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UFCD 0563

Legislação Comercial

Formadora Carla Pires


Objetivos

Interpretar a legislação comercial


relevante para a atividade da
empresa.
Conteúdos

• Noções fundamentais de Direito


• As fontes de Direito
• Características da norma jurídica
• Distinção entre direito público e direito
privado
• A empresa e o Direito
Conteúdos
• Tipos de empresas
- Singulares
- Empresário em nome individual
- EIRL
- Coletivas
- Sociedades comerciais
- Sociedade em nome coletivo
- Sociedade por quotas
- Sociedade em comandita
- Sociedade anónima
- Sociedade unipessoal
- Sociedades civis
Conteúdos

• Contratos comerciais mais usuais


oContrato de compra e venda
oContrato de locação
oContrato de prestação de serviços
Ficha de Diagnóstico
• Defina Direito.
• Conhece as fontes do Direito? Identifique-as.
• O que distingue o Direito Público do Direito
Privado?
• Existem empresas singulares e coletivas – Dê
exemplos.
• Conhece alguns contratos comerciais?
Identifique-os.
Duração: 20 min.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE
DIREITO
SOCIEDADE
ORDEM
JURÍDICA
REGRAS
IUS
RELAÇÕES
SOCIAIS
OBRIGAÇÕES
E DEVERES CODEX

ESTADO
JUSTIÇA
NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE
DIREITO
O QUE É O DIREITO?

Conjunto de regras, de carácter permanente, obrigatório, geral e


impessoal, que se destina a regulamentar a vida em sociedade
com vista ao bem comum (certeza jurídica e segurança pública).
NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE DIREITO
• DIREITO OBJETIVO - CONJUNTO DE NORMAS JURIDICAS

Ex. Código Comercial

• DIREITO SUBJETIVO – CONJUNTO DE NORMAS JURIDICAS QUE


DEFINEM A FACULDADE DE AGIR

Ex. uma pessoa tem a faculdade de exigir de outra um determinado


comportamento, para não violar os seus direitos. (direito à vida)

O direito subjetivo constitui-se como a


aplicação a casos/situações subjetivas
preceituados no direito objetivo.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE
DIREITO
• O ESTADO DE DIREITO
O Direito não se confunde com o Estado: cabe a este legitimá-lo e limitá-lo. Ao
Direito cabe a realização de justiça, ao Estado incumbe instituir e garantir a ordem
jurídica em obediência ao Direito.

Caracteriza-se por:
▪ O ordenamento jurídico é um todo hierarquicamente estruturado,
▪ A lei é a fonte de Direito mais importante,
▪ Prima pela proteção dos direitos fundamentais,
▪ Ação administrativa como garantia da tutela dos direitos,
▪ Controlo da lei – obediência à Constituição da República Portuguesa
FONTES DO DIREITO
FONTES VOLUNTÁRIAS: explicitam uma vontade dirigida especificamente à
criação da norma jurídica.

▪ LEI (Fonte imediata, com força vinculativa própria)


▪ JURISPRUDÊNCIA
▪ DOUTRINA

• FONTES NÃO VOLUNTÁRIAS : não traduzem uma vontade dirigida à


criação da norma jurídica. Resultam de forma indireta para a construção
para a construção do Direito.

▪ Costume (não contrários à boa fé)


▪ Princípios fundamentais do Direito
É UM ELEMENTO FUNDAMENTAL DO DIREITO, ORDENANDO A
CONVIVÊNCIA HUMANA.

Estruturalmente, a norma jurídica é constituída por duas partes:

1. Uma previsão – refere situações típicas da vida, situações de facto.


2. Uma estatuição – prescreve os efeitos jurídicos no caso de a
situação prevista (na previsão) se verificar.
NORMA JURÍDICA
• Exemplo:

Artigo 270º-C CSC


• 1 - Uma pessoa singular só pode ser sócia de uma única sociedade
unipessoal por quotas.
2 - Uma sociedade por quotas não pode ter como sócio único uma
sociedade unipessoal por quotas.
3 - No caso de violação das disposições dos números anteriores,
qualquer interessado pode requerer a dissolução das sociedades por via
administrativa.
4 – (…)

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NORMA JURÍDICA
CARACTERÍSTICAS:
• Hipoteticidade – os efeitos jurídicos que a norma estatui só se
produzem se se verificar a situação prevista.
Ex. se alguém se enriquecer à custa de outrem, produz-se o efeito jurídico
que consiste na obrigação de restituir aquilo com que injustamente se
locupletou.
• Generalidade - a norma jurídica aplica-se a uma categoria abstrata de
pessoas e não a uma ou a uma pluralidade de pessoas determinadas no
momento da sua elaboração.
• Abstração – a norma jurídica aplica-se a um nº indeterminado de
situações subsumíveis à categoria prevista.
• Imperatividade - a norma jurídica determina um comando, porque
impõe um certo comportamento ou proíbem uma conduta.
• Coercibilidade - Consiste na suscetibilidade de aplicação coativa
de sanções, se a norma for violada.

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RAMOS DO DIREITO - DISTINÇÃO
ENTRE DIREITO PÚBLICO E
PRIVADO
• Direito Público é:
O conjunto de normas reguladoras das relações entre os
Estados ou entre o Estado e os particulares, em que o
Estado exerce a soberania, imperium, em que o indivíduo é
um súbdito.
o direito público segue o princípio da legalidade estrita, pelo
qual o Estado somente pode fazer o que é previsto em lei.

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Direito Privado é:

O conjunto das normas reguladoras das relações


entre os particulares ou entre os particulares e o
Estado, quando este intervém despido de «Imperium».
O direito privado baseia-se no princípio da autonomia
da vontade, isto é, as pessoas gozam da faculdade de
estabelecer entre si as normas que desejarem.
Em direito privado, tudo que não é proibido é
permitido.
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A EMPRESA E O
DIREITO
• A palavra «empresa» traduz um conceito atual que qualquer
pessoa tende a identificar com a ideia de negócio,
estabelecimento, organização para a exploração de uma
atividade.

• Na perspetiva da economia, empresa é uma «unidade de


produção», ou «uma unidade de exploração económica», ou
«uma unidade técnica de produção», uma organização com
o objetivo de criar utilidades, sob a forma de bens ou
serviços, para obter o lucro.

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A EMPRESA E O DIREITO
Resumindo, empresa é:
o Em sentido subjetivo, o comerciante;
o Em sentido objetivo, a atividade que o
comerciante exerce profissionalmente, servindo-se
de uma organização que é o estabelecimento
comercial.

• Quem é o comerciante? – Artigo 13º do CC + Artigo


7º do CC

• O que são atos de comércio? – Artigo 2º do CC +


Artigo 230º do CC

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A EMPRESA E O DIREITO
Nos termos do artigo 230º do CC: “Haver-se-ão por comerciais as empresas,
singulares ou coletivas, que se propuserem:
1. Transformar por meio de fábricas ou manufaturas, matérias-primas, empregando, para
isso, ou só operários, ou operários ou máquinas.
2. Fornecer, em épocas diferentes, géneros quer a particulares, quer ao Estado, mediante
preço convencionado.
3. Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público, e
mediante salário estipulado.
4. Explorar quaisquer espetáculos públicos.
5. Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas.
6. Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário.
7. Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas,
animais, alfaias ou mercadorias de outrem.”

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A EMPRESA E O DIREITO

• Obrigações especiais dos comerciantes: artigo 18º do CC

• Adotar uma firma; (Artigo 10º do CSC + RNPC - DL n.º 129/98, de 13 de Maio )

• Ter uma escrituração; (Artigo 29º a 44º do CC)

• Efetuar o registo de determinados atos; (Código do Registo Comercial)

• Dar balanço e prestar contas; (Artigo 62º do CC)

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EMPRESAS SINGULARES

• As empresas singulares são aquelas que apenas têm um indivíduo como


proprietário, o qual, para além de deter a totalidade do capital, contribui
com o seu trabalho na direção da empresa.

• O empresário individual pode assumir uma responsabilidade limitada se


optar pelo estatuto de Estabelecimento Individual de Responsabilidade
Limitada (Maria Manuela E.I.R.L).

• Neste caso, há uma separação entre os patrimónios particular e comercial


e apenas este responderá pelas dívidas contraídas pela empresa.

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EMPRESAS SINGULARES
Empresário Em Nome Individual

• Titular: um único indivíduo ou pessoa singular.


• Setor: comercial, industrial, de serviços ou agrícola.
• Firma: contém sempre o nome civil completo ou abreviado do
empresário.
• Pode ser adicionada uma alcunha pela qual o empresário é conhecido
e ainda, pode conter uma expressão alusiva ao negócio.
• Capital: não existe montante mínimo para o capital social.
• Património: património pessoal e património do negócio encontram-se
unidos.
• Responsabilidade: ilimitada – o empreendedor responde por todas as
dívidas contraídas pela empresa com todos os bens constituintes do
seu património pessoal ou empresarial.
• Criação da Empresa: apenas possível no método tradicional.

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EMPRESAS SINGULARES

• Preencher a declaração de inicio de atividade


numa repartição local ou através do Portal
das Finanças;

• Fazer o enquadramento na Segurança Social.

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EMPRESAS SINGULARES
• Vantagens
• Total controlo do proprietário sobre o negócio;
• Possibilidade de redução dos custos fiscais
• Constituição e dissolução simples;
• Não existe capital social mínimo.

• Desvantagens
• Risco associado à fusão do património da empresa com
o património pessoal do proprietário;
• Dificuldade em obter créditos para fundos.

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EMPRESAS SINGULARES
E.I.R.L. - Estabelecimento Individual de Responsabilidade
Limitada

• Titular: um único indivíduo ou pessoa singular.


• Setor: Comercial.
• Firma: nome civil extenso ou abreviado do empresário, podendo ser
adicionada uma referência ao ramo de atividade, com a expressão
obrigatória “Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada”, ou a
respetiva sigla “E.I.R.L.” (nº 3, art. 2º do D.L. 248/86 de 25/08 e Decreto-Lei
n.º 129/98, de 13 de maio).
• Capital: capital mínimo de 5.000€, dos quais um terço é obrigatório
encontrar-se em forma monetária(3333.33€), podendo coisas ou direitos
suscetíveis de penhora perfazer o resto do capital mínimo mencionado (nº 1
e nº 3 do art. 3º do D.L. nº 248/86).

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EMPRESAS SINGULARES
Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada

• Património: os bens patrimoniais da empresa e os bens patrimoniais do


empreendedor são independentes uns dos outros. Contudo, há casos em
que os patrimónios são conjugados.

• Responsabilidade: pelas dívidas resultantes da EIRL respondem apenas


os bens afetos à empresa, com uma exceção – em caso de falência do
titular com uma causa relacionada com a atividade da empresa, o
empresário responde com todo o seu património pessoal e da empresa
pelas dívidas contraídas (contanto que se prove que não decorria uma
separação total dos bens).

• Criação da Empresa: deve dirigir-se aos balcões de atendimento do


Instituto dos Registos e do Notariado.

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Criação das empresas online
• Através da iniciativa 'Empresa na Hora' poderá constituir uma
sociedade (unipessoal por quotas, por quotas ou anónima) num
único balcão e de forma imediata.
• Os interessados não necessitam obter, previamente o certificado de
admissibilidade da firma, junto do Registo Nacional de Pessoas
Coletivas;
• Não é necessária a celebração de escritura pública;
No momento da constituição é comunicado o código de acesso ao
cartão eletrónico da empresa, o número de identificação da Segurança
Social e ficam, desde logo, na posse da empresa o pacto social e o
Código de Acesso à Certidão Permanente do registo comercial pelo
prazo de três meses;
• O registo do contrato da sua sociedade é publicado de imediato no
sítio "http://publicacoes.mj.pt/", de acesso público e gratuito;
Criação de empresas pelo método
tradicional
• A criação da empresa por este método implica uma série de
passos, em diferentes entidades e em distintos momentos, como
sendo, o pedido do certificado de admissibilidade, o depósito do
capital social da empresa, a preparação do ato ou pacto
constitutivo de sociedade, a entrega da declaração de início de
atividade, o registo comercial e a inscrição na Segurança Social.
O Método Tradicional de criação de uma empresa tem vindo a
sofrer algumas alterações, sendo que parte das etapas que
careciam de deslocação presencial a determinados balcões
passaram a poder ser feitas através da Internet.
• No entanto, qualquer pessoa pode optar pela criação da sua
empresa seguindo o método tradicional.
EMPRESAS SINGULARES
SOCIEDADE UNIPESSOAL POR QUOTAS
Artigos 270º-A a 270º -G do CSC

• Titular: constitui-se por um único sócio.- artigo 270º-A, C, D e E


• Firma: contém a palavra “Unipessoal” ou a expressão “Sociedade
Unipessoal”, seguida de “Limitada” ou a correspondente
abreviatura “Lda”. – artigo 270º-B
• Capital: valor mínimo de 1 euro, detido por pessoa singular ou
coletiva.
• Responsabilidade: limitada ao montante do capital social.
• Criação da Empresa: empresa online e nos balcões “empresa na
hora”, recorrendo ao método tradicional, balcão do RNPC, Artigo
270º-A

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pode ser criada de uma de três formas:

Por transformação de uma sociedade por quotas (plural) em


sociedade unipessoal por quotas, concentrando-se as quotas
num único sócio, mediante declaração do sócio único em que
manifesta vontade nessa transformação (esta declaração pode
constar do próprio documento que titule a cessão de quotas);

Por transformação de um estabelecimento individual de


responsabilidade limitada, mediante declaração escrita do
interessado;

De raiz, sendo criada desde logo com esta forma.


EMPRESAS SINGULARES
SOCIEDADE UNIPESSOAL POR QUOTAS
Efetuado o registo comercial é necessário:

• Requerer o certificado de Admissibilidade da firma


• Depositar o capital social em conta própria
• Celebrar o pacto social da empresa
• Promover o Registo central do beneficiário Efetivo

Pacto social deve conter:


• Nome do sócio
• Tipo de sociedade
• Firma
• Objeto da sociedade
• Sede
• Capital social
• Quota de capital

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EMPRESAS SINGULARES
SOCIEDADE UNIPESSOAL POR QUOTAS
Finalmente:
Após registo no RNPC, inscrição no Portal das Finanças e na Segurança Social e requisição do
cartão da empresa.
Custos associados:
Registo comercial 360 euros ou 220 euros (com pacto pré-aprovado)
Certificado de admissibilidade: 75 euros
Cartão:14 euros

• Vantagens
• Total controlo do proprietário sobre o negócio;
• Património pessoal do proprietário não responde pelas dívidas contraídas pela
empresa, visto que se encontra separado do património da mesma.

• Desvantagens
• Maior complexidade na constituição da empresa; Sem vantagens fiscais;
Existência de um capital social mínimo.

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EMPRESAS COLETIVAS
• SOCIEDADES COMERCIAIS – ARTIGO 1º / 2º DO CSC

São sociedades comerciais aquelas que tenham por objeto a prática de


atos de comércio e adotem o tipo de sociedade em nome coletivo, de
sociedade por quotas, de sociedade anónima, de sociedade em
comandita simples ou de sociedade em comandita por ações.
As sociedades que tenham por objeto a prática de atos de comércio
devem adotar um dos tipos referidos no número anterior.
As sociedades que tenham exclusivamente por objeto a prática de atos
não comerciais podem adotar um dos tipos referidos acima, sendo-lhes,
nesse caso, aplicável a presente lei – sociedades civis.

Atenção aos artigos 2º e 230º do CC (definição de atos de comércio)

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EMPRESAS COLETIVAS
O contrato de sociedade é definido no Código Civil, artigo 980º como:
• «Aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com
bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade
económica, que não seja a de mera fruição, a fim de repartirem os
lucros resultantes dessa atividade».
A sociedade tem, assim, como características:
• Uma pluralidade de pessoas como seu substrato;
• A ideia de colaboração entre as pessoas numa atividade com vista a
um objetivo que é o lucro;
• Conjugação de bens, isto é, um fundo comum que constituirá o
património social;
• Uma organização que seja a base de realização dos objetivos.

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EMPRESAS COLETIVAS
SOCIEDADES COMERCIAIS:

• Forma do contrato de sociedade – artigo 7º do CSC; artigo 981ºe 982º


do Código Civil

• Elementos do contrato – artigo 9º do CSC (artigos 10º a 18º CSC)

• Direitos e deveres dos sócios - Artigo 20º, 21º e 22º do CSC

• Artigos 983º a 1021º do Código Civil – análise das disposições gerais


das sociedades

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SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
Artigos – 175º a 196º do CSC

• Sócios: mínimo de dois, sendo admitidos sócios de indústria


desde que, no pacto social, seja atribuído um valor à sua
contribuição em indústria. artigo 179º
• Firma: composta pelo nome completo ou abreviado do
apelido ou da firma de todos, alguns ou um dos sócios,
seguido da expressão “e Companhia”, a sua abreviatura
“Cia” ou ainda qualquer outra expressão ou palavra que
indicie a existência de mais sócios. Artigo 177º
• Capital: não existe montante mínimo obrigatório.
São admitidas entradas em dinheiro, em espécie ou serviços
(sócios de indústria).

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SOCIEDADE EM NOME
COLETIVO
Artigos – 175º a 196º do CSC

• Responsabilidade: Ilimitada, subsidiária e solidária, visto que os


sócios respondem não só pelas suas entradas, mas também pelas
entradas de todos os outros sócios.
• Os empresários entram também com o seu património pessoal, caso
haja uma insuficiência do património da sociedade.
• Cada sócio responde não só pelas suas dívidas, mas também pelas
dívidas de todos os outros sócios. Artigo 175º
• Património: património pessoal dos sócios e o património da
sociedade encontram-se fundidos.
• Criação da empresa: através do método tradicional.

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SOCIEDADE EM NOME
COLETIVO
Exemplo 1:
A, B, C e D constituem a SNC X, entrando cada um deles com
€ 100.
A SNC X deve € 300 a Z.
Z (credor da sociedade) deve exigir o pagamento à sociedade.
Supondo que esta dispõe de bens/dinheiro em montante igual
ou superior a € 400, a SNC X paga a totalidade da divida a Z.

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SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
Exemplo 2:
Pense-se na mesma situação referida no exemplo 1 com a diferença de a dívida a Z
ascender a €600.
Neste caso, Z:
➢ deve exigir o pagamento à sociedade.

Supondo que a SNC X dispõe de bens/dinheiro em montante equivalente a € 400 e


entrega esse montante a Z:
➢ pode exigir o pagamento do restante (€200) a qualquer um dos sócios.
➢ O sócio que, nesses termos, satisfizer as obrigações da sociedade goza de direito
de regresso contra os outros sócios, na medida em que o pagamento efetuado
exceda a importância que lhe caberia suportar segundo as regras aplicáveis à sua
participação nas perdas sociais (art.175.º, n.º3).
- Partindo do princípio que o contrato de sociedade nada estabeleça a este respeito, os
sócios participam proporcionalmente nas perdas (art.22.º, n.º1).
- Assim, se, por hipótese, A pagar os € 200 a Z, A goza de direito de regresso de € 150
(€ 50 + € 50 +€ 50) contra B, C e D.

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SOCIEDADE POR QUOTAS
Artigos 197º a 270º do CSC

• Sócios: mínimo dois sócios. Não são admitidos sócios de indústria.


Artigo 202º, nº 1
• Firma: obrigatoriamente, a firma deve terminar com a palavra
“Limitada” ou a sua abreviatura “Lda”. Podendo escolher-se a primeira
parte do nome de entre as seguintes opções: a) nome composto pelo
nome completo ou abreviado de um, alguns ou de todos os sócios; b)
expressão alusiva ao ramo de atividade; c) conjugação dos elementos
a) e b). Artigo 200º
• Capital: O capital social é representado por quotas, que poderão ter ou
não um valor idêntico (mas nunca inferior a € 1 cada), ou seja, nunca
será inferior a € 2. artigo 199º, 201º, 202º, 219º

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SOCIEDADE POR QUOTAS
Património: O património da empresa é independente do
património pessoal dos sócios.

Responsabilidade: limitada ao capital social, é este capital que


responde perante as dívidas da sociedade. Os sócios podem
ter acréscimos na sua responsabilidade se o contrato estipulado
assim o indique. Artigo 197º nº 3, 198º

Criação da Empresa: empresa online e nos balcões “empresa


na hora”.
SOCIEDADE POR QUOTAS
• Vantagens
• Separação do património da empresa com o património pessoal dos sócios,
não respondendo este último pelas dívidas da empresa;
• Diversificação de experiências e conhecimentos de diferentes sócios;
• Maior facilidade em arranjar fundos e investimentos.

• Desvantagens
• Não existe um controlo absoluto da empresa por um empresário;
• Um sócio pode ser chamado pelos credores para responder pela totalidade
do capital;
• Maior complexidade na constituição e dissolução da empresa;
• Sócios não podem colocar no seu IRS prejuízos do seu negócio;
• Existência de um capital social mínimo.

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SOCIEDADE EM COMANDITA
Artigos 465º a 480º do CSC
Artigo 466º - Sócios: trata-se de uma sociedade mista, pois existem dois
tipos de sócios:
• Comanditados – contribuem com bens ou serviços
• Comanditários – contribuem com capital, assumem a gestão e a direção
efetiva da sociedade.

Para além de dois tipos de sócios diferentes, existem também duas formas
possíveis de sociedades em comandita:

• Simples – número mínimo de sócios numa sociedade deste tipo é dois;


• Por ações – as participações dos sócios comanditários encontram-se
representadas por ações. Numa sociedade por comandita deste tipo, o
número mínimo de sócios é seis – cinco comanditários e um
comanditado.

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SOCIEDADE EM COMANDITA
• Firma: nome completo ou abreviado, ou a firma de pelo menos um dos
sócios de responsabilidade ilimitada (comanditado), seguido de “em
Comandita” ou “& Comandita” para sociedades do tipo simples, e no caso
de sociedades por ações acrescentar “em Comandita por Ações” ou “&
Comandita por Ações”. Artigo 467º

• Capital: sem montante mínimo obrigatório (comandita Simples) e mínimo


obrigatório de 50.000€ (comandita por ações)

• Responsabilidade: é diferente para diferentes tipos de sócios:


• Comanditários – têm responsabilidade limitada, sendo que respondem
apenas pelas suas entradas;
• Comanditados – perante as dívidas da sociedade este tipo de sócios
responde de forma ilimitada e solidária entre si (cada sócio responde não
só pelas suas dívidas, mas também pelas dívidas de todos os outros
sócios, com o seu património pessoal se assim for necessário).

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SOCIEDADE EM COMANDITA
Património: no caso dos sócios comanditários o património
pessoal encontra-se totalmente separado do património da
empresa. Os sócios comanditados, pelo contrário, possuem os
bens patrimoniais da sociedade fundidos com os seus bens
pessoais.

Criação da empresa: criada através da empresa online ou


presencialmente nos balcões empresa na hora.
SOCIEDADE ANÓNIMA
Artigos 271º a 464º do CSC

• Sócios: mínimo de cinco sócios singulares ou coletivos (também referidos


como acionistas), ou um único sócio desde que este constitua uma sociedade.
• Não são admitidos sócios de indústria. Artigo 273º, artigo 277º nº 1

• Firma: termina sempre com a expressão “Sociedade Anónima” ou a sua


abreviatura “SA”. Podendo escolher-se o resto do nome de entre as seguintes
opções: a) nome composto pelo nome completo ou abreviado de um, alguns ou
de todos os sócios; b) expressão alusiva ao ramo de atividade; c)conjugação
dos elementos a) e b). Artigo 275º

• Capital: mínimo de 50.000€, dividido em ações de igual valor nominal com o


mínimo de um cêntimo. Artigo 276º nº 5

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SOCIEDADE ANÓNIMA
• Ações: podem encontrar-se representadas de forma titulada – documentos
em papel, ou de forma escritural – representadas por registo na conta de
quem adquire, junto da entidade registadora.

Existem ações nominativas onde se conhecem os titulares, ou ações ao portador,


nas quais o emitente não conhece a identidade dos titulares.

• Responsabilidade: cada sócio é responsável pelo valor das ações a que se


encontra subscrito. Artigo 271º

• Criação da empresa: empresa online e nos balcões “empresa na hora”.

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SOCIEDADE ANÓNIMA
Vantagens

Maior facilidade na transmissão dos títulos representativos da sociedade;


Cada sócio responsabiliza-se apenas pelas suas entradas, não
respondendo de forma solidária com os seus sócios pelas dívidas da
sociedade;
Maior facilidade em arranjar fundos e investimentos.

Desvantagens

Grande diluição do controlo da empresa, desde os mais pequenos aos


maiores acionistas;
Constituição e dissolução da sociedade é complexa e dispendiosa;
Se a sociedade for cotada num mercado de capitais, encontra-se assim
sujeita a uma fiscalização rigorosa.
Cooperativa
A cooperativa é uma pessoa coletiva autónoma sem
fins lucrativos, de livre constituição, com capital e
composição variável, que visa a satisfação das
necessidades e aspirações económicas, sociais ou
culturais dos seus membros e tem as seguintes
características:

Tem como objetivo conseguir a satisfação do interesse


dos seus associados, em obter determinados bens a
preços inferiores aos do mercado, ou vender os seus
produtos eliminando os intermediários do mercado;
O número de membros é variável e ilimitado, mas não pode ser
inferior a cinco, caso se trate de uma cooperativa de primeiro
grau, nem inferior a dois, caso se trate de uma cooperativa de
grau superior (cooperativas que se filiam sob a forma de uniões,
federações e confederações);
A responsabilidade dos membros das cooperativas é limitada ao
montante do capital subscrito pelo cooperador;
Os estatutos da cooperativa podem determinar que a
responsabilidade dos cooperadores seja ilimitada, ou limitada
em relação a uns e ilimitada quanto aos outros.
A entidade responsável pelo sector cooperativo em Portugal é a
Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, que fornece
toda a informação necessária sobre as cooperativas.

As cooperativas podem ser criadas por escritura pública, através


de Cartório Notarial.
Associação

A Associação define-se como um conjunto de pessoas que se


reúne com objetivos e interesses comuns. Apesar de ser
efetivamente dotada de património e proceder a movimentações
financeiras, este tipo de organização é desenvolvido sem fins
lucrativos, uma vez que quando os membros integrantes
desejam obter lucros, podem optar pela criação de uma
sociedade.

É ainda de referência obrigatória que as associações


prosseguem livremente os seus fins sem interferência das
autoridades públicas, não podendo ainda ser dissolvidas pelo
Estado.
A Associação é constituída por três órgãos:

Assembleia Geral: é o órgão máximo da associação


competindo-lhe aprovações de planos, estatutos e relatórios,
sendo dirigida por uma Mesa que poderá ter a seguinte
configuração: um presidente, vogal e secretário;

Direção: com a função de gerir, tem um mínimo de 3 membros,


podendo a sua configuração ser: um presidente, secretário e
tesoureiro.

Conselho Fiscal: faz o controlo de contas e deve ser


constituído por número ímpar de membros, entre os quais se
contará um presidente.
SOCIEDADES CIVIS
Aquelas que não têm por fim a prática de atos do comércio, nem
adotaram um dos tipos previstos na lei comercial.
Artigo 1º nº 3 e 4 CSC

• No contexto do direito, a sociedade civil é o contrato


estabelecido entre dois ou mais indivíduos, assumindo a
obrigação de colocar certos recursos em comum para a criação
de uma pessoa jurídica que não possui um carácter
exclusivamente comercial, ainda que pretenda criar algum
lucro/rendimento que, no caso de se obter, é repartido entre as
partes.
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SOCIEDADES CIVIS
Sociedades civis simples
• No contexto do direito, a sociedade civil é o contrato que estabelecem dois ou
mais indivíduos, assumindo a obrigação de colocar certos recursos em comum
para a criação de uma pessoa jurídica que não possui um carácter
exclusivamente comercial, ainda que pretenda criar algum lucro/rendimento
que, no caso de se obter, é repartido entre as partes.

Portanto:

• São aquelas que não têm por objeto a prática de atos comerciais e
estão sujeitas ao regime do Código Civil (Artigo 980º a 1021º do CC).

• Devem ter um número mínimo de 2 titulares

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SOCIEDADES CIVIS
Sociedade civil sob a forma comercial
• São sociedades que, embora civis (que não têm por objeto a prática de atos de
comércio), adotam um dos tipos de sociedades comerciais, sendo-lhes por isso
aplicável o Código das Sociedades Comerciais; artigo 1º nº 4 do CSC
• Em regra, as sociedades civis podem adotar qualquer tipo societário mercantil,
excetuando os casos em que a lei estabeleça diferentemente (ex. soc. Adv);
• O normal será a adoção dos tipos sociedade por quotas e sociedade anónima,
ambas permitindo a responsabilidade limitada dos sócios.
• Devem ter um número mínimo de 2 titulares, mas pode a lei reivindicar um
cômputo superior como sucede por exemplo nas sociedades anónimas, onde
obrigatoriamente e salvo casos excecionais existirão, de acordo com o art. 273º,
nº 1 do CSC, cinco sócios, ou até inclusivamente permitir apenas um titular,
tanto no momento da formação (veja-se o preceituado no art. 7º, nº 2 do CSC)
como no já regular funcionamento da empresa.

57
SOCIEDADES CIVIS
Quanto ao elemento patrimonial o mesmo obriga à entrada de bens e serviços,
que servirão para estipular o capital social, definir a proporção da participação
correspondente a cada associado e formar o património com o qual se encetará
a atividade, tendo a lei como finalidades principais salvaguardar as garantias dos
intervenientes com prevalência para os credores, bem como permitir viabilidade
no desenvolvimento do negócio escolhido.
Os bens possíveis são praticamente todos, desde valores pecuniários a
património ou mesmo direitos suscetíveis de penhora, como se verifica com um
direito de arrendamento referente a algum imóvel. É sim necessária a
penhorabilidade (serem alvo de avaliação e consequente satisfação das dívidas
existentes) excluindo-se deste modo por exemplo, os monumentos públicos. Até
o próprio trabalho do sócio pode ser oferecido naquelas sociedades onde tal é
lícito, denominando-se nas de cariz mercantil, como bem de indústria (art. 20º a)
do CSC).
A atividade terá que ser económica, não se incluindo as de mero caráter religioso,
cultural, político ou outras similares e não basta usufruir dos frutos, devendo
desempenhar-se na prática o que foi preconizado para ai sim, poder obtê-los
subsequentemente.

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Trabalhos a desenvolver:

CRIE UM TIPO LEGAL DE EMPRESA


OBEDECENDO AOS SEGUINTES ITENS:
• NIF/NIPC
• NOME / DESIGNAÇÃO DA EMPRESA/SEDE
• ADOTE UMA FIRMA
• NATUREZA JURÍDICA
• OBJETO SOCIAL
• CIRS/CAE
• CAPITAL SOCIAL
• RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS/DA EMPRESA
• ORGÃOS SOCIAIS/GERÊNCIA
• JUSTIFIQUE LEGALMENTE
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