabilidade dos
sócios não é restrita ao valor das suas cotas. Ou seja, o patrimônio
pessoal dos sócios pode ser comprometido em caso de falência e
dívidas da empresa.
Sendo assim, a diferença entre elas é a responsabilização dos
sócios em caso de falência, dívidas e disputas judiciais do
negócio.

Resumindo:

Nas sociedades ilimitadas, o patrimônio da pessoa física é


vinculado ao da pessoa jurídica e pode ser comprometido;

Nas sociedades limitadas, o patrimônio pessoal é desvinculado


e fica protegido.
Tipos societários:
>> Sociedade Simples

Esse formato está ligado somente a atividades que sejam


relacionadas a prestação de serviços. Tem por objeto o
exercício de atividade rural ou intelectual, de natureza
científica, literária ou artística. São sociedades não sujeitas
a falência, com ato constitutivo registrado no Cartório de
Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
>> Sociedade em Nome Coletivo
A Sociedade em Nome Coletivo é obrigatório que todos os sócios
da empresa respondam por suas obrigações financeiras e
fiscais.

Esse tipo de sociedade também permite que os sócios limitem


entre si as suas responsabilidades no momento de elaboração
do Contrato Social.

Geralmente, o nome desse tipo de organização é composto pelo


nome dos sócios junto com alguma expressão que caracterize esse
formato, tal como: & Cia, & Companhia e assim por diante.
>> Sociedade Limitada
Um dos modelos mais comuns no Brasil, conhecido pela sigla LTDA.

Para que ela possa existir, exige-se a existência de mais de um sócio,


sejam eles pessoas jurídicas ou físicas. Além disso, cada sócio tem a
sua participação definida com base em sua cota, ou seja, sua
participação no capital social da empresa.

O administrador deverá ser o representante legal da sociedade. A sua


escolha será feita pela maioria dos sócios, em votação, mas também,
a administração poderá ser exercida por um grupo de sócios desde
que esteja discriminado no Contrato Social.
>> Sociedade Anônima

Nessa categoria de sociedade o capital não se encontra


associado a nomes e sim em ações. A constituição se dá com
dois ou mais sócios, com capital social distribuído por cotas e
as responsabilidades dos acionistas são divididas conforme as
suas ações.
O capital social da empresa pode ser dividido em:

Capital aberto, que é quando o seu valor pode ser


negociado na bolsa de valores;

Capital fechado, que seguindo a lógica inversa, não permite


negociações na bolsa.
De acordo com o artigo 3º da Lei 6.404/76, a sociedade terá
em seu nome as expressões "companhia" ou "sociedade
anônima", expressas por extenso ou abreviadamente, mas
proibida o uso da primeira ao final.

O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer


modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá
figurar na sua denominação.
>> Sociedade Comandita por Ações

A Sociedade Comandita por Ações possui o seu capital dividido


em ações, assim como na Sociedade Anônima, porém, ela não
opera em conjunto com seus acionistas e sim por firma ou
denominação.
Quem exerce os atos deliberativos e responsabilidades sociais
é o diretor nomeado. Pode-se nomear mais de um diretor, desde
que isso seja feito no ato de constituição da sociedade.

A destituição de diretores precisa também de deliberação dos


sócios e só pode ocorrer se houver aprovação da maioria.
>> Sociedade em Comandita Simples
Com utilização limitada, as sociedades em comandita simples divide os
societários em duas categorias: comanditários e comanditados.

Os primeiros compõem o capital social da empresa, mas não fazem


parte de sua administração.

Já os segundos são pessoas físicas responsáveis pelas obrigações


fiscais e financeiras. A razão social só pode conter os sócios
comanditados e essas especificações devem estar descritas no capítulo
administrativo do contrato social.
É considerada um tipo misto de sociedade, pois parte dos sócios tem
responsabilidade limitada, enquanto o restante responde integralmente.
Por isso, deve constar a discriminação de cada sócio no contrato social.

Nessa sociedade é necessária a anuência de todos os sócios para a


entrada de um novo. Sua administração é feita pelos comanditados (ou
conforme especificado no contrato).
>> Sociedade Cooperativa

As Cooperativas constituem um modelo societário formado


pela associação de várias pessoas, nos termos do artigo
1.094, II do Código Civil.

Na sociedade cooperativa, as responsabilidades


dos sócios podem ser limitadas ou ilimitadas.
>> Sociedade em Conta de Participação

Esse tipo de sociedade empresarial é formado por 2 ou mais


sócios, sem firma social, exclusivamente para operações de
comércio.

Esse tipo societário está disciplinado nos Artigos 991 a 996 do


Código Civil.
Geralmente, apresenta um prazo determinado de duração e
sua existência independe de registro na Junta Comercial.

A relação entre sócios fica estabelecida por meio de contrato


informal, que apresenta efeitos apenas entre as partes.

Nesse tipo de sociedade, os sócios respondem ilimitadamente


com o patrimônio pessoal pelas obrigações do
empreendimento.
>> Sociedade de Advogados
A Sociedade de Advogados deve seguir os requisitos estabelecidos no
Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil
(Lei 8.906/94).

Entre eles, destaca-se a necessidade dos sócios serem advogados


inscritos na OAB, vedação do advogado integrar mais de uma
sociedade e não ser permitido fazer propaganda e publicidade do
negócio na mídia.
Os atos praticados pela sociedade não são
registrados nas Juntas Comerciais ou Cartórios de
Registro de Pessoas Jurídicas, mas na Seccional da
OAB correspondente à localidade de atuação.
O setor de direito empresarial é exercido pela
equipe de advogados ou ao escritório de advocacia
contratado pela empresa para lidar com todas as
questões jurídicas e burocráticas dela, como o
registro, tributação, e se houver, a falência!
A seguir, temos 05 questões para fixação do
conteúdo que deverão ser respondidas e
enviadas ao e-mail do instrutor.

O e-mail do instrutor está disponível em cada


aula na plataforma Moodle!
Exercício para fixação:

01 - O que é Direito Empresarial?


02 - Segundo o Código Civil, o que é empresário?
03 - O que significa EIRELI?
04 - O que é princípio?
05 - O que é sociedade ilimitada?
Bibliografia:
http://www.fortesadvogados.com.br/
https://rockcontent.com/
https://www.projuris.com.br/
https://www.jurisite.com.br/
https://direitorio.fgv.br/

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