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OAB 2ª FASE / 2023

APOSTILA / 2023

Parte 1
PEÇAS JURÍDICAS
Profa. Bruna Souza

SUMÁRIO

PARTE 1 – PEÇAS PROCESSUAIS


I– QUEIXA CRIME.............................................................................................................................................05
II – RESPOSTA A ACUSAÇÃO..............................................................................................................................08
 PRELIMINARES......................................................................................................................................................14
III – ALEGAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................................16
IV – RELAXAMENTO . REVOGAÇÃO. LIBERDADE.................................................................................................21
 RECURSOS.............................................................................................................................................................29
V– APELAÇÃO....................................................................................................................................................29
 CONTRARRAZÕES..................................................................................................................................................35
VI – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO..................................................................................................................37
VII – AGRAVO EM EXECUÇÃO..............................................................................................................................41
VIII – EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE................................................................................................46
IX – RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL.....................................................................................................47
X– HABEAS CORPUS..........................................................................................................................................49
XI – CARTA TESTEMUNHÁVEL.............................................................................................................................51
XII – REVISÃO CRIMINAL......................................................................................................................................52
XIII – MANDADO DE SEGURANÇA.........................................................................................................................55
XIV – PETIÇÃO NOS AUTOS DA EXECUÇÃO PENAL................................................................................................56
 SÚMULAS RECENTES.............................................................................................................................................57
 JURISPRUDÊNCIAS 2020 / 2021 / 2022 / 2023.....................................................................................................58

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Parte 2
DIREITO PENAL E
PROCESSUAL PENAL
Profa. Bruna Souza

SUMÁRIO

DIREITO PENAL

I– PRINCÍPIOS...................................................................................................................................................72
II – TEORIA DA NORMA PENAL..........................................................................................................................75
III – TEORIA DO DELITO.......................................................................................................................................81
IV – FATO TÍPICO.................................................................................................................................................81
V– ILICITUDE......................................................................................................................................................92
VI – CULPABILIDADE............................................................................................................................................93
VII – ERRO DE TIPO...............................................................................................................................................96
 TEORIA GERAL DA PENA......................................................................................................................................99
VIII – CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS DA PENA..............................................................................................99
IX – DOSIMETRIA DA PENA – APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE...............................................103
X– REGIME INICIAL DO CUMPRIMENTO DA PENA.........................................................................................115
XI – PENAS ALTERNATIVAS À PRISÃO – SUBSTITUTIVAS..................................................................................124
XII – PENA DE MULTA.......................................................................................................................................128
XIII – AÇÃO PENAL.............................................................................................................................................130
XIV – SURSIS – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA................................................................131
XV – MEDIDAS DE SEGURANÇA.........................................................................................................................134
XVI – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE....................................................................................................................137
XVII – PRESCRIÇÃO..............................................................................................................................................139
XVIII – CONCURSO DE CRIMES.............................................................................................................................142
 LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE...........................................................................................................................240

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XIX – LEI DE CRIMES HEDIONDOS......................................................................................................................240


XX – LEI DE DROGAS..........................................................................................................................................243
XXI – LEI DE TERRORISMO..................................................................................................................................244
XXII – ESTATUTO DO DESARMAMENTO..............................................................................................................247
XXIII – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE................................................................................................................252

DIREITO PROCESSUAL PENAL

1 – PRINCÍPIOS GERAIS, CONCEITO, FINALIDADE, CARACTERÍSTICAS..................................................................255


2 – INQUÉRITO POLICIAL......................................................................................................................................261
3 – PROVA............................................................................................................................................................266
4 – AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA E ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP) ................................................274
5 – RESTRIÇÃO DE LIBERDADE.............................................................................................................................276
6 – ACORDO DE LENIÊNCIA..................................................................................................................................283
7 – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA...........................................................................................................................284
8 – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: CONCEITO, PROVAS ILÍCITAS E DISPOSIÇÕES LEGAIS...................................285
9 – PROCEDIMENTOS...........................................................................................................................................286
10 – SÚMULAS.......................................................................................................................................................295

Parte 3
CADERNO DE EXERCÍCIOS
Profa. Bruna Souza

SUMÁRIO

 QUESTÕES POR AQSSUNTO...............................................................................................................................298


 GABARITO: QUESTÕES OAB...............................................................................................................................320
 EXERCÍCIOS DE PEÇAS........................................................................................................................................333

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Parte 1

PEÇAS JURÍDICAS
OAB SEGUNDA FASE

a
Prof . Bruna Souza
2023

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PARTE 1 – PEÇAS PROCESSUAIS A.2 PEÇAS MAIS


COBRADAS

A – NOÇÕES GERAIS
A.1 PEÇAS COBRADAS NAS ÚLTIMAS PROVAS
XXXVII – ALEGAÇÕES FINAIS
XXXVI – RESPOSTA À ACUSAÇÃO
XXXV - APELAÇÃO
XXXIV - RESE
XXXIII - APELAÇÃO
XXXII – ALEGAÇÕES FINAIS
XXXI - RESE
XXX EXAME DA ORDEM - APELAÇÃO A.3 DICAS DE ESTUDO
XXIX EXAME DA ORDEM – AGRAVO EM EXECUÇÃO i. MÉTODO CARTESIANO
XXVIII EXAME DA ORDEM – RESE NO JURI
XXVII EXAME DA ORDEM - CONTRARRAZÕES DE
APELAÇÃO
ii. 2ª FASE – VADE MECUM - ESPELHO - ESTUDO
XXVI EXAME DA ORDEM – ALEGAÇÕES FINAIS
DIFERENTE DA 1ª (NÃO TEM TUDO)
XXV EXAME DA ORDEM – APELAÇÃO
TÉCNICA ≠ ESTILO - PEÇA OU QUESTÃO? - TEMPO?
* XXV REAPLICAÇÃO PORTO ALEGRE - APELAÇÃO
Motivos que atrapalham sua aprovação: tempo; ansiedade;
XXIV EXAME DA ORDEM – AGRAVO EM EXECUÇÃO uso do material; interpretação do problema; ausência de
XXIII EXAME DA ORDEM – ALEGAÇÕES FINAIS resposta;
XXII EXAME DA ORDEM -APELAÇÃO
XXI EXAME DA ORDEM – RESPOSTA À ACUSAÇÃO
XX EXAME DA ORDEM – ALEGAÇÕES FINAIS
* XX REAPLICAÇÃO PORTO VELHO – ALEGAÇÕES FINAIS
XIX EXAME DE ORDEM – CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO iii. PONTOS PRINCIPAIS PARA FAZER A PROVA:
XVIII EXAME DA ORDEM -APELAÇÃO A) INTERPRETAÇÃO;
XVII EXAME DA ORDEM – ALEGAÇÕES FINAIS B) ESTRUTURA DAS PEÇAS (ESTRUTURA – DETALHE DAS
XVI EXAME DA ORDEM – AGRAVO EM EXECUÇÃO PEÇAS);
XV EXAME DA ORDEM – QUEIXA-CRIME C) MAPEAMENTO DE TESES (EXERCÍCIO);
XIV EXAME DA ORDEM – ALEGAÇÕES FINAIS D) MATERIAL;
XIII EXAME DA ORDEM – APELAÇÃO E) TEMPO (2H30 PARA A PEÇA; 30 MIN PARA CADA
QUESTÃO).
XII EXAME DE ORDEM - APELAÇÃO
XI EXAME DE ORDEM - APELAÇÃO
X EXAME DE ORDEM – REVISÃO CRIMINAL I – QUEIXA-CRIME
IX EXAME DE ORDEM - ALEGAÇÕES Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para
VIII EXAME DE ORDEM – RESPOSTA A ACUSAÇÃO representá-lo caberá intentar a ação privada.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do
VII EXAME DE ORDEM - APELAÇÃO
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
VI EXAME DE ORDEM - RELAXAMENTO qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos
V EXAME DE ORDEM - APELAÇÃO quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e,
quando necessário, o rol das testemunhas.
IV EXAME DE ORDEM – APELAÇÃO
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador
III EXAME DA ORDEM – RESE com poderes especiais, devendo constar do
instrumento do mandato o nome do querelante e a
II EXAME DA ORDEM – RESPOSTA A ACUSAÇÃO
menção do fato criminoso, salvo quando tais

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esclarecimentos dependerem de diligências que - Classificação do crime;


devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
- Rol de testemunhas.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo Pedido: recebimento da ação; citação; condenação e
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a notificação das testemunhas.
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo OBS: Ausente os requisitos (art. 41, CPP) a inicial será
tempo, no caso de negligência do querelante, considerada inepta e deverá ser rejeitada.
retomar a ação como parte principal. ***
PEDIDOS:
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: ART. 30, 41 e 44 do CPP e Art. 1. Designação Da audiência preliminar (apenas no
100, §2º, CP JECRIM)
**Procuração com poderes especiais – art. 44, CPP 2. Recebimento da inicial acusatória;
* QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA - Fundamentação: Artigo 5º, 3. Citação do acusado para no prazo de 10 dias
Inciso LIX da CRFB, Art. 100, §3º do CP e Art. 29 e 41 do CPP. apresentar resposta à acusação;
(CRFB) ART. 5º. LIX - será admitida ação privada nos crimes 4. Condenação do acusado nos crimes previstos nos
de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; artigos xxx do CP.
5. Fixação do valor mínimo da indenização conforme
2. PRAZO: 6 meses – conhecimento da autoria do crime - o artigo 387, IV do CPP;
decadencial *subsidiária: 6 meses do término do prazo do MP 6. Notificação das testemunhas arroladas.
(Art. 103 do CP e Art. 38 do CPP)
* Queixa-Crime subsidiária: Começa a contar do fim do
7. ESTRUTURA
prazo concedido ao MP.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _ COMARCA DE_
*Crime de Induzimento ao erro essencial (art. 236, CPP): 6
meses quando transitar a ação de anulação de casamento OU
no civil. AO JUIZO DA _VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _
(3 linhas)
3. MOMENTO PROCESSUAL Início da ação penal, cabe: - NOME DA PEÇA: QUEIXA CRIME
Nos crimes de ação penal privada - Nos crimes de ação
penal pública, diante da inércia do MP CABEÇALHO**
NOME DO QUERELANTE, nacionalidade, estado civil, profissão,
4. ENDEREÇAMENTO Perante o juiz competente para o endereço completo, RG NºXXX, CPF Nº XXX, vem, a presença de
crime. Vossa Excelência, por intermédio de seu procurador judicial
(procuração com poderes especial anexa, art. 44 do CPP),
*Infração de menor potencial ofensivo: JECRIM OFERECER QUEIXA-CRIME, com fundamento legal no artigo 100,
§2º do Código Penal (CP) e nos artigos 30, 41 e 44 do Código de
Processo Penal(CPP), em face de NOME DO QUERELADO,
5. LEGITIMIDADE: ofendido. (Art. 100, §2º, CP) qualificação civil completa, pela prática do fato criminoso a seguir
* Incapaz: representante legal ou curador especial na falta narrado.
deste (Art. 33, CP) (O seu representante oferece a queixa- Tempestividade
crime em nome próprio) O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art.
* Morte ou ausência: Cônjuge, Ascendente, Descendente ou 103 do CP e 38 do CPP, é de até 6 meses contado da autoria, sendo
Irmão (CADI), Art. 31, CPP. dia xx/xx/xx/(data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e terminando
em xx/xx/xx, estando assim tempestiva a queixa-crime.
* Pessoa Pobre: juiz nomeia advogado (art. 32, CPP)
DOS FATOS
*Pessoa Jurídica: Pessoa indicada elo contrato ou estatuto. (breve relato dos fatos _narração do fato criminoso)
Ausente a indicação: diretores ou sócios-gerentes (Art. 37,
(No dia xx, o querelado...)
CPP)
Classificação do crime
(Ocorre que a conduta do querelado configura crime de...)
6. FINALIDADE (Art. 41, CPP)
PEDIDO***
- Narração do fato criminoso e
Diante do exposto, pugna o querelante pelo: recebimento da
- Qualificação do querelado; presente inicial incriminatória procedendo em seguida a citação do
querelado, para que este ao final da instrução probatória seja
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condenado com o incurso nas sanções do artigo xxx do Código


Penal. Ademais, requer a fixação do valor mínimo de indenização,
conforme o artigo 387, IV, CPP e ,por fim, a notificação das
testemunhas arroladas ao final.

Nestes termos, pede deferimento.


Local e data
Assinatura do advogado***
OAB nº/UF
ROL DE TESTEMUNHAS
1. Nome e qualificação.
2. Nome e qualificação.
3. Nome e qualificação.
(...)
8.
9. AÇÃO PENAL
*OUTRA FORMA:
EXCELENTÍSSIMO SR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE ____
EXCELENTÍSSIMO SR. JUIZ DE DIREITO DA ___ UNIDADE DO
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS DA COMARCA ___

**QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA
Fundamentação: Artigo 5º, Inciso LIX da CRFB, Art. 100, §3º do CP
e Art. 29 e 41 do CPP.
Após o cabeçalho: “Cuida-se de crime descrito no artigo xxx do
Código Penal, o qual comporta Ação Penal Pública Incondicionada
(Condicionada), de titularidade do Ministério Público, apesar disso,
verificada a inércia do “parquet” surge para o querelante o direito
de oferecer queixa-crime subsidiária.”
*** No caso do Juizados especiais, acrescentar o pedido da
designação da audiência preliminar.
**** NÃO ASSINAR. Não identificar a peça.

8. PROCEDIMENTO DO JECRIM

PROVA
(XV.OAB) Enrico, engenheiro de uma renomada empresa da
construção civil, possui um perfil em uma das redes sociais
existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar
em contato com seus amigos, parentes e colegas de
trabalho. Enrico utiliza constantemente as ferramentas da
Internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem
milhares de pessoas no mundo contemporâneo.

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No dia 19/04/2014, sábado, Enrico comemora aniversário e GABARITO OFICIAL DESATUALIZADO


planeja, para a ocasião, uma reunião à noite com parentes e Art. 141, § 2º, CP Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer
amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores,
cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Na manhã aplica-se em triplo a pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
de seu aniversário, resolveu, então, enviar o convite por 2019)
meio da rede social, publicando postagem alusiva à Endereçamento: Juizado Especial Criminal de Niterói (JUÍZO DA
comemoração em seu perfil pessoal, para todos os seus VARA CRIMINAL)
contatos.
Item 2 – Indicação correta do dispositivo legal que embasa a
Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também queixa-crime: art. 41 do CPP OU Art. 100, §2º, do CP OU o Art. 30,
possui perfil na referida rede social e está adicionada nos do CPP OU Art. 145 do CP (0,10) 0,00 / 0,10
contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do motivo da Item 3.1 – Qualificação do querelante e da querelada: Indicação
comemoração. Então, de seu computador pessoal, instalado da qualificação do querelante (0,10) e da querelada (0,10) 0,00 /
em sua residência, um prédio na praia de Icaraí, em Niterói, 0,10 / 0,20
publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Item 3.2 – Existência de Procuração com poderes especiais de
Enrico. acordo com o artigo 44 do CPP em anexo ou menção acerca de sua
existência no corpo da qualificação. (0,30) 0,00 / 0,30
Naquele momento, Helena, com o intuito de ofender o ex-
namorado, publicou o seguinte comentário: “não sei o Item 4.1- a exposição dos fatos criminosos: Descrição do delito de
motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um injúria (0,50) e sua classificação típica (Art. 140 do CP)
idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!”, e, com o (Item 4.2- Descrição do delito de difamação (0,50) e sua
propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas de classificação típica (Art. 139 do CP)
trabalho e denegrir sua reputação acrescentou, ainda, “ele Item 4.3 – Incidência da causa de aumento de pena por estar na
trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação
ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava da calúnia, da difamação ou da injúria- (0,20), nos termos do Art.
tão bêbado no horário do expediente que a empresa em 141, III do CP. (0,10)
que trabalha teve que chamar uma ambulância para Incidência da causa de aumento de pena por ter sido cometido ou
socorrê-lo!”. divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede
mundial de computadores, no termos do artigo 141, §2º, CP.
Imediatamente, Enrico, que estava em seu apartamento e
conectado à rede social por meio de seu tablet, recebeu a Item 4.4 – Incidência do concurso formal de delitos (0,30),
mensagem e visualizou a publicação com os comentários previsto no Art. 70, do CP
ofensivos de Helena em seu perfil pessoal. Enrico, Item 5. Dos pedidos: a) designação de audiência preliminar ou de
mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial conciliação
a Carlos, Miguel e Ramirez, que estavam ao seu lado b) a citação da querelada (0,20);
naquele instante. Muito envergonhado, Enrico tentou c) recebimento da queixa
disfarçar o constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu
d) a oitiva das testemunhas arroladas (0,20);
entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de ser
realizada. No dia seguinte, Enrico procurou a Delegacia de e) a condenação da querelada (0,50) pelo crime de injúria (Art. 140
do CP) (0,10) e pelo crime de difamação (Art. 139 do CP) (0,10)
Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de
com a causa de aumento de pena (Art. 141, III §2º do CP) (0,10)
Informática e narrou os fatos à autoridade policial, em concurso formal de delitos (Art. 70 do CP) (0,10)
entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a
f) a fixação de valor mínimo de indenização (0,30), nos termos do
página da rede social na Internet onde ela poderia ser
Art. 387, IV, do CPP
visualizada. Passados cinco meses da data dos fatos, Enrico
procurou seu escritório de advocacia e narrou os fatos Item 6– Rol de testemunhas: Arrolar as testemunhas Carlos,
acima. Você, na qualidade de advogado de Enrico, deve Miguel e Ramirez (0,20).
assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do OBS:.É necessária indicação do nome das testemunhas. Item 7 -
Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Estrutura correta (divisão das partes / indicação de local, data,
Criminais. assinatura). (0,10)

Com base somente nas informações de que dispõe e nas


que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a
II – RESPOSTA A ACUSAÇÃO
peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de
habeas corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário,
pertinentes. (Valor: 5,00 pontos) oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a
rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a
citação do acusado para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (...)
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua
defesa, oferecer documentos e justificações,

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especificar as provas pretendidas e arrolar b) preliminares (art. 95, CPP – autos apartados –
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua instrumento autônomo)
intimação, quando necessário. (...)
* Na prática, os autos da exceção devem vir em apartado,
(JÚRI) Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a
queixa, ordenará a citação do acusado para
todavia na elaboração deve-se incluir antes das preliminares.
responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 c) momento das nulidades (art. 564, CPP – pedido de
(dez) dias. § 1o O prazo previsto no caput deste anulação);
artigo será contado a partir do efetivo
cumprimento do mandado ou do comparecimento, d) Pedido de rejeição da denúncia (art. 395, CPP) – apesar
em juízo, do acusado ou de defensor constituído, de questionável – em informativo (2013) do STJ conclui que
no caso de citação inválida ou por edital. § 2o A é admissível o pedido do não recebimento da inicial
acusação deverá arrolar testemunhas, até o acusatória na PRELIMINAR DA resposta acusação.
máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 3o
Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares
e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer II. MÉRITO: ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
documentos e justificações, especificar as provas
Introduzir a defesa técnica – todavia limitar as hipóteses do
pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo
de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua art. 397, CPP – ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (aprofundar as teses
intimação, quando necessário. defensivas nas alegações finais)
* A absolvição sumária do artigo 397 por depender apenas
dos elementos de informação (provas inquisitoriais) do IP e
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
dos documentos acostados na defesa inicial é opção pouco
- ART. 396, CPP; ART. 396-A, CPP (PEÇA OBRIGATÓRIA) utilizada pelo juiz, pois ele é feito antes da instrução da
*Art. 406, §3º (PARA JÚRI) ação penal.
Lembre-se que esta absolvição sumária é distinta da
prevista no artigo 415, CPP realizada no Júri e feita após a
2. PRAZO
instrução NAS ALEGAÇÕES FINAIS do Júri.
- 10 DIAS – exclui o dia do começo e inclui o início;
- A partir da citação e não da juntada do mandado – Súmula
1
710, STF - por edital conta-se do comparecimento do (CPP) Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art.
396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver
acusado ou defensor (art. 396, CPP).
sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do
3. MOMENTO PROCESSUAL fato;
- CITAÇÃO: Após recebida a denúncia ou queixa; II - a existência manifesta de causa excludente da
* “SÚMULA 523 - NO PROCESSO PENAL, A FALTA DA culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
DEFESA CONSTITUI NULIDADE ABSOLUTA, MAS A SUA III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime;
DEFICIÊNCIA SÓ O ANULARÁ SE HOUVER PROVA DE ou
PREJUÍZO PARA O RÉU.”
IV - extinta a punibilidade do agente.
- Procedimentos ordinários e sumários (INCLUI O JÚRI);
* No JECRIM, a resposta chama-se defesa preliminar e trata-se
de peça não obrigatória, pode ser oferecida na forma oral ou * Fundamentos da absolvição sumária:
escrita, na audiência de instrução e julgamento, objetiva a INCISO I – excludente de ilicitude (art. 23, CP – legítima
rejeição da denúncia ou queixa e a introdução de matéria defesa; estado de necessidade; exercício regular do direito
técnica. (LEMBRE-SE QUE CABE APELAÇÃO PELA REJEIÇÃO DA e estrito cumprimento do dever legal, consentimento);
INICIAL). E tem fundamento legal no artigo 81 da Lei 9.099/95 INCISO II – excludente de culpabilidade (art. 20, §1º, 21, 22, 28,
2
e não no artigo 396,CPP. CP) (Ex.: descriminantes putativas, erro de proibição, coação
moral irresistível, obediência hierárquica, embriaguez
3
4. FINALIDADE completa e involuntária – salvo a inimputabilidade );
I. PRELIMINARES: (OLHAR O MATERIAL ESPECÍFICO) INCISO III – o fato não constitui crime (fato atípico – crime
impossível, erro de tipo, princípio da insignificância,
a) Arguir questões prejudiciais (art. 92 e 93, CPP);
3
O art. 397 faz ressalva em relação ao inimputável, e a razão é a seguinte: caso o réu
seja, por exemplo, esquizofrênico, a ponto de não ter discernimento do que fez, o juiz
o absolverá (absolvição imprópria). No entanto, ele será submetido a medida de
1
S. 710, STF – “No processo penal, contam-se os prazos para a data da intimação e segurança. Para que se conclua pela inimputabilidade, é necessário o prosseguimento
não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.”. da ação para o julgamento do respectivo incidente (veja o art. 149 do CPP). Por esse
2
Enunciado nº 108 – O artigo 396 do CPP não se aplica ao Juizado Especial Criminal motivo, não é possível absolvê-lo sumariamente, com imposição de medida de
regido por lei especial (Lei nº 9.099/95) que estabelece regra própria”. (XXV FONAJE) segurança, com fundamento em inimputabilidade
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desistência voluntária, arrependimento eficaz, atipicidade Tempestividade:


formal, atos reflexos, sonambulismo); O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art.
INCISO IV – extinta a punibilidade (art. 107, CP – prescrição, 396 do CPP, é de 10 dias, sendo que a citação/intimação do réu
ocorreu em xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e
decadência, perdão judicial, por ex. – tecnicamente é uma
terminando em xx/xx/xx, estando assim tempestivo.
declaração de extinção de punibilidade – aqui temos um erro
do legislador, pois prescrição por ex. gera declaração de DOS FATOS
extinção de punibilidade e não absolvição) Breve RELATO DOS FATOS - narração do fato criminoso

OBS.: Desclassificação: o STJ tem aceitado que o magistrado (No dia xx, o ...)
altere a classificação do crime no momento do recebimento
da denúncia. Portanto, é possível, em resposta, pedir a PRELIMINARES
desclassificação de um crime para outro menos grave– por
(Nulidade, art. 564, CPP) (Rejeição da Denúncia, art. 395, CPP)
exemplo, de homicídio para lesão corporal. (Exceções, Art. 95, CPP)

III. Juntar documentos, requerer diligências e arrolar


MÉRITO
testemunhas.
ART. 397, INC. X, CPP – absolvição
8 testemunhas – Procedimento Ordinário
5 testemunhas – Procedimento Sumário PEDIDO
Diante do exposto, requer inicialmente a rejeição da exordial
inicial em vista artigo 395, inc. __ do CPP; que seja declarada a
nulidade ab initio, com fulcro no artigo 564, inc. __ do CPP, ao final
a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do artigo 397, inciso ... do CPP, em face
... Ademais, notificar as testemunhas arroladas.
Nestes termos, pede deferimento.
Local e data
Assinatura do advogado.

OAB/UF
ROL DE TESTEMUNHAS.
1. Nome e qualificação
2. Nome e qualificação
(...)
8. Nome e qualificação
* EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ VARA
CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _VARA DO
JÚRI DA COMARCA DE __

PROVA
5. ESTRUTURA DA PEÇA
(XXXVI.OAB) No dia 31 de dezembro de 2019, Matheus,
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE _*
nascido em 10 de fevereiro de 2000, compareceu a uma
festa de Ano Novo, em Vitória, Espírito Santo, juntamente
(espaço de 3 linhas)
com seus amigos. Animados com o evento, os amigos de
REPOSTA À ACUSAÇÃO Matheus ingeriram grande quantidade de bebida alcoólica,
enquanto Matheus permaneceu bebendo somente água
CABEÇALHO** tônica, pois sabia que tinha intolerância ao álcool e que
qualquer pequena quantidade de bebida alcoólica já o
NOME DO ACUSADO, já qualificado nos autos, vem por intermédio
colocaria em situação de embriaguez. Ocorre que, em
de seu procurador judicial, a presença de Vossa Excelência,
apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento legal nos determinado momento, solicitou água tônica ao funcionário
artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal (CPP), pelos do bar, que, contudo, em erro, entregou a Matheus o drink
motivos a seguir expostos. “gin tônica”, que é feito com uma dose de gin misturada
com água tônica. Matheus, com sede, deu um grande gole
na bebida, vindo a ficar completamente embriagado, em
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razão da intolerância ao álcool. Sentindo-se mal, quando Endereçamento 1. A resposta à acusação deve ser encaminhada à
deixava o local dos fatos, Matheus é surpreendido com a 2ª Vara Criminal da Comarca de Vitória/ES (0,10). 0,00/0,10 2.
presença de Caio, 25 anos, com quem já discutira em Fundamento legal: Art. 396 ou 396-A, ambos do CPP (0,10).
diversas oportunidades em jogos de futebol. Caio, ao 0,00/0,10 Tempestividade 3. Prazo de 10 (dez) dias, na forma do
verificar a situação de completa embriaguez de seu rival, Art. 396 do CPP (0,10). 0,00/0,10 Fundamentação 4.1. Pedido de
nulidade do recebimento da denúncia ou rejeição da denúncia por
começa a rir, momento em que Matheus usa a garrafa de
ausência de justa causa (0,30), nos termos do Art. 395, inciso III, do
refrigerante, de vidro, que estava em suas mãos, para CPP ou Art. 564, inciso III, alínea b, do CPP (0,10). 0,00/0,30/0,40
desferir um golpe na cabeça de Caio. Caio é imediatamente 4.2. A infração penal imputada deixa vestígios (0,35) e não consta
encaminhado para o hospital e, após atendimento médico, do procedimento qualquer prova pericial ou boletim de
comparece à Delegacia, narra o ocorrido e informa que teve atendimento médico (0,20). 0,00/0,20/0,35/0,55 4.3. Nulidade em
de levar 15 pontos na cabeça, razão pela qual ficaria razão da ausência de exame de corpo de delito, direto ou indireto
incapacitado de trabalhar por 45 dias. Em razão da dor que (0,40), nos termos do Art. 158 do CPP (0,10). 0,00/0,40/0,50 5.1.
sentia na cabeça, deixou de comparecer, naquele Cabimento de proposta de suspensão condicional do processo
momento, para a realização de exame de corpo de delito, (0,50), nos termos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95 (0,10).
0,00/0,50/0,60 5.2. O sursis processual é admitido mesmo a
informando, ainda, que não teve acesso ao Boletim de
infração não sendo de menor potencial ofensivo ou relevante é
Atendimento Médico (BAM) no hospital, não sabendo se ele que a pena mínima seja fixada em até 01 ano e não a pena
foi, efetivamente, realizado. Concluído o procedimento, o máxima (0,20). 0,00/0,20 5.3. A condenação anterior por
inquérito foi encaminhado ao Ministério Público, que, com contravenção penal não impede a concessão do benefício ou a lei
base apenas nas declarações de Caio, ofereceu denúncia em somente proíbe a proposta quando houver condenação por crime
face de Matheus, perante a 2ª Vara Criminal de Vitória/ES, (0,20). 0,00/0,20 6.1. A conduta do agente não configura crime
imputando-lhe a prática do crime do Art. 129, § 1º, inciso I, (0,20), em razão da ausência de culpabilidade (0,40).
do Código Penal. Informou o Parquet que deixou de 0,00/0,20/0,40/0,60 6.2. A embriaguez de Matheus era completa e
oferecer proposta de suspensão condicional do processo, decorrente de caso fortuito ou força maior (0,45), nos termos do
Art. 28, §1º, do CP (0,10). 0,00/0,45/0,55 Pedidos 7. Pedido de
em razão da significativa pena máxima prevista para o
acolhimento das alegações para reconhecer a nulidade no ato de
delito (05 anos de reclusão), bem como diante da Folha de recebimento da denúncia ou rejeição da denúncia pela ausência
Antecedentes Criminais, que registrava apenas uma de justa causa (0,20). 0,00/0,20 8.1. Oferecimento de proposta de
condenação anterior de Matheus, com trânsito em julgado suspensão condicional do processo (0,10). 0,00/0,10 8.2.
no ano de 2018, pela prática da infração prevista no Art. 42 Absolvição sumária (0,30), nos termos do Art. 397, inciso II, do CPP
do Decreto-lei no 3.688/41. Como documentação, o (0,10). 0,00/0,30/0,40 9. Apresentação de rol de testemunhas
Ministério Público apresentou apenas imagens da câmera (0,20). 0,00/0,20 10. Prazo: 28 de novembro de 2022 (0,10).
de segurança do local da festa e a Folha de Antecedentes 0,00/0,10 Fechamento 11. Local, data, advogado e OAB (0,10).
Criminais. Após recebimento da denúncia, Matheus foi 0,00/0,10
pessoalmente citado e intimado para adoção das medidas
cabíveis, em 16 de novembro de 2022, quarta-feira, data (XXI.OAB) Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou
em que os mandados foram juntados aos autos, vindo a relacionamento amoroso com Patrick, não mais suportando
procurar seu advogado para assistência técnica. Informou as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em
ao patrono que, na data dos fatos, realizou exame de que residia com o companheiro em comunidade carente na
alcoolemia e atendimento médico, que constatou que ele cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal
se encontrava completamente embriagado em razão da de apenas 02 anos. Sem ter familiares no Estado e nem
ingestão de bebida alcóolica (gin) e sua intolerância, bem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em
como, que era inteiramente incapaz de determinar-se sobre igrejas e outros locais de acesso público, alimentando-se a
o caráter ilícito do fato. Forneceu, ainda, o nome do partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época,
funcionário do bar que teria lhe atendido (Carlos) e dos seus Gabriela fez amizade com Maria, outra mulher em situação
amigos José e Antônio, que teriam presenciado os fatos. de rua que frequentava os mesmos espaços que ela. No dia
Confirmou, todavia, que desferiu o golpe de garrafa na 24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e
cabeça de Caio, que deixou o local com sangramento. vendo o filho chorar e ficar doente em razão da ausência de
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda,
de advogado de Matheus, a peça jurídica cabível diferente Gabriela decidiu ingressar em um grande supermercado da
de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão,
as teses jurídicas de direito material e direito processual cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais). Ocorre que a
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança,
prazo, considerando que de segunda a sexta-feira são dias que a abordou no momento em que ela deixava o
úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e
abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser apreendeu os dois produtos escondidos. Em sede policial,
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de
ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. recursos financeiros e a situação de fome e risco físico de
seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem

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outras anotações, o laudo de avaliação dos bens subtraídos Pedidos: 6. Absolvição Sumária (0,50), com fundamento no Art.
confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o 397, inciso I, (0,10), no Art. 397, inciso III, (0,10) e no Art. 397,
fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de inciso IV, todos do CPP (0,10). 0,00/0,50/0,60/ 0,70/0,80 7. Rol de
testemunhas (0,30) 0,00/0,30 Fechamento 8. Prazo: 26 de março
prisão em flagrante e o inquérito policial foram
de 2015 (0,10) 0,00/0,10 9. Local, data, advogado(a) e OAB (0,10)
encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu
0,00/0,10
denúncia em face de Gabriela pela prática do crime do Art.
155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal,
além de ter opinado pela liberdade da acusada. O 6. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia
6.1 DEFESA PRÉVIA DA LEI DE DROGAS
18 de janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida pelo
Ministério Público, concedeu liberdade provisória à - Art. 55 da Lei 11.343/06 – peça obrigatória apresentada
acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva, após o oferecimento da denúncia, prazo de 10 dias, antes
e determinou que fosse realizada a citação da denunciada. do recebimento da denúncia. Não há ação penal ainda, pois
Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de o juiz ainda não recebeu a inicial, por isso que não se pede
sua citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi absolvição neste momento.
localizada para ser citada. No ano de 2015, Gabriela OBJETIVO: rejeição da inicial acusatória – art. 395, CPP.
consegue um emprego e fica em melhores condições. Em
Art.55 . Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
razão disso, procura um advogado, esclarecendo que nada notificação do acusado para oferecer defesa
sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
respondia. Disse, ainda, que Maria, hoje residente na rua X,
- Tese de defesa: art. 395, CPP - PEDIDOS: carência da ação;
na época dos fatos também era moradora de rua e tinha
inépcia da exordial; meios de prova (rol de testemunhas) e
conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de
exceções. (defesa formal)
março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em
todo o país, Gabriela e o advogado compareceram ao DENÚNCIA - NOTIFICAÇÃO - DEFESA PRÉVIA (10 DIAS) –
cartório, onde são informados que o processo estava em RECEB. OU REJEIÇÃO DA DENÚNICA.
seu regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer OBS¹: defesa preliminar dos crimes funcionais – art. 514 do
suspensão, esperando a localização de Gabriela para CPP, e só é aplicável na hipótese de crime funcional – delito
citação. Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, praticado por funcionário público contra a administração
assim como intimada, junto ao seu advogado, para pública (CP, arts. 312/326). Como ela deve ser oferecida
apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré, antes do recebimento da petição inicial, não há como pedir
acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse a absolvição do cliente, pois não há ação penal em trâmite.
em aceitar a proposta de suspensão condicional do Nela, você estará limitado a demonstrar ao juiz que a
processo oferecida pelo Ministério Público. denúncia oferecida pelo MP não merece ser recebida, com
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade fundamento no art. 395 do CPP. “Art. 395. A denúncia ou
de advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível, queixa será rejeitada quando: I – for manifestamente
diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses inepta; II – faltar pressuposto processual ou condição para o
jurídicas de direito material e processual pertinentes. A exercício da ação penal; ou III – faltar justa causa para o
peça deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00) exercício da ação penal.”. Exemplo: o MP ofereceu
denúncia quando já prescrito o crime (falta de justa causa).
Mas, nesse caso, o correto não seria pedir a declaração da
RESPOSTA À ACUSAÇÃO 1. Endereçamento: Vara Criminal da extinção da punibilidade? Se estivéssemos na fase
Comarca de Fortaleza, Ceará (0,10) 0,00/0,10 2. Fundamento legal: processual, sim. Mas, na peça em estudo, só poderá existir
Art. 396-A OU Art. 396, ambos do Código de Processo Penal (0,10) uma decisão favorável: o não recebimento da inicial. É o
0,00/0,10 Teses jurídicas de direito processual e material: 3.
que deve ser pedido. Na prática: o problema descreverá a
Reconhecimento da causa de extinção da punibilidade (0,25), em
razão da ocorrência de prescrição da pretensão punitiva estatal prática de um crime funcional e dirá que o MP OFERECEU a
(0,30). Citação do art. 107, IV, do CP (0,10) 0,00/0,25/0,30/ denúncia contra o seu cliente. Como ainda não há ação
0,35/0,40/0,55/0,65 3.1. Prescrição em razão de entre a data do penal, o enunciado dirá que o acusado foi NOTIFICADO, e
recebimento da denúncia e a manifestação do advogado ter sido não CITADO.
ultrapassado o prazo prescricional de 04 anos (0,20), já que
Gabriela era menor de 21 anos na data dos fatos, devendo o prazo
ser computado pela metade (0,15). Citação do art. 109, IV E do art. 6.2 DEFESA PRELIMINAR DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO (ou
115 do CP (0,10) 0,00/0,15/0,20/0,25/ 0,30/0,35/0,45 4. Arguição resposta por escrito)
de que a conduta narrada evidentemente não constituir crime em
- Art. 514, CPP – peça apresentada após o oferecimento da
razão da atipicidade (0,40), diante da aplicação do princípio da
bagatela/insignificância (0,80) 0,00/0,40/0,80/1,20 5. Arguição da
denúncia, no prazo de 15 dias, mas antes do recebimento
existência de manifesta causa de exclusão da ilicitude (0,40), pois da denúncia, NOS CRIMES AFIANÇAVEIS.
Gabriela agiu em estado de necessidade diante da situação de Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a
fome e risco para a saúde de seu filho (0,70), nos termos do Art. 24 denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
do Código Penal (0,10). 0,00/0,40/0,50/0,70/ 0,80/1,10/1,20 mandará autuá-la e ordenará a notificação do
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acusado, para responder por escrito, dentro do MÉRITO


prazo de quinze dias.
Súmula 330, STJ – “é desnecessária a resposta PEDIDO
preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
Processo Penal, na ação penal instruída por Diante do exposto, requer inicialmente a rejeição da exordial
inquérito policial”. inicial em vista artigo 395, inc. __ do CPP; que seja declarada a
nulidade ab initio, com fulcro no artigo 564, inc. __ do CPP.
Ademais, juntar os documentos anexados e demais provas.
DIVERGÊNCIA SOBRE SUA NULIDADE ABSOLUTA OU Nestes termos, pede deferimento.
RELATIVA.DENÚNCIA Local e data
(BASEADO EM PROC. ADMIN) Assinatura do advogado
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA NOTIFICAÇÃO  DEFESA OAB nª
PRELIMINAR (15 DIAS)  RECEBIMENTO OU REJEIÇÃO DA
DENÚNCIA
CASO CONCRETO
No dia 10 de novembro deste ano, no Bairro Aurora, Av.
OBS²: Defesa Prévia de Lei de Drogas: há quem sustente Boreal, foram encontradas onze pedras de substância com
que esta peça foi revogada com a reforma do CPP. Prevista aparência de crack, no bolso da bermuda do acusado
no art. 55 da Lei 11.343/06, ela é semelhante à defesa Edivaldo da Silva. Segundo depoimento do condutor, o
preliminar dos crimes funcionais: é oferecida antes do acusado estava no local acima citado e, quando avistou a
recebimento da inicial. Portanto, as teses também estão viatura, agiu de forma estranha e tentou correr do local;
limitadas ao art. 395 do CPP, e o seu pedido será um só: o abordado, foram encontradas onze pedras de Crack, e
não recebimento da inicial. Não há como falar em noventa reais (uma nota de cinquenta e duas de vinte
absolvição, pois não há ação penal em trâmite. Tanto na reais). A testemunha Antônio, também policial militar, em
defesa preliminar quanto na defesa prévia, o enunciado sede policial, ratificou o depoimento do condutor da prisão.
trará uma situação em que houve o OFERECIMENTO da Com efeito, perante a Autoridade Policial, o acusado foi
denúncia, mas não o recebimento. A defesa prévia da Lei de enfático relatando ao Delegado de Polícia que é viciado em
Drogas só é cabível no caso de acusação por tráfico de Crack e não comercializa drogas; que por infelicidade do
drogas. Na prática: veja os comentários à defesa preliminar destino, no início de 2015 conheceu e viciou-se na
dos crimes funcionais. substância entorpecente denominada Crack, e, por isso,
modificou seu comportamento drasticamente, mostrando
total desinteresse pelo trabalho, embora continue
7. ESTRUTURA DA DEFESA PRELIMINAR
trabalhando, e que na data dos fatos, comprou doze pedras
de Crack, tendo inclusive consumido uma porção. Disse
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA ainda que havia consigo a quantia de R$ 90,00 (noventa
CRIMINAL DA COMARCA DE _* reais) porque pretendia pagar a conta de luz naquela data.
(3 linhas) Informou ser primário e de bons antecedentes, pai de
DEFESA PRELIMINAR família, eleitor cidadão. Por fim, disse que o adolescente
que lhe vendera as porções de drogas foi abordado pelos
(2 linhas)
milicianos antes da sua prisão e que não o conhecia, mas
(CABEÇALHO) que soube que nada foi encontrado com esse indivíduo.
Lavrado o auto de prisão em flagrante, foi o mesmo
NOME DO ACUSADO, já qualificado nos autos, vem por intermédio remetido ao juízo da 1ª Vara Federal Criminal da localidade,
de seu procurador judicial, a presença de Vossa Excelência, para a realização de audiência de custódia, durante a qual
apresentar DEFESA PRELIMINAR (OU PRÉVIA), com fundamento foi decretada a prisão preventiva de Edivaldo da Silva. Dias
legal nos artigos 514 do Código de Processo Penal, pelos motivos a após, o Procurador da República, mesmo sem que qualquer
seguir expostos. (ou art. 55 da Lei 11.343/06) exame pericial houvesse sido realizado sobre a substância
**Tempestividade apreendida e limitando-se a descrever genericamente os
DOS FATOS fatos, informando apenas que Edivaldo foi capturado
transportando drogas, ofereceu, perante a mesma 1ª Vara
(Breve RELATO DOS FATOS - narração do fato criminoso )
Federal Criminal, denúncia contra o mesmo, como incurso
“No dia xx, o ...” nas penas do art. 33 da Lei 11.343/2006. Edivaldo foi
notificado do oferecimento da denúncia em 09 de
PRELIMINARES dezembro de 2016. Diante dessa situação, o acusado
(Nulidade, art. 564, CPP) (Rejeição da Denúncia, art. 395, CPP) procura seus préstimos advocatícios para tomar a
(Exceções, Art. 95, CPP) providência cabível. Utilize a data limite do prazo,
considerando que 09/12/2016 foi uma sexta-feira.

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 PRELIMINARES Art. 171, §2º, VI, CP (e Crime de estelionato mediante a


Súmula 554, STF) emissão de cheque sem fundo:
1. Causas extintivas de punibilidade (art. 107, CP) ressarcimento do dano antes do
recebimento da denúncia.
Processuais:
Art. 236, CP (art.60, CPP) Crime de ocultação de impedimento
2. Prejudiciais de Mérito (art. 92 e 93, CPP)
de casamento. A morte da vítima
3. Preliminares processuais (art. 95, CPP) gera perempção visto que se trata
de ação personalíssima.
4. Nulidades (Art. 564, III e IV, CPP)
Art.312, §3º, CP (1ª Peculato culposo - reparação do
5. Rejeição da denúncia (Art. 395, CPP)
parte) dano antes de sentença final
6. Proposta de suspensão condicional do processo (art. 89, irrecorrível.
Lei 9.099/95) Art. 342, §2º do CP Retratação de falso testemunho
antes da sentença em que o mesmo
foi prestado.
1. Causas extintivas de punibilidade (NA PARTE DE Art. 520 do CPP (art. 107, Conciliação na audiência para os
PENA) VI, CP) crimes contra a honra.
Rol exemplificativo (art. 107, CP): morte do agente; anistia, Art. 59, LCP - Vadiagem Aquisição de renda superveniente
graça e indulto; retroatividade de lei que não considera na contravenção de vadiagem
mais fato crime (abolitio criminis); prescrição, decadência PROCESSUAL
ou perempção; renúncia do direito de queixa ou perdão Art. 89, §5º, Lei 9.099/95 Decurso do prazo de suspensão
aceito nas ações penais privadas; retratação e perdão condicional do processo sem que
judicial. haja revogação.

OUTRAS CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE: 2. Prejudiciais de Mérito (interfere no mérito da causa) -


PREVISÃO LEGAL HIPÓTESE Art. 92 e 93, CPP
PARTE GERAL Natureza penal ou homogêneas (falsidade de documento
no estelionato): juiz criminal ou extrapenais ou
Art. 7º, §2º, d, CP Cumprimento de pena no
estrangeiro por crime lá cometido
heterogêneas (anulação de casamento em caso de
bigamia); juiz civil (outra natureza)
Art. 82, CP - Sursis Término do Período de prova do
Sursis ou do Livramento Suspensão do processo (heterogêneas):
Art. 90, CP - Livramento
Condicional Condicional, sem motivo para Obrigatória: quando se tratar de estado das pessoas
revogação do benefício. (capacidade, estado civil e cidadania).
Súmula 617: “A ausência Facultativa: nos outros casos
de suspensão ou
revogação do livramento
condicional antes do 3. Preliminares processuais (exceções) - Art. 95, CPP
término do período de
prova enseja a extinção
Resposta à acusação; serão preliminares (Em eventual
da punibilidade pelo questão dissertativa - a resposta deverá ser por MEIO DE
integral cumprimento da EXCEÇÕES)
pena. a) Suspeição ou impedimento: Art. 95, I, CPP (art. 252
CRIMES EM ESPÉCIE e 254, CPP) → NULIDADE Art. 564, I do CPP;
Art. 168-A, §2º, CP Pagamento de contribuição b) Incompetência de juízo: Art. 95, II, CPP →
previdenciária antes do início da NULIDADE Art. 564, I do CPP;
ação fiscal no crime de apropriação
indébita previdenciária. c) Coisa Julgada: Art. 95, V, CPP → NULIDADE Art.
564, II do CPP;
Art. 34 da Lei 9249/95; Pagamento do tributo ou
Art. 83 da Lei 9430/96; contribuição social (incluindo os d) Ilegitimidade da parte: Art. 95, IV → NULIDADE Art.
Art. 15 da Lei 9964/200; acessórios) no caso de sonegação 564, II, CPP;
Art. 9º da Lei fiscal.
10864/2003; Art. 5º da Crime de sonegação de
Lei 13.254/16 4. Nulidades - Art. 564, CPP
contribuição previdenciária:
Art. 337-A, CP declaração ou confissão, sendo Nota: Violação de direitos e garantias fundamentais
prestadas as informações provocam nulidade absoluta
necessárias à previdência social,
antes do início da ação fiscal.

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Súmula 523, STF “No processo penal, a falta da defesa j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o em número legal e sua incomunicabilidade;
anulará se houver prova de prejuízo para o réu” k) os quesitos e as respectivas respostas;
Exemplos: l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
a) falta de denúncia, queixa ou representação (Art. m) a sentença;
564, III, a, do CPP); n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o
b) ausência de exame de corpo de delito (Art. 564, tenha estabelecido;
III,b, do CPP/ Art. 158, CPP); o) a intimação, nas condições estabelecidas pela
lei, para ciência de sentenças e despachos de que
c) falta de intervenção do MP na ação privada (Art. caiba recurso;
564, III, d, do CPP);
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de
d) falta (ou irregularidade) na citação (Art. 564, III, e, Apelação, o quorum legal para o julgamento;
do CPP/ Art. 570, CPP); IV - por omissão de formalidade que constitua
e) falta de defesa prévia da lei de drogas (Art. 55 da elemento essencial do ato.
Lei 11.343/06) ou defesa preliminar (art. 514 do V - em decorrência de decisão carente de
CPP - observar que a súmula 330 do STF encontra- fundamentação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
se superada - Inf. 457/STF) ANTES DO 2019) (Vigência)
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA;
f) Outras nulidades deverão enquadrar-se no art. 5. Rejeição da denúncia (Art. 395, CPP) - preliminar da
564, IV, CPP - qualquer erro no devido processo resposta à acusação
legal como: i) nulidade da citação (art.396, CPP);
I) Inépcia: ausência dos requisitos do art. 41, CPP (exposição
nulidade da instrução (Art. 400, CPP); cerceamento
do fato criminoso com todas as suas circunstâncias -
de defesa (Art. 5º, CRFB); nulidade de não
denúncia genérica, superficial ou resumida) - fatos,
observância do procedimento.
acusados, vítimas - ficção ou imaginação do MP);
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
II - Ausência de pressupostos processuais ou das condições
I - por incompetência, suspeição ou suborno do da ação;
juiz;
III - Ausência de justa causa (indícios de autoria e
II - por ilegitimidade de parte;
materialidade do crime) - lastro probatório mínimo
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: presentes nas peças de informação (quarta condição da
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos ação).;
processos de contravenções penais, a portaria ou o
PRESSUPOSTOS CONDIÇÕES DA AÇÃO
auto de prisão em flagrante;
PROCESSUAIS
b) o exame do corpo de delito nos crimes que
deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. DE EXISTÊNCIA: órgão GERAIS:
167; jurisdicional e capacidade A) INTERESSE DE AGIR: parte
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o de ser parte (subjetivos); da prática do crime
não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de ato de provocação
(objetivo) B) LEGITIMIDADE DAS
21 anos;
PARTES: MP (ação pública) e
d) a intervenção do Ministério Público em todos os Vítima (privada) /
termos da ação por ele intentada e nos da
Concorrente: subsidiária da
intentada pela parte ofendida, quando se tratar de
crime de ação pública;
pública e nos crimes contra a
honra do funcionário público
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu
(Súmula 714, STF)
interrogatório, quando presente, e os prazos
concedidos à acusação e à defesa; C) POSSIBILIDADE JURÍDICA
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da DO PEDIDO: conduta típica e
respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos pedido legal (art. 5ª, XXXIX,
processos perante o Tribunal do Júri; CRFB) - exemplo: atipicidade
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, formal ou pedido de pena de
pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o morte.
julgamento à revelia; DE VALIDADE: ESPECÍFICAS:
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo a)subjetivos: competência a) representação do
e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela e imparcialidade do juiz; ofendido(art. 24, §1º, CP) -
lei; capacidade processual dentro do prazo de 6 meses e
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a das partes; capacidade não precisa ser formal;
constituição do júri;
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postulatória - advogado; b) requisição do MJ; * No caso de ter sido transformado os debates orais por
b) Objetivos: ausência de c) laudo de constatação nos memoriais sem as circunstâncias cabíveis – cabe correição
coisa julgada ou crimes da Lei de Drogas (art. parcial (error in procedendo)
litispendência 50, §1º, Lei 11.343/06);
(extrínsecos) ; dentro do
processo (intrínsecos) d) sentença definitiva de 2. PRAZO Orais – 20 mim Memoriais: 5 dias
anulação de casamento
anterior (art. 236, CP)
3. MOMENTO PROCESSUAL FIM DA INSTRUÇÃO PENAL -
AO FINAL DA AUDIÊNCIA UMA DE INSTRUÇÃO E
Obs: Legitimidade ad causam passiva: inquérito policial JULGAMENTO. Em regra, serão apresentadas oralmente.
mostra prova idónea contra uma pessoa e o MP denuncia Serão apresentados memoriais (escrito) no caso:
pessoa diversa. a) A critério do juiz - complexidade do caso;
Obs.: Súmula 24, STF: “Não se tipifica crime material contra b) A critério do juiz - número de acusados;
a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
c) Ordenada nova diligência.
8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo.” -
Crimes contra a ordem tributária precisa da finalização do * No procedimento sumário não há previsão legal da
processo administrativo (ou seja, o parcelamento obsta o substituição das alegações orais pelos memoriais. Todavia, a
oferecimento denúncia) praxe forense é de que em havendo acordo na substituição
dos debates orais por memoriais, estes poderão ser
6. Ausência de proposta de suspensão condicional do
apresentados. * No tribunal do Júri, as alegações serão orais
processo - Art. 89, Lei 9.099/95
e não gera nulidade sua ausência, pois poderá ser estratégia
- Crime com pena mínima de 1 ano, mesmo que não da defesa. Mas na prática, dada a complexidade
seja de menor potencial ofensivo.
Súmula 523, STJ – “No processo penal, a falta da defesa
- Súmula 696, STF constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o
anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”.
Obs: Ele se aplica aos outros benefícios do JECRIM - Art. 74
e 76, Lei 9.099/95. 4. FINALIDADE
# PEDIDOS para a DEFESA:

III – ALEGAÇÕES FINAIS 1ª ABSOLVIÇÃO (art. 386, CPP) *


2º PEDIDOS ALTERNATIVOS (no caso de o pedido principal
Art. 403. Não havendo requerimento de
diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas não ser acolhido)
alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, ** Preliminares: No procedimento ordinário, deve-se arguir
respectivamente, pela acusação e pela defesa, as eventuais nulidades (art. 564 e art. 571, II, CPP) – não
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a gera a absolvição, mas a anulação do ato viciado. A extinção
seguir, sentença. de punibilidade (art. 107, CP) também deve ser arguida
(...) como preliminar, pois se trata de sentença declaratória e
§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do não absolutória, por isso pede-se a “declaração” e não
caso ou o número de acusados, conceder às partes “absolvição”.
o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a
* ABSOLVIÇÃO (ART. 386, CPP):
apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o
prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a
causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
Art. 404. Ordenado diligência considerada
imprescindível, de ofício ou a requerimento da I - estar provada a inexistência do fato;
parte, a audiência será concluída sem as alegações II - não haver prova da existência do fato;
finais. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a
diligência determinada, as partes apresentarão, no III - não constituir o fato infração penal;
prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações IV – estar provado que o réu não concorreu para a
finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o infração penal;
juiz proferirá a sentença. V – não existir prova de ter o réu concorrido para a
infração penal;
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL ART. 403, §3º, CPP VI – existirem circunstâncias que excluam o crime
ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e
Haverá memoriais (peça escrita) – quando tratar-se de caso §1º do art. 28, todos do Código Penal, ou mesmo
complexo ou em virtude do número de acusados. Ou no se houver fundada dúvida sobre sua existência;
caso de terem sido requeridas novas diligências. Ou ter sido
o interrogatório realizado por meio de carta precatória.
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VII – não existir prova suficiente para a *Absolvição Sumária no Júri


condenação.
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá
Hipóteses: desde logo o acusado, quando:
a) Inexistência do fato ou não haver prova da existência do I – provada a inexistência do fato; (materialidade)
fato (I e II); II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
b) Não constituir o fato infração penal (III) – fato atípico; c) (autoria)
Ausência de prova da participação/autoria do acusado ou III – o fato não constituir infração penal;
dúvida na sua participação (IV e V); IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de
d) Excludentes de ilicitude, de culpabilidade e causas de exclusão do crime.
isenção ou dúvida sobre a sua existência (VI) - dúvida;
e) Não existir provas suficientes para a condenação – trata-
se de uma cláusula genérica.

DENUNCIA  CITAÇÃO  RESPOSTA A ACUSAÇÃO  AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO (DEBATES/MEMORIAIS) 


SENTENÇA DE PRONÚNCIA

Objetivo dos memoriais no Júri: evitar que o juiz pronuncie o acusado – evitar que chegue a segunda fase – o julgamento
perante o Conselho de Segurança:
a) Demonstrar que não materialidade ou autoria – resultado: impronúncia;
b) Desclassificar para outro crime, que não seja de competência do Júri;
c) Absolver sumariamente, nos termos do art. 415, CPP (≠ Art. 397, CPP)

** Pedidos alternativos – (68; 59; 61; 65; 33; 44; 77. CP)
 geralmente pede-se para enquadrar em um tipo penal mais brando, também se requere:
a) Afastamento de agravante;
b) Afastamento de qualificadora ou causa de aumento;
c) Aplicação da pena no mínimo, com base no artigo 59, CP.
d) Pedido de concessão de benefício, como a substituição para pena privativa de liberdade por restritiva de direito, outro
regime que não o fechado;

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# PEDIDOS para a ACUSAÇÃO: (ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO) * Breve Resumo do Processo


1º Não restou provada a materialidade do crime ou autoria A pretensão ministerial, no entanto, não merece prosperar
do réu: pede a ABSOLVIÇÃO. (motivo)***

2º Provada a materialidade do crime e autoria do réu:


CONDENAÇÃO (Deve demonstrar a adequação da conduta DO DIREITO
do réu com o tipo penal – bem como as agravantes e 1. PRELIMINARES:
atenuantes; causas de aumento e diminuição) NULIDADES (ART. 564, CPP);
EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE (ART. 107, CP) .
5. ESTRUTURA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL 2. MÉRITO - DEFESA DIRETA: ABSOLVIÇÃO (Art. 386, CPP) E
DA COMARCA DE ___ PEDIDOS ALTERNATIVOS
(Art. 59, 61-62; 65-66; 33; 44; 77, CP)
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS*
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO
NOME DO ACUSADO, já qualificado nos autos, por meio de seu PRELIMINARES/ ABSOLVIÇÃO/ PEDIDO ALTERNATIVO ****
advogado, vem, respeitosamente, à presença a de Vossa "Diante do exposto, preliminarmente, requer a nulidade (art. 564)
Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, como ou a declaração da extinção de punibilidade (art. 107, CP).
base no artigo 403, parágrafo terceiro, do Código de Processo
Penal (CPP**), pelos motivos a seguir aduzidos: Ademais, requer sua absolvição, com fundamento no art. 386, CPP
(...), tendo em vista que __. Por fim, caso Vossa Excelência
Tempestividade entenda pela condenação, requer subsidiariamente
O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art. a) fixação da pena base no mínimo; b) afastar agravante ou incidir
403, §3º do CPP, é de 5 dias, sendo que a intimação do réu atenuante; c) afastar causa de aumento ou incidir a diminuição de
ocorreu em xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e pena; d) fixação de regime mais brando; e) substituição para pena
terminando em xx/xx/xx, estando assim tempestivo. restritiva de direito; f) suspensão condicional da pena.
(pedidos alternativos).
DOS FATOS Requer ainda que seja assegurado o direito do réu em recorrer em
TERMOS DA IMPUTAÇÃO - O representante do MP ofereceu liberdade, conforme art. 387, §1º, CPP.
Denúncia contra o ora acusado, imputando-lhe o ilícito descrito no
..., ante o fato...
Nestes termos, pede deferimento.
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responsabilizado criminalmente. Concluídas as


Local e data investigações em relação ao crime de lesão, os autos foram
encaminhados ao Ministério Público, que, com base no
Assinatura do advogado.
laudo prévio de lesão corporal de Igor atestando a
OAB/UF existência de lesão de natureza leve na cabeça, ofereceu
denúncia, perante a 5ª Vara Criminal de Porto Alegre/RS,
órgão competente, em face de Luiz como incurso nas
* Ou memoriais finais (A OAB tem aceitado ambas as
sanções penais do Art. 129, § 9º, do Código Penal. Deixou o
terminologias).
órgão acusador de oferecer proposta de suspensão
** JÚRI: Art. 403, §3º e Art. 394, §5º, CPP condicional do processo com fundamento no Art. 41 da Lei
nº 11.340/06, que veda a aplicação dos institutos da Lei nº
9.099/95, tendo em vista que aquela lei (Lei nº 11.340/06)
*** JÚRI: FUNDAMENTAÇÃO: falta de provas suficientes de
estabeleceu nova pena para o delito imputado. Após
autoria e materialidade do crime (impronúncia), existência
citação e apresentação de resposta à acusação, na qual Luiz
de crime que não seja da competência do júri
demonstrou interesse na aplicação do Art. 89 da Lei nº
(desclassificação), ou existência de circunstância que exclua
9.099/95, os fatos foram integralmente confirmados
o crime ou isente a pena (absolvição).
durante a instrução probatória. Igor confirmou a agressão, a
ajuda posterior do irmão e o desinteresse em
**** JÚRI: PEDIDOS – “postula-se pela sentença de”: responsabilizá-lo. O réu permaneceu em silêncio durante
seu interrogatório. Em seguida, foi acostado ao
A) impronúncia, com fulcro no artigo 414 do CPP;
procedimento o laudo definitivo de lesão corporal da vítima
B) absolvição sumária, com fulcro no artigo 415 do atestando a existência de lesões de natureza leve, assim
CPP; como a Folha de Antecedentes Criminais de Luiz, que
C) desclassificação, com fulcro no artigo 419 do CPP registrava uma única condenação, com trânsito em julgado
(não for da competência do Júri); em 10 de dezembro de 2019, pela prática de contravenção
penal. O Ministério Público apresentou a manifestação
D) desclassificação (imprópria), com fulcro no artigo
cabível requerendo a condenação do réu nos termos da
413 do CPP;
denúncia, destacando, ainda, a incidência do Art. 61, inciso
E) exclusão das qualificadoras ou causas de aumento. I, do CP. Em seguida, a defesa técnica de Luiz foi intimada,
em 19 de janeiro de 2021, terça-feira, para apresentação da
medida cabível. Considerando apenas as informações
PROVA
expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Luiz, a
(XXXII.OAB) Na madrugada do dia 1º de janeiro de 2020, peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus e
Luiz, nascido em 24 de abril de 1948, estava em sua embargos de declaração, expondo todas as teses cabíveis
residência, em Porto Alegre, na companhia de seus três de direito material e processual. A peça deverá ser datada
filhos e do irmão Igor, nascido em 29 de novembro de 1965, no último dia do prazo para apresentação, devendo
que também morava há dois anos no mesmo imóvel. Em segunda a sexta-feira serem considerados dias úteis em
determinado momento, um dos filhos de Luiz acionou fogos todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: o examinando deve abordar
de artifício, no quintal do imóvel, para comemorar a todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
chegada do novo ano. Ocorre que as faíscas atingiram o para dar respaldo à pretensão. A mera citação do
telhado da casa, que começou a pegar fogo. Todos dispositivo legal não confere pontuação.
correram para sair pela única e pequena porta da casa, mas
Luiz, em razão de sua idade e pela dificuldade de ITEM PONTUAÇÃO 1. Endereçamento: 5ª Vara Criminal da
Comarca de Porto Alegre/RS (0,10) 0,00/0,10 2. Fundamento legal:
locomoção, acabou ficando por último na fila para saída da
Art. 403, § 3º, do CPP ou Art. 404, parágrafo único do CPP(0,10)
residência. Percebendo que o fogo estava dele se 0,00/0,10 Preliminares 3. Preliminarmente, extinção da
aproximando e que iria atingi-lo em segundos, Luiz desferiu punibilidade do agente OU nulidade em razão da ausência de
um forte soco na cabeça do irmão, que estava em sua representação (0,20), com reconhecimento da decadência (0,15),
frente, conseguindo deixar o imóvel. Igor ficou caído por conforme o Art. 107, inciso IV, do CP OU 564, inciso III, alínea a, ou
alguns momentos, mas conseguiu sair da casa da família, inciso IV, CPP (0,10) 0,00/0,15/0,20/ 0,25/0,30/0,35/0,45 3.1. O
sangrando em razão do golpe recebido. Policiais chegaram crime de lesão corporal leve do Art. 129, § 9º, do CP é de ação
ao local do ocorrido, sendo instaurado procedimento para penal pública condicionada à representação (0,20), nos termos do
Art. 88 da Lei nº 9.099/95 (0,10), e a vítima demonstrou não ter
investigar a autoria do crime de incêndio e outro
interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente
procedimento para apurar o crime de lesão corporal. Luiz,
(0,15) 0,00/0,15/0,20/ 0,25/0,30/0,35/0,45 4. Nulidade decorrente
verificando as consequências de seus atos, imediatamente do não oferecimento de proposta de suspensão condicional do
levou o irmão para unidade de saúde e pagou pelo processo (0,30), tendo em vista que o crime não foi praticado no
tratamento médico necessário. Igor compareceu em sede contexto da violência doméstica e familiar contra mulher ou tendo
policial após ser intimado, narrando o ocorrido, apesar de em vista não ser aplicável a previsão do Art. 41 da Lei nº 11.340
destacar não ter interesse em ver o autor do fato pelo fato de a vítima ser homem (0,20). 0,00/0,20/0,30/0,50

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MÉRITO 5. No mérito, reconhecimento do estado de necessidade criminalmente. Após receber os autos e considerando que o
(0,40), que é causa excludente da ilicitude (0,20), na forma do Art. detido possuía autorização para portar arma de fogo, o
24 ou do Art. 23, inciso I, ambos do CP (0,10) 0,00/0,20/0,30/0,40/ Ministério Público denunciou Lauro apenas pela prática do
0,50/0,60/0,70 5.1. Luiz agiu diante de perigo atual para sua
crime de estupro qualificado, previsto no Art. 213, §1º c/c
integridade física (0,20), utilizando meios disponíveis, não sendo
Art. 14, inciso II, c/c Art. 61, inciso II, alínea f, todos do
razoável a exigência do sacrifício (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 6.
Aplicação da pena base no mínimo legal, já que circunstâncias do Código Penal. O processo teve regular prosseguimento,
art. 59 do CP são favoráveis (0,10) 0,00/0,10 7. Afastamento da mas, em razão da demora para realização da instrução,
agravante da reincidência OU afastamento da agravante do art. Lauro foi colocado em liberdade. Na audiência de instrução
61, I, do CP (0,20), tendo em vista que a condenação anterior se e julgamento, a vítima Maria foi ouvida, confirmou suas
refere à contravenção ou tendo em vista que não ostenta declarações em sede policial, disse que tinha 17 anos,
condenação anterior definitiva pela prática de crime (0,10) apesar de ter esquecido seu documento de identificação
0,00/0,10/0,20/0,30 8. Reconhecimento da atenuante prevista no para confirmar, apenas apresentando cópia de sua
Art. 65, inciso I, do CP (0,20), tendo em vista que o réu era maior
matrícula escolar, sem indicar data de nascimento, para
de 70 anos na data da sentença (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 9.
demonstrar que, de fato, era Maria. José foi ouvido e
Reconhecimento da atenuante prevista no Art. 65, inciso III, alínea
b, do CP (0,20), pois Luiz procurou reduzir as consequências de também confirmou os fatos narrados na denúncia, assim
seus atos levando Igor para o hospital e pagando por seu como os policiais. O réu não estava presente na audiência
tratamento (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 10. Fixação do regime por não ter sido intimado e, apesar de seu advogado ter-se
aberto para início do cumprimento da pena (0,20), considerando a mostrado inconformado com tal fato, o ato foi realizado,
pena a ser aplicada ou considerando que o delito é punido apenas porque o interrogatório seria feito em outra data. Na
com pena de detenção (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 11. segunda audiência, Lauro foi ouvido, confirmando
Requerimento de suspensão condicional da pena (0,20), nos integralmente os fatos narrados na denúncia, mas
termos do Art. 77 do CP (0,10) 0,00/0,20/0,30 Pedidos 12.
demonstrou não ter conhecimento sobre as declarações das
Preliminar de nulidade do processo OU reconhecimento da
testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na mesma
extinção da punibilidade OU decadência OU oferecimento de
proposta de suspensão condicional do processo (0,10) 0,00/0,10 ocasião, foi, ainda, juntado o laudo de exame do material
13. Absolvição (0,20), na forma do Art. 386, VI, do CPP (0,10) apreendido, o laudo da arma de fogo demonstrando o
0,00/0,20/0,30 14. Aplicação da pena no mínimo legal OU potencial lesivo e a Folha de Antecedentes Criminais, sem
reconhecimento das atenuantes (0,10) 0,00/0,10 15. Fixação do outras anotações. Encaminhados os autos para o Ministério
regime aberto OU concessão de suspensão condicional da pena Público, foi apresentada manifestação requerendo
(0,10) 0,00/0,10 Fechamento 16. Data: 25 de janeiro de 2021 condenação nos termos da denúncia. Em seguida, a defesa
(0,10) 0,00/0,10 17. Local, data, advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10 técnica de Lauro foi intimada, em 04 de setembro de 2018,
terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para
apresentação da medida cabível. Considerando apenas as
(XXVI) Em 03 de outubro de 2016, na cidade de Campos, no
informações narradas, na condição de advogado(a) de
Estado do Rio de Janeiro, Lauro, 33 anos, que é obcecado
Lauro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas
por Maria, estagiária de uma outra empresa que está
corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A
situada no mesmo prédio em que fica o seu local de
peça deverá ser datada do último dia do prazo para
trabalho, não mais aceitando a rejeição dela, decidiu que a
interposição. (Valor: 5,00
obrigaria a manter relações sexuais com ele,
independentemente da sua concordância. Confiante em sua Endereçamento: 1) Vara Criminal da Comarca de Campos/RJ
decisão, resolveu adquirir arma de fogo de uso permitido, (0,10). 0,00/0,10 Cabimento: 2) Fundamento legal para
considerando que tinha autorização para tanto, e a apresentação de Alegações Finais por Memoriais: Art. 403, § 3º do
CPP (0,10). 0,00/0,10 Fundamentação: 3) Preliminarmente,
registrou, tornando-a regular. Precisando que alguém o
reconhecimento da nulidade dos atos da instrução (0,20).
substituísse no local do trabalho no dia do crime, narrou sua 0,00/0,20 4) A nulidade decorre da ausência de intimação do réu
intenção criminosa para José, melhor amigo com quem para realização da audiência de instrução e julgamento (0,40), o
trabalha, assegurando-lhe que comprou a arma que representa cerceamento de defesa OU configurando violação
exclusivamente para ameaçar Maria a manter com ele ao princípio da ampla defesa (0,15), nos termos do Art. 5º, LV,
conjunção carnal, mas que não a lesionaria de forma CRFB/88 OU Art. 564, IV, do CPP (0,10).
alguma. Ainda esclareceu a José, que alugara um quarto em 0,00/0,15/0,25/0,40/0,50/0,55/0,65 5) No mérito, absolvição de
um hotel e comprara uma mordaça para evitar que Maria Lauro (0,30). 0,00/0,30 6) Não foram iniciados atos executórios do
gritasse e os fatos fossem descobertos. Quando Lauro saía crime de estupro (0,60), sendo certo que os atos preparatórios são
impuníveis (0,20). 0,00/0,20/0,60/0,80 7) Subsidiariamente,
de casa, em seu carro, para encontrar Maria, foi
afastar a qualificadora pois não há prova nos autos da idade da
surpreendido por viatura da Polícia Militar, que havia sido vítima (0,50), nos termos do Art. 213, §1º do CP (0,10)
alertada por José sobre o crime prestes a acontecer, sendo 0,00/0,50/0,60 8) Aplicação da pena base no mínimo legal, já que
efetuada a prisão de Lauro em flagrante. Em sede policial, as circunstâncias do Art. 59 do CP são favoráveis (0,20). 0,00/0,20
Maria foi ouvida, afirmando, apesar de não apresentar 9) Afastamento da agravante do Art. 61, inciso II, alínea ´f´, do CP
documentos, que tinha 17 anos e que Lauro sempre (0,20), pois o crime não foi praticado em situação de violência
manteve comportamento estranho com ela, razão pela qual doméstica, familiar ou de coabitação contra mulher (0,10).
tinha interesse em ver o autor dos fatos responsabilizado 0,00/0,10/0,20/0,3010) Reconhecimento da atenuante da
confissão espontânea (0,30), nos termos do Art. 65, III, ´d´, CP
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(0,10). 0,00/0,30/0,40 11) Aplicação do quantum máximo de excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do
redução de pena em razão da tentativa (0,15), tendo em vista que prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes.
o crime ficou longe da consumação OU tendo em vista que o (Valor: 5,00 pontos)
critério a ser observado é do iter criminis percorrido (0,10).
0,00/0,10/0,15/0,25 12) Aplicação do regime aberto ou Obs.: O examinando deve indicar todos os fundamentos e
semiaberto, considerando a pena mínima a ser aplicada (0,20), nos dispositivos legais cabíveis. A mera citação do dispositivo
termos do Art. 33, §2º, alíneas b ou c, do CP (0,10) OU Aplicação legal não confere pontuação.
da suspensão condicional da pena (0,20), nos termos do Art. 77 do
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 1) Endereçamento :Vara
CP (0,10) 0,00/0,20/0,30 Pedidos: 13) Nulidade dos atos da
Criminal da Comarca de Belo Horizonte/MG.(0,10). 0,00/0,10 2)
instrução (0,05). 0,00/0,05 14) Absolvição de Lauro (0,20), nos
Fundamento legal: 403, §3º, do CPP(0,10). 0,00/0,10 3) No mérito:
termos do Art. 386, inciso III, do CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30 14.1)
absolvição do crime de furto (0,50), pois a coisa perdida (res
Afastamento da qualificadora do Art. 213, § 1º, do CP (0,05).
desperdicta) não pode ser objeto de tal crime (0,70). Deve, ainda,
0,00/0,05 14.2) Aplicação da pena base no mínimo legal ou
ser mencionado que a hipótese não é de desclassificação para o
reconhecimento da atenuante da confissão (0,05). 0,00/0,05 14.3)
crime de apropriação de coisa achada, pois a elementar de
Afastamento da agravante do Art. 61, II, ´f´, do CP (0,05). 0,00/0,05
apropriação pelo prazo de 15 dias não foi realizada (0,10). 0,00 /
14.4) Redução do máximo em razão da tentativa (0,05). 0,00/0,05
0,10 / 0,50 / 0,60 / 0,70 / 0,80 / 1,20 / 1,30 4) Aplicação do
14.5) Aplicação de regime inicial aberto ou semiaberto (0,05).
princípio da bagatela ou insignificância (0,40), afastando a
0,00/0,05 Tempestividade: 15) Prazo: 10 de setembro de 2018
tipicidade material (0,20) 0,00/0,20/0,40/0,60 5)
(0,10). 0,00/0,10 Fechamento: Data, local, assinatura, OAB (0,10).
Subsidiariamente, em caso de condenação: aplicação da pena base
0,00/0,10
no mínimo legal(0,20), destacando que a condenação em ação
(XX. REAPLICAÇÃO) Bruno Silva, nascido em 10 de janeiro de socioeducativa não gera maus antecedentes ou circunstância
1997, enquanto adolescente, aos 16 anos, respondeu judicial desfavorável (0,10). 0,00/0,10/0,20/0,30 6)
perante a Vara da Infância e Juventude pela prática de ato Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa (0,20),na
infracional análogo ao crime de tráfico, sendo julgada forma do Art. 65, inciso I, do CP (0,10). 0,00/0,20/0,30 7)
Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea (0,20),na
procedente a ação socioeducativa e aplicada a medida de
forma do Art. 65, inciso III, alínea d, do CP(0,10). 0,00/0,20/0,30 8)
semiliberdade. No dia 10 de janeiro de 2015, na cidade de Requerimento de aplicação do furto privilegiado, pleiteando a
Belo Horizonte, Minas Gerais, Bruno se encontrava no adoção de alguma das medidas previstas em lei (ou substituição
interior de um ônibus, quando encontrou um relógio caído da reclusão por detenção ou causa de diminuição de pena ou
ao lado do banco em que estava sentado. Estando o ônibus aplicação exclusivamente da pena de multa) (0,20), na forma do
vazio, Bruno aproveitou para pegar o relógio e colocá-lo Art. 155, §2º, do CP(0,10). 0,00/0,20/0,30 9) Substituição da pena
dentro de sua mochila, não informando o ocorrido ao privativa de liberdade por restritiva de direitos (0,20),pois
motorista. Mais adiante, porém, 15 minutos após esse fato, preenchidos os requisitos do Art. 44 do CP(0,10). 0,00/0,20/0,30
o proprietário do relógio, Bernardo, já na companhia de um 10) Aplicação do regime aberto para início do cumprimento da
pena (0,20), na forma do Art. 33, §2º, alínea c, do Código Penal
policial, ingressou no coletivo procurando pelo seu
(0,10). 0,00/0,20/0,30 11) Caso não seja substituída a pena
pertence, que havia sido comprado apenas duas semanas privativa de liberdade por restritiva de direitos, aplicação da
antes por R$ 100,00 (cem reais). Verificando que Bruno suspensão condicional da pena, na forma do Art. 77 do CP (0,10).
estava sentado no banco por ele antes utilizado, revistou 0,00/0,10 12) Pedidos: absolvição do crime de furto (0,10), na
sua mochila e encontrou o relógio. Bernardo narrou ao forma do artigo 386, III, CPP (0,10);subsidiariamente, aplicação da
motorista de ônibus o ocorrido, admitindo que Bruno não pena base no mínimo legal (0,10);reconhecimento das atenuantes
estava no coletivo quando ele o deixou. Diante de tais da confissão espontânea e da menoridade relativa
fatos, Bruno foi denunciado perante o juízo competente (0,10);reconhecimento da forma privilegiada do furto
pela prática do crime de furto simples, na forma do Art. (0,10);substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos (0,10);fixação do regime aberto (0,10); sursis da
155, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida e foi
pena(0,10). 0,00/0,10/0,20/0,30/ 0,40/0,50/0,60/ 0,70/0,80 13)
formulada pelo Ministério Público a proposta de suspensão Indicação da data correta: 30 de março de 2015(0,10). 0,00/0,10
condicional do processo, não sendo aceita pelo acusado, 14) Estrutura – endereçamento, local, data, assinatura e
que respondeu ao processo em liberdade. No curso da OAB(0,10). 0,00/0,10
instrução, o policial que efetivou a prisão do acusado,
Bernardo, o motorista do ônibus e Bruno foram ouvidos e
todos confirmaram os fatos acima narrados. Com a juntada IV– RELAXAMENTO. REVOGAÇÃO.
do laudo de avaliação do bem arrecadado, confirmando o
LIBERDADE
valor de R$ 100,00 (cem reais), os autos foram
encaminhados ao Ministério Público, que se manifestou Art. 5º (...)LXV - a prisão ilegal será imediatamente
pela procedência do pedido nos termos da denúncia, relaxada pela autoridade judiciária;
pleiteando reconhecimento de maus antecedentes, em
razão da medida socioeducativa antes aplicada. Você,
advogado(a) de Bruno, foi intimado(a), em 23 de março de 1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
2015, segunda-feira, sendo o dia subsequente útil. 1.1 NOÇÕES GERAIS – MEDIDAS CAUTELARES
Com base nas informações acima expostas e naquelas que MEDIDAS CAUTELARES:
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível,
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A. Medidas cautelares privativa de liberdade: prisão ** Prisão preventiva será sempre o último recurso. Ela
temporária; preventiva e a domiciliar; poderá ser propriamente dita; oriunda em flagrante;
B. Medidas cautelares de contracautela: liberdade decorrente de pronúncia ou de sentença condenatória
provisória com ou sem fiança recorrível.

C. Medidas cautelares restritivas do art. 319, CPP


* A prisão em flagrante perdeu seu caráter cautelar para ser
mero ato administrativo.
1.2. PRISÃO EM FLAGRANTE E PROCEDIMENTO DO ART. 310, CPP

(CPP) Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso
no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não
realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de realização de audiência de custódia sem motivação idônea
custódia com a presença do acusado, seu advogado ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro pela autoridade competente, sem prejuízo da
do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.
fundamentadamente: DURAÇÃO: 24 HORAS – a autoridade policial deve
I - relaxar a prisão ilegal; ou comunicar em 24 horas a prisão a autoridade judiciária.
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando Art. 306, CPP – COMUNICAÇÃO; JUIZ, MP, FAMÍLIA, DP.
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, Obs.: Apesar da maioria da doutrina entender que o
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas flagrante se torna ilegal se não houver a comunicação no
cautelares diversas da prisão; ou prazo determinado, o STF entende que trata- se mera
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. responsabilidade funcional.
1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que Art. 301, CPP. Qualquer do povo poderá e as autoridades
o agente praticou o fato em qualquer das condições policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja
constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do encontrado em flagrante delito.
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento 1. ESTADO DE FLAGRÂNCIA (TIPOS)
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de (CPP) Art. 302. Considera-se em flagrante delito
revogação. quem:

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que I - está cometendo a infração penal;
integra organização criminosa armada ou milícia, ou que II - acaba de cometê-la;
porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser autor da infração;
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à
não realização da audiência de custódia no prazo IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
estabelecido no caput deste artigo responderá armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
administrativa, civil e penalmente pela omissão. ele autor da infração. (presumido)

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Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se


o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência.

- FLAGRANTE FACULTATIVO OU COERCITIVO (ART. 301, CPP)


- FLAGRANTE (ART. 302, CPP):
A) PRÓPRIO (VISUAL): I e II
B) IMPRÓPRIO: III – elemento volitivo (perseguição –
art. 290, §1º, CPP); temporal (logo após); fático
(circunstância).
C) PRESUMIDO: IV – elemento temporal (logo
depois); fático (posse dos produtos) * Caberá liberdade provisória em PRISÃO PREVENTIVA
somente quando esta vier de conversão anterior da prisão
Cuidado!! em flagrante.
ESPERADO: em que a autoridade policial se antecipa,
aguarda e realiza a prisão quando os atos executórios são
iniciados (: quando a polícia tem notícia da prática do crime 1.3 PRISÃO PREVENTIVA
– aguarda passivamente o início do crime – lícito Espécie de prisão cautelar para assegurar a eficácia do
D) PREPARADO OU PROVOCADO (ILEGAL): quando o feito.
agente teria sido induzido a prática da infração Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do
penal, SÚMULA 145 do STF (“não há crime, quando processo penal, caberá a prisão preventiva decretada
pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
a preparação do flagrante pela polícia torna querelante ou do assistente, ou por representação da
impossível a sua consumação”); e ILEGAL autoridade policial.
E) FORJADO (ILEGAL): realizado para incriminar um
inocente e no qual quem prática ato ilícito é aquele OBS: NÃO CABE DECRETAÇÃO DE OFÍCIO E A DECISÃO DEVE-SE
que forja a ação.( : fato atípico - quem pratica o BASEAR EM FATOS NOVOS E CONTEMPORÂNEOS.
crime é quem efetua a prisão – prova obtida por # Pressupostos (necessidade): ( Lei nº 13.964, de 2019)
meio ilícito. ILEGAL.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como
F) RETARDADO OU DIFERIDO: Ação controlada (Art. garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
8º, Lei 12.850/13) ou policial infiltrado - retardar a conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da
intervenção para uma eficaz formação de provas – existência do crime e indício suficiente de autoria e de
comunicação prévia – (espécie do esperado) perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
OBS.: Crimes permanentes: crimes permanentes são § 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada
aqueles cuja consumação se prolonga no tempo e, durante em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares (art.
esse período, o agente detém o poder de fazer cessar a 282, § 4o).
execução do delito a qualquer momento.
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser
Exemplos: extorsão mediante sequestro, sequestro ou motivada e fundamentada em receio de perigo e
cárcere privado, algumas modalidades de tráfico de drogas existência concreta de fatos novos ou contemporâneos
que justifiquem a aplicação da medida adotada.
(manter em depósito, guardar etc).
A prisão em flagrante em crimes permanentes é possível,
pelo menos enquanto não cessar a permanência. a) fumus comissi delicti (indícios de autoria e
materialidade do crime);
*OBS: A ENTRADA NA CASA DEVE SER PRECEDIDA DE
FUNDADAS RAZÕES. (LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE) b) periculum libertatis: (CONTEMPORÂNEOS)
b.1 garantia da ordem pública (quando ficar demostrada a
reiteração delituosa – não considera clamor público ou
2. DURAÇÃO: 24 HORAS – a autoridade policial deve social);
comunicar em 24 horas a prisão a autoridade judiciária.
b.2. garantia da ordem econômica (assemelha-se com a
Art. 306, CPP – COMUNICAÇÃO; JUIZ, MP, FAMÍLIA, DP. ordem pública – risco de reiteração delituosa, porém no
Obs.: Apesar da maioria da doutrina entender que o tocante aos crimes contra a ordem econômica – Lei
flagrante torna-se ilegal se não houver a comunicação no 1.512/51; Lei 7.134/83; Lei 7.492/86; Lei 8.078/90; Lei
prazo determinado, o STF entende que trata- se mera 8.137/90; Lei 8.176/91; Lei 9.279/96; Lei 9.613/98);
responsabilidade funcional. SERÁ ILEGAL, SE O ATRASO NA b.3) garantia de aplicação da lei penal: dados concretos que
COMUNICAÇÃO OU NA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FOR demonstrem que o acusado pretende fugir, inviabilizando a
INUSTIFICADO (Art. 310, §4º, CPP) futura execução da pena. Não se pode presumir a fuga. Para
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os tribunais uma ausência momentânea, seja para evitar # Duração e o excesso de prazo na formação da culpa: AO
uma prisão em flagrante, seja para evitar uma prisão CONTRÁRIO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, A PRISÃO
decretada arbitrariamente, não autoriza a decretação da PREVENTIVA NÃO POSSUI PRAZO PRÉ-DETERMINADO, por
prisão preventiva. conta desta indeterminação, os tribunais consolidaram o
b.4) conveniência da instrução criminal: visa impedir que o entendimento, segundo o qual estando o acusado preso os
agente cause prejuízos a produção da prova. prazos processuais previstos no CPP deviam ser observados,
sob pena de caracterização do excesso de prazo na
b.5) descumprimento das cautelares diversas da prisão: em formação da culpa, autorizando o relaxamento da prisão
último caso. (Art. 282, §4º, CPP) sem prejuízo da continuidade do processo.

# Hipóteses: O PRAZO DO ARTIGO 316, CPP NÃO GERA A ILEGALIDADE


Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será AUTOMÁTICA.
admitida a decretação da prisão preventiva: Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a
I - Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada.
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; § 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no concretamente a existência de fatos novos ou
inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
dezembro de 1940 - Código Penal; adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
de urgência. que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de
quando esta não fornecer elementos suficientes para ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente questão decidida;
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
recomendar a manutenção da medida. explicar o motivo concreto de sua incidência no caso
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando III - invocar motivos que se prestariam a justificar
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando qualquer outra decisão;
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
manutenção da medida.
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou
como decorrência imediata de investigação criminal ou da nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
apresentação ou recebimento de denúncia.
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência
ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a
a) Crimes dolosos com pena máxima superior a 4 anos; existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento.
(não cabe para furto simples);
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
b) investigado reincidente em outro crime doloso, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação
observado o lapso temporal de cinco anos. Não há um ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela
quantum de pena mínimo. subsista, bem como novamente decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem. Parágrafo único.
c) quando o crime envolver violência doméstica e familiar Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a
cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
pessoa com deficiência para garantir a execução das
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão
medidas protetivas de urgência. Para os tribunais o ilegal.
descumprimento das medidas protetivas, por si só não
1.4 PRISÃO TEMPORÁRIA (Art. 1º, Lei 7.960/89)
autoriza a decretação da prisão preventiva. Que deve ser
conjugada com a garantia da ordem pública, garantia de # HIPÓTESES:
aplicação da lei penal ou conveniência da instrução criminal. ART. 1º, III, Lei 7.960/89
d) Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou não Hediondos e equiparados.
fornecimento de elementos para esclarecê-la. Crimes
# PRAZO:
dolosos e culposos. Durar até obtida a identificação do
agente. Lei 12.037/09 – identificação criminal. Não houve 5 DIAS + 5 dias, prorrogável por igual período.
revogação tácita do art. 1º, II, da Lei 7.960 – prisão Hediondos: 30 dias + 30 dias
temporária.
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Obs.: É um prazo limite, significa que o juiz pode decretar a e) Não configuração do estado de flagrante delito – art.
prisão por um período menor. Decorrido o prazo, o preso 302, CPP -
deverá ser colocado imediatamente em liberdade, salvo Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I
tiver sido decretada a sua prisão preventiva. - está cometendo a infração penal; II - acaba de
cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
2. ILEGALIDADE – Se a prisão for ilegal, deve o juiz relaxá- em situação que faça presumir ser autor da
la infração; IV - é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
2.1 VICIOS FORMAIS presumir ser ele autor da infração.
ART. 304 A 308, CPP PRISÃO CAUTELAR
ART. 5º, LXII A LXIV TEMPORÁRIA PREVENTIVA
Art. 5º (...) LXII - a prisão de qualquer pessoa e o Natureza: Prisão cautelar Prisão cautelar
local onde se encontre serão comunicados
Previsão Legal: artigos 311 a 316 do
imediatamente ao juiz competente e à família do Previsão Legal: Lei
CPP, alterados pela Lei 12.403/11 e
preso ou à pessoa por ele indicada; 7.960/89.
Lei 13.964/2019
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
Momento: fase
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
investigatória. Não se
assegurada a assistência da família e de advogado;
admite prisão temporária Momento: tanto na fase
LXIV - o preso tem direito à identificação dos durante a fase investigatória ou processual. Parte
responsáveis por sua prisão ou por seu processual. Por fase da doutrina sustenta que não se
interrogatório policial; investigatória podemos admite prisão preventiva na fase
entender tanto o investigatória em relação aos delitos
inquérito policial como que admitem a prisão temporária.
Geram a nulidade do ato: outros procedimentos
investigatórios.
a) Art. 304, 1ª parte – “apresentado o preso à autoridade
competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde Decretação ex officio:
como se trata de prisão
logo, sua assinatura, entregando a esta cópia do termo e
cautelar passível de
recibo de entrega do preso; decretação
Decretação ex officio: com a
b) Art. 304, 2ª parte e §2º - Oitiva de duas testemunhas exclusivamente durante
entrada em vigor do Pacote
que assistiram aos fatos ou que presenciaram a entrega a fase investigatória, a
Anticrime, já não pode mais ser
dos presos (geralmente o condutor e autoridade que prisão temporária não
decretada de ofício, seja na fase
pode ser decretada de
auxiliou); investigatória, seja na fase
ofício pelo juiz. Depende
c) Art. 304, parte final – Lavratura do auto pelo escrivão; processual; (CPP, art. 311).
de provocação da
d) Presidência da autoridade policial – não pode delegar a autoridade policial ou do
Ministério Público (Lei n.
presidência ao escrivão;
7.960/89, art. 2º);
e) Presença do defensor público – para assisti-lo no
Hipóteses de admissibilidade:
momento da lavratura do APF; Devem ser observados os
f) Requisitos formais constitucionais. pressupostos alternativos dos
incisos e §1º do art. 313 do CPP
A) CRIME DOLOSO + PENA MÁXIMA
2.2 VICIOS MATERIAIS DE 4 ANOS;
RELATIVOS: TIPICIDADE DA CONDUTA E AO ESTADO DE Hipóteses de B) reincidente específico de crime
FLAGRÂNCIA  ART. 302, CPP admissibilidade: art. 1º, doloso (não importa a pena);
III, da Lei 7.960/89 (rol
a) Atipicidade da conduta delituosa – a própria autoridade C) crime doloso + violência
taxativo), conjugado com doméstica (não importa a pena);
policial pode relaxar;
o artigo 2º, § 4º da Lei
b) Falta de autorização legal para a lavratura do APF 8.072/90 (crimes §1º Condução coercitiva para
(juizados especiais); hediondos e efeitos de identificação (nunca
equiparados) interrogatório) – crimes dolosos ou
c) Ausência da manifestação expressa da vítima ou de seu culposos (contravenções);
representante legal – nos delitos de ação penal privada § § 2º Não será admitida a
ou pública condicionada à representação criminal – decretação da prisão preventiva
manifestação expressa da vítima; com a finalidade de antecipação de
d) Apresentação espontânea do agente à Delegacia de cumprimento de pena ou como
decorrência imediata de
Polícia;
investigação criminal ou da

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apresentação ou recebimento de RELAXAMENTO REVOGAÇÃO LIBERDADE


denúncia (CONTEMPORANEIDADE PROVISÓRIA
DO PERIGO libertatis) Ilegalidade na Admissível Somente quando da
Pressupostos: “fumus comissi imposição de apenas na comunicação da prisão
delicti” (prova da existência do qualquer restrição prisão em flagrante ou
crime + indícios de autoria) e cautelar preventiva e quando houver prisão
“periculum libertatis” (garantia da prisão preventiva decretada
ordem pública ou econômica, temporária em razão de conversão
garantia da aplicação da lei penal ou anterior da prisão em
conveniência da instrução criminal + flagrante.
perigo gerado pela liberdade)
Fumus comissi delicti (materialidade
do crime e indícios de autoria) Obs.: Deve-se verificar a origem da prisão preventiva. Se a
prisão adveio da conversão da prisão em flagrante a
Pressupostos: “fumus +
contracautela será a liberdade provisória, todavia se das
comissi delicti” (art. 1º, Periculum Libertatis demais hipóteses da prisão preventiva (art. 312, CPP) a
III, da Lei 7960/89) e
“periculum libertatis” a) Ordem pública (risco de medida adequada será a revogação da prisão.
(art. 1º, I ou II, da Lei reiteração delituosa) (não é clamor
7960/89). público e gravidade em abstrato)
# ESPÉCIES: obrigatória (não se comina pena privativa de
b) Ordem econômica (risco de
reiteração delituosa nos crimes liberdade e menor potencial ofensivo); vedada (não existe –
contra a ordem econômico- inconstitucional qualquer lei que proíba o juiz de conceder a
financeira) LP – motivo da revogação dos crimes hediondos).
c) aplicação da lei penal (dados
concretos de fuga)
3.1 Liberdade provisória sem fiança
d) conveniência da instrução
criminal (destruição de provas,
- é possível a concessão de LP sem exigência de fiança,
ameaça a testemunhas, ameaça a respondendo em liberdade o acusado ou o indiciado aos
autoridades) termos do processo penal contra ele instaurado, quando
AUSENTES OS REQUISITOS AUTORIZADORES DA PRISÃO
Prazo: 5 dias,
prorrogáveis por igual PREVENTIVA, na forma do artigo 321 do CPP.
Prazo: pelo menos em regra, não há
período. Crimes prazo determinado. Não obstante, a) infrações penais as quais não se cominem pena privativa
hediondos: 30 dias devem ser observados os prazos de liberdade (art. 283, §1º, CPP) e infrações de menor
prorrogáveis por mais 30. previstos em lei para a prática dos potencial ofensivo quando se comprometer ao
Obs: Decorrido o prazo atos processuais, sob pena de comparecimento.
deve ser colocado em excesso de prazo na formação de
liberdade, independente culpa e consequente relaxamento
de alvará de soltura. da prisão preventiva. Obs: atenção 3.2 Liberdade provisória mediante prestação de fiança
Abuso de autoridade a para o art. 22, parágrafo único, da
Lei n. 12.850/13(120d). Medida cautelar diversa a prisão:
prolongação. (art. 12, Lei
13869/19) Nos delitos praticados, independente da pena cominada,
desde que ausentes os requisitos do artigo 312 do CPP,
CONFORME ILAÇÃO DO ARTIGO 321 DO CPP, e afigurar-
3. LIBERDADE PROVISÓRIA se necessária a imposição da contracautela.
- Medida de contracautela, benefício processual concedido NÃO CABERÁ NAS HIPÓTESES ELENCADAS NO ARTIGO
ao acusado ou indiciado preso para que se lhe permita 323 E 324 DO CPP. Faz-se uma leitura a contrário senso,
responder aos termos do processo penal, contra ele então caberá nas infrações que não estiverem indicadas
instaurado, em liberdade, podendo o benefício ser nos artigos citados são consideradas afiançáveis.
concedido mediante ou não na prestação de fiança.

CONDIÇÕES – ART. 327 E 328, CPP.


Cabimento: art.5, º LXVI, CRFB e art. 310, III, CPP – flagrante
regular, mas desnecessária a manutenção da prisão que - Dispensa da fiança – art. 350, CPP
autorizam sua conversão do art. 321, CPP. Obs.; Antes da Lei 12.403/11 – fiança era apenas uma
medida de contracautela substitutiva de anterior prisão
em flagrante. Depois da lei 12.403/11 – fiança poderá
ser: autônoma (aquele que estava me liberdade);
substitutiva de anterior prisão

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4. FINALIDADE
ANULAR O AUTO DE PRISÃO � RELAXAR A PRISÃO � EXPEDIR ALVARÁ DE SOLTURA

PEDIDO DE REVOGAÇÃO
PRISÃO /REMÉDIO RELAXAMENTO DE PRISÃO (ILEGAL) LIBERDADE PROVISÓRIA
(DESNECESSÁRIA)
Fundamentação legal: Art. 5º,
Fundamentação legal: Art. 5º, LXV, CF LXVI, CF e Art. 310, III, CPP
e Art. 310, I, CPP * Prisão em flagrante regular,
PRISÃO EM * Vícios Materiais (Art.302, CPP) e mas desnecessária (Art. 321,CPP)
FLAGRANTE Formais (art. 304 a 306, CPP) Pedido: Concessão da liberdade
Pedido: Relaxamento e a expedição do provisória com imposição, se for
alvará de soltura o caso, de medida cautelar
diversa da prisão.
Fundamentação legal: Art. 316, CPP
* Art. 312, CPP (Ordem Pública, Ordem
Econômica, por conveniência da
Fundamentação legal: Art. 5º, LXV, CF. instrução criminal, assegurar a
aplicação da lei penal) e Art. 282, §4º
* Art. 313, CPP (Cabimento da Prisão
PRISÃO (descumprimento das obrigações de
Preventiva)
PREVENTIVA outras medidas cautelares)
Pedido: Relaxamento e expedição do
Pedido: Revogação da prisão, e caso
alvará de soltura.
não entenda, a concessão da liberdade
provisória e impondo-se outras
medidas cautelares previstas no art.
319, CPP.
Fundamentação legal: Art. 1º, Lei
7960/89.
Fundamentação legal: Art.5º, LXV, CF
* Desnecessidade quando ausentes a
* Crimes do art. 1º, III da Lei 7.960/89 –
necessidade do art. 1º, I e II da Lei
PRISÃO Excesso de Prazo – outros vícios
7960/89 – Quando comprovada
TEMPORÁRIA formais
necessidade para as investigações.
Pedido: Relaxamento e expedição do Periculum libertatis.
alvará de soltura.
Pedido: Revogação da prisão com a
expedição do alvará de soltura.

5. ENDEREÇAMENTO Dos fatos


RELAXAMENTO DE PRISÃO: JUIZ DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. (Decreto prisional)

INDEFERE O RELAXAMENTO: HC "O citado decreto prisional, todavia encontra-se eivado de


ilegalidade xxxx, devendo ser relaxado."
CONCEDE O RELAXAMENTO: RESE

ESPÉCIE DE ILEGALIDADE
6. ESTRUTURA DA PEÇA RELAXAMENTO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _VARA Dessa forma, a prisão em flagrante é ilegal por tais razões: xxx.
CRIMINAL DA COMARCA_
(VICIOS MATERIAIS OU FORMAIS)
(Espaço de 3 linhas)
PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO
Diante do exposto, requer seja reconhecida a ilegalidade da prisão,
Nome do preso, qualificação civil completa, vem, por meu de seu para que se conceda o relaxamento da prisão em flagrante, para
procurador judicial(procuração anexa) a presença de Vossa que seja restaurada a liberdade de locomoção do agente,
Excelência, apresentar Pedido de Relaxamento de Prisão em expedindo-se pra tanto o respectivo alvará de soltura. Caso V. Exa
Flagrante, com fundamento no art. 5º, inciso LXV da Constituição não entenda pelo relaxamento, requer que seja concedida a
Federal de 1988 e artigo 310, inciso I do CPP, alegando em síntese, Liberdade Provisória, nos termos do artigo 310, §1] do CPP.
o seguinte:
(NÃO TEM PRAZO)
Nestes termos, pede deferimento.
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trôpego e exalando forte odor de álcool, oportunidade em


Local e data que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a
realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar.
Realizado o teste, foi constatado que José Alves tinha
Assinatura do advogado. concentração de álcool de um miligrama por litro de ar
expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o
OAB/UF conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado
Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime previsto
no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do
5. ESTRUTURA DA PEÇA REVOGAÇÃO Decreto 6.488/2008, sendo-lhe negado no referido Auto de
Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL advogados ou com seus familiares. Dois dias após a
(DO JÚRI) DA COMARCA ___
lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José
Alves ter permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia,
PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA você é procurado pela família do preso, sob protestos de
que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não
comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à
Nome do preso, qualificação civil, vem, por meu de seu procurador
Defensoria Pública. Com base somente nas informações de
judicial (procuração anexa) a presença de Vossa Excelência,
requerer REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com fundamento que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
no artigo 316 do Código de Processo Penal - CPP, alegando em concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves,
síntese, o seguinte: (CABEÇALHO) redija a peça cabível, exclusiva de advogado, no que tange à
liberdade de seu cliente, questionando, em juízo, eventuais
ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando
DOS FATOS - síntese - Decreto Prisional
para tanto toda a matéria de direito pertinente ao caso.

DO DIREITO (REQUISITOS PARA A REVOGAÇÃO DA PRISÃO -


ARGUMENTAR O MORIVO DA DESNECESSIDADE DA PRISAÕ - 2. LIBERDADE PROVISÓRIA
AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 312, CPP) -LIBERDADE Wesley, estudante, foi preso em flagrante no dia 03 de
PROVISÓRIA. março de 2015 porque conduzia um veículo automotor que
sabia ser produto de crime pretérito registrado em
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO Delegacia da área em que residia. Na data dos fatos, Wesley
tinha 20 anos, era primário, mas existia um processo
Diante do exposto, requer seja REVOGADA a prisão preventiva, ou
caso Vossa Excelência assim não entenda, que seja concedia a criminal em curso em seu desfavor, pela suposta prática de
LIBERDADE PROVISÓRIA, nos termos do artigo 321 do CPP, um crime de furto qualificado. Diante dessa anotação em
aplicando-se, se for o caso, uma das medidas cautelares previstas sua Folha de Antecedentes Criminais, a autoridade policial
no artigo 319 do CPP, expedindo-se para tanto o competente representou pela conversão da prisão em flagrante em
alvará de soltura. preventiva, afirmando que existiria risco concreto para a
ordem pública, pois o indiciado possuía outros
Nestes termos, pede deferimento.
envolvimentos com o aparato judicial. Você, como
advogado(a) indicado por Wesley, é comunicado da
ocorrência da prisão em flagrante, além de tomar
Local e data. conhecimento da representação formulada pelo Delegado.
Da mesma forma, o comunicado de prisão já foi
Assinatura do advogado. encaminhado para o Ministério Público e para o
magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em
OAB/UF
flagrante observadas.
Considerando as informações narradas, responda aos itens
PROVA a seguir.
(OAB/FGV – VII Exame de Ordem) No dia 10 de março de A) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a
2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, ser adotada pela defesa técnica de Wesley? (Valor: 0,50)
José Alves pegou seu automóvel e passou a conduzi-lo ao B) A representação da autoridade policial foi elaborada de
longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após modo adequado? (Valor: 0,75)
percorrer cerca de dois quilômetros na estrada
absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por
uma equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de
procurar um indivíduo foragido do presídio da localidade.
Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo

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 RECURSOS 3. TERMO DE INTERPOSIÇÃO –


Para o juiz que emitiu a decisão – direcionado para o
prolator da decisão.
V – APELAÇÃO Finalidade: recebimento, processamento e remessa ao TJ.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) CONSEQUÊNCIAS: DENEGAR (RESE); RECEBER OU JULGAR
dias: DESERTA (RESE)
I - das sentenças definitivas de condenação ou (NÃO TEM JUÍZO DE RETRATAÇÃO)
absolvição proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de
definitivas, proferidas por juiz singular nos casos (INTERPOSIÇÃO DO RECURSO)
não previstos no Capítulo anterior; (ENDEREÇAMENTO -Juízo que prolatou a sentença.)
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei CRIMINAL DA COMARCA XXX.
expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação APELAÇÃO
da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente
NOME DO RECORRENTE, já qualificado no caderno processual,
contrária à prova dos autos.
vem a presença de Vossa Excelência por intermédio de seu
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de procurador judicial, inconformado com a decisão que xxxxx,
absolvição sumária caberá apelação. (júri) interpor APELAÇÃO, com fundamento no artigo 593, inciso xx do
Código do Processo Penal. "

1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
O prazo de interposição do presente recurso, nos termos do artigo
Art. 593, CPP – Art. 416, CPP (JÚRI) 593, caput, do CPP, é de 5 dias, sendo que a intimação do réu
Art. 76, §5º - Art. 82, Lei 9.099/99 (JECRIM) ocorreu em xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e
terminando em xx/xx/xx, estando assim tempestivo.
* DIFICULDADE: infinidade de teses – cabem teses de
nulidade; de falta de justa causa; extinção de punibilidade Requer seja recebida, processada e encaminhada a apelação, com
etc. as razões ao Egrégio Tribunal de Justiça.

* Súmula 347, STJ – “o conhecimento de recurso de


apelação do réu independe de sua prisão” Nestes termos, pede deferimento.
Local, data.

Juiz DE 1º GRAU: Termos de imposição e razões: RESE;


Apelação e Agravo em Execução. Assinatura do advogado

Demais recursos: Embargos; Embargos Infringentes e de OAB/UF


Nulidade; Protesto por novo júri; Carta Testemunhável;
Correição Testemunhável; Correição Parcial; Rext e Resp; R.
Ordinário e Constitucional. 4. ENDEREÇAMENTO
Interposição – juiz que proferiu a decisão recorrida – juiz a
quo.
2. PRAZO
Razões – destinatário o tribunal (TJ/TRF)
Regra: 5 dias. (para interposição)
(JUIZADO – Colégio Recursal)
Para as razões: 8 dias.
Na prova da oab a interposição e as razões são interpostas
no mesmo prazo, 5 dias. 5. FINALIDADE
- ART. 798, CPP; Súmula 310, STF REFORMA = ACÓRDÃO SUBTITUI A DECISÃO RECORRIDA
O momento de apresentação é realizado em momentos Art. 593, CPP
distintos. I – no caso de sentença condenatória e absolutória
* A partir da intimação da decisão. Ou como regra, da (inclusive absolvição sumária do júri –art.415, CPP)
audiência que profere a decisão. * É possível a defesa apelar de sentença absolutória
OBS.: JUIZADO – prazo de dez dias para a interposição e (procurando decisão mais favorável, medida de segurança,
para as razões.
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fundamento mais favorável, reconhecido a inexistência do


fato e não falta de provas – coisa julgada civil). MÉRITO
II – sentenças definitivas, mas que não condenam ou * ABSOLVIÇÃO (ART. 386, CPP):
absolvem, desde que não seja caso de RESE (pronúncia)
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a
III – contra o Tribunal do Júri – ao final do plenário: causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
a) Nulidade – posterior a pronúncia – antes da I - estar provada a inexistência do fato;
pronúncia serão atacadas por RESE sob pena de II - não haver prova da existência do fato;
preclusão, exceto as nulidades absolutas. Havendo
III - não constituir o fato infração penal;
nulidade após a pronúncia, o pedido será de NOVO
JULGAMENTO – em consonância com o princípio IV – estar provado que o réu não concorreu para a
infração penal;
da soberania dos vereditos;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a
b) SENTENÇA que for contrária a lei ou a decisão dos
infração penal;
jurados. Ex.: Jurados absolvem e juiz condena. Não
se discute o veredicto, mas o erro do juiz. PEDIDO: VI – existirem circunstâncias que excluam o crime
ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e
REFORMA.
§1º do art. 28, todos do Código Penal, ou mesmo
c) ERRO OU INJUSTIÇA NA APLICAÇÃO DA PENA OU se houver fundada dúvida sobre sua existência;
MEDIDA DE SEGURANÇA. Também não se discute o VII – não existir prova suficiente para a
veredicto, mas decisão do juiz. Ex.: Pena fixada condenação.
acima do máximo legal, não tendo justificação.
** Pedidos alternativos – (68; 59; 61-62; 65-66; 33; 44; 77.
PEDIDO: REFORMA – CORREÇÃO da decisão para
CP)
aplicação da pena correta. – ART. 593, §2º.
 geralmente pede-se para enquadrar em um tipo penal
d) DECISÃO CONTRÁRIA AOS AUTOS – DISCUTE-SE O
mais brando, também se requere:
VEREDICTO. A decisão deverá ser uma aberração,
como no caso de todas as provas apontarem para a a) Afastamento de agravante;
absolvição e os jurados declara o réu culpado, por b) Afastamento de qualificadora ou causa de aumento;
estarem influenciados pela opinião pública. Em
c) Aplicação da pena no mínimo, com base no artigo 59, CP.
decorrência ao princípio da soberania dos
veredictos – PEDIDO: NOVO JULGAMENTO, pois o d) Pedido de concessão de benefício, como a substituição
tribunal não poderá reformar a decisão. (Art. para pena privativa de liberdade por restritiva de direito,
593,§3º) outro regime que não o fechado;
* JUIZADO – da decisão que rejeita denúncia e queixa e que
aplica pena após a aceitação de transação penal:
APELAÇÃO.

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OBSERVAÇÃO (JÚRI) 6. CONSIDERAÇÕES


# RESE X APELAÇÃO – ART. 593, §4º
O RESE cabe para decisão interlocutória e terminativa. Na
dúvida, caso o problema não se encaixe nas hipóteses do
art. 581, CPP, deve-se interpor APELAÇÃO.
A apelação é residual, como o art. 593, II, CPP deixou claro,
a não ser que seja caso de sentença absolutória ou
condenatória que deverá ser sempre apelação. Ou seja, não
cabe para as decisões terminativas ou com força de
definitivas, para as quais não seja previsto RESE. Ex.:
Impronúncia, indeferimento de pedido de restituição de
coisas apreendidas ou de levantamento de sequestro.

# EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO DO JÚRI


# APELAÇÃO NO JURI
§ 4º A apelação interposta contra decisão
condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual A apelação no inciso III é para a segunda fase do
ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá procedimento. Todavia caberá na primeira fase nos casos
efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de de absolvição sumária e de impronúncia.
2019) (Vigência)
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir
efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º # APELAÇÃO – DENEGADA OU DESERTA: RESE
deste artigo, quando verificado cumulativamente # APELAÇÃO – INDEFERIMENTO – EMBARGOS
que o recurso: (Incluído pela Lei nº 13.964, de INFRINGENTES E DE NULIDADE: PARA A DEFESA, VOTAÇÃO
2019) (Vigência) NÃO UNÂNIME.
I - não tem propósito meramente protelatório; e
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
7. ALGUMAS TESES
II - levanta questão substancial e que pode resultar
em absolvição, anulação da sentença, novo 1ª Tese e pedido: nulidade: as nulidades estão previstas no
julgamento ou redução da pena para patamar art. 564 do Código de Processo Penal. Se o enunciado
inferior a 15 (quinze) anos de reclusão. trouxer alguma, alegue-a preliminarmente, antes mesmo de
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo tratar sobre a absolvição. O pedido deve ser a declaração de
poderá ser feito incidentemente na apelação ou nulidade do processo desde o ato viciado (se a nulidade
por meio de petição em separado dirigida ocorreu no recebimento, a anulação deve ser “ab initio”).
diretamente ao relator, instruída com cópias da
sentença condenatória, das razões da apelação e
de prova da tempestividade, das contrarrazões e 2ª Tese e pedido: extinção da punibilidade: as hipóteses
das demais peças necessárias à compreensão da estão previstas no art. 107 do Código Penal. Também é tese
controvérsia. preliminar, devendo ser alegada antes da falta de justa
causa. O pedido é a declaração de extinção de punibilidade.
# RECOLHIMENTO DE PRISÃO
ART. 492. I. e) mandará o acusado recolher-se ou 3ª Tese e pedido: falta de justa causa: impõe a absolvição
recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se do apelante. As hipóteses são aquelas do artigo 386 do CPP:
presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a
no caso de condenação a uma pena igual ou causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
superior a 15 (quinze) anos de reclusão,
determinará a execução provisória das penas, I - estar provada a inexistência do fato;
com expedição do mandado de prisão, se for o II - não haver prova da existência do fato;
caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos
A dúvida aqui é em relação à materialidade: o
que vierem a ser interpostos; (Redação dada
crime existiu ou não existiu? Não havendo prova
pela Lei nº 13.964, de 2019)
de sua existência, ou havendo prova inequívoca de
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, que ele não ocorreu, a absolvição deverá ser
deixar de autorizar a execução provisória das imposta. Ex.: "A" é acusado por lesão corporal. No
penas de que trata a alínea e do inciso I do caput entanto, não se constatou na vítima, "B", em
deste artigo, se houver questão substancial cuja exame de corpo de delito, qualquer lesão.
resolução pelo tribunal ao qual competir o
julgamento possa plausivelmente levar à revisão III - não constituir o fato infração penal;
da condenação. (Incluído pela Lei nº 13.964, Fato atípico. Ex.: crime impossível (art. 17 do CP).
de 2019)

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IV – estar provado que o réu não concorreu para a 8. RAZÕES


infração penal;
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX.
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a
infração penal; (2 linhas)
RAZÕES RECURSAIS
Aqui, a dúvida não é quanto à materialidade - o crime
existiu, de fato -, mas quanto à autoria ou participação, (2 linhas)
que pode se dar por ausência de prova ou por negativa
de autoria comprovada pelo réu. Ex.: "A" , "B" e "C" estão
Egrégio Tribunal de Justiça,
sendo acusados pela prática, em concurso de pessoas, do Colenda Câmara,
crime de roubo. "C", no entanto, demonstra que não
estava na cidade na época em que o crime foi cometido. Douto Procurador de Justiça,

VI – existirem circunstâncias que excluam o


crime ou isentem o réu de pena (TERMOS DA DECISÃO RECORRIDA)

(Arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código “O MM Juiz da _ Vara Criminal condenou o ora acusado pelos
Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua crimes xxx, a pena de xxx”
existência;
Presentes as hipóteses de exclusão de ilicitude ou de
culpabilidade, ou existindo causa de isenção de pena, o REFORMA - Em que pese a mencionada decisão do Meritíssimo
acusado deverá ser absolvido. Em razão do final do Juiz de Direito da xxx Vara Criminal, no entanto não merece
dispositivo, se o juiz tiver dúvida sobre a existência de prosperar, elas razões a seguir expostas.
uma das causas, deverá absolver.

VII – não existir prova suficiente para a


condenação. RAZÕES DE FATO
O último inciso é genérico. Nos anteriores, temos "Portanto, inegável que a condenação/absolvição foi injusta, pois
previsão expressa em relação à negativa de contrariou as provas produzidas durante a instrução" (exemplo)
materialidade, de autoria, de coautoria ou participação,
de existência de hipóteses que excluem a ilicitude e a
culpabilidade e isentam o réu de pena. Provavelmente, RAZÕES DE FATO E DE DIREITO
em um pedido de absolvição, a sua tese encontrará
amparo entre os incisos I e VI. Caso contrário, adote o VII, (O interessante é dividir os tópicos no caso de preliminares para
que, em suma, quer dizer: in dubio pro reo. que fique melhor organizada, como I – preliminares- art. 564,CPP e
107, CP; II – absolvição – art. 386; III – teses subsidiárias- igual aos
memoriais)
4ª Tese e pedido: autoridade arbitrária: algum direito foi
negado ao réu na sentença. É o caso, por exemplo, de REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO
negativa de sursis. Não há qualquer incompatibilidade com
REFORMA - Diante do exposto, pugna o recorrente pelo
as outras teses – é possível pedir a absolvição e,
CONHECIMENTO E PROVIMENTO do presente recurso de
subsidiariamente, caso o tribunal não entenda nesse APELAÇÃO, para que xxx.
sentido, a concessão do direito.
(anulação - declaração de extinção de punibilidade/ reforma –
absolvição do artigo 386, CPP / teses subsidiárias - se o réu estiver
5ª Tese e pedido: punição excessiva: é o caso em que o juiz preso, pedir a expedição de alvará.)
impõe ao réu pena desproporcional. Deve-se pedir a
redução da pena ou a desclassificação para outro crime.
Assim como no caso da autoridade arbitrária, não há Nestes termos, pede PROVIMENTO.
qualquer incompatibilidade com as demais teses, devendo
ser pedida subsidiariamente, se for o caso. Exemplos: Local e data.
redução da pena no patamar mínimo, exclusão de Assinatura do advogado.
agravante, majorante ou qualificadora; reconhecimento de
OAB/UF
atenuante, minorante ou privilegiadora; fixação de regime
mais favorável; concessão de benefício negado; substituição
de privativa de liberdade em restritiva de direitos ou PROVA
negação.
(XXXV) No dia 04 de março de 2019, Júlio, insatisfeito com a
falta de ajuda de sua mãe no tratamento que vinha fazendo
* Pode-se pedir também que o réu aguarde em liberdade. contra dependência química, decide colocar fogo no imóvel
(FONTE VANZOLINI, 2014) da família em fazenda localizada longe do centro da cidade.
Para tanto, coloca gasolina na casa, que estava desabitada,
e acende um fósforo, sendo certo que o fogo gerado
destruiu de maneira significativa o imóvel, que era
completamente afastado de outros imóveis, e, como
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ninguém costumava passar pelo local, o crime demorou dia do prazo para interposição, considerando que todos os
algumas horas para ser identificado. Júlio foi localizado, dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país.
confessou a prática delitiva e, realizado exame de (Valor: 5,00)
alcoolemia, foi constatado que se encontrava Petição de Interposição 1. Endereçamento: Juízo de Direito da 2ª
completamente embriagado, sem capacidade de Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC (0,10). 0,00/0,10 2.
determinação do caráter ilícito do fato, em razão de Fundamento legal: Art. 593, inciso I, do CPP (0,10). 0,00/0,10 3.
situação não esperada, já que ele solicitou uma água com Tempestividade: Prazo de 5 dias na forma do Art. 593, caput, do
gás e limão em determinado bar, mas o proprietário, sem CPP (0,10). 0,00/0,10 Razões de Apelação 4. Endereçamento:
que Júlio soubesse, misturou cachaça na bebida, que Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (0,10). 0,00/0,10 5.
ingerida junto com o remédio que vinha tomando para Preliminarmente, nulidade na oitiva das vítimas (0,35), tendo em
combater a dependência química, causou sua embriaguez. vista que o mero decurso de tempo não é fundamento idôneo
para produção antecipada de provas (0,15), nos termos do Art.
Foi, ainda, realizado exame de local, constando da
225 do CPP, ou Art. 564, inciso IV, do CPP, ou Súmula 455 do STJ
conclusão que o imóvel foi destruído, havendo prejuízo (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60 6. No mérito,
considerável aos proprietários, mas que não havia ninguém absolvição de Júlio (0,20), na forma do Art. 386, incisos III ou VI, do
no local no momento do crime e nem outras pessoas ou CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30 7. Atipicidade da conduta ou
bens de terceiros a serem atingidos. Com base em todos os desclassificação para crime de dano qualificado (0,25), tendo em
elementos informativos produzidos, o Ministério Público vista que a conduta de Júlio de colocar fogo no imóvel não gerou
ofereceu denúncia em face de Júlio, perante a 2ª Vara perigo a número indeterminado de pessoas (0,15) e o crime de
Criminal da Comarca de Florianópolis/SC, juízo competente, incêndio é crime de perigo comum, exigindo prova de perigo
imputando-lhe a prática do crime do Art. 250 do Código concreto (0,35). 0,00/0,15/0,25/0,35/0,40 /0,50/0,60/0,75 8.1
Excludente de culpabilidade (0,30), em razão da inimputabilidade
Penal. Foi concedida liberdade provisória. Após citação e
(0,20). 0,00/0,20/0,30/0,50 8.2 Pois a embriaguez era completa e
apresentação de defesa, entendeu o magistrado por realizar proveniente de caso fortuito ou de força maior (0,25), na forma do
produção antecipada de provas, ouvindo as vítimas antes da Art. 28, §1º, do CP (0,10). 0,00/0,25/0,35 9. Subsidiariamente:
audiência de instrução e julgamento, motivando sua aplicação da pena base no mínimo legal (0,15), tendo em vista que
decisão no risco de esquecimento, já que a pauta de o fato posterior ao crime julgado não pode ser considerado maus
audiência de processos de réu solto estava para data antecedentes (0,20). 0,00/0,15/0,20/0,35 10. Afastamento da
longínqua, tendo a defesa questionado a decisão. Após agravante do Art. 61, inciso II, alínea d (ou b), do CP (0,15), pois a
oitiva das vítimas, foi agendada audiência de instrução e situação de perigo comum é elementar do tipo imputado ou por
julgamento, que foi realizada em 05 de março de 2021, configurar bis in idem ou por não haver a intenção de ocultação,
vantagem ou impunidade de outro crime (0,25).
ocasião em que os fatos acima narrados foram confirmados.
0,00/0,15/0,25/0,40 11. Reconhecimento da atenuante da
Em seu interrogatório, o réu confirmou a autoria delitiva, confissão espontânea (0,15), na forma do Art. 65, inciso III, alínea
destacando que pouco, porém, se recordava sobre o d, do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25 12. Aplicação do regime inicial
ocorrido. Após apresentação da manifestação cabível pelas aberto para cumprimento da pena (0,15), na forma do Art. 33, §
partes, o juiz proferiu sentença condenando o réu nos 2º, alínea c, do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25 13. Substituição da pena
termos da denúncia. No momento de aplicar a pena base, privativa de liberdade por restritiva de direitos (0,15), nos termos
reconheceu a existência de maus antecedentes, do Art. 44 do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25 14. Pedido: Conhecimento
aumentando a pena em 03 meses, tendo em vista que, na (0,10) e provimento do recurso (0,30). 0,00/0,10/0,30/0,40 15.
Folha de Antecedentes Criminais, acostada ao Prazo: 18 de julho de 2022 (0,10). 0,00/0,10 16. Fechamento: local,
data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10
procedimento, constava uma condenação de Júlio pela
prática do crime de tráfico, por fato ocorrido em 20 de abril (XXX) Carlos, primário e de bons antecedentes, 45 anos, foi
de 2019, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10 de março denunciado como incurso nas sanções penais dos artigos
de 2020. Na segunda fase, reconheceu a presença da 302 da Lei nº 9.503/97, por duas vezes, e 303, do mesmo
agravante do Art. 61, inciso II, alínea b, do Código Penal, diploma legal, todos eles em concurso material, porque, de
aumentando a pena em 05 meses, já que o meio acordo com a denúncia, “no dia 08 de julho de 2017, em
empregado por Júlio poderia resultar perigo comum. Não São Gonçalo, Rio de Janeiro, na direção de veículo
foram reconhecidas atenuantes da pena. Na terceira fase, automotor, com imprudência em razão do excesso de
não foram aplicadas causas de aumento ou de diminuição velocidade, colidiu com o veículo em que estavam Júlio e
de pena, sendo mantida a pena de 03 anos e 8 meses de Mário, este com 9 anos, causando lesões que foram a causa
reclusão e multa de 15 dias, a ser cumprida em regime eficiente da morte de ambos”. Consta, ainda, da inicial
semiaberto, não sendo substituída a privativa de liberdade acusatória que, “em decorrência da mesma colisão, ficou
por restritiva de direitos com base no Art. 44, III, do CP. lesionado Pedro, que passava pelo local com sua bicicleta e
Intimado da sentença, o Ministério Público se manteve foi atingido pelo veículo em alta velocidade de Carlos”. As
inerte, sendo a defesa técnica de Júlio intimada em 11 de mortes de Júlio e Mário foram atestadas por auto de exame
julho de 2022, segunda-feira. Considerando apenas as cadavérico, enquanto Pedro foi atendido em hospital
informações narradas, na condição de advogado(a) de Júlio, público, de onde se retirou, sem ser notado, razão pela qual
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e foi elaborado laudo indireto de corpo de delito com base no
embargos de declaração, apresentando todas as teses boletim de atendimento médico. Pedro nunca compareceu
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último em sede policial para narrar o ocorrido e nem ao Instituto
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Médico Legal, apesar de testemunhas presenciais princípio da correlação (0,30). 0,00/0,15/0,30/0,45 6. Afastamento
confirmarem as lesões sofridas. No curso da instrução, da agravante em razão da idade da vítima (0,30), já que tal
foram ouvidas testemunhas presenciais, não sendo Pedro agravante somente pode ser aplicada aos crimes dolosos OU não
pode ser aplicada aos crimes culposos OU sob pena de
localizado. Em seu interrogatório, Carlos negou estar em
configuração de responsabilidade penal objetiva (0,15).
excesso de velocidade, esclarecendo que perdeu o controle
0,00/0,15/0,30/0,45 7. Afastamento do concurso material de
do carro em razão de um buraco existente na pista. Foi crimes (0,25), devendo ser reconhecido o concurso formal de
acostado exame pericial realizado nos automóveis e no delitos (0,20), nos termos do Art. 70 do CP (0,10).
local, concluindo que, realmente, não houve excesso de 0,00/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45/0,55 7.1. Com uma única ação o
velocidade por parte de Carlos e que havia o buraco réu causou mais de um resultado (0,15). 0,00/0,15 8. Afastamento
mencionado na pista. O exame pericial, todavia, apontou do regime inicial fechado (0,30), tendo em vista que tal regime
que possivelmente haveria imperícia de Carlos na condução inicial não pode ser fixado aos crimes punidos exclusivamente com
do automóvel, o que poderia ter contribuído para o pena de detenção OU considerando a pena aplicada (0,15), nos
termos do Art. 33 do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,30/
resultado. Após manifestação das partes, o juiz em atuação
0,40/0,45/0,55 9. Possível a substituição da pena privativa de
perante a 3ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo/RJ,
liberdade por restritiva de direitos (0,30), pois o limite do quantum
em 10 de julho de 2019, julgou totalmente procedente a de pena do Art. 44, I, do CP é aplicável exclusivamente aos crimes
pretensão punitiva do Estado e, apesar de afastar o excesso dolosos OU porque não existe limite de pena quando o crime for
de velocidade, afirmou ser necessária a condenação de de natureza culposa (0,25). 0,00/0,25/0,30/0,55 Pedidos 10.
Carlos em razão da imperícia do réu, conforme mencionado Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,30).
no exame pericial. No momento da dosimetria, fixou a pena 0,00/0,10/0,30/0,40 11. Prazo: 23 de setembro de 2019 (0,10).
base de cada um dos crimes no mínimo legal e, com relação 0,00/0,10 Fechamento 12. Local, data, advogado e OAB (0,10).
à vítima Mário, na segunda fase, reconheceu a agravante 0,00/0,10
prevista no Art. 61, inciso II, alínea h, do CP, pelo fato de ser Durante o carnaval do ano de 2015, no mês de fevereiro, a
criança, aumentando a pena base em 3 meses. Não família de Joana resolveu viajar para comemorar o feriado,
havendo causas de aumento ou diminuição, reconhecido o enquanto Joana, de 19 anos, decidiu ficar em sua
concurso material, a pena final ficou acomodada em 04 residência, na cidade de Natal, sozinha, para colocar os
anos e 09 meses de detenção. Não houve substituição da estudos da faculdade em dia. Tendo conhecimento dessa
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em situação, Caio, vizinho de Joana, nascido em 25 de março de
razão do quantum final, nos termos do Art. 44, inciso I, do 1994, foi até o local, entrou sorrateiramente no quarto de
CP, sendo fixado regime inicial fechado de cumprimento da Joana e, mediante grave ameaça, obrigou-a a praticar com
pena, com fundamento na gravidade em concreto da ele conjunção carnal e outros atos libidinosos diversos,
conduta. O Ministério Público foi intimado e manteve-se deixando o local após os fatos e exigindo que a vítima não
inerte. A defesa técnica de Carlos foi intimada em 18 de contasse sobre o ocorrido para qualquer pessoa. Apesar de
setembro de 2019, quarta-feira, para adoção das medidas temerosa e envergonhada, Joana contou o ocorrido para
cabíveis. Considerando apenas as informações narradas, na sua mãe. A seguir, as duas compareceram à Delegacia e a
condição de advogado(a) de Carlos, redija a peça jurídica vítima ofertou representação. Caio, então, foi denunciado
cabível, diferente de habeas corpus e embargos de pela prática como incurso nas sanções penais do Art. 213 do
declaração, apresentando todas as teses jurídicas Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 71 do
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do Estatuto Repressivo. Durante a instrução, foi ouvida a
prazo para interposição, considerando que de segunda a vítima, testemunhas de acusação e o réu confessou os
sexta-feira são dias úteis em todos os locais do país. (Valor: fatos. Foi, ainda, juntado laudo de exame de conjunção
5,00). carnal confirmando a prática de ato sexual violento recente
Petição de interposição 1. Endereçamento: 3ª Vara Criminal da com Joana e a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do
Comarca de São Gonçalo/RJ (0,10). 0,00/0,10 2. Fundamento legal: acusado, que indicava a existência de duas condenações,
Art. 593, inciso I, do CPP (0,10). 0,00/0,10 Razões de recurso de embora nenhuma delas com trânsito em julgado. Em
apelação 3. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado do Rio alegações finais, o Ministério Público requereu a
de Janeiro (0,10). 0,00/0,10 4. Extinção da punibilidade em relação condenação de Caio nos termos da denúncia, enquanto a
ao crime de lesão corporal (0,15), em razão da decadência (0,20), defesa buscou apenas a aplicação da pena no mínimo legal.
nos termos do Art. 107, IV, do CP OU 38 do CPP (0,10).
No dia 25 de junho de 2015 foi proferida sentença pelo
0,00/0,15/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45 4.1. Não houve
juízo competente, qual seja a 1ª Vara Criminal da Comarca
representação do ofendido (0,20), sendo que essa seria
indispensável OU e o crime era de ação penal pública de Natal, condenando Caio à pena privativa de liberdade de
condicionada à representação (0,15), nos termos do Art. 291, §1º, 10 anos e 06 meses de reclusão, a ser cumprida em regime
do CTB OU do Art. 88 da Lei 9.099/95 (0,10). inicial fechado. Na sentença consta que a pena base de cada
0,00/0,15/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45 5. Absolvição de Carlos em um dos crimes deve ser aumentada em seis meses pelo fato
relação aos crimes de homicídio culposo (0,30), já que de Caio possuir maus antecedentes, já que ostenta em sua
comprovado que não houve imprudência e nem excesso de FAC duas condenações pela prática de crimes, e mais 06
velocidade (0,20). 0,00/0,20/0,30/0,50 5.1. Não poderia o meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado a liberdade
magistrado ter condenado em razão de imperícia (0,15), já que
sexual da mulher, um dos valores mais significativos da
esta não foi narrada na denúncia OU em razão da violação ao
sociedade, restando a sanção penal da primeira fase em 07
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anos de reclusão, para cada um dos delitos. Na segunda GABARITO


fase, não foram reconhecidas atenuantes ou agravantes. A. Sim, a decisão homologatória de transação penal pode ser
Afirmou o magistrado que atualmente é o réu maior de 21 questionada por meio de apelação (0,50), nos termos do Art. 76, §
anos, logo não estaria presente a atenuante do Art. 65, 5º, da Lei nº 9.099/95 (0,10).
inciso I, do CP. Ao analisar o concurso de crimes, o B. Sim. Considerando que não poderia ser aplicado o instituto da
magistrado considerou a pena de um dos delitos, já que transação penal, tendo em vista que o crime foi praticado quando
eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), na forma do Art. o agente transitava em velocidade superior à máxima permitida
71 do CP, justificando o acréscimo no fato de ambos os para a via em mais de 50 km/h (0,55), conforme o Art. 291, § 1º,
crimes praticados serem extremamente graves. Por fim, o inciso III, do CTB (0,10).
regime inicial para o cumprimento da pena foi o fechado,
justificando que, independentemente da pena aplicada,
este seria o regime obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º,  CONTRARRAZÕES
da Lei nº 8.072/90. Apesar da condenação, como Caio OBS: Nas contrarrazões, o recurso já foi interposto, assim, não
respondeu ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele precisa de termo interposição, apenas uma petição de juntadas as
o direito de aguardar o trânsito em julgado da mesma contrarrazões que, assim como a interposição, será dirigida ao juiz
forma. Caio e sua família o (a) procuram para, na condição que prolatou a decisão, com as contrarrazões para o tribunal.
de advogado (a), adotar as medidas cabíveis, destacando
que estão insatisfeitos com o patrono anterior. Constituído
nos autos, a intimação da sentença ocorreu em 07 de julho TERMO DE JUNTADA
de 2015, terçafeira, sendo quarta-feira dia útil em todo o EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
país. Com base nas informações acima expostas e naquelas CRIMINAL DA COMARCA XXX.
que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça
cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no
Recurso em sentido em estrito
último dia do prazo para interposição, sustentando todas as
teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00 pontos)
"NOME, já qualificado no caderno processual a presença de Vossa
Excelência por intermédio de seu procurador judicial, REQUER A
Apelação do JECRIM JUNTADA das inclusas CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, com
(XXXII.OAB) Talita conduzia seu veículo automotor quando fundamento no artigo 600 do Código Processo Penal "
sofreu uma colisão na traseira de seu automóvel causada As presentes contrarrazoes encontram-se tempestivas, visto que
por Lauro, que conduzia seu automóvel a 120 km/h, apesar cumprido o prazo de 8(oito) dias previsto no artigo 600 do CPP.
de a velocidade máxima permitida, na via pública em que “Requer seja o presente recurso encaminhado com as inclusas
estavam, ser de 50km/h. A perícia realizada no local indicou contrarrazões, para a Egrégia Turma Recursal da comarca de _”.
que o acidente foi causado pela violação do dever de Nestes termos, pede deferimento.
cuidado de Lauro, que, em razão da alta velocidade
imprimida, não conseguiu frear a tempo de evitar a colisão.
Talita realizou exame de corpo de delito que constatou a Local, data.
existência de lesão corporal de natureza leve. Lauro, por sua
vez, fugiu do local do acidente sem prestar auxílio. O Assinatura.
Ministério Público, ao tomar conhecimento dos fatos e não
OAB nº
havendo composição dos danos civis, ofereceu proposta de
transação penal em favor de Lauro, destacando que o crime
de lesão corporal culposa, previsto no Art. 303, § 1º, da Lei
nº 9.503/97, admitia o benefício e que a Folha de CONTRARRAZÕES
Antecedentes Criminais do autor do fato apenas indicava a
existência de uma outra anotação referente à infração em TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX.
que Lauro foi beneficiado também por transação penal, mas
(2 linhas)
o benefício foi oferecido e extinto há mais de 06 anos. Talita
ficou insatisfeita com a proposta do Ministério Público e RAZÕES RECURSAIS
procurou você, como advogado(a), para esclarecimentos. (2 linhas)
Considerando as informações expostas, responda, na Egrégio Turma Recursal,
condição de advogado(a) de Talita, aos itens a seguir. A)
Ilustre membro do Ministério Público,
Existe previsão de recurso para questionar a decisão
homologatória de transação penal? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Existe argumento para questionar o oferecimento de “Com a devida vênia, não merece prosperar o recurso interposto
transação penal ao autor do fato? Justifique. (Valor: 0,65) pela acusação, devendo ser mantida a respeitável sentença
absolutória proferida em favor do Apelado, pelas razões de fato e
de direito seguir expostas.

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RAZÕES DE FATO/DIREITO DO INCONFORMISMO que era a primeira vez que venderia drogas e que tinha a
(Rebater as teses das razões recursais) intenção de praticar o ato junto com o adolescente
somente aquela vez, com o objetivo de conseguir dinheiro
para comprar uma moto. Foi acostado o laudo de exame
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO definitivo de material entorpecente confirmando o laudo
preliminar e a Folha de Antecedentes Criminais de João,
Diante do exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO o recurso e, se o
for, requer SEJA IMPROVISO O RECURSO INTERPOSTO pelo onde constava uma anotação referente a crime de furto,
Ministério Público, MANTENDO-SE a respeitável sentença ainda pendente de julgamento. O juiz, após a devida
absolutória. manifestação das partes, proferiu sentença julgando
Nestes termos, pede deferimento.
parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal. Em
um primeiro momento, absolveu o acusado do crime de
associação para o tráfico por insuficiência probatória. Em
Local, data. seguida, condenou o réu pela prática do crime de tráfico de
drogas, ressaltando que o réu confirmou a destinação das
Assinatura do advogado drogas à ilícita comercialização. No momento de aplicar a
pena, fixou a penabase no mínimo legal, reconhecendo a
OAB/UF
existência da atenuante da confissão espontânea;
(XXVII) João, 22 anos, no dia 04 de maio de 2018, aumentou a pena em razão da causa de aumento do Art.
caminhava com o adolescente Marcelo, cada um deles 40, inciso VI, da Lei nº 11.343/06 e aplicou a causa de
trazendo consigo uma mochila nas costas. Realizada uma diminuição de pena do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06,
abordagem por policiais, foi constatado que, no interior da restando a pena final em 1 ano, 11 meses e 10 dias de
mochila de cada um, havia uma certa quantidade de drogas, reclusão e 195 dias multa, a ser cumprida em regime inicial
razão pela qual elas foram, de imediato, encaminhadas para aberto. Entendeu o magistrado pela substituição da pena
a Delegacia. Realizado laudo de exame de material privativa de liberdade por duas restritivas de direitos. O
entorpecente, constatou-se que João trazia 25 g de cocaína, Ministério Público, ao ser intimado pessoalmente em 22 de
acondicionados em 35 pinos plásticos, enquanto, na outubro de 2018, apresentou o recurso cabível, em25 de
mochila do adolescente, foram encontrados 30 g de outubro de 2018, acompanhado das respectivas razões
cocaína, quantidade essa distribuída em 50 pinos. Após a recursais, requerendo: a) nulidade da instrução, porque o
oitiva das testemunhas em sede policial, da juntada do interrogatório não foi o primeiro ato, como prevê a Lei nº
laudo e da oitiva do adolescente e de João, que 11.343/06; b) condenação do réu pelo crime de associação
permaneceram em silêncio com relação aos fatos, foram para o tráfico, já que ele estaria agindo em comunhão de
lavrados o auto de prisão em flagrante em desfavor do ações e desígnios com o adolescente no momento da
imputável e o auto de apreensão em desfavor do prisão, e o Art. 35 da Lei nº 11.343/06 fala em
adolescente. Toda a documentação foi encaminhada aos “reiteradamente ou não”; c) aumento da pena-base em
Promotores de Justiça com atribuição. O Promotor de relação ao crime de tráfico diante das consequências graves
Justiça, junto à 1ª Vara Criminal de Maceió/AL, órgão que vem causando para a saúde pública e a sociedade
competente, ofereceu denúncia em face de João, brasileira; d) afastamento da atenuante da confissão, já que
imputando-lhe a prática dos crimes previstos nos artigos 33 ela teria sido parcial; e) afastamento da causa de
e 35, ambos com a causa de aumento do Art. 40, inciso VI, diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06,
todos da Lei nº 11.343/06. Foi concedida a liberdade independentemente da condenação pelo crime do Art. 35
provisória ao denunciado, aplicando-se as medidas da Lei nº 11.343/06, considerando que o réu seria portador
cautelares alternativas. Após a notificação, a apresentação de maus antecedentes, já que responde a ação penal em
de resposta prévia e o recebimento da denúncia e da que se imputa a prática do crime de furto; f) aplicação do
citação, foi designada a audiência de instrução e regime inicial fechado, diante da natureza hedionda do
julgamento, ocasião em que foram ouvidas as testemunhas delito de tráfico; g) afastamento da substituição da pena
de acusação. Estas confirmaram a apreensão de drogas em privativa de liberdade por restritiva de direitos, diante da
poder de Marcelo e João, bem como que eles estariam vedação legal do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. Já o
juntos, esclarecendo que não se conheciam anteriormente acusado e a defesa técnica, intimados do teor da sentença,
e nem tinham informações pretéritas sobre o adolescente e mantiveram-se inertes, não demonstrando interesse em
o denunciado. O adolescente, ouvido, disse que conhecera questioná-la. O magistrado, então, recebeu o recurso do
João no dia anterior ao de sua apreensão e que nunca o Ministério Público e intimou, no dia 05 de novembro de
tinha visto antes vendendo drogas. Em seguida à oitiva das 2018 (segunda-feira), sendo terça-feira dia útil em todo o
testemunhas de acusação e defesa, foi realizado o país, você, advogado(a) de João, a apresentar a medida
interrogatório do acusado, sendo que nenhuma das partes cabível. Com base nas informações expostas na situação
questionou o momento em que este foi realizado. Na hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
ocasião, João confirmou que o material que ele e Marcelo concreto, redija a peça cabível, excluídas as possibilidades
traziam seria destinado à ilícita comercialização. Ele ainda de habeas corpus e embargos de declaração, no último dia
esclareceu que conhecera o adolescente no dia anterior,
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do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. 2. PRAZO – art. 586, CPP
(Valor: 5,00) Regra: 5 dias. (para interposição) Para as razões: 2 dias.
Petição de Juntada 1) Endereçamento: 1ª Vara Criminal da Inc. XIV: 20 dias.
Comarca de Maceió/AL (0,10). 0,00/0,10 2) Fundamento legal: Art.
600 do CPP (0,10). 0,00/0,10 Razões do Apelado ou Contrarrazões
de Apelação 3) Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de 3. TERMO DE INTERPOSIÇÃO –
Alagoas (0,10). 0,00/0,10 4) Afastamento da nulidade requerida
(0,20), considerando que não foi arguida em momento adequado TEM JUÍZO DE RETRATAÇÃO
(0,15). 0,00/0,15/0,20/0,35 5) O interrogatório, como instrumento Pedido de reconsideração feito no termo de interposição
de defesa, poderá ser realizado como último ato da instrução OU o
feito ao juiz que emitiu a decisão – oportunidade para rever
procedimento da Lei nº 11.343/06 deve se adequar àquele
previsto no CPP (0,25). 0,00/0,25 6) Manutenção da absolvição em
seu posicionamento.
relação crime de associação para o tráfico (0,20), tendo em vista Será pedida na interposição.
que não restou provada situação de permanência/estabilidade
entre o adolescente e o acusado (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60 7) Termo de interposição – direcionado para o prolator da
Manutenção da pena base no mínimo legal (0,20), uma vez que o decisão.
argumento utilizado pelo Ministério Público considera a gravidade (ENDEREÇAMENTO - Juízo que prolatou a sentença.)
em abstrato do delito OU tendo em vista que haveria bis in idem
no aumento da pena em razão de violação ao bem jurídico EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
protegido pela norma (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60 8) Manutenção CRIMINAL DA COMARCA XXX.
do reconhecimento da atenuante da confissão espontânea (0,20),
considerando que foi a confissão utilizada como argumento/para
formação da convicção do juiz (0,35), nos termos da Súmula 545 Recurso em sentido em estrito
do STJ (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,35/ 0,45/0,55/0,65 9) Manutenção
do reconhecimento da causa de diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei
"NOME DO RECORRENTE, já qualificado no caderno processual a
nº 11.343 (0,15), eis que o fato de o réu responder à ação penal
presença de Vossa Excelência por intermédio de seu procurador
por crime de furto não justifica o reconhecimento de maus
judicial, inconformado com a decisão que xxxxx, interpor RECURSO
antecedentes (0,35), nos termos da Súmula 444 do STJ, por
EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no artigo 581, inciso xx do
analogia OU conforme o Art. 5º, LVII, da CRFB/88 (princípio da não
Código do Processo Penal. "
culpabilidade ou da presunção de inocência) (0,10).
0,00/0,15/0,25/ 0,35/0,45/0,50/0,60 10) Afastamento do pedido
de aplicação do regime inicial fechado (0,20), pois o crime de O prazo de interposição do presente recurso, nos termos do artigo
tráfico privilegiado não é considerando hediondo pelo STF OU 586 do CPP, é de 5 dias, sendo que a intimação do réu ocorreu em
porque é inconstitucional a previsão do Art. 2º, § 1º, da Lei nº xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e terminando em
8.072/90 de aplicação obrigatória do regime inicial fechado aos xx/xx/xx, estando assim tempestivo
crimes hediondos (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60 11) Manutenção da
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de "Em face do efeito retroativo previsto no artigo 589 do Código de
direitos (0,20), já que a vedação em abstrato viola o princípio da Processo Penal, pugna o recorrente pela retratação da decisão
individualização da pena OU porque o STF declarou a recorrida, com o fim de xxxx.
inconstitucionalidade da vedação trazida pelo Art. 33, § 4º, da Lei Caso seja mantida a decisão, requer a defesa o recebimento e a
nº 11.343/06 OU porque a Resolução 05 do Senado suspendeu a juntada das razões de inconformidade, e posterior remessa à
eficácia da expressão que vedava a substituição (0,40). apreciação da Instância Superior."
0,00/0,20/0,40/0,60 Pedido 12) Não provimento do recurso OU
manutenção da sentença (0,25). 0,00/0,25 13) Prazo: 13 de
novembro de 2018 (0,10). 0,00/0,10 Fechamento 14) Local, data, Nestes termos, pede deferimento.
advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10
Local, data.

VI – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Assinatura do advogado.


1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL OAB/UF
ART. 581, CPP
*Encontramos também no art. 294, § único, CTB; Art. 6º, § 4. ENDEREÇAMENTO
único, Lei 1508/51 e no art. 561, CPPM.
Interposição – juiz que proferiu a decisão recorrida – juiz a
Obs.: As decisões interlocutórias são irrecorríveis, exceto quo.
as que constam no rol do artigo 581, CPP.
Razões – destinatário o tribunal (TJ/TRF)
Obs.: Os itens grifados são hipóteses híbridas.
Dependendo do momento poderá ser impetrado contra
elas Agravo em Execução, quando a decisão for de um juiz 5. FINALIDADE
da execução penal ou apelação, quando for na sentença REFORMA = ACÓRDÃO SUBTITUI A DECISÃO RECORRIDA
final de condenação.
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NULIDADE = VOLTA PARA FAZER NOVAMENTE – tem que hipótese, da decisão que conceder a exceção cabe RESE.
dizer onde está a nulidade e que parte do processo será Quanto à incompetência, atenção: se a competência
anulado. ocorrer por força de desclassificação, a fundamentação será
Ex.: RESE para decisão que rejeita Denúncia. Motivo: não a do inciso II.
motivou – nulidade.
O PEDIDO É A RAZÃO QUE ENSEJOU O RECURSO. O PEDIDO IV – que pronunciar o réu;
PODERÁ TER MAIS DE UMA TESE. Encerrada a primeira fase do rito do júri, caso o juiz fique
convencido da materialidade do fato e da existência de
6. CONSIDERAÇÕES indícios suficientes de autoria ou de participação, deverá
pronunciar, em decisão fundamentada, o réu. A pronúncia
# RESE X APELAÇÃO – ART. 593, §4º faz com que o julgamento seja submetido ao Tribunal do
O RESE cabe para decisão interlocutória e terminativa. Na Júri. Contra a decisão de pronúncia, cabe RESE. No último
dúvida, caso o problema não se encaixe nas hipóteses do Exame de Ordem, a OAB trouxe uma situação em que o
art. 581, CPP, deve-se interpor APELAÇÃO. acusado foi absolvido sumariamente. Neste caso, e na
# RESE X AGRAVO DE EXECUÇÃO hipótese de impronúncia, a peça cabível é a apelação.
Agravo – art. 197, LEP. Cabe contra as decisões do juiz da
execução. Pronúncia: RESE
Inciso: XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII. Impronúncia: APELAÇÃO
# EFEITO SUSPENSIVO: PERDA DE FIANÇA E QUANDO Desclassificação: RESE
DENEGAR OU JULGAR DESERTA A APELAÇÃO. Absolvição Sumária: APELAÇÃO

7. HIPÓTESES – ART. 581, CPP V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea
a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou
ATENÇÃO! Alguns incisos do artigo 581, CPP serão
revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a
hipóteses de AGRAVO EM EXECUÇÃO OU APELAÇÃO.
prisão em flagrante;
LEMBRE-SE SE FAZER A SEPARAÇÃO NO SEU CÓDIGO.
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Incisos V e VII: decisões interlocutórias, recorríveis por
Trata-se de decisão terminativa do processo, e não de RESE. Como as hipóteses estão bem claras, não há motivo
decisão interlocutória, provando que a máxima “o RESE é o para um estudo aprofundado.
agravo do processo penal”, dita, com frequência, em
faculdades por aí, não é verdadeira.
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo,
As hipóteses de rejeição da renúncia ou da queixa estão extinta a punibilidade;
previstas no art. 395 do CPP. Da decisão que recebe a
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da
inicial, não há recurso previsto. No entanto, nada impede
prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
que a decisão seja atacada por habeas corpus.
As hipóteses de extinção da punibilidade estão previstas no
Obs: No JECRIM a rejeição da denúncia é atacada com
art. 107 do Código Penal. Da decisão que as reconhece ou
Apelação, prazo de 10 dias.
as indefere, cabe RESE. São extinções de punibilidade que o
juiz reconhece de ofício ao longo do processo.
II - que concluir pela incompetência do juízo; Cuidado!! O juiz da execução penal também reconhece
É hipótese de decisão interlocutória, que não põe fim ao extinção de punibilidade, sendo a extinção feita pelo JUIZ
processo, mas apenas modifica a competência. Quando DA EXECUÇÃO PENAL, o recurso será AGRAVO EM
declarada por exceção, a fundamentação será a do inciso III. EXECUÇÃO!
No júri, se, após terminada a instrução do processo, o juiz
desclassificar a conduta para outra que não seja de
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
competência do Tribunal do Júri (ex.: de homicídio para
lesão corporal), o embasamento legal será o inciso II. É cabível, somente, quando a decisão for proferida por juiz
de primeira instância.
Obs: Se o HC for impetrado diretamente no tribunal, em
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de
caso de ordem negada, a peça cabível será o recurso
suspeição;
ordinário constitucional (ROC), e não o RESE.
As exceções estão previstas no art. 95 do CPP. São elas: a)
suspeição; b) incompetência de juízo; c) litispendência; d)
ilegitimidade de parte; e) coisa julgada. Exceto na primeira
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XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
da pena; Trata-se de decisão interlocutória, pois não põe fim ao
NÃO SERÁ RESE! processo. Os incidentes de falsidade estão previstos nos
arts. 145/148 do CPP, e, sobrevindo decisão, o recurso
cabível será o RESE.
Segundo o art. 157 da LEP, a concessão ou não de sursis
(art. 77 do CP) deve ser apreciada na sentença
condenatória, recorrível POR APELAÇÃO, e não por RESE. XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar
Entretanto, caso a decisão a respeito do assunto seja do juiz a sentença em julgado;
da vara de execução, a peça cabível é o agravo em XX - que impuser medida de segurança por transgressão de
execução. outra;
Portanto, tanto em uma hipótese quanto em outra, a peça XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos
não será o RESE. casos do art. 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos
Trata-se de matéria pertinente à execução. Como já casos em que a lei admita a revogação;
comentado, qualquer decisão do juiz da execução é Todas as questões são pertinentes à execução penal.
atacável por AGRAVO EM EXECUÇÃO, e não RESE. Portanto, agravo em execução como recurso, e não RESE.
NÃO SERÁ RESE! NÃO SERÁ RESE!

XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão
ou em parte; simples.
Pode ocorrer de uma das partes não ter interesse na Não é mais possível a conversão de multa em detenção ou
anulação do processo, total ou parcial. Sendo o caso, a peça prisão simples. Por isso, o inciso XXIV não é mais aplicável.
cabível é o RESE. As causas de nulidade estão previstas no XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de
art. 564 do CPP. não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei.
Obs: Anulação da segunda fase do Júri será apelação, (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
conforme o artigo 593, I, CPP. O ANPP está previsto no Art. 28-A, CPP, instituto trazido
pelo Pacote Anticirme. Trata-se de um negócio extrajudicial
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; entre o MP e o autor do crime que depende de confissão.
Considerada a clareza da redação, não há motivo para Após o acordo realizado, este deverá ser homologado pelo
análise. A única peculiaridade é o prazo, que é de vinte dias. JUIZ para ser executado. Caso o Juiz não homologue o
acordo, cave RESE.

XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;


8. RAZÕES
A denegação da apelação pode ocorrer quando ausente
requisito do recurso (ex.: tempestividade). Já a deserção diz TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX.
respeito à falta de recolhimento de preparo. (2 linhas)
RAZÕES RECURSAIS
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de (2 linhas)
questão prejudicial;
Egrégio Tribunal de Justiça,
As questões prejudiciais devem ser analisadas antes do
Colenda Câmara,
julgamento do mérito da ação penal, pois influenciam
diretamente na tipicidade (ex.: não há como julgar um caso Douto Procurador de Justiça,
de bigamia quando existir dúvida acerca da existência de
casamento anterior). Cabe RESE da decisão que determina a
(TERMOS DA DECISÃO RECORRIDA)
suspensão do processo criminal em razão de questão
prejudicial. “O MM Juiz da _ Vara do Tribunal do Júri pronunciou o
acusado com o incurso ___ do CP. “

XVII - que decidir sobre a unificação de penas;


REFORMA/NULIDADE
Questão referente à execução da pena. Portanto, hipótese
de agravo em execução. REFORMA – “A mencionada decisão, no entanto merece ser
reformada, com o fim de xxx, conforme exposição a seguir.
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NULIDADE – “A citada decisão todavia encontra-se eivada constatando que estaria completamente embriagado em
de atipicidade processual impondo-se a decretação de razão da ingestão daquela substância entorpecente que
nulidade da mesma. A partir de xxx, pelas razões a seguir: teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele
momento, era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito dos fatos. Após recebimento da denúncia, citação e
RAZÕES DE FATO/DIREITO DO INCONFORMISMO apresentação de defesa, foi designada audiência de
instrução e julgamento, na primeira fase do procedimento
do Tribunal do Júri, para oitiva das testemunhas de
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Os
REFORMA - Diante do exposto, pugna o recorrente pelo policiais responsáveis pelas investigações e pela oitiva dos
CONHECIMENTO E PROVIMENTO do presente recurso em envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério
sentido estrito para que seja reformado o ato jurisdicional Público, informaram ao magistrado que se atrasariam para
recorrido com o fim de xxx. o ato judicial, pois estavam em importante diligência. Não
querendo fracionar a colheita da prova, o magistrado
determinou a oitiva das testemunhas de defesa antes das
NULIDADE - "Diante... para que seja reconhecido o vício de acusação, apesar do registro do inconformismo da
processual aduzido decretando-se a nulidade da defesa. Ao final, o réu foi interrogado. As provas colhidas
decisão/processo a partir xxx. indicaram que a versão apresentada por Rodrigo ao seu
advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi
constatado o desferimento do soco e do empurrão por
Nestes termos, pede PROVIMENTO. parte de Rodrigo em João, após manifestação das partes, o
juiz pronunciou o acusado nos termos da denúncia.
Local, data, assinatura. Intimado, o Ministério Público se manteve inerte. Rodrigo e
sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de
OAB/UF abril de 2021, segunda-feira. Considerando apenas as
informações expostas, apresente, na condição de
advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente
PROVA
de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas
(XXXIV) Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis.
simples consumado, com a causa de aumento prevista na A peça deverá ser datada do último dia do prazo para
primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal interposição, devendo ser considerado que segunda a
do Júri da Comarca de São Paulo. De acordo com o que sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00)
consta na denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em
Petição de interposição 1. Endereçamento: Juízo do Tribunal do
uma boate localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria
Júri da Comarca de São Paulo/SP (0,10) 0,00/0,10 2. Fundamento
desferido um soco na barriga de João, além de ter lhe dado legal: Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10) 0,00/0,10 3. Requerimento
um empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da do juízo de retratação ou exercício do efeito regressivo (0,30), nos
garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa termos do Art. 589 do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 Razões de recurso
eficiente da morte de João, conforme consta do laudo em sentido estrito 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do
acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado Estado de São Paulo (0,10) 0,00/0,10 5. Preliminarmente, nulidade
por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava da pronúncia ou nulidade da instrução (0,30), por violação ao
descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por princípio da ampla defesa e contraditório ou devido processo legal
(0,15), nos termos do Art. 5º, inciso LIV ou LV, da CRFB/88 ou do
isso, sendo imputada a causa de aumento da primeira parte
Art. 564, inciso IV, do CPP (0,10) 0,00/0,15/0,25/0,30/
do Art. 121, § 4º, do CP. Diante da inicial acusatória,
0,40/0,45/0,55 5.1. Houve inadequada inversão da ordem de
Rodrigo procurou seu (sua) advogado (a), narrando que, no oitiva das testemunhas ou as testemunhas de defesa foram
dia dos fatos, câmeras de segurança registraram o ouvidas antes das testemunhas de acusação (0,30), em
momento em que uma pessoa desconhecida, de maneira desrespeito à previsão do Art. 411 do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 6.
furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em sua No mérito, pedido de absolvição sumária (0,30), diante da
bebida, o que teria causado uma embriaguez completa. manifesta causa de isenção de pena ou excludente de
Rodrigo teria ficado descontrolado e, em razão disso, sem culpabilidade (0,15), nos termos do Art. 415, inciso IV, do CPP
motivação, teria desferido um soco na barriga de João, (0,10) 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 6.1. A imputabilidade
penal restou afastada em razão da embriaguez (0,30), que foi
empurrando-o em seguida apenas para que, dele, se
completa, decorrente de caso fortuito ou força maior, e que
afastasse, nem mesmo percebendo que a vítima estaria
tornou o réu inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
com uma garrafa de cerveja nas mãos. Destacou sequer fato (0,15), conforme o Art. 28, §1º, do CP (0,10)
saber por que quis lesionar João, mas assegurou que o 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 7. Subsidiariamente,
resultado morte não foi pretendido e nem aceito pelo desclassificação para crime não doloso contra a vida (0,30), nos
mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a termos do Art. 419 do CPP (0,10), pois Rodrigo pretendia desferir
tratamento psicológico em razão dos fatos. Apresentou um soco na barriga da vítima e um empurrão, tendo apenas
laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido, intenção de causar lesão, mas não o resultado morte ou houve

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dolo na lesão e culpa em relação ao resultado morte (0,25) considerando-se que todos os dias de segunda a sexta-feira
0,00/0,25/0,30/ 0,35/0,40/0,55/0,65 7.1. Deveria Rodrigo são úteis em todo o país. (Valor: 5,00)
responder, caso reconhecida a imputabilidade, pelo crime de lesão
corporal seguida da morte (0,30), previsto no Art. 129, §3º, do CP Petição de interposição 1. Endereçamento: Juízo de Direito do
(0,10) 0,00/0,30/0,40 8. Ainda de maneira subsidiária, Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre/RS (0,10). 0,00/0,10
afastamento da causa de aumento imputada na denúncia (0,30), 2. Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10). 0,00/0,10 3.
tendo em vista que somente aplicável ao homicídio culposo ou Requerimento do exercício do juízo de retratação (0,30), nos
tendo em vista que foi imputada a prática do crime de homicídio termos do Art. 589 do CPP (0,10). 0,00/0,30/0,40 Razões de
doloso (0,40) 0,00/0,30/0,40/0,70 Pedidos 9. Conhecimento (0,10) Recurso 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado do Rio
e provimento do recurso (0,20) 0,00/0,10/0,20/0,30 10. Prazo: 12 Grande do Sul (0,10). 0,00/0,10 5. Requerimento de
de abril de 2021 (0,10) 0,00/0,10 Fechamento 11. Local, data, reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado
advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10 (0,30), com consequente extinção da punibilidade do agente
(0,15), nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP (0,10).
(XXVIII) Túlio, nascido em 01/01/1996, primário, começa a 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 6. A prescrição ocorreu
namorar Joaquina, jovem que recém completou 15 anos. porque, entre a data do recebimento da denúncia e da pronúncia
Logo após o início do namoro, ainda muito apaixonado, é foi ultrapassado o prazo de 4 anos OU o prazo de 4 anos foi
surpreendido pela informação de que Joaquina estaria ultrapassado porque o prazo prescricional deveria ser computado
grávida de seu ex-namorado, o adolescente João, com pela metade, já que o réu era menor de 21 anos (0,15). 0,00/0,15
7. Preliminarmente, nulidade da decisão de pronúncia: (0,30).
quem mantivera relações sexuais. Joaquina demonstra toda
0,00/0,30 7.1. Nulidade em razão do não oferecimento de
a sua preocupação com a reação de seus pais diante desta
proposta de suspensão condicional do processo (0,30), nos termos
gravidez quando tão jovem e, em desespero, solicita ajuda do Art. 89 da Lei 9.099 (0,10), já que a pena mínima do delito
de Túlio para realizar um aborto. Diante disso, no dia imputado é de 1 ano (0,15). 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55
03/01/2014, em Porto Alegre, Túlio adquire remédio 7.2. Nulidade em razão do cerceamento de defesa OU violação ao
abortivo cuja venda era proibida sem prescrição médica e o princípio da ampla defesa OU violação ao princípio do
entrega para a namorada, que, de imediato, passa a fazer contraditório (0,30), já que o juiz proferiu decisão após juntada de
uso dele. Joaquina, então, expele algo não identificado pela documentação, sem dar vista às partes (0,15). 0,00/0,15/0,30/0,45
vagina, que ela acredita ser o feto. Os pais presenciam os 8. No mérito, absolvição sumária (0,20) em razão de o fato
evidentemente não constituir crime OU diante da atipicidade da
fatos e levam a filha imediatamente ao hospital; em
conduta (0,25), nos termos do Art. 415, III, CPP (0,10)
seguida, comparecem à Delegacia e narram o ocorrido. No
0,00/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45/0,55 9. A conduta de Túlio
hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, configura crime impossível (0,80), nos termos do Art. 17 do CP
Joaquina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o (0,10). 0,00/0,80/0,90 10. Houve absoluta impropriedade do
que fora expelido não era um feto. Após investigação, no objeto (0,15), tendo em vista que Joaquina não estava grávida
dia 20/01/2014, Túlio vem a ser denunciado pelo crime do quando da ação visando causar aborto (0,10). 0,00/0,10/0,15/0,25
Art. 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Pedidos 11. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,30).
Penal, perante o juízo do Tribunal do Júri da Comarca de 0,00/0,10/0,30/0,40 12. Prazo: 25 de junho de 2018 (0,10).
Porto Alegre/RS, não sendo oferecido qualquer instituto 0,00/0,10 Fechamento 13. Local, data, advogado e OAB (0,10).
0,00/0,10
despenalizador, apesar do reclamo defensivo. A inicial
acusatória foi recebida em 22/01/2014. Durante a instrução
da primeira fase do procedimento especial, são ouvidas as
testemunhas e Joaquina, assim como interrogado o réu,
VII – AGRAVO EM EXECUÇÃO
todos confirmando o ocorrido. As partes apresentaram Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá
alegações finais orais, e o juiz determinou a conclusão do recurso de agravo, sem efeito suspensivo. (Lei
feito para decisão. Antes de ser proferida decisão, mas após 72100/84)
manifestação das partes em alegações finais, foram Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da
juntados aos autos o boletim de atendimento médico de decisão, despacho ou sentença: (CPP) (Hipóteses
Joaquina, no qual consta a informação de que ela não do artigo do RESE que dizem respeito ao Agravo.)
estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão
Antecedentes Criminais de Túlio sem outras anotações e condicional da pena; (Quando for concedida na
um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio sentença caberá apelação; no Juízo de Execução –
utilizado não causara lesões na adolescente. Com a juntada Agravo)
da documentação, de imediato, sem a adoção de qualquer XII - que conceder, negar ou revogar livramento
medida, o magistrado proferiu decisão de pronúncia nos condicional;
termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual XVII - que decidir sobre a unificação de penas; (Na
seja, 18 de junho de 2018, segundafeira, ocasião em que as Sentença – Apelação; Juizo de Execução-Agravo)
partes foram intimadas. Considerando apenas as XIX - que decretar medida de segurança, depois de
informações narradas, na condição de advogado(a) de Túlio, transitar a sentença em julgado; XXI - que mantiver
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, ou substituir a medida de segurança, nos casos do
apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça art. 774;
deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, XXII - que revogar a medida de segurança;

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XXIII - que deixar de revogar a medida de (INTERPOSIÇÃO DO RECURSO)


segurança, nos casos em que a lei admita a
(ENDEREÇAMENTO -Juízo que prolatou a sentença.)
revogação;

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE


1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE XXX.
ART. 197, LEP De todas as decisões do juiz da execução
penal. AGRAVO EM EXECUÇÃO
Do indeferimento da petição nos autos feito ao juiz da
exeução penal: pedido indeferido – cabe agravo em “NOME DO AGRAVANTE, já qualificado no caderno processual a
execução. presença de Vossa Excelência por intermédio de seu procurador
judicial, inconformado com a decisão que xxxxx, interpor AGRAVO
Exemplo de petição nos autos: pedido de progressão;
EM EXECUÇÃO, com fundamento no artigo 197 da Lei de Execução
pedido de livramento condicional; pedido de remição; Penal (LEP). “
pedido de saída temporária. Execução das penas em
espécies: privativa de liberdade; restritiva de liberdade;
multa; medida de segurança (Art. 66, LEP). O prazo de interposição do presente recurso, nos termos da
Súmula 700 do STF, é de 5 dias, sendo que a intimação do réu
FORMA DE PROCESSAMENTO (Sumula 700, STF): RECURSO ocorreu em xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e
EM SENTIDO ESTRITO terminando em xx/xx/xx, estando assim tempestivo
TEM JUÍZO DE RETRATAÇÃO
Pedido de reconsideração feito no termo de interposição PEDIDO DE RETRATAÇÃO
feito ao juiz que emitiu a decisão – oportunidade para rever “Em face do efeito retroativo, por analogia com o disposto no
seu posicionamento. artigo 589, CPP e Súmula 700 do STF, pugna o agravante pela
retratação da decisão agravada, com o fim de xxxx.
Será pedida na interposição.
Caso contrário, requer o agravante que o recebimento das razões
recursais e posterior remessa do inconformismo à apreciação da
2. PRAZO – art. 586, CPP: Súmula 700(STF) - 5 dias. (para Instância Superior."
interposição) Para as razões: 2 dias. Da intimação da
decisão. Nestes termos, pede deferimento.
(STF) Súmula 700. É de cinco dias o prazo para interposição de
agravo contra decisão do juiz da execução penal.
Local, data
Assinatura do advogado.
3. LEGITIMIDADE: APENADO E O MP. OAB/UF

4. COMPETÊNCIA
6. FINALIDADE
SUMULA 192, STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais
do Estado a execução das penas impostas a sentenciados REFORMA = ACÓRDÃO SUBSTITUI A DECISÃO RECORRIDA
pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos NULIDADE = VOLTA PARA FAZER NOVAMENTE – tem que
a estabelecimentos sujeitos à administração estadual. dizer onde está a nulidade e que parte do processo será
A competência é determinada pela unidade prisional em anulado.
que o apenado cumpre sua pena. Assim, caso tenha sido OBS.: DA DECISÃO DENEGATÓRIA CABE CARTA
condenado pela justiça federal, mas cumpre pena em TESTEMUNHÁVEL.
presídio estadual, a competência será no juiz estadual.

7. HIPÓTESES
5. TERMO DE INTERPOSIÇÃO - JUÍZO DE RETRATAÇÃO Competência do juiz de execução: art. 66, LEP. ROL NÃO
Para o juiz de execução que emitiu a decisão – TAXATIVO.
oportunidade para rever seu posicionamento. Será pedida Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
na interposição. Termo de interposição – direcionado para
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de
o prolator da decisão. qualquer modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre: a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes; c)
detração e remição da pena; d) suspensão

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condicional da pena; e) livramento condicional; f) XXIII - que deixar de revogar a medida de


incidentes da execução. segurança, nos casos em que a lei admita a
IV - autorizar saídas temporárias; revogação;

V - determinar: a) a forma de cumprimento da


pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução; Todas as questões são pertinentes à execução penal.
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de Portanto, agravo em execução como recurso, e não RESE.
multa em privativa de liberdade; c) a conversão da
pena privativa de liberdade em restritiva de
direitos; d) a aplicação da medida de segurança,
bem como a substituição da pena por medida de 8. ESTRUTURA DAS RAZÕES
segurança; e) a revogação da medida de TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX.
segurança; f) a desinternarão e o restabelecimento
(2 linhas)
da situação anterior; g) o cumprimento de pena ou
medida de segurança em outra comarca; h) a RAZÕES RECURSAIS
remoção do condenado na hipótese prevista no § (2 linhas)
1º, do artigo 86, desta Lei.
Egrégio Tribunal de Justiça,
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da
Colenda Câmara,
medida de segurança;
Douto Procurador de Justiça,
VII - inspecionar, mensalmente, os
estabelecimentos penais, tomando providências
para o adequado funcionamento e promovendo, (TERMOS DA DECISÃO RECORRIDA)
quando for o caso, a apuração de
responsabilidade; “O MM Juiz da _ Vara de Execução Penal da Comarca _ negou
pedido feitos nos autos de ____. “
VIII - interditar, no todo ou em parte,
estabelecimento penal que estiver funcionando em
condições inadequadas ou com infringência aos REFORMA/NULIDADE
dispositivos desta Lei; REFORMA - A mencionada decisão, no entanto merece ser
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. reformada, com o fim de xxx, conforme exposição a seguir.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. (irá depender do pedido negado – como livramento condicional;
progressão; remição)

Cabimento: Art. 581, XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII E XXII, RAZÕES DO INCONFORMISMO - FATOS/DIREITO
CPP.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão
condicional da pena; REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO

Segundo o art. 157 da LEP, a concessão ou não de REFORMA - Diante do exposto, pugna o agravante pelo
sursis (art. 77 do CP) deve ser apreciada na CONHECIMENTO E PROVIMENTO da presente irresignação, para
sentença condenatória, recorrível por apelação, e que seja reformada a decisão agravada, com o fim de conceder xxx
não por RESE. Entretanto, caso a decisão a respeito (PEDIR O BENEFÍCIO NEGADO).
do assunto seja do juiz da vara de execução, a peça
cabível é o agravo em execução. Portanto, tanto Nestes termos, pede PROVIMENTO.
em uma hipótese quanto em outra, a peça não
será o RESE.
XII - que conceder, negar ou revogar livramento Local, data
condicional; Assinatura do Advogado.
Trata-se de matéria pertinente à execução. Como OAB/UF
já comentado, qualquer decisão do juiz da
execução é atacável por agravo, e não RESE.
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; 9. SÚMULAS relacionadas a Execução Penal.
Questão referente à execução da pena. Portanto, STF – SÚMULAS VINCULANTES
hipótese de agravo em execução. 26. Para efeito de progressão de regime no cumprimento
XIX - que decretar medida de segurança, depois de de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
transitar a sentença em julgado; execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º
XX - que impuser medida de segurança por da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo
transgressão de outra; de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
XXI - que mantiver ou substituir a medida de requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
segurança, nos casos do art. 774; podendo determinar, para tal fim, de modo
XXII - que revogar a medida de segurança; fundamentado, a realização de exame criminológico.
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35. A homologação da transação penal prevista no artigo 533. Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar
76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, no âmbito da execução penal, é imprescindível a
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação instauração de procedimento administrativo pelo
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a diretor do estabelecimento prisional, assegurado o
continuidade da persecução penal mediante direito de defesa, a ser realizado por advogado
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito constituído ou defensor público nomeado.
policial. 527. O tempo de duração da medida de segurança não
56. A falta de estabelecimento penal adequado não deve ultrapassar o limite máximo da pena
autoriza a manutenção do condenado em regime abstratamente cominada ao delito praticado.
prisional mais gravoso, devendo-se observar, 526. O reconhecimento de falta grave decorrente do
nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE cometimento de fato definido como crime doloso no
641.320/RS. cumprimento da pena prescinde do trânsito em
julgado de sentença penal condenatória no processo
STJ penal instaurado para apuração do fato.

617. A ausência de suspensão ou revogação do livramento 439. Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades
condicional antes do término do período de prova do caso, desde que em decisão motivada.
enseja a extinção da punibilidade pelo integral 441. A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de
cumprimento da pena. livramento condicional.
605. A superveniência da maioridade penal não interfere na 471. Os condenados por crimes hediondos ou
apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
medida socioeducativa em curso, inclusive na 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão
21 anos. de regime prisional.
588. A prática de crime ou contravenção penal contra a 491. É inadmissível a chamada progressão per saltum de
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente regime prisional.
doméstico impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
PROVA
587. Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V,
da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva (XXIX) Guilherme foi condenado definitivamente pela
transposição de fronteiras entre estados da Federação, prática do crime de lesão corporal seguida de morte, sendo-
sendo suficiente a demonstração inequívoca da lhe aplicada a pena de 06 anos de reclusão, a ser cumprida
intenção de realizar o tráfico em regime inicial fechado, em razão das circunstâncias do
fato. Após cumprir 01 ano da pena aplicada, Guilherme foi
interestadual. beneficiado com progressão para o regime semiaberto. Na
562. É possível a remição de parte do tempo de execução unidade penitenciária, o apenado trabalhava internamente
da pena quando o condenado, em regime fechado ou em busca da remição. Durante o cumprimento da pena
semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda nesse regime, veio a ser encontrado escondido em seu
que extramuros. colchão um aparelho de telefonia celular. O diretor do
545. Quando a confissão for utilizada para a formação do estabelecimento penitenciário, ao tomar conhecimento do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante fato por meio dos agentes penitenciários, de imediato
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. reconheceu na ficha do preso a prática de falta grave,
apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e
542. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal que teria sido praticada por Guilherme, se adequava ao Art.
resultante de violência doméstica contra a mulher é 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84. O reconhecimento da falta
pública incondicionada. pelo diretor foi comunicado ao Ministério Público, que
536. A suspensão condicional do processo e a transação apresentou promoção ao juízo da Vara de Execuções Penais
penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao de São Paulo, juízo este competente, requerendo a perda
rito da Lei Maria da Penha. de benefícios da execução por parte do apenado. O juiz
535. A prática de falta grave não interrompe o prazo para competente, analisando o requerimento do Ministério
fim de comutação de pena ou indulto. Público, decidiu que, “considerando a falta grave
reconhecida pelo diretor da unidade, impõe-se: a) a
534. A prática de falta grave interrompe a contagem do regressão do regime de cumprimento de pena para o
prazo para a progressão de regime de cumprimento de fechado; b) perda da totalidade dos dias remidos; c) reinício
pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa da contagem do prazo de livramento condicional; d) reinício
infração. da contagem do prazo do indulto.” Ao ser intimado do teor
da decisão, em 09 de julho de 2019, terça-feira, Guilherme
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entra em contato, de imediato, com você, na condição de comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente
advogado(a), esclarecendo que nunca fora ouvido sobre a competente. O pedido, contudo, foi indeferido, apesar de,
aplicação da falta grave, apenas tendo conhecimento de em tese, os requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob
que a Defensoria se manifestou no processo de execução os seguintes argumentos: a) o crime de roubo é crime
após o requerimento do Ministério Público. Considerando hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do
apenas as informações narradas, na condição de requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b) ainda
advogado(a) de Guilherme, redija a peça jurídica cabível, que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os
diferente de habeas corpus e embargos de declaração, requisitos objetivos para o benefício, tendo em vista que
apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria
deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, cumprir metade da pena imposta para obtenção do
considerando que, em todos os locais do país, de segunda a livramento condicional; c) indispensabilidade da realização
sexta-feira são dias úteis. (Valor: 5,00). de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de
Petição de interposição 1. Endereçamento: Juízo da Vara de
roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e
Execução Penal da Comarca de São Paulo/SP (0,10). 0,00/0,10 2. causam severos prejuízos para a sociedade. Você,
Fundamento legal: Art. 197 da LEP (0,10). 0,00/0,10 3. Pedido de advogado(a) de Gilberto, foi intimado dessa decisão em 23
retratação pelo juízo a quo (0,30). 0,00/0,30 Razões de recurso 4. de março de 2015, uma segunda-feira.
Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (0,10). Com base nas informações acima expostas e naquelas que
0,00/0,10 5. Invalidade no reconhecimento da prática de falta
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível,
grave (0,40), não permitindo a regressão para o regime fechado de
cumprimento de pena (0,25). 0,00/0,25/0,40/0,65 5.1. O excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do
reconhecimento de falta grave depende de prévio procedimento prazo para sua interposição, sustentando todas as teses
administrativo (0,30), garantido o direito de defesa (0,25), jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
conforme a Súmula 533 do STJ (0,10) 0,00/0,25/0,30/0,35/0,40/ PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO Item 1 - Endereçamento correto: Juízo
0,55/0,65 6. Não é possível a perda da totalidade dos dias remidos da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro/RJ (0,10). 0,00/0,10
(0,50), conforme Art. 127 da LEP (0,10). 0,00/0,50/0,60 6.1. Ainda Item 2 – Fundamento legal: Art. 197 da Lei nº 7.210/84 (0,10).
que válido o reconhecimento da falta grave, o juiz somente 0,00/0,10 Item 3 - Pedido de retratação (0,30). 0,00/0,30 RAZÕES
poderia decretar a perda de até 1/3 dos dias remidos (0,40) DO RECURSO Item 4 – Endereçamento correto: Tribunal de Justiça
0,00/0,40 7. A prática de falta grave não gera o reinício da do Rio de Janeiro (0,10). 0,00/0,10 Item 5 – Desenvolvimento
contagem do prazo do livramento condicional (0,50), nos termos jurídico acerca da concessão do livramento condicional, pois a
da Súmula 441 do STJ (0,10). 0,00/0,50/0,60 8. A prática de falta fundamentação trazida pelo magistrado é equivocada (0,40).
grave não gera o reinício da contagem do prazo de indulto (0,50), 0,00/0,40 Item 6 - Afastamento da hediondez do crime de roubo
nos termos da Súmula 535 do STJ (0,10). 0,00/0,50/0,60 9. simples (0,50), pois este não está no rol dos crimes hediondos ou
Incabível o reinício da contagem dos prazos do indulto e por violação ao princípio da taxatividade (0,20). 0,00/0,20/
livramento condicional em razão do princípio da legalidade, que 0,50/0,70 Item 7.1 - O requisito objetivo para a concessão do
também é aplicável na execução penal (0,30). 0,00/0,30 Pedidos livramento condicional de condenado não reincidente portador de
10. conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,30). maus antecedentes é de 1/3 e não de metade (0,50); 0,00/0,50
0,00/0,10/0,30/0,40 Prazo e Fechamento 11. 15 de julho de 2019 Item 7.2 - Aplicação do Art. 83, I, do CP (OU não aplicabilidade do
(0,10). 0,00/0,10 12. Local, data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10 Art. 83, II, do CP) (0,20), diante do princípio da legalidade, que
(XVI.OAB) Gilberto, quando primário, apesar de portador de veda a aplicação de analogia in malam partem (OU aplicação da
maus antecedentes, praticou um crime de roubo simples, interpretação mais favorável ao apenado) (0,50). 0,00/0,20/
0,50/0,70 Item 8 – A realização do exame criminológico não é
pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata,
indispensável (0,50), porque a decisão que determina o exame
mediante grave ameaça, um aparelho celular. Apesar de o criminológico deve ser devidamente fundamentada em fatores
crime restar consumado, o telefone celular foi recuperado concretos (OU a mera gravidade em abstrato do delito não é
pela vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro suficiente para a exigência do exame criminológico) (0,40),
de 2011. Por tal conduta, foi Gilberto denunciado e conforme Súmula 439 do STJ (0,10). 0,00/0,40/0,50/
condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157, 0,60/0,90/1,00 Item 9 – Dos Pedidos: Conhecimento e provimento
caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade do recurso OU concessão do livramento condicional (0,50); com a
de 04 anos e 06 meses de reclusão em regime inicial consequente expedição do alvará de soltura (0,20) 0,00/0,20/
fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em 0,50/0,70 Item 10 - Prazo: 30.03.2015 (0,30). 0,00/0,30 Item 11 -
Estrutura – duas petições (interposição e razões); aposição de
julgado para ambas as partes em 11 de setembro de 2013.
local, data, assinatura e OAB (0,10). 0,00/0,10
Gilberto havia respondido ao processo em liberdade, mas,
desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a (XI.OAB.QUESTÃO SUBJETIVA) Marcos, jovem inimputável
sanção penal que lhe foi aplicada regularmente, inclusive conforme o Art. 26 do CP, foi denunciado pela prática de
obtendo progressão de regime. Nunca foi punido pela determinado crime. Após o regular andamento do feito, o
prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos magistrado entendeu por bem aplicar medida de segurança
para obtenção dos benefícios da execução penal. consistente em internação em hospital psiquiátrico por
No dia 25 de fevereiro de 2015, você, advogado(a) de período mínimo de 03 (três) anos. Após o cumprimento do
Gilberto, formulou pedido de obtenção de livramento período supramencionado, o advogado de Marcos requer
condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da ao juízo de execução que seja realizado o exame de
cessação de periculosidade, requerimento que foi deferido.
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É realizada uma rigorosa perícia, e os experts atestam a (INTERPOSIÇÃO DO RECURSO)


cura do internado, opinando, consequentemente, por sua
desinternação. O magistrado então, baseando-se no exame
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR
pericial realizado por médicos psiquiatras, exara sentença DA _ CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
determinando a desinternação de Marcos. O Parquet, ESTADO _
devidamente intimado da sentença proferida pelo juízo da
(2 linhas)
execução, interpõe o recurso cabível na espécie.
A partir do caso apresentado, responda,
EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE
fundamentadamente, aos itens a seguir.
(2 linhas)
A) Qual o recurso cabível da sentença proferida pelo
"NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos recurso de
magistrado determinando a desinternação de Marcos?
apelação, vem a presença de Vossa Excelência por intermédio de
(Valor: 0,75) seu procurador judicial, opor EMBARGOS INFRIGENTES e DE
B) Qual o prazo para interposição desse recurso? (Valor: NULIDADE ao acórdão que manteve a decisão recorrida, por 2
0,25) votos a 1, com fundamento no artigo 609, parágrafo único do
Código do Processo Penal."
C) A interposição desse recurso suspende ou não a eficácia
da sentença proferida pelo magistrado? (Valor: 0,25)
O prazo de interposição do presente recurso, nos termos do artigo
609 do CPP é de 10 dias, sendo que a intimação do réu ocorreu em
VIII – EMBARGOS INFRINGENTES E xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e terminando em
xx/xx/xx, estando assim tempestivo
DE NULIDADE Desta forma, requerendo seja ordenado o processamento do
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão recurso, com as inclusas razões.
julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou
turmas criminais, de acordo com a competência
estabelecida nas leis de organização judiciária. Nestes termos, pede deferimento.
Parágrafo único. Quando não for unânime a
decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, Local, data.
admitem-se embargos infringentes e de nulidade,
que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a
contar da publicação de acórdão, na forma do art. Assinatura do advogado
613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão OAB/UF
restritos à matéria objeto de divergência.

*EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL RELATOR DA _ TURMA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL
Art. 609, CPP - Contra acordão (originado de APELAÇÃO, REGIONAL FEDERAL DA _ REGIÃO.
RESE ou AGRAVO) prejudicial a defesa – em decisão não *EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR DA _
unânime. Voto Vencido. RECURSO PRIVATIVO DA DEFESA. TURMA CRIMINAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA OU
INFRIGENTES: MATÉRIA SUBSTANTIVA SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
NULIDADE: MATÉRIA PROCESSUAL
4. ENDEREÇAMENTO

2. PRAZO – art. 609, CPP Interposição – RELATOR DO ACÓRDÃO EMBARGADO.

Regra: 10 dias (da publicação do acórdão) Razões – MESMO TRIBUNAL QUE PROFERIU A DECISÃO

3. TERMO DE INTERPOSIÇÃO 5. FINALIDADE


Para o TRIBUNAL que emitiu a decisão – pede-se o * Recurso exclusivo de defesa e nos limites do voto
recebimento e processamento (não pede a remessa a vencido divergente. Assim, veda-se a reformatio in pejus
instância superior, pois este recuso será julgado pelo (Art. 617, CPP).
mesmo tribunal). PARA O RELATOR.
Denegação: agravo regimental. VOTO VENCIDO: a FUNDAMENTAÇÃO os embargos são
com base nos argumentos do VOTO VENCIDO. Trata-se de
um recurso fundamentado na divergência da câmara,
desta feita suas razões não poderão ir além da
argumentação do voto. (mesmo que tenha outras)

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6. RAZÕES IX– RECURSO ORDINÁRIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX. CONSTITUCIONAL
Constituição Federal:
RAZÕES DE EMBARGOS INFRIGENTES
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição,
Colenda Câmara Criminal, cabendo-lhe:
Douto Relator, II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o
habeas data e o mandado de injunção decididos
TERMOS DO ACÓRDÃO em única instância pelos Tribunais Superiores, se
" Os presentes embargos são opostos objetivando a prevalência do denegatória a decisão;
voto vencido, pelas razões aduzidas a seguir: (...)
*** argumentação deverá ser reduzida aos fundamentos do voto Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
vencido, mesmo que tenha outros argumentos.
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última
RAZÕES DE FATO/DIREITO DO INCONFORMISMO instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO Territórios, quando a decisão for denegatória;

REFORMA - Diante do exposto, conheça e dê provimento ao


presente recurso, assim, pugna o embargante pelos fundamentos
ora opostos, e postula-se, respeitosamente, a reforma do 1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL – Lei 8.038/90
venerado acórdão recorrido, para o final prevaleça o voto vencido, Art. 102, II, a, CRFB – STF – denegação de HC ou MS – STJ;
como medida da mais lídima justiça. STM, TSE (tribunais superiores)
Art. 105, II, a, CRFB – STJ – denegação de HC ou MS – TJ´s
Nestes termos, pede PROVIMENTO. dos Estados e TRF´s
Obs.: HC impetrado perante juiz de 1ª instância e aí
Local e data denegado: recurso: RESE. O ROC caberá apenas para HC
Advogado denegado em sede de tribunal. Se for concedido o HC ou
OAB/UF
MS também não caberá ROC, poderá caber Recurso
Especial ou Recurso Extraordinário.

PROVA 2. PRAZO
John, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela ROC ao STJ: HC: 5 dias MS: 15 dias
prática do crime de tráfico de drogas. Após a instrução,
inclusive com realização do interrogatório, ocasião em que ROC ao STF: HC: 5 dias MS: 15 dias
o acusado confessou os fatos, John foi condenado, na forma Art. 30 e 33 da Lei 8.038/90
do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, à pena de 1 ano e 08
meses de reclusão, a ser cumprido em regime inicial aberto.
O advogado de John interpôs o recurso cabível da sentença 3. TERMO DE INTERPOSIÇÃO
condenatória. Em julgamento pela Câmara Criminal do Termo de interposição – ao Presidente do Tribunal que
Tribunal de Justiça, a sentença foi integralmente mantida denegou a ordem.
por maioria de votos. O Desembargador revisor, por sua EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
vez, votou no sentido de manter a pena de 01 ano e 08 PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
meses de reclusão, assim como o regime, mas foi favorável ___
à substituição da pena privativa de liberdade por duas Recuso Ordinário Constitucional
restritivas de direitos, no que restou vencido. O advogado
de John é intimado do acórdão. Considerando a situação
narrada, responda aos itens a seguir. A) Qual medida NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos do Habeas
processual, diferente de habeas corpus, deverá ser Corpus nº xxx, vem, por intermédio de seu procurador judicial, a
presença de Vossa Excelência, inconformado com o acórdão que
formulada pelo advogado de John para combater a decisão
denegou a ordem, interpor para Superior Tribunal de Justiça (ou
da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça? (Valor: 0,65) B)
STF) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com base no artigo
Qual fundamento de direito material deverá ser 105, II, a (Art. 102, II, a ) da Constituição da República Federativa
apresentado para fazer prevalecer o voto vencido? (Valor: do Brasil, combinado com os artigos 30 e 32 da Lei 8.038/1990.
0,60)

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O prazo de interposição do presente recurso, nos termos dos PROVA


artigos 30 e 33 da Lei 8.038/90, é de 5 dias, sendo que a intimação
(XXXII.OAB) O apenado Fabrício cumpria pena pela prática
do réu ocorreu em xxx (data), iniciando-se o prazo em xx/xx/xx e
do delito de extorsão simples, tendo requerido, por meio de
terminando em xx/xx/xx, estando assim tempestivo
advogado, a extinção da punibilidade por satisfazer os
Desta forma, presentes as razões, postula-se seja o mesmo requisitos, objetivos e subjetivos, previstos no Decreto
recebido e encaminhado ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça
Presidencial de Indulto, publicado no ano de 2018 (requisito
(Ou STF)
objetivo temporal e requisito subjetivo de não possuir falta
grave nos últimos 12 meses anteriores ao decreto).
Nestes termos, pede deferimento. Enquanto aguardava o deferimento do benefício requerido,
Local, data. no dia 02 de março de 2019, ocorreu uma rebelião na
Assinatura do advogado. galeria em que se encontrava. O diretor do presídio, em
procedimento disciplinar próprio, no qual foi garantida a
OAB nº XX
ampla defesa e o contraditório, não conseguindo identificar
aqueles que efetivamente participararam da rebelião,
4. ENDEREÇAMENTO reconheceu que todos os apenados daquela galeria
praticaram falta grave. Ao tomar conhecimento dessa
Interposição – Presidente do Tribunal (denegou a ordem) punição disciplinar, o juiz da execução indeferiu o pedido de
Razões – Ao STJ ou STF (depende do Tribunal) indulto por ausência do requisito subjetivo. Ultrapassado o
prazo recursal por desídia da defesa, novo advogado
contratado pela família impetrou habeas corpus junto ao
5. FINALIDADE Tribunal de Justiça, na busca da extinção da punibilidade. A
Requere a concessão da ordem ou da segurança denegada. ordem foi denegada pelo Tribunal. Considerando a situação
INTERPOSIÇÃO – recebido o recurso pelo Tribunal – parecer fática apresentada, na condição de novo advogado
do Procurador Geral (2 dias) – remessa dos autos a turma contratado, ao ser intimado da decisão que denegou a
do STJ ou STF para julgamento. ordem, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso a ser
apresentado pela defesa para combater a decisão do
Tribunal de Justiça que denegou a ordem no habeas corpus
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (OU SUPREMO TRIBUNALL impetrado em favor do apenado Fabrício? Justifique. (Valor:
FEDERAL). 0,60) B) Na busca da concessão do indulto e,
consequentemente, da extinção da punibilidade, quais
RAZÕES RECURSAIS argumentos jurídicos poderão ser apresentados? Justifique.
(Valor: 0,65)
GABARITO
Colenda Turma,
TERMOS DA DECISÃO RECORRIDA
A. Considerando a decisão do Tribunal de denegar a ordem
de habeas corpus, o recurso cabível é o recurso ordinário
A mencionada decisão que negou seguimento da ordem de
constitucional (0,50), nos termos do Art. 105, inciso II,
habeas-corpus (ou mandado de segurança), no entanto, não deve
subsistir.
alínea a, da CRFB OU Art. 30 da Lei 8038/90 (0,10)
B.1. A defesa deveria alegar a proibição de aplicação de
sanções coletivas (0,20), nos termos do Art. 45, §3º, da LEP
RAZÕES DE FATO/DIREITO DO INCONFORMISMO
(0,10)
(Rebater os argumentos que negaram o habeas corpus pelo
tribunal. B.2. Não pode ser considerado fato posterior como falta
grave a afastar o preenchimento do requisito subjetivo OU
o decreto mencionava que o apenado não poderia ter
PEDIDO praticado falta grave nos 12 meses anteriores ao decreto
Diante do exposto, pugna-se pelo CONHECIMENTO E (0,20), em respeito ao princípio da legalidade OU porque a
PROVIMENTO presente recurso ordinário para que esse Egrégio decisão que reconhece o indulto é meramente declaratória
Tribunal conceda a ordem de habeas-corpus (ou mandado de (0,15)
segurança) para que assim se faça unicamente justiça. E a
expedição do alvará de soltura (se o HC tiver sido repressivo). (OAB) Cristiano foi denunciado pela prática do delito
tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da
instrução criminal, o magistrado que presidia o feito
Nestes termos, pede PROVIMENTO decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de
garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave
Local e data comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que
coloca em risco a integridade social, configurando conduta
Assinatura do Advogado
inadequada ao meio social.” O advogado de Cristiano,
OAB nº inconformado com a fundamentação da medida constritiva
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de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal 3. ENDEREÇAMENTO


de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a AUTORIDADE SUPERIOR COATORA
considerava ilegal, tendo em vista que toda decisão judicial
deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Ex.: DELEGADO DE POLÍCIA � JUIZ DE PRIMEIRA INSTÂNCIA
Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a DELEGADO FEDERAL – JUIZ FEDERAL
ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão MINISTÉRIO PÚBLICO- TJ OU TRF
preventiva estava corretamente fundamentada. De acordo
com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, PARTICULAR – JUIZ DE PRIMEIRA INSTÂNCIA (Internação
responda aos itens a seguir. compulsória; impedir saída de paciente)

A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve JUIZ ESTADUAL E FEDERAL� TJ OU TRF � STJ � STF
manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65) B) JUIZADO � TURMA RECURSAL � TJ OU TRF
Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido?
(Valor: 0,65)
4. CABIMENTO/HIPÓTESES
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
X – HABEAS CORPUS I - quando não houver justa causa;
Art. 5º (...) LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" - Indeferimento do relaxamento de prisão em
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado flagrante, do pedido de revogação de prisão
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de preventiva;
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; II - quando alguém estiver preso por mais tempo
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que do que determina a lei;
alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer Excesso de prazo na prisão da prisão provisória. OU
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e demora no IP. Obs. Súmula 697, STF - A proibição
vir, salvo nos casos de punição disciplinar. de liberdade provisória nos processos por crimes
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: hediondos não veda o relaxamento da prisão
I - quando não houver justa causa; processual por excesso de prazo.

II - quando alguém estiver preso por mais tempo III - quando quem ordenar a coação não tiver
do que determina a lei; competência para fazê-lo;

III - quando quem ordenar a coação não tiver Prisão decretada por juiz incompetente (material
competência para fazê-lo; ou territorial).

IV - quando houver cessado o motivo que IV – quando houver cessado o motivo que
autorizou a coação; autorizou a coação;

V - quando não for alguém admitido a prestar Cumprimento da pena; concessão de livramento
fiança, nos casos em que a lei a autoriza; condicional;

VI - quando o processo for manifestamente nulo; V – quando não for alguém admitido a prestar
fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VII - quando extinta a punibilidade.
Condições do art. 314.
Atenção: crimes inafiançáveis: racismo, terrorismo,
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL tráfico ilícito de entorpecentes, hediondos,
cometidos por grupos armados.
Art. 5°, inc. LXVIII, CRFB – ART. 647, CPP
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
Remédio constitucional – liberdade de ir e vir Nulidade processual – mesmo após o trânsito em
QUALQUER PESSOA É LEGITIMADA (PACIENTE) – julgado.
ANALFABETO; ESTRANGEIRO; PESSOA JURÍDICA; MP VII - quando extinta a punibilidade.
Paciente: SOFRE OU ESTÁ AMEAÇADA Prescrição – decadência, art. 107, CP
Impetrante: pede a ordem de HC
Impetrada: a quem é dirigido o pedido 5. FINALIDADE
Coator: é a pessoa que exerce ou ameaça exercer coação SOFRER OU ACHAR AMEAÇADO DE SOFRER VIOLÊNCIA OU
ilegal COAÇÃO ILEGAL A SUA LIBERDADE – POR ILEGALIDADE OU
ABUSO DE PODER;
Art.648
2. PRAZO – art. 586, CPP
I – TRANCAMENTO DO IP OU AÇÃO PENAL – FALTA
QUALQUER FASE - NÃO HÁ LIMITAÇÃO DE PRAZO DE JUSTA CAUSA DO IP OU AÇÃO PENAL;

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+ A SITUAÇÃO PRISIONAL: REVOGAÇÃO DA PRISÃO HC NEGADO EM 2ª INSTÂNCIA – RECURSO ORDINÁRIO


E EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ OU CONTRAMANDO SE CONSTITUCIONAL
ETIVE REXPEDIDO O MANDADO DE PRISÃO (SE
HOUVER AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A (PRESIDENTE DO TRIBUNAL)
PRISÃO – ESTES SERÃO OS PEDIDOS) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
II – COLOCAÇÃO DO PACIENTE EM LIBERDADE – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO XXX.
RELAXAMENTO OU REVOGAÇÃO – ALVARÁ DE
SOLTURA
(2 linhas)
III - COLOCAÇÃO DO PACIENTE EM LIBERDADE –
HABEAS-CORPUS
RELAXAMENTO OU REVOGAÇÃO – ALVARÁ DE
SOLTURA (OU CONTRAMANDO DE PRISÃO – CASO (2 linhas)
ESTEJA LIVRE E HOUVER MANDADO)
IV – COLOCAÇÃO EM LIBERDADE + ALVARÁ DE NOME DO IMPETRANTE, advogado inscrito na Ordem dos
SOLTURA Advogados do Brasil, seção xxx, com endereço profissional xxx,
V – ARBITRAMENTO DE FIANÇA + ALVARÁ DE vem impetrar ordem de "Habeas-Corpus", com fundamento no
SOLTURA OU CONTRAMANDO art. 5º, LXVIII da Constituição Federal e arts. 647 do Código de
Processo Penal, contra ato do Excelentíssimo Senhor Juiz de
VI – ANULAÇÃO DA AÇÃO + RELAXAMENTO OU
Direito da xx Vara Criminal da Comarca de xx , em favor de NOME
REVOGAÇÃO – ALAVARÁ DE SOLTURA OU
DO PACIENTE, qualificação civil completa, pelas razões aduzidas a
CONTRAMANDO
seguir:
V – DECRETAÇÃO DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE +
RELAXAMENTO OU REVOGAÇÃO – ALAVARÁ DE
SOLTURA OU CONTRAMANDO DO ATO COATOR (FATOS)
DO DIREITO - INDICAÇÃO DA ILEGALIDADE

ATENÇÃO!! HC PREVENTIVO – contra ameaça de liberdade " Ocorre que a referida condenação (ou ação penal) constitui
– prevenir coação futura – adicionará ao pedido a coação ilegal contra o paciente, por falta de justa causa (ou por ter
sido proferida quando já estava extinta a punibilidade). Com
expedição de SALVO-CONDUTO.
efeito,xxx"
* É POSSÍVEL LIMINAR
DO PEDIDO
6. CONSIDERAÇÕES Pelo exposto, requer que sejam requisitadas informações, com a
* Não é cabível: durante estado de sítio; prisão disciplinar máxima urgência, perante a autoridade coatora, para que ao final
conceda-se a ordem impetrada, com fulcro no artigo 648, xxx do
militar;
CPP, decretando o trancamento da ação penal (ou do inquérito
SÚMULA 691, STF - Não compete ao Supremo Tribunal policial) + relaxamento ou revogação da prisão imposta ao
Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra paciente e consequente expedição de lavará de soltura (expedição
decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a de contramando de prisão em seu favor)
tribunal superior, indefere a liminar;
SÚMULA 692,STF - Não se conhece de habeas corpus contra * pedido com liminar:
omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou Diante do exposto, postula-se seja concedia a ordem impetrada
direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem com o fulcro no art. 648, xxx do Código de Processo Penal,
foi ele provocado a respeito; requerendo, desta forma, que V. EXA conceda LIMINAR DE
ORDEM, ordenando de plano o relaxamento da prisão ilegal e a
SUMULA 693, STF - Não cabe habeas corpus contra decisão
expedição do competente alvará de soltura. Por fim, aguarda-se a
condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em
colheita das informações perante a autoria coatora e julgamento
curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a favorável do presente pedido, com a definitiva concessão do writ.
única cominada.
SÚMULA 694, STF - Não cabe habeas corpus contra a
Nestes termos, pede deferimento.
imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública. Local, data
Assinatura do Advogado
SÚMULA 695, STF - Não cabe habeas corpus quando já
extinta a pena privativa de liberdade. OAB/UF

Dica: Em prova, sempre prefira a peça específica ao habeas-


corpus. PROVA
(XV.OAB) A Receita Federal identificou que Raquel
possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando
OBS: HC NEGADO EM 1ª INSTÂNCIA – RESE
prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil
reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo,
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não havendo, até o presente momento, lançamento 3. TERMO DE INTERPOSIÇÃO


definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita Termo de interposição – ao escrivão diretor do cartório –
Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério indicar as peças a serem trasladas.
Público Federal, que, considerando a autonomia das
Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao
instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela
escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o
prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao
8.137/90. despacho que denegar o recurso, indicando o
Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia requerente as peças do processo que deverão ser
após a apresentação de resposta à acusação pela trasladadas.
Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal,
advogado, tomar as medidas cabíveis. Diante disso, dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo
responda aos itens a seguir. de cinco dias, no caso de recurso no sentido
estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso
extraordinário, fará entrega da carta, devidamente
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para conferida e concertada.
impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor: 0,60) Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal,
que se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar,
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor:
sob qualquer pretexto, o instrumento, será
0,65) suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do
Tribunal de Apelação, em face de representação do
testemunhante, imporá a pena e mandará que seja
GABARITO
extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo
A) Habeas Corpus (0,50). / Art. 5º, LXVIII, CRFB/88 OU Art. 647 do substituto do escrivão ou do secretário do tribunal.
CPP OU Art. 648, incisos I ou VI do CPP. (0,10) Se o testemunhante não for atendido, poderá
B) A principal tese defensiva é a atipicidade da conduta (0,55), / reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que
nos termos do verbete 24 da Súmula Vinculante do STF (0,10). OU avocará os autos, para o efeito do julgamento do
A principal tese defensiva é a de que primeiro deveria ocorrer o recurso e imposição da pena.
esgotamento da via administrativa (0,55), / nos termos do verbete
24 da Súmula Vinculante do STF (0,10). OU A principal tese
defensiva é a de que não há crime, pois ainda não ocorreu o ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DIRETOR DO ___ OFÍCIO
lançamento definitivo do tributo (0,55), / nos termos do verbete CRIMINAL DA COMARCA DE _
24 da Súmula Vinculante do STF (0,10). OU A principal tese (2 linhas)
defensiva é de que não há justa causa para a propositura da ação
Carta Testemunhável
penal (0,55), / nos termos do verbete 24 da Súmula Vinculante do
STF (0,10). (2 linhas)

NOME DO TESTEMUNHANTE, já qualificado no caderno


XI – CARTA TESTEMUNHÁVEL processual, vem, por intermédio de seu procurador judicial, a
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: presença de Vossa Senhoria, requerer a extração da CARTA
TESTEMUNHÁVEL, com fundamento no artigo 639 do Código do
I - da decisão que denegar o recurso; Processo Penal, arrolando as peças para traslado.
II - da que, admitindo embora o recurso, Indica o traslado as seguintes peças, de acordo com ao artigo 640
obstar à sua expedição e seguimento para o do CPP: (a;b;c;d;)
juízo ad quem.
O prazo de interposição do presente recurso, nos termos do artigo
640 do CPP, é de 48 horas, sendo que a intimação do réu ocorreu
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL em xxx (data), terminando em xx/xx/xx, estando assim tempestivo
ART. 693, CPP
Contra decisão que denega ou nega seguimento ao RESE Requer ainda a retratação da decisão com vistas a admitir o
ou Agravo em execução. recurso, conforme o artigo 589 e 643 do CPP, caso o Meritíssimo
Juiz entenda que deva manter a respeitável decisão, postula-se
Obs.: Apelação: denegada – RESE; Rext ou Resp: seja remetida a presente ao Egrégio Tribunal ____.
denegados – AGRAVO nos próprios autos. Embargos
Infringentes e de Nulidade: denegado OU indeferimento
da REVISÃO CRIMINAL: Agravo Regimental. Nestes termos, pede deferimento.

2. PRAZO – 48 HORAS (ciência do despacho que denegou o Local, data, Advogado.


recurso)
PEÇAS:
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- Decisão recorrida; intimação da decisão recorrida; petição do Nestes termos, pede PROVIMENTO.
recurso; despacho denegatório do recurso
Local e data
4. ENDEREÇAMENTO
Interposição – ao escrivão diretor do cartório Assinatura do Advogado

Razões – ao Tribunal competente. OAB/UF

5. FINALIDADE PROVA
- promover o PROSSEGUIMENTO de outro recurso e a (37ºOAB) Marcelo, condenado em regime semiaberto,
REMESSA à instância superior para que possa ser julgado. formulou, por meio de sua defesa técnica, pedido de
INTERPOSIÇÃO – escrivão irá formar o instrumento – remição de penas em razão de trabalho realizado no curso
TESTEMUNHANTE APRESENTA RAZÕES (2 dias) – JUIZ da execução, o qual é executado mediante supervisão de
PODERÁ: seu empregador e com autorização do Juiz da Vara de
Execuções Penais. O Juízo, contudo, indeferiu o pedido, sob
A) RETRATAR – dar processamento do recurso - os
o argumento de que Marcelo está em prisão domiciliar,
autos do processo originário será remetidos ao
ante a ausência de vagas do regime semiaberto do Estado.
Tribunal para o conhecimento do recurso antes
Assim, por analogia com o regime aberto, Marcelo não
não recebido.
pode usufruir da remição por trabalho, indeferindo o
B) MANTER a decisão de denegar o recurso - o pedido. A defesa interpôs Agravo em Execução no prazo de
Tribunal julgará a carta testemunhável – com a cinco dias da intimação da decisão, o qual foi inadmitido,
possibilidade do Tribunal julgar o próprio mérito sob o fundamento de não estar acompanhado das razões
do recurso obstado. respectivas. Na qualidade de advogado de Marcelo,
responda às perguntas a seguir. A) Qual o recurso cabível
contra a decisão do Juiz que inadmitiu o recurso interposto?
6. ESTRUTURA
Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o direito material a ser
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX. pleiteado por Marcelo? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a)
(2 linhas) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera
RAZÕES RECURSAIS citação do dispositivo legal não confere pontuação.
(2 linhas)
Egrégio Tribunal de Justiça, GABARITO
Colenda Câmara, A) Nota-se que a decisão que inadmite o Agravo em Execução
desafia Carta Testemunhável, na forma do Art. 639, inciso I, do
Douto Procurador de Justiça, CPP. B) Quanto ao direito material, apenas o regime aberto
inadmite a remição de penas por trabalho, sendo inviável, em
(TERMOS DA DECISÃO RECORRIDA) direito penal, a aplicação de analogia prejudicial ao réu. Assim,
conclui-se que há expressa previsão legal de admissibilidade da
remissão por trabalho no regime semiaberto, na forma do Art.
A mencionada decisão que negou seguimento ao Recurso em 126, caput, da LEP, a qual deve ser admitida.
Sentido Estrito (ou ao Agravo em Execução), no entanto, não deve
subsistir.
XII – REVISÃO CRIMINAL
RAZÕES DE FATO/DIREITO DO INCONFORMISMO Art. 621. A revisão dos processos findos será
(Rebater os argumentos que inadmitiram o recurso – enumerar os admitida:
pressupostos presentes: cabimento, adequação, tempestividade, I - quando a sentença condenatória for contrária ao
regularidade, interesse e legitimidade) texto expresso da lei penal ou à evidência dos
autos;

PEDIDO II - quando a sentença condenatória se fundar em


depoimentos, exames ou documentos
Diante do exposto, requer seja CONHECIDO E PROVIDO o recurso, comprovadamente falsos;
pugna-se pelo recebimento da presente Carta Testemunhável,
para que esse Egrégio Tribunal determine que o recurso ___ (rese III - quando, após a sentença, se descobrirem novas
ou agravo em execução) seja processado, ou decidida de ofício, provas de inocência do condenado ou de
caso entenda a carta devidamente instruída, para que assim se circunstância que determine ou autorize
faça unicamente justiça. diminuição especial da pena.
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

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ART. 621, CPP PROVA FALSA = PROVA ILEGAL (ILEGÍTIMA – PROCESSUAL;


- Ações autônomas: HC, MS e Revisão Criminal. ILÍCITA – MATERIAL);

Trata-se de uma ação penal autônoma que permite após o - Não se discute o conteúdo da prova, mas sua legalidade;
trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou Ex.: Perícia – 1 perito – contraditório
absolutória imprópria voltar ao mérito da ação nas
hipóteses específicas do artigo 621, CPP. c) quando, após a sentença, se descobrirem novas provas
- SOMENTE EM FAVOR DO CONDENADO, não cabe pro de inocência do condenado ou de circunstância que
societate. determine ou autorize a diminuição da pena (inciso III)
Terminologia: revisionando. É preciso que sejam novas provas e que não tenham sido
apreciadas no processo transitado em julgado. É cabível a
NÃO É RECURSO
revisão para que se demonstre a inocência, a não
NÃO TEM TERMO DE INTERPOSIÇÃO culpabilidade ou a existência de circunstância que possa
É UMA AÇÃO AUTÔNOMA diminuir a pena aplicada.
PROVA – substancialmente – prova inéditas,
desconhecidas – SIM.
2. PRAZO
PROVA – formalmente – ganharam nova roupagem, mas já
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer
conhecidas – NÃO.
tempo, antes da extinção da pena ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do
pedido, salvo se fundado em novas provas. 4. ENDEREÇAMENTO
DENÚNCIA – SENTENÇA TJ � REVISÃO (TRIBUNAL)
3. HIPÓTESES DENÚNCIA – SENTENÇA � APELAÇÃO – ACORDÃO TJ �
REVISÃO (MESMO TRIBUNAL)
ART. 621, CPP
DENÚNCIA – SENTENÇA � APELAÇÃO – ACORDÃO �
a) quando a sentença condenatória for contrária ao texto
REXT/RESP – ACORDÃO TJ (STF/STJ) � REVISÃO (CONTRA O
expresso da Lei penal ou à evidência dos autos(inciso I):
STJ/STF)
- Referência à lei vigente na época.
DENÚNCIA (PREFEITO - TRIBUNAL) – ACORDÃO TJ –
- Em caso de lei posterior mais benéfica (abolitio criminis ou REVISÃO (DO PRÓPRIO FORO DE PRERROGATIVA DE
novatio legis in mellius), a revisão criminal não é a via FUNÇÃO)
adequada, devendo o condenado requerer a aplicação da
4
nova lei por requerimento ao juiz das execuções ou por HC.
Ex.: Crime de Sedução. 5. FINALIDADE
- EVIDÊNCIA: conjunto probatório colhido. Ex.: O réu foi REFORMA = A RETIFICAÇÃO DO JULGADO DEVERÁ SER
condenado sem prova suficiente, não tem amparo de CLARA, POR SER MEIO EXCEPCIONAL DE AFASTAMENTO DA
prova. COISA JULGADA, NÃO COMPORTA INTERPRETAÇÃO
DUVIDOSA.
A revisão só é cabível quando existir certeza aferível de
plano de que a sentença é contrária às provas dos autos – Art. 626, CPP – PEDIDO
assim, o tribunal no caso de dúvida, preserva a coisa Art. 626. Julgando procedente a revisão, o
julgada. tribunal poderá alterar a classificação da
OBS.; A REVISÃO CRIMINAL REDISCUTE A QUESTÃO FÁTICA infração, absolver o réu, modificar a pena ou
(É HIPÓTESE EXCEPCIONAL POR FERIR O PRECEITO anular o processo.
CONSTITUCIONAL DA COISA JULGADA) Parágrafo único. De qualquer maneira, não
OBS: JÚRI – APELAÇÃO X REVISÃO – O veredito foi poderá ser agravada a pena imposta pela
manifestamente contrário a prova nos autos – pedido na decisão revista.
apelação: novo júri. Pedido na revisão: reforma do veredito.

6. CONSIDERAÇÕES
b) quando a sentença se fundar em depoimentos, exames
ou documentos comprovadamente falsos(inciso II). REVISÃO CRIMINAL X HABEAS CORPUS
A prova de falsidade é pressuposto para o ajuizamento da HC – é possível desconstituir sentença condenatória TJ –
revisão, não podendo ser ela produzida no curso da ação. arguir extinção de punibilidade (art. 107, CP); nulidade com
impacto processual e o qual mais for favorável ao
condenado – desde que não dependa de produção de
4
SUMULA 611, Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das prova. NÃO É CABÍVEL A QUALQUER TEMPO, somente
execuções a aplicação de lei mais benigna.
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enquanto houver violência ou coação à liberdade de Jane, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá –
locomoção (não cabe quando extinta a pena privativa de MT, subtraiu veículo automotor de propriedade de
liberdade ou multa). Gabriela. Tal subtração ocorreu no momento em que a
vítima saltou do carro para buscar um pertence que havia
esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na
EXCENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE ignição. Jane, ao ver tal situação, aproveitou-se e subtraiu o
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX bem, com o intuito de revendê-lo no Paraguai.
Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta
(3 linhas) empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Jane
em flagrante somente no dia seguinte, exatamente quando
REVISÃO CRIMINAL
esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do
(2 linhas) bem, que estava guardado em local não revelado.
Em 30 de outubro de 2010, a denúncia foi recebida. No
(CABEÇALHO) curso do processo, as testemunhas arroladas afirmaram
"NOME DO CONDENADO, qualificação civil, vem, por seu que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no
procurador judicial, a presença de Vossa Excelência, propor país vizinho e que havia um comprador, terceiro de boa-fé
REVISÃO CRIMINAL, com fundamento no artigo 621, inciso arrolado como testemunha, o qual, em suas declarações,
xxx, do Código de Processo Penal, contra decisão que o ratificou os fatos. Também ficou apurado que Jane possuía
condenou nas tenazes no artigo xxx do Código Penal, maus antecedentes e reincidente específica nesse tipo de
alegando em síntese, o seguinte:" crime, bem como que Gabriela havia morrido no dia
seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os
fatos, já que o veículo era essencial à sua subsistência. A ré
DOS FATOS confessou o crime em seu interrogatório.
(DECISÃO CONDENATÓRIA (TJ)) Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a cinco
" A citada decisão, no entanto, merece sofrer revisão, tendo anos de reclusão no regime inicial fechado para
em vista xxxx (hipótese do 621, CPP)" cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido
levada em consideração a confissão, a reincidência
específica, os maus antecedentes e as consequências do
FUNDAMENTOS DA REVISÃO crime, quais sejam, a morte da vítima e os danos
decorrentes da subtração de bem essencial à sua
subsistência. A condenação transitou definitivamente em
REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO (art. 626, CPP)
julgado, e a ré iniciou o cumprimento da pena em 10 de
"Diante do exposto, pugna o requerente pela procedência novembro de 2012.
da presente REVISÃO CRIMINAL, com o fim de xxx (art. 626,
No dia 5 de março de 2013, você, já na condição de
CPP), para xxx"
advogado(a) de Jane, recebe em seu escritório a mãe de
“Requer, ainda, seja reconhecido o direito do Revisionando Jane, acompanhada de Gabriel, único parente vivo da
à indenização por erro judiciário, nos termos do disposto no vítima, que se identificou como sendo filho desta.
artigo 630 do CPP, artigo 5º, LXXV da CRFB e artigo 10 da
Ele informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane,
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos.”
acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou,
indicando o local onde o veículo estava escondido. O filho
Nestes termos, pede deferimento. da vítima, nunca mencionado no processo, informou que no
mesmo dia do telefonema, foi ao local e pegou o veículo de
volta, sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo
Local e data.
estava em seu poder desde então.
Assinatura do Advogado
Com base somente nas informações de que dispõe e nas
OAB/UF que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a
peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de
Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas
* EXMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO pertinentes.
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

** A INDENIZAÇÃO cabe (apenas) no erro judiciário.

PROVA

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XIV – MANDADO DE SEGURANÇA 4. ENDEREÇAMENTO

(CRFB) Art. 5º. LXIX - conceder-se-á mandado Autoridade que poderá desfazer o ato que está sendo
de segurança para proteger direito líquido e impugnado.
certo, não amparado por "habeas- Delegado  JUIZ
corpus" ou "habeas-data", quando o Juiz  TJ/TRF/TURMA RECURSAL
responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do 5. FINALIDADE
Poder Público; Desfazer o ato impugnado: deixar claro a ilegalidade ou o
abuso de poder.
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL * Não há produção de provas
Art. 5º, LXIX, CRFB * Notificação da autoridade coatora (10 dias)
Lei 12.016/2009 – lei que disciplina o Mandado de * MP
Segurança. Contra decisão de 1º grau: Apelação
OBS: hipótese de recusa do delegado no acesso aos autos (no caso do HC é o RESE)
do IP daquilo que já foi documentado.
Contra decisão de 2º grau: ROC
Não cabe EIN (Súmula 597, STF)
Terminologia: IMPETRANTE (ativo);
AUTORIDADE COATORA (passivo). EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA
* Só é cabível contra ato de autoridade ou agente público ( CRIMINAL DA COMARCA _
não é cabível contra particular).
(3 linhas)
(STJ) Súmula 604: “Mandado de segurança não se presta MANDADO DE SEGURANÇA
para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto (2 linhas)
pelo Ministério Público.”
(CABEÇALHO)
2. PRAZO "NOME, qualificação civil completa, vem, por seu procurador
judicial, a presença de Vossa Excelência, impetrar MANDADO DE
120 dias (CONTADOS DA CIÊNCIA DO ATO ILEGAL)
SEGURANÇA (COM PEDIDO LIMINAR), com fundamento no artigo
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança 5º, inciso LXIX da CF/88 e Lei 12.016/2009, contra ato do ...
extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados (AUTORIDADE COATORA), alegando em síntese, o seguinte:"
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
O prazo de interposição do presente mandado de segurança, nos
termos do artigo 23 da Lei 12.016/2009, é de 120 dias, sendo que
3. HIPÓTESES a intimação do réu ocorreu em xxx (data), terminando em
i) ato de autoridade policial que impede o acesso ao xx/xx/xx, estando assim tempestivo
advogado aos autos do IP; ou que indefere a restituição de
coisas apreendidas; DOS FATOS
SÚMULA VINCULANTE 14. É direito do defensor, no (ATO ILEGAL OU COM ABUSO DE PODER)
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento
FUNDAMENTOS DA REVISÃO (DIREITO)
investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa. REQUERIMENTO FINAL - PEDIDO
*LEMBRANDO que descumprimento de súmula vinculante "Diante do exposto, pugna o requerente pela concessão da
cabe (também) reclamação ao STF, além do MS. medida liminar, visto presente o fumus boni iuris e o periculum in
mora, para determinar XXXX. Outrossim, notificar a autoridade
ii) juiz que indefere o pedido de habilitação do ofendido coatora para prestar informações e o MP, para ao final para que
como assistente de acusação; sigilo de informações no seja definitivamente concedida a segurança confirmando-se a
processo que o indivíduo foi absolvido; antecipar os efeitos liminar.
de tutela recursal quando não há previsão.
Atribui-se o valor da causa para efeitos fiscais, o de R$xxx.
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Nestes termos, pede deferimento. - que decretar medida de segurança, depois de


transitar a sentença em julgado;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de
Local e data.
segurança, nos casos do art. 774;
Assinatura do Advogado
XXII - que revogar a medida de segurança; XXIII -
OAB/UF que deixar de revogar a medida de segurança, nos
casos em que a lei admita a revogação;

XV- PETIÇÃO NOS AUTOS DA


EXECUÇÃO PENAL 1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

(Lei 7210/84) Art. 66, Lei 7210/84 Petição nos autos: pedido de
progressão; pedido de livramento condicional; pedido de
Art. 66, LEP
remição; pedido de saída temporária; Execução das penas
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de em espécies: privativa de liberdade; restritiva de liberdade;
qualquer modo favorecer o condenado; multa; medida de segurança.
II - declarar extinta a punibilidade;
Súmula 611, STF – “Transitada em julgado a sentença
III - decidir sobre: a) soma ou unificação de penas; condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação
b) progressão ou regressão nos regimes; c) de lei mais benigna.”
detração e remição da pena; d) suspensão
condicional da pena; e) livramento condicional; f) A execução definitiva ocorre apenas após trânsito em
incidentes da execução. julgado. Todavia, na lógica da súmula 716, STF é possível a
IV - autorizar saídas temporárias; V - determinar: execução provisória para antecipar benefícios, através de
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de PETIÇÃO NOS AUTOS PARA O JUÍZO DA EXECUÇÃO.
direitos e fiscalizar sua execução; b) a conversão da S. 716, STF – “Admite-se a progressão de regime de
pena restritiva de direitos e de multa em privativa cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime
de liberdade; c) a conversão da pena privativa de
menos severo nela determinada, antes do trânsito em
liberdade em restritiva de direitos; d) a aplicação
da medida de segurança, bem como a substituição
julgado da sentença condenatória.” Se a decisão for
da pena por medida de segurança; e) a revogação recorrível, mas já há possibilidade de concessão de
da medida de segurança; f) a desinternação e o benefício de execução.
restabelecimento da situação anterior; g) o O STF entende que deve haver uma execução provisória
cumprimento de pena ou medida de segurança em para conceder o benefício.
outra comarca; h) a remoção do condenado na
hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da 2. LEGITIMIDADE
medida de segurança;
APENADO
VII - inspecionar, mensalmente, os
estabelecimentos penais, tomando providências
para o adequado funcionamento e promovendo, 3. ENDEREÇAMENTO
quando for o caso, a apuração de
JUIZ DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL
responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte,
SUMULA 192, STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais
estabelecimento penal que estiver funcionando em do Estado a execução das penas impostas a sentenciados
condições inadequadas ou com infringência aos pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos
dispositivos desta Lei; a estabelecimentos sujeitos à administração estadual. A
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. competência é determinada pela unidade prisional em que
o apenado cumpre sua pena. Assim, caso tenha sido
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
condenado pela justiça federal, mas cumpre pena em
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da presídio estadual, a competência será no juiz estadual.
decisão, despacho ou sentença: (CPP)
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão
condicional da pena; (Quando for concedida na 4. FINALIDADE
sentença caberá apelação; no Juízo de Execução – PEDIDO DE BENEFÍCIO PARA A PENA. SENTENCIADO;
Agravo)
APENADO; CONDENADO
- que conceder, negar ou revogar livramento
condicional;
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; (Na
Sentença – Apelação; Juizo de Execução-Agravo)

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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __ de documento falso quando se tratar de falsificação da


Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira
VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA XXX
de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas
pela Marinha do Brasil.
PEDIDO DE XXX 45. A competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela constituição
CABEÇALHO
estadual.
"NOME DO PAENADO, qualificação civil, vem, por seu
46. A definição dos crimes de responsabilidade e o
procurador judicial, a presença de Vossa Excelência,
estabelecimento das respectivas normas de processo e
apresentar PEDIDO DE ____, com fundamento no artigo ___
julgamento são da competência legislativa privativa da
DA lEI 7210/84, alegando em síntese, o seguinte:"
União.
56. A falta de estabelecimento penal adequado não
"No caso concreto é cabível o benefício xxxx, previsto no autoriza a manutenção do condenado em regime
artigo xxxx" prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa
CABIMENTO DO BENEFÍCIO hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL STJ (2022)


648. A superveniência da sentença condenatória prejudica
o pedido de trancamento da ação penal por falta de
REQUERIMENTO
justa causa feito em habeas corpus.
645. O crime de fraude à licitação é formal, e sua
Nestes termos, pede deferimento. consumação prescinde da comprovação do prejuízo ou
da obtenção de vantagem.
Local, data, Advogado. 643. A execução da pena restritiva de direitos depende do
trânsito em julgado da condenação.
639. Não fere o contraditório e o devido processo decisão
 SÚMULAS RECENTES que, sem ouvida prévia da defesa, determine
STF – SÚMULAS VINCULANTES transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal.
11. O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal) foi recebido pela ordem 636. A folha de antecedentes criminais é documento
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
temporal previsto no caput do artigo 58. reincidência.
24. Não se tipifica crime material contra a ordem 631. O indulto extingue os efeitos primários da condenação
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. secundários, penais ou extrapenais.
26. Para efeito de progressão de regime no cumprimento 630. A incidência da atenuante da confissão espontânea no
de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º reconhecimento da traficância pelo acusado, não
da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo bastando a mera admissão da posse ou propriedade
de avaliar se o condenado preenche, ou não, os para uso próprio.
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, 617. A ausência de suspensão ou revogação do livramento
podendo determinar, para tal fim, de modo condicional antes do término do período de prova
fundamentado, a realização de exame criminológico. enseja a extinção da punibilidade pelo integral
35. A homologação da transação penal prevista no artigo cumprimento da pena.
76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, 607. A majorante do tráfico transnacional de drogas (art.
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a da destinação internacional das drogas, ainda que não
continuidade da persecução penal mediante consumada a transposição de fronteiras.
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
606. Não se aplica o princípio da insignificância a casos de
policial.
transmissão clandestina de sinal de internet via
36. Compete à Justiça Federal comum processar e julgar radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto
civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.
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605. A superveniência da maioridade penal não interfere na 545. Quando a confissão for utilizada para a formação do
apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante
medida socioeducativa em curso, inclusive na prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 542. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
21 anos. resultante de violência doméstica contra a mulher é
600. Para a configuração da violência doméstica e familiar pública incondicionada.
prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria 536. A suspensão condicional do processo e a transação
da Penha) não se exige a coabitação entre autor e penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao
vítima. rito da Lei Maria da Penha.
599. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes 535. A prática de falta grave não interrompe o prazo para
contra a administração pública. fim de comutação de pena ou indulto.
593. O crime de estupro de vulnerável se configura com a 534. A prática de falta grave interrompe a contagem do
conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com prazo para a progressão de regime de cumprimento de
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
consentimento da vítima para a prática do ato, sua infração.
experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente. 533. Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar
no âmbito da execução penal, é imprescindível a
589. É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes instauração de procedimento administrativo pelo
ou contravenções penais praticados contra a mulher diretor do estabelecimento prisional, assegurado o
no âmbito das relações domésticas. direito de defesa, a ser realizado por advogado
588. A prática de crime ou contravenção penal contra a constituído ou defensor público nomeado.
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente 528. Compete ao juiz federal do local da apreensão da
doméstico impossibilita a substituição da pena droga remetida do exterior pela via postal processar e
privativa de liberdade por restritiva de direitos. julgar o crime de tráfico internacional.
587. Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, 527. O tempo de duração da medida de segurança não
da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva deve ultrapassar o limite máximo da pena
transposição de fronteiras entre estados da Federação, abstratamente cominada ao delito praticado.
sendo suficiente a demonstração inequívoca da
intenção de realizar o tráfico interestadual. 526. O reconhecimento de falta grave decorrente do
cometimento de fato definido como crime doloso no
582. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse cumprimento da pena prescinde do trânsito em
do bem mediante emprego de violência ou grave julgado de sentença penal condenatória no processo
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à penal instaurado para apuração do fato.
perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e 522. A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
pacífica ou desvigiada. autoridade policial é típica, ainda que em situação de
alegada autodefesa.
575. Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou
entregar a direção de veículo automotor a pessoa que
não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer  JURISPRUDÊNCIAS 2020 / 2021 /
das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de 2022 / 2023
perigo de dano concreto na condução do veículo. 2023
567. Sistema de vigilância realizado por monitoramento EDIÇÃO N. 205: MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA
eletrônico ou por existência de segurança no interior - LEI N. 11.340/2006
de estabelecimento comercial, por si só, não torna
1) As medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340/2006 são
impossível a configuração do crime de furto. aplicáveis às minorias, como transexuais, transgêneros,
562. É possível a remição de parte do tempo de execução cisgêneros e travestis em situação de violência doméstica,
da pena quando o condenado, em regime fechado ou afastado o aspecto meramente biológico.
semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda 2) As medidas protetivas impostas pela prática de violência
que extramuros. doméstica e familiar contra a mulher possuem natureza
satisfativa, motivo pelo qual podem ser pleiteadas de forma
546. A competência para processar e julgar o crime de uso
autônoma, independentemente da existência de outras ações
de documento falso é firmada em razão da entidade judiciais.
ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão 3) Não se aplica o art. 308 do CPC/2015, que exige o ajuizamento
de ação principal no prazo de trinta dias, à medida protetiva de
expedidor.
alimentos deferida com fundamento na Lei n. 11.340/2006, que
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possui natureza satisfativa, e não cautelar. 2) Ante a ausência de previsão normativa, a apelação é o
(...)10) Compete à Justiça Federal apreciar pedido de medida recurso adequado para impugnar decisão de juiz de
protetiva de urgência decorrente de crime de ameaça contra primeiro grau que recusa homologação do acordo de
mulher, iniciado no estrangeiro com resultado no Brasil e colaboração premiada.
cometido por meio de rede social de grande alcance. 3) Não constitui erro grosseiro a interposição de
EDIÇÃO N. 206: MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA correição parcial, ao invés de apelação, contra a decisão
II - LEI N. 11.340/2006 que recusa homologação de acordo de colaboração
1) É desnecessária a demonstração de subjugação feminina para premiada diante da existência de dúvida objetiva quanto
o deferimento de medidas protetivas de urgência previstas na ao instrumento adequado, por aplicação do princípio da
Lei Maria da Penha. fungibilidade recursal.
2) As medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e 4) Ante a ausência de previsão normativa, o agravo
III do art. 22 da Lei Maria da Penha têm natureza jurídica de regimental é o recurso adequado para impugnar decisão
cautelares penais e, por isso, devem ser analisadas à luz do de desembargador relator que recusa homologação do
Código de Processo Penal, logo não há falar em citação do acordo de colaboração premiada.
requerido para apresentar contestação, tampouco em 5) O colaborador beneficiado com delação premiada
decretação da revelia, nos moldes da lei processual civil.
pode ser ouvido em juízo como testemunha, desde que
3) As medidas protetivas deferidas com base no art. 22, incisos I, não figure como réu no mesmo processo.
II e III, da Lei n. 11.340/2006 possuem natureza penal, por essa
razão deve ser reconhecida a incompetência das Câmaras Cíveis
6) É possível a oitiva de coautor colaborador, constante
para apreciar e julgar recursos propostos contra referidas ou não do processo, exige-se, contudo, que a condição
medidas. de favorecido com acordo de colaboração premiada seja
de conhecimento do acusado.
4) A competência para a persecução penal de crimes praticados
no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher é do 7) Aplicada a redução prevista no acordo de colaboração
Juízo do local dos fatos; se, posteriormente, a vítima requerer e premiada firmado com o Ministério Público, não é
obtiver medidas protetivas de urgência no Juízo cível de seu cabível a incidência de minorante da delação premiada
novo domicílio, não ocorrerá prevenção nem modificação de unilateral, pois implicaria aplicar, duas vezes, causa de
competência para a análise de feito criminal. redução da pena com base no mesmo fato, o que
(...)6) O Código de Processo Penal e a Lei Maria da Penha não configura bis in idem de benefícios.
fixam prazo para a vigência das medidas protetivas de urgência, 8) A concessão dos benefícios legais decorrentes da
entretanto sua duração temporal deve ser pautada pelo delação premiada depende da efetiva e eficaz
princípio da razoabilidade, pois não é possível a eternização da contribuição do agente colaborador.
restrição a direitos individuais
9) Os benefícios da colaboração premiada não são
7) É indevida a manutenção de medidas protetivas de urgência aplicáveis no âmbito do processo administrativo
na hipótese de conclusão do inquérito policial sem indiciamento
disciplinar.
do acusado.
10) Os benefícios legais decorrentes da colaboração
8) Não é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por
premiada não são aplicáveis no âmbito da ação de
restritiva de direitos no crime de descumprimento de medidas
protetivas de urgência, haja vista que um dos bens jurídicos
improbidade administrativa.
tutelados é a integridade física e psíquica da mulher em favor de EDIÇÃO N. 193: DA COLABORAÇÃO PREMIADA (2022)
quem se fixaram tais medidas.
1) A par da promulgação da Lei n. 12.850/2013, há no
9) O descumprimento de ordem judicial que impõe medida ordenamento jurídico previsões esparsas de colaboração
protetiva de urgência em favor de vítima de violência premiada - gênero do qual a delação premiada é espécie.
doméstica autoriza decretação da prisão preventiva.
2) Os institutos da colaboração premiada (Lei n.
10) Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na 12.850/2013) e da delação premiada (presente em
fixação de medida protetiva de urgência consistente na proibição legislações esparsas) são dotados de natureza jurídica
de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar, pois
distinta: a colaboração é um negócio jurídico bilateral
limita a liberdade de ir e vir do paciente
firmado entre as partes interessadas, enquanto a
delação é ato unilateral do acusado.
2022 3) O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico
personalíssimo, que gera obrigações e direitos entre as
EDIÇÃO N. 194: DA COLABORAÇÃO PREMIADA II (2022) partes celebrantes e não interfere, automaticamente, na
1) Eventual dilação do término da instrução probatória esfera jurídica de terceiros, razão pela qual estes, ainda
decorrente de inclusão de novos acordos de colaboração que expressamente mencionados ou acusados pelo
premiada não serve como fundamento para, por si só, delator em suas declarações, não têm legitimidade para
configurar excesso de prazo na fase instrutória, pois não questionar a validade do acordo celebrado.
indica desídia ou negligência do Poder Judiciário ou do 4) Não é possível expandir os benefícios advindos da
Ministério Público Federal no exercício de suas funções. delação premiada, ato unilateral do acusado, para além
da fronteira objetiva e subjetiva da ação penal, em
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virtude de sua natureza endoprocessual, sob pena de estabelecimento penal federal de segurança máxima.
violação ou afronta ao princípio do juiz natural. 5) O prazo de 90 dias previsto no parágrafo único do
5) Compete ao Poder Judiciário a análise da extensão dos art. 316 do CPP para revisão da prisão preventiva não é
benefícios firmados em acordo de colaboração peremptório, de modo que eventual atraso na execução
premiada, observada legislação vigente, especialmente o do ato não implica reconhecimento automático da
que dispõe o art. 4º, § 1º, da Lei n. 12.850/2013. ilegalidade da prisão, tampouco a imediata colocação
6) A atuação do Poder Judiciário na homologação do do custodiado cautelar em liberdade.
acordo de colaboração premiada (art. 4º, § 7º, da Lei n. 6) A revisão periódica e de ofício da legalidade da prisão
12.850/2013) deve se limitar à análise de regularidade, preventiva disciplinada no parágrafo único do art. 316
legalidade e voluntariedade do negócio jurídico firmado, do CPP, incluída pela Lei n. 13.964/2019, não se aplica
não é, portanto, permitido emitir juízo de valor acerca de aos tribunais, quando em atuação como órgão revisor.
declarações ou elementos informativos prestados pelo 7) Não é possível a decretação da prisão preventiva de
colaborador ou, ainda, quanto à conveniência e à ofício em face do que dispõe a Lei n. 13.964/2019,
oportunidade do acordo. mesmo se decorrente de conversão da prisão em
7) A concessão dos benefícios da delação previstos nos flagrante.
arts. 13 (perdão judicial) e 14 (causa de diminuição de 8) A posterior manifestação do órgão ministerial ou da
pena) da Lei n. 9.807/1999 - Lei de Proteção a Vítimas, autoridade policial pela conversão ou decretação de
Testemunhas e Réus Colaboradores - depende do prisão cautelar supre o vício de não observância da
preenchimento cumulativo dos requisitos legais neles formalidade do prévio requerimento para a prisão
descritos. preventiva decretada de ofício.
8) A concessão do benefício da delação previsto no art. 9) A exigência de representação da vítima como
41 (causa de diminuição de pena) da Lei n. 11.343/2006 - condição de procedibilidade para a ação penal por
Lei de Drogas - depende do preenchimento cumulativo estelionato, inserida pela Lei n. 13.964/2019, não
dos requisitos legais nele descritos. alcança os processos cuja denúncia foi apresentada
9) A gravação ambiental realizada por colaborador antes da vigência de referida norma.
premiado, um dos interlocutores da conversa, sem o 10) A retroatividade da representação da vítima no
consentimento dos outros, é lícita, ainda que obtida sem crime de estelionato, inserida pelo Pacote Anticrime,
autorização judicial, e pode ser validamente utilizada deve se restringir à fase policial, pois não alcança o
como meio de prova no processo penal. processo.
EDIÇÃO N. 185: DO PACOTE ANTICRIME II (2022/2021)
EDIÇÃO N. 184: DO PACOTE ANTICRIME (2022/2021) 1) O acordo de não persecução penal - ANPP, previsto
1) Após a entrada em vigor do Pacote Anticrime, no art. 28-A do Código de Processo Penal, aplica-se a
reconhece-se a retroatividade do patamar estabelecido fatos ocorridos antes da Lei n. 13.964/2019, desde que
no art. 112, V, da Lei n. 7.210/1984, àqueles apenados não recebida a denúncia.
que, embora tenham cometido crime hediondo ou 2) O acordo de não persecução penal - ANPP não
equiparado sem resultado morte, não sejam constitui direito subjetivo do investigado, assim pode
reincidentes em delito de natureza semelhante. ser proposto pelo Ministério Público conforme as
2) Após a entrada em vigor do Pacote Anticrime, o peculiaridades do caso concreto, quando considerado
condenado por crime hediondo ou equiparado com necessário e suficiente para reprovar e prevenir
resultado morte, que seja reincidente genérico, deverá infrações penais.
cumprir ao menos 50% da pena para a progressão de 3) O controle do Poder Judiciário quanto ao pedido de
regime prisional, pelo uso da analogia in bonam revisão do não oferecimento do acordo de não
partem. persecução penal - ANPP deve se limitar a questões
3) O requisito previsto no art. 83, III, b, do Código Penal, relacionadas aos requisitos objetivos, não é, portanto,
inserido pela Lei n. 13.964/2019 (não cometimento de legítimo o exame do mérito a fim de impedir a remessa
falta grave nos últimos 12 meses) é pressuposto dos autos ao órgão superior do Ministério Público.
objetivo para a concessão de livramento condicional, e 4) O Ministério Público não é obrigado a notificar o
não limita a valoração do requisito subjetivo, inclusive investigado no caso de recusa de oferecimento de
quanto a fatos anteriores à vigência do Pacote acordo de não persecução penal - ANPP.
Anticrime, de forma que somente haverá fundamento
inválido quando consideradas faltas disciplinares muito 5) Após a vigência do Pacote Anticrime, é possível
antigas. celebrar acordo de não persecução cível em fase
recursal no âmbito da ação de improbidade
4) O Pacote Anticrime estendeu o prazo inicial de administrativa.
permanência do custodiado em presídio federal de 360
dias para 3 anos, sem alterar o disposto na Lei n. 6) O Pacote Anticrime, atento à jurisprudência
11.671/2008, que não prevê limite temporal para dominante do Superior Tribunal de Justiça e do
renovação de permanência de preso em Supremo Tribunal Federal, introduziu, no § 1º do art.
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315 do CPP, o requisito da contemporaneidade dos ideias, uma interpretação teleológica da Lei n.
fatos como fundamento para decisão que decretar, 13.257/2016, em conjunto com as disposições da Lei de
substituir ou denegar prisão preventiva ou qualquer Execução Penal, e à luz do constitucionalismo fraterno,
outra medida cautelar diversa da prisão, vedada a previsto no art. 3º, bem como no preâmbulo da
exposição de motivos genéricos e abstratos. Constituição Federal, revela ser possível se inferir que as
7) Após alterações promovidas pelo Pacote Anticrime inovações trazidas pelo novo regramento podem ser
na Lei n. 8.072/1990, o crime de porte ou posse de arma aplicadas também à fase de execução da pena.
de fogo de uso permitido com numeração, marca ou (Informativo n. 647.)
qualquer outro sinal de identificação raspado, O Decreto n. 9.246/2017 não traz nenhuma ressalva ao
suprimido ou adulterado deixou de ser equiparado a regime de cumprimento de pena quando dispõe sobre a
hediondo. comutação aos condenados que cumprem pena privativa
8) Após revogação expressa do art. 2º, § 2º, da Lei n. de liberdade. Ao incluir na previsão legal as pessoas que
8.072/1990 pelo Pacote Anticrime, a progressão de estão em liberdade ou bastante próximas de sua
regime para os condenados pela prática de crime obtenção, o Presidente da República não vedou, via
hediondo ou equiparado passou a ser regida pelo art. reversa, o benefício aos reeducandos dos regimes
112 da Lei n. 7.210/1992 (LEP), que modificou a semiaberto e fechado. Assim, o art. 8° do Decreto n.
sistemática com o acréscimo de critérios e percentuais 9.246/2017 é norma inclusiva e não proibitiva.
distintos e específicos para cada grupo, conforme a (Informativo n. 659.)
natureza do crime. A qualificação de hediondez aos crimes do art. 16 da Lei
9) Antes da entrada em vigor do Pacote Anticrime, não n. 10.826/2003, inserida pela Lei n. 13.497/2017,
é ilegal a decretação de prisão preventiva de ofício, abrange os tipos do caput e as condutas equiparadas
ainda que decorrente de conversão da prisão em previstas no seu parágrafo único. O art. 16 da Lei n.
flagrante, pois as normas de natureza processual 10.826/2003 (Estatuto do desarmamento) prevê
sujeitam-se ao princípio tempus regit actum e não gravosas condutas de contato com "arma de fogo,
retroagem para atingir atos praticados antes da sua acessório ou munição de uso proibido ou restrito", vindo
vigência. seu parágrafo único a acrescer figuras equiparadas - em
gravidade e resposta criminal. Dessa forma, ainda que
10) Apesar da alteração legislativa promovida pela Lei algumas das condutas equiparadas possam ser
n. 13.964/2019 no art. 492, I, e, do Código de Processo praticadas com armas de uso permitido, o legislador as
Penal - CPP, a jurisprudência do Superior Tribunal de considerou graves ao ponto de torná-las com reprovação
Justiça e do Supremo Tribunal Federal entende que é criminal equivalente às condutas do caput. No art. 1º,
ilegal a execução provisória da pena como decorrência parágrafo único, da Lei n. 8.072/1990, com redação dada
automática da condenação proferida pelo Tribunal do pela Lei n. 13.497/2017, o legislador limitou-se a prever
Júri, salvo quando demonstrados os fundamentos da que o delito descrito no art. 16 da Lei n. 10.826/2003 é
prisão preventiva. considerado hediondo. Assim, como a equiparação é
11) A busca e apreensão é medida cautelar real, assim, tratamento igual para todos os fins, considerando
diferentemente das cautelares pessoais, independe, equivalente o dano social e equivalente também a
para sua concessão, da comprovação do requisito da necessária resposta penal, salvo ressalva expressa, ao ser
contemporaneidade dos fatos introduzido pelo Pacote qualificado como hediondo o art. 16 da Lei n.
Anticrime no § 1º do art. 315 do CPP. 10.826/2003, as condutas equiparadas devem receber
igual tratamento. (Informativo n. 657.)
2020
A pendência de julgamento de litígio no exterior não
É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se
impede, por si só, o processamento da ação penal no
trate de execução provisória da pena, para condenada
Brasil, não configurando bis in idem.
com filho menor de 12 anos ou responsável por pessoa
com deficiência. No caso, a ré havia sido beneficiada com É impossível aplicar a analogia entre o instituto da
a conversão da prisão preventiva em domiciliar, mas, interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do
diante da confirmação da condenação, foi determinada a Whatsapp Web, das conversas realizadas pelo aplicativo
expedição do mandado de prisão, para se dar início à Whatsapp. Inicialmente, cumpre salientar que, ao
execução provisória da pena. Há precedentes desta contrário da interceptação telefônica, no âmbito da qual
Corte, contudo, autorizando a concessão de prisão o investigador de polícia atua como mero observador de
domiciliar mesmo em execução provisória da pena, não conversas empreendidas por terceiros, no espelhamento
se podendo descurar, ademais, que a prisão domiciliar é via WhatsApp Web o investigador de polícia tem a
instituto previsto tanto no art. 318, inciso V, do Código concreta possibilidade de atuar como participante tanto
de Processo Penal, para substituir a prisão preventiva de das conversas que vêm a ser realizadas quanto das
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade conversas que já estão registradas no aparelho celular,
incompletos, quanto no art. 117, inciso III, da Lei de haja vista ter o poder, conferido pela própria plataforma
Execuções Penais, que se refere à execução provisória ou online, de interagir diretamente com conversas que
definitiva da pena, para condenada com filho menor ou estão sendo travadas, de enviar novas mensagens a
deficiente físico ou mental. Nesse encadeamento de qualquer contato presente no celular, e de excluir, com

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total liberdade, e sem deixar vestígios, qualquer processo de transformação de visto, de registro, de
mensagem passada, presente ou futura. Insta registrar alteração de assentamentos, de naturalização, ou para a
que, por mais que os atos praticados por servidores obtenção de passaporte para estrangeiro, laissez-passer
públicos gozem de presunção de legitimidade, doutrina e ou, quando exigido, visto de saída, prevista no art. 125,
jurisprudência reconhecem que se trata de presunção XIII, da Lei n. 6.815/1980, não deixou de ser crime no
relativa, que pode ser ilidida por contra-prova Brasil com a revogação da referida lei, não havendo que
apresentada pelo particular. Não é o caso, todavia, do se falar em abolitio criminis, mas subsume-se agora ao
espelhamento: o fato de eventual exclusão de art. 299 do Código Penal. Operou-se, na espécie, o
mensagens enviadas (na modalidade "Apagar para mim") princípio da continuidade normativa típica. (Informativo
ou recebidas (em qualquer caso) não deixar n. 660.)
absolutamente nenhum vestígio nem para o usuário nem A alteração do sistema de medição, mediante fraude,
para o destinatário, e o fato de tais mensagens excluídas, para que aponte resultado menor do que o real consumo
em razão da criptografia endto-end, não ficarem de energia elétrica configura estelionato. Não se
armazenadas em nenhum servidor, constituem desconhece o precedente firmado nos autos do RHC n.
fundamentos suficientes para a conclusão de que a 62.437/SC, em 2016, em que o Ministro Nefi Cordeiro
admissão de tal meio de obtenção de prova implicaria consigna que a subtração de energia por alteração de
indevida presunção absoluta da legitimidade dos atos medidor sem o conhecimento da concessionária, melhor
dos investigadores, dado que exigir contraposição idônea se amolda ao delito de furto mediante fraude e não ao
por parte do investigado seria equivalente a demandar- de estelionato. Ao que se pode concluir dos estudos
lhe produção de prova diabólica (o que não ocorre em doutrinários, no furto, a fraude visa a diminuir a
caso de interceptação telefônica, na qual se oportuniza a vigilância da vítima e possibilitar a subtração da res
realização de perícia). Em segundo lugar, ao contrário da (inversão da posse). O bem é retirado sem que a vítima
interceptação telefônica, que tem como objeto a escuta perceba que está sendo despojada de sua posse. Por sua
de conversas realizadas apenas depois da autorização vez, no estelionato, a fraude objetiva fazer com que a
judicial (ex nunc), o espelhamento via QR Code viabiliza vítima incida em erro e voluntariamente entregue o
ao investigador de polícia acesso amplo e irrestrito a objeto ao agente criminoso, baseada em uma falsa
toda e qualquer comunicação realizada antes da percepção da realidade. No caso dos autos, verfica-se
mencionada autorização, operando efeitos retroativos que as fases "A" e "B" do medidor estavam isoladas por
(ex tunc). Em termos técnico-jurídicos, o espelhamento um material transparente, que permitia a alteração do
seria melhor qualificado como um tipo híbrido de relógio e, consequentemente, a obtenção de vantagem
obtenção de prova consistente, a um só tempo, em ilícita aos acusados pelo menor consumo/pagamento de
interceptação telefônica (quanto às conversas ex nunc) e energia elétrica - por induzimento em erro da companhia
em quebra de sigilo de e-mail (quanto às conversas ex de eletricidade. Assim, não se trata da figura do "gato"
tunc). Não há, todavia, ao menos por agora, previsão de energia elétrica, em que há subtração e inversão da
legal de um tal meio de obtenção de prova híbrido. Por posse do bem. Trata-se de serviço lícito, prestado de
fim, ao contrário da interceptação telefônica, que é forma regular e com contraprestação pecuniária, em que
operacionalizada sem a necessidade simultânea de busca a medição da energia elétrica é alterada, como forma de
pessoal ou domiciliar para apreensão de aparelho burla ao sistema de controle de consumo - fraude - por
telefônico, o espelhamento via QR Code depende da induzimento em erro, da companhia de eletricidade, que
abordagem do indivíduo ou do vasculhamento de sua mais se adequa à figura descrita no tipo elencado no art.
residência, com apreensão de seu aparelho telefônico 171, do Código Penal (estelionato). (Informativo n. 648.)
por breve período de tempo e posterior devolução
desacompanhada de qualquer menção, por parte da Tráfico de drogas. Crime praticado em presídio por meio
autoridade policial, à realização da medida constritiva, de telefone. Art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006.
ou mesmo, porventura acompanhada de afirmação falsa Majorante. Incidência . Não é necessário que a droga
de que nada foi feito. (Informativo n. 640.) passe por dentro do presídio para que incida a majorante
prevista no art. 40, III, da Lei n. 11.343/2006. Em estando
Eventuais condenações criminais do réu transitadas em os autores dos crimes incluídos no sistema penitenciário,
julgado e não utilizadas para caracterizar a reincidência não se pode afastar a conclusão de que seus atos foram
somente podem ser valoradas, na primeira fase da praticados no interior do presídio, ainda que os efeitos
dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se destes atos tenham se manifestado a quilômetros de
admitindo sua utilização também para desvalorar a distância. O inciso III do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 não
personalidade ou a conduta social do agente. faz a exigência de que as drogas, objeto do crime,
(Informativo n. 647.) efetivamente passem por dentro dos locais que se busca
No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o dar maior proteção, mas apenas que o cometimento dos
adimplemento do débito antes do recebimento da crimes tenha ocorrido em seu interior. (Informativo n.
denúncia não extingue a punibilidade. (Informativo n. 659.)
645.) O crime do art. 240 do Estatuto da Criança e do
Insta salientar, inicialmente, que a Lei n. 6.815/1980 foi Adolescente - ECA se insere no contexto de proibição da
expressamente revogada pela Lei n. 13.445/2017. No produção e registro visual, por qualquer meio, de cenas
entanto, a conduta de fazer declaração falsa em de sexo explícito, no sentido da interpretação autêntica
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do art. 241-F do ECA, envolvendo crianças e investigações e diligências objetivando a busca da


adolescentes, o que caracteriza violência sexual, nos verdade real, sendo certo que as investigações feitas no
termos do art. 4º da Lei n. 13.431/2017. No caso, o curso do inquérito, como no da ação penal, se
paciente, mediante aparelho celular, registrou imagens e diferenciam, primordialmente, no que diz respeito à
filmou cenas de sexo explícito entre os corréus e duas amplitude do contraditório, ampla defesa e o devido
adolescentes, o que, segundo o Tribunal a quo, com uma processo legal. Ressalta-se que a persecução penal é
única conduta teria cometido dois crimes, incidindo em contínua não havendo de se falar em estancamento das
concurso formal de crimes. Primeiramente, o fato de ter investigações com o recebimento da denúncia. Ademais,
fotografado e filmado as cenas de sexo indica a execução sabe-se que muitas diligências realizadas no âmbito
de dois verbos, com dupla conduta, todavia, policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte
representando subordinação típica única, tendo em vista que não é possível tratar inquérito e ação penal como
sua realização no mesmo contexto fático. Por dois momentos absolutamente independentes da
conseguinte, da execução de mais de um verbo típico persecução penal. (Informativo n. 650.)
representa único crime, dada a natureza de crime de A Súmula Vinculante n. 56/STF é inaplicável ao preso
ação múltipla ou conduta variada do tipo em comento. O provisório. (Informativo n. 642.)
concurso formal próprio ou perfeito (CP, art. 70, primeira
parte), cuja regra para a aplicação da pena é a da É ilegal a sanção administrativa que impede
exasperação, foi criado com intuito de favorecer o réu definitivamente o direito do preso de receber visitas. O
nas hipóteses de unicidade de conduta, com pluralidade ordenamento jurídico garante a toda pessoa privada da
de resultados, não derivados de desígnios autônomos, liberdade o direito a um tratamento humano e à
afastando-se, pois, os rigores do concurso material (CP, assistência familiar e não prevê nenhuma hipótese
art. 69). No caso, as instâncias ordinárias entenderam de perda definitiva do direito de visita. Assim, a negativa
que a conduta do réu realizou dois resultados típicos, da revisão do cancelamento do registro de visitante está
haja vista a existência de duas adolescentes filmadas e em descompasso com a proibição constitucional de
fotografadas em sexo explícito. Verifica-se, entretanto, penalidades de caráter perpétuo. Na hipótese é ilegal a
que inexistem dois resultados típicos, porquanto o crime sanção administrativa que impede definitivamente o
em questão é formal ou de consumação antecipada, preso de estabelecer contato com seu genitor por
consumando-se, pois, unicamente pela prática da suprimir o direito previsto no art. 41, X, da LEP,
conduta de filmar ou fotografar cenas de sexo explícito, porquanto tem-se por caracterizado o excesso de prazo
da qual participe criança ou adolescente. O efetivo abalo da medida, que deve subsistir por prazo razoável à
psíquico e moral por elas sofrido ou a disponibilidade das implementação de sua finalidade. Até mesmo nos casos
filmagens ou fotos é mero exaurimento do crime, de homologação de faltas graves (fuga, subversão da
irrelevantes para sua consumação, motivo pelo qual a disciplina etc.) ou de condenações definitivas existe, nos
quantidade de vítimas menores filmadas ou fotografadas regimentos penitenciários ou no art. 94 do CP, a
é elemento meramente circunstancial, apto a ser possibilidade de reabilitação. Toda pena deve atender ao
valorado na pena-base, sem, contudo, indicar qualquer caráter de temporariedade. (Informativo n. 661.)
subsunção típica adicional. Por conseguinte, como as
É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima
condutas de filmar e fotografar foram executadas
realizada com base unicamente em denúncia anônima.
durante o mesmo contexto fático, relativo ao ato sexual
No caso, a acusada foi submetida à realização de revista
conjunto de dois corréus com duas adolescentes, há duas
íntima com base, tão somente, em uma denúncia
condutas de subsunção típica única, motivo pelo qual se
anônima feita ao presídio no dia dos fatos informando
conclui pela existência de crime único. (Informativo n.
que ela tentaria entrar no presídio com drogas, sem a
655.)
realização de outras diligências prévias para apurar a
O tipo penal previsto pelo art. 2º, §1º, da Lei n. veracidade e a plausibilidade dessa informação.
12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o Portanto, se não havia fundadas suspeitas para a
inquérito policial e a ação penal. Não é razoável dar ao realização de revista na acusada, não há como se admitir
art. 2º, §1º, da Lei n. 12.850/2013 uma interpretação que a mera constatação de situação de flagrância,
restritiva para reconhecer como típica a conduta do posterior à revista, justifique a medida, sob pena de
agente de impedir ou embaraçar a investigação somente esvaziar-se o direito constitucional à intimidade, à honra
na fase extrajudicial. Com efeito, as investigações se e à imagem do indivíduo. (Informativo n. 659.)
prolongam durante toda a persecução criminal, que
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa
abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal
alheia móvel para fins de configuração da tipicidade dos
deflagrada pelo recebimento da denúncia. Não havendo
delitos patrimoniais. No caso, o agente se negou a
o legislador inserido no tipo a expressão estrita
efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um
"inquérito policial", compreende-se ter conferido à
golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair objeto
investigação de infração penal o sentido de persecução
algum, de modo a excluir o animus furandi, o que afasta
penal como um todo, até porque carece de razoabilidade
a conduta do núcleo do tipo de roubo qualificado pelo
punir mais severamente a obstrução das investigações
resultado, composto pelo verbo subtrair e pelo
do inquérito do que a obstrução da ação penal. Frise-se
complemento "coisa alheia móvel". A equiparação da
que também no curso da ação penal são feitas
dívida de transporte com a coisa alheia móvel prevista no
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tipo do art. 157 do Código Penal não pode ser admitida condições impostas pelo juízo da execução, admite-se ao
em razão dos princípios elementares da tipicidade e da executado, em prisão domiciliar, ausentar-se de sua
legalidade estrita que regem a aplicação da lei penal. A residência para frequentar culto religioso, no período
doutrina conceitua coisa como "tudo aquilo que existe, noturno. (Informativo n. 657.)
podendo tratar-se de objetos inanimados ou de Reeducando, em prisão domiciliar, pode ser autorizado a
semoventes". Ademais, embora a dívida do agente para se ausentar de sua residência para frequentar culto
com o motorista tenha valor econômico, de coisa não se religioso no período noturno. O benefício da prisão
trata, ao menos para fins de definição jurídica exigida domiciliar possui normas de conduta a serem cumpridas,
para a correta tipificação da conduta. Aliás, de acordo entre elas o recolhimento domiciliar até às 19h. Dessa
com a doutrina, "os direitos reais ou pessoais não podem forma, as atividades profissionais e pessoais devem se
ser objeto de furto". (Informativo n. 658.) adequar aos horários e obrigações pré-estabelecidos.
É possível a configuração do delito de assédio sexual na Ocorre, todavia, que o cumprimento de prisão domiciliar
relação entre professor e aluno. Inicialmente cumpre não impede a liberdade de culto, quando compatível
salientar que a maior parte da doutrina despreza a com as condições impostas ao reeducando, atendendo à
condição de superior hierárquico ou ascendência finalidade ressocializadora da pena. Ademais,
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função na considerada a possibilidade de controle do horário e de
relação professor-aluno. Todavia, é irrazoável excluir a delimitação da área percorrida por meio do
(nítida) relação de ascendência - elemento normativo do monitoramento eletrônico, o comparecimento a culto
tipo - por parte do docente no caso de violação de um de religioso não representa risco ao cumprimento da pena.
seus deveres funcionais e morais, consistente em atribuir Assim, não havendo notícia do descumprimento das
notas, reconhecer o mérito e aprovar o aluno não apenas condições impostas pelo juízo da execução, admite-se ao
pelo seu desempenho intelectual, mas por eventual executado, em prisão domiciliar, ausentar-se de sua
barganha sexual. Ademais, é notório o propósito do residência para frequentar culto religioso, no período
legislador de punir aquele que se prevalece da condição noturno. (Informativo n. 657.)
de professor para obter vantagem de natureza sexual. Há compatibilidade entre o benefício da saída
Nenhuma outra profissão suscita tamanha reverência e temporária e prisão domiciliar por falta de
vulnerabilidade quanto a que envolve a relação aluno- estabelecimento adequado para o cumprimento de pena
mestre, que alcança, por vezes, autoridade paternal - de reeducando que se encontre no regime semiaberto.
dentro de uma visão mais tradicional do ensino. O 331 INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR Ao apenado em
professor está presente na vida de crianças, jovens e regime semiaberto que preencher os requisitos objetivos
também adultos durante considerável quantidade de e subjetivos do art. 122 e seguintes da Lei de Execuções
tempo, torna-se exemplo de conduta e os guia para a Penais, deve ser concedido o benefício das saídas
formação cidadã e profissional, motivo pelo qual a temporárias. No caso, a Corte local indeferiu o pedido de
"ascendência" constante do tipo penal do art. 216-A do saídas temporárias, por entender que o benefício é
Código Penal não pode se limitar à ideia de relação incompatível com a prisão domiciliar. Observado que o
empregatícia entre as partes. Assim, releva-se patente a benefício da saída temporária tem como objetivo a
aludida "ascendência", em virtude da "função" - outro ressocialização do preso e é concedido ao apenado em
elemento normativo do tipo -, dada a atribuição que tem regime mais gravoso - semiaberto -, não se justifica negar
o cátedra de interferir diretamente no desempenho a benesse ao reeducando que se encontra em regime
acadêmico do discente, situação que gera no estudante o menos gravoso - aberto, na modalidade de prisão
receio da reprovação. (Informativo n. 658.) domiciliar -, em razão de ausência de vagas em
A concessão do benefício da transação penal impede a estabelecimento prisional compatível com o regime
impetração de habeas corpus em que se busca o semiaberto. (Informativo n. 655.)
trancamento da ação penal. (Informativo n. 657.) É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade
Reeducando, em prisão domiciliar, pode ser autorizado a policial que atende, sem autorização, o telefone móvel
se ausentar de sua residência para frequentar culto do acusado e se passa pela pessoa sob investigação. No
religioso no período noturno. O benefício da prisão caso, no momento da abordagem ao veículo em que
domiciliar possui normas de conduta a serem cumpridas, estava o acusado, o policial atendeu ao telefone do
entre elas o recolhimento domiciliar até às 19h. Dessa condutor, sem autorização para tanto, e passou-se por
forma, as atividades profissionais e pessoais devem se ele para fazer a negociação de drogas e provocar o
adequar aos horários e obrigações pré-estabelecidos. flagrante. Esse policial também obteve acesso, sem
Ocorre, todavia, que o cumprimento de prisão domiciliar autorização pessoal nem judicial, aos dados do aparelho
não impede a liberdade de culto, quando compatível de telefonia móvel em questão, lendo mensagem que
com as condições impostas ao reeducando, atendendo à não lhe era dirigida. Tal conduta, embora não se encaixe
finalidade ressocializadora da pena. Ademais, perfeitamente no conceito de interceptação telefônica,
considerada a possibilidade de controle do horário e de revela verdadeira invasão de privacidade e indica a
delimitação da área percorrida por meio do quebra do sigilo das comunicações telefônicas, em
monitoramento eletrônico, o comparecimento a culto afronta a princípios muito caros do nosso ordenamento
religioso não representa risco ao cumprimento da pena. jurídico. Não merece, portanto, o endosso do Superior
Assim, não havendo notícia do descumprimento das Tribunal de Justiça, mesmo que se tenha em mira a
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persecução penal de pessoa supostamente envolvida impossibilidade da efetiva refutação da tese acusatória.
com tráfico de drogas. Nesse contexto, não tendo a O emprego de trechos da interceptação pode ensejar a
autoridade policial permissão, do titular da linha extração de conversas descontextualizadas, de modo que
telefônica ou mesmo da Justiça, para ler mensagens nem a falta de acesso ao inteiro teor das mídias obsta que a
para atender ao telefone móvel da pessoa sob defesa possa impugná-las no momento oportuno,
investigação e travar conversa por meio do aparelho com notadamente quando a condenação se fundamenta na
qualquer interlocutor que seja se passando por seu prova combatida. Sendo assim, uma vez lastreada a
dono, a prova obtida dessa maneira arbitrária é ilícita. condenação fortemente nas provas obtidas durante o
(Informativo n. 655.) monitoramento telefônico, advindo de prova
É possível a deflagração de investigação criminal com emprestada, constata-se
base em matéria jornalística. INFORMAÇÕES DO INTEIRO flagrante prejuízo à defesa não ser facultado o amplo
TEOR Inicialmente, para a configuração de justa causa, acesso à integralidade da prova, motivo pelo qual deve
seguindo o escólio da doutrina, "torna-se necessário [...] ser reconhecida a nulidade. (Informativo n. 648.)
a demonstração, prima facie, de que a acusação não Diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve
(seja) temerária ou leviana, por isso que lastreada em um prevalecer a sentença que transitou em julgado em
mínimo de prova. Este suporte probatório mínimo se primeiro lugar. Ademais, sobre o tema, o Supremo
relaciona com os indícios da autoria, existência material Tribunal Federal entende que "demonstrado o 'bis in
de uma conduta típica e alguma prova de sua idem', e assim a litispendência, prevalece a condenação
antijuridicidade e culpabilidade. Somente diante de todo imposta na primeira ação" (HC n. 69.615/SP, Rel.
este conjunto probatório é que, a nosso ver, se coloca o Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 19/2/1993) e que
princípio da obrigatoriedade da ação penal pública". "os institutos da litispendência e da coisa julgada
Nesse sentido, consigne-se que é possível que a direcionam à insubsistência do segundo processo e da
investigação criminal seja perscrutada pautando-se pelas segunda sentença proferida, sendo imprópria a
atividades diuturnas da autoridade policial, verbi gratia, prevalência do que seja mais favorável ao acusado" (HC
o conhecimento da prática de determinada conduta n. 101.131/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ acórdão
delitiva a partir de veículo midiático, no caso, a imprensa, Ministro Marco Aurélio, 1ª Turma, DJe 10/2/2012). Com
como de fato ocorreu. É o que se convencionou a base nessas premissas, reconhece-se a prevalência da
denominar, em doutrina, de notitia criminis de cognição primeira sentença transitada em julgado. (Informativo n.
imediata (ou espontânea), terminologia obtida a partir 642.)
da exegese do art. 5º, inciso I, do CPP, do qual se extrai
que "nos crimes de ação pública o inquérito policial será
iniciado de ofício". Ademais, e por fim, há previsão, de Informativo 779 (20 de junho de 2023)
jaez equivalente, no art. 3º da Resolução n. 181, de 2017
A vedação constante do art. 17 da Lei n. 11.340/2006 (Lei
do Conselho Nacional do Ministério Público, in verbis: o
Maria da Penha) obsta a imposição, nos casos de violência
procedimento investigatório criminal poderá ser
instaurado de ofício, por membro do Ministério Público, doméstica e familiar contra a mulher, de pena de multa
no âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar isoladamente, ainda que prevista de forma autônoma no
conhecimento de infração penal de iniciativa pública, por preceito secundário do tipo penal imputado.
qualquer meio, ainda que informal, ou mediante
provocação (redação dada pela Resolução n. 183, de 24
Informativo 777 (6 de junho de 2023)
de janeiro de 2018). (Informativo n. 652.)
No crime de furto contra empresa de segurança e
É dever do Estado a disponibilização da integralidade das
conversas advindas nos autos de forma emprestada,
transporte de valores, o prejuízo está inserido no risco do
sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de negócio e não autoriza a exasperação da pena basilar,
persecução de partes dos áudios interceptados. porquanto ínsito ao tipo penal.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR Faculta-se à defesa a O exame de corpo de delito poderá, em determinadas
integralidade das conversas advindas nos autos de forma situações, ser dispensado para a configuração de lesão
emprestada, sendo inadmissível a seleção pelas corporal ocorrida em âmbito doméstico, na hipótese de
autoridades de persecução acerca das partes a serem subsistirem outras provas idôneas da materialidade do
extraídas, mormente quando atestado no tribunal de crime.
origem a existência de áudios descontinuados, sem
ordenação sequencial lógica e com omissão de trechos A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima
da degravação, em que os excertos colacionados destas configura-se como concausa preexistente relativamente
interceptações constituem prova que interessa apenas independente, não sendo possível afastar o resultado mais
ao Ministério Público. Esta Corte Superior possui grave (morte) e, por consequência, a imputação de
entendimento de que a prova produzida durante a latrocínio. (o § 1º do art. 13 do Código Penal prevê uma
interceptação não pode servir apenas aos interesses do hipótese de exclusão da imputação - denominada por
órgão acusador, sendo imprescindível a preservação da alguns de "rompimento do nexo causal" -, respondendo o
sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o agente apenas pelos atos já praticados. Essa hipótese,
exercício da ampla defesa, tendo em vista a porém, apenas tem cabimento quando a concausa, além de
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relativamente independente, também for superveniente à Informativo 767, 21 de março de 2023


ação do agente, conduzindo, por si só, ao resultado É idônea a valoração negativa dos motivos do crime na
agravador. Ou seja, se a concausa relativamente hipótese em que o agressor se utiliza de ameaças para
independente for preexistente ou concomitante à ação do constranger a vítima a desistir de requerer o divórcio e
autor, não haverá exclusão do nexo de causalidade.) pensão alimentícia em benefício dos filhos.
A ocorrência de crime permanente e a existência de
Informativo 776, 30 de maio de 2023 situação de flagrância apta a mitigar a garantia
A valoração do requisito subjetivo para concessão do constitucional da inviolabilidade de domicílio justificam o
livramento condicional - bom comportamento durante a ingresso dos policiais em endereço diverso daquele contido
execução da pena (art. 83, inciso III, alínea a, do Código na ordem judicial.( Consoante decidido no RE 603.616/RO
Penal) - deve considerar todo o histórico prisional, não se pelo Supremo Tribunal Federal, não é necessário certeza
limitando ao período de 12 meses referido na alínea b do quanto à prática delitiva para se admitir a entrada em
mesmo inciso III do art. 83 do Código Penal. domicílio, bastando que, em compasso com as provas
produzidas, seja demonstrada justa causa para a medida,
ante a existência de elementos concretos que apontem
Informativo 775, 23 de maio de 2023 para situação de flagrância.)
Compete ao juízo estadual processar e julgar crime de Médico não pode acionar a polícia para investigar paciente
estelionato contra fundo estrangeiro no qual os atos que procurou atendimento médico-hospitalar por ter
desenvolvidos foram praticados em território nacional, praticado manobras abortivas, uma vez que se mostra como
ainda que diverso o domicílio de sócio lesado. confidente necessário, estando proibido de revelar segredo
do qual tem conhecimento, bem como de depor a respeito
do fato como testemunha.
Informativo 771, 25 de abril de 2023
A contratação de serviços espirituais para provocar a morte
de autoridades não configura crime de ameaça. Informativo 766, 14 de março de 2023
A audiência prevista no art. 16 da Lei n. 11.340/2006 tem
por objetivo confirmar a retratação, não a representação, e
Informativo 770, 18 de abril de 2023 não pode ser designada de ofício pelo juiz. Sua realização
Independentemente da extinção de punibilidade do autor, a somente é necessária caso haja manifestação do desejo da
vítima de violência doméstica deve ser ouvida para que se vítima de se retratar trazida aos autos antes do
verifique a necessidade de prorrogação/concessão das recebimento da denúncia.
medidas protetivas. A absolvição na ação de improbidade administrativa em
O intenso envolvimento com o tráfico de drogas constitui virtude da ausência de dolo e da ausência de obtenção de
fundamento idôneo para valorar negativamente a conduta vantagem indevida esvazia a justa causa para manutenção
social do agente na primeira fase da dosimetria da pena no da ação penal.
crime de homicídio qualificado.
A mera solicitação do preso, sem a efetiva entrega do Informativo 764, 28 de fevereiro 2023
entorpecente ao destinatário no estabelecimento prisional,
configura ato preparatório, o que impede a sua condenação Antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, o
por tráfico de drogas. Ministério Público já era parte legítima para propor a ação
penal pública incondicionada destinada a verificar a prática
de crimes sexuais contra crianças.
Informativo 769, 4 de abril de 2023
Não se admite o distinguishing realizado no julgamento do Informativo, 763, 14 de fevereiro de 2023
AgRg no REsp 1.919.722/SP - caso de dois jovens
namorados, cujo relacionamento foi aprovado pelos pais da Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de
vítima, sobrevindo um filho e a efetiva constituição de falsificação de documento público, consistente na
núcleo familiar - nas hipóteses em que não há falsificação de identidades funcionais do Poder Judiciário da
consentimento dos responsáveis legais somado ao fato do União.
acusado possuir gritante diferença de idade da vítima - o
que invalida qualquer relativização da presunção de Informativo 758, 28 de novembro de 2022
vulnerabilidade do menor de 14 anos no crime de estupro
de vulnerável. 1. O período de recolhimento obrigatório noturno e nos
dias de folga, por comprometer o status libertatis do
acusado deve ser reconhecido como período a ser detraído
da pena privativa de liberdade e da medida de segurança,
em homenagem aos princípios da proporcionalidade e
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do non bis in idem. 2. O monitoramento eletrônico É IMPOSSÍVEL APLICAR A ANALOGIA ENTRE O INSTITUTO DA
associado, atribuição do Estado, não é condição indeclinável INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E O ESPELHAMENTO, POR
para a detração dos períodos de submissão a essas medidas MEIO DO WHATSAPP WEB, DAS CONVERSAS REALIZADAS
cautelares, não se justificando distinção de tratamento ao PELO APLICATIVO WHATSAPP.
investigado ao qual não é determinado e disponibilizado o Inicialmente, cumpre salientar que, ao contrário da
aparelhamento. 3. A soma das horas de recolhimento interceptação telefônica, no âmbito da qual o investigador
domiciliar a que o réu foi submetido devem ser convertidas de polícia atua como mero observador de conversas
em dias para contagem da detração da pena. Se no empreendidas por terceiros, no espelhamento via
cômputo total remanescer período menor que vinte e WhatsApp Web o investigador de polícia tem a concreta
quatro horas, essa fração de dia deverá ser desprezada. possibilidade de atuar como participante tanto das
As condutas de plantar maconha para fins medicinais e conversas que vêm a ser realizadas quanto das conversas
importar sementes para o plantio não preenchem a que já estão registradas no aparelho celular, haja vista ter o
tipicidade material, motivo pelo qual se faz possível a poder, conferido pela própria plataforma online, de
expedição de salvo-conduto, desde que comprovada a interagir diretamente com conversas que estão sendo
necessidade médica do tratamento. travadas, de enviar novas mensagens a qualquer contato
O inadimplemento de pensão alimentícia apenas configura presente no celular, e de excluir, com total liberdade, e sem
crime de abandono material quando o agente possui deixar vestígios, qualquer mensagem passada, presente ou
recursos para prover o pagamento e deixa de fazê-lo futura. Insta registrar que, por mais que os atos praticados
propositadamente. por servidores públicos gozem de presunção de
legitimidade, doutrina e jurisprudência reconhecem que se
trata de presunção relativa, que pode ser ilidida por contra-
Informativo 756, 14 de novembro de 2022 prova apresentada pelo particular. Não é o caso, todavia, do
As medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II espelhamento: o fato de eventual exclusão de mensagens
e III do art. 22 da Lei Maria da Penha têm natureza de enviadas (na modalidade "Apagar para mim") ou recebidas
cautelares penais, não cabendo falar em citação do (em qualquer caso) não deixar absolutamente nenhum
requerido para apresentar contestação, tampouco a vestígio nem para o usuário nem para o destinatário, e o
possibilidade de decretação da revelia, nos moldes da lei fato de tais mensagens excluídas, em razão da criptografia
processual civil. end-to-end, não ficarem armazenadas em nenhum servidor,
constituem fundamentos suficientes para a conclusão de
É ilegal a fixação ad eternum de medida protetiva, devendo que a admissão de tal meio de obtenção de prova implicaria
o magistrado avaliar periodicamente a pertinência da indevida presunção absoluta da legitimidade dos atos dos
manutenção da cautela imposta. investigadores, dado que exigir contraposição idônea por
parte do investigado seria equivalente a demandar-lhe
Informativo 640 – Período 15 de fevereiro de 2019 produção de prova diabólica (o que não ocorre em caso de
interceptação telefônica, na qual se oportuniza a realização
SUSPENSÃO DO PROCESSO (ART. 366, CPP). PEDIDO DE de perícia). Em segundo lugar, ao contrário da
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA. DECISÃO interceptação telefônica, que tem como objeto a escuta de
INTERLOCUTÓRIA DE INDEFERIMENTO. RECURSO EM conversas realizadas apenas depois da autorização judicial
SENTIDO ESTRITO. CABIMENTO. INTERPRETAÇÃO (ex nunc), o espelhamento via QR Code viabiliza ao
EXTENSIVA DO INCISO XI DO ART. 581 DO CPP. investigador de polícia acesso amplo e irrestrito a toda e
É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão qualquer comunicação realizada antes da mencionada
que indefere produção antecipada de prova, nas hipóteses autorização, operando efeitos retroativos (ex tunc). Em
do art. 366 do CPP. (EREsp 1.630.121-RN, Rel. Min. termos técnico-jurídicos, o espelhamento seria melhor
Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em qualificado como um tipo híbrido de obtenção de prova
28/11/2018, DJe 11/12/2018) consistente, a um só tempo, em interceptação telefônica
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. (quanto às conversas ex nunc) e em quebra de sigilo de e-
ALIMENTOS FIXADOS A TÍTULO DE MEDIDA PROTETIVA. mail (quanto às conversas ex tunc). Não há, todavia, ao
DECISÃO EM PROCESSO PENAL. TÍTULO IDÔNEO. menos por agora, previsão legal de um tal meio de
INADIMPLEMENTO. PRISÃO CIVIL. POSSIBILIDADE. obtenção de prova híbrido. Por fim, ao contrário da
interceptação telefônica, que é operacionalizada sem a
A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos necessidade simultânea de busca pessoal ou domiciliar para
provisórios ou provisionais em favor da companheira e da apreensão de aparelho telefônico, o espelhamento via QR
filha, em razão da prática de violência doméstica, constitui Code depende da abordagem do individuo ou do
título hábil para imediata cobrança e, em caso de vasculhamento de sua residência, com apreensão de seu
inadimplemento, passível de decretação de prisão civil. aparelho telefônico por breve período de tempo e posterior
(RHC 100.446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por devolução desacompanhada de qualquer menção, por parte
unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 05/12/2018) da autoridade policial, à realização da medida constritiva,
ou mesmo, porventura acompanhada de afirmação falsa de
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que nada foi feito. (RHC 99.735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Informativo 636 – 23 de novembro de 2018
por unanimidade, julgado em 27/11/2018, DJe 12/12/2018) AMEAÇAS DE EX-NAMORADO À MULHER VIA FACEBOOK.
CRIME À DISTÂNCIA. INTERNACIONALIDADE CONFIGURADA.
Informativo 639 – Período 1 de janeiro de 2019 PEDIDO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA AO PODER
JUDICIÁRIO BRASILEIRO. LEI MARIA DA PENHA.
NÃO É POSSÍVEL A UTILIZAÇÃO DE CONDENAÇÕES CONCRETUDE ÀS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
ANTERIORES COM TRÂNSITO EM JULGADO COMO FIRMADAS PELO BRASIL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FUNDAMENTO PARA NEGATIVAR A CONDUTA SOCIAL. FEDERAL.
A utilização de condenações com trânsito em julgado Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida
anteriores para negativar a conduta social era admitida protetiva de urgência decorrente de crime de ameaça
porque os antecedentes judiciais e os antecedentes sociais contra a mulher cometido, por meio de rede social de
se confundiam na mesma circunstância, conforme o art. 42 grande alcance, quando iniciado no estrangeiro e o seu
do Código Penal, anterior à reforma de 1984. Essa alteração resultado ocorrer no Brasil. (CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel
legislativa, operada pela Lei n. 7.209/1984, especificou os Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 10/10/2018,
critérios referentes ao autor, desmembrando a conduta DJe 19/10/2018)
social e a personalidade dos antecedentes. Cumpre
observar que esse tema possuía jurisprudência pacificada TRÁFICO DE ENTORPECENTES. CONDENAÇÃO ANTERIOR
no âmbito da Quinta e Sexta Turmas do Superior Tribunal PELO DELITO DO ARTIGO 28 DA LEI DE DROGAS.
de Justiça, que admitiam a utilização de condenações com CARACTERIZAÇÃO DA REINCIDÊNCIA.
trânsito em julgado como fundamento para negativar não DESPROPORCIONALIDADE.
só o vetor antecedentes, como também a conduta social e a Condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei n.
personalidade. No entanto, após o julgamento do HC n. 11.343/2006 não são aptas a gerar reincidência. (HC
366.639/SP (DJe 05/04/2017), a Quinta Turma passou a não 453.437-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por
admitir a utilização de condenações com trânsito em unanimidade, julgado em 04/10/2018, DJe 15/10/2018)
julgado anteriores para fins de negativação da conduta
social. A mudança de orientação adotada pela Quinta
Turma deste Tribunal Superior, consoante a compreensão Informativo 635 – 9 de novembro 2018
da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, CORRUPÇÃO PASSIVA. ART. 317 DO CPC. EXPRESSÃO "EM
incrementa significado ao disposto no art. 59 do Código RAZÃO DELA". EQUIPARAÇÃO A "ATO DE OFÍCIO".
Penal, na medida em que torna a conduta social melhor INVIABILIDADE. AÇÕES OU OMISSÕES INDEVIDAS FORA DAS
concretizável, com locus específico. Assim, em melhor ATRIBUIÇÕES FORMAIS DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO.
atenção ao princípio da individualização das penas, as CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE.
condenações com trânsito em julgado, não utilizadas a O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a
título de reincidência, não podem fundamentar a solicitação ou recebimento de vantagem indevida, ou a
negativação da conduta social, o que significa alteração aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada
também da jurisprudência desta Sexta Turma sobre o com atos que formalmente não se inserem nas atribuições
tema.( REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, do funcionário público, mas que, em razão da função
por unanimidade, julgado em 08/11/2018, DJe 04/12/2018) pública, materialmente implicam alguma forma de
facilitação da prática da conduta almejada. (
Informativo 638 – 19 de dezembro de 2018 REsp 1.745.410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd.
Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 02/10/2018,
TRIBUNAL DO JÚRI. ART. 155 DO CPP. PRONÚNCIA DJe 23/10/2018)
FUNDADA EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTOS
EXTRAJUDICIAIS. IMPOSSIBILIDADE.
Não se admite a pronúncia de acusado fundada Informativo 633 – 11 de outubro de 2018
exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase TORTURA-CASTIGO. ART. 1º, II, DA LEI N. 9.455/1997.
inquisitorial. CRIME PRÓPRIO. AGENTE QUE OSTENTE POSIÇÃO DE
(AgRg no REsp 1.740.921-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, por GARANTE. NECESSIDADE.
unanimidade, julgado em 06/11/2018, DJe 19/11/2018) Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo
SENTENÇA PROFERIDA DE FORMA ORAL. DEGRAVAÇÃO (art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997) aquele que detiver outra
PARCIAL NA ATA DE AUDIÊNCIA. AUSÊNCIA DO REGISTRO pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime
DAS RAZÕES DE DECIDIR. NULIDADE ABSOLUTA POR VÍCIO próprio). (
FORMAL. REsp 1.738.264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por
É nula a sentença proferida de forma oral e degravada maioria, julgado em 23/08/2018, DJe 14/09/2018)
parcialmente sem o registro das razões de decidir. (HC MOEDA FALSA. ART. 291 DO CP. PETRECHOS PARA
470.034-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, por maioria, julgado em FALSIFICAÇÃO. USO EXCLUSIVO. PRESCINDIBILIDADE.
09/10/2018, DJe 19/11/2018)
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Para tipificar o crime descrito no art. 291 do CP, basta que o pessoa em condição de explorada, obrigada, coagida, não
agente detenha a posse de petrechos com o propósito de raro em más condições, ou mesmo em condição análoga à
contrafação da moeda, sendo prescindível que o de escravidão, impondo-lhe a prática de sexo sem liberdade
maquinário seja de uso exclusivo para tal fim. (REsp de escolha, ou seja, com tolhimento de sua liberdade sexual
1.758.958-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por e em violação de sua dignidade sexual. Nesse sentido, o
unanimidade, julgado em 11/09/2018, DJe 25/09/2018) bem jurídico tutelado não é a moral pública mas sim a
dignidade sexual como, aliás, o é em todos os crimes
constantes do Título VI da Parte Especial do Código Penal,
Informativo 632 – 28 de setembro de 2018 dentre os quais, o do artigo 229. E o sujeito passivo do
EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. INEXISTÊNCIA delito não é a sociedade mas sim a pessoa explorada, vítima
DE VAGA EM ESTABELECIMENTO ADEQUADO. da exploração sexual. Assim, se não se trata de
IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO IMEDIATA DA PRISÃO estabelecimento voltado exclusivamente para a prática de
DOMICILIAR. NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DAS mercancia sexual, tampouco há notícia de envolvimento de
PROVIDÊNCIAS ESTABELECIDAS PELO RE 641.320/RS. TEMA menores de idade, nem comprovação de que o recorrido
993. tirava proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia
A inexistência de estabelecimento penal adequado ao mediante ameaça, coerção, violência ou qualquer outra
regime prisional determinado para o cumprimento da pena forma de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas,
não autoriza a concessão imediata do benefício da prisão não há falar em fato típico a ser punido na seara penal.
domiciliar, porquanto, nos termos da Súmula Vinculante n. (REsp 1.683.375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
56, é imprescindível que a adoção de tal medida seja Moura, por unanimidade, julgado em 14/08/2018, DJe
precedida das providências estabelecidas no julgamento do 29/08/2018)
RE 641.320/RS, quais sejam: (i) saída antecipada de outro
sentenciado no regime com falta de vagas, abrindo-se, Informativo 621 - 2018
assim, vagas para os reeducandos que acabaram de
progredir; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER.
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART. 397, IV, DO
domiciliar por falta de vagas; e (iii) cumprimento de penas CPP. PEDIDO NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE PROVA
restritivas de direitos e/ou estudo aos sentenciados em ESPECÍFICA DISPENSÁVEL. DANO IN RE IPSA.
regime aberto. (REsp 1.710.674-MG, Rel. Min. Reynaldo Nos casos de violência contra a mulher praticados no
Soares da Fonseca, Terceira Seção, por maioria, julgado em âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor
22/08/2018, DJe 03/09/2018 (Tema 993). mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que
haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida,
ainda que não especificada a quantia, e
Informativo 631 – 14 de setembro de 2018 independentemente de instrução probatória. ( REsp
CASA DE PROSTITUIÇÃO. TIPICIDADE. ART. 229 DO CÓDIGO 1.643.051-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira
PENAL. EXPLORAÇÃO SEXUAL. ELEMENTO NORMATIVO DO Seção, por unanimidade, julgado em 28/02/2018, DJe
TIPO. VIOLAÇÃO À DIGNIDADE SEXUAL E TOLHIMENTO À 08/03/2018 (Tema 983).)
LIBERDADE. INEXISTÊNCIA. FATO ATÍPICO.
O estabelecimento que não se volta exclusivamente à Informativo 626 - 2018
prática de mercância sexual, tampouco envolve menores de
idade ou do qual se comprove retirada de proveito, ROUBO. EMPREGO DE ARMA BRANCA. MAJORANTE
auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante REVOGADA. ABOLITIO CRIMINIS. LEI N. 13.654/2018.
ameaça, coerção, violência ou qualquer outra forma de NOVATIO LEGIS IN MELLIUS.
violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, não dá Diante da abolitio criminis promovida pela Lei n.
origem a fato típico a ser punido na seara penal. 13.654/2018, que deixou de considerar o emprego de arma
A questão de direito delimitada na controvérsia trata da branca como causa de aumento de pena, é de rigor a
interpretação dada ao artigo 229 do Código Penal. Registre- aplicação da novatio legis in mellius. (REsp 1.519.860-RJ,
se que, mesmo após a alteração legislativa introduzida pela Rel. Min. Jorge Mussi, por unanimidade, julgado em
Lei n. 12.015/2009, a conduta consistente em manter Casa 17/05/2018, DJe 25/05/2018)
de Prostituição segue sendo crime. Todavia, com a novel
legislação, passou-se a exigir a "exploração sexual" como Informativo 623 – 2018
elemento normativo do tipo, de modo que a conduta
consistente em manter casa para fins libidinosos, por si só, TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE
não mais caracteriza crime, sendo necessário, para a ENTORPECENTES. DISQUE DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE PRÉVIA
configuração do delito, que haja exploração sexual, assim INVESTIGAÇÃO POLICIAL PARA VERIFICAR A VERACIDADE
entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali DAS INFORMAÇÕES RECEBIDAS. FUGA DE ACUSADO.
exercem a mercancia carnal. Dessa forma, crime é manter
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INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS IDÔNEOS PARA ENTRADA EM SEM FINS LUCRATIVOS. ESPECIAL REPROVABILIDADE DA
DOMICÍLIO SEM ORDEM JUDICIAL. CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do INCIDÊNCIA.
acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem
autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o de inexpressivo valor pecuniário de associação sem fins
seu consentimento ou determinação judicial. (RHC 83.501- lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do
SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em ato. (RHC 93.472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
06/03/2018, DJe 05/04/2018) Moura, por unanimidade, julgado em 15/03/2018, DJe
HOMICÍDIO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. DOLO EVENTUAL. 27/03/2018)
AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS EXCEDENTES AO TIPO. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. CAUSA DE AUMENTO DA
DESCLASSIFICAÇÃO. HOMICÍDIO CULPOSO. PENA. ART. 40, INCISO III, DA LEI N. 11.343/2006. INFRAÇÃO
A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, COMETIDA NAS IMEDIAÇÕES DE ESTABELECIMENTO DE
não pode servir de premissa bastante para a afirmação do ENSINO EM UMA MADRUGADA DE DOMINGO. AUSÊNCIA
dolo eventual em acidente de trânsito com resultado DE EXPOSIÇÃO DE UMA AGLOMERAÇÃO DE PESSOAS À
morte. (REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, ATIVIDADE CRIMINOSA. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA.
por maioria, julgado em 21/11/2017, DJe 26/03/2018) AFASTAMENTO DA MAJORANTE.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40,
inciso III, da Lei n. 11.343/2006, se a prática de
Informativo 625 – 2018 narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não
HOMICÍDIO QUALIFICADO. QUALIFICADORAS COM facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em
NATUREZAS DIVERSAS. SUBJETIVA E OBJETIVA. área de maior aglomeração de pessoas. (REsp 1.719.792-
POSSIBILIDADE. MOTIVO TORPE E FEMINICÍDIO. BIS IN MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por
IDEM. AUSÊNCIA. unanimidade, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018)
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das
qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de Informativo 630 – 2018
homicídio praticado contra mulher em situação de violência
doméstica e familiar. Observe-se, inicialmente, que, TRIBUNAL DO JÚRI. QUEBRA DA INCOMUNICABILIDADE
conforme determina o art. 121, § 2º-A, I, do CP, a ENTRE OS JURADOS. MEMBRO DO CONSELHO DE
qualificadora do feminicídio deve ser reconhecida nos casos SENTENÇA QUE AFIRMOU EM PLENA FALA DA ACUSAÇÃO
em que o delito é cometido em face de mulher em violência QUE HAVIA CRIME. NULIDADE. OCORRÊNCIA.
doméstica e familiar. Assim, "considerando as Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho
circunstâncias subjetivas e objetivas, temos a possibilidade de sentença afirma a existência de crime em plena fala da
de coexistência entre as qualificadoras do motivo torpe e acusação. (HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
do feminicídio. Isso porque a natureza do motivo torpe é Moura, por unanimidade, julgado em 19/06/2018, DJe
subjetiva, porquanto de caráter pessoal, enquanto o 27/06/2018)
feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes _______________________________________________
praticados contra a mulher por razão do seu gênero _________________________________________________
feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à _________________________________________________
violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o _________________________________________________
animus do agente não é objeto de análise" (HC 433.898-RS, _________________________________________________
Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em _________________________________________________
24/04/2018, DJe 11/05/2018) _________________________________________________
_________________________________________________
Informativo 622 – 2018 _________________________________________________
_________________________________________________
FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE _________________________________________________
PELO PAGAMENTO DO DÉBITO ANTES DO RECEBIMENTO _________________________________________________
DA DENÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. NOVO ENTENDIMENTO. _________________________________________________
Não configura causa de extinção de punibilidade o _________________________________________________
pagamento de débito oriundo de furto de energia elétrica _________________________________________________
antes do oferecimento da denúncia. (HC 412.208-SP, Rel. _________________________________________________
Min. Felix Fischer, por unanimidade, julgado em _________________________________________________
20/03/2018, DJe 23/03/2018.) _________________________________________________
FURTO. BEM DE IRRELEVANTE VALOR PECUNIÁRIO. _________________________________________________
INDUZIMENTO DO PRÓPRIO FILHO DE NOVE ANOS A _________________________________________________
PARTICIPAR DO ATO DE SUBTRAÇÃO. VÍTIMA. ASSOCIAÇÃO _________________________________________________

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PARTE 2
DIREITO PENAL
E PROCESSUAL PENAL
OAB SEGUNDA FASE

PROFA. BRUNA SOUZA


2023

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I. DIREITO PENAL

NOTA: INFRAÇÃO PENAL

I – PRINCÍPIOS 2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – ANTERIORIDADE E


RESERVA LEGAL
1. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
Trata-se do mais importante dos princípios penais e prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º).
constitui um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil (CF, art. 1º, III). Proíbe a incriminação de “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não coisa senão em virtude da lei” (Art. 5º, XXXIX, CRFB)
provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex.: O princípio da legalidade está no art. 5º, II da CF/88: CF, art.
incriminar o ato de manifestar publicamente admiração por 5º, II “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
pessoas queridas). Impede, ademais, que a aplicação das alguma coisa senão em virtude de lei.” O princípio da
normas penais ocorra de maneira totalmente divorciada da legalidade se contenta com a lei em sentido amplo, ou seja,
realidade. qualquer ordem emanada do Estado (lei ordinária, decreto
1.1. HUMANIDADE DAS PENAS ou DA LIMITAÇÃO legislativo, resolução etc.).
DAS PENAS A. RESERVA LEGAL
As normas penais devem sempre dispensar tratamento CF, art. 5º, XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o
humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, defina, nem pena sem prévia cominação legal.” O
vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou princípio da reserva legal depende de lei em sentido
estrito (é uma lei em sentido formal e material).
degradante (CF, art. 5º, III), penas de morte, de caráter
perpétuo, cruéis, de banimento ou de trabalhos forçados - Cláusula pétrea;
(CF, art. 5º, XLVII). - taxatividade: proibição da analogia in malam partem
Art. 5º. (...) (O STF decidiu que a homofobia e a transfobia são
espécies de “racismo social”. Lei 7.716/89, art. 1º:
XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
caso de guerra declarada, nos termos do art. 845, resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,
XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos etnia, religião ou procedência nacional.”);
forçados; d) de banimento; e) cruéis;
- lei em sentido estrito: não cabe criar crimes com
medida provisória (art. 62, §1º, a, CRFB) - STJ – Medida
Provisória: Cabe para normas penais benéficas
B. ANTERIORIDADE (LEI PENAL NO TEMPO)
CP, art. 1º. “Não há crime sem lei anterior que o defina.
5 Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. Código Penal Militar. Não há pena sem prévia cominação legal.” CF, art. 5º,
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XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem Ex.: Cartucho de tinta – agente penitenciário
pena sem prévia cominação legal.”
- Não há valor mínimo – teto para a incidência do princípio;
- a lei penal benéfica goza de retroatividade (aplicação
da lei a fatos anteriores à sua entrada em vigor) e - Não basta o valor irrisório, deve-se preencher requisitos
ultratividade (aplicação da lei mais benéfica - mesmo específicos de acordo com o caso concreto;
depois de revogada - se o fato foi praticado enquanto ela
estava em vigor). A retroatividade e a ultratividade são
espécies do gênero extratividade) Requisitos – STF:
- vacatio legis: não há crime quando o fato foi praticado a. Mínima ofensividade da conduta;
durante o período de vacância da lei. É necessário que a b. Ausência de periculosidade social da ação;
lei esteja em vigor.
c. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d. Inexpressividade da lesão jurídica.
RESUMO:
MARI.
I. proibir a retroatividade da lei penal – o inciso LX da CF
determina que “a lei penal não retroagirá, salvo para “O princípio da insignificância não haveria de ter como
beneficiar o agente”. A regra, portanto, é a parâmetro tão só o valor do bem, devendo ser analisadas as
irretroatividade. A retroatividade é exceção só admitida circunstâncias do fato e o reflexo da conduta do agente no
para beneficiar o agente. Daí ninguém poder ser punido âmbito da sociedade, para decidir sobre seu efetivo
por cometer um fato que, à época, era tido como um enquadramento na hipótese de crime de bagatela” (STF –
indiferente penal; 6 HC 109.183/RS)

II. proibir a criação de crimes e penas pelos costumes – se


só a lei pode criar crimes e penas, resulta óbvio a proibição OBS¹: Crimes militares e crimes contra a Administração
de se invocar normas consuetudinárias para fundamentar Pública;
ou agravar a pena. A fonte imediata do Direito Penal é a OBS²: Crimes com emprego de violência e grave ameaça e
lei; reincidência;
III. proibir o emprego de analogia para criar crimes, OBS³: Lei de drogas – tráfico de drogas e consumo próprio
fundamentar ou agravar penas – a proibição é o recurso à (divergência);
analogia in malam partem para, de qualquer forma,
prejudicar o agente;
- Condições pessoais da vítima (vítima com 80 anos); análise
IV. proibir incriminações vagas e indeterminadas
da extensão do dano (bicicleta de valor ínfimo, mas de
(taxatividade) – o preceito primário do tipo penal
pessoa humilde); valor sentimental do bem (disco de ouro,
incriminador deve ter uma descrição precisa da conduta
infungibilidade da coisa)
proibida ou imposta, sendo vedada a criação de tipos que
contenham conceitos vagos ou imprecisos. Isso quer dizer, ≠ infrações de menor potencial ofensivo
também, que o judiciário está sempre obrigado a ≠ furto de pequeno valor
interpretar a norma legal de maneira restritiva.

* reincidência (divergente); habitualidade criminosa


CONSTITUIÇÃO PROÍBE EXPRESSAMENTE A EDIÇÃO DE (incabível);
MEDIDAS PROVISÓRIAS SOBRE DIREITO PENAL,
* atos infracionais (cabível);
PROCESSUAL PENAL E PROCESSUAL CIVIL. ((Art. 62, §1º, I,
b)7 * Autoridade policial/auto de prisão em flagrante – a
autoridade policial poderá deixar de efetuar a prisão em
flagrante presente o crime de bagatela? STJ – poder
3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU judiciário
CRIMINALIDADE DA BAGATELA
SÚMULAS
- ROXIN / ZAFFARONI
S.606 (STJ) Não se aplica o princípio da insignificância a
- Causa de exclusão da tipicidade, desempenhando uma
casos de transmissão clandestina de sinal de internet via
interpretação restritiva do tipo penal – exclui a tipicidade
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no
material;
art. 183 da Lei 9.472/19.
6 Falando-se em princípio da legalidade estaríamos permitindo a adoção de quaisquer S.599 (STJ) O princípio da insignificância é inaplicável aos
dos diplomas elencados no artigo 59 da Constituição (lei ordinária, lei complementar, crimes contra a administração pública.
lei delegada, medida provisória, decreto legislativo, resoluções), OU SEJA, LEIS
MATERIALMENTE CONSIDERADAS. Por outro lado, quando fazemos menção à reserva S.589 (STJ) É inaplicável o princípio da insignificância nos
legal, limitamos a aceitação às espécies tidas como LEIS FORMALMENTE
CONSIDERADAS, ou seja, que respeitam o procedimento legislativo próprio das leis
crimes ou contravenções penais praticados contra a
ordinárias (incluídas as leis complementares). mulher no âmbito das relações doméstica.
7 O mesmo para lei delegadas (art. 68, §1º, CF/88)
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- STJ e STF: aplica-se aos atos infracionais; a reincidência 7.PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE


não impede, mas a conduta habitual sim; descaminho até
A atuação do direito penal é cabível unicamente quando os
R$ 20.000,00; inaplicável ao crime de moeda falsa; lei de
outros ramos do direito e os demais meios estatais de
drogas; não se aplica aos crimes ambientais (mas aplica a
controle social tiverem se revelado impotentes (Masson).
devolução do peixe); não é aplicável aos militares; O STF
decidiu que não se aplica o princípio da insignificância no Aplicação prática – apenas quando os demais ramos não
furto de “disco de ouro”, valor sentimental; para o STJ resolverem o problema.
autoridade policial não pode aplicar o princípio;
Obs.: bagatela imprópria: desnecessidade de aplicação da 8. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU DA LESIVIDADE
pena (art. 59, CP); causa supra legal de extinção de
- Não há infração penal, se ao menos a conduta não tiver
punibilidade.
oferecido ao menos um perigo de lesão ao bem jurídico.
Impede o legislador de configurar tipos penais que já foram
4. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL considerados indiferentes ou inofensivos. Em conformidade
com o tipo, mas inofensivo ao bem específico tutelado.
- Não pode ser considerado criminosos o comportamento
humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o
sentimento social de justiça. 9. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM
Ex.: Trotes acadêmicos moderados e a circuncisão dos Ninguém pode ser condenado pelo mesmo fato mais de
judeus. uma vez; além disso, uma única e determinada
* Socialmente aceitável: jogo do bicho e casas de circunstância fática não pode ser utilizada mais de uma vez,
prostituição. seja para agravar, seja para beneficiar o agente.
Ex.: Infanticídio e agravante de crime praticado contra
criança.
5. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA OU DA
NECESSIDADE Ex.: Certidão transitada em julgado gerando aumento da
pena base pelos maus antecedentes e reincidência.
É legitima a intervenção penal apenas quando a
criminalização de um fato constitui meio indispensável para
a proteção de determinado bem ou interesse, não sendo 10. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
suficiente a proteção por outros ramos. ALTERIDADE: não há crime na conduta que prejudica
Destinatários: somente quem a praticou.
Legislador (não criminalizar qualquer conduta) e o - Autolesão (1º) para se livrar do serviço militar obrigatório;
Intérprete (primeiro procurar resolver o problema em 2º) para fraudar uma seguradora)
outros ramos).
EXTRITAMENTE NECESSÁRIO: SUBSIDIÁRIO E NOVO TIPO PENAL:
FRAGMENTÁRIO Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a
- STJ – direito penal para bens jurídicos mais relevantes e praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para
em casos de lesões de maior gravidade (HC 50.863/PE). que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
- Base para o direito penal mínimo. Decorre o princípio da anos.
fragmentariedade e subsidiariedade. - Art. 28, Lei 11.343/06 (não tem o verbo “usar”) : “Quem
adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou
6. PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE em desacordo com determinação legal ou regulamentar
NEM TODO ILÍCITO É UM ILÍCITO PENAL – apenas os que será submetido às seguintes penas:
atentam contra valores fundamentais para a manutenção e I - advertência sobre os efeitos das drogas;
progresso do ser humano e da sociedade.
II - prestação de serviços à comunidade;
“Nem tudo que é ilícito perante o Direito é ilícito penal.
III - medida educativa de comparecimento a programa ou
Tudo que é ilícito penal também é ilícito perante os demais
curso educativo”.
ramos do Direito”
- Última etapa de proteção do bem jurídico. O Direito penal
preocupa-se apenas com alguns comportamentos
(fragmentos)

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II – TEORIA DA NORMA PENAL 1.3 CARACTERÍSTICAS


A) EXCLUSIVIDADE: só a lei pode criar delitos e penas. Art.
5º, XXXIX, CRFB e Art. 1º, CP.
1. INTRODUÇÃO
B) IMPERATIVIDADE: obrigatório o respeito à lei penal, seu
1.1. CONCEITO- LEI PENAL: fonte formal imediata. Cria descumprimento leva a imposição de pena ou MS.
infrações penais e cominar penas. A Norma Jurídica Penal: é
C) GENERALIDADE: dirige-se a todas as pessoas que vivem
uma espécie de norma jurídica, que contém preceito
sob a jurisdição brasileira (brasil ou exterior). Art. 6º, LINDB
jurídico independente e obrigatório, em forma,
– coercibilidade de todas as normas.
principalmente, de um mandato ou de uma proibição, e
não se confunde com a lei. D) IMPESSOALIDADE: projeta os efeitos abstratamente a
fatos futuros para qualquer pessoa que venha a praticá-los.
- Preceito primário (conduta) e secundário (pena). A lei
Alcança fatos concretos – abolitio criminis e anistia.
penal é descritiva, traz uma proibição indireta (Karl Biding –
teoria das normas – a norma cria um ilícito, a lei cria o E) ANTERIORIDADE: as leis incriminadoras devem já estar
delito – a conduta criminosa viola a norma, mas não a lei em vigor quando da prática da infração penal, salvo em
pois realiza a conduta descrita na lei). caso da retroatividade.
Art. 121. Matar alguém: (preceito primário)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (preceito 1.4 LEI PENAL EM BRANCO (CEGA OU ABERTA)
secundário)
Von Liszt – “corpos errantes em busca de alma” (não podem
ser aplicadas dada a incompletude). Conceito: espécie de lei
1.2. CLASSIFICAÇÃO - LEI PENAL penal cuja definição da conduta criminosa demanda
complementação (lei ou ato administrativo). Conceito
A.1. INCRIMINADORA: comina crimes e penas – parte
primário incompleto. Espécies: homogênea ou
especial e na legislação penal especial;
heterogênea.
A.2. NÃO INCRIMINADORA: não cria crimes
a) LPB em sentido lato ou homogênea: complemento com
- Permissivas: autorizam a prática de condutas típicas – a mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão.
causas de exclusão de ilicitude. Art. 23, CP. Art. 128, CP Art. 169, § único I, CP e Art. 1224, CC (heterovitelina) ou
- Interpretativas: esclarecem o conteúdo e o significado das Art. 150, §4º, CP (homovitelina).
outras leis penais. Art. 150, §4º e 327, CP b) LPB em sentido estrito ou heterogênea: NATUREZA
B.1. COMPLETAS OU PERFEITAS: apresentam todos os JURÍDICA DIVERSA e órgão distinto. Lei 11.343/06 e
elementos da conduta. Art. 157, CP. Portaria 344/1998 da ANS.
B.2. INCOMPLETAS OU IMPERFEITAS: reservam a c) LPB inversa ou ao avesso: o secundário que demanda
complementação da definição da conduta criminosa em complementação (por lei – reserva legal). Art. 1º e 3º da
outra lei, ato administrativo ou ao julgador. São chamadas Lei 2889/56 – genocídio.
de leis penais em branco. d) LPB de fundo constitucional: o complemento advém de
norma constitucional. Crime de abandono intelectual –
art. 246, CP e o conceito de instrução primária – Art.
208, I, CRFB.
EXEMPLO
LPB em sentido Violação de domicílio
lato ou Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina
homogênea ou astuciosamente, ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em
casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou
multa.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público,
onde alguém exerce profissão ou atividade.
LPB em sentido Tráfico de Drogas
estrito ou Art. 33. Importar, exportar, remeter,
heterogênea preparar, produzir, fabricar, adquirir,

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vender, expor à venda, oferecer, ter em (“conjunto de normas de comportamento a que pessoas
depósito, transportar, trazer consigo, obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção
guardar, prescrever, ministrar, entregar a de sua obrigatoriedade” — Damásio de Jesus, Direito penal:
consumo ou fornecer drogas, ainda que parte geral, v. 1, p. 27) e os princípios gerais de direito
gratuitamente, sem autorização ou em
(“premissas éticas que são extraídas, mediante indução, do
desacordo com determinação legal ou
regulamentar: material legislativo” — idem, p. 29).
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze)
anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.6. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO PENAL
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa
Tarefa mental, estabelecer a vontade da lei – conteúdo e
LPB inversa ou Genocídio significado. Explicar, esclarecer.
ao avesso Art. 1º Quem, com a intenção de destruir,
no todo ou em parte, grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, como tal: (Vide Lei nº CLASSIFICAÇÃO:
7.960, de 1989)
A. Quanto ao sujeito (sujeito que realiza a interpretação):
a) matar membros do grupo;
a.1. autêntica: ou legislativa – próprio legislador- edita uma
b) causar lesão grave à integridade física ou lei com o propósito de esclarecer ou limitar o alcance de
mental de membros do grupo; outra; Lei penal interpretativa (obrigatório): art. 327, CP –
c) submeter intencionalmente o grupo a conceito de funcionário público.
condições de existência capazes de
ocasionar-lhe a destruição física total ou a.2. Doutrinária ou científica: exercida pelos doutrinadores,
parcial; comentadores do texto legal – não têm força obrigatória.
Ex.; Exposição de Motivos.
d) adotar medidas destinadas a impedir os
nascimentos no seio do grupo; a.3. Judicial ou jurisprudencial: executada pelos membros
e) efetuar a transferência forçada de do Judiciário. Reiteração constitui a jurisprudencial. Não
crianças do grupo para outro grupo; tem força obrigatória, exceto quando for súmula vinculante.
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código B. Quanto aos meios e métodos: meio que intérprete serve
Penal, no caso da letra a; para descobrir o significado da lei penal.
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da b.1. GRAMATICAL: ou literal ou sintática. Flui da acepção
letra b; natural das palavras contidas na lei. Precária.
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
b.2 LÓGICA: ou teleológica. Realizada coma finalidade de
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; desvendar genuinamente a vontade manifestada na lei.
Com as penas do art. 148, no caso da letra e; (Art. 5º, LINDB) – todos os elementos, histórico,
LPB de fundo Abandono intelectual sistemático, direito comparado, elementos extrajudiciais.
constitucional: Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover
à instrução primária de filho em idade C. QUANTO AO RESULTADO: (CONCLUSÃO extraída
escolar: pelo intérprete)
Pena - detenção, de quinze dias a um mês,
c.1. DECLARATÓRIA: ou declarativa ou estrita – sintonia do
ou multa.
texto da lei e a sua vontade, nada resta retirado ou
acrescentado.
1.5. FONTES DO DIREITO PENAL c.2. EXTENSIVA: corrigir fórmula excessiva. A lei disse menos
As fontes materiais indicam o órgão encarregado da que desejava, amplia-se o texto da lei. Ex.: Art. 159, CP –
produção do direito penal. Em nosso ordenamento jurídico, extorsão mediante sequestro (inclui o cárcere privado)
somente a União possui competência legislativa para criar c.3. RESTRITIVA: diminuição do alcance da lei. A lei disse
normas penais (CF, art. 22, I). Note-se que o parágrafo único mais do que desejava.
do dispositivo constitucional citado prevê que lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas acerca de matérias penais. 1.7. ANALOGIA
As fontes formais, por sua vez, subdividem-se em imediatas - lacunas – o direito não é capaz de contemplar todas as
e mediatas. Somente a lei pode servir como fonte primária situações.
e imediata do direito penal, porquanto não há crime sem lei - Função integrativa – aplicar preceito a uma hipótese não
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação contemplada no texto legal. Não trata-se um texto obscuro
legal (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º). Admitem-se, no que busca a interpretação, mas a ausência de lei. Extensão
entanto, fontes secundárias ou mediatas: são os costumes
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de uma norma jurídica de um caso previsto a um caso não EFEITOS:


previsto com fundamento na semelhança entre dois casos. a) momento da imputabilidade do agente;
a) analogia legis: aplica norma legal a fato não contemplado b) marco inicial para saber a lei que em regra vai reger o
no texto legal caso concreto.
b) analogia juris: aplicação dos princípios gerias do direito.
Limites: para leis penais incriminadoras (o juiz não pode B) RETROATIVIDADE E ULTRATIVIDADE DA LEI MAIS
incluir – cola eletrônica – drogas não arroladas em rol da BENIGNA
anvisa); nas leis excepcionais (fatos não contemplados são
disciplinados em leis gerais); nas leis fiscais REGRA DOMINANTE: a regra é da irretroatividade.
Segurança. Princípio da legalidade e anterioridade, Art. 5º,
+ ANALOGIA IN BONA PARTEN: XXXIX, CF. Impede criminalizar novas condutas. Normas
- Não pode crias crimes, ou penas ou agravação da situação penais de caráter material.
do indivíduo. Apenas in bona parten. Conflito temporal de normas penais: prevalece a lei mais
benigna. A lei mais benigna é retroativa e ultrativa.
1.8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS
- A UMA MESMA CONDUTA OU FATO, APARENTEMENTE, É C) SUCESSÃO DAS LEIS PENAIS NO TEMPO
APLICÁVEL MAIS DE UMA NORMA; C.1. ABOLITIO CRIMINIS: supressão da figura criminosa
(revogação de tipo penal pela superveniência de uma lei
PRINCÍPIOS: descriminalizadora)  lei nova mais benigna  retroagirá
 ALCANÇANDO FATOS PRETÉRITOS
A) ESPECIALIDADE: uma norma é especial a uma, geral,
quando possui os chamados especializantes (elemento Ex.: Crime de adultério.
próprio à descrição prevista na norma geral). Lei especial * Desaparece os efeitos penais de eventual condenação.
derroga a lei geral. Evita o bis in idem. Tipo básico e os tipos
derivados (furto simples e um furto qualificado). Furto e
Roubo. C.2. NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA: lei que incrimina
uma conduta anteriormente considerada irrelevante penal
B) SUBSIDIARIEDADE: Graus de violação de um mesmo bem  lei nova incriminadora  não retroagirá  para tingir
jurídico, a norma subsidiária é afastada em prol da normal fatos passados
principal. Analisar o caso concreto (juízo de valor). A)
Expressa: Art. 132, CP – crimes mais grave. Tácita: crime é Ex.: Art. 154-A, CP
elemento constitutivo para figura mais grave. Crime de
dano e o furto. Violação de domicílio e o furto. C.3. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS E IN PEJUS
Constrangimento ilegal e crimes contra grave ameaça.
In mellius: lei nova, não abolicionista, porém mais benéfica
C) CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO: um crime é meio que a vigente à época dos fatos  RETROAGE para
necessário ou preparação ou execução para outro. Fato BENEFICIAR O RÉU.
previsto em uma norma é absorvido por outra. Lesões
corporais que determinam a morte são absorvidas pelo Ex: Art. 2º, §1º, Lei 8.072/90 – progressão de crimes
homicídio. Crime-meio é uma etapa para o crime fim. hediondos.
Falsificação e estelionato (sumula 17, STJ). In pejus: lei nova mais rigorosa, agrava a situação do agente
 NÃO PODE RETROAGIR  aplica-se a lei revogada
(vigente na data dos fatos) em detrimento da lei nova
2. LEI PENAL NO TEMPO (vigente na data do julgamento). ULTRATIVIDADE da lei
A) TEMPO DO CRIME mais benigna.
TEORIAS:
A) TEORIA DA ATIVIDADE: tempo do crime é no momento 10. LEI EXCEPCIONAL E LEI TEMPORÁRIA/CRIMES
da ação ou omissão; CONTINUADOS E PERMANENTES
B) TEORIA DO RESULTADO: tempo do crime é no momento Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
do resultado; decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
C) TEORIA DA UBIQUIDADE OU MISTA: tempo do crime é no fato praticado durante sua vigência.
momento da ação ou omissão, bem como resultado;
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que outro Lei excepcional:caráter excepcional/emergencial – durante
seja o momento do resultado. (TEORIA DA uma necessidade transitória, como uma guerra, uma
ATIVIDADE OU DA AÇÃO) calamidade pública (seca, inundação, incêndio). Ex; Lei

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fictícia que criação infrações penais durante o aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
racionamento de água – crime ficar mais de 10 min no serviço do governo brasileiro onde quer que se
banho. encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de
Lei temporária: tempo determinado de sua vigência. Ex.: Lei propriedade privada, que se
12.663/12 – infrações penais protegendo o patrimônio da achem,respectivamente, no espaço aéreo
FIFA – Término 31.12.2014. correspondente ou em alto-mar.
* Leis autorrevogáveis e ultrativas – elementos temporais § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
no próprio fato típico. praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se
# SÚMULA 711, STF – LEI PENAL MAIS GRAVE aquelas em pouso no território nacional ou em vôo
APLICA-SE A CRIME CONTINUADO OU AO CRIME no espaço aéreo correspondente, e estas em porto
PERMANENTE, SE SUA VIGENCIA É ANTERIOR A ou mar territorial do Brasil.
CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA
PERMANÊNCIA.
# Território: espaço em que o ESTADO exerce soberania
política.
Crime permanente: consumação perdura no tempo. Crime
continuado: art. 71. Espaço territorial (incluindo as fronteiras – faixa de fronteira
150km); mar territorial (12 milhas a partir da linha baixa do
mar); zona exploração econômica (12 a 200 milhas –
3. LEI PENAL DO ESPAÇO plataforma continental: prolongamento terrestre natural
A) LUGAR DO CRIME ate 200 milhas); espaço aéreo (acima do espaço territorial e
o mar continental e zona).
TEORIAS:
Obs: território por extensão: navios e aeronaves a serviço
A) TEORIA DA ATIVIDADE OU DA AÇÃO: lugar do crime é o
do Brasil ou em particulares em alto-mar.
local da conduta criminosa;
B) TEORIA DO RESULTADO OU DO EFEITO: lugar do crime é
o local da consumação; EMBARCAÇÕES E SERÁ APLICADA A LEI
AERONAVES BRASILEIRA
C) TEORIA DA UBIQUIDADE OU MISTA: lugar do crime é
tanto local da ação quanto do resultado; PÚBLICAS OU A SERVIÇO DO Quer se encontrem em
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em GOVERNO BRASILEIRO território BR ou
que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em ESTRANGEIRO
parte, bem como onde se produziu ou deveria se MERCANTES OU Se estiverem em alto-mar
produzir o resultado. (TEORIA DA UBIQUIDADE) PARTICULARES BRASILEIRAS ou no espaço aéreo
correspondente
Aplicação: crimes à distância ou de espaço máximo: dois ESTRANGEIRAS Apenas quando privadas em
países. território BR

OBS¹: Crimes plurilocais – art. 70, CPP – Competência no Obs¹: apesar de inviolável, a sede de representação
lugar da consumação; diplomática não é considerada extensão do território
OBS²: JECRIM; Atos infracionais; crimes dolosos conta a estrangeiro.
vida: teoria da atividade
C) EXTRATERRITORIALIDADE
B) PRINCÍPIO DA TERRIRORIALIDADE – art. 5º C.1) INCONDICIONADA: processado pela lei brasileira ainda
Regra: soberania sobre os crimes praticados no Brasil (em que absolvido ou condenado no estrangeiro:
território nacional), independente de nacionalidade do Hipóteses:
agente, da vítima ou objeto jurídico. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
* Territorialidade temperada: sem prejuízo dos tratados cometidos no estrangeiro:
internacionais – permite a eficácia de norma de outro país. I - os crimes:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
convenções, tratados e regras de direito República; (PRINCÍPIO DA DEFESA)
internacional, ao crime cometido no território
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
nacional.
Distrito Federal, de Estado, de Território, de
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como Município, de empresa pública, sociedade de
extensão do território nacional as embarcações e

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economia mista, autarquia ou fundação instituída 4. QUESTÕES


pelo Poder Público; (PRINCÍPIO DA DEFESA)
c) contra a administração pública, por quem está a
seu serviço; (PRINCÍPIO DA DEFESA) 1. (XVI.OAB) No dia 03/05/2008, Luan foi condenado à pena
privativa de liberdade de 12 anos de reclusão pela prática
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil; (PRINCÍPIO DA DEFESA E dos crimes previstos nos artigos 213 e 214 do Código Penal,
NACIONALIDADE ATIVA) na forma do Art. 69 do mesmo diploma legal, pois, no dia
11/07/2007, por volta das 19h, constrangeu Carla,
Condições: § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é
punido segundo a lei brasileira, ainda que mediante grave ameaça, a com ele praticar conjunção
absolvido ou condenado no estrangeiro. carnal e ato libidinoso diverso. Ainda cumprindo pena em
razão dessa sentença condenatória, Luan, conversando com
outro preso, veio a saber que ele havia sido condenado por
C.2) CONDICIONADA: fatos extremamente semelhantes a uma pena de 07 anos
Hipóteses: de reclusão. Luan, então, pergunta o nome do advogado do
colega de cela, que lhe fornece a informação.
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se Luan entra em contato pelo telefone indicado e pergunta se
obrigou a reprimir; (PRINCÍPIO DA JUSTIÇA algo pode ser feito para reduzir sua pena, apesar de sua
UNIVERSAL) decisão ter transitado em julgado. Diante dessa situação,
b) praticados por brasileiro; (PRINCÍPIO DA
responda aos itens a seguir.
NACIONALIDADE ATIVA) A) Qual a tese de direito material que poderia ser
c) praticados em aeronaves ou embarcações suscitada pelo novo advogado em favor de Luan?
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, (Valor: 0,65)
quando em território estrangeiro e aí não sejam B) A pretensão deverá ser manejada perante qual órgão?
julgados. (PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO OU DA
(Valor: 0,60)
BANDEIRA)
Sua resposta deve ser fundamentada. A simples citação do
dispositivo legal não será pontuada.
Condições:
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei
brasileira depende do concurso das seguintes 2. (XVIII.OAB) No dia 10 de fevereiro de 2012, João foi
condições: condenado pela prática do delito de quadrilha armada,
a) entrar o agente no território nacional;
previsto no Art. 288, parágrafo único, do Código Penal.
Considerando as particularidades do caso concreto, sua
b) ser o fato punível também no país em que foi
pena foi fixada no máximo de 06 anos de reclusão, eis que
praticado;
duplicada a pena base por força da quadrilha ser armada. A
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais decisão transitou em julgado. Enquanto cumpria pena,
a lei brasileira autoriza a extradição; entrou em vigor a Lei nº 12.850/2013, que alterou o artigo
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro pelo qual João fora condenado. Apesar da sanção em
ou não ter aí cumprido a pena; abstrato, excluídas as causas de aumento, ter permanecido
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro a mesma (reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos), o aumento de
ou, por outro motivo, não estar extinta a pena pelo fato da associação ser armada passou a ser de
punibilidade, segundo a lei mais favorável. até a metade e não mais do dobro.
Procurado pela família de João, responda aos itens a seguir.
C.3) HIPERCONDIONADA: A) O que a defesa técnica poderia requerer em favor
Hipótese: dele? (Valor: 0,65)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido B) Qual o juízo competente para a formulação desse
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas requerimento? (Valor: 0,60)
as condições previstas no parágrafo anterior: (PRINCÍPIO DA
NACIONALIDADE PASSIVA)
(XIX.OAB.2016) Em razão do aumento do número de crimes
Condições: de dano qualificado contra o patrimônio da União (pena:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; detenção de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei
que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
de dezembro de 2015, tal delito (Art. 163, parágrafo único,
inciso III, do Código Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos
de detenção. João, em 20 de dezembro de 2015, destrói
dolosamente um bem de propriedade da União, razão pela

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qual foi denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso A. inimputável, devendo responder apenas por ato
nas sanções do Art. 163, parágrafo único, inciso III, do infracional análogo ao delito de tráfico, em razão de
Código Penal. sua menoridade quando da aquisição da droga, com
Considerando a hipótese narrada, no momento do base na Teoria da Atividade adotada pelo Código Penal
julgamento, em março de 2016, deverá ser considerada, em para definir o momento do crime.
caso de condenação, a pena de B. inimputável, devendo responder apenas por ato
A. 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição infracional análogo ao delito de tráfico, tendo em vista
prevê o princípio da retroatividade da lei penal mais que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para
benéfica ao réu. definir o momento do crime.

B. 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem C. imputável, podendo responder pelo delito de tráfico
ultratividade gravosa. de drogas, mesmo adotando o Código Penal a Teoria
da Atividade para definir o momento do crime
C. 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o
princípio do tempus regit actum (tempo rege o ato). D. imputável, podendo responder pelo delito de
associação para o tráfico, que tem natureza
D. 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem permanente, tendo em vista que o Código Penal adota
ultratividade gravosa. a Teoria do Resultado para definir o momento do
crime.
(XIX.OAB. 2018) Em razão do aumento do número de crimes (XV.AOB.2014) Pedro Paulo, primário e de bons
de dano qualificado contra o patrimônio da União (pena: antecedentes, foi denunciado pelo crime de descaminho
detenção de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de
que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 mercadorias procedentes do Paraguai e desacompanhadas
de dezembro de 2015, tal delito (Art. 163, parágrafo único, de documentação comprobatória de sua importação
inciso III, do Código Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos regular, no valor de R$ 3.500,00, conforme atestam o Auto
de detenção. João, em 20 de dezembro de 2015, destrói de Infração e o Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem
dolosamente um bem de propriedade da União, razão pela como o Laudo de Exame Merceológico, elaborado pelo
qual foi denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso Instituo Nacional de Criminalística.
nas sanções do Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Em defesa de Pedro Paulo, segundo entendimento dos
Código Penal. Considerando a hipótese narrada, no Tribunais Superiores, é possível alegar a aplicação do
momento do julgamento, em março de 2016, deverá ser
considerada, em caso de condenação, a pena de A. princípio da proporcionalidade.

A. 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição B. princípio da culpabilidade.


prevê o princípio da retroatividade da lei penal mais C. princípio da adequação social.
benéfica ao réu. D. princípio da insignificância ou da bagatela.
B. 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem
ultratividade gravosa.
(VIII.OAB.2012) Em relação ao princípio da insignificância,
C. 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o assinale a afirmativa correta.
princípio do tempus regit actum (tempo rege o ato).
A. O princípio da insignificância funciona como causa de
D. 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem exclusão da culpabilidade. A conduta do agente,
ultratividade gravosa. embora típica e ilícita, não é culpável.
B. A mínima ofensividade da conduta, a ausência de
(XXXI.OAB.2020) André, nascido em 21/11/2001, adquiriu periculosidade social da ação, o reduzido grau de
de Francisco, em 18/11/2019, grande quantidade de droga, reprovabilidade do comportamento e a
com o fim de vendê-la aos convidados de seu aniversário, inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o
que seria celebrado em 24/11/2019. Imediatamente após a Supremo Tribunal Federal, requisitos de ordem
compra, guardou a droga no armário de seu quarto. objetiva autorizadores da aplicação do princípio da
Em 23/11/2019, a partir de uma denúncia anônima e insignificância
munidos do respectivo mandado de busca e apreensão C. A jurisprudência predominante dos tribunais
deferido judicialmente, policiais compareceram à residência superiores é acorde em admitir a aplicação do
de André, onde encontraram e apreenderam a droga que princípio da insignificância em crimes praticados com
era por ele armazenada. De imediato, a mãe de André emprego de violência ou grave ameaça à pessoa (a
entrou em contato com o advogado da família. exemplo do roubo).
Considerando apenas as informações expostas, na D. O princípio da insignificância funciona como causa de
Delegacia, o advogado de André deverá esclarecer à família diminuição de pena.
que André, penalmente, será considerado
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III – TEORIA DO DELITO


TESES DE DEFESA
CONCEITO DO CRIME – DELITO
“O CRIME É FATO TÍPICO, ILÍCITO E CULPÁVEL”

IV – FATO TÍPICO A.1 TEORIA CAUSAL – Liszt e Beling: ação ou movimento


humano voluntário que produza uma modificação no
mundo exterior. Natural.
1. CONDUTA A.2 TEORIA FINALISTA - Welzel: exercício de uma atividade
A) CONCEITO final – a ação humana é dirigida a uma finalidade qualquer.
- Ação ou comportamento – HUMANO A.3 TEORIA SOCIAL – Wessels: será a atividade humana
social e juridicamente relevante, segundo os padrões
* Pessoa jurídica (art. 225, §3º)
axiológicos de uma determinada época, dominada pela
“Ação, ou conduta, compreende qualquer comportamento vontade. Relevância social da ação ou omissão. A ação é um
humano comissivo (positivo) ou omissivo (negativo), fator estruturante.
podendo ser ainda dolosa (quando o agente quer ou
assume o risco de produzir o resultado) ou culposa (quando
o agente infringe o seu dever de cuidado, atuando com B. CONDUTA DOLOSA E CULPOSA
negligência, imprudência ou imperícia)” (GRECO, 2014) DOLO: conduta que o agente quer diretamente o resultado
- TEORIAS: ou assume o risco de produzi-lo.
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CULPA: a conduta do agente advém de um dever de 2. RESULTADO


cuidado, em virtude de sua imprudência, imperícia ou
A. CONCEITO: É a consequência provocada pela conduta do
negligência.
agente.
* Regra geral: CRIMES DOLOSOS. Art. 18, §único.
B. DENOMINAÇÕES: resultado; evento
Ex.: Art. 121 e 163, CP.
C. ESPÉCIES: Jurídico e naturalístico.
Art. 18 – Diz-se o crime:
- Jurídico ou Normativo: lesão ou exposição a perigo de
Crime doloso lesão do bem jurídico. É a agressão do valor ou interesse
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou protegido pela lei.
assumiu o risco de produzi-lo;
- Naturalístico ou material: modificação do mundo exterior
Crime culposo provocada pela conduta do agente. Todo crime tem
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado jurídico, embora nem todo crime têm resultado
resultado por imprudência, negligência ou naturalístico (apenas os crimes ambientais).
imperícia.
# Existe crime sem resultado?
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como Todo crime tem um resultado naturalístico, mas nem todo
crime, senão quando o pratica dolosamente crime tem resultado naturalístico. Somente os crimes
materiais exigem, os crimes formais possuem mais não é
exigido e os crime de mera conduta não possuem.
C. CONDUTAS COMISSIVAS E OMISSIVAS
COMISSIVA: conduta positiva. Dirige a conduta a uma
finalidade ilícita. Ex.: Art. 157, CP. 3. NEXO DE CAUSALIDADE
OMISSIVA: conduta negativa. Abstenção de uma atividade Art. 13. O resultado, de que depende a existência
do crime, somente é imputável a quem lhe deu
imposta por lei ao agente, ou seja, de uma atividade
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
juridicamente exigida, esperada. Ex.: Art. 135,CP. qual o resultado não teria ocorrido.
- Omissivos próprios (conduta negativa está descrita no tipo § 1º. A superveniência de causa relativamente
penal e não exige resultado naturalístico – dever genérico independente exclui a imputação quando, por si
de proteção) e impróprios (somente as pessoas do art. 13, só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
§3º - dever especial de proteção). entretanto, imputam-se a quem os praticou.
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
D) AUSÊNCIA DE CONDUTA
- a ação é regida pela vontade dirigida a consecução de um
fim. Não há vontade de nada ou vontade para nada. OU O dever de agir incumbe a quem:
seja, se o agente não atua dolosamente ou culposamente a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
não há ação. Casos: força irresistível (ação de terceiro ou da vigilância;
natureza); movimentos reflexos e estados de inconsciência. b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
* Embriaguez completa – art. 28,II, CP. resultado;
* Via absoluta (coação física – exclui o fato típico) e via c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
compulsiva (coação moral irresistível – exclui a ocorrência do resultado.
culpabilidade). Art. 13. O resultado, de que depende a existência
do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
E) FASES DE REALIZAÇÃO DA AÇÃO qual o resultado não teria ocorrido.
1. INTERNA: na esfera do pensamento. § 1º. A superveniência de causa relativamente
a) pela representação e pela antecipação mental do independente exclui a imputação quando, por si
resultado alcançado; pela escolha dos meios a seres só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou.
utilizados; pela consideração dos efeitos colaterais;
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o
2. EXTERNA: exteriorização de tudo aquilo que havia
omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
arquitetado mentalmente, colocando em prática o plano O dever de agir incumbe a quem:
criminoso.
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
* Art. 288, CP. vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;

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c) com seu comportamento anterior, criou o risco Ex.: não há relação de causalidade entre acender uma
da ocorrência do resultado. lareira e o incêndio na casa, pois para incendiar uma casa
não basta que acendamos uma lareira.
3.1. CONCEITOS: CAUSA, CONDIÇÃO, CONCAUSA
Nexo causal: ligação da conduta e do resultado. B) TEORIA DA RELEVÂNCIA JURÍDICA.
Art. 13, CP (resultado = resultado naturalístico) Define causa como a condição relevante para o resultado.
O juízo de relevância deve ser entendido, a princípio, como
englobador da adequação. Irrelevante é tudo o que é
3.2. CRIMES EM QUE OCORRE O NEXO CAUSAL
imprevisível para o homem prudente, situado no momento
Ocorrerá nexo causal nos seguintes crimes: da prática da ação. Só é causa relevante o objetivamente
a) crimes materiais – a lei penal exige, para sua previsível.
caracterização, a produção de um resultado que cause uma MEZGER afirma, ainda, que a relevância jurídica deve ser
modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos; analisada de acordo com a interpretação teleológica dos
b) crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão) – tipos.
são os constantes do §2º do artigo 13 do CP, que também Ex.: se uma pessoa jogar um balde de água em uma represa
exigem resultado naturalístico para a responsabilização do completamente cheia, fazendo romper o dique e causando
agente; uma inundação, não poderia ser penalmente
Não ocorrerá nexo causal, em contrapartida, nos seguintes responsabilizado pois sua conduta não pode ser
crimes: considerada relevante ao ponto de ser-lhe imputada uma
infração penal.
a) formais – a consumação é antecipada para antes da
ocorrência do resultado naturalístico. ESTE RESULTADO,
CASO OCORRA, SERÁ CONSIDERADO MERAMENTE C) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES
EXAURIMENTO DO CRIME. CAUSAIS – ADOTADA NO BRASIL. VON BURSI; STUART
b) de mera conduta – delitos de simples atividade, em que o MILL
legislador não fez qualquer previsão de resultado Causa é ação ou omissão sem os quais o resultado não teria
naturalístico a fim de caracterizá-lo. Difere-se do formal ocorrido. Significa que todos os fatos anteriores ao
porque, neste, embora não seja necessário o resultado resultado se equivalem, desde que indispensáveis à sua
naturalístico para sua consumação, o legislador o prevê ocorrência. Conditio sine que non.
como mero exaurimento do crime.
Verifica-se, por uma eliminação hipotética, se o fato
c) omissivos próprios ou omissivos puros – para sua antecedente é causa do resultado. Se suprimido o fato era
caracterização, basta a inação do agente. possível uma modificação no resultado, é sinal de que o
resultado foi causado pela conduta.
3.3. TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Várias teorias surgiram para explicar a relação de CAUSA: TODO COMPORTAMENTO HUMANO, COMISSIVO
causalidade, dentre as mais importantes: OU OMISSIVO, QUE DE QUALQUER MODO CONCORREU
PARA A PRODUÇÃO DO RESULTADO NATURALÍSTICO,
1) Teoria da causalidade adequada;
POUCO IMPORTANDO O GRAU DE CONTRIBUIÇÃO. Não há
2) Teoria da relevância jurídica; diferença entre causa, condição (fator que autoriza a causa
3) Teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou da a produção do efeito) ou ocasião (circunstância acidental
conditio sine qua non). que estimula favoravelmente a produção da causa)
EXISTE UMA FALHA NA TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS
ANTECEDENTES CAUSAIS:
A) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA (TEORIA DA
CONDIÇÃO QUALIFICADA; INDIVIDUZALIADORA) – VON Se estivermos diante de fatos que, isoladamente, teriam
KRIES plenas condições de produzir o resultado, haveria uma
causalidade cumulativa. WELZEL propõe que, “se existem
Define causa como a condição NECESSÁRIA e ADEQUADA a
várias condições das quais cabe fazer abstração de modo
determinar a produção de um evento. A conduta é
alternativo, mas não conjuntamente, sem que deixe de
adequada quando é idônea a gerar o efeito. Além de
produzir-se o resultado, cada uma delas é causal para a
praticar um antecedente necessário, deverá realizar uma
produção do resultado”.
conduta adequada. Idônea, exclui os acontecimentos
extraordinários, fortuitos e excepcionais, anormais. # REGRESSÃO EM BUSCA DAS CAUSAS DO RESULTADO
CONTRIBUIÇÃO EFICAZ. Art. 13, §1º A crítica experimentada pela teoria da equivalência dos
antecedentes causais é no sentido de que, se para
encontrarmos as causas de um resultado determinado
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sempre precisamos fazer uma regressão em busca de todas nada o resultado (já que o ramo se partiria em pouco
as causas que de alguma forma contribuíram para o tempo), poderíamos deixar de considerar a ação do agente
resultado, chegaríamos a uma regressão ao infinito (ad como causa do resultado? Lógico que não.
infinitum). A ação antecipou a queda, influenciando no resultado, que
Para evitar essa regressão demasiada, devemos parar o ocorreu DE FORMA DIVERSA DA QUE OCORRERIA SEM A
raciocínio no momento em que cessarem o dolo ou a culpa AÇÃO. Portanto, a redação do artigo 13 está incompleta,
por parte daquelas pessoas que tiveram importância na pois considera-se causa, na verdade, toda ação ou omissão
produção do resultado. Não é possível regressar além da sem a qual o resultado não teria ocorrido DA FORMA QUE
vontade livre e consciente de produzir o resultado. OCORREU.
CAUSALIDADE PSIQUICA (PRESENÇA DO DOLO OU DA
CULPA)
3.4. CONCAUSAS – ESPÉCIES DE CAUSAS – ART. 13, §1, CP
Ex.: se A mata B com tiro de revólver, não se pode culpar o
vendedor da loja de armas pela morte de B, a não ser que CAUSAS DEPENDENTES CAUSAS INDEPENDENTES
o vendedor tenha vendido a arma com a intenção EMANA DA CONDUTA DO FOGE DA LINHA NORMAL DE
específica de que A matasse B. AGENTE, DELA SE ORIGINA. DESDOBRAMENTO DA
RESULTADO NÃO CONDUTA. INESPERADO E
ACONTECERIA, SEM O IMPREVISÍVEL. TEM A
# PROCESSO HIPOTÉTICO DE ELIMINAÇÃO DE THYRÉN ANTERIOR. Ex.: A tem CAPACIDADE DE POR SI SÓ
De acordo com esse processo, desenvolvido pelo professor intenção de matar B; PRODUZIR O RESULTADO.
sueco Thyrén, para encontrar as causas do resultado lesivo espancada, amarra no ABSOLUTA OU RELATIVA.
devemos fazer um exercício mental da seguinte maneira: carro, arrasta a vítima.
1o) pensar no fato que entendemos influenciador do
resultado;
As causas podem ser:
2o) suprimir mentalmente esse fato da cadeia causal;
- absolutamente independentes – são as causas do caput do
3o) se dessa supressão o resultado se modificar, é sinal de artigo 13.
que o fato suprimido deve ser considerado como causa do
- relativamente independentes - são as do §1o, do mesmo
resultado.
artigo.

DAMÁSIO:
A.1. CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE
EX.: A MATA B.
É a causa que teria acontecido, vindo a produzir o resultado,
1. PRODUÇÃO DO REVOLVER PELA INDUSTRIA; 2. mesmo se não tivesse havido qualquer conduta por parte
AQUISIÇÃO DA ARMA PELO COMERCIANTE; 3. COMPRA DO do agente. As causas absolutamente independentes podem
REVOLVE PELO COMERCIANTE; 4. REFEIÇÃO TOMADA PELO ser, em relação à conduta do agente:
AGRESSOR; 5. EMBOSCADA; 6. DISPARO DOS PROJÉTEIS; 7.
RESULTADO MORTE.
• preexistente – ocorre antes da conduta do agente. Ex.: A
- CAUSALIDADE PSIQUICA: PRESENÇA DO DOLO E DA
dispara contra o peito de B e este vem a falecer, não em
CULPA.
virtude do disparo, mas em virtude de ter ingerido veneno
Ex.: Venda ilícita, por si só não ingressa no nexo de para se suicidar. B morreu envenenado.
causalidade. Exceto se souber da intenção do comprador.
Como não podemos considerar a conduta de A como a
causadora do evento morte, A somente responderá por seu
# OCORRÊNCIA DO RESULTADO dolo, ou seja, como não conseguiu alcançar o resultado em
virtude de acontecimentos alheios à sua vontade,
De acordo com a redação do artigo 13 do Código Penal,
responderá por tentativa de homicídio.
considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido. Mas será que somente pode • concomitante – ocorre simultaneamente à conduta do
ser considerada causa aquela ação que, no caso concreto, agente. Ex.: A e B, sem saberem um a intenção do outro,
modifique efetivamente o resultado? desejam matar C e atiram contra ele no exato momento. Se
ambos os disparos o atingem mas somente o de A vem a
Ex.: Uma pessoa não quer salvar seu inimigo mortal que
atingir seu coração, fazendo-o falecer, enquanto o de B
está suspenso sobre um precipício por um simples ramo
atinge C no braço, B responderá por tentativa de homicídio
que se partiria em pouco tempo. Aliás, além de não querer
(responde pelo dolo) e A responde por homicídio.
salvar, resolve sacudir o ramo e antecipar sua quebra com a
consequente morte da vítima. Daí perguntamos: se a causa • superveniente – a causa ocorre posteriormente à
for considerada como aquela ação sem a qual o resultado conduta do agente, e com ela não guarda relação de
não teria ocorrido, e a ação do sujeito não modificou em dependência alguma. Ex.: A atira em B e o atinge no peito.

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Logo após o tiro, o prédio no qual se encontravam vem a Ex. clássico: A atira em B e este, vindo a ser socorrido,
desabar. B morre em virtude do desabamento, e não em morre em razão de a ambulância ter colidido com um trem.
virtude do tiro. A responderá somente por seu dolo, por Se retirarmos o disparo, a vítima não estaria na ambulância.
tentativa de homicídio. Se retirarmos o acidente, mesmo se a vítima falecesse, o
Se usarmos o método hipotético de eliminação de Thyrén, resultado não teria ocorrido COMO OCORREU.
suprimindo a conduta de A, e mesmo assim verificarmos
que o resultado ocorreria, a conduta de A não foi causadora A) CAUSAS QUE PRODUZEM POR SI SÓS O RESULTADO:
do resultado. teoria da causalidade adequada. Causa idônea. – juízo
estatístico e nas regras de experiência – não basta
* Efeitos jurídicos: imputa apenas os atos praticados. qualquer contribuição, mas uma contribuição adequada.
Suprimindo mentalmente sua conduta, o resultado teria Ex.: A atira em B. Incêndio em um hospital. Acidente de
ocorrido. Tentativa de homicídio. trânsito. Rompe o nexo causal.

A.2. CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE B) CAUSAS QUE NÃO PRODUZEM POR SI SÓS O
É a causa que somente tem a possibilidade de produzir o RESULTADO: teoria da equivalência dos antecedentes.
resultado se for conjugada com a conduta do agente. A (Art. 13, CP) – o agente responde pelo resultado
ausência de qualquer uma delas faz com que o resultado naturalístico, pois suprimindo mentalmente sua
seja modificado. As causas relativamente independentes conduta, o resultado não teria como e quando ocorreu.
podem ser: Ex.: A atira em B. B morre por um erro médico. B não
teria morrido de imperícia médica. Desdobramento
físico do ato de atentar a vida.
• PREEXISTENTE – já existia antes do comportamento do
agente e, quando com ele conjugada numa relação de
complexidade, produz o resultado. • o significado da expressão “por si só” – quando a lei
penal diz que “a superveniência de causa relativamente
Ex.: A quer matar B e, sabendo ser B hemofílico, nele independente exclui a imputação quando, por si só,
desfere um golpe de faca em região não letal. B é levado ao produziu o resultado”, quer dizer que só aqueles resultados
hospital e, embora a facada não o pudesse matar se não que se encontrarem como um desdobramento natural da
fosse hemofílico, morre em decorrência das complicações ação, ou seja, estiverem na linha de desdobramento físico
trazidas pela doença. Se o agente queria matar = homicídio da mesma, é que poderão ser imputados ao agente.
doloso. Se o agente queria lesionar = lesão corporal seguida
de morte. A expressão “por si só” tem a finalidade de excluir a linha de
desdobramento físico, fazendo com que o agente somente
Se o agente desconhecia a doença e não queria matar, não responda pelos atos já praticados. Se o resultado estiver na
responde por tentativa de homicídio, mas por lesão linha de desdobramento natural da conduta inicial do
corporal simples (não por lesão corporal seguida de morte agente, este deverá por ele responder. Caso contrário, o
porque o resultado morte não estava dentro de seu campo agente somente responderá pelo seu dolo.
de previsibilidade).
Ex. 01: A atira em B, que provavelmente faleceria em razão
Ex.: Disparos. Diabete. dos disparos. B é socorrido por ambulância que vem a se
• CONCOMITANTE – é a causa que, ocorrendo numa envolver em acidente, que mata todos que nela estavam.
relação de simultaneidade com a conduta do agente, Comprova-se que B morreu em razão do acidente, e não
conjugada com a mesma é também considerada produtora em razão dos disparos. O ACIDENTE NÃO PODE SER
do resultado. CONSIDERADO DESDOBRAMENTO FÍSICO NATURAL DA
Ex.: A e B querem matar C e, cada um deles ministra CONDUTA DE A. Quem é baleado, via de regra, não morre
quantidade insuficiente de veneno ao mesmo tempo. C vem por acidente de trânsito. Assim, A somente responderá pelo
a falecer envenenado. Embora suprimindo a conduta de A seu dolo, ou seja, pela tentativa de homicídio.
e, depois, de B, o resultado não se produza, as condutas se Ex. 02: A atira em B, que provavelmente faleceria em razão
somaram para produzir o resultado. Assim, tanto A quanto dos disparos. B é socorrido por ambulância e chega com
B responderão por homicídio doloso qualificado. Não há vida no hospital. Enquanto se tratava, contrai infecção
co-autoria, pois não há vínculo subjetivo entre os autores, hospitalar e, embora já estivesse se recuperando, vem a
mas autoria colateral. falecer em virtude da infecção. A INFECÇÃO PODE SER
• superveniente – ocorre posteriormente à conduta do CONSIDERADA DESDOBRAMENTO FÍSICO NATURAL DA
agente e com ela tem ligação. O código diz, no §1o do CONDUTA DE A. Quem é baleado possui grandes chances de
artigo 13, que essas causas só excluem a imputação do contrair infecção hospitalar. Assim, a responde por
agente quando, por si sós, produziriam o resultado. homicídio doloso consumado.

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# linha de desdobramento físico e significância da lesão – caso concreto. A análise se dá em um momento anterior a
para que o resultado seja imputado ao agente, deve estar essa aferição.
dentro da linha de desdobramento físico natural da ANALISA-SE SE O RESULTADO PREVISTO NA PARTE
conduta do agente. OBJETIVA DO TIPO PODE OU NÃO SER IMPUTADO AO
Mas essa regra não é absoluta. Para que não cheguemos a AGENTE. A TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA SURGE PARA
conclusões absurdas somente deve ser considerado como LIMITAR O ALCANCE DA TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS
conseqüência da linha de desdobramento da conduta ANTECEDENTES CAUSAIS.
aquele resultado que seja produto de uma lesão relevante,
grave, que tenha relevo.
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS –
Ex.: se alguém ferir o dedo mínimo de outrem com ADOTADA NO BRASIL. Causa é ação ou omissão sem os
canivete enferrujado e esta pessoa, sem o devido quais o resultado não teria ocorrido. Significa que todos os
tratamento, contrair tétano e vier a falecer, podemos fatos anteriores ao resultado se equivalem, desde que
imputar o resultado morte ao agente? indispensáveis à sua ocorrência. Verifica-se, por uma
Obviamente não. eliminação hipotética, se o fato antecedente é causa do
Ao critério do desdobramento natural da ação física deve resultado. Se suprimido o fato era possível uma modificação
ser acrescentado outro ingrediente: o conceito de no resultado, é sinal de que o resultado foi causado pela
significância. Assim, a causa superveniente não romperá a conduta.
cadeia linear de acontecimentos naturais quando for um
desdobramento natural da ação do agente, DESDE QUE a Com a teoria da imputação objetiva, deixa-se de observar
causa anterior tenha um peso ponderável, mantendo certa uma relação de causalidade puramente material,
correspondência lógica com o resultado mais lesivo a final naturalística, e passa-se a valorar uma relação de
verificado. causalidade de natureza jurídica, normativa. 66
CONCLUSÃO: CAUSALIDADE MATERIAL x IMPUTAÇÃO OBJETIVA
- Causas relativamente independentes PREEXISTENTES e CAUSALIDADE MATERIAL – relaciona uma conduta a um
CONCOMITANTES = o agente responderá pelo resultado determinado resultado no plano naturalístico e constitui
desde que estas causas estejam dentro do conhecimento pressuposto para a imputação objetiva nos crimes de
do agente, senão estaríamos admitindo responsabilidade resultado. IMPUTAÇÃO OBJETIVA – é a atribuição normativa
penal objetiva, ou seja, sem culpa. da produção de determinado resultado a um indivíduo, de
modo a viabilizar sua responsabilização. Para a teoria da
- Causas relativamente independentes SUPERVENIENTES imputação objetiva, não basta que o resultado tenha sido
possuem uma peculiaridade = não podem estar dentro do produzido pelo agente para que se possa afirmar a sua
conhecimento do agente, pois são supervenientes. O relação de causalidade. É preciso, também, que a ele possa
resultado precisa estar dentro de uma linha natural de ser imputado juridicamente. A pretensão da teoria não é,
desdobramento fático da ação do agente e, além disso, a propriamente, imputar o resultado, mas delimitar o alcance
lesão advinda da ação deve ser significante, passível de do tipo objetivo. É mais uma teoria da não-imputação do
produzir o resultado mais grave. que da imputação.

OBSERVAÇÃO! RESUMO
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 1. A imputação objetiva é uma análise que antecede à
imputação subjetiva;
Conforme já estudamos, tipo complexo é o tipo composto 2. A imputação objetiva pode dizer respeito ao resultado ou
por duas partes: uma de natureza objetiva e outra de ao comportamento do agente;
natureza subjetiva. Pelo Princípio da culpabilidade, um 3. O termo mais apropriado seria o de teoria da não-
determinado fato contido em um tipo penal só poderia ser imputação, uma vez que a teoria visa, com as suas
imputado a alguém se o agente tivesse agido com dolo ou vertentes, evitar a imputação objetiva (do resultado ou do
culpa (se nesse caso houver previsão legal). Na ausência de comportamento) do tipo penal a alguém;
dolo ou culpa (elementos subjetivos), o resultado não pode
ser atribuído ao agente para fins penais. Resolve-se o 4. A teoria da imputação foi criada, inicialmente, para se
estudo da estrutura jurídica do crime em sede de fato contrapor aos dogmas da teoria da equivalência, erigindo
típico. Não havendo conduta dolosa ou culposa, não há fato uma relação de causalidade jurídica ou normativa, ao lado
típico. Não havendo fato típico, não há crime. ESSE daquela outra de natureza material;
RACIOCÍNIO PRESERVA A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. 5. Uma vez concluída pela não-imputação objetiva, afasta-
Com o surgimento da imputação objetiva, a preocupação se o fato típico.
não é, à primeira vista, saber se houve dolo ou culpa no

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4. ITER CRIMINIS 5. CRIME CONSUMADO E TENTADO


- Caminho do crime – conjunto de etapas que se sucedem, Art. 14 - Diz-se o crime:
cronologicamente, no desenvolvimento do delito. Crime consumado
Fases: interna e externa. Interna: antecipa e representa I - consumado, quando nele se reúnem todos os
mentalmente o resultado; escolhe os meios necessários a elementos de sua definição legal;
serem utilizados no cometimento da infração; considera os Tentativa - CONATUS
efeitos concomitantes que resultarão nos meios escolhidos. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
Externa: coloca em prática o que tinha elaborado. consuma por circunstâncias alheias à vontade do
1ª ETAPA : COGITAÇÃO8 agente.
2ª ETAPA: PREPARAÇÃO9 Pena de tentativa

3ª ETAPA: EXECUÇÃO10 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário,


pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
Resultados: Consuma a infração. OU não chega a se crime consumado, diminuída de um a dois terços.
consumar por circunstâncias alheias a vontade do agente.
4ª ETAPA: CONSUMAÇÃO (summatum opus)
# Momentos consumativos:
5ª ETAPA: EXAURIMENTO
A) crimes materiais, omissivos impróprios e culposos:
consumam-se quando há a produção do resultado
naturalístico, ou seja, a modificação no mundo exterior. Ex.:
homicídio.
B) omissivos próprios: consumam-se com a abstenção do
8 NA MENTE DO AGENTE. Define a infração penal e antecipa mentalmente o comportamento imposto ao agente. Ex.: omissão de
resultado. socorro.
9 Preparação para o êxito. Seleciona os meios. Prepara a execução. Atos
preparatórios.
10 Atos de execução. Prática do verbo.
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C) mera conduta: consumam-se com o simples f) crimes unissubsistentes – unissubsistente é o crime no


comportamento previsto no tipo, não se exigindo qualquer qual a conduta do agente é exaurida num único ato, não se
resultado naturalístico. Ex.: violação de domicílio. podendo fracionar o iter criminis. Ex.: injúria verbal.
D) formais: consumam-se com a prática da conduta descrita g) crimes omissivos próprios – nesses crimes, ou o agente
no núcleo do tipo, independentemente da obtenção do não pratica a conduta determinada pela lei e consuma a
resultado esperado pelo agente, que, caso aconteça, será infração, ou pratica a conduta, não havendo qualquer fato
considerado mero exaurimento do crime. Ex.: extorsão típico.
mediante seqüestro.
E) qualificados pelo resultado: consumam-se com a 5.1 Desistência voluntária e Arrependimento eficaz
ocorrência do resultado agravador. Ex.: lesão corporal
seguida de morte. Na desistência voluntária, o agente interrompe,
voluntariamente, os atos de execução, impedindo, por ato
F) permanentes: consumam-se enquanto durar a seu, a consumação da infração penal, razão pela qual a
permanência, vez que o crime permanente é aquele cuja desistência voluntária é também conhecida por TENTATIVA
consumação se prolonga no tempo. Ex.: seqüestro e cárcere ABANDONADA.
privado.
“posso prosseguir, mas não quero” = DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA;
# Tentativa perfeita, acabada, ou crime falho – ocorre “quero prosseguir, mas não posso” = TENTATIVA.
quando o agente esgota todos os meios que tinha ao seu
dispor a fim de alcançar a consumação da infração penal, O OBJETIVO DO INSTITUTO É IMPEDIR QUE O AGENTE
que somente não ocorre por circunstâncias alheias à sua RESPONDA PELA TENTATIVA
vontade.
Tentativa imperfeita ou inacabada – ocorre quando o Arrependimento eficaz: o agente salva. Ocorre quando o
agente é interrompido durante a prática dos atos de agente, após esgotar todos os meios de que dispunha para
execução, não chegando a fazer tudo aquilo que chegar à consumação da infração penal, arrepende-se e
intencionava visando consumar o delito. atua em sentido contrário, evitando a produção do
resultado inicialmente pretendido.

# CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA:


a) contravenções penais;
b) crimes habituais – são delitos em que, para se chegar à
consumação, é preciso que o agente pratique, de forma
reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo;
c) crimes preterdolosos – fala-se em preterdolo quando há 5.2 Arrependimento posterior.
dolo na conduta e culpa no resultado. Dolo no antecedente,
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou
culpa no conseqüente. As infrações culposas demandam
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
resultado. Se não há resultado, não há crime culposo (e na restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
tentativa não há resultado, ao menos o pretendido pelo ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
autor). será reduzida de um a dois terços.
d) crimes culposos – se não há vontade dirigida à prática de
uma infração penal não existirá a necessária circunstância
Pela simples leitura do dispositivo pode-se perceber que o
alheia à vontade do agente, que impediria a consumação do
marco final para a reparação do dano ou restituição da
delito. Não existe iter criminis em delito culposo.
coisa é o RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. Frise-se que, ainda
* ENTRETANTO, NA CULPA IMPRÓPRIA PODER-SE IA que OFERECIDA a denúncia, o agente poderá se beneficiar
COGITAR EM TENTATIVA. do favor legal, desde que não tenha sido RECEBIDA pelo
e) crimes nos quais a simples prática da tentativa é punida juiz.
com as mesmas penas do crime consumado – na verdade, STF. 554 - O pagamento de cheque emitido sem
nesse caso pode ocorrer tentativa. A diferença é que não provisão de fundos, após o recebimento da
haverá qualquer diminuição na pena do agente se ele não denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação
alcança o resultado por circunstâncias alheias à sua penal.
vontade. Ex.: art. 352, do CP (: Art. 352. Evadir-se ou tentar
evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de
Se o agente repara o dano ou restitui a coisa após o
segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa) recebimento da denúncia obviamente estaremos impedidos
de aplicar a causa geral de redução de pena do artigo 16.
Entretanto, por motivos de Política Criminal, o agente que
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assim procede será beneficiado pela aplicação da execução ou execução ou ameaça à absoluta do
CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE trazida no artigo 65, III, b, impede que o impede que o pessoa, meio ou por
segunda parte, do CP. resultado se resultado se reparado o absoluta
produza, só produza, só dano ou improprieda
Diferente situação ocorre quando comparamos a responde pelos responde pelos restituída a de do objeto,
consequência jurídica da restituição da coisa ou reparação atos já atos já coisa, até o é impossível
do dano antes do recebimento da denúncia em crime praticado. praticado. recebimento consumar-se
contido no Código Penal com crime de competência do da denúncia o crime.
Juizado Especial Criminal. ou da queixa,
por ato
Art. 75 – Tratando-se de ação penal de iniciativa
voluntário do
privada ou de ação penal pública condicionada à
agente, a
representação, o acordo homologado acarreta a
pena será
renúncia ao direito de queixa ou representação.
reduzida de
um a dois
terços.
Enquanto o arrependimento posterior tem como
consequência a redução da pena entre 1/3 e 2/3, a RESPONDE RESPONDE CAUSA DE FATO
composição dos danos entre autor e vítima, realizada na PELOS ATOS PELOS ATOS DIMINUIÇÃO ATÍPICO
PRATICADOS PRATICADOS DE PENA
audiência preliminar tem o condão de EXTINGUIR A
PUNIBILIDADE (art. 107, V, do CP), visto que trata-se de NÃO TEM NÃO TEM CONSUMAÇÃ
hipótese de renúncia legal imposta à vítima ao seu direito CONSUMAÇÃO CONSUMAÇÃO O
de apresentar queixa ou representação.
6. CRIME DOLOSO E CULPOSO
5.3 Crime Impossível (tentativa inidônea; - tentativa 6.1 CRIME DOLOSO
inadequada ou - quase-crime.)
A. Elementos do tipo
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta Integram o tipo o elemento objetivo, a descrição da
impropriedade do objeto, é impossível consumar- conduta (“matar alguém”), e o elemento subjetivo,
se o crime. pressuposto geral da voluntariedade do agente em praticar
a conduta descrita (culpa ou dolo).

Absoluta Ineficácia do meio: Integram ainda o tipo os ELEMENTOS NORMATIVOS, que


não descrevem objetivamente uma conduta, exigindo um
Ex.: envenenar alguém com açúcar, falsificação grosseira. JUÍZO DE VALOR acerca de seu significado, como por
Absoluta impropriedade do objeto: exemplo, a expressão “indevidamente” na violação de
Ex.: desferir tiros em direção a pessoa já morta, a mulher, correspondência:
acreditando equivocadamente que está grávida, toma Violação de correspondência
medicamento abortivo. Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
correspondência fechada, dirigida a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Relativamente: Ex.: uso de munição velha em revólver para
tentar matar alguém; gestante que, querendo abortar,
ingere medicamento abortivo com prazo de validade B. Tipo Objetivo x Tipo Subjetivo
vencido.; Ex.: se um sujeito quer bater a carteira do outro e
O tipo subjetivo se refere ao elemento de vontade, o querer
erra o bolso, comete tentativa de furto (pela impropriedade
realizar a conduta descrita no tipo objetivo (conduta, nexo
relativa do objeto), mas se a vítima não possuía carteira em
causal e resultado).
nenhum dos bolsos, comete crime impossível (pela
impropriedade absoluta do objeto). Pode-se dizer que o DOLO é o ELEMENTO SUBJETIVO
* Súmula 145 - Não há crime, quando a preparação padrão do TIPO.
do flagrante pela polícia torna impossível a sua Art. 18 - Diz-se o crime:
consumação. I - doloso, quando o agente quis o resultado ou
DESISTÊNCIA ARREPENDI- ARREPENDI- CRIME assumiu o risco de produzi-lo;
VOLUNTÁRIA MENTO EFICAZ MENTO IMPOSSÍVEL II - culposo, quando o agente deu causa ao
POSTERIOR resultado por imprudência, negligência ou
Art. 15 - O Art. 15 - O Art. 16. Nos Art. 17. Não imperícia.
agente que, agente que, crimes se pune a Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
voluntariament voluntariament cometidos tentativa ninguém pode ser punido por fato previsto como
e, desiste de e, desiste de sem violência quando, por crime, senão quando o pratica dolosamente.
prosseguir na prosseguir na ou grave ineficácia

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C. Elementar Da Vontade diretamente (dolo direto) ou ao menos consente na


A vontade não é um elemento descrito no tipo penal, uma produção do resultado lesivo (dolo eventual).
vez que é um pressuposto geral de qualquer delito.O agente O termo “vontade” é utilizado no sentido amplo, ou seja, é
deve ter vontade de produzir o resultado (dolo) ou, pelo VONTADE e também CONSENTIMENTO.
menos, de praticar a conduta (culpa).

G. Dolo nos Sistemas Clássico e Finalista


D. TEORIAS Sistema Clássico – o dolo é normativo (consciência do fato
D.1 Teoria da Representação e da ilicitude) e não está na conduta, mas sim na
Representação (previsão) do resultado como possível culpabilidade;

(Confunde o dolo com a culpa consciente); Sistema Finalista – o dolo é natural (consciência do fato) e
integra a conduta, sendo elemento subjetivo do fato típico.
Não acolhida pelo Código Penal Brasileiro.
DOLO NORMATIVO:
Vontade + consciência do fato + consciência da ilicitude;
D.2 Teoria da Vontade
DOLO NATURAL:
O agente representa o resultado como possível e além disso
ele quer produzir esse resultado. Vontade + consciência do fato.

D.3 Teoria do Assentimento (Teoria do Consentimento ou Consciência da Ilicitude: Discernimento de que a conduta é
Anuência) contrária ao Direito e autodeterminação para a prática do
O agente não quer produzir o resultado, mas ele aceita fato.
apostar com o risco de produzir esse resultado. CPB acolhe O inimputável, no sistema clássico, não age com dolo
as Teorias da Vontade e do Assentimento: normativo, por não entender a ilicitude do fato.
Art. 18 - Diz-se o crime: O inimputável, no sistema finalista age com dolo natural,
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou mas é isento de pena, por não entender a ilicitude do fato.
assumiu o risco de produzi-lo; Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
(...) mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
ninguém pode ser punido por fato previsto como do fato ou de determinar-se de acordo com esse
crime, senão quando o pratica dolosamente. entendimento.
PU - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
* Quando há crime? se o agente, em virtude de perturbação de saúde
mental ou por desenvolvimento mental incompleto
Vontade e/ou Consentimento – DOLO; ou retardado não era inteiramente capaz de
Negligência, Imprudência ou Imperícia – CULPA; entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento.
Fato sem DOLO ou CULPA = FATO ATÍPICO.

H. Dolo Direto x Dolo Indireto


E. Natureza Jurídica do Dolo
Dolo Direto (determinado) – Teoria da Vontade: O agente
O DOLO é a VONTADE CONSCIENTE. sabe o que quer: a ação ou omissão, o meio empregado e o
CONSCIÊNCIA – Elemento intelectivo; resultado atingido (certo e determinado);
VONTADE – Elemento volitivo. Dolo Indireto (indeterminado) - Teoria do Assentimento:
não há vontade de produzir o resultado mas assume-se o
Dolo não é DESEJO, pois está na conduta e não na risco.
cognição.
Subdivide-se entre dolo alternativo ou dolo eventual;

F. Elementos do Dolo
Dolo Eventual - autor não almeja o resultado, mas insiste
CONSCIÊNCIA é o elemento intelectivo, ou seja, na conduta, mesmo sabendo do risco de produzir o
conhecimento efetivo das circunstâncias de fato: vítima, resultado.11
conduta, meio empregado e previsão do resultado.
VONTADE é o elemento volitivo, ou seja, querer realizar o
tipo objetivo, é a disposição interna, o ânimo, que quer 11 STF: Habeas Corpus 91.159/MG – Imprescindível que das circunstâncias se extraia
a aceitação (tanto faz) do autor da possibilidade de produzir o resultado. Ex. Racha,
alta velocidade, manobra perigosa, desafeto com a vítima, etc.
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Posição Majoritária – alguns crimes de trânsito. Ex. Racha. praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso:
STF – Embriaguez, num primeiro momento, é culpa. O dolo
deve ser efetivamente comprovado. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Dolo eventual ≠ culpa consciente


- Dolo Presumido
O crime é doloso não só quando o agente quer o resultado, Responsabilidade Penal Objetiva. Não acolhido atualmente,
mas também quando assume o risco de produzi-lo. Nesse não há presunção de dolo.
caso, como diferenciar o dolo eventual da culpa consciente, Modernamente, quem acusa tem que provar.
já que em ambos existe a previsão do resultado?
O ponto de distinção é que no dolo eventual há uma - Dolo Cumulativo
aceitação da possibilidade de produzir o resultado lesivo
(indiferença quanto à produção do resultado), enquanto na PROGRESSÃO CRIMINOSA: O agente pretende praticar um
culpa consciente há uma rejeição dessa possibilidade fato típico e assim o faz, depois resolve praticar ofensa
(confiança de que o resultado não vai acontecer). maior, na mesma linha de desdobramento.

Dolo Alternativo – o agente quer um ou outro resultado Prevê lesionar (129) resolve matar (121) → dirige sua
com igual intensidade; conduta em busca da lesão (129) e depois da morte (121).
Responde pelo mais grave, o menor é absorvido por este.
Ex. Atirar em alguém para ferir ou matar. O resultado que
sobrevier, lesão ou morte, era desejado;
Responde pelo crime mais grave – Tentativa de Homicídio. - Dolo Geral
Também chamado por erro sucessivo, dolus generalis ou
aberratio causae;
- Dolo de 1º grau x Dolo de 2º grau
Ocorre quando o agente supondo já ter alcançado o
Dolo de 1º grau - dolo direto imediato, expressando a resultado pratica nova ação que efetivamente o provoca.
finalidade ou propósito desejado pelo agente.
Quer matar “A” – Atira em “A” e mata “A”.
- Dolo de Propósito x Dolo de Ímpeto
Dolo de 2º grau - dolo direto mediato: para alcançar o
resultado querido, o agente realiza outro não diretamente Dolo de propósito: também chamado de dolo refletido,
visado, mas necessário para atingir a finalidade desejada. representa a PREMEDITAÇÃO (não majora a pena, apenas
prova o dolo).
Quer matar “B”→ para matar “B” (dolo direto) tem que
matar “A” (dolo eventual) → mata “A” e depois “B”. Dolo de ímpeto: também chamado de dolo repentino, pois
não há uma reflexão prévia (configura uma atenuante).
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a
- Dolo Genérico x Dolo Específico pena: [...]
Dolo genérico (finalistas chamam de apenas DOLO): o III - ter o agente: [...]
agente tem vontade de realizar a conduta sem um fim c) cometido o crime sob coação a que podia
específico. resistir, ou em cumprimento de ordem de
Dolo específico (finalistas chamam de elemento subjetivo autoridade superior, ou sob a influência de violenta
específico): o agente tem vontade de realizar a conduta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
descrita visando um especial fim (ultrapassa o dolo).
Constrangimento ilegal - Dolus bonus x Dolus malus
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência Dolus bonus – motivos menos reprovados – (Ex. aquele
ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, que mata por amor - eutanásia).
por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a
fazer o que ela não manda: pena:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou III - ter o agente:


multa. a) cometido o crime por motivo de relevante valor
Estupro social ou moral;

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência Dolus malus – motivos mais reprovados – (Ex. aquele que
ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a mata para roubar).
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a
pena, quando não constituem ou qualificam o
crime: [...]

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II - ter o agente cometido o crime: c) resultado lesivo não querido nem assumido pelo agente;
a) por motivo fútil ou torpe; 14
b) para facilitar ou assegurar a execução, a d) nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro de observar o seu dever de cuidado e o resultado lesivo
crime; dela advindo;
c) à traição, de emboscada, ou mediante e) previsibilidade; 15
dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou
tornou impossível a defesa do ofendido; f) tipicidade.16
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, NEGLIGÊNCIA IMPRUDÊNCIA IMPERÍCIA
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
É uma conduta Conduta positiva, É uma inaptidão,
podia resultar perigo comum;
negativa, uma praticada sem os momentânea ou
e) contra ascendente, descendente, irmão ou omissão. É cuidados não, de o agente
cônjuge; deixar de fazer necessários, que praticar exercer
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de o que a causa resultado uma arte ou
relações domésticas, de coabitação ou de diligência lesivo previsível profissão. A
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na normal ao agente. É a imperícia deve
forma da lei específica;
impunha prática de um ato necessariamente
g) com abuso de poder ou violação de dever perigoso sem os estar ligada a uma
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; cuidados que o atividade
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, caso requer. É profissional do
enfermo ou mulher grávida; exteriorizada em agente
i) quando o ofendido estava sob a imediata um fazer
proteção da autoridade;
# Culpa consciente x Dolo eventual
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
qualquer calamidade pública, ou de desgraça
CULPA CONSCIENTE – o agente, embora preveja o
particular do ofendido; resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando,
sinceramente, que esse resultado não venha a ocorrer.
l) em estado de embriaguez preordenada.
SUPERCONFIANÇA
DOLO EVENTUAL – embora o agente não queira
- Dolo de dano x Dolo de perigo diretamente o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo.
Dolo de dano: a vontade do agente é causar efetiva lesão INDIFERENÇA.
ao bem jurídico tutelado. Exemplo: homicídio (Art. 121)
Dolo de perigo: o agente atua com a intenção de expor ao
V – ILICITUDE
perigo o bem jurídico tutelado. Exemplo: exposição da vida
ou saúde ao perigo (Art. 132). LEGÍTIMA DEFESA ESTADO DE NECESSIDADE
a) Agressão. a) Perigo atual.
6.2 CRIME CULPOSO b) Atualidade ou b) Ameaça a direito próprio ou
Art. 18. Diz-se o crime: iminência. alheio.
II - culposo, quando o agente deu causa ao c) Injustiça da agressão. c) Conhecimento da situação
resultado por imprudência, negligência ou d) O direito defendido. justificante.
imperícia. Parágrafo único. Salvo os casos d) Perigo não provocado
expressos em lei, ninguém pode ser punido por e) Elemento subjetivo —
conhecimento da situação voluntariamente pelo sujeito.
fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente justificante. e) Inexigibilidade do sacrifício
f) Meios necessários. do bem ameaçado (princípio

Elementos:
a) conduta humana voluntária, seja ela comissiva ou 13 Se o agente age de forma lícita, com finalidade lícita, mas inobserva esses deveres
omissiva; 12 a todos impostos causando danos a bens jurídicos de terceiros, deve ser
responsabilizado pelos danos.
b) inobservância de um dever objetivo de cuidado 14 Embora o agente tenha agido em completa inobservância ao dever objetivo de
cuidado, seja de forma imprudente, negligente ou imperita, não poderá ser
(negligência, imprudência ou imperícia);13 penalmente responsabilizado se efetivamente não causar danos a bens jurídicos
penalmente tutelados.
15 Diz-se que no crime culposo, o agente não prevê aquilo que lhe era previsível. Esse
conceito, entretanto, serve apenas à chamada culpa inconsciente, visto que, no caso
12 Nos delitos culposos, a conduta do agente é dirigida, em regra, a um fim lícito. Não da culpa consciente, o agente prevê que o resultado possa ocorrer, mas acredita
há conduta sem finalidade, seja ela dolosa ou culposa. A diferença é que na conduta sinceramente que ele não ocorrerá.
dolosa a ação é impulsionada por uma finalidade ilícita e na culposa, visto ser a 16 A conduta culposa só poderá ser considerada crime se houver previsão legal
finalidade geralmente lícita. expressa para essa modalidade de infração.
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g) Moderação da ponderação de bens). VI – CULPABILIDADE


f) Inevitabilidade do perigo. g)
Inexistência de dever legal de
arrostar o perigo (art. 24, § 1. Espécies
1º). A culpabilidade é vista como pressuposto necessário para a
aplicação de uma pena ao agente que cometeu um crime
(fato típico e antijurídico), apesar de parte da doutrina
ESTRITO CUMPRIMENTO DO EXERCÍCIO REGULAR DO entender que a legislação não a considerou como requisito
DEVER LEGAL DIREITO do crime. Ele dá-se quando o sujeito for imputável, detiver
A) existência de um dever Todo aquele que exerce possibilidade de compreensão da ilicitude de sua conduta e
legal; um direito assegurado por se puder dele exigir comportamento diferente na situação
lei não pratica ato ilícito. em que se encontrava.
B) atitude pautada pelos
estritos limites do dever;
C) conduta, como regra, de
agente público e,
excepcionalmente, de
particular.
Ex: oficial de justiça que Ex: Intervenção médico-
executa ordem de despejo; cirúrgica; violência
intervenção médico-cirúrgica; desportiva; desforço
soldado que fuzila o imediato na defesa da
condenado por crime militar posse; flagrante facultativo
em tempo de guerra, cuja
sanção é a pena de morte

Além das hipóteses legais de excludentes de ilicitude, a


IMPUTABILIDADE EXIGIBILIDADE DE CONDUTA
doutrina admite a existência de causas supralegais (ex.: não
(POTENCIAL CONSCIÊNCIA DIVERSA
previstas em lei) de exclusão da ilicitude, fundadas no
emprego da analogia in bonam partem, suprindo eventuais DA ILICITUDE)
situações não compreendidas no texto legal. É o que ocorre É a capacidade mental de Para dizer que alguém
com o consentimento do ofendido nos tipos penais em que compreender o caráter praticou uma conduta
o bem jurídico é disponível (ex.: crime de dano — art. 163 ilícito do fato (vale dizer, de reprovável, é preciso que se
do CP) e o sujeito passivo, agente capaz. Importante que o comportamento é possa exigir dessa pessoa,
advertir que, em certos casos, o tipo penal prevê o dissenso reprovado pela ordem na situação em que ela se
da vítima como elementar; se isso ocorrer, seu jurídica) e de determinar-se encontrava, uma conduta
consentimento figurará como causa excludente de de acordo com esse diversa. Muitas vezes, as
tipicidade (ex.: violação de domicílio — art. 150 do CP). entendimento pessoas se veem em
situações nas quais não têm
escolha: ou agem de tal
Pacote anticrime
forma, ou um mal muito
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, maior lhes acontecerá. Veja
usando moderadamente dos meios necessários, o seguinte caso: para obter
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito
declaração falsa e assinatura
seu ou de outrem.
em um contrato, um sujeito
Parágrafo único. Observados os requisitos aponta arma de fogo contra
previstos no caput deste artigo, considera-se
a cabeça da vítima, exigindo
também em legítima defesa o agente de segurança
pública que repele agressão ou risco de agressão a
que redija e assine o
vítima mantida refém durante a prática de crimes. documento. Evidente que a
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) vítima pode recusar-se a
assiná-lo, no entanto, se o fi
zer, morrerá. Nesse caso,
não se pode exigir do
ofendido que assinou o
documento falso
comportamento diferente.

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a) doença mental ou a) Coação moral irresistível: CF, art. 228). não excluem o crime (CP,
desenvolvimento mental Requisito da coação moral art. 28). Seria um absurdo se
incompleto ou retardado (ameaça): deve ser isso ocorresse, já que, por
(CP, art. 26) irresistível. mais amoral que seja o
b) embriaguez completa e criminoso, ele sempre
E a “irresistibilidade da estará sentindo alguma
involuntária — decorrente coação deve ser medida
de caso fortuito ou força emoção (tensão, apreensão,
pela gravidade do mal nervosismo, alegria, prazer,
maior (CP, art. 28, § 1º); ameaçado (...) Somente o irritação, ansiedade etc.).
mal efetivamente grave e
iminente tem o condão de
caracterizar a coação 2 EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
irresistível prevista pelo art. i. INIMPUTÁVEIS: inteira capacidade de entendimento
22 do CP. A iminência aqui
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por
não se refere à imediatidade
doença mental ou desenvolvimento mental
tradicional, puramente
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação
cronológica, mas significa ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
iminente à recusa, isto é, se o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
o coagido recusar-se, o acordo com esse entendimento. Redução de
coator tem condições de pena. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida
cumprir a ameaça em de um a dois terços, se o agente, em virtude de
seguida, seja por si mesmo, perturbação de saúde mental ou por
seja por interposta pessoa” desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter
(Cezar R. Bitencourt, Manual
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
de direito penal: parte geral,
esse entendimento.
v. 1, p. 310).
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são
c) dependência a substância b) Obediência hierárquica: I) penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
entorpecente (Lei n. relação de direito público normas estabelecidas na legislação especial.
11.343/2006, art. 45, caput); (hierarquia); Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a
d) intoxicação involuntária II) ordem do superior; emoção ou a paixão;
por substância entorpecente III) ordem ilegal, mas cuja Embriaguez.
(Lei n. 11.343/2006, art. 45, ilegalidade não seja II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
caput); 18 manifestamente evidente. ou substância de efeitos análogos.
Obs: O superior hierárquico § 1º - É isento de pena o agente que, por
que profere a ordem ilegal embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou
responde pelo crime com
da omissão, inteiramente incapaz de entender o
uma circunstância agravante caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
(CP, art. 62, III); seu acordo com esse entendimento.
subordinado será isento de
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois
pena (trata-se de outro caso
terços, se o agente, por embriaguez, proveniente
de autoria mediata17 de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
e) menoridade (CP, art. 27, e OBS: A emoção e a paixão tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
17 Em relação à obediência hierárquica, a situação dos militares é diferente dos
funcionários civis. O Código Penal Militar prevê o crime de insubordinação (art. 163,
CPM), que inviabiliza discutir a legalidade de uma ordem pelo dever de obediência.
Nesses casos, se houvesse crime, só o autor da ordem responderia, o subalterno não.
É importante notar que o Código Penal Militar fala em ordem manifestamente
criminosa (art. 38, § 2º, CPM). A ordem manifestamente criminosa é diferente da
ordem manifestamente ilegal do Código Penal, pois a ilegalidade manifesta é relativa
a formalidades que não foram cumpridas e falta de legitimidadde do superior para
dar a ordem. Já a ordem manifestamente criminosa tem por objeto a prática de ato
manifestamente criminoso.
18 O art. 45, caput, da Lei de Tóxicos (Lei n. 11.343/2006) dispõe: “É isento de pena o
agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito
ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Nesse caso, “quando OBS¹: EMBRIAGUEZ
absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época
do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá 1. VOLUNTÁRIA: o agente quer beber e quer se embriagar –
determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico
adequado” (parágrafo único).
imputável;
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2. CULPOSA: o agente quer beber, mas não quer se possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
embriagar – imputável; consciência

3. CASO FORTUITO: Acidental, o agente bebe por engano ou


por acidente – inimputável; - O agente não tem potencial consciência da ilicitude. Ex.;
4. FORÇA MAIOR: o agente é obrigado a beber – Holandês fumando machona no estádio da copa. Diferente
inimputável. do erro de tipo, em que o agente não sabe o que está
fazendo, tem uma falsa percepção da realidade (art. 20, CP),
não sabe com clareza o que está fazendo (Ex.; Guarda uma
ii. Inexigibilidade de conduta diversa pasta de um amigo que acha que tem documentos, mas
Quando não se pode exigir do agente conduta diferente tem maconha); no erro de proibição o agente sabe o que
daquela que ele efetivamente praticou. está fazendo, ele não sabe o que é permitido ou proibido.
Tipos: Coação moral irresistível (art. 22, CP) e Obediência EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
Hierárquica *Inimputabilidade:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não ou retardado (CP, art. 26)
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só
é punível o autor da coação ou da ordem. b) embriaguez completa e involuntária — decorrente de
caso fortuito ou força maior (CP, art. 28, § 1º);
c) dependência a substância entorpecente (Lei n.
OBS²: COAÇÃO MORAL IRRESTÍVEL ≠ COAÇÃO FÍSICA
11.343/2006, art. 45, caput);
IRRESISTÍVEL
d) intoxicação involuntária por substância entorpecente
(Lei n. 11.343/2006, art. 45, caput);
e) menoridade (CP, art. 27, e CF, art. 228).
* Inexigibilidade de conduta diversa:
a) coação moral irresistível;
b) obediência hierárquica
19
*Erro de proibição
* Descriminantes putativas

JURISPRUDÊNCIA
DIREITO PENAL. PORTE DE ARMA DE FOGO POR VIGIA
APÓS O HORÁRIO DE EXPEDIENTE.
O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar
iii. Descriminantes putativas e o Erro de Proibição arma de fogo durante o exercício das atribuições de vigia
Descriminantes (excludente de ilicitude) e putativa não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP)
(imaginária): excludente de ilicitude imaginária. A capaz de excluir a culpabilidade do crime de “porte ilegal
excludente não é real, há uma falsa percepção da realidade. de arma de fogo de uso permitido” (art. 14 da Lei n.
Tratada por muitos como uma modalidade de erro. Erro de 10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido
tipo permissivo. flagrado portando, em via pública, arma de fogo, após o
término do expediente laboral, no percurso entre o
Art. 20. § 1º - É isento de pena quem, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
trabalho e a sua residência. De fato, não parece aceitável
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação admitir a tese de que o vigia estava sob influência de coação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro moral irresistível, porquanto, quando praticou a conduta
deriva de culpa e o fato é punível como crime proibida, ele estava fora do horário e do ambiente de
culposo trabalho, livre, portanto, da relação de subordinação que o

19
verifica-se quando a falsa percepção da realidade incide sobre os limites legais
Erro de Proibição inevitável (normativos) da causa de justificação. O agente sabe exatamente o que está fazendo, percebe
toda a situação; desconhece, no entanto, que a lei proíbe sua conduta. Pensa que age de forma
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O correta, quando, na verdade, sua conduta é errada, proibida, censurada pelo ordenamento
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta penal. É o chamado erro de proibição indireto. Exemplo: “Um oficial de justiça realiza uma
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um penhora. O executado, por erro, supõe que a diligência é injusta e reage em imaginária
legítima defesa. O erro deriva não da má apreciação das circunstâncias do fato, mas de
sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se incorreta consideração da qualidade da agressão. Esta existe, mas é justa. O executado a supõe
evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a injusta. Aplica-se o art. 21: se o erro é invencível, há exclusão da culpabilidade, se vencível,
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era não há exclusão da culpabilidade e sim diminuição de pena” (Damásio de Jesus, Novas
questões criminais, p. 136).
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obrigava a portar arma de fogo de modo ilegal. Sob esse ensejadora de crime de injúria — art. 140 do CP, por ele
prisma, não há porque supor a indução do comportamento respondendo, e não por desacato — art. 331 do CP).
delitivo por força externa determinante, infligida pelo O erro de tipo essencial, seja ele evitável ou não, sempre
empregador. A verdade é que não há espaço para aplicação exclui o dolo. Quando inevitável dolo, afasta a culpa. Tal
da regra disposta no art. 22 do CP (“Se o fato é cometido erro ocorre quando o equívoco (ex., a falsa percepção da
sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, realidade) no qual o agente incorreu seria cometido por
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é qualquer pessoa de mediana prudência e discernimento, na
punível o autor da coação ou da ordem”). Assim, a situação em que ele se encontrava. Exemplo: o caçador
inexigibilidade de conduta diversa somente funciona como atira contra um arbusto ferindo uma pessoa que se fazia
causa de exclusão da culpabilidade quando proceder de passar por animal bravio. O erro essencial pode, ainda, ser
forma contrária à lei se mostrar como única alternativa evitável, caso pudesse ter sido evitado por alguém de
possível diante de determinada situação. Se há outros mediana prudência e discernimento. Embora afaste o dolo,
meios de solução do impasse, a exculpante não se enseja a punição por crime culposo, se previsto em lei.
caracteriza. Ademais, “importa não confundir, aqui, a Exemplo: o caçador atira contra uma pessoa há poucos
atividade exercida pelo réu (vigia) com a de um vigilante metros de distância porque, estando sem os seus óculos, a
(profissional contratado por estabelecimentos financeiros confundiu com um animal1.
ou por empresa especializada em prestação de serviços de
vigilância e transporte de valores), cuja categoria é
regulamentada pela Lei nº 7.102/83, ao qual é assegurado o Acidental: compreende o erro sobre o objeto material, o
direito de portar armas de fogo, quando em efetivo erro na execução e o erro sobre o nexo causal.
exercício da profissão” (REsp 1.221.960-SP, Sexta Turma, Erro sobre o objeto material
DJe 9/3/2011). REsp 1.456.633-RS, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 5/4/2016, DJe 13/4/2016 O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual
(Informativo n. 581). recai a conduta. Há, portanto, erro sobre a pessoa (error in
persona) e erro sobre o objeto (error in objecto).
a) Erro sobre a pessoa Pressuposto: o agente atinge pessoa
VII – ERRO DE TIPO diversa da que pretendia ofender (vítima efetiva), pois a
confunde com outra (vítima visada). Exemplo: o sujeito
mata um sósia do inimigo, pensando tratar-se de seu algoz.
Espécies de erro de tipo
Efeito: não beneficia o agente, devendo ele responder
Essencial: subdivide-se em erro de tipo incriminador e como se tivesse atingido a vítima visada (CP, art. 20, § 3º).
permissivo. Assim, se pretendia matar seu pai, mas atingiu
a) Erro de tipo incriminador (art. 20, caput): Exemplos: desconhecido (porque o confundiu com seu genitor),
contrair casamento com pessoa casada, desconhecendo responde pelo crime de homicídio (simples ou qualificado,
completamente o matrimônio anterior válido (o agente não conforme o caso), com a agravante genérica do art. 61, II, e,
será considerado bígamo — art. 235 do CP); subtrair coisa do CP.
alheia, supondo-a própria (não ocorre o crime de furto — b) Erro sobre o objeto Pressuposto: a conduta do sujeito
art. 155 do CP). recai sobre coisa diversa da imaginada. Exemplo: alguém
b) Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º): Exemplo: numa subtrai sacas de arroz acreditando tratar-se de milho.
comarca do interior, uma pessoa é condenada e promete ao Efeito: não beneficia o agente, respondendo ele pelo crime
juiz que, quando cumprir a pena, irá matá-lo. Passado certo praticado.
tempo, o escrivão alerta o magistrado de que aquele réu c) Erro na execução do crime
está prestes a ser solto. No dia seguinte, o juiz caminha por
uma rua escura e se encontra com seu algoz, que leva a
mão aos bolsos de maneira repentina. O juiz, supondo que Há duas modalidades de erro na execução: aberratio ictus
está prestes a ser alvejado, saca de uma arma, matando-o; e aberratio criminis.
apura-se, em seguida, que o morto tinha nos bolsos apenas 1ª) Aberratio ictus (erro na execução ou desvio no golpe)
um bilhete de desculpas (legítima defesa putativa). — art. 73 do CP.
É o que retira do agente a capacidade de perceber que Característica: o sujeito erra nos meios de execução (“erro-
pratica determinado crime. Pode ser inevitável ou evitável. inabilidade”), de tal forma que atinge pessoa diversa da
Em função dele, o sujeito crê não cometer ilícito algum pretendida.
(como no exemplo da pessoa que guarda cocaína em casa
Espécies:
acreditando tratar-se de açúcar) ou, ao menos, que comete
outro crime, diverso do que efetivamente pratica (p. ex., a) com unidade simples ou resultado único: em face do erro
alguém ofende a dignidade de uma pessoa desconhecendo na execução, o agente acaba por atingir apenas pessoa
que se trata de funcionário público no exercício de sua diversa da pretendida (a pessoa que queria atingir é
função; apenas se dá conta, nesse caso, de uma situação chamada de vítima virtual e a pessoa atingida é chamada de
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vítima efetiva); — consequência: a solução é a mesma do art. 22 porque não havia ordem. É o caso de aplicar o art.
art. 20, § 3º, ou seja, o agente responde pelo crime como se 21: erro de proibição. O agente supôs que sua conduta era
tivesse atingido a vítima pretendida (vítima virtual); lícita porque agiu na crença de que havia uma ordem de
b) com unidade complexa ou resultado duplo: o agente, autoridade superior, a qual lhe pareceu legal (e cuja
além de atingir a vítima efetiva, atinge a vítima virtual; — ilegalidade, à vista do homem médio, não era manifesta)
consequência: aplica-se a regra do concurso formal. Apura- 9.6.2 Erro sobre a inimputabilidade
se a capitulação jurídica de cada crim, segundo o elemento Considere uma pessoa humilde, que não teve seu
subjetivo do agente, e faz-se a exasperação das penas. nascimento registrado em cartório, acreditando ter 17 anos,
Diferença entre o erro sobre a pessoa e a aberratio ictus quando, na verdade, possui 18 (circunstância apurada
(erro na execução): “O erro sobre a pessoa surge no mediante perícia). Também aqui devem ser aplicados os
momento da formação da vontade e nisso se distingue da princípios relativos ao erro de proibição.
aberratio ictus, que surge no momento da execução da
vontade”
QUESTÕES
Além disso, no erro sobre a pessoa, a vítima visada nem
sequer chega a ser ameaçada com a conduta do agente. 1.(II.OAB) Pedro, almejando a morte de José, contra ele
efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região
toráxica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do
2ª) Aberratio criminis (resultado diverso do pretendido) — disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia
art. 74 do CP ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a
Pressuposto: o erro do agente também está nos meios agressão, o que foi comprovado durante instrução
executórios. No entanto, em vez de atingir pessoa diversa processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos
da pretendida, acaba por atingir bem jurídico diverso do do previsto no artigo 121, caput, do Código Penal. Na
pretendido (daí o nomen iuris: resultado diverso do condição de Advogado de Pedro: I. indique o recurso
pretendido). cabível; II. o prazo de interposição; III. a argumentação
visando à melhoria da situação jurídica do defendido.
Exemplo: o agente atira uma pedra contra uma vidraça e
Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos
acerta uma pessoa (só responde por lesão corporal culposa,
dispositivos legais.
ficando absorvida a tentativa de dano).
Espécies:
2. Félix, objetivando matar Paola, tenta desferir-lhe diversas
a) com unidade simples ou resultado único: só atinge o bem
facadas, sem, no entanto, acertar nenhuma. Ainda na
jurídico diverso do pretendido; para falar em aberratio
tentativa de atingir a vítima, que continua a esquivar-se dos
criminis pressupõe-se que o bem jurídico diverso tenha sido
golpes, Félix, aproveitando-se do fato de que conseguiu
atingido por erro (leia-se: culpa), pois, se houve dolo, ainda
segurar Paola pela manga da camisa, empunha a arma. No
que eventual, deve o agente responder pelo crime na forma
momento, então, que Félix movimenta seu braço para dar o
dolosa, não se aplicando o art. 74; — consequência: só
golpe derradeiro, já quase atingindo o corpo da vítima com
responde pelo resultado produzido e, mesmo assim, se
a faca, ele opta por não continuar e, em seguida, solta
previsto como crime culposo;
Paola, que sai correndo sem ter sofrido sequer um
b) com unidade complexa ou resultado duplo: atinge o bem arranhão, apesar do susto.
jurídico que almejava e outro, diverso do pretendido, por
Nesse sentido, com base apenas nos dados fornecidos,
erro na execução; — consequência: concurso formal
poderá Félix ser responsabilizado por tentativa de
homicídio? Justifique. (Valor: 1,25)
ERRO DE PROIBIÇÃO A resposta que contenha apenas as expressões “sim” ou
9.6.1 Coação moral irresistível putativa e obediência “não” não será pontuada, bem como a mera indicação de
hierárquica putativa artigo legal ou a resposta que apresente teses
contraditórias.
Um funcionário público recebe uma carta
ameaçadora dizendo-lhe que não realize ato de ofício;
amedrontado, omite-se; depois, percebe que a carta era 3. (XX.OAB) Andy, jovem de 25 anos, possui uma
endereçada a outro funcionário com atribuição semelhante condenação definitiva pela prática de contravenção penal.
à sua. Responde o agente por prevaricação? A resposta é Em momento posterior, resolve praticar um crime de
negativa, devendo aplicar-se os princípios relativos ao erro estelionato e, para tanto, decide que irá até o portão da
de proibição (CP, art. 21). residência de Josefa e, aí, solicitará a entrega de um
O agente, supondo existente uma ordem, não computador, afirmando que tal requerimento era fruto de
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, pratica uma um pedido do próprio filho de Josefa, pois tinha
conduta. Na verdade, contudo, a ordem não foi dada. conhecimento que este trabalhava no setor de informática
Responde pelo crime cometido? Não pode ser aplicado o de determinada sociedade. Ao chegar ao portão da casa,

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afirma para Josefa que fora à sua residência buscar o chegar a hora em que sabia que Josefa não estaria em casa
computador da casa a pedido do filho dela, com quem e, após olhar em volta para ter certeza de que ninguém a
trabalhava. Josefa pede para o marido entregar o observava, Maria arremessa com força, na direção da casa
computador a Andy, que ficara aguardando no portão. da vizinha, um enorme tijolo. Ocorre que Josefa, naquele
Quando o marido de Josefa aparece com o aparelho, Andy dia, não havia saído de casa e o tijolo após quebrar a
se surpreende, pois ele lembrava seu falecido pai. Em razão vidraça, atinge também sua nuca. Josefa falece
disso, apesar de já ter empregado a fraude, vai embora sem instantaneamente.
levar o bem. O Ministério Público ofereceu denúncia pela Nesse sentido, tendo por base apenas as informações
prática de tentativa de estelionato, sendo Andy condenado descritas no enunciado, responda justificadamente: É
nos termos da denúncia. correto afirmar que Maria deve responder por homicídio
Como advogado de Andy, com base apenas nas doloso consumado? (Valor: 1,25)
informações narradas, responda aos itens a seguir.
A) Qual tese jurídica de direito material deve ser alegada, 6. Erika e Ana Paula, jovens universitárias, resolvem passar
em sede de recurso de apelação, para evitar a punição de o dia em uma praia paradisíaca e, de difícil acesso (feito
Andy? Justifique. (Valor: 0,65) B) Há vedação legal expressa através de uma trilha), bastante deserta e isolada, tão
à concessão do benefício da suspensão condicional do isolada que não há qualquer estabelecimento comercial no
processo a Andy? Justifique. (Valor: 0,60) local e nem mesmo sinal de telefonia celular. As jovens
chegam bastante cedo e, ao chegarem, percebem que além
4. (X.OAB) Maria, mulher solteira de 40 anos, mora no delas há somente um salva-vidas na praia. Ana Paula decide
Bairro Paciência, na cidade Esperança. Por conta de seu dar um mergulho no mar, que estava bastante calmo
comportamento, Maria sempre foi alvo de comentários naquele dia. Erika, por sua vez, sem saber nadar, decide
maldosos por parte dos vizinhos; alguns até chegavam a puxar assunto com o salva-vidas, Wilson, pois o achou
afirmar que ela tinha “cara de quem cometeu crime”. Não muito bonito. Durante a conversa, Erika e Wilson percebem
obstante tais comentários, nunca houve prova de qualquer que têm vários interesses em comum e ficam encantados
das histórias contadas, mas o fato é que Maria é pessoa um pelo outro. Ocorre que, nesse intervalo de tempo,
conhecida na localidade onde mora por ter máíndole, já que Wilson percebe que Ana Paula está se afogando. Instigado
sempre arruma brigas e inimizades. por Erika, Wilson decide não efetuar o salvamento, que era
perfeitamente possível. Ana Paula, então, acaba morrendo
Certo dia, com raiva de sua vizinha Josefa, Maria resolve afogada. Nesse sentido, atento(a) apenas ao caso narrado,
quebrar a janela da residência desta. Para tanto, espera indique a responsabilidade jurídico-penal de Erika e Wilson.
chegar a hora em que sabia que Josefa não estaria em casa (Valor: 1,25)
e, após olhar em volta para ter certeza de que ninguém a
observava, Maria arremessa com força, na direção da casa
da vizinha, um enorme tijolo. Ocorre que Josefa, naquele 7. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Lucile,
dia, não havia saído de casa e o tijolo após quebrar a imputando-lhe a prática da conduta descrita no Art. 155,
vidraça, atinge também sua nuca. Josefa falece caput, do CP. Narrou, a inicial acusatória, que no dia
instantaneamente. 18/10/2012 Lucile subtraiu, sem violência ou grave ameaça,
Nesse sentido, tendo por base apenas as informações de um grande estabelecimento comercial do ramo de venda
descritas no enunciado, responda justificadamente: de alimentos, dois litros de leite e uma sacola de verduras, o
que totalizou a quantia de R$10,00 (dez reais). Todas as
É correto afirmar que Maria deve responder por homicídio exigências legais foram satisfeitas: a denúncia foi recebida,
doloso consumado? (Valor: 1,25) foi oferecida suspensão condicional do processo e foi
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não apresentada resposta à acusação. O magistrado,
pontua. entretanto, após convencer-se pelas razões invocadas na
referida resposta à acusação, entende que a fato é atípico.
5. Maria, mulher solteira de 40 anos, mora no Bairro Nesse sentido, tendo como base apenas as informações
Paciência, na cidade Esperança. Por conta de seu contidas no enunciado, responda, justificadamente, aos
comportamento, Maria sempre foi alvo de comentários itens a seguir.
maldosos por parte dos vizinhos; alguns até chegavam a A) O que o magistrado deve fazer? Após indicar a solução,
afirmar que ela tinha “cara de quem cometeu crime”. Não dê o correto fundamento legal.
obstante tais comentários, nunca houve prova de qualquer (Valor: 0,65)
das histórias contadas, mas o fato é que Maria é pessoa
conhecida na localidade onde mora por ter má índole, já B) Qual é o elemento ausente que justifica a alegada
que sempre arruma brigas e inimizades. atipicidade? (Valor: 0,60)

Certo dia, com raiva de sua vizinha Josefa, Maria resolve


quebrar a janela da residência desta. Para tanto, espera

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 TEORIA GERAL DA PENA penal, a teoria introduz o princípio da proporcionalidade


(o agente receberá a pena proporcional ao seu delito).
SANÇÃO PENAL: PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA Ex.: Lei de Taleão.

VIII– CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS 2ª Teoria Preventiva ou utilitarista: tem finalidade política,


DA PENA será meio de combate a ocorrência de crime e reincidência.
A pena é instrumental. EVITAR A PRÁTICA DE NOVAS
INFRAÇÕES PENAIS.
1. CONCEITO Crítica: enquanto não tiver certeza que o agente não voltará
A PRISÃO É UMA EXIGÊNCIA AMARGA, MAS a delinquir a pena permanece, correndo o risco de penas
IMPRESCINDIVEL (...) A prisão é concebida modernamente indefinidas, ou seja, a pena deixa de ser proporcional a
como um mal necessário, sem esquecer que a mesma gravidade do crime praticado.
guarda em sua essência contradições insolúveis. Rogério Greco subdivide esta teoria em:
(BITENCOURT, 2014)
- Preventiva Geral: negativa (por intimidação – reflete na
sociedade) e positiva (integradora – respeito aos valores)
Principal resposta penológica. - Preventiva Especial: negativa (neutralizar o agente –
A PENA É A ESPÉCIE DE SANÇÃO PENAL consistente na segregação no cárcere) e positiva (ressocializador – evitar
privação ou na restrição de determinados bens jurídicos do que cometa novas infrações)
condenado, aplicada pelo Estado em decorrência do
cometimento de uma infração penal, com as finalidades de
castigar se responsável, readaptá-lo ao convívio em 3ª Teoria Mista ou Eclética: a pena é retribuição
comunidade e, mediante a intimidação endereçada a proporcional ao mal culpável do delito, mas orienta-se a
sociedade, evitar a prática de novos crime ou realização de outros fins, em especial a prevenção. É um
contravenções penais (MASSON, 2014) castigo e um meio de prevenir.

BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos delitos e das penas. Trad.


Flório de Angelis. 2. Reimpr. São Paulo: EDIPRO, 1999. E o Brasil? (duas correntes)
BORGES, Juliana. Encarceramento em massa. São Paulo: 1ª O CP no artigo 59 adotou a teoria eclética – “reprovação e
Pólen, 2019. prevenção do crime”. (entendimento de Rogério
Greco/Masson)
Art.121, §5º - perdão judicial – o agente já foi punido –
2. FUNDAMENTOS DA PENA (≠ finalidade)
finalidade retributiva
Tríplice fundamentação. Justificativa.
Art.10, Lei 7210/84- finalidade preventiva
1º Fundamento político estatal: pena se justifica por que
“prevenir o crime” – prevenção geral
sem ela o ordenamento jurídico deixaria de ser um
ordenamento coativo. Capaz de reagir com eficiência diante Art. 28 – “retorno a comunidade”
das infrações. 2ª O CP não se pronunciou sobre qual teoria adotou.
2º Fundamento psiquicossocial: a pena é indispensável por Entendendo a doutrina que a pena tem tríplice finalidade.
que satisfaz o anseio de justiça da comunidade.
3º Fundamento ético individual: permite ao próprio # 3 momentos (cada finalidade aparece em um momento
delinquente liberar-se (eventualmente) de algum diferente)
sentimento de culpa.
PENA EM APLICAÇÃO DA EXECUÇÃO DA
ABSTRATO PENA PENA
3. FINALIDADE DA PENA (≠ fundamento) Prevenção geral Prevenção Concretizar a
especial + prevenção
Teorias divergentes e diversas. especial +
1ª Teoria absoluta ou retribucionista (HEGEL; KANT): pune- retribuição +
se alguém pelo simples fato de haver delinquido – Visa a sociedade Visa o delinquente
DECORRÊNCIA LÓGICA DA DELIQUÊNCIA – RETRIBUIÇÃO DO
Atua antes da Busca evitar a
MAL CAUSADO. prática do crime reincidência
Crítica: na realidade não há finalidade, ou seja, há desapego Esta finalidade tem Retribuição: Ressocialização:
a função política da pena (=majestade dissociada de fins). 2 aspectos: retribuir com o caráter
Atua como INSTRUMENTO DE VINGANÇA DO ESTADO. mal, o mal reeducativo. O
1. prevenção geral
Todavia, trouxe uma importante noção para o direito positiva (afirma a causado. escopo da pena é

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validade da norma) reeducá-lo para aceito de volta a comunidade (MASSON, 2013). Pode gerar
Prevenção geral Art. 59, CP que no futuro reparação a vítima, pois incentiva o perdão recíproco.
negativa (evita que o possa ingressar ao
cidadão venha convívio social,
delinquir – por prevenindo a Art. 28-A, CPP (INCLUÍDO PELA LEI 13.964/19) – ACORDO DE
intimidação) prática de novos NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP):
crimes.
1. CONCEITO: “é um ajuste obrigacional celebrado entre o
(Rogério Greco
órgão de acusação e o investigado (assistido por advogado),
chama de
prevenção especial
devidamente homologado pelo juiz, no qual o indigitado
positiva a assume sua responsabilidade, aceitando cumprir desde
ressocialização da logo, condições menos severas do que a sanção penal
pena.) aplicável ao fato a ele imputado. (SANCHES, 2020)

CONCLUSÃO: a pena tem um caráter polifuncional, ou, 2. PRESSUPOSTOS:


POLIFUNCIONALIDADE DA SANÇÃO PENAL (STF – Inf. 598). A) EXISTÊNCIA DE UM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO;
A pena mostra-se necessária na restauração da ordem B) NÃO SER O CASO DE ARQUIVAMENTO DOS AUTOS;
jurídica violada pela ação criminosa, retribuindo o mal por
C) COMINADADA PENA MÍNIMA INFERIOR A 4 (QUATRO)
ela causado, prevenindo futuras ações delituosas, sem
ANOS E O CRIME SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA;
desconsiderar a ressocialização do delinquente.
D) CONFESSADO FORMALMENTE (COM AS
Justiça retributiva Justiça restaurativa
CIRCUNSTÂNCIAS) A PRÁTICA DO CRIME.
O Crime é ato contra a O Crime é ato contra a
sociedade, representada pelo comunidade, contra a vítima
Estado. (e contra o próprio agente). 3. CONDIÇÕES:
O interesse na punição é O interesse na punição ou A) REPARAR O DANO OU RESTITUIR A COISA À VÍTIMA;
público. reparação é das pessoas
envolvidas no caso. B) RENUNCIAR (VOLUNTARIAMENTE) A BENS E DIREITOS
INDICADOS PELO MP;
A responsabilidade do agente é Há responsabilidade social
individual pelo ocorrido. Todas as C) PRESTAR SERVIÇOS A COMUNIDADE;
pessoas da comunidade são D) PAGAR PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA;
responsáveis.
E) OUTRA CONDIÇÃO IMPOSTA PELO MP (PROPORCIONAL E
Predomina a indisponibilidade Predomina a disponibilidade
da ação penal. da ação penal
COMPATÍVEL)

Foco punitivo Foco conciliador


Reequilibrar as relações 4. PRINCÍPIOS DA PENA
entre o agressor e a vítima 4.1 Princípio da reserva legal (TEORIA DO CRIME)
Predomina - Pena privativas de Predomina – Pena alternativa 4.2 Princípio da anterioridade (TEROIA DO CRIME)
liberdade
Reserva legal + Anterioridade = princípio da legalidade
Pouca assistência à vítima O foco da assistência é
voltado à vítima “NÃO HÁ CRIME NEM PENA SEM PRÉVIA COMINAÇÃO
Ex.: Lei Maria da Penha Ex.: Lei dos Juizados Criminais LEGAL”
– composição de danos e 4.3 Princípio da personalidade ou pessoalidade da penal
transação penal
Art. 5º, XLV, CRFB
RETRIBUIÇÃO DO MAL RESTAURAÇÃO DO MAL
PRATICADO COM A APLICAÇÃO PROVOCADO PELA INFRAÇÃO Nenhuma pena passará da pessoa do condenando.
DA PENA (OUTRO MAL) PENAL
PRINCÍPIO ABSOLUTO OU RELATIVO?
JUSTIÇA RESTAURATIVA: muda o enfoque, intensifica a 1ª É relativo, admitindo uma exceção prevista da própria
figura da vítima. Os crimes nem sempre atingem Interesses constituição federal, qual seja, a pena de confisco. (Flávio
difusos → interesses individuais (disponíveis). Monteiro de Barros) – Art. 5º, XLV – “podendo a decretação
Justiça pública x autor da infração → Ofensor x ofendido. do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas
aos sucessores”
Proporciona coragem ao agressor para responsabilizar-se
pela conduta danosa, refletindo sobre as causas e os efeitos 2ª É absoluto. O confisco não é pena, mas efeito da
do seu comportamento em relação aos seus pares, para condenação, como a reparação de danos.
então modificar o seu modo de agir e ser posteriormente
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4.4 Princípio da individualização da pena * Nasce deste princípio o princípio da suficiência das penas
Art. 5º, XLVI, CRFB – justa e adequada sanção penal. Evita a alternativas – fundamento do STF para considerar penas
aplicação mecanizada ou padronizada. alternativas para crimes hediondos e equiparados.

Leva-se em conta os aspectos subjetivos e objetivos do


crime – as circunstâncias. 4.7 Princípio da humanização das penas ou dignidade da
Hungria: “retribuir o mal concreto, com o mal concreto da pessoa humana
pena, na concreta personalidade do criminoso” Art. 5º, XLIX – a pena deve respeitar o condenado como ser
humano. Tratamento cruel, degradante, forçados,
perpétuos, etc.
A pena deve ser individualizada considerando-se o fato e
seu agente, em três momentos: Se por um lado, o crime jamais deixará de existir no atual
estágio da humanidade, por outro, a formas humanizadas
a. Na cominação abstrata (legislador) – limite do mínimo e de garantir a eficiência do Estado para punir o infrator,
máximo; corrigindo-o sem humilhação, com perspectiva de
b. Na aplicação (juiz - sentença) – dosimetria da pena; pacificação social.
c. Na execução (juiz - execução) – individualização Não pode desconhecer o réu como pessoa humana
administrativa. (Zaffaroni)

Sistemas na fixação da pena no ordenamento jurídico penal 4.8. Princípio da vedação do bis in idem
brasileiro. Ele respeita o princípio da individualização? Sim, PROCESSUAL
pois o CP segue o sistema conhecido como o das penas
relativamente indeterminadas. As penas variando de um Ninguém pode ser processado 2 vezes pelo mesmo crime
mínimo até um máximo, deixando uma margem para a
consideração judicial. Alerta: o sistema de penas fixas viola
MATERIAL
a individualização da pena, em que a pena é determinada,
não admite quantificação. No Brasil prevalece a segunda Ninguém pode ser condenado 2 vezes pelo mesmo crime
corrente, é absoluto (MIRABETE)
EXECUÇÃO
4.5 Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade da Ninguém pode ser executado 2 vezes por condenações
pena relacionadas ao mesmo fato.
Desde que presentes os seus pressupostos, a pena deve ser
aplicada e fielmente cumprida.
5. TIPOS DE PENA
Exceções: perdão judicial; livramento condicional; sursis,
anistia. 5.1 PENAS PROIBIDAS – princípio da limitação das penas
- Art.5º, XLVII - De morte, caráter perpétuo, trabalhos
forçados, banimento e cruéis.
4.6 Princípio da proporcionalidade
- A CRFB como limite negativo do Direito Penal – toda
Princípio constitucional implícito na individualização da
criminalização que não desrespeite frontalmente a
pena. A resposta deve ser justa e suficiente.
constituição será admitida – derivado da dignidade da
A pena deve ser proporcional à gravidade da infração penal, pessoa humana.
deve ser o meio proporcional perseguido com a pena (ou Art. 5º, XLVII - não haverá penas:
seja, com a prevenção e retribuição).
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
A. PARA EVITAR excessos (hipertrofia da pena) nos termos do art. 84, XIX;
B. (STF) – para evitar a intervenção insuficiente do Estado – b) de caráter perpétuo;
evitar a impunidade c) de trabalhos forçados;
Art. 319-A, CP – omitir o dever de vedar celular – é uma d) de banimento;
pena de menor potencial ofensivo. * O STF, na ADI 3112,
e) cruéis;
decidiu: “os direitos fundamentais não podem ser
considerados como proibições de intervenção, expressando
também o postulado de proteção. Pode-se dizer que os 5.1.1 Pena de Morte
direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição - Convenção Americana sobre DH’s referente à Abolição da
de excesso, mas também podem ser traduzidos como Pena de Morte (1990)
proibições de proteção insuficiente ou imperativos de
tutela.” - Impede sanar o erro judiciário

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O Brasil admite pena de morte? da LEP, porquanto tem-se por caracterizado o excesso de
Não. Exceções: prazo da medida, que deve subsistir por prazo razoável à
implementação de sua finalidade. Até mesmo nos casos de
a) Guerra declarada – art. 84, XIX, CF – com ato homologação de faltas graves (fuga, subversão da disciplina
presidencial; autorização ou referendo do congresso; etc.) ou de condenações definitivas existe, nos regimentos
conflito armado; guerrilha urbana ou qualquer perturbação penitenciários ou no art. 94 do CP, a possibilidade de
que configure guerra – conflitos urbanos ou outras reabilitação. Toda pena deve atender ao caráter de
perturbações que não configure guerra nos termos temporariedade. (Informativo n. 661./2020)
constitucionais não admitem a pena capital; A pena capital
se dá por Fuzilamento (art. 56, CPM)
b) Lei do abate (Lei 7565/86 – art. 303) – aeronave 5.1.3 Pena de trabalhos forçados
estrangeira sobrevoando espaço brasileiro sem autorização Ninguém pode ser obrigado a trabalhar como meio de
considerada hostil (toque; parada) – abate aeronave. cumprimento da pena.
c) Lei dos crimes ambientais (Art. 24 da Lei 9605/98) – pena E o trabalho carcerário? E a prestação de serviços a
de morte da pessoa jurídica poluidora – liquidação forçada. comunidade?
OBS.: Zaffaroni entende que pena de morte não é pena. Não se confunde com o trabalho previsto no CP e na LEP
Não tem prevenção ou ressocialização. exercido concomitante com a pena, pois são meio de
ressocialização, gerando direitos e remuneração.
5.1.2 Pena de caráter perpétuo.
- As funções da pena, como a prevenção, voltam a pena 5.1.4 Banimento
para o futuro. Tem a intenção de reinserir o preso; Como Expulsão do brasileiro nato ou naturalizado é proibido.
instrumento de reconstrução moral do indivíduo.
20
- Art. 75, CP – 40 anos.
5.1.5 Cruéis
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 Princípio da dignidade da pessoa humana.
(quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº Execução como espetáculos – Michel Foucault (Vigiar e
13.964, de 2019) Punir)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para 5.2 PENAS PERMITIDAS
atender ao limite máximo deste artigo. CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS
Privativas de Restritivas de direito Pecuniária
Inconstitucional a indeterminação do prazo de medida de liberdade (art. (art. 43, CP)
segurança – entendimento do STF – pois configura um 33 a 42)
caráter perpétuo a sua indeterminação. A) Reclusão A) Prestação de A) Multa
* Estatuo de Roma, art. 77, §1º - letra b – admite a pena B) Detenção serviços a comunidade
perpétua – Brasil é signatário sem reservas. Aparente B) Limitação de fim de
conflito entre a CRFB e o Estatuto de Roma. O conflito é C) Prisão simples
(contravenção semana
apenas aparente. A CF quando prevê a proibição de pena de
caráter perpétuo está direcionando seu comando para o penal) C) Interdição
legislador interno brasileiro, não alcançando os legisladores temporária de direitos
estrangeiros, ou internacionais. (Lei 12550/2011 –
nova espécie – art. 47,
É ilegal a sanção administrativa que impede V, CP – proibição de
definitivamente o direito do preso de receber visitas. O inscrever-se em
ordenamento jurídico garante a toda pessoa privada da concurso)
liberdade o direito a um tratamento humano e à assistência
D) Prestação
familiar e não prevê nenhuma hipótese de perda definitiva
pecuniária (à vítima)
do direito de visita. Assim, a negativa da revisão do
cancelamento do registro de visitante está em descompasso E) Perda de bens e
com a proibição constitucional de penalidades de caráter valores
perpétuo. Na hipótese é ilegal a sanção administrativa que
impede definitivamente o preso de estabelecer contato
com seu genitor por suprimir o direito previsto no art. 41, X,

20
Modificação feita pela Lei 13.964/19 (pacote Anticrime)
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IX – DOSIMETRIA DA PENA - APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


QUADRO DEMONSTRATIVO

6. CRITÉRIO TRIFÁSICO

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1. CÁLCULO DA PENA (ART. 68, CP) ou DOSIMETRIA DA 1.1 1ª FASE – FIXAÇÃO DA PENA BASE
PENA
- Finalidade: fixar a pena base
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao
critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
- Instrumentos: circunstâncias judiciais (art. 59, CP)
consideradas as circunstâncias atenuantes e - Ponto de partida: PENA SIMPLES OU QUALIFICADA,
agravantes; por último, as causas de diminuição e abstratamente prevista para o delito.
de aumento.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
Parágrafo único - No concurso de causas de antecedentes, à conduta social, à personalidade do
aumento ou de diminuição previstas na parte agente, aos motivos, às circunstâncias e
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou conseqüências do crime, bem como ao
a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a comportamento da vítima, estabelecerá, conforme
causa que mais aumente ou diminua. seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:

O artigo 68, CP adotou critério ou sistema trifásico (ou II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos
limites previstos;
Nelson Hungria) para a fixação da pena.
PENA SIMPLES/QUALIFICADA
OBS.: Circunstâncias subjetivas (direito penal do autor).
6 A 20 ANOS/12 A 30 ANOS
Doutrina moderna, (Paulo Queiroz, Ferrajoli), adotando a
1ª FASE: PENA BASE (ART. 59, CP) Constituição Federal um direito penal garantista,
↓ compatível unicamente, com o direito penal do fato, critica
circunstâncias subjetivas constantes do artigo 59, CP.
2ª FASE: PENA INTERMEDIÁRIA (AGRAVANTES – art.
Doutrina minoritária.
61/ATENUANTES – art. 65)

# CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
3ª FASE: PENA DEFINITIVA (CAUSAS DE AUMENTO E
DIMINUIÇÃO) A) CULPABILIDADE DO AGENTE
- Não é a culpabilidade substrato do crime.

OBS.: AS QUALIFICADORAS NÃO ENTRAM NAS FASES DE - Conceito:


FIXAÇÃO DE PENA – PONTO DE PARTIDA. 1ª C) Grau maior ou menor de reprovabilidade da conduta –
juízo de censura que recai sobre o responsável por um
crime ou contravenção penal - STJ (assumiu este
OBS: NÃO PODE INVERTER O PROCESSO, OU COMPENSAR entendimento no crime de uso de documento falso
UMA FASE PELA OUTRA. Mas podem ser compensadas praticado pelo funcionário público);
dentro da mesma fase, ex: compensa os maus antecedentes
(circunstância judicial desfavorável) com o comportamento 2ªC) (NUCCI, Masson) Conjunto de todos os fatores do
inadequado da vítima (circunstância judicial favorável). artigo 59,CP. Antecedentes + conduta + social +
personalidade do agente + motivos do crime +
circunstâncias do delito e consequências do crime.
O método trifásico de cálculo da pena, QUE EXIGE QUE O 3ª C) (LFG) Deve ser observado pelo juiz – posição do
JUIZ AO FIXAR A PENA FUNDAMENTE SUFICIENTEMENTE agente perante ao bem jurídico tutelado: menosprezo;
(art.93, IX, CRFB – nulidade da sentença). Busca viabilizar o indiferença; descuido.
exercício do direito de defesa, colocando o réu inteiramente
a par de todas as etapas da individualização da pena, bem
como passa a conhecer o valor atribuído pelo juiz às B) ANTECEDENTES
circunstâncias legais que reconheceu presentes Trata-se da vida pregressa do agente na seara criminal.
21
(Concretização do princípio da individualização da pena) . Todos os acontecimentos que envolvem o seu passado
criminal, bons ou ruins – contidos em sua folha de
OBS.: NA 1ª E 2ª FASE, o juiz não pode elevar a pena acima antecedentes.
do máximo previsto no tipo penal, nem diminuí-la abaixo no Sentença condenatória transitada em julgada, incapaz de
mínimo legal. Na 3ª FASE, o juiz pode elevar ou diminuir a gerar reincidência. Cumprimento ou extinção da pena após
pena além dos limites previstos no tipo penal. 5 anos – não gera reincidência – após os cinco anos há maus
antecedentes.
Súmula 444, STJ – “É vedada a utilização de inquéritos
21
policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
Todavia, prevalece o entendimento que não há necessidade de motivação na
aplicação da pena no mínimo legal, pois não há prejuízo ao réu (MASSON, 2013) – base”.
entendimento consolidado no STF – alguns autores não concordam, pois para eles
existiria o direito da sociedade de saber as razões.
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OBS.: Não servem como maus antecedentes (STJ) os atos G) CONSEQUÊNCIAS DO CRIME
infracionais. Entretanto, o próprio STJ aceita que sejam Trata-se da lesão jurídica causada pelo crime ou efeitos
considerados na 1ª fase como personalidade desajustada. danosos a vítima, a família ou a sociedade.
Súmula 636 - A folha de antecedentes criminais é OBS.: O STJ alerta para a utilização de argumentos genéricos
documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e ou circunstâncias elementares do próprio tipo penal para o
a reincidência. aumento da pena-base com base nas circunstâncias. Ex.:
Medo – crime de estupro (elementar)/ Medo dos filhos que
C) CONDUTA SOCIAL assistiram (circunstâncias).

Estilo de vida do réu perante a sociedade, a família, no


trabalho, os vizinhos, etc, isto é, o comportamento do réu H) COMPORTAMENTO DA VÍTIMA
no seu ambiente familiar, de trabalho e na convivência com Estudo reservado a vitimologia. Trata-se da atitude da
ou outros. vítima que pode provocar ou facilitar a prática do crime. É o
É comprovada pelo juiz no interrogatório e na ouvida das nexo entre a conduta da vítima e o crime.
testemunhas. O magistrado inclusive pode determinar É claramente circunstância favorável ao réu.
avaliação social e psicológica do acusado
Ex.: Vítima que manuseia grande quantidade de dinheiro
Deslizes, infâmias, imoralidades, DESAJUSTE SOCIAL. Ou em ônibus facilitando furtos e roubos.
PODERÁ SER AUTOR DE ATOS BENEMÉRITOS.

# LIMITES DA PENA-BASE
D) PERSONALIDADE DO AGENTE
O juiz estar atrelado aos limites mínimo e máximo
Conceito: “É perfil subjetivo do réu, nos aspectos moral e abstratamente previstos no preceito secundário. Art. 59, II.
psicológico, pelo qual se analisa se tem ou não caráter
voltado à prática de infrações penais” (MASSON, 2013)
22
Retrato psíquico do delinquente. Síntese das qualidades # SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS :
morais e sociais do indivíduo. Boa ou má índole. 1. Não há circunstâncias judiciais relevantes – pena-base no
Sensibilidade ético-social, desvios de caráter; o crime foi um mínimo.
episódio acidental? 2. Só há circunstâncias judiciais favoráveis – pena-base no
OBS¹: De acordo com o STJ, a personalidade do agente não mínimo.
pode ser considerada de forma imprecisa, vaga, insuscetível 3. Só há circunstâncias judiciais desfavoráveis – pena-base
de controle, sob pena de restaurar direito penal do autor acima do mínimo - o “quantum de aumento ou de
(Resp 513.641) diminuição fica a critério do juiz”.
OBS²: A reincidência e os maus antecedentes não podem JURISPRUDÊNCIA: Justificação da opção (tema já tratado)
por si só caracterizar uma personalidade voltada para a
criminalidade, sob pena de configurar bis in idem. 4. Concurso de circunstâncias favoráveis e desfavoráveis –
de acordo com a doutrina deve aplicar o artigo 67, CP por
analogia – circunstâncias preponderantes – deve-se fazer
E) MOTIVOS analogia in bona parten.
São os fatores psíquicos que levam a pessoa a praticar o
crime ou contravenção penal. Só irei considerar quando a 1.2 FASE INTERMEDIÁRIA – AGRAVANTES E
motivação do crime não caracterizar como qualificadora,
ATENUANTES
causa ou diminuição de pena, atenuante ou agravante
genérica. Finalidade: Fixar a pena intermediária.
Instrumentos: atenuantes (art. 65 e 66, CP e Legislação
extravagante) e agravantes (Art. 61 e 62 e legislação
F) CIRCUNSTÂNCIAS
extravagante).
São dados relativos ao crime, trata-se do modus operandi
Ex.; Lei de Crimes Ambientais – baixo grau de escolaridade.
do agente, o modo de execução do crime, os instrumentos
utilizados, condições do tempo e do lugar, o * Princípio do non bis in idem – considerar duas vezes em
relacionamento entre o autor e a vítima. prejuízo.
Acarreta necessariamente aumento de pena, pois Escala valorativa: agravante, majorante (min 1/6) e
circunstâncias favoráveis são atenuantes conforme art. 66 qualificadora. Privilegiadora, minorante e atenuante.
do CP.
22
OBS.: PENA-BASE fixada no mínimo sem fundamentação judicial é tolerada pela
jurisprudência. Quando fixada acima do mínimo, sem fundamentação, torna a
sentença no ponto, isto é, não se anula a sentença toda somente a fixação da pena.

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≠ As agravantes sempre agravam a pena? Art.61 – quando 3ª) Circunstância agravante /atenuante subjetiva
não constituem ou qualifica o crime. Ex.; Réu, confesso executou furto por motivo fútil.
Em regra, sim, salvo: No mesmo patamar de preponderância, pode compensar.
a) Quando constituem ou qualificam o crime – evitar bis Não agrava, nem atenua, ele confirma pena base.
in idem. Ex.: Crime de aborto sem consentimento da
gestante (art. 125, CP) – não pode considerar a agravante
da mulher grávida – pois esta situação já constitui o crime. 4ª) Circunstância agravante/atenuante objetiva
b) Quando a pena-base foi fixada no máximo – pois o juiz AGRAVANTE ATENUANTE
está atrelado aos limites estabelecidos em lei. ROL TAXATIVO ROL EXEMPLIFICATIVO
c) Quando a atenuante for preponderante – art.67, CP.
ART. 61 E 62 ART. 65 E 66

≠ As atenuantes sempre atenuam a pena? Art. 65, CP


OBS.: Há entendimento de que a circunstância do agente
Em regra, sim, salvo: ser maior de setenta anos na data da sentença é
a) Quando constituem ou privilegiam o crime circunstância que prepondera sobre todas as demais (ao
(entendimento doutrinário – criticada por Zaffaroni – para lado da menoridade)
ele não há vedação expressa).
b) Quando a pena-base foi fixada no mínimo – pois o OBS.: É possível compensar a agravante da reincidência com
juiz está atrelado aos limites- a atenuante da confissão espontânea?
Súmula 231, STJ – “A incidência da circunstância atenuante Em regra, prepondera a reincidência.
não pode conduzir a redução da pena abaixo do mínimo
Apesar de haver decisão na sexta turma do STJ autorizando
legal”.
a compensação prevalece entendimento em sentido
Críticas: viola o princípio da legalidade, pq não existe lei contrário. A agravante da reincidência deve preponderar,
limitando o juiz ao mínimo legal previsto no preceito nos termos do artigo 67 do CP (STJ – HC 143699; STF – HC
secundário; viola o princípio da individualização da pena; 102486).
viola o princípio da isonomia.
OBS.: Exige-se dolo do agente nas agravantes e atenuantes?
c) Quando a agravante for preponderante.
ATENUANTES AGRAVANTES
Crimes dolosos e Em regra, exigem dolo do
# Concurso de agravantes e atenuantes (art. 67, CP) – culposos agente.
prevalece a equivalência das circunstâncias – uma
Exceção: agravante aplicável
neutraliza a outra.
em crime culposo –
reincidência.
TABELA DE PREPONDERÂNCIA
1ª) Circunstância atenuante da menoridade – menor de 21 De acordo com o STF, apesar da doutrina só admitir a
anos na data dos fatos agravante da reincidência no crime culposo, reconhece
Ex.: Ex.; Réu, menor de 21 anos, reincidente. Atenuar. possível outras circunstâncias agravantes, como as
2ª) Circunstância agravante da reincidência atinentes ao motivo que levou a conduta negligente (HC
70362 – Acidente do Batomuche – RJ – Década de 90).
Ex.: réu, reincidente, reparou o dano a vítima. Agravar.
23
Obs.: Confissão espontânea
# AGRAVANTES – ART. 61,CP
24
A) REINCIDÊNCIA
23
1. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CRIME DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO. - REPETIR O FATO
DOSIMETRIA. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO. VALORAÇÃO DESFAVORÁVEL, EM RAZÃO
DA NÃO RESTITUIÇÃO DA RES FURTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INVÁLIDA. CRIME
PATRIMONIAL. PREPONDERÂNCIA DA REINCIDÊNCIA SOBRE A CONFISSÃO
ESPONTÂNEA SEM FUNDAMENTO IDÔNEO. INADMISSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO ILEGALIDADE. SÚMULA 443 DESTA CORTE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
DEVIDA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 3. A CONFIGURADO. 2. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp
Terceira Seção do STJ, no julgamento, em 23/05/2012, do EREsp 1.154.752/RS, de 1.154.752/RS, pacificou o entendimento de que, observadas as peculiaridades do
relatoria do Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, pacificou o entendimento no sentido caso concreto, "é possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação
de que a atenuante da confissão espontânea, por envolver a personalidade do da agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea, por serem
agente, deve ser compensada com a agravante da reincidência, na segunda fase da igualmente preponderantes, de acordo com o artigo 67 do Código Penal". 3. "O
aplicação da pena. (STJ - HC 155711 / DF HABEAS CORPUS 2009/0236814-2 – DATA aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
DO JULGAMENTO 17/03/2015) exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
2. PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. ROUBO indicação do número de majorantes". Súmula 443 deste Tribunal.
24
DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO. AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA E CONFISSÃO FUNDAMENTO DA REINCIDÊNCIA PELO STF: recrudescimento da pena resulta da
ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO. MAJORANTES. QUANTUM DE ACRÉSCIMO. opção do agente por continuar a deliquir.
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- Caráter subjetivo, pois relaciona com a figura do agente, e Da sentença condenatória transitada em julgado � ANTES:
não ao fato. Não se comunica com os demais coautores. não gera reincidência.
- DEPOIS: gera reincidência, exceto a anistia e a abolitio
- Art.63, CP – Requisitos: criminis.

A. TRÂNSITO EM JULGADO POR SENTENÇA PENAL * Art. 63, CPP – “depois do trânsito em julgado” – o
CONDENATÓRIA POR CRIME ANTERIOR cometimento de novo crime no dia que transita em julgado
25
a sentença condenatória por crime anterior, não é capaz de
B. COMETIMENTO DE NOVO CRIME (depois do TJ) gerar a reincidência.
CRIME (BR/OUTRO PAIS) � CONDENAÇÃO DEFINITIVA � * Perdão judicial – art. 120, CP – não gera reincidência.
PRÁTICA DE NOVO CRIME
Eventuais condenações criminais do réu transitadas em
julgado e não utilizadas para caracterizar a reincidência
Obs¹: sentença absolutória imprópria que impõe medida de somente podem ser valoradas, na primeira fase da
segurança, não gera; dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se
admitindo sua utilização também para desvalorar a
Obs²: transação penal não gera reincidência (nem maus
personalidade ou a conduta social do agente.
antecedentes)
(Informativo n. 647.)
Obs³: suspensão condicional do processo não gera
reincidência (nem maus antecedentes)
- PROVA DA REINCIDÊNCIA.

- HIPÓTESES GERADORAS DE REINCIDÊNCIA - O ART.63, Certidão CARTORÁRIA (expedida pelo cartório judicial) –
CPP DEVE SER COMPLEMENTADO PELO ART.7º DA LCP. vara criminal (STJ). A folha de antecedentes pode ser
incompleta. Mas o STF admite folha de antecedentes –
SENTENÇA NOVO FATO autoridade policial (STF).
CONDENATÓRIA
- ESPÉCIES
DEFINITIVA
Quanto a necessidade do cumprimento da pena imposta
CRIME praticado NO BR CRIME - REINCIDENCIA (ART.
pela condenação anterior: REAL OU PRESUMIDA.
OU ESTRANGEIRO 63, CP)
a) REAL (PRÓPRIA OU VERDADEIRA) – após o cumprimento
CRIME praticado NO BR CONTRAVENÇÃO PENAL -
da pena;
OU ESTRANGEIRO REINCIDENTE (ART.7º, CP)
b) PRESUMIDA (FICTA OU FALSA OU IMPRÓPRIA) – depois
CONTRAVENÇÃO PENAL CONTRAVENÇÃO PENAL -
26 da condenação.
praticada no BRA REINCIDENTE (ART. 7º, CP)
c) GENÉRICA: os crimes praticados pelo agente são
CONTRAVENÇÃO PENAL CRIME � NÃO É REINCIDENTE
previstos por tipos penais diversos. Ex.: Homicídio e furto.
praticado no BRA (sem previsão legal – maus 28
antecedentes) d) ESPECÍFICA : os crimes praticados pelo agente
pertencem ao mesmo tipo penal. Ex.: Roubo e roubo.

- CRIME PRATICADO NO ESTRANGEIRO – A SENTENÇA


DEVE SER HOMOLOGADA NO BRA (STJ)? Não precisa, art. - SISTEMA DA TEMPORARIEDADE DA REINCIDÊNCIA – ART.
9º, CP 64, I (reforma de 1984)
29
* FATO CRIMINOSO NO ESTRANGEIRO, PORÉM ATÍPICO - 5 ANOS: período depurador
NO BRA? Não há reincidência. NO PRAZO DEPURADOR DE 5 ANOS, COMPUTA-SE O
30
* A pena aplica ao responsável no crime anterior é PERÍODO DO SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL, SE
irrelevante, pode além da privativa de liberdade, ser NÃO OCORRER REVOGAÇÃO.
restritiva de direito e até mesmo a multa. Assim, a pena de * Súmula 241, STJ: “A reincidência penal não pode ser
multa gera reincidência, no entendimento majoritário, pois considerada como circunstância agravante e
não importa o crime ou a sua pena. A DOUTRINA NÃO simultaneamente, como circunstância judicial”.
27
CONCORDA . * Se o réu possui mais de uma condenação definitiva, uma
* Extinção da punibilidade no crime anterior: pode ser utilizada como mau antecedente e outra, como
agravante, não se está falando em bis in idem.(STF)

25 28
Não é reincidente se o novo crime for cometido no dia do trânsito em julgado, nem São tratados de forma igual. Algumas exceções: não é cabível a substituição da PRD
se forem dois crimes ocorridos na mesma ocasião e julgados juntos. ao reincidente específico, nem o livramento condicional ao reincidente específico em
26
Prática de contravenção no exterior não gera reincidência. crime hediondo. CTB – suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
27
JUSTIFICATIVA: Art. 77, §1º, CP – a condenação anterior a pena de multa APESAR automotor ao reincidente específico.
29
DE GERAR REINCIDÊNCIA não impede a concessão do benefício. Ou caducidade da condenação anterior.
30
A contagem inicia-se da audiência admonitória e não da extinção da pena.
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* NÃO SE CONSIDERA PARA EFEITOS DE REINCIDÊNCIA OS assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de


CRIMES MILITARES PRÓPRIOS (COM – ex.: deserção, outro crime. Responde por concurso material (art. 69, CP).
revolta, desrespeito) E POLÍTICOS (lei de Segurança
Nacional – Lei nº 7.170/83 – ou ofende a segurança ou
organização do Estado) (art. 64, II, CP). D) À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE
DISSIMULAÇÃO, OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTOU
OU TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO.
* EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE: Traição é quebra de confiança que a vítima depositava no
a) se a causa da extinção de punibilidade ocorreu antes da agente, trata-se de deslealdade. Ex.: Matar amigo durante o
do TJ da sentença condenatória, o crime não subsiste. Não sono.
houve aqui condenação definitiva. Emboscada é a cilada, aguardar escondido a passagem da
b) se a extinção de punibilidade se operou depois do TJ, a vítima para ataca-la. Tocaia.
sentença continua apta a caracterizar a reincidência. Dissimulação é ocultar a vontade criminosa para agredir a
(Exceção: abolitio criminis e anistia). vítima enquanto ela está descuidada, o disfarce. Ex.:
* Multireincidente: três ou mais condenações transitadas Disfarce de empregado na companhia telefônica para entrar
em julgado. na residência e agredir sexualmente a vítima.
Devem representar meios de dificultar ou impossibilitar a
- EFEITOS DA REINCIDÊNCIA defesa do ofendido, por analogia, também cabe situações
similares, como a surpresa e a superioridade de armas.
a) Art. 33, II, CP - Pena de reclusão, o regime será o
fechado; na pena de detenção, o regime será o semi-aberto;
b) Art. 44, II, CP – no crime doloso impede a eventual E) COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO,
substituição da pena por restritiva de direitos; TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE
QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM.
c) No concurso de atenuantes, é preponderante (perde só
para a menoridade e emprata com a confissão); Meio insidioso é gênero do emprego de veneno. Revela um
plano, um estratagema, deve ser empregado sem ser
d) No crime doloso impede sursis (art. 77, I, CP) e aumenta notado pela vítima.
o prazo para a concessão de livramento condicional (art. 83,
II, CP) Meio cruel é gênero do emprego de fogo e tortura. Causa
intenso e desnecessário sofrimento para alcançar o
e) Autoriza a revogação do sursis, do livramento resultado desejado. Por analogia, considera-se a asfixia. O
condicional e da reabilitação; uso a força do veneno pode ser considerado meio cruel. Ex.:
f) Nos crimes hediondos, impede o livramento condicional atear fogo ao um índio no DF.
na reincidência destes; Perigo comum é gênero do explosivo e fogo. Coloca em
g) Autoriza a decretação de prisão preventiva, quando o risco um número indeterminado de pessoas.
réu tiver sido condenado por crime doloso (art. 313, II, CPP).

F) CONTRA DESCENDENTE, ASCENDENTE, IRMÃO OU


B) MOTIVO FÚTIL OU TORPE CÔNJUGE.
Motivo fútil é o motivo sem importância, insignificante, Apatia moral do agente – aproveita das relações familiares
banal, ele é desproporcional à natureza do crime praticado. e transgredi o dever de auxílio recíproco. Deve se utilizar
Não é motivo fútil o ciúme, a ausência de motivo das facilidades.
(divergente) e a embriaguez. Ex.: Matar pessoa por 50 Obs.: Tendo em vista a impossibilidade de analogia in
centavos. Marido que mata mulher porque ela não fez o malam partem, a união estável não é aplicada.
jantar.
Motivo torpe é o moralmente reprovável, repugnante, vil.
G) COM ABUSO DE AUTORIDADE OU PREVALECENDO-SE
Ex.: Suzane Richthofen - Matar os pais para ficar com a DE RELAÇÕES DOMÉSTICAS, DE COABITAÇÃO OU DE
herança. HOSPITALIDADE, COM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA
FORMA DA LEI ESPECÍFICA.
C) PARA FACILITAR OU ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A Infringiu postulados de solidariedade e assistência.
OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU A VANTAGEM DE OUTRO Abuso de autoridade não inclui as relações de direito
CRIME público, mas as de direito privado, como a tutor e tutelado.
Conexão entre dois ou mais crimes, esta conexão poderá Relações domésticas são ligações sem grau de parentesco,
ser teleológica, o crime é praticado com o fim, a finalidade como a babá.
de assegurar a execução de outro, ou poderá ser
consequencial, o crime é praticado para facilitar ou
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Coabitação: vive sobre o mesmo teto, como uma república, M) EM ESTADO DE EMBRIAGUEZ PREORDENADA.
ou carcerária. Evita a imputabilidade penal. De embriaguez planejada para
Hospitalidade: estadia provisória, não precisa pernoitar. dar coragem ou para excluir da imputabilidade.
Depende do consentimento do hospedeiro.
Estas três últimas situações devem existir ao tempo do # AGRAVANTE NO CONCURSO DE PESSOAS – ART. 62, CP
crime, mas podem ser cometidas fora do âmbito.
Terminologia imprópria, pois o caso é de autoria mediata.
“violência contra a mulher” � acrescentada pela Lei Não há a culpabilidade exigida pelo art. 29, CP. O concurso
11.340/2006. ocorre na colaboração de dois ou mais agentes culpáveis
Súmula 600 - Para a configuração da violência doméstica e para a prática de uma infração penal. Qualquer atuação de
familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei duas ou mais pessoas.
Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e Autoria mediata: quando o sujeito utiliza para a execução
vítima.(2018) uma pessoa inculpável ou que atua sem dolo ou culpa. O
autor imediato (executa o crime): instrumento do crime,
H) COM ABUSO DE PODER OU VIOLAÇÃO DE DEVER não há vinculo subjetivo. Ex.: imputabilidade penal do
INERENTE A CARGO, OFÍCIO, MINISTÉRIO OU PROFISSÃO. executor (menoridade penal, embriaguez e doença mental);
coação moral irresistível; obediência hierárquica; erro de
Abuso de poder e violação: praticados por funcionários tipo escusável ou erro de proibição, provocadas por
públicos, ligados a cargos públicos. No desempenho da terceiro;
atividade. Se o agente for punido pela Lei de Abuso de
Autoridade (Lei 4898/65), afasta-se a agravante genérica.
“violência de dever inerente a ofício, ministério ou A) PROMOVE, OU ORGANIZA A COOPERAÇÃO NO CRIME
profissão”. OU DIRIGE A ATIVIDADE DOS DEMAIS AGENTES (I)

Ofício: atividade remunerada e manual. Ex.: Mecânico. Arquitetar a estrutura do delito – operacionalizando a
conduta criminosa. É o chamado autor intelectual ou autor
Ministério: culto religioso. Ex.; Pastor, Padre. de escritório. O agente deverá ser hierarquicamente
Profissão: remunerada e de conhecimentos especializados. superior aos comparsas.
Ex.: Advogado. Deverá ajuste prévio (item desnecessário no concurso de
pessoas). Em termos técnicos, o autor intelectual é partícipe
I) CONTRA CRIANÇA, MAIOR DE 60 (SESSENTA) ANOS, e não autor (não pratica o núcleo).
ENFERMO OU MULHER GRÁVIDA.
Em decorrência da situação de vulnerabilidade, de B) COAGE OU INDUZ OUTREM À EXECUÇÃO MATERIAL DO
fragilidade da vítima, que facilita a prática do crime. CRIME (II)
Criança: até 12 anos (incompletos). Coagir: obrigar alguém, com emprego de violência ou grave
Idoso: a doutrina exige um nexo entre a fragilidade e o ameaça, de forma irresistível ou não, a cometer o crime.
crime praticado. Coação resistível ou irresistível.
Enfermo: debilidade – deficiência física ou mental. Nexo de Induzir: fazer surgir na mente do outro o propósito
criminoso.
Mulher grávida: estágio avançado.

C) INSTIGA OU DETERMINA A COMETER O CRIME ALGUÉM


J) QUANDO O OFENDIDO ESTAVA SOB A IMEDIATA SUJEITO À SUA AUTORIDADE OU NÃO PUNÍVEL EM
PROTEÇÃO DA AUTORIDADE. VIRTUDE DE CONDIÇÃO OU QUALIDADE PESSOAL.
Proteção do Estado. Instigar: reforçar a ideia criminosa já existente. Determinar:
Proteção imediata: guarda, dependência, sujeição. Não ordenar a prática do crime.
basta estar ao lado do policial. Obs.: Art. 22, CP – obediência hierárquica; atenuante
Ex.: Resgate de preso para ser morto por facção rival. genérica – Art. 65, III

L) EM OCASIÃO DE INCÊNDIO, NAUFRÁGIO, INUNDAÇÃO D) EXCETUA O CRIME, OU NELE PARTICIPA, MEDIANTE


OU QUALQUER CALAMIDADE PÚBLICA, OU DE DESGRAÇA PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA.
PARTICULAR DO OFENDIDO. Criminoso mercenário.
Insensibilidade moral do agente. Aproveita-se das situações Ganância, cobiça, ambição desmedida. Não é obrigatório o
calamitosas. recebimento da recompensa.
Ex.: Subtrai bens da vítima logo após um acidente de carro.
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# ATENUANTES GENÉRICAS (ART. 65 E 66, CP) Obediência hierárquica: ordem for manifestamente legal –
afasta a culpabilidade. .
A) SER O AGENTE MENOR DE 21 ANOS, NA DATA DO FATO,
OU MAIOR DE 70 ANOS, NA DATA DA SENTENÇA. Violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima: na
forma privilegiadas do homicídio e lesões, trata-se de
Menoridade relativa: maiores de 18 e menores de 21 anos
domínio de violenta emoção e injusta provocação, além ser
(independente de emancipação). Imaturidade do agente.
imediata. Na atenuante exige-se apenas a influência,
Súmula 74, STJ – “para efeitos penais, o reconhecimento da perturbação do ânimo e ato injusto, e não há laspo
menoridade do réu requer prova por documento hábil”. temporal.
Velhice ou senilidade: ao tempo da sentença (publicação).
Menor capacidade que têm para suportar a pena. O
c.4) confessado espontaneamente perante a autoridade, a
Estatuto do Idoso não alterou a atenuante.
autoria do crime
Obs: Existem decisões no sentido de que o agente tiver
Confissão espontânea � sinceridade íntima, não basta ser
menos de 70 anos na data da sentença condenatória, e
voluntária, deve demostrar que tem intenção de colaborar
completa-los somente na data do acordão, poderá incidir a
com a apuração da infração penal. STJ – entende que basta
atenuante caso o acordão tenha reformado a condenação e
a voluntariedade. STF – entende que basta reconhecer a
aumentado a pena.
prática do delito.
Prestada perante autoridade pública: delegado, MP,
B) DESCONHECIMENTO DA LEI membro do PJ.
Art.21, CP – inescusável – Art.3º,CC Prestada até o TJ da condenação e pode ser parcial (não
Subsiste o crime e a responsabilidade penal, mas a pena é precisa abranger as qualificadoras).
abrandada.
Obs.; Nas contravenções penais, a ignorância se escusáveis, REQUISITOS:
autorizam o perdão judicial.
a) espontaneidade (não basta voluntariedade) – não existe
intervenção externa;
C) TER O AGENTE b) confissão simples – não abrange a qualificada
c.1) motivo de relevante valor social ou moral * Direito ao silêncio (Art. 5º, LXIII) e o princípio da não
Motivo: antecedente psíquico da conduta delituosa autoincriminação (nemo denetur se detegere) – sanção do
tipo premial (INF. 656 - 2012)
Parâmetro: homem médio.
* Retratação na fase processual – não deveria atenuar, mas
Valor social: anseios da coletividade (Ex.: Matar criminoso
para o STF subsiste a atenuante se esta serviu para
que aterrorizava a comunidade).
consolidar a condenação.
Valor moral: respeito do agente (matar torturador)
* A prisão em flagrante não impede a atenuante.
Súmula 545 - Quando a confissão for utilizada para a
c.2) procurado, por espontânea vontade e com eficiência, formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. (2015
consequências do crime ou, ter, antes da julgamento,
SÚMULA 629 - A incidência da atenuante da confissão
reparado o dano
espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes
Não se trata de arrependimento eficaz (art. 15,CP) � impede exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não
a consumação do crime. bastando a mera admissão da posse ou propriedade para
Na atenuante, o crime se consuma, mas o agente tenta uso próprio.
diminuir as consequências.
c.5) sob a influência de multidão em tumulto, se não
c.3) cometido o crime sob coação, ou e cumprimento de provocou.
ordem superior, ou sob a influência de violenta emoção, Crime multitudinário – invasões de propriedade rural,
provocada por ato injusto da vítima. estádios de futebol. Espontaneamente organizado.
Coação: se for física, falta dolo ou culpa, fato é atípico; se Deformação transitória da personalidade do agente –
for moral irresistível, exclui a culpabilidade. No caso de paixões violentas – turvação acidental que acomete o
serem resistíveis: concurso de pessoas, coator terá a pena espírito dos amotinados – assim lhes atribui uma
agravada e o coagido a pena atenuada. Perfil subjetivo do responsabilidade diminuída.
agente e não o homem médio.
Alma coletiva: 40 pessoas (direito canônico)

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D) ATENUANTES INOMINADAS (ART. 66, CP) - Previstas na parte especial (ESPECÍFICAS) e geral do CP
Atenuantes de clemência – ato de bondade. (GENÉRICAS-tentativa)

Decorre do fato do rol ser exemplificativo. - Quantidade fixa ou variável.

Zaffaroni: pobre e marginalizado – atenuante da - Pode elevar a pena no máximo ou no mínimo legal
coculpabilidade AGRAVANTES/ATENUANTES
CAUSAS DE AUMENTO E
DIMINUIÇÃO DE PENA
O JUIZ DEVE OBSERVAR OS PODE ULTRAPASSAR OS
O presente princípio nasce na inevitável conclusão de que LIMITES DO PRECEITO LIMITES
a sociedade é, muitas vezes, desorganizada, SECUNDÁRIO
discriminatória, marginalizadora, etc, criando condições
CRITÉRIO DO JUIZ PREVISÃO LEGAL
sociais que reduzem o âmbito de determinação e
liberdade do agente, contribuindo, portanto, para o delito.
Essa postura social deve acarretar a atenuante da pena do CAUSA DE AUMENTO QUALIFICADORA
agente. A POBREZA PASSA A SER CAUSA DO CRIME.
3ª FASE NÃO ENTRA NAS FASES –
CRÍTICAS: PONTO DE PARTIDA
a) parte da premissa que a pobreza é parte do delito; Incide no preceito Substitui preceito
b) Pode reduzir a redução de garantias quando se trata de secundário simples ou secundário simples
réu rico; qualificado
c) continua ignorando a seletividade do poder punitivo;
Ex.: Furto simples – 1 a 4 anos – causa de diminuição –
* TEORIA DA VULNARIBILIDADE (AMBIENTE DE tentativa – 1/3 – pena de 8 meses.
CRIMINALIDADE – não trata de condição social, mas a # Art. 68, CP – “NO CONCURSO DE CAUSAS DE AUMENTO
vulnerabilidade social do indivíduo). OU DIMINUIÇÃO PREVISTAS NA PARTE ESPECIAL, PODE O
Quem conta com alta vulnerabilidade de sofrer a incidência JUIZ LIMITAR-SE A UM SÓ AUMENTO OU A UMA SÓ
do direito penal, e esse é o caso de quem não tem DIMINUIÇÃO, PREVALECENDO, TODAVIA, A CAUSA QUE
instrução, família estruturada etc, tem sua culpabilidade MAIS AUMENTE OU MAIS DIMINUA”.
reduzida. Não trata de ser pobre, o rico pode ser vulnerável a) 2 ou mais causas de aumento ou diminuição previstas na
se não tiver família estruturada, instrução. parte geral, ambas devem ser aplicadas. (Ex.: tentativa e
* Coculpabalidade as avessas: desfruta baixa semi-imputabilidade); HOMOGÊNEO
vulnerabilidade (maior culpabilidade) Sistema de juros sobre juros – o segundo aumento incide
sobre a pena já aumentada pelo primeiro.

1.3 FASE FINAL – CAUSAS DE AUMENTO E b) 2 ou mais causas de aumento ou diminuição previstas na
parte especial ou legislação especial – o juiz limita-se a um
DIMINUIÇÃO DE PENA
só aumento ou uma só diminuição – prevalece a que mais
PENA SIMPLES/QUALIFICADA aumenta ou a que mais diminua.
↓ c) 1 causa de aumento e 1 causa de diminuição,
FIXA A PENA BASE (Art.59, CP) simultaneamente, ambas deverão ser aplicadas – aplica o
aumento e depois a diminuição.

d) 2 causas de aumento ou 2 causas de diminuição, ao
PONTO DE PARTIDA DA PENA INTERMEDIÁRIA
mesmo tempo – um da parte geral outra da parte especial:
↓ aplica todas.
FIXA A PENA INTERMEDIÁRIA (AGRAVANTES E
ATENUANTES)
# CONCURSO HOMOGÊNEO: DUAS OU MAIS CAUSAS DE
↓ AUMENTO / DUAS OU MAIS CAUSAS DE DIMINUIÇÃO:
PONTO DE PARTIDA DA PENA DEFINITIVA 1ª SITUAÇÃO: DUAS CAUSAS DE AUMENTO OU DE
↓ DIMINUIÇÃO NA PARTE ESPECIAL: aplica-se o art. 68, §
único, CP – aplica apenas uma.
FIXA A PENA DEFINITIVA (CAUSAS DE AUMENTO E
DIMINUIÇÃO DE PENA)
2ª SITUAÇÃO: DUAS CAUSAS DE AUMENTO OU DE
DIMINUIÇÃO NA PARTE GERAL: não se aplica o artigo 68 –
- Causas de aumento e diminuição de pena (instrumentos)
devendo o juiz aplicar as duas.
- Ponto de partida: pena intermediária.

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Ex.: causa A (aumenta de 1/3) e causa B (aumenta 1/2) – Súmula 491. É inadmissível a chamada progressão per
pena interm: 6 anos. R.: 6 + 1/6.6 = 8 + ½.8= 12 anos saltum de regime prisional.
(cumulativa). Sistema de juros sobre juros. SÚMULA 520 - O benefício de saída temporária no âmbito
Ex.: 6 + 1/3.6 = 8 anos + ½.6= 11 anos (isolada) da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de
Ex.: Causa de diminuição – ½ + ½ delegação à autoridade administrativa do estabelecimento
prisional.
Pena intermediária: 6 anos. Cuidado com a pena zero.
Incidência cumulativa. SÚMULA 513 - A 'abolitio criminis' temporária prevista na
Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de
fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer
3ª SITUAÇÃO: DUAS CAUSAS DE AUMENTO OU DUAS outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO – UMA NA PARTE GERAL E OUTRA adulterado, praticado somente até 23/10/2005
NA PARTE ESPECIAL: não se aplica o art. 68,CPP SÚMULA 512 - A aplicação da causa de diminuição de pena
Aumento: Incidência isolada. prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a
Diminuição: cumulativa. hediondez do crime de tráfico de drogas
SÚMULA 535 - A prática de falta grave não interrompe o
prazo para fim de comutação de pena ou indulto.
# CONCURSO HETEROGÊNEO
SÚMULA 534- A prática de falta grave interrompe a
CAUSA DE AUMENTO E CAUSA DE DIMINUIÇÃO: aplica as contagem do prazo para a progressão de regime de
duas. Incidência cumulativa. cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
2 correntes: cometimento dessa infração.
a) primeiro diminui e depois aumenta. (art. 68, CP – ordem SÚMULA 533 - Para o reconhecimento da prática de falta
do caput) disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
b) Aumenta e depois diminui: seria mais benéfico para o instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
réu. estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a
ser realizado por advogado constituído ou defensor público
nomeado.
SÚMULA 545 - Quando a confissão for utilizada para a
formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
SÚMULA 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher
é pública incondicionada
SÚMULA 562 - É possível a remição de parte do tempo de
execução da pena quando o condenado, em regime fechado
ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que
extramuros.
STF
SÚMULA VINCULANTE 26 - Para efeito de progressão de
regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
SÚMULAS.JURISPRUDÊNCIAS preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
STJ benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
Súmula 439. Admite-se o exame criminológico pelas
peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. SÚMULA VINCULANTE 56 - A falta de estabelecimento
penal adequado não autoriza a manutenção do condenado
Súmula 441. A falta grave não interrompe o prazo para em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar,
obtenção de livramento condicional. nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
Súmula 471. Os condenados por crimes hediondos ou
assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei DIREITO PENAL. COMPLEXIDADE DO ESQUEMA
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de CRIMINOSO COMO CIRCUNSTÂNCIA NEGATIVA NA
regime prisional. DOSIMETRIA DA PENA DO CRIME DE EVASÃO DE DIVISAS.

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Na fixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: [...] II – se o
parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986), o fato de o delito crime é cometido contra criança, gestante, portador de
ter sido cometido por organização criminosa complexa e deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos”. A
bem estrutura pode ser valorado de forma negativa a seu turno, a circunstância agravante prevista no Código
título de circunstâncias do crime. Penal possui a seguinte redação: “Art. 61 - São
Apesar de a Quinta Turma do STJ, no HC 123.760-SP (DJe circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
28/11/2011) ter decidido que a sofisticação e a constituem ou qualificam o crime: [...] II - ter o agente
complexidade do esquema voltado à prática de operações cometido o crime: [...] f) com abuso de autoridade ou
financeiras clandestinas não poderiam ser consideradas prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
circunstâncias judiciais desfavoráveis, pois seriam ínsitas ao de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na
tipo penal, tal entendimento não deve prosperar. Isso forma da lei específica”. De fato, a citada majorante
porque a evasão de divisas pode ser praticada de diversas prevista na Lei de Tortura busca punir de forma mais rígida
formas, desde meios muito rudimentares – como a simples o autor de crime que demonstrou maior covardia e
saída do país com porte de dinheiro em valor superior a dez facilidade no cometimento da infração penal, justamente
mil reais sem comunicação às autoridades brasileiras – até a pela menor capacidade de resistência das vítimas ali
utilização de complexos esquemas de remessas elencadas. Há, pois, um nexo lógico entre a conduta
clandestinas. Assim, não parece justo apenar da mesma desenvolvida e o estado de fragilidade da vítima. Em
forma condutas tão distintas como a mera saída física com sentido diametralmente oposto, descortina-se a referida
valores não declarados e um sofisticado esquema de agravante prevista pelo Código Penal, punindo com maior
remessa ilícita, sendo correta, neste último caso, a rigor a violação aos princípios de apoio e assistência que
valoração negativa da vetorial das circunstâncias do delito deve haver nas situações em que há relação de autoridade
na fixação da pena-base do delito de evasão de divisas. entre a vítima e o agressor, bem como a maior
REsp 1.535.956-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis insensibilidade moral do agente, que viola o dever de apoio
Moura, julgado em 1º/3/2016, DJe 9/3/2016 (Informativo mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas por
n. 578). liames domésticos, de coabitação ou hospitalidade, sem
prejuízo dos crimes praticados com violência doméstica
contra a mulher. Em suma, a majorante tem por finalidade
DIREITO PENAL. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA punir de forma mais severa aquele que se favorece da
CONFISSÃO ESPONTÂNEA COM A AGRAVANTE DA menor capacidade de resistência da vítima, ao passo que a
PROMESSA DE RECOMPENSA. agravante tem por desiderato a punição mais rigorosa do
agente que afronta o dever de apoio mútuo existente entre
parentes e pessoas ligadas por liames domésticos, de
É possível compensar a atenuante da confissão coabitação ou hospitalidade, além dos casos de violência
espontânea (art. 65, III, “d”, do CP) com a agravante da doméstica praticada contra a mulher. Portanto, em se
promessa de recompensa (art. 62, IV). O STJ pacificou o tratando de circunstâncias e objetivos distintos, não há falar
entendimento no sentido de ser possível, na segunda fase na ocorrência de bis in idem. HC 362.634-RJ, Rel. Min.
da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado
confissão espontânea com a agravante da reincidência em 16/8/2016, DJe 29/8/2016 (Informativo n. 589).
(REsp 1.341.370-MT, Terceira Seção, DJe 17/4/2013). Esse
raciocínio, mutatis mutandis, assemelha-se à presente
hipótese, por se tratar da possibilidade de compensação DIREITO PENAL. POSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAR
entre circunstâncias igualmente preponderantes, a saber, a CONDENAÇÕES ANTERIORES
agravante de crime cometido mediante paga com a PARA FINS DE MAUS ANTECEDENTES.
atenuante da confissão espontânea. HC 318.594-SP, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 16/2/2016, DJe 24/2/2016 Mostrou-se possível a aplicação da minorante prevista no
(Informativo n. 577). § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 em relação a réu que,
apesar de ser tecnicamente primário ao praticar o crime
de tráfico, ostentava duas condenações (a primeira por
DIREITO PENAL. AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM NA receptação culposa e a segunda em razão de furto
DOSIMETRIA DA PENA DE CRIME DE TORTURA. qualificado pelo concurso de pessoas) cujas penas foram
No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em aplicadas no mínimo legal para ambos os delitos
que há prevalência de relações domésticas e de anteriores (respectivamente, 1 mês em regime fechado e 2
coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta anos em regime aberto, havendo sido concedido sursis por
da causa de aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, 2 anos), os quais foram perpetrados sem violência ou
da Lei n. 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante grave ameaça contra pessoa, considerando-se ainda, para
genérica estatuída no art. 61, II, f, do Código Penal. A causa afastar os maus antecedentes, o fato de que, até a data da
de aumento prevista pela legislação especial (art. 1º, § 4º, II, prática do crime de tráfico de drogas, passaram mais de 8
da Lei de Tortura) está descrita nos seguintes termos: “§ 4º anos da extinção da punibilidade do primeiro crime e da
baixa dos autos do segundo crime, sem que tenha havido a
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notícia de condenação do réu por qualquer outro delito, penitenciária [...] o direito ao esquecimento que assiste ao
de que ele se dedicava a atividades delituosas ou de que condenado [...] Por esse direito, então, aquele que tenha
integrava organização criminosa. De fato, de acordo com cometido um crime, todavia já cumprida a pena respectiva,
entendimento da Sexta Turma do STJ, “À luz do artigo 64, vê a propósito preservada sua privacidade, honra e imagem.
inciso I, do Código Penal, ultrapassado o lapso temporal Cuida-se inclusive de garantir ou facilitar a interação e
superior a cinco anos entre a data do cumprimento ou reintegração do indivíduo à sociedade, quando em
extinção da pena e a infração posterior, as condenações liberdade, cujos direitos da personalidade não podem, por
penais anteriores não prevalecem para fins de reincidência. evento passado e expirado, ser diminuídos. [...] E é por essa
Podem, contudo, ser consideradas como maus ótica que o direito ao esquecimento revela sua maior
antecedentes” (HC 292.474-RS, DJe 3/12/2014). Apesar nobreza, pois afirma-se, na verdade, como um direito à
disso, considerando as peculiaridades do caso concreto aqui esperança, em absoluta sintonia com a presunção legal e
analisado, não há como afastar a aplicação da causa constitucional de regenerabilidade da pessoa humana”.
especial de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 Também não se pode deixar de mencionar o HC 256.210-SP
da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas) – segundo a qual, em (DJe 13/12/2013), no qual a Sexta Turma do STJ, à
relação aos delitos previstos no caput e no 1º do unanimidade, concluiu – agora, sim, especificamente no
dispositivo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a âmbito do Direito Penal – que o lapso temporal entre a
dois terços “desde que o agente seja primário, de bons última condenação e a prática da infração apurada naquele
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem writ (quase 14 anos) justificava a não influência das
integre organização criminosa” – em razão da simples condenações anteriores (que se originaram de condutas
existência de duas condenações transitadas em julgado com perpetradas nas décadas de 70, 80 e 90) para fins de
extinção da punibilidade há tanto tempo, tendo em vista, exasperação da pena-base, a título de maus antecedentes.
ademais, que, além de o réu ser tecnicamente primário (art. Ademais, o STF (HC 126.315-SP, Segunda Turma, DJe
64, I, do CP) ao praticar o crime em comento, não há 7/12/2015) aqueceu a discussão a respeito da estipulação
notícias de que se dedique a atividades delituosas ou de de um prazo limite para se considerar uma condenação
que integre organização criminosa. Saliente-se que, aqui, como maus antecedentes. Na ocasião, destacou-se a
não se está a afirmar que o mero decurso do período impossibilidade de que se atribua à condenação o status de
depurador da reincidência seja suficiente para, por si só, perpetuidade, sob o fundamento de que “a possibilidade de
impedir toda e qualquer valoração sobre os antecedentes, sopesarem-se negativamente antecedentes criminais, sem
até porque a hipótese prevista no art. 64, I, do CP trata tão qualquer limitação temporal ad aeternum, em verdade, é
somente da reincidência. Da mesma forma, não se está, pena de caráter perpétuo mal revestida de legalidade”.
simplesmente, descuidando de observar o entendimento do Aliás, foi também por esses fundamentos que o legislador
STJ de que condenações prévias, com trânsito em julgado de 1977, mediante a alteração na Parte Geral do CP
há mais de 5 anos, apesar de não ensejarem reincidência, ocasionada pela Lei n. 6.146, instituiu a temporalidade para
podem servir de alicerce para valoração desfavorável dos a reincidência e positivou o “período depurador” no art. 46,
antecedentes. Consigne-se apenas que eternizar a parágrafo único, então vigente, denominado no item 13 da
valoração negativa dos antecedentes para afastar a respectiva Exposição de Motivos como “prescrição da
minorante em questão, sem nenhuma ponderação sobre as reincidência”, e cuja previsão normativa foi mantida no art.
circunstâncias do caso concreto, não se coaduna com o 64, I, do atual Código. Além do mais, deve-se considerar a
Direito Penal do fato. Nesse contexto, no RHC 2.227-MG advertência doutrinária segundo o qual “a proibição de
(Sexta Turma, DJ 29/3/1993), já se afirmou que a norma penas perpétuas é um corolário da orientação humanitária
inserta no inciso I do art. 64 do CP “harmoniza-se com o ordenada pela Constituição, como princípio orientador da
sistema do Código Penal que subscreve o princípio tempus legislação penal”.
omnia solvet”, concluindo-se no sentido de que “Não há, Sendo assim, não se pode tornar perpétua a valoração
pois, estigma permanente no Direito Penal”. Além disso, negativa dos antecedentes, nem perenizar o estigma de
dois julgados da Quarta Turma do STJ (o REsp 1.334.097-RJ, criminoso para fins de aplicação da pena, sob pena de
relativo ao caso conhecido como “Chacina da Candelária”, e violação da regra geral que permeia o sistema. Afinal, a
o REsp 1.335.153-RJ, referente ao caso “Ainda Curi”, ambos transitoriedade é consectário natural da ordem das coisas.
publicados no DJe 10/9/2013) tratam, na esfera civil, da Se o transcurso do tempo impede que condenações
extensão do dano pela violação do direito à privacidade e anteriores configurem reincidência, esse mesmo
do direito de ser deixado em paz (direito ao esquecimento). fundamento – o lapso temporal – deve ser sopesado na
Não obstante, a essência dessa doutrina – com adaptações análise das condenações geradoras, em tese, de maus
e temperamentos, por óbvio – pode ser invocada no caso, antecedentes. De mais a mais, embora o STF ainda não
pois, no que diz respeito ao direito de ser esquecido, de que tenha decidido o mérito do RE 593.818-SC – que, em
é titular aquele sobre quem recai o peso de uma repercussão geral já reconhecida (DJe 3/4/2009), decidirá
condenação penal, esclarece o voto lançado no referido se existe ou não um prazo limite para se sopesar uma
REsp 1.334.097-RJ: Aquele que já cumpriu pena criminal e condenação anterior como maus antecedentes –, no caso
que precisa reajustar-se à sociedade “há de ter o direito a aqui analisado, firme na ideia que subjaz à temporalidade
não ver repassados ao público os fatos que o levaram à dos antecedentes criminais, devem ser relativizados os dois
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registros penais tão antigos do acusado, de modo a não lhes 4ª Art. 59, CP
imprimir excessivo relevo a ponto de impedir a incidência
7. PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
da minorante descrita no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas.
REsp 1.160.440-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 7. 1. RECLUSÃO (Art. 33, §2º)
julgado em 17/3/2016, DJe 31/3/2016 (Informativo n. FECHADO: CONDENADO A PENA SUPERIOR A 8 ANOS
580). - reincidente;
SEMIABERTO: CONDENADO A PENA SUPERIOR A 4 ANOS
E NÃO EXCEDA 8 ANOS – não reincidente;

X– REGIME INICIAL DO ABERTO: CONDENADO A PENA IGUAL OU INFERIOR


A 4 ANOS – não reincidente;
CUMPRIMENTO DE PENA
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
* De acordo com o CP, o reincidente deverá sempre ir ao
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo fechado. Súmula 269, STJ – “É admissível a adoção do
necessidade de transferência a regime fechado. regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
§ 1º - Considera-se:
circunstâncias judiciais.”
a) regime fechado a execução da pena em
estabelecimento de segurança máxima ou média; * Art. 1º, §5º, Lei 9.613/98 – Delação premiada na Lei de
Lavagem de Capitais – o regime aberto como prêmio em
b) regime semi-aberto a execução da pena em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento caso de delação, mesmo nos casos em que a reclusão
similar; ultrapasse oito anos.
c) regime aberto a execução da pena em casa de
albergado ou estabelecimento adequado. 7.2. DETENÇÃO (art. 33,§2º)
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão
SEMIABERTO: CONDENADO A PENA SUPERIOR A 4 ANOS;
ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes ABERTO: CONDENADO A PENA IGUAL OU INFERIOR
critérios e ressalvadas as hipóteses de A 4 ANOS – não reincidente;
transferência a regime mais rigoroso:
* Pena de detenção pode ser cumprida no fechado, não
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos pode ser incialmente no fechado. A pena de detenção não
deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
pode ser iniciada no fechado, mas em face da regressão,
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja pode ser cumprida no regime mais rigoroso (fechado).
superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime * Art. 10, Lei 9.034/95 (crime organizado) – início no
semi-aberto; fechado – inconstitucional para parte da doutrina, pois viola
os princípios da individualização da pena, proporcionalidade
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja
igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o e razoabilidade.
início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de * Súmula 718 e 719, STF – Súmula 740, STJ
cumprimento da pena far-se-á com observância
dos critérios previstos no art. 59 deste Código. Súmula 718, STF “A opinião do julgador sobre a gravidade
o em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
§ 4 O condenado por crime contra a
imposição de regime severo do que o permitido segundo a
administração pública terá a progressão de regime
do cumprimento da pena condicionada à pena aplicada”.
reparação do dano que causou, ou à devolução do Súmula 719, STF “A imposição do regime de cumprimento
produto do ilícito praticado, com os acréscimos mais severo do que a pena aplicada permitir exige
legais. motivação idônea”.
Ex.: roubo com emprego de arma, réu primário. Pena: 5
Fixada a quantidade da pena, deverá o magistrado com anos – semiaberto (lei) / fechado (jurisp)
fundamento no artigo 33 do Código Penal, fixar o seu STF – fechado com base na gravidade em abstrato NÃO
regime inicial de cumprimento. Observando os critérios: PODE, S. 718,STF. Exceto se motivar comprovando a
1ª Tipo de pena; gravidade em concreto, não pode apenas dizer que é grave.
2ª Quantidade da pena imposta;
3ª Reincidência;

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RECLUSÃO DETENÇÃO PRISÃO SIMPLES


DIFERENCIAIS Crimes mais graves Crimes menos graves Contravenções penais
REGIME INICIAL DE FECHADO SEMIABERTO SEMIABERTO
CUMPRIMENTO DA SEMIABERTO ABERTO ABERTO
PENA
ABERTO
EFEITOS EXTRAPENAIS Exercício do Poder Familiar Sem o mesmo efeito Não admite efeitos.
DA CONDENAÇÃO (art. 92, II do CP)
INTERCEPTAÇÃO Admite, como meio de Não admite Não admite
TELEFÔNICA investigação, a
interceptação telefônica do
suspeito.

Súmula 639 - Não fere o contraditório e o devido processo que ela resida para facilitar a assistência familiar e
decisão que, sem ouvida prévia da defesa, determine promover a ressocialização. A transferência pode ocorrer
transferência ou permanência de custodiado em por interesse social da segurança, desde que autorizada e
estabelecimento penitenciário federal. (2019) fundamentada pelo juiz. A remoção para local em que
resida a família não é direito do condenado. Também será
possível a transferência em razão de superpovoamento e de
A) REGIME FECHADO problemas estruturais no estabelecimento prisional.
Regras do regime fechado
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
# RDD – Regime disciplinar diferenciado – Art, 52, LEP ( FOI
cumprimento da pena, a exame criminológico de
classificação para individualização da execução.
MODIFICADO PELA LEI 13.964/19), por despacho
fundamentado do juiz a pedido do diretor do
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no
estabelecimento, com manifestação do MP, quando:
período diurno e a isolamento durante o repouso
noturno. a) cometeu falta grave pela prática de crime
doloso que ocasionou subversão da ordem e
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do
disciplina internas; b) preso apresentar alto risco
estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
para a ordem e segurança a penitenciária ou a
ocupações anteriores do condenado, desde que
sociedade; c) envolvimento ou participação em
compatíveis com a execução da pena.
organizações criminosas;
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime
Caracteriza-se: a) duração de 360 dias (repetição –
fechado, em serviços ou obras públicas.
até um sexto da pena); b) cela individual; c) visitas
Art. 34, CP semanais 2 pessoas por 2 horas; d) 2 horas diárias
Art. 87, LEP de banho de sol
OBS.: É considerado por muito como pena cruel,
pois fere a dignidade da pessoa humana.
# Trabalho: interno e externo.
INTERNO: habilitação; condição pessoal e necessidades
NOVA REDAÇÃO:
futuras do preso (o trabalho interno é obrigatório)
Art. 52. A prática de fato previsto como crime
EXTERNO (ART. 36, LEP): autorizado pelo juiz ou diretor do doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
estabelecimento em obras e serviços públicos � demostrar subversão da ordem ou disciplina internas,
aptidão, disciplina, responsabilidade e cumprido 1/6 da sujeitará o preso provisório, ou condenado,
pena (S.40, STJ) � tomando-se as cautelas contra a fuga (art. nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção
37, LEP) – não seguirá as regras da CLT, mas será penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as
remunerado – consentimento do preso; seguintes características:
# Exame criminológico: classificação para individualização I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem
da execução (Comissão técnica de Classificação) prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie;
- Não tem direito de frequentar cursos fora do
II - recolhimento em cela individual;
estabelecimento, quer de instrução, quer profissionalizante.
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez,
# Cumprimento: penitenciária. (Art. 87, LEP) a serem realizadas em instalações equipadas para
Local de cumprimento: não há o direito de cumpri-la na sua impedir o contato físico e a passagem de objetos,
comarca. Em regra, cumpre a pena no local que consumou por pessoa da família ou, no caso de terceiro,
o crime. Mas há uma preferência que ela cumpra no local
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autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) B) SEMIABERTO (art. 35, CP)


horas;
Regras do regime semi-aberto
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código,
horas diárias para banho de sol, em grupos de até
caput, ao condenado que inicie o cumprimento da
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com
pena em regime semi-aberto.
presos do mesmo grupo criminoso;
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto
comum durante o período diurno, em colônia
aquelas com seu defensor, em instalações
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
equipadas para impedir o contato físico e a
passagem de objetos, salvo expressa autorização § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a
judicial em contrário; frequência a cursos supletivos profissionalizantes,
de instrução de segundo grau ou superior.
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais
preferencialmente por videoconferência, # Cumprimento: colônia agrícola; industrial ou
garantindo-se a participação do defensor no estabelecimento similar;
mesmo ambiente do preso.
Dependências coletivas, desde que: com seleção adequada
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será
dos presos e respeitados os limites de capacidade máxima.
aplicado aos presos provisórios ou condenados,
nacionais ou estrangeiros: # Exame criminológico.
(...) # Trabalho: em comum durante o dia.
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce Não há previsão de isolamento no período noturno, assim
liderança em organização criminosa, associação poderá frequentar cursos supletivos profissionalizantes ou
criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
de instrução de segundo grau ou superior (art. 35, CP).
criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da
Federação, o regime disciplinar diferenciado será O trabalho externo poderá ser realizado na iniciativa
obrigatoriamente cumprido em estabelecimento privada.
prisional federal.
# STF – no caso de falta de vagas – não mantem o
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o condenado em regime mais rigoroso – vai para o regime
regime disciplinar diferenciado poderá ser aberto em casa de albergado ou prisão domiciliar.
prorrogado sucessivamente, por períodos de 1
(um) ano, existindo indícios de que o preso: Há compatibilidade entre o benefício da saída temporária e
I - continua apresentando alto risco para a ordem e prisão domiciliar por falta de estabelecimento adequado
a segurança do estabelecimento penal de origem para o cumprimento de pena de reeducando que se
ou da sociedade; encontre no regime semiaberto. Ao apenado em regime
II - mantém os vínculos com organização criminosa, semiaberto que preencher os requisitos objetivos e
associação criminosa ou milícia privada, subjetivos do art. 122 e seguintes da Lei de Execuções
considerados também o perfil criminal e a função Penais, deve ser concedido o benefício das saídas
desempenhada por ele no grupo criminoso, a temporárias. No caso, a Corte local indeferiu o pedido de
operação duradoura do grupo, a superveniência de saídas temporárias, por entender que o benefício é
novos processos criminais e os resultados do incompatível com a prisão domiciliar. Observado que o
tratamento penitenciário. benefício da saída temporária tem como objetivo a
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o ressocialização do preso e é concedido ao apenado em
regime disciplinar diferenciado deverá contar com regime mais gravoso - semiaberto -, não se justifica negar a
alta segurança interna e externa, principalmente benesse ao reeducando que se encontra em regime menos
no que diz respeito à necessidade de se evitar gravoso - aberto, na modalidade de prisão domiciliar -, em
contato do preso com membros de sua
razão de ausência de vagas em estabelecimento prisional
organização criminosa, associação criminosa ou
milícia privada, ou de grupos rivais. compatível com o regime semiaberto. (Informativo n.
655/2020.)
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste
artigo será gravada em sistema de áudio ou de
áudio e vídeo e, com autorização judicial,
C) ABERTO (art. 36, CP)
fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
Regras do regime aberto
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a Art. 36 - O regime aberto baseia-se na
visita de que trata o inciso III do caput deste artigo autodisciplina e senso de responsabilidade do
poderá, após prévio agendamento, ter contato condenado.
telefônico, que será gravado, com uma pessoa da § 1º - O condenado deverá, fora do
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) estabelecimento e sem vigilância, trabalhar,
minutos. frequentar curso ou exercer outra atividade

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autorizada, permanecendo recolhido durante o de 6 aos ou com deficiência; d) gestante no 7 mês de


período noturno e nos dias de folga. gestação ou de alto risco.
§ 2º - O condenado será transferido do regime É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se
aberto, se praticar fato definido como crime
trate de execução provisória da pena, para condenada com
doloso, se frustrar os fins da execução ou se,
podendo não pagar a multa cumulativamente
filho menor de 12 anos ou responsável por pessoa com
aplicada. deficiência. No caso, a ré havia sido beneficiada com a
conversão da prisão preventiva em domiciliar, mas, diante
da confirmação da condenação, foi determinada a
Fundamento: autodisciplina e senso de responsabilidade. expedição do mandado de prisão, para se dar início à
Pode ser cumprido em: Casa de Albergado (Art. 92 e 93, execução provisória da pena. Há precedentes desta Corte,
CP); Estabelecimento adequado; prisão domiciliar (≠ medida contudo, autorizando a concessão de prisão domiciliar
cautelar). mesmo em execução provisória da pena, não se podendo
descurar, ademais, que a prisão domiciliar é instituto
- Fora do estabelecimento (sem vigilância): trabalhar ou
previsto tanto no art. 318, inciso V, do Código de Processo
frequentar curso ou atividade autorizada, mas recolhe-se
Penal, para substituir a prisão preventiva de mulher com
durante o período noturno e nos dias de folga.
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos, quanto no
- Deve comprovar a possibilidade de trabalhar ou estiver art. 117, inciso III, da Lei de Execuções Penais, que se refere
trabalhando; à execução provisória ou definitiva da pena, para
Requisitos: permanecer no local designado durante o condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental.
repouso e as folgas; sair para o trabalho e retornar, nos Nesse encadeamento de ideias, uma interpretação
horários fixados; não se ausentar da cidade sem autorização teleológica da Lei n. 13.257/2016, em conjunto com as
judicial; comparecer em juízo quando solicitado; requisitos disposições da Lei de Execução Penal, e à luz do
especiais fixados pelo juiz de execução. constitucionalismo fraterno, previsto no art. 3º, bem como
no preâmbulo da Constituição Federal, revela ser possível
se inferir que as inovações trazidas pelo novo regramento
# Prisão albergue domiciliar, nos casos (art. 117, LEP): podem ser aplicadas também à fase de execução da pena.
a) maior de 70 anos; b) acometido de doença grave (câncer (Informativo n. 647.)
ou aids); c) condenada com filho menor ou deficiente físico
ou mental (também se aplica ao homem); e, gestante (ou
Monitoração eletrônica (art. 146-D, LEP) – na prisão
terna idade).
domiciliar e saída temporária do regime semiaberto.
Reeducando, em prisão domiciliar, pode ser autorizado a se # Não tendo casa de albergado e não for caso de prisão
ausentar de sua residência para frequentar culto religioso domiciliar.
no período noturno. O benefício da prisão domiciliar possui
normas de conduta a serem cumpridas, entre elas o STF – aguarda em liberdade
recolhimento domiciliar até às 19h. Dessa forma, as STJ – prisão domiciliar (Inf. 490, 2012)
atividades profissionais e pessoais devem se adequar aos # PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA NO MÍNIMO
horários e obrigações pré-estabelecidos. Ocorre, todavia, LEGAL E REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO.
que o cumprimento de prisão domiciliar não impede a
liberdade de culto, quando compatível com as condições Se a pena foi aplicada no mínimo, significa dizer que as
impostas ao reeducando, atendendo à finalidade circunstâncias judiciais foram mais favoráveis, desta feita
ressocializadora da pena. Ademais, considerada a não se pode impor regime mais gravoso. Súmula 440, STJ
possibilidade de controle do horário e de delimitação da “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
área percorrida por meio do monitoramento eletrônico, o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o
comparecimento a culto religioso não representa risco ao cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
cumprimento da pena. Assim, não havendo notícia do gravidade abstrata do delito”.
descumprimento das condições impostas pelo juízo da
execução, admite-se ao executado, em prisão domiciliar, * SAÍDA TEMPORÁRIA (REDAÇÃO DA LEI 13.964/20 –
ausentar-se de sua residência para frequentar culto MODIFICOU A LEP)
religioso, no período noturno. (Informativo n. 657/2020)
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em
regime semi-aberto poderão obter autorização
para saída temporária do estabelecimento, sem
# Prisão domiciliar do CPP (art. 318):
vigilância direta, nos seguintes casos:
É medida cautelar e distinta desta prisão albergue I - visita à família;
domiciliar, trata-se de nova modalidade de prisão provisória
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante,
para: a) maior de 80 anos; b) debilitado por motivo de
bem como de instrução do 2º grau ou superior, na
doença grave; c) imprescindível para os cuidados de menor
Comarca do Juízo da Execução;

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III - participação em atividades que concorram para Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e
o retorno ao convívio social. fundado receio de fuga ou perigo à integridade física
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
refere o caput deste artigo o condenado que justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
cumpre pena por praticar crime hediondo com responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da
resultado morte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a
2019) que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado.
8. REGIME ESPECIAL – MULHERES (art. 37, CP) STF – princípio da não culpabilidade – dignidade da pessoa
Regime especial humana – resguardar a figura do preso, tratamento
humanitário, etc (art. 5º, XIX, LXI, XLIX, LXI, LXII, LXIV, LXV,
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em
LXVI, LXVII)
estabelecimento próprio, observando-se os
deveres e direitos inerentes à sua condição
pessoal, bem como, no que couber, o disposto
10. TRABALHO DO PRESO
neste Capítulo.
Direitos do preso
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não
- Art. 5º, XLVIII e art. 82, §1º, LEP atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a
- O estabelecimento deverá ter agentes do sexo feminino todas as autoridades o respeito à sua integridade
física e moral.
- Mães presas (art. 5º, L e art. 89, LEP): a penitenciária
deverá ter uma seção para a gestante e a parturiente – Trabalho do preso
berçário até 6 meses e creche até os 7 anos. Art. 39 - O trabalho do preso será sempre
OBS.: Por conta do Estatuto do Idoso (art. 82, § 1º, LEP), os remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da
Previdência Social.
maiores de 60 anos têm direito a estabelecimento próprio e
adequado na sua condição especial.
Observações feitas no regime fechado.
9. DIREITOS DO PRESO (ART. 38, CP e ART. 38 A 43, Art. 39, CP
LEP) É obrigatório e remunerado.
Art. 38. O preso conserva todos os direitos não Negativa: constitui falta grave, impede progressão e
atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a liberdade condicional.
todas as autoridades o respeito à sua integridade
física e moral. É ao mesmo tempo um DEVER (contribuir com o Estado
para sua ressocialização) e um DIREITO (cada três dias
Art.5º, XLIX. É assegurado aos presos o respeito e a
trabalhados resgata um dia de cumprimento de pena –
integridade física e moral.
somente aos regimes fechado e semiaberto).
Remuneração (não inferior a ¾ salário mínimo) –
Art. 40 e 41, LEP – rol de direitos como: alimentação, destinação:
vestuário, trabalho e remuneração, assistência material,
a) indenização dos danos causados pelo crime;
jurídica, educacional, social, religiosa, entrevista com o
advogado (instalação a defensoria pública), chamamento b) assistência à família;
nominal, correspondência escrita, leitura, atestado de c) despesas pessoais;
cumprimento de pena emitido anualmente.
d) ressarcimento ao Estado pelas despesas com a execução.
2010 – Lei 12.245/2010 – acrescentou o dever o Estado de
* Remição pelos estudos. Súmula 341, STJ – “A frequência a
instalar nos estabelecimento penais salas de aulas
curso formal é causa de remição de parte do tempo de
destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante.
execução de pena sob o regime fechado e semiaberto” –
* Os direitos políticos ficam suspensos enquanto com o advento da Lei 12.433/2011 que modificou o art.
perdurarem os efeitos da condenação criminal irrecorrível 126, §6º, LEP – aplica-se aos três regimes, assim a cada 12
(art. 15, III, CRFB) horas de frequência escolar (em três dias) elimina um 1 dia
* Visita íntima (art. 41, X, LEP) – não foi prevista, mas trata- de pena.
se de prática habitual autorizada nos presídios para evitar
lascívia entre os condenados e preservar os laços
matrimoniais. Na lei que trata dos presídios federais, há 11. LEGISLAÇÃO ESPECIAL (Art. 40, CP)
previsão expressa da visita íntima. Legislação especial
* Limitação do uso de algemas – Súmula Vinculante 11, STF. Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria
prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como

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especificará os deveres e direitos do preso, os critérios e ressalvadas as hipóteses de


critérios para revogação e transferência dos transferência a regime mais rigoroso:
regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos
correspondentes sanções. deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja
ART. 40, CP – Trata-se da lei de execuções penais – Lei superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
7.210/84 poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja
12. DETRAÇÃO (ART. 42, CP) igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
Detração
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de
liberdade e na medida de segurança, o tempo de - Art. 33, §2º, CP e Art. 112, LEP;
prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de
- Forma progressiva: passagem para um regime menos
prisão administrativa e o de internação em
qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo rigoroso;
anterior. - Fase executória � integra a individualização da pena �
Prevenção especial � ressocialização do preso.
- DESCONTO
Ex.: Preso em flagrante pelo crime de roubo, ficando preso DOIS REQUISITOS:
por 2 anos, até a sentença que o condenou por 5 anos. a) OBJETIVO: cumprimento de ao menos 1/6 da pena no
Resta apenas 3 anos. regime anterior. (MODIFICADO PELA LEI 13.964/19)
- Qualquer prisão: provisória, flagrante, preventiva – Art. 112. A pena privativa de liberdade será
qualquer privação de liberdade antes do TJ. executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser
- ATÉ 2012 - Como a detração é reconhecida pelo juízo de
determinada pelo juiz, quando o preso tiver
execução – não influi na fixação do regime inicial de pena, cumprido ao menos:
assim no caso acima o regime inicial seria o regime
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado
semiaberto. MAS, COM A LEI 12.736/2012 – Art. 367, §2º,
for primário e o crime tiver sido cometido sem
CPP – “ O tempo de prisão provisória, de prisão violência à pessoa ou grave ameaça;
administrativa ou de internação, no Brasil ou no
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for
estrangeiro, será computado para fins de determinação do
reincidente em crime cometido sem violência à
regime inicial de pena privativa de liberdade” – AGORA pessoa ou grave ameaça;
QUEM CUIDA DE DETRAÇÃO É O JUIZ DE 1º GRAU (pena
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o
cumprida, pena extinta)
apenado for primário e o crime tiver sido cometido
* O TEMPO DE PRISÃO CAUTELAR DOMICILIAR (318, CPP) com violência à pessoa ou grave ameaça;
CONTA COMO PERÍODO DE PENA PARA SER DETRAÍDA. IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
13. SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença apenado for condenado pela prática de crime
mental deve ser recolhido a hospital de custódia e hediondo ou equiparado, se for primário;
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro
estabelecimento adequado. VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o
apenado for:
Será visto nas medidas de segurança.
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, com resultado morte, se for primário,
14. PROGRESSÃO DE REGIMES vedado o livramento condicional; b) condenado
por exercer o comando, individual ou coletivo, de
- Sistema Inglês ou progressivo: isolamento do condenado organização criminosa estruturada para a prática
no início de cumprimento da pena privativa de liberdade, de crime hediondo ou equiparado; ou c)
mas, em um segundo momento, é autorizado a trabalhar na condenado pela prática do crime de constituição
companhia de outros presos. E, na última etapa, é colocado de milícia privada;
em liberdade. VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão apenado for reincidente na prática de crime
ser executadas em forma progressiva, segundo o hediondo ou equiparado;
mérito do condenado, observados os seguintes VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime hediondo ou
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equiparado com resultado morte, vedado o 11.671/2008, que não prevê limite temporal para
livramento condicional. renovação de permanência de preso em
estabelecimento penal federal de segurança máxima.
* Súmula 715, STJ – “A pena unificada para atender os
limites de 30 (trinta) anos de cumprimento, determinado b) SUBJETIVO: MÉRITO – bom comportamento carcerário –
pelo art. 75, CP, não é considerada para a concessão de é necessário provar que a capacidade do condenado de se
outros benefícios, como o livramento condicional ou regime adaptar ao regime menos rigoroso, desta forma, o mau
mais favorável de execução” comportamento demonstra a inaptidão para o regime mais
* Para a segunda progressão, há posições divergentes, uma brando.
primeira corrente entende que se conta o 1/6 da pena * Comprovada pelo diretor do estabelecimento – atestado
restante, pois pena cumprida é pena extinta (STF). Outra de boa conduta carcerária emitida pelo diretor carcerário.
corrente entende que conta 1/6 do total da pena.
* A nova redação não exige mais o exame criminológico,
O PACOTE ANTICRIME TIRA ESTA DÚVIDA AO ESTABELCER mas nada obsta que o juiz da execução da peça para auferir
O RESTANTE DA PENA CONFORME ARTIGO 112 DA LEP. de maneira concreta a aptidão do condenado para regime
mais brando. (STJ e STF). Súmula 439, STJ – Admite-se o
exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde
Súmula 535 - A prática de falta grave não interrompe o
que em decisão motivada”.
prazo para fim de comutação de pena ou indulto.(2015)
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a
contagem do prazo para a progressão de regime de # Progressão por saltos
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do - Trata-se de da passagem direta do regime fechado para o
cometimento dessa infração. (2015) aberto – NÃO ADMITIDA – impede a recuperação gradativa;
Súmula 533 - Para o reconhecimento da prática de falta Súmula 491, STJ – “É inadmissível a chamada progressão per
disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a saltum de regime prisional”.
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
Hipótese admitida: cumprido o 1/6 da pena no fechado,
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a
tem direito a progressão no semiaberto, não tendo vaga,
ser realizado por advogado constituído ou defensor público
cumpre mais 1/6 da pena e finalmente progride para o
nomeado.
aberto.
EDIÇÃO N. 184: DO PACOTE ANTICRIME (2022/2021)
1) Após a entrada em vigor do Pacote Anticrime, # Crime contra a administração pública
reconhece-se a retroatividade do patamar o
§ 4 O condenado por crime contra a
estabelecido no art. 112, V, da Lei n. 7.210/1984,
administração pública terá a progressão de regime
àqueles apenados que, embora tenham cometido do cumprimento da pena condicionada à
crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, reparação do dano que causou, ou à devolução do
não sejam reincidentes em delito de natureza produto do ilícito praticado, com os acréscimos
semelhante. legais.
2) Após a entrada em vigor do Pacote Anticrime, o
condenado por crime hediondo ou equiparado com - ADICIONA outro requisito, a reparação do dano causado
resultado morte, que seja reincidente genérico, ou a devolução do produto ilícito praticado.
deverá cumprir ao menos 50% da pena para a
progressão de regime prisional, pelo uso da
analogia in bonam partem. LEI 13.964/20 – ADICIONOU
3) O requisito previsto no art. 83, III, b, do Código § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à
Penal, inserido pela Lei n. 13.964/2019 (não progressão de regime se ostentar boa conduta
cometimento de falta grave nos últimos 12 meses) é carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que
pressuposto objetivo para a concessão de livramento
vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº
condicional, e não limita a valoração do requisito 13.964, de 2019)
subjetivo, inclusive quanto a fatos anteriores à
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão
vigência do Pacote Anticrime, de forma que somente
de regime será sempre motivada e precedida de
haverá fundamento inválido quando consideradas manifestação do Ministério Público e do defensor,
faltas disciplinares muito antigas. procedimento que também será adotado na
4) O Pacote Anticrime estendeu o prazo inicial de concessão de livramento condicional, indulto e
permanência do custodiado em presídio federal de comutação de penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes.
360 dias para 3 anos, sem alterar o disposto na Lei n.
(...)
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§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, progressão, cumprimento de 1/6, pois já cumpriu 1 ano.
para os fins deste artigo, o crime de tráfico de Assim, não precisa esperar o TJ, se comprovado também o
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº seu mérito.
11.343, de 23 de agosto de 2006.
Súmula 716, STF – “Admite-se a progressão de regime de
§ 6º O cometimento de falta grave durante a
cumprimento de pen ou a aplicação imediata de regime
execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção da menos severo nela determinada, antes do trânsito em
progressão no regime de cumprimento da pena, julgado da sentença condenatória”.
caso em que o reinício da contagem do requisito
objetivo terá como base a pena remanescente.

# CRIMES HEDIONDOS – LEI 8072/ 90


- Regime inicialmente fechado � Lei 11.464/2007. (antes
falava em integralmente fechado – declarado
inconstitucional por violar a individualização da pena);
- Progressão: cumprimento de 2/5 da pena, primário;
Cumprimento de 3/5, reincidente;
+ critério subjetivo (MÉRITO)
Obs.: Como já havíamos dito, esta nova regra já foi objeto
de ADI e declarada em controle difuso inconstitucional.
Declarando também que a nova regra de progressão aplica-
se apenas entrada em vigor da lei, antes da lei observava-se
o quantum de 1/6, pois entendeu que aquela era norma
mais grave, pois após a declaração da inconstitucionalidade,
o parâmetro utilizado foi o previsto na LEP. (novatio legis in
pejus)
Súmula Vinculante 26 (STF). Para efeito de progressão de
regime no cumprimento da pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º, da Lei 8.072/90, de 25 de
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do IMPORTANTE!!!!
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo Art. 112. § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe
fundamentado, a realização do exame criminológico. ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
- Súmula 471, STJ (no mesmo sentido) requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
# PRÁTICA DE FALTA GRAVE I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa;
- Zera a contagem do prazo. Reinicia-se o prazo para a
contagem do benefício da progressão. II - não ter cometido o crime contra seu filho ou
dependente;
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no
contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do regime anterior;
cometimento dessa infração. (2015) IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa.
# EXECUÇÃO PROVISÓRIA
- Entendimento jurisprudencial – permite a progressão do
preso condenado a pena privativa de liberdade, antes do 15. REGRESSÃO
trânsito em julgado (TJ) da decisão proferida em seu - Forma regressiva: passagem para um regime mais
desfavor (mas com trânsito em julgado para a acusação). rigoroso.
Assim, por ex, JOÃO preso em flagrante por roubo majorado Ex.: Do regime semiaberto para o fechado.
depois de um ano sai condenação de 6 anos de reclusão em
regime fechado. MP não recorreu da sentença. Defesa Art. 118, I e II, §1º, LEP.
apelou alegando inocência. Já presente o requisito da
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a) Prática de fato definido como crime doloso ou falta 29.446-MG, DJe 6/4/2011, e HC 177.679-SP, DJe
grave (I): Art. 50, LEP – lista de faltas graves – rol taxativo. 13/12/2010. HC 218.617-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
Falta grave apurada por procedimento interno com direito a em 2/10/2012.
defesa. Exceção: foragido – pode-se regredir independente DIREITO PENAL. INDULTO E DETRAÇÃO.
do processo. Quanto ao crime doloso, basta a prática (com
procedimento), sem necessidade de condenação definitiva. O período compreendido entre a publicação do decreto
Presença obrigatória do advogado no procedimento concessivo de indulto pleno e a decisão judicial que
administrativo disciplinar. Não se aplica a súmula vinculante reconheça o benefício não pode ser subtraído na conta de
nº 5, STF – apenas para procedimentos de natureza cível. liquidação das novas execuções penais, mesmo que estas
se refiram a condenações por fatos anteriores ao decreto
* Não gera regressão: crime culposo e contravenção penal. indulgente. A concessão do indulto, pleno ou parcial, atinge
(analogia in mala parten) a pena. Será pleno quando extinguir a pena por completo,
b) Sofre condenação, por crime anterior, cuja pena, resultando na extinção da punibilidade. E será parcial,
somada ao restante da pena em execução, torne incabível o também chamado de comutação, quando o afastamento da
regime (II): refere-se ao art. 111, §único, LEP (sobrevindo pena não se der por completo. No entanto, em ambos os
condenação posterior, soma-se a pena restante). Não há casos, os demais efeitos penais e civis do crime
prévia oitiva do condenado. permanecem inalterados. Assinale-se, ainda, que o indulto
* Ex.: réu condenado a regime semiaberto por pena de 6 não é aplicado de forma automática. Necessita, assim, de
anos de reclusão, posteriormente, sobreveio, condenação um procedimento judicial em que o juiz da execução irá
de 4 anos de reclusão. Soma: 10 anos, regride para o regime avaliar se o apenado preenche, ou não, os requisitos
fechado. insculpidos no decreto presidencial. Embora haja doutrina
que defenda ser meramente declaratória a decisão
c) Condenado transferido do regime aberto se, além das concessiva de indulto, os decretos presidenciais, em geral,
hipóteses nos incisos anteriores, frustrar os fins da possuem condições objetivas e subjetivas que necessitam
execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente de avaliação judicial. Nessa medida, esse trâmite processual
imposta (§1º): apenas para o regime aberto – a) frustrar os certamente levará um espaço de tempo para ser cumprido,
fins da execução (autodisciplina e senso de o que afasta a possibilidade de publicação do decreto
responsabilidade); b) não pagar a multa imposta, quando concessivo do benefício em um dia e, já no dia seguinte, a
tem condições (com comprovação de solvência) – teria sido sua aplicação no caso concreto. Assim, o indulto somente
revogada pelo art. 51, CP que veda a conversão de pena de poderá produzir os seus efeitos após essa avaliação. Além
multa em pena privativa de liberdade. disso, em regra, a concessão do indulto pressupõe a
existência de uma sentença penal condenatória com
# REGRESSÃO POR SALTOS trânsito em julgado. Uma vez transitada em julgado a
sentença penal condenatória, surge a pretensão de
- É possível – art. 118, CP – permite expressamente a execução da pena. Se, posteriormente, o Estado desistir de
passagem direta do regime aberto para o fechado. prosseguir na execução da pena, haverá, tão somente, uma
interrupção do cumprimento, mas não uma inidoneidade
JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA ou desnecessidade da pena. Vale ressaltar que essa
interrupção, no caso do indulto, é um ato de clemência do
INFORMATIVO 505 – STJ – 2012 Estado, que só será reconhecido ao apenado após regular
DIREITO PENAL. PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. procedimento judicial. Portanto, até a prolação da decisão
REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO. INEXISTÊNCIA DE que extinguir a punibilidade do agente, a sua custódia será
MOTIVAÇÃO CONCRETA. IMPOSSIBILIDADE. Fixada a decorrente de uma prisão pena. A detração, por sua vez, é
pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento decorrência do princípio constitucional da não
de regime prisional mais gravoso do que o cabível em culpabilidade. A CF estabelece que “ninguém será
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
abstrata do delito. Somente se consideradas as penal condenatória”. Ocorre que, mesmo antes do trânsito
circunstâncias judiciais de forma desfavoráveis, com em julgado, em algumas situações, faz-se necessária a
fundamentos idôneos, poderia ser mantido regime prisional constrição provisória do acusado. Essa, no entanto, é uma
mais gravoso. Ademais, a opinião do julgador sobre a prisão cautelar. E, por vezes, ao final do julgamento, pode
gravidade abstrata do crime não constitui motivação idônea ocorrer a absolvição do agente ou a prescrição da pretensão
para a imposição de regime mais severo do que o permitido punitiva. Dessa forma, a detração visa impedir que o Estado
segundo a pena aplicada (Súm. n. 718-STF). Assim, não se abuse do poder-dever de punir, impondo ao agente uma
pode determinar regime mais rigoroso quando inidônea a fração desnecessária da pena quando houver a perda da
fundamentação, baseada tão somente na gravidade liberdade ou a internação em momento anterior à sentença
abstrata da conduta cometida e na opinião pessoal dos condenatória. Em razão desses casos, para amenizar a
julgadores. Precedentes citados do STF: HC 72.315-MG, DJ situação do réu, o CP regulamentou que: “Art. 42 -
26/5/1995; do STJ: HC 94.823-SP, DJ 23/6/2008; RHC Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida

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de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no como forma da remição pelo estudo, são perfeitamente
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação compatíveis com a participação em atividades laborativas
em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo fornecidas pelo estabelecimento penal, nos termos do art.
anterior’. Nessa linha intelectiva, a detração é uma 126, § 3º, da LEP, uma vez que a leitura pode ser feita a
operação matemática em que se subtrai da pena privativa qualquer momento do dia e em qualquer local,
de liberdade (ou medida de segurança) aplicada ao réu ao diferentemente da maior parte das ofertas de trabalho e
final do processo, o tempo de prisão provisória, prisão estudo formal. Precedente citado: HC 317.679-SP, Sexta
administrativa ou internação em hospital de custódia e Turma, DJe 2/2/2016. HC 353.689-SP, Rel. Min. Felix
tratamento psiquiátrico que o sentenciado já cumpriu Fischer, julgado em 14/6/2016, DJe 1º/8/2016
anteriormente. Frise-se que, em razão da equidade, admite- (Informativo n. 587).
se a detração inclusive em processos que não guardem
relação entre si, desde que a segregação indevida seja
posterior ao crime em que se requer a incidência do
instituto. Nestes casos, embora a prisão processual fosse XI– PENAS ALTERNATIVAS À
necessária no momento em que foi realizada, ao final do
julgamento do processo, a conduta do agente não resultou PRISÃO - SUBSTITUTIVAS
em uma punição efetiva. Dessa forma, é possível utilizar
esse período para descontar a pena referente a crime
praticado em data anterior. Conclui-se, portanto, que a 1. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO - PRD
detração é um instituto que pretende amenizar as Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
consequências de uma custódia processual, abatendo-se da I - prestação pecuniária;
pena efetivamente aplicada o período em que o réu esteve
preso por meio de medida cautelar, seja em razão de prisão II - perda de bens e valores;
provisória, prisão administrativa ou internação em hospital III - (VETADO)
de custódia e tratamento psiquiátrico. Assim, o instituto da IV - prestação de serviço à comunidade ou a
detração não pode tangenciar o benefício do indulto entidades públicas;
porque, enquanto o período compreendido entre a
publicação do Decreto Presidencial e a decisão que V - interdição temporária de direitos;
reconhece o indulto, decretando-se a extinção da VI - limitação de fim de semana.
punibilidade do agente, refere-se a uma prisão pena, a CÁLCULO DA PENA
detração somente se opera em relação à medida cautelar, o
que impede a sua aplicação no referido período. REsp 1ª FASE (PENA-BASE – ART. 59,CP) – PENA INTERMEDIÁRIA
1.557.408-DF, Rel. Min. (AGRAVANTES E ATENUANTES) – PENA DEFINITIVA (CAUSAS
DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO)
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/2/2016, DJe
24/2/2016 (Informativo n. 577). FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL
(FECHADO, SEMIABERTO, ABERTO)

DIREITO PENAL. REMIÇÃO DE PENA POR LEITURA E PENAS ALTERNATIVAS


RESENHA DE LIVROS. - Calculada a pena privativa de liberdade (art. 68, CP),
O fato de o estabelecimento penal assegurar acesso a fixado o regime INICIAL (Art. 33, CP), dispõe o artigo 44
atividades laborais e a educação formal não impede a que as penas restritivas de direitos podem substituir as
remição por leitura e resenha de livros. Inicialmente, privativas de liberdade.
consigne-se que a jurisprudência do STJ tem admitido que a
norma do art. 126 da LEP, ao possibilitar a abreviação da A) CONCEITO
pena, tem por objetivo a ressocialização do condenado,
sendo possível o uso da analogia in bonam partem, que SANÇÃO IMPOSTA EM SUBSTITUIÇÃO À PENA PRIVATIVA DE
admita o benefício em comento em razão de atividades que LIBERDADE CONSISTENTE NA SUPRESSÃO OU DIMINUIÇÃO
não estejam expressas no texto legal, como no caso, a DE UM OU MAIS DIREITOS DO CONDENADO. Tendência do
leitura e resenha de livros, nos termos da Recomendação n. direito penal moderno (eliminação da pena privativa de
44/2013 do CNJ (AgRg no AREsp 696.637-SP, Quinta Turma, liberdade de curta duração).
DJe 4/3/2016; HC 326.499-SP, Sexta Turma, DJe 17/8/2015; MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO
e HC 312.486-SP, Sexta Turma, DJe 22/6/2015). Ademais, o
fato de o estabelecimento penal onde se encontra o PENAS ALTERNATIVAS: restritivas de direito e multa.
paciente assegurar acesso a atividades laborais e a Pressupõe condenação + pena privativa de liberdade
educação formal não impede que se obtenha também a
remição pela leitura, que é atividade complementar, mas “SURSIS” E LIVRAMENTO CONDICIONAL.
não subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente. Pressupõe condenação + pena privativa de liberdade
Assim, as horas dedicadas à leitura e resenha de livros,
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MEDIDAS DESPENALIZADORAS: transação penal e Exceções (aplicação cumulada): a) Art. 78, CDC (Lei
suspensão condicional do processo 8.078/90); b) CTB (Lei 9.503/97): prisão mais suspensão da
Impede condenação e imposição de pena. habilitação.
II – SUBSTITUTIVIDADE: Primeiro o juiz fixa a pena privativa
de liberdade e depois na mesma sentença a substitui por
ESPÉCIES: PRD.
1. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE Exceção (PRD abstratamente cominada no tipo
2. LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA incriminador): Art. 28, Lei de Drogas (Lei nº11.343/2006):
3. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS posse de droga para consumo pessoal, como advertência,
prestação de serviços de à comunidade e medida educativa
4. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA de comparecimento a programa ou curso educativo.
5. PERDA DE BENS E VALORES
C) DURAÇÃO: art. 55, CP
(≠ CONFISCO – efeito da condenação - pode passar da Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos
pessoa do condenado) III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no
o
≥ NATUREZA PESSOAL / ≤ NATUREZA REAL § 4 do art. 46.

* Outras PRD’s na lei de trânsito e lei dos crimes A PRD (natureza pessoal) terá a mesma duração da pena
ambientais; privativa de liberdade substituída.

* Condenação com PRD suspende os direitos políticos do Exceções: a) penas restritivas de direito de natureza real; b)
o
condenado – art. 15, III, CRFB - Art. 15. É vedada a cassação prestação de serviços a comunidade – art. 46, §4º, CP (“§ 4
de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao
casos de: III - condenação criminal transitada em julgado, condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo
enquanto durarem seus efeitos; (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada”); c) art. 41, §2º, Estatuto do Torcedor –
1ª C) Não suspende, pois não impossibilita o reeducando de promover tumulto (pena de 1 a 2 anos) – pena de
concretizar o direito de voto. comparecimento de estádio no prazo de 3 meses a 3 anos.
2ªC) Suspense, pois a CRFB não excepciona tipos de pena
(MAJ). Todavia o STF, RE601182, admitiu possuir
repercussão geral a controvérsia sobre a suspensão de D) REQUISITOS
direitos políticos, versada no artigo 15, III, CRFB, tendo em Art. 44. As penas restritivas de direitos são
vista a substituição da pena privativa de liberdade pela autônomas e substituem as privativas de
restritiva de direitos. liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não
OBS¹: De acordo com a maioria da doutrina, entende-se que
superior a quatro anos e o crime não for cometido
a substituição não pode ficar ao arbítrio do Juiz. com violência ou grave ameaça à pessoa ou,
Preenchidas todas as exigências impostas pelo dispositivo qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
penal, o juiz deve substituir a privativa de liberdade por culposo;
restritiva de direito. II - o réu não for reincidente em crime doloso;
OBS²: O sistema de penas alternativas é exemplificativo. O III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
artigo 45, §2º não taxativo. Sendo questionado a sua social e a personalidade do condenado, bem como
constitucionalidade, pois configura pena indeterminada os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
(princípio da legalidade é inalienável – mesmo que o réu substituição seja suficiente. (princípio da
concorde). suficiência)
1. OBJETIVOS (natureza do crime e quantidade de pena
aplicada):
B) CARACTERÍSTICAS
2. SUBJETIVOS (reincidência e princípio da suficiência)
As penas restritivas de direito, em regra, não são cominadas
abstratamente no tipo penal incriminador, possuindo as
seguintes características: CRIME DOLOSO CRIME CULPOSO
I – AUTONOMIA: não podem ser cumuladas com as Aplicada pena privativa de Qualquer que seja a
restritivas de liberdade. Ou aplica a pena privativa de liberdade NÃO superior a 4 pena aplicada
liberdade (sem substituição) ou substitui pela restritiva de anos.
direitos. Não poderá soma-las.
Crime sem violência ou grave
ameaça à pessoa¹
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Não reincidente em crime - # PRD – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


doloso ² Não é possível a substituição da pena privativa de liberdade.
Circunstâncias judiciais Circunstâncias judiciais: Art. 17, Lei 11.340/2006. Jurisprudência ao final. Ação Penal
favoráveis: indicando que a indicando a suficiência Incondicionada.
substituição é suficiente da substituição. Súmula 588 do STJ: "A prática de crime ou contravenção penal
(retribuir e prevenir) – contra a mulher com violência ou grave ameaça no
princípio da suficiência das ambiente doméstico impossibilita a substituição
penas alternativas. ³ da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.”
E) APLICAÇÃO - Art. 44, §2º, CP
o
¹ Quanto a violência imprópria (redução da impossibilidade § 2 Na condenação igual ou inferior a um ano, a
de resistência por outros meios), a doutrina (maj) entende substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
não ser possível a substituição, pois trata-se de um forma restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
específica de violência; contudo, Mirabete (minoritária) de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva
entende que é possível a substituição, como no roubo com de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
o uso de narcóticos (boa noite cinderela). PENA IMPOSTA IGUAL PENA IMPOSTA SUPERIOR A 1
¹ Acerca das infrações de menor potencial ofensivo OU INFERIOR A 1 ANO ANO
praticadas com violência e grave ameaça, como a lesão
leve, a ameaça e o constrangimento ilegal, o entendimento 1 Restritiva de Direito 1 Restritiva de direitos + multa
majoritário (GRECO;STJ) é da possibilidade da substituição, OU Multa OU
pois estes crimes estão submetidos ao procedimento dos 2 Restritivas de direitos
Juizados (transação penal). Assim, apesar de serem dolosos (cumpridas simultaneamente
e cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, não se compatíveis)
podem ser excluídos do benefício, pois de menor potencial
* Nos crimes ambientais, pena entre 1 a 4 anos, apenas 1
ofensivo, sendo preferível a imposição de medidas
restritiva de direito.
alternativas.
Atenção: não cabe substituição de pena privativa de
liberdade por restritivas de direitos em delitos militares, F) CONVERSÃO: PRD  PLIBERDADE
sendo aplicável a analogia na espécie (STF). PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
² Art. 44, §3º - possibilidade de substituição ao reincidente SUBSTITUIÇÃO ↓
de crime doloso – desde que: a medida seja socialmente ↑ CONVERSÃO
recomendável (análise subjetiva) e não seja reincidência
PENA RESTRITIVA DE DIREITOS
específica.
³ Princípio da suficiência: a PRD deve ser adequada e
suficiente para se alcançar as finalidades da pena, qual seja * ALGUNS AUTORES DIZEM QUE O CERTO É FALAR
a retribuição do mal e a prevenção (geral (sociedade) e RECONVERSÃO, POIS A PRIMEIRA CONVERSÃO OCORREU
especial (condenado – reincidente e ressocialização)). As QUANDO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE FOI
circunstâncias judicias devem indicar a substituição. SUBSTITUIDA EM RESTRITIVA DE DIREITOS.
HIPÓTESES:
# PRD – CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS 1ª – ART. 44, §4º, CP – descumprimento
injustificado da restrição imposta - obrigatória.
Impedimentos: os requisitos: sem violência ou grave
ameaça; crime não superior a 4 anos e o regime
inicialmente fechado.
1ªC) São incompatíveis com o benefício da PRD. mesmo diploma legal. Tratava-se, na espécie, de writ, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma, em que condenado à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão pela prática do
2ªC) Preenchidos os requisitos, cabe PRD para crimes crime de tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 11.343/2006, art. 33, § 4º) questionava a
constitucionalidade da vedação abstrata da substituição da pena privativa de
hediondos. A lei de crimes hediondos não veda. Lei liberdade por restritiva de direitos disposta no art. 44 da citada Lei de Drogas (“Os
11.343/06 (lei de drogas) vedava nos art. 33, §4º e 44, crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
porém referidos dispositivos foram declarados conversão de suas penas em restritivas de direitos.”). Sustentava a impetração que a
31
inconstitucionais pelo STF (com efeito vinculante). proibição, nas hipóteses de tráfico de entorpecentes, da substituição pretendida
ofenderia as garantias da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI), bem como
aquelas constantes dos incisos XXXV e LIV do mesmo preceito constitucional — v.
Informativos 560, 579 e 597. Esclareceu-se, na presente assentada, que a ordem seria
31
(INFORMATIVO 598 - STF). Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substituição de Pena concedida não para assegurar ao paciente a imediata e requerida convolação, mas
Privativa de Liberdade por Restritivas de Direitos - 13Em conclusão, o Tribunal, por para remover o obstáculo da Lei 11.343/2006, devolvendo ao juiz da execução a
maioria, concedeu parcialmente habeas corpus e declarou, incidentalmente, a tarefa de auferir o preenchimento de condições objetivas e subjetivas. Vencidos os
inconstitucionalidade da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de Ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Ellen Gracie e Marco Aurélio que
direitos”, constante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, e da expressão “vedada a indeferiam o habeas corpus.HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 1º.9.2010. (HC-
conversão de suas penas em restritivas de direitos”, contida no aludido art. 44 do 97256)
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o
§ 4 A pena restritiva de direitos converte-se em Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a
privativa de liberdade quando ocorrer o entidades públicas é aplicável às condenações
descumprimento injustificado da restrição superiores a seis meses de privação da liberdade.
imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade o
§ 1 A prestação de serviços à comunidade ou a
a executar será deduzido (DETRAÇÃO) o tempo entidades públicas consiste na atribuição de
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado tarefas gratuitas ao condenado.
o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou o
reclusão. § 2 A prestação de serviço à comunidade dar-se-á
em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos congêneres,
Ex.: DETRAÇÃO - Privativa = 1 ano � PRD = 1 ano. No 10º em programas comunitários ou estatais.
o o
mês, ocorre o descumprimento injustificado - conversão. § 3 As tarefas a que se refere o § 1 serão
Cumpre 1 ano, menos o que cumpriu, resultado cumprirá 2 atribuídas conforme as aptidões do condenado,
meses em privativa de liberdade. * Tem que sobrar um devendo ser cumpridas à razão de uma hora de
saldo de 30 dias (minoria da doutrina (LFG) entende que o tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a
o
saldo mínimo é inconstitucional, gerando não somente um não prejudicar a jornada normal de trabalho. § 4
Se a pena substituída for superior a um ano, é
bis in idem de parcela da pena, bem como quem está
facultado ao condenado cumprir a pena
“determinando” o cumprimento de tempo de prisão é o substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca
legislador e não o juiz.) inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada.

* No caso das PRD de natureza real: 1ªC) Não cabe. 2ªC)


(MAJ – STJ/STF) Cabe, a lei não proíbe como faz com a * Ex.: Privativa de liberdade = 1 ano. Restritiva = prestação
multa. Desconta o percentual do pagamento já efetuado. de serviços. Trabalha 2 horas por dia, cumpre a pena em
Ex.: Prestação pecuniária = 1.000,00 – pagou 500,00 – irá seis meses. Se trabalhar 3 horas, não poderá reduzir, pois
cumprir 50% da pena. terminaria em 4 meses, que é inferior a metade da pena de
2ª – ART. 44, §5º, CP - superveniência de 1 ano (6 meses).
condenação a pena privativa de liberdade por * Crimes ambientais: para as Pessoas Jurídicas: custeio de
outro crime - facultativa.
programas e projetos ambientais; execução de obras de
o
§ 5 Sobrevindo condenação a pena privativa de recuperação de áreas degradadas; manutenção de espaços
liberdade, por outro crime, o juiz da execução públicos; contribuições a entidades ambientais ou culturas
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar
públicas.
de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior.
Ex.: Privativa = 1 ano � PRD = 1 ano – No 10º mês, 2. LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA
condenação a privativa de liberdade por outro crime. Não Espécie genérica.
há previsão legal de detração – há jurisprudência que
Origem alemã.
defende a analogia in bonna partem.
Deve ser cumprida me casa de albergado, não poderá
3ª Art. 181, LEP. Princípio da Boa-fé objetiva.
cumprir em presídio na falta desta.
- Muda o domicílio sem comunicar ao juízo competente.
Art. 48 - A limitação de fim de semana
consiste na obrigação de permanecer, aos
** ESPÉCIES: sábados e domingos, por 5 (cinco) horas
diárias, em casa de albergado ou outro
1. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE estabelecimento adequado.
Espécie genérica. Parágrafo único - Durante a permanência
Tarefas (aptidões do condenado) gratuitas (não são poderão ser ministrados ao condenado cursos
remuneradas e não geram vínculo empregatício) (§1º) - em e palestras ou atribuídas atividades
entidades assistenciais (públicas e privadas), hospitais, educativas.
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres,
em programas comunitários ou estatais (§2º).
3. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS
Para condenações superiores a 6 meses. Assemelha-se a
pena privativa de liberdade, mas não há perda do convívio Espécie especial ou específica (crimes determinados).
social. Inciso I e II – críticas – fere a prevenção especial
Proíbe atividade cruel, ociosa, vexatória ou humilhante – (ressocialização)
nem em igrejas ou comunidade religiosa. Inciso I – específica – para crime cometido na função
1 hora por tarefa por dia de condenação (sistema hora- pública (ou mandato eletivo) ≠ efeito da condenação da
tarefa). perda do mandato, cargo ou função pública.
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Inciso II – específica – para crime cometido na esfera Em crimes em que houve prejuízo a vítima ou proveito do
privada com habilitação especial ou licença. agente.
Inciso III – crimes culposos de trânsito – CTB regula estes Conteúdo confiscatório (art. 5º, XLVI), mas diferente do
crimes, assim este dispositivo foi revogado – continua em confisco que é efeito automático da condenação (podem
relação a suspensão da autorização ≠ efeito – inabilitação ser cumuladas) e incide sobre os instrumentos e produto do
para dirigir veículo quando utilizado como meio para a crime de cunho ilícito.
prática de crime doloso. o
Art. 45. (...) § 3 A perda de bens e valores
Inciso IV – essencialmente restritiva de liberdade – difícil pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada
fiscalização. a legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto -
Inciso V – genérica – novidade – 2011. Relativa ao art. 311- o que for maior - o montante do prejuízo causado
A, CP, mas pode ser aplicada a todos. ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro,
Art. 47 - As penas de interdição temporária de em consequência da prática do crime.
direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou OBSERVAÇÃO FINAL:
atividade pública, bem como de mandato eletivo;
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA MULTA
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou
ofício que dependam de habilitação especial, de
ESPÉCIES DE PENA PECUNIÁRIA
licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização (moto) ou de Pena restritiva de direitos Pena pecuniária – sanção
habilitação para dirigir veículo. penal
IV - proibição de freqüentar determinados lugares. Destinado a vítima, seus Destinado ao ESTADO -
V - proibição de inscrever-se em concurso, dependentes (≠ Fundo Penitenciário
avaliação ou exame públicos. (Incluído pela Lei nº sucessores), entidade Nacional
12.550, de 2011) pública ou privada com
destinação social

4. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA Pagamento 1 a 360 SM 10 a 360 dias-multa (1/30


até 5 SM)
Espécie genérica.
Deduz do montante de O Valor pago não será
Pagamento de dinheiro à vítima, dependentes, na falta eventual condenação de deduzido.
destes, entidade pública ou privada (com destinação social); reparação civil (quando
valor fixado pelo juiz; não inferior a 1 SM, nem superior a coincide os beneficiários)
360 SM (o valor é deduzido em eventual ação de reparação
civil). Admite conversão em Não admite conversão em
privativa de liberdade privativa de liberdade
Caráter unilateral, impositivo e cogente (independe de
aceitação da vítima). (STJ)Súmula 643: "A execução da pena restritiva de direitos
depende do trânsito em julgado da condenação".
* despenalização.
Em dinheiro, mas é possível a substituição por pedras
preciosas, obras de artes e até mão-de-obra. XII – PENA DE MULTA
o
Art. 45. (...) 1 A prestação pecuniária consiste no Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento
pagamento em dinheiro à vítima, a seus ao fundo penitenciário da quantia fixada na
dependentes ou a entidade pública ou privada sentença e calculada em dias-multa. Será, no
com destinação social, de importância fixada pelo mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º - O valor
superior a 360 (trezentos e sessenta) salários do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo
mínimos. O valor pago será deduzido do montante ser inferior a um trigésimo do maior salário
de eventual condenação em ação de reparação mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem
civil, se coincidentes os beneficiários. superior a 5 (cinco) vezes esse salário. § 2º - O
valor da multa será atualizado, quando da
execução, pelos índices de correção monetária.
5. PERDA DE BENS E VALORES
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez)
Espécie genérica. dias depois de transitada em julgado a sentença. A
Retirada de bens e valores integrantes do patrimônio lícito requerimento do condenado e conforme as
circunstâncias, o juiz pode permitir que o
do condenado, transferindo ao Fundo Penitenciário
pagamento se realize em parcelas mensais. § 1º - A
Nacional. Limite; prejuízo causado ou proveito obtido. cobrança da multa pode efetuar-se mediante
desconto no vencimento ou salário do condenado
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quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada 2ª FASE (ART. 60, CP) - O JUIZ FIXA O VALOR DE CADA DIA-
cumulativamente com pena restritiva de direitos; MULTA
c) concedida a suspensão condicional da pena.§ 2º
- O desconto não deve incidir sobre os recursos VARIA (MIN) 1/30 A (MAX) 5X SALÁRIO MÍNIMO – NA
indispensáveis ao sustento do condenado e de sua FIXAÇÃO O JUIZ LEVA EM CONSIDERAÇÃO A SITUAÇÃO
família. ECONÔMICA DO RÉU
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença * Súmula 43, STJ – “Incide correção monetária sobre dívida
condenatória, a multa será considerada dívida de por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo”. O STF
valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação entende que o termo inicial para atualização da multa deve
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive ser a partir da data do fato.
no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
Art. 51. Transitada em julgado a sentença C) MULTA SUBSTITUTIVA – NÃO ADMITE CONVERSÃO
condenatória, a multa será executada perante o
- PRIVATIVA DE LIBERDADE EM MULTA.
juiz da execução penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa 1ª CORRENTE 2ª CORRENTE
da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
O ART. 44, §2º, CP O ART. 44, §2º NÃO
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
(substitui em 1 ano) REVOGOU OO ART. 60, §2º.
REVOGOU O ART. 60, §2º, A) ART. 60, §2º, CP – prisão
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa,
PORÉM MANTEVE O até 6 meses admite
se sobrevém ao condenado doença mental.
ESPIRITO DO ART. 51 substituição. Crime com
LEI Nº 6.258/96 LEI Nº 9714/98 (DÍVIDA DE VALOR – não violência ou grave ameaça.
A PENA A PRIVATIVA DE A PRIVATIVA DE cabe conversão) – Não cabe conversão.
PRIVATIVA DE LIBERDADE NÃO LIBERDADE NÃO MAJORITÁRIA
B) ART. 44§2º - prisão até 1
LIBERDADE NÃO SUPERIOR A 6 SUPERIOR A 1
ano. Crime sem violência
SUPERIOR A 6 MESES ADMITIA A ANO – ADMITE
ou grave ameaça. Cabe
MESES ADMITIA SUBSTITUIÇÃO SUBSTITUIÇÃO
conversão.
SUBSTITUIÇÃO POR MULTA (ART. POR MULTA
POR MULTA 60, §2º). (ART. 44, §2º,
(ART. 60, §2º) PROIBIU A CP) D) EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA – ART. 51
ADMITIA A CONVERSÃO EM EA COMPETÊNCIA –
CONVERSÃO EM PRIVATIVA DE CONVERSÃO? Art. 51. Transitada em julgado a sentença
PRIVATIVA DE LIBERDADE – condenatória, a multa será executada perante o
LIBERDADE agora executada juiz da execução penal e será considerada dívida de
como dívida ativa valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa
(art. 51). da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
* Art. 44, §3º - não exclui a multa. MODIFICADO PELA LEI 13.964/19
A) CONCEITO
- Espécie de sanção penal, patrimonial. Pagamento de 1ªC) Legitimidade: MP. Competência: Vara das Execuções
determinado valor ao Fundo Penitenciário Nacional. Penais. Rito: Rito da Lei de Execução Fiscal.
- Por se tratar de pena é necessária sua cominação por lei 2ªC) Legitimidade: Procuradoria da Fazenda (Estadual ou
antes da prática do fato típico. Federal). Competência: Vara da Fazenda Pública (não perde
- Fundo Penitenciário Nacional: composto pelas multas o caráter penal). STJ e STF
decorrentes de sentenças penais condenatórias transitadas 3ªC) Legitimidade: Procuradoria da Fazenda (Estadual ou
em julgado. Cada estado pode instituir o seu. (LC 08/2004 - Federal). Competência: Vara da Fazenda Pública (perde o
FUNPECE). caráter penal- passa da pessoa do condenado).
B) APLICAÇÃO - CRITÉRIO OU SISTEMA BIFÁSICO
Súmula 522 (STJ - 2015): “A legitimidade para execução
1ª FASE (ART. 49, CP) – O JUIZ FIXA O NÚMERO DE DIAS- fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
MULTA sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da
VARIA MIN. DE 10 E MAX DE 360 – Leva em conta o Fazenda Pública.”
Art.59,CP/Circunstâncias agravantes e atenuantes/ Causas
de aumento e diminuição (STJ). Alguns entendem que deve-
se levar em conta apenas o art. 59,CP.

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XIII – AÇÃO PENAL


Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido
ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-
lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia
no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

AÇÃO PENAL

PÚBLICA PRIVADA
Titular: MP Titular: ofendido ou seu representante legal
Inicial: DENÚNCIA Inicial: Queixa-crime
Regra (silêncio da lei) Exceção: expressa previsão legal
PROPRIAMENTE
INCONDICIONADA CONDICIONADA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
DITA
Ministério Público Ministério Público, Art. 236, CP - Crimes contra a Diante da inércia do MP em
mas condicionada Induzimento a erro honra – ofendido apresentar denúncia nos
a REPRESENTAÇÃO essencial e ocultação de ou representante crimes de ação pública, o
DO OFENDIDO OU impedimento – legal ofendido poderá apresentar
REQUISIÇÃO DO personalíssima porque Queixa-crime substitutiva.
MINISTÉRIO DA apenas o ofendido, sem
JUSTIÇA. possibilidade do
representante

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JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA 1. NOÇÕES GERAIS – CONCEITO.


SÚMULA 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão Instituto de política criminal. Evita o encarceramento do
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher condenado que preenche determinados requisitos.
é pública incondicionada.
O Sursis se destina a evitar o recolhimento à prisão do
condenado, submetendo-o, se assim desejar, à observância
de certos requisitos legais e condições estabelecidas pelo
juiz, perdurando estas durante tempo determinado,
XIV- SURSIS: SUSPENSÃO chamado de período de prova, findo o qual, se não
CONDICIONAL DA EXECUÇÃO revogada a concessão, considera extinta a punibilidade.
DA PENA
Art. 77 - A execução da pena privativa de *SISTEMAS:
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser SISTEMA DO
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde SISTEMA SISTEMA ANGLO “probation of
que: first offenders
FRANCO-BELGA AMERICANO
I - o condenado não seja reincidente em crime act”
doloso;
Ou Europeu Ou “probation O agente é
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
continental; system”; processado;
social e personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias autorizem a concessão O agente é O agente é
do benefício processado; processado; Suspende-se o
III - Não seja indicada ou cabível a substituição O agente é O agente é processo
prevista no art. 44 deste Código reconhecido reconhecido evitando
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não culpado; culpado; condenação e
impede a concessão do benefício. reconhecimento
O agente é Suspende-se o
o
§ 2 A execução da pena privativa de liberdade, condenado; processo de culpa
não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, evitando a
por quatro a seis anos, desde que o condenado A execução da
pena fica condenação.
seja maior de setenta anos de idade, ou razões de
saúde justifiquem a suspensão. suspensa.
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o NÃO ADOTADO ART. 89, LEI
condenado ficará sujeito à observação e ao SURSIS
PELO BRASIL 9.099/95
cumprimento das condições estabelecidas pelo
juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o *NATUREZA JURÍDICA
condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) - De acordo com o STF, o ato judicial de suspensão
ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. condicional da pena é objeto de direito subjetivo do
48).
condenado. Se não prestado na sentença, quando
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo presentes os requisitos, dá lugar ao Habeas Corpus.
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias
do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente - o STJ entende e o STF também tem decisões neste sentido,
favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do que o sursis é um instituto de política criminal.
parágrafo anterior pelas seguintes condições,
aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
2. ESPÉCIES
b) proibição de ausentar-se da comarca onde SURSIS SIMPLES SURSIS ESPECIAL
reside, sem autorização do juiz; c)
comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, ART. 77 c/c com o art. 78, ART. 77 c/c 78, §2º
mensalmente, para informar e justificar suas §1º, CP
atividades.
Pressupostos: Pressupostos:
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras
condições a que fica subordinada a suspensão,
A) PENA IMPOSTA NÃO A) PENA IMPOSTA
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal SUPERIOR A 2 ANOS; NÃO SUPERIOR A 2
do condenado. B) PERÍODO DE PROVA¹: ANOS;
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas 2 A 4 ANOS. B) PERÍODO DE
restritivas de direitos nem à multa. Condições²: PROVA: 2 A 4
ANOS.
- No 1º ano: prestar a
C) REPARAÇÃO DO
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serviços a comunidade ou DANO (ou SURSIS ETÁRIO SURSIS HUMANITÁRIO


limitação de fim de impossibilidade de
semana; fazê-lo) ART. 77, §2º ART. 77, §2º (2ª parte)

Requisitos³: Condições: Pressupostos: Pressupostos:

a) Condenado não - No 1º ano (§2º - menos A) PENA IMPOSTA A) PENA IMPOSTA


reincidente em crime rigorosas): NÃO SUPERIOR A NÃO SUPERIOR
doloso; 4 ANOS; A 4 ANOS;
a) proibição de
b) Circunstâncias judiciais frequentar B) PERÍODO DE B) PERÍODO DE
favoráveis; determinados lugares; PROVA: 4 A 6 PROVA: 4 A 6
ANOS. ANOS.
c) Não indicada ou cabível b) proibição de ausentar-
a restritiva de direitos²; se da comarca onde C) MAIOR DE 70 C) DOENÇA (não
reside, sem autorização ANOS¹; importa a idade
do juiz; Condições: do agente)²;

c) comparecimento - Art. 78, § 1º ou §2º - Condições:


pessoal e obrigatório a depende da reparação do - Art. 78, § 1º ou §2º -
juízo, mensalmente, dano. depende da reparação
para informar e justificar Requisitos: do dano.
suas atividades. Requisitos:
a) Condenado não
Requisitos: reincidente em crime a) Condenado não
a) Condenado não doloso; reincidente em crime
reincidente em crime b) Circunstâncias judiciais doloso;
doloso; favoráveis; b) Circunstâncias
b) Circunstâncias c) Não indicada ou cabível judiciais favoráveis;
judiciais favoráveis; a restritiva de direitos; c) Não indicada ou
c) Não indicada ou cabível a restritiva de
cabível a restritiva de direitos;
direitos;

¹ Não necessariamente doente e o Estatuto do Idoso não


¹ Período de prova: Intervalo de tempo fixado na sentença modificou a idade.
condenatória concessiva de sursis, no qual o condenado ² Um doença cuja tratamento é impossível no cárcere.
deverá revelar boa conduta, bem como cumprir as
condições que lhe foram impostas pelo Poder Judiciário. O
início é feito na chamada Audiência Admonitória (art. 161, # PENA DE MULTA. (ART. 77, §1º, CP) – MULTA GERA
LEP) ou Audiência de Advertência. REINCIDÊNCIA, MAS NÃO IMPEDE SURSIS.
OBS.: NESTE PONTO, DIFERENCIA-SE “SURSIS” COM No passado: art. 155, §2º, CP – MULTA
LIVRAMENTO CONDICIONAL, pois o período de prova deste No presente: art. 157 c.c 14,II – pena: 2 anos
último é o restante da pena.
² Art. 79 – o juiz pode impor outras condições judiciais
adequadas ao fato e a situação pessoal do condenado. Art. # CRIMES HEDIONDOS:
81, CP – condições legais indiretas autorizam a revogação 1ª C) Possível, desde que preenchidos os requisitos. STF.
do sursis. 2ª C) Os crimes Hediondos são incompatíveis com o
³ a) condenado em crime culposo não impede o sursis – benefício do Sursis (Minoritária) – art. 77. II – “autorizem a
caberá em crime doloso quando a condenação for concessão do benefício” – o sursis é insuficiente para as
exclusivamente à pena de multa (art.77,§1º - Súmula 499, finalidades da pena – princípio da proporcionalidade.
STF);
c) o SURSIS é subsidiário a aplicação da substituição das # CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS
restritivas de direito, por ser menos benéfico, por exemplo,
será cabível no crime de violência e grave ameaça. 1ªC) A Lei 11.343/06 – art. 44, proíbe expressamente o
benefício (STF)
2ª C) A proibição do art. 44, levando em consideração
somente a gravidade em abstrato é inconstitucional. (STF)
# SURSIS INCONDICIONADO

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Ou seja, sem condições impostas. Não, o sursis é sempre 4. CASSAÇÃO DO SURSIS - ANTES DO INÍCIO DO PERÍODO
condicionado. DE PROVA
REVOGAÇÃO CASSAÇÃO
3. REVOGAÇÃO: obrigatória ou facultativa - obrigatória (art. 81, I, II - condenado não comparece
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do e III) a audiência admonitória (art.
prazo, o beneficiário: - facultativa (art. 81, §1º) 161, LEP);
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por - condenado não aceita as
crime doloso; condições do sursis (renuncia
II - frustra, embora solvente, a execução de pena e prefere cumprir a pena);
de multa ((tacitamente revogada pelo lei 9268/96 - decisão reformada pelo
– não pode a conversão em PRD) ou não efetua,
tribunal – a pena privativa de
sem motivo justificado, a reparação do dano;
liberdade é aumentada,
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste passando dos dois anos.
Código.
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o
condenado descumpre qualquer outra condição PRESSUPÕE INÍCIO DO IMPEDE INÍCIO DO PERÍODO
imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por PERÍODO DE PROVA DE PROVA
crime culposo ou por contravenção, a pena
privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
- O CONDENADO DEVERÁ CUMPRIR INTEGRALMENTE A 5. PRORROGAÇÃO DO SURSIS (ART. 81, §2º) – quando
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (NÃO SE CONSIDERA O a duração do sursis excede o período de prova.
TEMPO EM QUE PERMANECEU EM PERÍODO DE PROVA). § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por
outro crime ou contravenção, considera-se
REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA – HIPÓTESES – ART. 81, CP
prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento
(decorre de lei) definitivo.
I – CONDENAÇÃO IRRECORRÍVEL POR CRIME DOLOSO; § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode,
- não importa se a infração praticada antes ou depois do ao invés de decretá-la, prorrogar o período de
início do período de prova; prova até o máximo, se este não foi o fixado.

- prevalece tratar-se de causa de revogação automática –


dispensando manifestação do juiz; - A mera instauração de inquérito policial não serve para
II –NÃO EFETUA, SEM MOTIVO JUSTIFICADO, A prorrogar o período de prova – EXIGE-SE O RECEBIMENTO
REPARAÇÃO DO DANO; DA DENÚNCIA;

Obs.: Antes da condenação definitiva – reparou o dano – - Durante a prorrogação não subsistem a condições
sursis especial – não reparou o dano – sursis simples (mas impostas;
será obrigado a reparar o dano depois, sob pena de - Essa prorrogação não está sujeita a decisão judicial –
revogação). automática - STJ;
III – DESCUMPRE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A
COMUNIDADE OU LIMITAÇÃO DE FINAL DE SEMANA 6. CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES (ART. 82, CP)
(§1º, ART. 78).
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido
SÃO CHAMADAS DE CONDIÇÕES LEGAIS DO SURSIS revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

REVOGAÇÃO FACULTATIVA – HIPÓTESE - ART. 81, §1º,


CP Obs.; A doutrina considera-se extinta a punibilidade. A lei
fala em “considera-se extinta a pena”.
I – SE O CONDENADO DESCUMPRE QUALQUER OUTRA
CONDIÇÃO IMPOSTA;
II – IRRECORRIVELMENTE CONDENADO, POR CRIME 7. SURSIS SUCESSIVOS E SIMULTÂNEOS
CULPOSO OU CONTRAVENÇÃO, A PENA PRIVATIVA DE Sucessivos: o agente depois de cumprir a suspensão
LIBERDADE OU RESTRITIVA DE DIREITOS. (OU SEJA, QUE condicional da pena, comete crime culposo ou
NÃO SEJA DE MULTA). contravenção penal, como não é reincidente em crime
OBS.; Nestes casos, o juiz pode optar: a) pela revogação; doloso, é permitida a concessão de novo sursis.
b) nova advertência; c) prorrogar o período de prova até Simultâneos: ou coetâneos. Cumpridos ao mesmo tempo,
o máximo; d) exacerbar as condições impostas. desde que depois de aplicado o primeiro o sursis, o segundo
o seja antes da realização da audiência admonitória do
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primeiro (a nova condenação só revoga o primeiro sursis se Súmulas: 715 e 716 (STF), 441 (STJ)
ocorrer durante o período de prova). Vide considerações da progressão de regimes!!!

***LIVRAMENTO CONDICIONAL NÃO CABE LIVRAMENTO CONDICIONAL PARA CRIME


1. CONCEITO HEDIONDO COM RESULTADO MORTE: SEJA PRIMÁRIO OU
REINCIDENTE!!!
- Art. 83 – 89, CP – “Liberdade antecipada ao reeducando
que cumprir alguns pressupostos e condicionado a algumas
exigências durante o tempo restante da pena que deve 3. CONDIÇÕES
cumprir”
LEGAIS: (Art. 132, §1º, LEP)
SUPRALEGAIS: (Art. 132, §2º, LEP)
2. REQUISITOS
JUDICIAIS: Art. 86, CP – Causas de revogação
Objetivos:
* Efeitos da condenação: Art. 88, CP
A) Pena privativa de liberdade – igual ou superior a 2 anos;
B) Reparação;
SÚMULA 617 - A ausência de suspensão ou revogação do
C) Cumprido: livramento condicional antes do término do período de
c.1) L.C. Simples: 1/3 da pena (crime comum, primário e prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral
bons antecedentes); cumprimento da pena.
c.2) L.C. Qualificado: 1/2 da pena (crime comum e Súmula 441. A falta grave não interrompe o prazo para
reincidente) * obtenção de livramento condicional.
c.3) L.C. Específico: 2/3 da pena (crime hediondo, não QUESTÃO
reincidente específico) – INCLUI O TRÁFICO DE PESSOAS, “M.K.T.” encontrava-se em regime semiaberto quando foi
APESAR DESSE NÃO SER HEDIONDO. deferido o livramento condicional. Encerrado o período de
* O Código não fala em maus antecedentes. prova do livramento, os autos foram ao Ministério Público
que requereu a juntada da Folha e da Certidão de
Antecedentes Criminais. Deferido o pedido ministerial e
OBS: V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos juntados os documentos requeridos, com vista dos autos, o
de condenação por crime hediondo, prática de tortura, parquet verificou que “M.K.T.” havia sido preso – e logo
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de solto em audiência de custódia – pela prática de crime
pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente ocorrido durante o período de prova do livramento
específico em crimes dessa natureza. (2016) condicional. O Ministério Público observou ainda que ele
havia sido denunciado e condenado pelo fato, tendo a
sentença penal permitido que “M.K.T.” recorresse em
Subjetivos: (MODIFICADOS PELA LEI 13.964/19)
liberdade. Interposto recurso pela defesa, a sentença penal
Art. 83. (...) III - comprovado: (Redação dada condenatória não havia transitado em julgado. Diante da
pela Lei nº 13.964, de 2019)
informação acerca da condenação penal, o Ministério
a) bom comportamento durante a execução da Público requereu a revogação do livramento condicional, a
pena; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) regressão cautelar de regime prisional e a designação de
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 audiência de justificação.QUAL O ARGUMENTO DE DEFESA
(doze) meses;(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) DEVERÁ SER DEFENDIDO?
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi Resposta: declarar a extinção de punibilidade, conforme a
atribuído; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Súmula 617 do STJ.
d) aptidão para prover a própria subsistência
mediante trabalho honesto;
A) comportamento satisfatório (bom comportamento XV – MEDIDAS DE SEGURANÇA
carcerário); Art. 96. As medidas de segurança são:
B) Aptidão para prover a própria subsistência; I - Internação em hospital de custódia e
C) Bom desempenho no trabalho; tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado;
D) Constatação de condições pessoais que façam a presumir
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
que o liberado não voltará a delinquir.
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se
Súmula 439 (STJ) – “Admite-se o exame criminológico pelas impõe medida de segurança nem subsiste a que
peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada” tenha sido imposta.

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Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz imputáveis e semi- semi-imputáveis perigosos.


determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o imputáveis não
fato previsto como crime for punível com perigosos.
detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento
ambulatorial.
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, 2. PRINCÍPIOS
será por tempo indeterminado, perdurando
A. LEGALIDADE: apenas a lei pode criar medidas de
enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação de periculosidade. O prazo
segurança.
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. B. ANTERIORIDADE: a imposição de medida de segurança
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do somente quando com previsão legal anterior à prática da
prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano infração penal – irretroatividade da lei penal mais severa
em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o (art. 5º, XL, CF)
juiz da execução.
C. JURISDICIONALIDADE: aplicação deve ser feita pelo
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre Poder Judiciário – devido processo legal.
condicional devendo ser restabelecida a situação
anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um)
ano, pratica fato indicativo de persistência de sua 3. REQUISITOS
periculosidade.
I – PRÁTICA DE UM FATO TÍPICO E ILÍCITO –
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento
certeza da autoria e materialidade do crime –
ambulatorial, poderá o juiz determinar a
provas para a condenação – com devido processo
internação do agente, se essa providência for
necessária para fins curativos. legal, ampla defesa e contraditório.
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 II – PERICULOSIDADE DO AGENTE;
deste Código e necessitando o condenado de III – NÃO TENHA OCORRIDO EXTINÇÃO
especial tratamento curativo, a pena privativa de DE PUNIBILIDADE.
liberdade pode ser substituída pela internação, ou
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1
(um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior
e respectivos §§ 1º a 4º.
OBS: GRAU DE PERICULOSIDADE: efetiva probabilidade do
Art. 99 - O internado será recolhido a
inimputável ou semi-imputável de voltar a envolver-se em
estabelecimento dotado de características
hospitalares e será submetido a tratamento. crime e contravenções – envolve a natureza e a gravidade
do fato cometido – socialmente perigosa – não é mera
reincidência. Exige-se um prognóstico – juízo de prognose –
1. NOÇÕES GERAIS diagnóstico do futuro. (Diferente da pena em que é feita um
CONCEITO juízo de diagnose – justificada pelo que o agente fez).
32
Espécie de Sanção Penal com finalidade preventiva, de
caráter terapêutico, com o fim de tratar o inimputável e o 4. ESPÉCIES (ART. 96, CP)
semi-imputável portadores de periculosidade, com o I – INTERNAÇÃO: em hospital de custódia ou tratamento
objetivo de evitar a prática de futuras infrações penais. psiquiátrico – privação da liberdade: reclusão ou detenção.
PENA MEDIDA DE SEGURANÇA Detentiva.
Finalidade: Mista – Finalidade: Prevenção II – TRATAMENTO AMBULATORIAL: o agente permanece
retributiva e preventiva. especial – prevenir novas livre, mas submetido a tratamento médico adequado –
infrações. detenção. Restritiva.
Duração: Período Duração: Período ESCOLHA:
determinado – determinado quanto limite CRIME PUNIDO COM RECLUSÃO: INTERNAÇÃO
proporcional a mínimo, mas indeterminado
CRIME PUNIDO COM DETENÇÃO: INTERNAÇÃO OU
reprovação do crime. quanto ao máximo – pois o
TRATAMENTO AMBULATORIAL – grau de periculosidade do
término da pena depende da
agente.
periculosidade do agente.
Pressuposto: Pressuposto: Periculosidade
Culpabilidade. - Critério para a escolha baseado na natureza da pena
cominada em abstrato é criticado, pois cria um modelo
Destinatários: Destinatários: Inimputáveis e
padrão e impõe internação a pessoas que provavelmente
não iriam ao cárcere, como no caso do furto simples. STJ –
32 já vem decidindo para que seja dada resposta penal
Apesar da sua finalidade terapêutica, trata-se de sanção penal pois impõe privação
ou restrição de direitos. adequada no caso de medida de segurança, autorizando
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tratamento ambulatorial para autor de crime de furto – em pretensão punitiva. Entretanto, mesmo com a extinção da
que não tinha um grau de periculosidade elevado, pois não sentença, o paciente continuou internado em HCTP. A
era pessoa violenta. Turma afirmou que esse tipo de estabelecimento é
destinado àqueles que cumprem medida de segurança,
resposta penal oferecida às pessoas que apresentam
5. PRAZO diagnóstico psiquiátrico e tenham praticado crime.
a. mínimo (art. 97, §1º): 1 a 3 anos – destina-se a realização Ademais, a Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/1984), em
do exame de cessação da periculosidade. b. máximo: tempo seu Título IV, elenca os HCTPs como “estabelecimentos
indeterminado enquanto perdurar a periculosidade – teria penais”. Extinta a punibilidade em decorrência do
assim um cárter eterno – mas que não viola direitos, pois reconhecimento da prescrição, não há que falar em pena,
está protegendo o agente. Todavia, a maioria da doutrina medida de segurança ou manutenção do paciente em
critica o caráter eterno da medida de segurança até HCTP. (...)Tal entendimento – aliado ao que disciplina a Lei
mesmo pelo limite de 40 anos – este é o entendimento do 10.216/2001, no sentido de que as internações terão
STF que entende ser inconstitucional o período caráter excepcional – autoriza a conclusão de que, no caso,
indeterminado dada a garantia constitucional abolidora a manutenção do paciente em HCTP apoia-se em narrativa
das prisões perpétuas – ficando assim limitada a 40 anos. inconstitucional, porquanto opta pela restrição de uma
O STJ vai além ao considerar que a duração da MS não garantia fundamental – a liberdade – pela via da interdição
poderia ultrapassar o limite do máximo da pena cominada civil de quem teve a punibilidade extinta e possui laudo
abstratamente ao delito praticado. psiquiátrico favorável à desinternação. (2020 – INF 925)
No caso da conversão da pena em medida de segurança
prevista – no caso de SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA 7. DESINTERNAÇÃO OU LIBERAÇÃO CONDICIONAL
MENTAL (permanente, se TEMPORÁRIA segue o art. 41, CP)
Ao final o prazo mínimo é feito um exame (art. 175, LEP)
– POSIÇÃO MAJORITÁRIA – a medida de segurança terá
para averiguar a cessação de periculosidade.
igual duração à pena privativa de liberdade originariamente
aplicada – então o prazo máximo será o restante da pena - Caso persista a periculosidade, o exame psiquiátrico será
(STJ). refeito em ano em ano (art. 97, §2º CP).
Súmula 527 (STJ - 2015): O tempo de duração da medida de - Caso conclua pela cessação de periculosidade, o juiz
segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena determina a desinternação¹ ou a liberação – condicionadas
abstratamente cominada ao delito praticado. (mesmas condições do Livramento Condicional) – poderão
ser revogadas se antes de 1 ano o agente praticar fato
indicativo de periculosidade (art. 97, §3º, CP).
6. APLICAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA – SENTENÇA
¹ apesar não estar prevista na lei, é possível a desinternação
A. INIMPUTÁVEL – ART. 26 � se pratica infração penal – progressiva, em que atenuada a periculosidade do agente,
absolvido – não há culpabilidade – MAS DIANTE DA SUA este passe na internação para o tratamento ambulatorial
PERICULOSIDADE – impõe MEDIDA DE SEGURANÇA –
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA
8. DIREITO DO INTERNADO (Art. 99, CP)
Súmula 422, STF – “ A absolvição criminal não prejudica a
medida de segurança, quando couber, ainda que importe Art. 99 - O internado será recolhido a
estabelecimento dotado de características
privação de liberdade”
hospitalares e será submetido a tratamento.

B. SEMI-IMPUTÁVEL – ART. 26, §ÚNICO � se pratica infração Assim, fica impedida a colocação de sentenciado em
penal – SENTENÇA CONDENATÓRIA – há culpabilidade estabelecimento prisional (cabe HC). Se não tiver vaga,
diminuída – VERIFICADA SEUA PERICULOSIDADE – ART. 98, deve esperar em liberdade pela vaga em tratamento
CP – SISTEMA VICARIANTE ambulatorial (STJ). * Há um entendimento forte dentro do
A Segunda Turma concedeu ordem de habeas corpus para MP que em caso de agente altamente perigoso deve
ratificar liminar anteriormente deferida que transferiu o aguardar em presídio comum a abertura de vaga em
paciente de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico hospital psiquiátrico.
(HCTP) e o encaminhou a Centro de Atenção Psicossocial ou
a unidade de saúde similar a fim de verificar a necessidade
de tratamento médico. O paciente respondeu por homicídio JURISPRUDÊNCIA
em primeira instância e foi sentenciado a absolvição DIREITO PENAL. SISTEMA VICARIANTE E IMPOSSIBILIDADE
imprópria com aplicação de medida de segurança DE CONVERSÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM
(internação). O cumprimento da pena começou no ano de MEDIDA DE SEGURANÇA POR FATOS DIVERSOS. Durante o
2010 em HCTP. Em 2015, o Tribunal de Justiça reconheceu a cumprimento de pena privativa de liberdade, o fato de ter
nulidade do processo criminal em face da extinção da sido imposta ao réu, em outra ação penal, medida de
segurança referente a fato diverso não impõe a conversão
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da pena privativa de liberdade que estava sendo 2. ROL DO ART. 107, CP


executada em medida de segurança. Inicialmente, convém
apontar que o sistema vicariante afastou a imposição I - MORTE DO AGENTE
cumulativa ou sucessiva de pena e medida de segurança, Base: princípio da personalidade da pena (a pena não pode
uma vez que a aplicação conjunta ofenderia o princípio do passar da pessoa do condenado – Art. 5º, XLV, 1ª parte) e o
ne bis in idem, já que o mesmo indivíduo suportaria duas brocado jurídico: “ a morte todo apaga” (mors omnia solvit).
consequências em razão do mesmo fato. No caso em
Obs.: Não se extingue o efeito penal: obrigação de reparar o
análise, evidencia-se que cada reprimenda imposta
corresponde a um fato distinto. Portanto, não há que se dano nos limites da herança e o perdimento dos bens.
falar em ofensa ao sistema vicariante, porquanto a medida Causa personalíssima – não se comunica com os demais
de segurança refere-se a um fato específico e a aplicação da coautores e partícipes.
pena privativa de liberdade correlaciona-se a outro fato e Prova: certidão de óbito (art. 62, CPP).
delito. Decisão monocrática citada: HC 137.547-RJ, Rel. Min.
Jorge Mussi, DJe 1°/2/2013. HC 275.635-SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 8/3/2016, DJe 15/3/2016 II – ANISTIA, INDULTO E GRAÇA
(Informativo n. 579).
- Renúncia do Estado no Direito de Punir – estranho ao
poder judiciário – mas para produzir a extinção de
XVI – EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE punibilidade é necessário a decisão judicial.
A) ANISTIA
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
Exclusão, por lei ordinária com efeitos retroativos, de um ou
I - pela morte do agente;
mais fatos criminosos.
II - pela anistia, graça ou indulto;
Competência: União (infrações penais) – LEI ORDINÁRIA –
III - pela retroatividade de lei que não mais CONGRESSO NACIONAL
considera o fato como criminoso;
- PARA CRIME POLÍTICOS (NORMALMENTE) – chamada de
IV - pela prescrição, decadência ou anistia especial, crimes comuns - abrange fatos e não
perempção; indivíduos, mas poderão ser impostas condições específicas
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo ao réu (anistia condicionada).
perdão aceito, nos crimes de ação privada; Ex.; Lei 6683/79 – crimes políticos decorrentes dos Atos
VI - pela retratação do agente, nos casos em Institucionais.
que a lei a admite; EFEITOS: ex tunc – apaga-se todos os efeitos penais.
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos * Poderá ser recusada se for da modalidade condicionada,
em lei. ou seja, atrelada a pressupostos. Ex.; Texto do novo código
florestal prevê anistia condicionada aos condenados por
multas acima de 1 milhão desde que se cadastrarem num
1. NOÇÕES GERAIS – CONCEITO. programa de regularização ambiental. (POLÊMICO)
A punibilidade nasce com o crime ou a contravenção. Trata- OBS.: ART. 5º, XLIII – “ XLIII - a lei considerará crimes
se da possibilidade jurídica do Estado impor uma sanção inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
penal ao responsável pela infração penal. tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
Na extinção de punibilidade o crime e a contravenção terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
continuam a existir, desaparece o direito de punir do respondendo os mandantes, os executores e os que,
Estado. Exceções: abolitio criminis (causa superveniente de podendo evitá-los, se omitirem;” – CRIMES HEDIONDOS.
extinção de tipicidade) e na anistia (atipicidade temporária
do fato).
B) GRAÇA (OU INDULTO INDIVIDUAL)
Rol do art. 107, CP – ROL EXEMPLIFICATIVO
Crimes comuns- sentença condenatória transitada em
Exemplos: Sursis, Livramento condicional, escusas julgado – pessoa determinada – extinção da pena imposta.
absolutórias (art. 181, CP), reparação do dano no crime de ATO PRIVATIVO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (ART. 84,
peculato culposo, pagamento do tributo nos crimes contra a XII, CRFB) – ATO DISCRICIONÁRIO.
ordem tributária, etc.
Provocada: condenado; MP; conselho penitenciário,
autoridade administrativa (art. 188, CP).
* Não poderá ser recusada.
Gera reincidência.

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C) INDULTO C) PEREMPÇÃO
Indulto coletivo – modalidade de clemência concedida É a perda do direito de ação, provocada pela inércia
espontaneamente pelo Presidente da República a todo processual do querelante.
grupo de condenados que preencham os requisitos do Hipóteses: Art. 60, CPP
decreto autorizador.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede
Não é necessário o trânsito em julgado. ATO mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação
DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. penal:
Ex.; Indulto natalino. I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de
promover o andamento do processo durante 30
Quanto aos crime hediondos: a CF fala apenas em graça e
dias seguidos;
indulto, mas é posição do STF que é constitucional, pois
indulto é espécie de graça. II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo
sua incapacidade, não comparecer em juízo, para
Gera reincidência. prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
SÚMULA 631 - O indulto extingue os efeitos primários da (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem
couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
condenação (pretensão executória), mas não atinge os
efeitos secundários, penais ou extrapenais. III - quando o querelante deixar de comparecer,
sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de
O Decreto n. 9.246/2017 não traz nenhuma ressalva formular o pedido de condenação nas alegações
ao regime de cumprimento de pena quando dispõe finais;
sobre a comutação aos condenados que cumprem IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica,
pena privativa de liberdade. Ao incluir na previsão esta se extinguir sem deixar sucessor.
legal as pessoas que estão em liberdade ou bastante
próximas de sua obtenção, o Presidente da República
não vedou, via reversa, o benefício aos reeducandos V – RENÚNCIA OU PERDÃO ACEITO– AÇÃO
dos regimes semiaberto e fechado. Assim, o art. 8° do PRIVADA
Decreto n. 9.246/2017 é norma inclusiva e não
1. Renúncia: ato unilateral pelo qual se efetua a desistência
proibitiva. (Informativo n. 659.)
do direito de ação da vítima – art. 104, CP.
Forma: declaração assinada pelo ofendido, por seu
III – ABOLITIO CRIMINIS representante legal ou procurador com poderes especiais
(Art. 50, CPP). Não gera renúncia tácita o fato de o ofendido
Nova lei que exclui do âmbito penal um fato que até então
receber indenização do dano causado.
era criminoso.
Exceção: Juizado Especial – composição de danos – extingue
Alcança a execução e os efeitos penais da sentença
a punibilidade.
condenatória, assim não gera reincidência ou maus
antecedentes, mas subsistem os efeitos civis. Obs.: Art. 49, CPP – estende a todos.
Deverá ser aplicada pelo órgão do Poder Judiciário em que Momento: antes do oferecimento da queixa. Após este
se encontre a ação penal em trâmite. momento poderá ser: perdão ou perempção.
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser
exercido quando renunciado expressa ou
IV – PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E tacitamente. Parágrafo único - Importa renúncia
tácita ao direito de queixa a prática de ato
PEREMPÇÃO. incompatível com a vontade de exercê-lo; não a
A) PRESCRIÇÃO – próxima aula. implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
indenização do dano causado pelo crime.

B) DECADÊNCIA - perda do direito de queixa ou de


representação em face da inércia do seu titular durante o 2. Perdão aceito: é a desistência manifestada após o
prazo legalmente previsto. oferecimento da queixa, impeditiva do prosseguimento da
ação.
Prazo: 6 meses (independente do número de dias de cada
mês) – conta do dia em que o ofendido veio a saber que é o Ação penal privada.
autor do crime. Momento: após o início da ação penal – poderá ser a
Segue a regra do art. 10, CP. qualquer momento – até o trânsito da sentença
condenatória.
Prazo: PRECLUSIVO E IMPRORROGÁVEL – não se submete a
causas de interrupção ou suspensão. Art. 106, CP - O perdão, no processo ou fora dele,
expresso ou tácito:

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I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos


XVII – PRESCRIÇÃO
aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não
prejudica o direito dos outros; 1. CONCEITO.
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. Perda da PRETENSÃO PUNITIVA ou da PRETENSÃO
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de EXECUTÓRIA em face da inércia (do decurso do tempo) do
ato incompatível com a vontade de prosseguir na Estado durante determinado tempo legalmente previsto.
ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa
em julgado a sentença condenatória. FUNDAMENTOS: O tempo faz desaparecer o interesse
de punir.
A) Segurança jurídica ao responsável
PERDÃO – depende de aceitação – ato bilateral – aproveita pela infração penal (memória do fato
os demais. Será intimado para se manifestar, o silêncio punível apagou-se – Bento Faria);
importará aceitação. B) Luta contra a ineficiência
do Estado (princípio da eficiência);
C) Impertinência da sanção penal
VI – RETRATAÇÃO DO AGENTE (função preventiva – Beccaria: o
Confessar que errou, revelando seu arrependimento. direito penal não intimida pela
gravidade, mas pela certeza do seu
Ex.; Art. 143, CP – calúnia ou difamação. exercício – “quanto mais próxima do
Deve ser eficaz, completa e inequívoca. delito seja aplicação da pena, tanto
mais justa e útil será – pg. 85);
Ex.; Retratação de texto veiculado em internet – exigência
de publicidade.
NATUREZA JURÍDICA: CAUSA DE EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE – MATÉRIA DE DIREITO PENAL (OBS.: ART.
IX – PERDÃO JUDICIAL 10, CP)
É ATO EXCLUSIVO DO PODER JUDICIÁRIO, que na Obs.: A prescrição é uma garantia fundamental do cidadão,
sentença, deixa de aplicar a pena ao réu – em face de protegendo o indivíduo contra a eternização do poder
requisitos legalmente exigidos – casos previstos no art. punitivo do Estado. Logo, os crimes, ordinariamente, por
107. mais graves que sejam, prescrevem. Excepcionalmente, a
Em regra, encontra-se nos crimes culposos. CRFB (art. 5º, XLVII) traz duas hipóteses de
imprescritibilidade: a) racismo (XLII); b) ações de grupos
Ex.; Art. 121, §5º “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz
armados contra a ordem constitucional e o Estado
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da
Democrático (XLIV).
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que
a sanção penal se torne desnecessária.”
Natureza jurídica: direito público subjetivo. 2. ESPÉCIES
Não se comunica com os demais envolvidos, somente com 2.1 PRETENSÃO PUNITIVA:
o próprio agente, dada sua condição subjetiva e pessoal. - Antes do trânsito em julgado.
Sumula 18, STJ – A sentença concessiva de perdão judicial é - Faz desaparecer todos os efeitos de eventual condenação
declaratória de extinção de punibilidade, não subsistindo
qualquer efeito condenatório.
2.2 PRETENSÃO EXECUTÓRIA:
- Depois do trânsito em julgado;
PERDÃO JUDICIAL PERDÃO DO OFENDIDO
- Impede a execução da punição – da sanção (os demais
SÓ O JUIZ SO O FENDIDO efeitos SECUNDÁRIOS da condenação permanecem – o
(REPRESENTANTE COM nome do réu continua inserido no rol dos culpados –
PODERES ESPECIAIS) subsiste a condenação);
Qualquer ação penal, Somente na ação
desde que haja exclusivamente privada
autorização judicial
Não depende de aceitação Depende de aceitação do réu
do réu

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# LEVAM EM CONSIDERAÇÃO A PENA MÁXIMA


COMINADA ABSTRATAMENTE NO TIPO.
1. Dentro do sistema trifásico
* atenuantes e agravantes; não são consideradas – fica a
critério do juiz e dentro do limite. Todavia, as atenuantes da
MENORIDADE E DA SENILIDADE interferem no prazo
prescricional – AR. 115, CP.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de
prescrição quando o criminoso era, ao tempo do
crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data
da sentença, maior de 70 (setenta) anos

* causas de aumento e diminuição: é considerado, pois


aumenta o limite máximo.
Aumento variável (1/3 a 1/2): maior elevação.

Ex.; Roubo majorado pelo emprego de arma – 10 anos + 5


anos (1/2): 15 anos. – Prescrição: 20 anos.
PRETENSÃO PUNITIVA
Diminuição variável (1/3 a 2/3): menos redução.
I – PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE
DITA Obs.: Não são consideradas as regras dos concursos de
crimes.
ART. 109, CP
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em
julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o # CONSEQUÊNCIAS
do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da - DESAPARECE PARA O ESTADO O SEU DIREITO DE PUNIR;
pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se: - EVENTUAL SENTENÇA CONDENATÓRIA PROVISÓRIA É
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a RESCINDIDA, NÃO SE OPERANDO QUALQUER EFEITO;
doze; - O ACUSADO NÃO SERÁ RESPONSABILIZADO PELAS CUSTAS
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é PROCESSUAIS;
superior a oito anos e não excede a doze; TERÁ DIREITO À RESTITUIÇÃO INTEGRAL DA FIANÇA;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior
a quatro anos e não excede a oito;
# TERMO INICIAL
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior
a dois anos e não excede a quatro; Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em
julgado a sentença final, começa a correr:
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a
um ano ou, sendo superior, não excede a dois; I - do dia em que o crime se consumou;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a
inferior a 1 (um) ano. atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou
a permanência;
- Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do agente,
deve dizer quando essa punição já não mais o interessa. Eis IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou
alteração de assentamento do registro civil, da
a finalidade do artigo 109, CP. Sendo incerta a pena que
data em que o fato se tornou conhecido.
será fixada pelo juiz na sentença, o prazo prescricional é
resultado da pena máxima prescrita abstratamente no tipo V - nos crimes contra a dignidade sexual de
crianças e adolescentes, previstos neste Código ou
e a escala do art. 109, CP.
em legislação especial, da data em que a vítima
Obs.: Prazo mínimo: 3 anos (Lei 12.324/2010). Ainda completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo
subsiste prazo de 2 anos nos casos da pena de multa já houver sido proposta a ação penal.
(quando única aplicada ou cominada) e no caso do artigo V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que
28, CP – porte de drogas para consumo pessoal. envolvam violência contra a criança e o adolescente,
previstos neste Código ou em legislação especial, da data
em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a
esse tempo já houver sido proposta a ação
penal. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)

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A) REGRA GERAL – da data que o crime se consumou # CAUSAS IMPEDITIVAS


- Teoria do resultado. Causas impeditivas da prescrição
Crime material: resultado. Crime formal: mera conduta. Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença
final, a prescrição não corre:
B) EXCEÇÕES:
I - enquanto não resolvida, em outro processo,
1. TENTATIVA: no dia que cessou a atividade criminosa questão de que dependa o reconhecimento da
(último ato de execução) ; existência do crime;
2. PERMANENTES: no dia que cessou a permanência – nos II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
crimes permanentes, enquanto não encerra a permanência, (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ou seja, enquanto não cessada a consumação, não se inicia III - na pendência de embargos de declaração ou de
o trâmite do prazo prescricional. recursos aos Tribunais Superiores, quando
STF: entende que no crime de sequestro se as vítimas inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
jamais foram encontradas, o prazo prescricional não se
inicia, pois não se pode concluir pelo esgotamento da IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o
atividade criminosa. acordo de não persecução penal. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Obs: crimes habituais – exercício ilegal de medicina –
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a
reiteração de atos. Data a última das ações que constituem
sentença condenatória, a prescrição não corre
o fato típico. durante o tempo em que o condenado está preso
por outro motivo.
2. BIGAMIA E FALSIFICAÇÃO DE ASSENTAMENTO DE
REGISTO CIVIL: do dia em que o fato se tornou conhecido. II – PRESCRIÇÃO RETROATIVA
3. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DAS CRIANÇAS E É uma espécie de prescrição da pretensão punitiva que é
ADOLESCENTES – incluído Lei 12.650/2012 – “Lei Joana calculada PELA PENA CONCRETA, pela pena aplicada na
Maranhão”. sentença penal condenatória.
- Da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos Art. 110. (...) § 1º A prescrição, depois da sentença
condenatória com trânsito em julgado para a
acusação ou depois de improvido seu recurso,
# CAUSAS INTERRUPTIVAS: ZERAM O cronômetro. regula-se pela pena aplicada, não podendo, em
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
ROL TAXATIVO anterior à da denúncia ou queixa.
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia; - Depende de trânsito em julgado para a acusação, ou seja,
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; não apresentou recurso – neste sentido, em virtude do
princípio da reformatio in pejus – a pena concretizada na
IV - pela publicação da sentença ou acórdão
condenatórios recorríveis; sentença é a mais grave
V - pelo início ou continuação do cumprimento da Ex.; Furto: 4 anos - prescrição: 8 anos. Pena aplicada: 1 ano,
pena; - pretensão executória ou seja, prescrição em 4 anos.
VI - pela reincidência. - pretensão executória
# TERMO INICIAL: DA SENTENÇA CONDENATÓRIA, desde
A) Recebimento da denúncia e da queixa que transitada em julgada – mas como é retroativa – conta-
se para trás.
B) PRONÚNCIA: decisão não terminativa que submete o
agente pela prática de crime doloso contra vida a
julgamento perante ao Tribunal do Juri. # MOMENTO ADEQUADO PARA O SEU RECONHECIMENTO:
Sumula 191, STJ. não pode ser reconhecida na própria sentença
condenatória, pois não há o trânsito em julgado para a
C) Decisão confirmatória da pronúncia: recurso em sentido acusação.
estrito contra a pronúncia – negado provimento.
1ªC – O juiz de 1ª grau não pode reconhecer, uma vez que,
D) Pela publicação de sentença ou acórdão condenatórios ao proferir a sentença condenatória, esgotou sua atividade
recorríveis. Obs.: Acórdão meramente confirmatório não jurisdicional. CAPEZ.
interrompe a prescrição. Mas no caso de acórdão
condenatório com anterior sentença absolutória 2ª C – Sendo a prescrição matéria de ordem pública, pode
interrompe a prescrição. ser reconhecida pelo juiz, desde que a pena fixada tenha
transitado em julgado para a acusação. STJ

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III – PRETENSÃO PUNITIVA SUPERVENIENTE II - do dia em que se interrompe a execução, salvo


quando o tempo da interrupção deva computar-se
Art. 110. (...) § 1º A prescrição, depois da sentença
na pena.
condenatória com trânsito em julgado para a
acusação ou depois de improvido seu recurso,
regula-se pela pena aplicada, não podendo, em
1º Do dia do TJ da sentença condenatória para a
nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
anterior à da denúncia ou queixa.
ACUSAÇÃO.
A prescrição da pretensão executória depende do trânsito
em julgado depende da do TJ para ambas as partes, todavia
INÍCIO � � quando se dá o TJ, o termo inicial retroage para o TJ da
RECEBIMENTO DA INICIAL �� acusação.
SENTENÇA CONDENATÓRIA �� 2º Do dia da revogação do sursis ou o Livramento
TJ DEFNITIVO ABSTRATO Condicional

ABSTRATO Com a revogação, o juiz determina a prisão � neste


momento, o Estado tem um prazo para executar a pena.
TJ MP� RECCORENTE
3º Do dia em que interrompe a execução, salvo quando o
tempo de interrupção deve computar a pena.
SUPERVENIENTE � - Fuga do condenado, abandono do regime aberto,
Conta-se da condenação para frente. descumprimento das penas restritivas de direito � calcula-
AS CARACTERÍSTICAS DA RECORRENTE SÃO AS MESMAS se do restante da pena. (pena cumprida é pena extinta).
DA SUERVENIENTE. Com a peculiaridade de contar-se o - Superveniência de doença mental: mas computa-se este
prazo prescricional da condenação até o TJ final. tempo.

IV – PRESCRIÇÃO VIRTUAL. # CAUSAS INTERRUPTIVAS


Construção doutrinária e jurisprudencial não reconhecida Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
pelo STF. Com base na economia processual e na ausência ROL TAXATIVO
do interesse de agir. (...)
Decreta-se a extinção de punibilidade diante da V - pelo início ou continuação do cumprimento da
perspectiva de que mesmo com a eventual condenação, pena; - pretensão executória
inevitavelmente ocorrerá a prescrição retroativa. VI - pela reincidência. - pretensão executória
SUMULA 438, STJ - É inadmissível a extinção da punibilidade
pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em OBS.: trata-se de reincidência subsequente, posterior ao TJ.
pena hipotética, independentemente da existência ou sorte Antes do TJ, aumenta em 1/3 o prazo da pretensão
do processo penal. executória.

PRETENSÃO EXECUTÓRIA # Causas suspensivas


II – PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA Art. 116. (...) Parágrafo único - Depois de passada
É a perda do direito e do dever de executar uma sanção em julgado a sentença condenatória, a prescrição
penal definitivamente aplicada. não corre durante o tempo em que o condenado
está preso por outro motivo.
Base: PENA CONCRETA
Inclui assim, o sursis e o Livramento Condicional.
TJ para a condenação e para a defesa.
Súmula 604, STJ - A prescrição pela pena em concreto é
somente da pretensão executória da pena privativa de XVIII – CONCURSO DE CRIMES
liberdade.
1. CONCEITO
# TERMO INICIAL O agente comete dois ou mais crimes, mediante uma ou
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a mais condutas (unidade ou pluralidade de condutas).
prescrição começa a correr: Poderá ser: concurso material, concurso formal e crime
I - do dia em que transita em julgado a sentença continuado.
condenatória, para a acusação, ou a que revoga a A pergunta será qual pena será aplicada?
suspensão condicional da pena ou o livramento
condicional;
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Obs.: Ação: composta por um ou vários atos. Atos são 2. Sistema da Exasperação: aplica a pena mais grave
componentes da ação, eles não são ações em si mesmo, aumenta determinado percentual (majorante). Aplicação:
mas partes de um todo. Ex.: A efetua vários disparos em B. concurso formal perfeito e crime continuado.
Ação: causar morte. Atos: disparos. Vários atos (disparos)
compõe a ação matar alguém.
3. Sistema de Absorção: aplica a pena da infração mais
grave, sem qualquer aumento. Aplicação: crimes
2.SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA falimentares (princípio da unicidade dos crimes
1. Sistema do Cúmulo Material: somatório das penas. falimentares – lei antiga Decreto 7.661/1945 – a
Aplicação: concurso material e concurso formal impróprio. jurisprudência não se manifestou aceca da nova lei
Concurso de penas de multa. 11.101/2005).

3. CONCURSO MATERIAL (REAL) (PLURALIDADE DE CONDUTAS E PLURALIDADE DE


- Art. 69, CP RESULTADOS)

– Requisitos: - Espécies: Homogêneo (crimes idênticos – simples,


qualificada ou privilegiada); Heterogêneo (crimes diversos).
a) mais de 1 ação ou omissão;
- Consequência: aplicação cumulativa das penas privativas
b) prática de 2 ou mais crimes. de liberdade.

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OBS¹: Conexão (mesma situação fática): Majoritária: Não 5. CRIME CONTINUADO


precisa ser na mesma situação fática, se houver conexão - Ou continuidade delitiva, agente = 2 ou + condutas = 2 ou
entre as infrações penais (unidade processual) a soma é + crimes – tempo, local, modo de execução, outras
feita pelo juiz que profere a sentença condenatória; senão semelhantes.
houver, a unificação das penas é feita pelo juiz da execução
penal (Art. 66, III, a, LEP) – Masson, Monteiro Barros. - Requisitos:
Minoritária: o concurso só existe no mesmo contexto fático, a) pluralidade de condutas;
deve haver conexão ou continência (art. 76 e 77, CPP); se b) pluralidade de crimes da mesma espécie (STJ – mesmo
separadas pelo trânsito em julgado, haverá a unificação das dispositivo legal);
penas pelo juízo da execução.
c) condições de semelhantes de tempo (30 dias – STF
intervalo de 6 meses – reiteração delituosa – concurso
- Aplicação cumulativa RECLUSÃO E DETENÇÃO: Art. 69, 2ª material), lugar (mesma cidade), maneira de execução
parte – EXECUÇÃO primeiro da de reclusão. (padrão análogo – variação de comparsas) e outras
semelhantes (ocasião – crime posterior utiliza o anterior).

- PRD (§º1 E 2º): COMPATÍVEIS. d) (doutrina) – unidade de desígnio (divergente) – resultam


de plano previamente elaborado pelo agente – STF.

4. CONCURSO FORMAL (IDEAL)


- Espécies:
- Art. 70,CP
a) simples: penas idênticas;
– Requisitos:
b) qualificado: penas diferentes (furto tentado e
a) 1 ação ou omissão; consumado);
b) prática de 2 ou + crimes; c) específico: crimes dolosos, vítimas diferentes, com
Ex.: 2 agentes, violaram patrimônio de 3 vítimas; 1 agente, violência ou grave ameaça, pena aumentada de até o triplo.
roubo, vítimas diferentes da mesma família. 1 agente,
roubo qualificado, dois aparelhos celulares distintos.
QUESTÕES

UNIDADE DE CONDUTA: mesmo contexto temporal e


espacial (1 conduta/ação = vários atos) QUESTÃO 1
O Juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca “Y”
converteu a medida restritiva de direitos (que fora imposta
- Espécies: Homogêneo (crimes idênticos – simples,
em substituição à pena privativa de liberdade) em
qualificada ou privilegiada)
cumprimento de pena privativa de liberdade imposta no
regime inicial aberto, sem fixar quaisquer outras condições.
Ex: Três homicídios culposos praticados na direção O Ministério Público, inconformado, interpôs recurso
automotor; uma expressão se injúria muitas pessoas; um alegando, em síntese, que a decisão do referido Juiz da Vara
mesmo disparo mata duas pessoas. Heterogêneo (crimes de Execuções Penais acarretava o abrandamento da pena,
diversos) Ex.: A atira e B, B morre e o disparo atinge C, estimulando o descumprimento das penas alternativas ao
lesionando-o. cárcere.
O recurso, devidamente contra-arrazoado, foi submetido a
- Perfeito ou próprio: Produz dois ou mais resultados, sem julgamento pela Corte Estadual, a qual, de forma unânime,
desígnios autônomos (intenção de com uma conduta resolveu lhe dar provimento. A referida Corte fixou como
produzir mais de um crime). Crimes culposos ou crime condição especial ao cumprimento de pena no regime
doloso e culposo. aberto, com base no Art. 115 da LEP, a prestação de
serviços à comunidade, o que deveria perdurar por todo o
- Imperfeito: Conduta dolos com crimes concorrentes em
tempo da pena a ser cumprida no regime menos gravoso.
desígnios autônomos. Crimes dolosos (dolo direto ou
eventual). Atento ao caso narrado e considerando apenas os dados
contidos no enunciado, responda fundamentadamente, aos
itens a seguir.
- Matar cada uma (fogo) e Matar todos na casa (fogo)
A) Qual foi o recurso interposto pelo Ministério Público
- Consequência: aplicação da mais grave, aumentada de 1/6 contra a decisão do Juiz da Vara de Execuções Penais?
até ½; aplicação de uma das penas, se iguais, aumentada de (Valor: 0,50)
1/6 até ½; aplicação cumulativa se a ação dolosa e desígnios
autônomos.

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B) Está correta a decisão da Corte Estadual, levando-se em C) O juiz, na sentença relativa ao crime de estelionato, deve
conta entendimento jurisprudencial sumulado? (Valor: considerar Ricardo portador de bons ou maus
0,75) antecedentes? Na hipótese, incide a circunstância
agravante da reincidência ou Ricardo ainda pode ser
considerado réu primário? (Valor: 0,50)
QUESTÃO 2
Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática
do delito de roubo simples em sua modalidade tentada. A QUESTÃO 4
pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão Pedro foi preso em flagrante por tráfico de drogas. Após a
em regime aberto. Todavia, atento às particularidades do instrução probatória, o juiz ficou convencido de que o réu,
caso concreto, o referido magistrado concedeu-lhe o por preencher os requisitos do artigo 33, § 4º, da lei
beneficio da suspensão condicional da execução da pena, 11.343/2006, merecia a redução máxima da pena. Na
sendo certo que, na sentença, não fixou nenhuma condição. sentença penal condenatória, fixou o regime inicialmente
Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando fechado ao argumento de que o artigo 2º, § 1º, da lei
a absolvição de Daniel com base na tese de negativa de 8.072/90, assim determina, vedando a conversão da pena
autoria e, subsidiariamente, a substituição do beneficio privativa de liberdade em pena restritiva de direitos, com
concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de base no próprio artigo 33, § 4º, da lei 11.343/2006. O
Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação, de forma advogado de Pedro é intimado da sentença.
unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, À luz da jurisprudência do STF, responda aos itens a seguir.
no acórdão, fixou as condições do sursis, haja vista o fato de
que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na sentença A) Cabe ao advogado de defesa a impugnação da fixação do
condenatória. regime inicial fechado, fixado exclusivamente com base no
artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90? (Valor: 0,60)
Nesse sentido, atento apenas às informações contidas no
texto, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. B) Com relação ao tráfico-privilegiado, previsto na Lei nº
11.343/06, artigo 33, § 4º, é possível a conversão da pena
A) Qual o recurso cabível contra a decisão do Tribunal de privativa de liberdade em pena restritiva de direitos? (Valor:
Justiça? (Valor: 0,55) 0,65)
B) Qual deve ser a principal linha de argumentação no O examinando deve fundamentar corretamente sua
recurso? (Valor: 0,70) resposta. A simples menção ou transcrição do dispositivo
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não legal não pontua.
pontua.

QUESTÃO 5
QUESTÃO 3 Miguel foi condenado pela prática do crime previsto no Art.
Ricardo cometeu um delito de roubo no dia 10/11/2007, 157, § 2º, inciso V, do Código Penal, à pena privativa de
pelo qual foi condenado no dia 29/08/2009, sendo certo liberdade de 05 anos e 04 meses de reclusão e 13 dias-
que o trânsito em julgado definitivo de referida sentença multa. Após cumprir 04 anos da reprimenda penal aplicada,
apenas ocorreu em 15/05/2010. Ricardo também cometeu, foi publicado, no dia 24/12/2013, um Decreto prevendo que
no dia 10/09/2009, um delito de extorsão. caberia indulto para o condenado à pena privativa de
A sentença condenatória relativa ao delito de extorsão foi liberdade não superior a 08 anos que tivesse cumprido 1/3
prolatada em 18/10/2010, tendo transitado definitivamente da pena, se primário, ou 1/2, se reincidente, além da
em julgado no dia 07/04/2011. Ricardo também praticou, inexistência de aplicação de sanção pela prática de falta
no dia 12/03/2010, um delito de estelionato, tendo sido grave nos 12 meses anteriores ao Decreto. Cinco dias após a
condenado em 25/05/2011. Tal sentença apenas transitou publicação do Decreto, mas antes de apreciado seu pedido
em julgado no dia 27/07/2013. de indulto, Miguel praticou falta grave, razão pela qual teve
seu requerimento indeferido pelo Juiz em atuação junto à
Nesse sentido, tendo por base apenas as informações Vara de Execução Penal.
contidas no enunciado, responda aos itens a seguir.
Considerando apenas as informações contidas na presente
A) O juiz, na sentença relativa ao crime de roubo, deve hipótese, responda aos itens a seguir.
considerar Ricardo portador de bons ou maus
antecedentes? (Valor: 0,25) A) Qual medida processual, diferente do habeas corpus,
deve ser adotada pelo advogado de Miguel e qual seria o
B) O juiz, na sentença relativa ao crime de extorsão, deve seu prazo? (Valor: 0,75)
considerar Ricardo portador de bons ou maus
antecedentes? Na hipótese, incide a circunstância B) Miguel faz jus ao benefício do indulto? (Valor: 0,50)
agravante da reincidência ou Ricardo ainda pode ser
considerado réu primário? (Valor: 0,50)

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QUESTÃO 6 carnal e ato libidinoso diverso. Ainda cumprindo pena em


No dia 06/07/2010, Júlia, nascida em 06/04/1991, razão dessa sentença condenatória, Luan, conversando com
aproveitando-se de um momento de distração de Ricardo, outro preso, veio a saber que ele havia sido condenado por
fatos extremamente semelhantes a uma pena de 07 anos
subtraiu-lhe a carteira. Após recebimento da denúncia, em de reclusão. Luan, então, pergunta o nome do advogado do
11/08/2011, e regular processamento do feito, Júlia foi colega de cela, que lhe fornece a informação.
condenada a uma pena privativa de liberdade de 01 ano de
reclusão, em sentença publicada em 08/10/2014. Nem o Luan entra em contato pelo telefone indicado e pergunta se
Ministério Público nem a defesa de Júlia interpuseram algo pode ser feito para reduzir sua pena, apesar de sua
recurso, tendo o feito transitado em julgado em decisão ter transitado em julgado.
22/10/2014. Diante dessa situação, responda aos itens a seguir.
Sobre esses fatos, responda aos itens a seguir. A) Qual a tese de direito material que poderia ser suscitada
A) Diante do trânsito em julgado, qual a tese defensiva a ser pelo novo advogado em favor de Luan? (Valor: 0,65)
alegada em favor de Júlia para impedir o B) A pretensão deverá ser manejada perante qual órgão?
cumprimento da pena? (Valor: 0,75) (Valor: 0,60)

B) Quais as consequências do acolhimento da tese


defensiva? (Valor: 0,50) CRIMES EM ESPÉCIE
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera CRIMES CONTRA A PESSOA
citação do dispositivo legal não confere pontuação. 1. CRIMES CONTRA A VIDA (ART. 121-128, CP)
HOMICÍDIO – INFANTICÍDIO – AUXÍLIO AO SUICÍDIO –
QUESTÃO 7 ABORTO
Carlos foi condenado pelos crimes de tráfico de TRIBUNAL DO JÚRI
entorpecentes e posse de arma de fogo de uso permitido, Homicídio simples
em concurso material, sendo sua conduta tipificada da
Art. 121. Matar alguem:
seguinte forma: Art. 33 da Lei nº 11.343/06 e Art. 12 da Lei
nº 10.826/03, na forma do Art. 69 do Código Penal. A pena Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
ficou estabelecida em 05 anos de reclusão em regime Caso de diminuição de pena - PRIVILEGIADO
fechado para o crime de tráfico e 01 ano de detenção em § 1º Se o agente comete o crime impelido por
regime semiaberto pelo crime de posse de arma de fogo. motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
Apenas a defesa técnica apelou, requerendo a mudança do domínio de violenta emoção, logo em seguida a
regime de pena aplicado para o crime do Art. 33 da Lei nº injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
11.343/06, tendo o feito transitado em julgado para a pena de um sexto a um terço.
acusação. O recurso foi desprovido. Todavia, de ofício, sem Homicídio qualificado
reflexo no quantum, que permaneceu em 06 anos de pena § 2° Se o homicídio é cometido:
privativa de liberdade, o Tribunal reclassificou o fato para o
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
Art. 33 c/c o Art. 40, IV, da Lei nº 11343/06, afastando o por outro motivo torpe;
crime autônomo da lei de armas e aplicando a causa de
II - por motivo futil;
aumento respectiva.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
Considerando as informações narradas na hipótese, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
responda aos itens a seguir. de que possa resultar perigo comum;
A) Poderia ser aplicado regime inicial de cumprimento da IV - à traição, de emboscada, ou mediante
pena diverso do fechado para o crime de tráfico ilícito de dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
entorpecentes, previsto no Art. 33, caput, da Lei nº torne impossivel a defesa do ofendido;
11.343/06? (Valor: 0,60) V - para assegurar a execução, a ocultação, a
B) Poderia o Tribunal de Justiça em sede de recurso da impunidade ou vantagem de outro crime:
defesa realizar a reclassificação adotada? (Valor: 0,65) Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
VI - contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino: Feminicídio
QUESTÃO 8.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
No dia 03/05/2008, Luan foi condenado à pena privativa de 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
liberdade de 12 anos de reclusão pela prática dos crimes sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
previstos nos artigos 213 e 214 do Código Penal, na forma Pública, no exercício da função ou em decorrência
do Art. 69 do mesmo diploma legal, pois, no dia dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
11/07/2007, por volta das 19h, constrangeu Carla, parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
mediante grave ameaça, a com ele praticar conjunção dessa condição:
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VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com
ou proibido: deficiência ou com doenças degenerativas que
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) acarretem condição limitante ou de
anos (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada
pela Lei nº 14.344, de 2022)
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:
III - na presença física ou virtual de descendente ou
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. de ascendente da vítima;
o
§ 2 -A Considera-se que há razões de condição de IV - em descumprimento das medidas protetivas de
sexo feminino quando o crime envolve: urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
I - violência doméstica e familiar; art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
II - menosprezo ou discriminação à condição de
mulher.
* Conceito: injusta morte de uma pessoa praticada por
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 outrem, consiste na eliminação da vida extrauterina.
(quatorze) anos é aumentada de: (Incluído pela Nelson Hungria: É o tipo central de crimes contra a vida e é
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
ponto culminante na orografia (montanha) dos crimes.
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é
Homicídio doloso simples, privilegiado, qualificado,
pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua culposo, majorado, perdão judicial.
vulnerabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.344, Homicídio preterdoloso: Art. 129, §3º - lesão corporal
de 2022) Vigência seguida de morte.
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente,
padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou HOMICÍDIO DOLOSO: simples, privilegiado e qualificado
empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela. (Incluído pela
Lei nº 14.344, de 2022) I – HOMICÍDIO DOLOSO SIMPLES
Homicídio culposo
1. BEM JURÍDICO TUTELADO
§ 3º Se o homicídio é culposo:
VIDA HUMANA EXTRAUTERINA.
Pena - detenção, de um a três anos.
* Antes do nascimento, é o crime de aborto.
Aumento de pena
o * Grande potencial ofensivo = 6 a 20 anos.
§ 4 No homicídio culposo, a pena é aumentada de
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa – não
o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as conseqüências do exige qualidade pessoal.
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Crime monosubjetivo: pode ser praticada por pessoa
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de isolada ou associada a outras. De concurso eventual. (ou
1/3 (um terço) se o crime é praticado contra unisubjetivo)
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. Concurso de pessoas: coautor: atos executórios.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz Partícipe: não realiza atos executórios, mas colaboram para
poderá deixar de aplicar a pena, se as o delito. Ex.: Incentivo Verbal ou emprestar a arma.
conseqüências da infração atingirem o próprio
* Autoria mediata: o executor é mero instrumento para
agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária. PERDÃO JUDICIAL
atuar sem vontade própria ou consciência do que estar
o fazendo: como o doente mental ou menor de idade
§ 6 A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
segurança, ou por grupo de extermínio.
o Obs.: art. 17, CP – crime impossível por absoluta
§ 7 A pena do feminicídio é aumentada de 1/3
impropriedade do objeto – Não responde por tentativa de
(um terço) até a metade se o crime for praticado:
homicídio caso realize ato de execução visando matar
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses determinada pessoa sem saber que ela já havia falecido.
posteriores ao parto;
Ex.: Tiro em pessoa deitada já morta.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos,
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
* Contra irmãos xifópagos: dois crimes de homicídio.
portadora de doenças degenerativas que * Presidente da República (STF;Senado;Deputados): Art.
acarretem condição limitante ou de 29, Lei 7.170: motivação política, crime contra a segurança
vulnerabilidade física ou mental; nacional.
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* genocídio: Art. 1º, Lei 2889/56 – grupo nacional, ético, *HIV – TENTATIVA DE HOMICIDIO – ART.131 – LESÃO
racial ou religioso. CORPORAL GRAVÍSSIMA
* Índio? Art. 59, Lei 6.001/73 – índio não integrado – causa
de aumento de pena. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o
Consumação: morte da vítima (crime material). Cessação da
patrimônio ou os costumes, em que o ofendido
seja índio não integrado ou comunidade indígena,
atividade encefálica.
a pena será agravada de um terço. (Lei 6.001/73) Lei 9434/97 – lei de doação de órgãos – morte encefálica.
Crime instantâneo de efeitos permanentes: duração do
4. CONDUTA – tipo objetivo momento consumativo – irreversível.
TIRAR A VIDA DE ALGUÉM Crime de dano: efetiva lesão do bem jurídico tutelado -
vida.
* Vida extrauterina (também pode ser infanticídio). Lembre-
se que vida intrauterina: é aborto. Momento: Quando se Prova: exame necroscópico (médico legista). A
inicia extrauterina? materialidade do crime poderá ser feito por prova
testemunhal.
1ª Corrente 2ª Corrente 3ª Corrente
Admite tentativa – crime plurissubsistente.
Com o completo e Desde as Com a dilatação
total desprendimento dores típicas do colo do útero. Requisitos:
do feto das estranhas do parto. a) que inexista prova inequívoca de que o agente queria
maternas. matar a vítima.
“animusa necandi” – a intenção irá diferenciar a tentativa
Crime de execução livre: pode ser praticado por ação ou da lesão.
omissão. Meios direito ou indireto. Meios físicos, morais ou b) que tenha havido início da execução do homicídio;
psíquicos*. * Apoplética: perde o ar com risadas. (Monteiro Art. 14, II – antes disso, são apenas atos preparatórios (atos
Lobato) que por si só não podem causar o resultado morte). Ex.:
* Ato por omissão – mãe que deixa de alimentar o filho. Compra da arma. Ex.: Ficar esperando a vítima e esta muda
(comissivo por omissão). Dever jurídico de trajeto.
Crime de ação livre: qualquer meio de execução. ATO IDÔNEO (APTO A PRODUZIR O RESULTADO) E
INEQUÍVOCO (LIGADO A CONSUMAÇÃO)

Crime impossível. c) que o resultado morte não tenha ocorrido por


circunstâncias alheias à vontade do agente;
Arma de Meio Crime
Sobrevivência da vítima foi alheia ao agente.
brinquedo, absolutamente impossível
descarregada ineficaz Ex.: Conseguiu se esquivar da facada; bebeu apenas um gole
Conduta atípica
ou defeituosa. de bebida envenenada; disparo na cabeça, mas que não
atingiu a calota craniana; vítima socorrida; terceira pessoa
Arma ou projétil Meio Tentativa de
desviou a mão do homicida; agente que conseguiu atingir
que falha relativamente homicídio
parte vital do corpo.
ineficaz
*Tentativa branca e cruenta: não atinge o corpo da vítima;
cruenta causa lesão corporal
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direito ou
eventual
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Direito: Animus necandi ou animus occidendi.
* Será crime hediondo quando praticado em atividade
Eventual: assume o risco de provocar a morte Ex.: Roleta típica de grupo de extermínio – homicídio condicionado.
russa. Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
Obs.: o tipo não exige finalidade específica, animando o prosseguir na execução ou impede que o resultado
comportamento do agente. Mas a finalidade especial pode se produza, só responde pelos atos já praticados.
caracterizar qualificadora ou privilegiadora.
“RACHA” “EMBRIAGUEZ AO * DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: ART. 15, 1ª PARTE –
VOLANTE” OMISSÃO.
Dolo eventual (STF – HC Culpa consciente (STF – HC Início dos atos executórios, mas o agente não prossegue.
101.698/RJ) - Júri 107.801/SP) -Júri Ex.; Depois do primeiro disparo resolve parar. Lesão
corporal ou periclitação da vida (art. 132).
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* ARREPENDIMENTO EFICAZ: ART. 15, 2ª PARTE. – AÇÃO Ex.: A vítima empurra e xinga o agente que responde
IMPEDITIVA DO RESULTADO efetuando disparos contra a vítima – apesar de não
Realiza todos os atos executórios. Porém se arrepende e caracterizar a legítima defesa, há o privilégio.
pratica novo ato para salvar a vítima. Ex.: Veneno e A legítima defesa exige: injusta agressão; utilize de meios
antídoto. Atinge em parte nobre, mas socorre e ela necessários; atual ou iminente
sobrevive.

c.2 violenta emoção:


II – HOMICÍDIO PRIVILEGIADO Domínio: fortíssima alteração do ânimo. Não deve ser
Art. 121. (...) § 1º Se o agente comete o crime passageira.
impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo
≠ atenuante exige apenas influencia de violenta emoção
em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz provocado por ato injusto. Quando mata alguns
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. dias depois de saber da relação extraconjugal.

- Causa de diminuição de pena: direito subjetivo do réu. c.3 ato homicida em seguida ao ato provocador: reação
imediata – no mesmo contexto fático. Ausente
este requisito, trata-se de vingança.
# HIPÓTESES:
A) MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL
OBS.: Pai que mata estuprador da filha. Alguns entendem
Benefício à coletividade – NOBRE, ALTRUÍSTICO. que seria relevante valor moral, defesa da honra da vítima.
Ex.: Traidor da pátria. Outros entendem que se trata de valor social, pois sua
intenção é eliminar o marginal. Será de uma maneira ou de
outra homicídio qualificada.
B) MOTIVO DE RELEVANTE VALOR MORAL
Motivos individuais.
III – HOMICÍDIO QUALIFICADO
Piedade, misericórdia e compaixão.
Art. 121. (...) § 2° Se o homicídio é cometido:
Ex.: Eutanásia – o agente tira a vida da vítima para acabar I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
com grave sofrimento decorrente de alguma enfermidade. por outro motivo torpe; MOTIVO
Ex.: Desligar os aparelhos. Obs.: A ortotanásia que trata-se
II - por motivo fútil; MOTIVO
da cessação de tratamentos paliativos de pessoa com
doença irreversível e fatal. Ex.; Diante de quadro irreversível III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de câncer, o médico cessa tratamento quimioterápico que
de que possa resultar perigo comum; MEIO
só prolonga o sofrimento do paciente.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
C) DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO LOGO EM torne impossível a defesa do ofendido; MODO
SEGUIDA À INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA: V - para assegurar a execução, a ocultação, a
Estado anímico. Intenso choque emocional. impunidade ou vantagem de outro crime:
CONEXÃO
Ex.: Violenta emoção o marido que acha mulher em
flagrante adultério.
Circunstâncias subjetivas: I, II e V. (MOTIVAÇÃO DO
PRESSUPOSTOS
AGENTE)
 Injusta provocação
Circunstâncias objetivas: III e IV. (MEIO E MODO DE
 Violenta emoção EXECUÇÃO)
 Ato homicida em seguida ao ato provocador
A) QUANTO AOS MOTIVOS
I – PAGA E PROMESSA DE RECOMPENSA
c.1 injusta provocação: condutas incitantes, inclusive Homicídio mercenário. Paga (prévio pagamento). Promessa
animal. (posterior pagamento).
Diferente da legítima defesa, a resposta na LD exige que o Não só dinheiro, poderá ser promoção de emprego, por
agente use de meios moderados. exemplo. Mas deverá ser econômica, se sexual, a maioria
entende que não será qualificadora (Bittencourt e
Mirabete) de paga promessa, mas poderá ser de motivo
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torpe. Damásio entende que não há necessidade de ser É necessária a prova quanto ao motivo. A ausência da prova
econômica. não se presume.
Existe a qualificadora ainda que o mandante não * Se o agente afirma que matou sem motivo algum não será
pague/cumpra a recompensa. motivo fútil, mas torpe, pois considera-se que matou por
Exige: envolvimento de no mínimo duas pessoas. Crime de prazer.
concurso necessário. Mandante e Executor. Inclusive * Discussão entre as partes. No caso de discussão forte no
intermediários. É condenado mesmo que não se possa trânsito, por exemplo, não haverá qualificadora.
identificar. * Ciúme também não será fútil. Dependendo do caso
Obs.: Art. 31, CP. “Art. 31 - O ajuste, a determinação ou concreto poderá ser desproporcional, namora que olhou
instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em para o lado.
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo OBS.; Não pode ser torpe e fútil ao mesmo tempo.
menos, a ser tentado.”. No caso de o executor receber o
dinheiro, mas foge com ele sem cometer o homicídio.
Ex.: Irmã Dorothy. Companheira que matou ganhador de B) QUANTO AO MEIO DE EXECUÇÃO.
prêmio lotérico sem familiares. Matar marido para viver III – VENENO: substância química ou biológica que causa
com amante. morte.
Obs: A qualificadora comunica-se com o mandante? A Venefício. Introduzido na vítima de forma dissimulada. Ex.;
qualificadora é matar por dinheiro. Veneno de rato.
1ª) Não se comunica. Não é elementar. Apenas o executor Se for inoculado com emprego de violência, será qualificado
mata por dinheiro. Os motivos do mandante são outros. por meio cruel. Ex.: Entre em quarto cheio de cobra.
Pois poderá ser o caso de pai que contrata pistoleiro para Depende de prova pericial.
matar estuprador da filha. Mandante: homicídio
privilegiado. Executor: Homicídio qualificado. (Capez, * Substâncias venenosas apenas para alguns. Ex.; Alergia,
Fragoso, Greco) glicose. Para a maioria (Bittencourt; Capez; Barros, Hungria)
haverá a qualificadora. Para Mirabete, a substância deve ser
2ª) Comunica-se. O mandante é requisito essencial para a letal, por isso não reconhece a qualificadora. Em qualquer
existência do crime, assim será elementar. (Mirabete, caso, haverá necessidade de ciência do agente.
Silveira - STF)

III – FOGO
I – MOTIVO TORPE
Será considerado se morre da fumaça. Caldeirão de água.
Motivação vil, repugnante, imoral.
Ex.: Mendigos. Traficantes em pilhas de pneus. Índio
Por preconceito: motivo torpe. Ex.: Matar pessoa por ela ser pataxó.
gay ou negra. Se for ação que visa o extermínio de grupo
nacional, étnico ou religioso será genocídio (art. 1º, Lei
2889/56). Ex.; Homicídio de 12 índios da tribo Yanomani. III – EXPLOSIVO: qualquer explosivo.
É motivo torpe: Canibalismo; vampirismo; rituais macabros;
motivação econômica; intenção de ocupar o cargo da vítima III – ASFIXIA: Impedimento da função respiratória.
(vice-prefeito); esposa que não quis manter relações Mecânica ou tóxica.
sexuais; por prazer, Morte de policiais por facção criminosa
para impedir investigações; preso que mata outro preso de A) Mecânica: esganadura (comprime o pescoço da vítima -
outra facção criminosa; morte de diretor de presídio. gravata); estrangulamento (aperta o pescoço com fio,
pano, camisa); enforcamento (corda, peso da vítima);
* Impunidade de outro crime apesar de ser motivo torpe, sufocação (obstruir a vias respiratórias – saco plástico);
possui qualificadora própria. afogamento; soterramento e sufocação indireta (ou
* Vingança; depende do caso concreto. Deverá haver um imprensamento – colocação de peso).
antecedente torpe. Ex.; Matar juiz por decisão rígida; B) Tóxica: confinamento (vedação impedindo renovação de
traficante que mata usuário que não pagou dívida. oxigênio – trancar em um caixão; porta-malas) e uso gás
Não é: ciúme. asfixiante (monóxido de carbono; cloro em estado
gasoso).

II – MOTIVO FÚTIL
Pequeno, insignificante. Falta de proporção. III – TORTURA: graves sofrimentos físicos ou mentais.
Forma lenta, gradativa.
Ex.: pai que mata filho que chorava. Marido que mata
mulher que não fez jantar. Motorista que mata fiscal; ou Ex.; Não oferecer bebida; acorrentar vítima ao ar livre;
por trancada no trânsito. Por piada. crucificação; empalhamento, letais sessões de mutilamento.
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≠ tortura qualificado pela morte. Crime preterdoloso. IV – DISSIMULAÇÃO


Tortura para confessar o mandante. Depois a mata para Ocultando sua prévia intenção homicida, emprega algum
assegurar a impunidade. Homicídio qualificado do inciso V + expediente fraudulento para dissimular a vítima.
tortura simples. Dissimulação moral: farsa verbal. Ex.: Fingir-se de fã.
Passeio de barco.
III – MEIO CRUEL OU INSIDIOSO Ex.: Dois rapazes convidam um terceiro que usuário de
Espancamento; martelo. Apedrejamento; atropelamento maconha para fumar em cafezal. Maníaco do parque que se
intencional; Amarrar a vítima em carro; transmissão de passava de fotógrafo.
doença que provoca morte com sofrimento. Dissimulação material: uso de disfarces.
Rápido e ânimo calmo. Ex.: Morte do presidente do Egito (1961). Um grupo
Insidioso: velado, armadilha, meio fraudulento. Ex.: infiltrou-se em desfile militar e ao chegarem defronte ao
sabotagem de freio, paraquedas, trocar medicamentos. palanque, desferem disparos e granadas.

III – RESULTA PERIGO COMUM: número elevado e IV – QUALQUER OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU
indeterminado de pessoas. TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO.

Ex.: Desabamento; disparos de arma de fogo em multidão Ex.: Colocar forte medicamento.
(baile) * Vítima presa ou imobiliza. Superioridade numérica
Ex.; Pai que furtou avião, obrigou filha menor a acompanhá- (adestrador de cães em SP – gay, morto por skinheads).
lo e depois de manobras perigosas, jogou o avião em um Vítima embriagada. Vítima em coma.
shopping center. Não qualifica: superioridade física; superioridade de armas;
Não precisa causar danos a outras pessoas, mas apenas veneno; vítima menor de 14 anos e maior de 60 anos.
causar riscos.
# QUALIFICADORAS
C) QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO VI - CONTRA A MULHER POR RAZÕES DA CONDIÇÃO DE
QUALIFICADORAS ESPECÍFICAS: TRAIÇÃO; EMBOSCADA E SEXO FEMININO: FEMINICÍDIO
DISSIMULAÇÃO - circunstância subjetiva (controverso)
FÓRMULA GENÉRICA: OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU - violência sexual de gênero quanto ao sexo
IMPOSSIBILITE A DEFESA DA VÍTIMA - Relação de poder e submissão, praticada por homem ou
mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade;
IV – TRAIÇÃO
Cometido mediante ataque súbito ou sorrateiro, atingindo a CONDIÇÕES DO SEXO FEMININO
vítima, descuidada ou confiante, antes de perceber o gesto o
§ 2 -A Considera-se que há razões de condição de sexo
criminoso. Quebra de confiança – deve-se existir uma prévia feminino quando o crime envolve:
relação de confiança entre as partes – que lhe permita uma
facilidade. I - violência doméstica e familiar;

Ex.: Golpe pelas costas. Matar alguém mulher enquanto - Definição na Lei 11.340/06
o
esta dorme. Art. 5 Para os efeitos desta Lei, configura
violência doméstica e familiar contra a mulher
* Matar desconhecido dormindo – entra na fórmula qualquer ação ou omissão baseada no gênero que
genérica. lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
QUEBRA DE CONFIANÇA + DIFICULDADE OU psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA = TRAIÇÃO complementar nº 150, de 2015)

* Não será somente matar um amigo, parente, mas deve I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
como o espaço de convívio permanente de
encontrá-la desprevenida.
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
IV – EMBOSCADA II - no âmbito da família, compreendida como a
comunidade formada por indivíduos que são ou se
Aguarda escondido a chegada ou passagem da vítima para consideram aparentados, unidos por laços
pegá-la de surpresa. Tocaia. Não precisa em local ermo ou naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
que a vítima esteja encurralada.
Ex.: Assassinato do presidente Kennedy.

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III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o sob a autoridade suprema do Presidente da
agressor conviva ou tenha convivido com a República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
ofendida, independentemente de coabitação. garantia dos poderes constitucionais e, por
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
neste artigo independem de orientação sexual.
b) Art. 144: órgãos de segurança pública
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida
- cabe ao julgador estabelecer no caso concreto se o
para a preservação da ordem pública e da
homicídio teve como vetor a diminuição da condição incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
feminina. Aqui são circunstâncias de fato. dos seguintes órgãos:
* Conceito de mulher: reconhecida juridicamente. I - polícia federal;
(Transexual? Identificado civilmente - O gênero feminino II - polícia rodoviária federal;
decorre da liberdade de autodeterminação individual, sendo III - polícia ferroviária federal;
apresentado socialmente pelo nome que adota, pela forma
IV - polícias civis;
como se comporta, se veste e se identifica como pessoa. A
alteração do registro de identidade ou a cirurgia de V - polícias militares e corpos de bombeiros
transgenitalização são apenas opções disponíveis para que militares.
exerça de forma plena e sem constrangimentos essa * compreende guardas municipais e agente de segurança
liberdade de escolha. Não se trata de condicionantes para viária.
que seja considerada mulher).
c) Integrantes do sistema prisional: agentes
OBs¹: FEMINICÍDIO: Matar mulher, na unidade doméstica e (diretor;agentes;guardas) mas também outros integrantes –
familiar (ou em qualquer ambiente ou relação), sem comissão de classificação; comissão do exame
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. criminológico; conselho penitenciário, etc.
FEMINICÍDIO: Se a conduta do agente é movida pelo d) Força nacional de Segurança Pública: Departamento da
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. FNSP (agrupamento de polícia da União)
OBS²: O feminicídio pressupõe violência baseada no gênero, e) contra cônjuge; companheiro; ou parente até terceiro
agressões que tenham como motivação a opressão à grau – em razão da ligação familiar com o policial.
mulher. É imprescindível que a conduta do agente esteja
motivada pelo menosprezo ou discriminação à condição de
mulher da vítima (SANCHES, 2016) VIII - COM EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO
RESTRITO OU PROIBIDO:
Informação adicional: https://www.conjur.com.br/2017-
nov-15/cezar-bitencourt-feminicidio-aplicado-transexual. - Refere-se a inclusão da lei 13.964/19;
- Sofreu veto presidencial, derrubado em 2021.

VII – CONTRA A AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA - Refere-se a qualificadora objetiva;


VII – contra autoridade ou agente descrito - Porte ilegal restrito (art. 16, Lei 10.826/03) e proibido (Art.
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 16, §2º, da Lei 10.826/03), lembrando que este último é
integrantes do sistema prisional e da Força hediondo.
Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro IX 0 CONTRA MENOR DE 14 ANOS
ou parente consanguíneo até terceiro grau, LEI HENRY BOREL
em razão dessa condição.
Homicídio contra menor de 14 (quatorze)
anos (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
- não tem correspondência com nenhuma agravante. IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:
- Autoridade ou agente do artigo 142 ou 144 da CRFB § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14
(norma penal em branco): (quatorze) anos é aumentada de: (Incluído pela
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa
a) Art. 142: forças armadas com deficiência ou com doença que implique o
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela aumento de sua vulnerabilidade; (Incluído pela
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
instituições nacionais permanentes e regulares, II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
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companheiro, tutor, curador, preceptor ou Início pelas dores do parto.


empregador da vítima ou por qualquer outro título
tiver autoridade sobre ela. (Incluído pela Lei nº
O aumento da pena se justifica inclusive nas situações em
14.344, de 2022) que demonstrada a inviabilidade do feto, pois o objeto da
proteção especial é a mulher em fase de gestação, não
exatamente o feto. O aborto não é pressuposto da causa de
PARTE IV – HOMICÍDIO CULPOSO. aumento, e, caso do homicídio decorra a morte, querida ou
- Art. 302, CTB – princípio da especialidade aceita, do ser humano em gestação, o agente responde, em
concurso formal, pelo homicídio majorado e pelo aborto.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de
veículo automotor: II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos,
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e
portadora de doenças degenerativas que
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
acarretem condição limitante ou de
a habilitação para dirigir veículo automotor.
vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada
o
§ 1 No homicídio culposo cometido na direção de pela Lei nº 13.771, de 2018)
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) à metade, se o agente
Permite um aumento variável de 1/3 até ½ - diferente do
§4º
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação; III - na presença física ou virtual de descendente
ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; Lei nº 13.771, de 2018)
III - deixar de prestar socorro, quando possível IV - em descumprimento das medidas protetivas
fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
estiver conduzindo veículo de transporte de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
passageiros. Obs.: Para a incidência das circunstâncias majorantes
enunciadas nos incs. I, II e III, o agressor (ou agressora)
PARTE V – HOMICÍDIO MAJORADO delas tenha conhecimento, evitando-se responsabilidade
penal objetiva
- Homicídio culposo
A) INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA: o agente tem
PARTE VI – PERDÃO JUDICIAL
aptidão
- Causa extintiva de punibilidade
b) OMISSÃO DE SOCORRO: afasta o concurso material com
o art. 135. Jurisprudência aplicada: INFORMATIVO 542/STJ/2014
DIREITO PENAL. APLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL NO
C) NÃO PROCURA DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DO
CASO DE HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO
COMPORTAMENTO
AUTOMOTOR. O perdão judicial não pode ser concedido
D) FOGE PARA EVITAR A PRISÃO EM FLAGRANTE: ausência ao agente de homicídio culposo na direção de veículo
de escrúpulos. automotor (art. 302 do CTB) que, embora atingido
moralmente de forma grave pelas consequências do
- Homicídio Doloso:
acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem
a) menor de 14 anos ou maior de 60 anos: deve conhecer sofreu sequelas físicas gravíssimas e permanentes.
essa circunstância Conquanto o perdão judicial possa ser aplicado nos casos
em que o agente de homicídio culposo sofra sequelas
b) (§6º) milícia privada (grupo armado de pessoas – civis ou
físicas gravíssimas e permanentes, a doutrina, quando se
não – que tem como fim desenvolver segurança em
volta para o sofrimento psicológico do agente, enxerga no §
comunidades para restaurar a paz, mediante coação,
5º do art. 121 do CP a exigência de um laço prévio entre os
ignorando o monopólio estatal) ou grupo de extermínio
envolvidos para reconhecer como "tão grave" a forma como
(reunião de pessoas, matadores, justiceiros – civis ou não –
as consequências da infração atingiram o agente. A
com finalidade de matança generalizada de pessoas que
interpretação dada, na maior parte das vezes, é no sentido
consideram marginais ou perigosas)
de que só sofre intensamente o réu que, de forma culposa,
OBS: Art. 121, § 6º e art. 288-A: possível o concurso matou alguém conhecido e com quem mantinha laços
material. afetivos. O exemplo mais comumente lançado é o caso de
um pai que mata culposamente o filho. Essa interpretação
desdobra-se em um norte que ampara o julgador. Entender
§7º - FEMINICÍDIO – MAJORANTE pela desnecessidade do vínculo seria abrir uma fenda na lei,
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses não desejada pelo legislador. Isso porque, além de ser de
posteriores ao parto; difícil aferição o "tão grave" sofrimento, o argumento da

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desnecessidade do vínculo serviria para todo e qualquer de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal,
caso de delito de trânsito com vítima fatal. Isso não significa faz-se necessário que o crime praticado seja patrimonial ou
dizer o que a lei não disse, mas apenas conferir-lhe possua efeitos patrimoniais (HC 47.922-PR, Quinta Turma,
interpretação mais razoável e humana, sem perder de vista DJ 10/12/2007; e REsp 1.242.294-PR, Sexta Turma, DJe
o desgaste emocional que possa sofrer o acusado dessa 3/2/2015). Na hipótese em análise, a tutela penal abrange o
espécie de delito, mesmo que não conhecendo a vítima. A bem jurídico, o direito fundamental mais importante do
solidarização com o choque psicológico do agente não pode ordenamento jurídico, a vida, que, uma vez ceifada, jamais
conduzir a uma eventual banalização do instituto do perdão poderá ser restituída, reparada. Não se pode, assim, falar
judicial, o que seria no mínimo temerário no atual cenário que o delito do art. 302 do CTB é um crime patrimonial ou
de violência no trânsito, que tanto se tenta combater. Como de efeito patrimonial. Além disso, não se pode reconhecer o
conclusão, conforme entendimento doutrinário, a arrependimento posterior pela impossibilidade de
desnecessidade da pena que esteia o perdão judicial deve, a reparação do dano cometido contra o bem jurídico vida e,
partir da nova ótica penal e constitucional, referir-se à por conseguinte, pela impossibilidade de aproveitamento
comunicação para a comunidade de que o intenso e perene pela vítima da composição financeira entre a agente e a sua
sofrimento do infrator não justifica o reforço de vigência da família. Sendo assim, inviável o reconhecimento do
norma por meio da sanção penal. REsp 1.455.178-DF, Rel. arrependimento posterior na hipótese de homicídio
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014. culposo na direção de veículo automotor. REsp 1.561.276-
BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/6/2016,
DJe 15/9/2016.
INFORMAÇÃO ADICIONAL:
I - O homicídio pode ser privilegiado-qualificado?
Informativo nº 0583
Sim, desde que a circunstância qualificadora que concorre Período: 13 a 26 de maio de 2016.
com o privilégio seja objetiva (inc.. III e IV).
SEXTA TURMA
O homicídio privilegiado-qualificado é crime hediondo?
DIREITO PENAL. HIPÓTESE DE INEXISTÊNCIA DE MOTIVO
Não. Fazendo uma analogia ao disposto no art. 67 do CP, FÚTIL EM HOMICÍDIO DECORRENTE DA PRÁTICA DE
conclui que o privilégio, sempre subjetivo, Não é "RACHA".
circunstância preponderante, desnaturando a hediondez do
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2°, II,
delito (é a que prevalece no STF e STJ).
do CP), na hipótese de homicídio supostamente praticado
por agente que disputava "racha", quando o veículo por
AÇÃO PENAL: AÇÃO PENAL INCONDICIONADA ele conduzido - em razão de choque com outro automóvel
também participante do "racha" - tenha atingido o veículo
JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA
da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. No
A conduta social desajustada daquele que, agindo com caso em análise, o homicídio decorre de um acidente
intensa reprovabilidade ético-jurídica, participa, com o seu automobilístico, em que não havia nenhuma relação entre o
veículo automotor, de inaceitável disputa automobilística autor do delito e a vítima. A vítima nem era quem praticava
realizada em plena via pública, nesta desenvolvendo o "racha" com o agente do crime. Ela era um terceiro que
velocidade exagerada – além de ensejar a possibilidade de trafegava por perto naquele momento e que, por um dos
reconhecimento do dolo eventual inerente a esse azares do destino, viu-se atingido pelo acidente que
comportamento do agente -, justifica a especial envolveu o agente do delito. Quando o legislador quis se
exasperação da pena, motivada pela necessidade de o referir a motivo fútil, fê-lo tendo em mente uma reação
Estado responder, grave e energicamente, a atitude de desproporcional ou inadequada do agente quando cotejado
quem, em assim agindo, comete os delitos de homicídio com a ação ou omissão da vítima; uma situação, portanto,
doloso e de lesões corporais. (STF – HC 71.800/RS – Rel que pressupõe uma relação direta, mesmo que tênue, entre
Celso de Mello, DJ 03.05.1996). agente e vítima. No caso não há essa relação. Não havia
Informativo nº 0590 nenhuma relação entre o autor do crime e a vítima. O
Período: 16 de setembro a 3 de outubro de 2016. agente não reagiu a uma ação ou omissão da vítima (um
esbarrão na rua, uma fechada de carro, uma negativa a um
SEXTA TURMA
pedido). Não há aqui motivo fútil, banal, insignificante,
DIREITO PENAL. INAPLICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO diante de um acidente cuja causa foi um comportamento
POSTERIOR EM HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE imprudente do agente, comportamento este que não foi
VEÍCULO. resposta à ação ou omissão da vítima. Na verdade, não há
Em homicídio culposo na direção de veículo automotor nenhum motivo. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
(art. 302 do CTB), ainda que realizada composição civil Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
entre o autor do crime e a família da vítima, é inaplicável o 19/4/2016, DJe 16/5/2016.
arrependimento posterior (art. 16 do CP). O STJ possui
entendimento de que, para que seja possível aplicar a causa

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Informativo nº 0575 anos ou contra quem não tem o


Período: 19 de dezembro de 2015 a 4 de fevereiro de 2016. necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por
SEXTA TURMA qualquer outra causa, não pode
DIREITO PENAL. QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE EM oferecer resistência, responde o
RELAÇÃO AO MANDANTE DE HOMICÍDIO MERCENÁRIO. agente pelo crime de homicídio,
nos termos do art. 121 deste
Antes da lei 10.968/19 Depois da lei 10.968/19 Código.
Induzimento, instigação ou Art. 122. Induzir ou instigar
auxílio a suicídio alguém a suicidar-se ou a
Art. 122 - Induzir ou instigar praticar automutilação ou O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa
alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio material para de recompensa" (inciso I do § 2º do art. 121) em relação
prestar-lhe auxílio para que que o faça: (Redação dada ao executor do crime de homicídio mercenário não
o faça: pela Lei nº 13.968, de 2019) qualifica automaticamente o delito em relação ao
Pena - reclusão, de dois a Pena - reclusão, de 6 (seis) mandante, nada obstante este possa incidir no referido
seis anos, se o suicídio se meses a 2 (dois) anos. dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar
consuma; ou reclusão, de § 1º Se da automutilação ou da o óbito alheio seja torpe. De fato, no homicídio qualificado
um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta pelo motivo torpe consistente na paga ou na promessa de
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza recompensa (art. 121, § 2º, I, do CP) - conhecido como
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos homicídio mercenário - há concurso de agentes necessário,
grave. dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste na medida em que, de um lado, tem-se a figura do
Código:
Parágrafo único - A pena é mandante, aquele que oferece a recompensa, e, de outro,
duplicada: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 há a figura do executor do delito, aquele que aceita a
Aumento de pena (três) anos. promessa de recompensa. É bem verdade que nem sempre
I - se o crime é praticado por § 2º Se o suicídio se consuma ou a motivação do mandante será abjeta, desprezível ou
motivo egoístico; se da automutilação resulta repugnante, como ocorre, por exemplo, nos homicídios
morte: privilegiados, em que o mandante, por relevante valor
II - se a vítima é menor ou
tem diminuída, por qualquer Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 moral, contrata pistoleiro para matar o estuprador de sua
causa, a capacidade de (seis) anos. filha. Nesses casos, a circunstância prevista no art. 121, §
resistência. § 3º A pena é duplicada: 2º, I, do CP não será transmitida, por óbvio, ao mandante,
I - se o crime é praticado por
em razão da incompatibilidade da qualificadora do motivo
motivo egoístico, torpe ou fútil; torpe com o crime privilegiado, de modo que apenas o
executor do delito (que recebeu a paga ou a promessa de
II - se a vítima é menor ou tem
diminuída, por qualquer causa,
recompensa) responde pela qualificadora do motivo torpe.
a capacidade de resistência. Entretanto, apesar de a "paga ou promessa de recompensa"
(art. 121, § 2º, I, do CP) não ser elementar, mas sim
§ 4º A pena é aumentada até o
circunstância de caráter pessoal do delito de
dobro se a conduta é realizada
por meio da rede de homicídio,sendo, portanto, incomunicável
computadores, de rede social automaticamente a coautores do homicídio, conforme o
ou transmitida em tempo real. art. 30 do CP (REsp 467.810-SP, Quinta Turma, DJ
§ 5º Aumenta-se a pena em 19/12/2003), poderá o mandante responder por homicídio
metade se o agente é líder ou qualificado pelo motivo torpe caso o motivo que o tenha
coordenador de grupo ou de levado a empreitar o óbito alheio seja abjeto, desprezível
rede virtual. ou repugnante. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio
§ 6º Se o crime de que trata o § Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015, DJe 2/2/2016.
1º deste artigo resulta em lesão
corporal de natureza gravíssima
e é cometido contra menor de Informativo nº 0563
14 (quatorze) anos ou contra Período: 29 de maio a 14 de junho de 2015.
quem, por enfermidade ou DIREITO PENAL. INDEVIDA EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE
deficiência mental, não tem o DE HOMICÍDIO E DE LESÕES CORPORAIS CULPOSOS
necessário discernimento para a
PRATICADOS NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.
prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode Na primeira fase da dosimetria da pena, o excesso de
oferecer resistência, responde o velocidade não deve ser considerado na aferição da
agente pelo crime descrito no § culpabilidade (art. 59 do CP) do agente que pratica delito
2º do art. 129 deste Código. de homicídio e de lesões corporais culposos na direção de
§ 7º Se o crime de que trata o § veículo automotor. O excesso de velocidade não constitui
2º deste artigo é cometido fundamento apto a justificar o aumento da pena-base pela
contra menor de 14 (quatorze) culpabilidade, por ser inerente aos delitos de homicídio
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culposo e de lesões corporais culposas praticados na 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto e eventual.
direção de veículo automotor, caracterizando a Ação múltipla de conteúdo variado.
imprudência, modalidade de violação do dever de cuidado
objetivo, necessária à configuração dos delitos culposos. Ex.: Dolo eventual – pai que expulsa filho depressivo de
AgRg no HC 153.549-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado casa, sabendo que com tal ato, poderá incutir a vontade de
em 2/6/2015, DJe 12/6/2015. se matar diante da situação desesperadora, assumiu o risco
de resultado fatal. Mas não será dolo eventual término do
namoro ou casamento. * Por ação ou omissão. Não há
INDUZIMENTO, INSTIGAMENTO OU AUXÍLIO A auxílio por omissão. Pais, enfermeiro,
SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO (Art. 122, CP) * Por vexame de crime cometido contra vítima não se trata
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: VIDA HUMANA e integridade do crime do art. 122, CP.
física (automutilação) Não se admite a forma culposa.
OBS.: SUICÍDIO: ocorre quando o ser humano, de forma
direta, voluntária e consciente, elimina a própria vida. Não é 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com o
fato típico a eliminação de vida própria e sim de vida alheia. resultado morte ou lesão corporal grave.
Morte: crime consumado
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. Lesão grave (suicídio frustrado): consumado
Lesão leve: fato atípico.
3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa, todavia esta deverá * O TIPO PENAL AGORA ADMITE A LESÃO LEVE COMO FATO
ser capaz. TÍPICO, PREVISTO NO CAPUT.
* Se for incapaz: homicídio (a incapacidade facilitou a Não admite tentativa.
morte, sendo instrumento para a sua provocação)
OBS. NÃO SERÁ CONSTRANGIMENTO ILEGAL A COAÇÃO
* Dirigido a pessoa determinada: Não haverá crime no caso PARA IMPEDIR O SUICÍDIO.
se a conduta for genérica, como peças de teatro, filmes,
obras literárias, música, dirigidas ao público em geral.
7. CAUSAS DE AUMENTO
Parágrafo único - A pena é duplicada:
4. CONDUTA:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
PARTICIPAÇÃO MORAL PARTICIPAÇÃO MATERIAL
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por
INDUZIR INSTIGAR AUXILIAR qualquer causa, a capacidade de resistência.
Fazer nascer Reforçar Efetiva assistência
na vítima a ideia material para o ato, sem A) MOTIVO EGOÍSTICO: Ficar com a herança, ocupar cargo,
ideia da preexiste de realizá-lo. suplente de cargo público.
morte. morte.

B) MENOR ou DIMINUÍDA A SUA CAPACIDADE DE


* Auxiliar: esclarecer como usar o objeto RESISTÊNCIA
* Induzir: maus tratos infligidos a alguém. Morre por QUAL SERIA A IDADE? Menor de 18 anos ou entre 14 e 18
desespero. (Dolo eventual) anos. Divergência na doutrina.
* Prática de atos executórios: homicídio. 1ª C) NUCCI: idade entre 14 e 18 anos, em analogia ao
AUTOMUTILAÇÃO: autolesione, cause lesões a si mesma, no artigo 217-A (estupro de vulnerável) – menor seria aqueles
próprio corpo, sem a necessidade de pretender tirar a vida. compreendidos entre 14 e 18 anos, porque para o código
menor de 14 anos não tem idade para consentir ato sexual
CRIME: Seria o caso de induzir, instigar ou auxiliar alguém a,
e por isso não teria capacidade para consentir com a
por exemplo, amputar ou mutilar um dos dedos da mão ou
eliminação de sua própria vida, configurando o homicídio.
do pé, a se cortar, a se queimar com cigarros, a ingerir
substâncias que possam causar mal–estar, doenças ou 2ªC) FRAGOSO, GRECO: Menor de 18 anos. O legislador se
distúrbios, ainda que não letais etc. o autor é quem induz, quisesse afastar o menor de 14 anos teria feito, a limitação
instiga, auxilia. de idade é dirigida aos crimes contra a dignidade sexual.
Para esta corrente, haverá homicídio quando a vítima
possui imaturidade moral, sem qualquer capacidade de
resistência, como na tenra idade. De qualquer forma, o juiz
deverá verificar o caso concreto.

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LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA § 5º Aumenta-se a pena em metade se o


§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo agente é líder ou coordenador de grupo ou de
resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e rede virtual.
é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
Note-se que ainda há aqui necessidade de determinação da
contra quem, por enfermidade ou deficiência
vítima, não cabendo a tipificação do artigo 122, CP em casos
mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, de vítimas indeterminadas, conforme já esclarecido.
não pode oferecer resistência, responde o agente Certamente o que motivou essa causa de aumento foi o
pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste fenômeno do “jogo” que ficou conhecido como “Baleia
Código. Azul”, no qual, por meio de redes sociais ou contatos via
MORTE internet, pessoas eram influenciadas a praticarem
“desafios”, chegando à autolesão e até mesmo à pratica
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
suicida. Ainda com o mesmo escopo, vem o § 5º., do artigo
contra quem não tem o necessário discernimento 122, CP determinar nova causa de aumento de metade da
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra pena quando o agente é líder ou coordenador de grupo ou
causa, não pode oferecer resistência, responde o rede social.
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. OBS: PACTO DE MORTE - Se participar dos atos executórios,
121 deste Código.
o que sobrevive responderá por homicídio. Se ambos
* Eliminada a capacidade de resistência: homicídio. O sobrevivem, tentativa de homicídio (ambos praticaram atos
crime exige em diminuída (vítima embriagada, sob efeito executórios). Se apenas um praticou os atos executórios, e
de substâncias entorpecentes, deprimida, angustiada, ambos sobreviveram, este responderá por tentativa de
enfermidade grave) homicídio e o outro pelo art. 122, CP.
CAUSA DE AUMENTO – INTERNET OBS. GREVE DE FOME: Para os garantidores (ex.:
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a penitenciárias).
conduta é realizada por meio da rede de OBS.: TESTEMUNHA DE JEOVÁ. Capaz que recusa transfusão
computadores, de rede social ou transmitida de sangue. (Art. 146, §3º, I - não configura constrangimento
em tempo real. ilegal a intervenção cirúrgica, sem o consentimento do
paciente ou representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida)

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8. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA 2ªC) HOMICÍDIO CULPOSO. Sendo o estado puerperal


decisivo na dosagem da pena.
INFANTICÍDIO (Art. 123, CP)
Infanticídio 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: com a morte.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado
Admite tentativa.
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após: OBS.: Crime de abandono de recém-nascido com resultado
morte (art. 134, §2º, CP). Crime preterdoloso.
Pena - detenção, de dois a seis anos.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: VIDA.
7. CONCURSO DE PESSOAS – ART. 29 E 30
Obs.: Trata-se de uma forma especial de homicídio ou um
homicídio privilegiado dada a redução e pena. Possui Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias
características próprias. Utiliza-se o critério da e as condições de caráter pessoal, salvo
especialidade no concurso aparente de normas para quando elementares do crime.
enquadrar no infanticídio e não no homicídio. Ex.: As circunstâncias se comunicam ao pai que pratica o
GENITORA → CONTRA SEU PRÓPRIO FILHO crime junto com a mãe
+ ESTADO PUERPERAL
→ DURANTE OU LOGO APÓS O PARTO. JURISPRUDÊNCIA
Informativo nº 0507
Período: 18 a 31 de outubro de 2012.
2. SUJEITO ATIVO: Crime próprio: exige qualidade especial
do sujeito ativo: QUINTA TURMA
MÃE (parturiente) + ESTADO PUERPERAL DIREITO PENAL. CRIME DE ABORTO. INÍCIO DO TRABALHO
DE PARTO. HOMICÍDIO OU INFANTICÍDIO.
Iniciado o trabalho de parto, não há crime de aborto, mas
3. SUJEITO PASSIVO: Crime próprio: NASCENTE OU RECÉM- sim homicídio ou infanticídio conforme o caso. Para
NASCIDO. configurar o crime de homicídio ou infanticídio, não é
* Erro quanto a pessoa: responde pelo crime de infanticídio, necessário que o nascituro tenha respirado, notadamente
apesar de não ser seu filho, considera-se as suas quando, iniciado o parto, existem outros elementos para
características. Assim, não responde por homicídio. demonstrar a vida do ser nascente, por exemplo, os
batimentos cardíacos.HC 228.998-MG, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 23/10/2012.
4. CONDUTA
MATAR → LOGO DEPOIS DO PARTO + ESTADO PUERPERAL
A) Elemento cronológico: durante ou logo após o Art. 124-128, CP – ABORTO
parto. Aborto provocado pela gestante ou com seu
B) Elemento etiológico: estado puerperal – este consentimento
perdura do início do parto até as condições de pré- Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou
gravidez (puerpério) – o estado causa consentir que outrem lho provoque:
transformações psíquicas e emocionais – retirando Pena - detenção, de um a três anos.
a capacidade de entendimento da mãe.
Aborto provocado por terceiro
* Puerpério: período cronologicamente variável, de âmbito Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento
impreciso, durante o que se desenrolam todas as da gestante:
manifestações involutivas e de recuperação da genitália
Pena - reclusão, de três a dez anos.
materna havidas após o parto. A relevância e as extensão
desses processos são proporcionais ao vulto de Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
gestante:
transformações gestativas experimentadas, isto é,
diretamente subordinadas à duração da gravidez. (Jorge de Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Rezende) Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo
anterior, se a gestante não é maior de quatorze
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto e eventual. consentimento é obtido mediante fraude, grave
Modalidade culposa: ameaça ou violência.

1ªC) NÃO RESPONDE POR CRIME NENHUM – FATO ATÍPICO ABORTO: INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ COM A
– pois como exigir prudência de mulher desequilibrada. CONSEQUENTE MORTE DO PRODUTO DA CONCEPÇÃO

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(ÓVULO – 2 primeiros meses; EMBRIÃO – 2 meses Consentimento: maior de 14 e menor de 18 anos.


seguintes; OU FETO – período restante). 3.B. Produto da concepção.
TIPO DE ABORTO: NATURAL; ACIDENTAL; CRIMINOSO
(provocado) E LEGAL (excludente de ilicitude).
4. CONDUTA: MULHER GRÁVIDA + MEIOS EXECUTIVOS
QUÍMICOS, FÍSICOS OU MECÂNICOS � OU CONSENTE QUE
ABORTO CRIMINOSO: LHO PROVOQUE.
A) AUTO ABORTO – ART. 124, 1ª PARTE; * Não pune autolesão.
B) CONSENTIMENTO PARA O ABORTO – ART. 124, 2ª PARTE; Meios de execução: ingestão de medicamentos; raspagem e
C) PROVOCAÇÃO DO ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA curetagem; sucção do feto; introdução de objetos
GESTANTE- ART. 126; pontiagudos pelo canal vaginal para provocar contração
uterina; choque elétrico; ou por omissão, médico que deixa
D) PROVOCAÇÃO DE ABORTO SEM CONSENTIMENTO DA de receitar medicamentos para evitar um aborto natural; ou
GESTANTE – ART. 125; a própria gestante que não toma o medicamento receitado.

ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO DIRETO e eventual apenas para o
CONSENTIMENTO (Art. 124, CP) auto aborto.
* Não se pune a modalidade culposa: se provocado por
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou terceiro responde por lesão corporal culposa (Art. 129, §6º,
consentir que outrem lho provoque: CP)

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: VIDA HUMANA intrauterina. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a MORTE
Início da gravidez: tema controvertido - nidação do óvulo DO FETO.
fecundado na parede do útero materno. Admite tentativa (crime plurissubsistente)
OBS¹: Pílula do dia seguinte (entre a fecundação e a * se o feto permaneça vivo ou no útero ou expulso com vida
nidação). Destruição de embrião in vitro também não crime. - tentativa;
* se o feto nasce com vida, mas morre em decorrência das
A – AUTOABORTO manobras abortivas, o aborto será considerado consumado.
A própria gestante pratica as manobras abortivas que levam * Nasce com vida, todavia uma nova agressão (ou omissão)
à morte do feto. Ex.: Ingestão de medicamento abortivo; cause a sua morte: homicídio ( ou infanticídio).
quedas intencionais. OBS.: ABORTO SOCIAL OU POR CAUSAS ECONÔMICAS:
motivos do aborto � causa social: não serem casadas; serem
jovens � causas econômicas: falta de condição financeira
2. O SUJEITO ATIVO: Crime de mão própria – DIRETAMENTE
para criar o filho. Criminoso.
PELA MULHER GRÁVIDA.
CO AUTOR: responde pelo art. 126, CP (exceção à teoria
monista). 7. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA
* Partícipe: é possível, farmacêutico que vende medicação
sabendo sua intenção sem receita médica. ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO (Art. 125 E 126, CP)
COM E SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE
3. O SUJEITO PASSIVO: produto da concepção – óvulo
fecundado, embrião ou feto.
I – SEM CONSENTIMENTO (ART. 125, CP)
Para MIRABETE: Estado e a comunidade.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: VIDA HUMANA
INTRAUTERINA
B – CONSENTIMENTO PARA O ABORTO 2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
A gestante permite que outra pessoa realize manobras 3. SUJEITO PASSIVO: DUPLA SUBJETIVIDADE – PRODUTO
abortivas que provoquem a morte do feto. A pessoa que DA CONCEPÇÃO E GESTANTE.
pratica as manobras responde pelo art. 126.
4. CONDUTA: INTERROMPER, VIOLENTA E
2.B. Crime de mão própria. INTENCIONALMENTE, UMA GRAVIDEZ – SEM O
Participação: namorado que pagar pelo aborto. Familiares CONSENTIMENTO.
ou amigas que acompanhem na clínica de aborto.

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Obs.: Menor de 14 anos. Fraude. Sem consentimento. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA E FORMA QUALIFICADA –
(§ÚNICO) ART. 127, CP
HIPÓTESES Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em
A. Quando não há B. Houve uma autorização, mas consequência do aborto ou dos meios empregados
qualquer autorização esta não é válida juridicamente. para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
por parte da gestante. Art. 126, § único: a) mediante natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
Ex.: Agride gestante para fraude; b) mediante grave dessas causas, lhe sobrevém a morte.
causar o abortamento. ameaça; c) emprego de
violência; d) não maior de 14
anos; e) alienada ou débil * APENAS PARA O ART. 125 E 126, CP.
mental - LESÃO CORPORAL OU MORTE: crime preterdoloso.
Obs.: Estupro de vulnerável – menor de 14 anos e alienada - Não precisa que o aborto se consume.
mental – o aborto será lícito se houver consentimento - Feto sobrevive e mãe morre: tentativa de aborto +
representante legal. aumento de pena pela morte.
* Matar mulher que sabe que está grávida: art. 125 + art.
121
CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE – ABORTO
LEGAL
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto E EVENTUAL. Não pude a Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por
modalidade culposa. médico:
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a Aborto necessário
destruição do produto da concepção. Admite tentativa. I - se não há outro meio de salvar a vida da
gestante;

7. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou,
II – COM CONSENTIMENTO (ART. 126, CP) quando incapaz, de seu representante legal.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: VIDA HUMANA
INTRAUTERINA a) Aborto necessário: não há outro meio de salvar a
gestante. Não precisa de consentimento ou
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. autorização judicial. * Estado de Necessidade.
* Enfermeira que auxilia na curetagem: participação. Condições: aborto praticado pelo médico; perigo
de vida da gestante; impossibilidade de outro meio
* Clínica abortiva: associação de pessoas – ciente da para salvá-la.
destinação – respondem por associação criminosa do art.
288 e pelos crimes de aborto provocado ou colaborado. Ex.: Gravidez tubária.
3. SUJEITO PASSIVO: PRODUTO DA CONCEPÇÃO. b) Aborto sentimental: resultante de estupro. Precisa
de consentimento, mas não precisa de autorização
4. CONDUTA: INTERROMPER, VIOLENTA E judicial. Nem condenação do estuprador.
INTENCIONALMENTE, UMA GRAVIDEZ – COM O Procedimento de justificação e autorização
CONSENTIMENTO VÁLIDO DA GESTANTE. (Portaria 1.145/MS). Pune-se o auto aborto.
* Premissa: consentimento da gestante – até a consumação Condições: aborto praticado pelo médico; gravidez
do ato. Consentimento livre e espontâneo. Se a gestante resultante de estupro; prévio consentimento da
desistir: responde pelo art. 125, CP. gestante ou de seu representante legal (formal).
§ único: Obtido por meio de violência, grave ameaça e * Estupro de vulnerável: doutrina admite.
fraude: não é válido. Também não será válido se for menor
de 14 anos ou alienada mental.
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto. Não pude a modalidade OBS¹: Aborto eugênico: a lei não permite. Ocorre quando
culposa. há a possibilidade que o feto nasça com graves anomalias
psíquicas ou físicas.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a
interrupção da gravidez. Admite tentativa. * Fato acéfalo: malformação congênita, não possui a parte
vital do sistema nervoso central. STF: feto anencéfalo –
* Art. 20, LCP – anuncia meios abortivos. ADPF54 – deformação irreversível do feto/malformações do
7. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. tubo neural – 100% de certeza – considerado fato atípico e
independente de autorização judicial. Cultura de morte.
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OBS²: Aborto honoris causa – praticado para ocultar a 3) Na fase de pronúncia, cabe ao Tribunal do Júri a resolução
gravidez adulterina – criminoso. de dúvidas quanto à aplicabilidade de excludente de
OBS³: Aborto miserável – motivado por incapacidade ilicitude.
financeira de sustentar a vida do filho – criminoso. 4) A exclusão de qualificadora constante na pronúncia só
pode ocorrer quando manifestamente improcedente e
descabida, sob pena de usurpação da competência do
JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA Tribunal do Júri.
6) Viola o princípio da soberania dos veredictos a anulação
ADPF / 5429/04/2013 parcial de decisão proferida pelo Conselho de Sentença
ESTADO LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo acerca da qualificadora sem a submissão do réu a novo Júri.
absolutamente neutro quanto às religiões. Considerações. 7) A ausência do oferecimento das alegações finais em
FETO ANENCÉFALO. INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ. MULHER. processos de competência do Tribunal do Júri não acarreta
LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA. SAÚDE. DIGNIDADE. nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia encerra juízo
AUTODETERMINAÇÃO. DIREITOS FUNDAMENTAIS. CRIME provisório acerca da culpa.
INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a 10) A sentença de pronúncia deve limitar-se à indicação da
interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser conduta materialidade do delito e aos indícios de autoria para evitar
tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código nulidade por excesso de linguagem e para não influenciar o
Penal. ânimo do Conselho de Sentença.
11) É possível rasurar trecho ínfimo da sentença de
ADI / 351027/05/2010 pronúncia para afastar eventual nulidade decorrente de
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE excesso de linguagem.
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE BIOSSEGURANÇA. 12) Reconhecida a nulidade da pronúncia por excesso de
IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO artigo 5º DA LEI Nº 11.105, DE linguagem, outra decisão deve ser proferida, visto que o
24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). simples envelopamento e desentranhamento da peça
PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. viciada não é suficiente.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. 15) A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda
CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-TRONCO que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.
EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS (Súmula n. 191/STJ)
TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO.
NORMAS CONSTITUCIONAIS CONFORMADORAS DO DIREITO EDIÇÃO N. 78: TRIBUNAL DO JÚRI - II
FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO 1) O emprego de algemas deve ser medida excepcional e a
DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. utilização delas em plenário de júri depende de motivada
DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE decisão judicial, sob pena de configurar constrangimento
INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE ilegal e de anular a sessão de julgamento. (VIDE SÚMULA
BIOSSEGURANÇA CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE VINCULANTE N. 11)
IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA 2) Compete às instâncias ordinárias, com base no cotejo
VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. fático carreado aos autos, absolver, pronunciar,
desclassificar ou impronunciar o réu, sendo vedado em sede
JURISPRUDÊNCIA EM TESES de recurso especial o revolvimento do acervo fático-
probatório - Súmula n. 7/STJ.
6) Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a
vida. 3) As nulidades existentes na decisão de pronúncia devem
ser arguidas no momento oportuno e por meio do recurso
EDIÇÃO N. 72: COMPETÊNCIA CRIMINAL próprio, sob pena de preclusão.
6) A competência é determinada pelo lugar em que se 5) O exame de controvérsia acerca do elemento subjetivo do
consumou a infração (art. 70 do CPP), sendo possível a sua delito é reservado ao Tribunal do Júri, juiz natural da causa.
modificação na hipótese em que outro local seja o melhor
para a formação da verdade real. 6) É nula a decisão que determina o desaforamento de
processo da competência do júri sem audiência da defesa
EDIÇÃO N. 75: TRIBUNAL DO JÚRI - I (Súmula n. 712/STF).
1) O ciúme, sem outras circunstâncias, não caracteriza 7) Eventuais nulidades ocorridas em Plenário do Júri,
motivo torpe. decorrentes de impedimento ou suspeição de jurados,
2) Cabe ao Tribunal do Júri decidir se o homicídio foi devem ser arguidas no momento oportuno, sob pena de
motivado por ciúmes, assim como analisar se referido preclusão.
sentimento, no caso concreto, qualifica o crime. 8) É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta
de quesito obrigatório (Súmula n. 156/STF).
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9) Após as modificações no rito do Tribunal do Júri § 4° Se o agente comete o crime impelido por
introduzidas pela Lei n. 11.689/2008, o quesito genérico de motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
absolvição (art. 483, III, do CPP) não pode ser tido como domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
contraditório em relação ao reconhecimento da autoria e da
pena de um sexto a um terço.
materialidade do crime.
Substituição da pena
10) Possíveis irregularidades na quesitação devem ser
arguidas após a leitura dos quesitos e a explicação dos § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
substituir a pena de detenção pela de multa, de
critérios pelo Juiz presidente, sob pena de preclusão (art.
duzentos mil réis a dois contos de réis:
571, inciso VIII, do CPP).
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
11) É nulo o julgamento quando os quesitos forem anterior;
apresentados com má redação ou quando forem formulados
II - se as lesões são recíprocas.
de modo complexo, a ponto de causarem perplexidade ou
de dificultarem o entendimento dos jurados. Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de
12) O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é
1965)
adstrito aos fundamentos da sua interposição. (Súmula n.
713/STF). Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
13) Não viola o princípio da soberania dos vereditos a
o
cassação da decisão do Tribunal do Júri manifestamente § 7 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se
o o
contrária à prova dos autos. ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4 e 6 do
art. 121 deste Código.
14) A soberania do veredicto do Tribunal do Júri não impede
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º
a desconstituição da decisão por meio de revisão criminal.
do art. 121.
Violência Doméstica
2. LESÃO CORPORAL (ART. 129, CP ) o
§ 9 Se a lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
Lesão corporal com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
saúde de outrem: de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
o o
Lesão corporal de natureza grave § 10. Nos casos previstos nos §§ 1 a 3 deste
o
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9
§ 1º Se resulta:
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por terço).
mais de trinta dias; o
§ 11. Na hipótese do § 9 deste artigo, a pena será
II - perigo de vida; aumentada de um terço se o crime for cometido
III - debilidade permanente de membro, sentido ou contra pessoa portadora de deficiência.
função; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
IV - aceleração de parto: agente descrito nos arts.142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Nacional de Segurança Pública, no exercício da
§ 2° Se resulta: função ou em decorrência dela, ou contra seu
I - Incapacidade permanente para o trabalho; cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena
II - enfermidade incurável; é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou Lei nº 13.142, de 2015)
função; § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por
IV - deformidade permanente; razões da condição do sexo feminino, nos termos
do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela
V - aborto:
Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).
Lesão corporal seguida de morte (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias
evidenciam que o agente não quis o resultado,
nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena

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LESÃO CORPORAL DOLOSA (ART. 129, CP) CULPA � §§6º E 7º


LEVE PRETERDOLO � §§ 1º, 2º, 3º.
LESÃO CORPORAL DOLOSA GRAVE
(QUANTO A INTENSIDADE) GRAVÍSSIMA * Exame de corpo de delito (deixa vestígios – exame
pericial)
SEGUIDA DE MORTE
CPP. Art. 158. Quando a infração deixar vestígios,
será indispensável o exame de corpo de delito,
DOLOSA SIMPLES direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
DOLOSA
LESÃO CORPORAL DOLOSA Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o
QUALIFICADA
(QUANTO AO ELEMENTO primeiro exame pericial tiver sido incompleto,
DOLOSA proceder-se-á a exame complementar por
SUBJETIVO)
PRIVILEGIADA determinação da autoridade policial ou judiciária,
de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
CULPOSA do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
o
§ 1 No exame complementar, os peritos terão
I – LESÃO CORPORAL LEVE (caput) presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-
lhe a deficiência ou retificá-lo.
o
§ 2 Se o exame tiver por fim precisar a
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: INTEGRIDADE FÍSICA E A o
classificação do delito no art. 129, § 1 , I, do Código
SAÚDE DAS PESSOAS Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de
30 dias, contado da data do crime.
Saúde corporal, fisiológica e mental.
o
§ 3 A falta de exame complementar poderá ser
suprida pela prova testemunhal.
2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – QUALQUER PESSOA.
* Lembrando que não se pune a autolesão. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: NO MOMENTO DA
* Autoria mediato (menor, ébrio ou incapaz) OFENSA.
A TENTATIVA É POSSÍVEL NA MODALIDADE DOLOSA.
3. SUJEITO PASSIVO: QUALQUER PESSOA (viva). # Vias de fato (Art. 21, LCP): não tinha intenção de
* Mulher grávida: resulta por aceleração do parto (grave) e machucar a vítima.
abortamento (gravíssima). # Periclitação da vida e da saúde.

4. CONDUTA: OFENDER (direta ou indireta) INTEGRIDADE 7. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À


CORPORAL OU SAÚDE = CAUSANDO UMA ENFERMIDADE REPRESENTAÇÃO. Competência do juizado. Crime de menor
(ou agravando) potencial ofensivo.
* DOR
* Crime de ação livre: omissiva ou comissiva. Vários II – LESÃO CORPORAL GRAVE (§1º)
ferimentos não desnatura o crime. LESÃO QUALIFICADA PELO RESULTADO.
* Cortar cabelo sem autorização. I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
Natureza jurídica da integridade física: RELATIVAMENTE trinta dias;
DISPONÍVEL. Alguns admitem princípio da insignificância *atividade corporal costumeira, não necessariamente ligada
(dor de cabeça; beliscão, arranhões; beliscão). a trabalho.
* LEVE: o que não for GRAVE OU GRAVÍSSIMA. II - perigo de vida;
¹ OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA: DANO ANATÔMICO. Ex.: * Perigo comprovado por perícia.
Equimoses, cortes, fraturas, hematomas, luxações,
rompimento de tendões. * Admite apenas no Preterdoloso: dolo na conduta e culpa
no resultado.
² OFENSA À SAÚDE: PERTURBAÇÕES FISIOLÓGICAS
(funcionamento de órgão ou sistema) OU MENTAIS DA III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
VÍTIMA. * Redução ou enfraquecimento da capacidade funcional de
membro, sentido ou função, cuja reparação seja incerta e
por tempo indeterminado, não perpétuo.
5. TIPO SUBJETIVO:
IV - aceleração de parto
DOLO � CAPUT, §§1º E 2º;
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* O agente deve saber da gravidez. VII - LESÃO CORPORAL CULPOSA (ART. 129, §6º)
Lesão corporal culposa
III – LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA (§2º) § 6° Se a lesão é culposa:

LESÕES IRREPARÁVEIS OU DE MAIOR PERMANÊNCIA. Pena - detenção, de dois meses a um ano.


§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do
Para o TRABALHO – PERMANENTE – ABSOLUTA – duradoura art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
no tempo e sem previsibilidade de cessação. Majoritária: 12.720, de 2012)
incapacidade qualquer trabalho. Minoritária: atividade § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º
laboral da vítima. do art. 121.
II - enfermidade incurável;
Alteração permanente da saúde em geral por processo - O GRAU DE LESÕES NÃO INTERFERE NO TIPO.
patológico. Transmissão intencional de uma doença para
- VEÍCULO AUTOMOTOR – ART. 303, CTB.
que não existe cura. Ou provoque intervenções cirúrgicas
arriscadas.
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; VIII – LESÃO CORPORAL MAJORADA (§7º)
Não é debilidade, mas perda – amputação ou mutilação – Culposa: aumenta-se o crime se o crime resulta de
ou inutilização (membro, sentido ou função). inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
* em se tratando de órgãos duplos, deve-se atingir ambos.
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
IV - deformidade permanente; para evitar a prisão em flagrante.
Dano estético – aparente – impressão vexatória. Levando
em conta a idade, o sexo e a condição social.
Dolosa (preterdoloso): delito praticado contra pessoa de
V – aborto 14 ou maior a 60 anos.
Crime preterdoloso. Dolo na lesão e culpa no abortamento. §6º � milícia privada e grupo de extermínio.

IV – LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE (§3º) IX – PERDÃO JUDICIAL (§8º)


HOMICÍDIO PRETERDOLOSO – intenção: ofender Na mesma forma que o homicídio culposo (§5º).
integridade � culpa: morte.
Não é crime contra a vida, não será competência do júri.
X – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (§9º) E CONDIÇÃO DE SEXO
FEMININO
V – LESÃO CORPORAL DOLOSA PRIVILEGIADA (§4º) Violência Doméstica
Igual ao homicídio privilegiado. § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
VI – SUBSTITUIÇÃO DA PENA (§5º) prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade:
- SUBSTITUIÇÃO POR MULTA. Privilegiado e Lesões
recíprocas. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
o o
No caso: § 10. Nos casos previstos nos §§ 1 a 3 deste
o
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9
a) §4º - privilegiado deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um
b) Ambos se ferem e um agiu em legítima defesa, absolve terço).
um e condena outro, com o privilégio; § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
aumentada de um terço se o crime for cometido
c) Ambos se ferem e dizem ter agido em legítima defesa,
contra pessoa portadora de deficiência.
não havendo prova do início da agressão (ambos serão
absolvidos);
d) Ambos são culpados e nenhum agiu em legítima § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por
razões da condição do sexo feminino, nos termos
defesa – ambos são condenados por privilégio.
do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela
Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).
(Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

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§9º - qualificadora da lesão leve – COM A MAJORANTE DO 4) A violência doméstica abrange qualquer relação íntima de
§11º afeto, dispensada a coabitação.
A) ASCENDENTE, DESCENDENTE OU IRMÃO (mesmo 5) Para a aplicação da Lei n. 11.340/2006, há necessidade de
sem coabitação); demonstração da situação de vulnerabilidade ou
B) CÔNJUGE (mesmo separados de fato) OU hipossuficiência da mulher, numa perspectiva de gênero.
COMPANHEIRO; 6) A vulnerabilidade, hipossuficiência ou fragilidade da
C) COM QUEM CONVIVA OU TENHA CONVIVIDO; mulher têm-se como presumidas nas circunstâncias
descritas na Lei n. 11.340/2006.
D) PREVALECENDO-SE DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS,
COABITAÇÃO OU DE HOSPITALIDADE. 10) Não é possível a aplicação dos princípios da
insignificância e da bagatela imprópria nos delitos praticados
§10º - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR – GRAVE (§1º E com violência ou grave ameaça no âmbito das relações
2º) E MORTE (§3º) domésticas e familiares.
11) O crime de lesão corporal, ainda que leve ou culposo,
- Definição na Lei 11.340/06 praticado contra a mulher no âmbito das relações
domésticas e familiares, deve ser processado mediante ação
penal pública incondicionada.
14) A suspensão condicional do processo e a transação penal
não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei
Maria da Penha. (Súmula n. 536/STJ)
o
Art. 5 Para os efeitos desta Lei, configura 17) A audiência de retratação prevista no art. 16 da Lei n.
violência doméstica e familiar contra a mulher 11.340/06 apenas será designada no caso de manifestação
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que expressa ou tácita da vítima e desde que ocorrida antes do
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou recebimento da denúncia.
psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida EDIÇÃO N. 153: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
como o espaço de convívio permanente de SEXUAL - III
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas; 11) O Juizado Especial de Violência Doméstica é competente
para julgar e processar o delito de estupro de vulnerável
II - no âmbito da família, compreendida como a
(art. 217-A do CP) quando estiver presente a motivação de
comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços gênero ou quando a vulnerabilidade da vítima for
naturais, por afinidade ou por vontade expressa; decorrente da sua condição de mulher.
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a XI – CONTRA AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA(§12º)
ofendida, independentemente de coabitação.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
neste artigo independem de orientação sexual. Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu
JURISPRUDÊNCIA - STF cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
Tema 983 trânsito em julgado08/03/2018 até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena
é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela
Reparação de natureza cível por ocasião da prolação da
Lei nº 13.142, de 2015)
sentença condenatória nos casos de violência cometida
contra mulher praticados no âmbito doméstico e familiar
(dano moral). - Qualquer lesão
EDIÇÃO N. 41: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA - Modificação na Lei de Crimes Hediondos
MULHER Art.1º (...)
1) A Lei n. 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima
o
objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar (art. 129, § 2 ) e lesão corporal seguida de morte
o
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou (art. 129, § 3 ), quando praticadas contra
psicológico, e dano moral ou patrimonial, desde que o crime autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
seja cometido no âmbito da unidade doméstica, da família da Constituição Federal, integrantes do sistema
ou em qualquer relação íntima de afeto. prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente
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consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa STJ - INFORMATIVO 562 – LESÃO CORPORAL
condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
DIREITO PENAL. CRIME DE LESÃO CORPORAL QUALIFICADO
PELA DEFORMIDADE PERMANENTE. A qualificadora
AÇÃO PENAL “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art.
129, § 2º, IV, do CP) 241 não é afastada por posterior
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA
cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a
* LESÃO LEVE: APP CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é
* VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: valorado no momento de sua consumação, não o afetando
providências posteriores, notadamente quando não usuais
a. homem: leve majorada (condicionada a representação) –
(pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de
grave e morte (incondicionada)
tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco
b. mulher: pública incondicionada de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima. HC
306.677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador
convocado do TJ-SP), Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro,
SÚMULAS
julgado em 19/5/2015, DJe 28/5/2015 (Informativo 562).
(STJ) SÚMULA 536. suspensão condicional do processo e a
transação penal não se aplicam na hipótese de delitos
sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. STJ – 563 – LESÃO CORPORAL
(STJ)SÚMULA 542. A ação penal relativa ao crime de lesão DIREITO PENAL. MOTIVOS PARA EXASPERAÇÃO DA PENA-
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher BASE DE HOMICÍDIO E DE LESÕES CORPORAIS CULPOSOS
é pública incondicionada. PRATICADOS NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. O juiz,
na análise dos motivos do crime (art. 59 do CP), pode fixar a
pena-base acima do mínimo legal em razão de o autor ter
JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA praticado delito de hhomicídio e de lesões corporais
culposos na direção de veículo automotor, conduzindo-o
com imprudência a fim de levar droga a uma festa. Isso
STF – 654 - Lei Maria da Penha e ação penal condicionada
porque o fim de levar droga a uma festa representa
à representação - 1
finalidade que desborda das razoavelmente utilizadas para
Em seguida, o Plenário, por maioria, julgou procedente ação esses crimes, configurando justificativa válida para o
direta, proposta pelo Procurador Geral da República, para desvalor. AgRg no HC 153.549-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
atribuir interpretação conforme a Constituição aos artigos julgado em 2/6/2015, DJe 12/6/2015 (Informativo 563).
12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, e assentar a
natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de
lesão corporal, praticado mediante violência doméstica e STJ – 492 - LESÃO CORPORAL. MORTE. NEXO.
familiar contra a mulher. Preliminarmente, afastou-se CAUSALIDADE.
alegação do Senado da República segundo a qual a ação Segundo consta dos autos, o recorrente foi denunciado pela
direta seria imprópria, visto que a Constituição não versaria prática do crime de lesão corporal qualificada pelo
a natureza da ação penal — se pública incondicionada ou resultado morte (art. 129, § 3º, do CP), porque, durante um
pública subordinada à representação da vítima. Haveria, baile de carnaval, sob efeito de álcool e por motivo de
conforme sustentado, violência reflexa, uma vez que a ciúmes de sua namorada, agrediu a vítima com chutes e
disciplina do tema estaria em normas infraconstitucionais. joelhadas na região abdominal, ocasionando sua queda
O Colegiado explicitou que a Constituição seria dotada de contra o meio-fio da calçada, onde bateu a cabeça, vindo à
princípios implícitos e explícitos, e que caberia à Suprema óbito. Ocorre que, segundo o laudo pericial, a causa da
Corte definir se a previsão normativa a submeter crime de morte foi hemorragia encefálica decorrente da ruptura de
lesão corporal leve praticado contra a mulher, em ambiente um aneurisma cerebral congênito, situação clínica
doméstico, ensejaria tratamento igualitário, consideradas desconhecida pela vítima e seus familiares. O juízo singular
as lesões provocadas em geral, bem como a necessidade de reconheceu que houve crime de lesão corporal simples,
representação. Salientou-se a evocação do princípio visto que restou dúvida sobre a existência do nexo de
explícito da dignidade humana, bem como do art. 226, § 8º, causalidade entre a lesão corporal e o falecimento da
da CF. Frisou-se a grande repercussão do questionamento, vítima. O tribunal a quo, por sua vez, entendeu ter ocorrido
no sentido de definir se haveria mecanismos capazes de lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, c/c o art. 61,
inibir e coibir a violência no âmbito das relações familiares, II, a e c, do CP), sob o argumento de que a agressão
no que a atuação estatal submeter-se-ia à vontade da perpetrada pelo recorrente contra a vítima deu causa ao
vítima. óbito. Assim, a questão diz respeito a aferir a existência de
ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012. (ADI-4424) nexo de causalidade entre a conduta do recorrente e o
resultado morte (art. 13 do CP). Nesse contexto, a Turma,
prosseguindo o julgamento, por maioria, deu provimento
ao agravo regimental e ao recurso especial, determinando o
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restabelecimento da sentença. Conforme observou a Min. 2. (FCC - 2011 - TJ - PE - Juiz Substituto) No crime de lesão
Maria Thereza de Assis Moura em seu voto-vista, está-se a corporal praticado no contexto de violência doméstica (art.
tratar dos crimes preterdolosos, nos quais, como cediço, há 129, § 9º, do Código Penal),
dolo no comportamento do agente, que vem a ser a) o sujeito passivo é sempre a mulher.
notabilizado por resultado punível a título de culpa.
Ademais, salientou que, nesse tipo penal, a conduta b) é necessário que a vítima conviva com o agente.
precedente que constitui o delito-base e o resultado mais c) não incide a agravante de o crime ser cometido contra
grave devem estar em uma relação de causalidade, de cônjuge, se a ofendida é casada com o autor.
modo que o resultado mais grave decorra sempre da ação d) a pena é aumentada de 1/6 (um sexto) se o crime for
precedente, e não de outras circunstâncias. Entretanto, cometido contra pessoa portadora de deficiência.
asseverou que o tratamento da causalidade, estabelecido
no art. 13 do CP, deve ser emoldurado pelas disposições do e) não basta que se prevaleça o agente de relação de
art. 18 do mesmo codex, a determinar que a hospitalidade.
responsabilidade somente se cristalize quando o resultado
puder ser atribuível ao menos culposamente. Ressaltou GABARITO
que, embora alguém que desfira golpes contra uma vítima
bêbada que venha a cair e bater a cabeça no meio-fio 1. B
pudesse ter a previsibilidade objetiva do advento da morte, 2. D
na hipótese, o próprio laudo afasta a vinculação da causa
mortis do choque craniano, porquanto não aponta haver
liame entre o choque da cabeça contra o meio-fio e o
evento letal. In casu, a causa da morte foi hemorragia 3. DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA
encefálica decorrente da ruptura de um aneurisma cerebral
congênito, situação clínica de que sequer a vítima tinha SAÚDE
conhecimento. Ademais, não houve golpes perpetrados
pelo recorrente na região do crânio da vítima. Portanto, não Art. 130 – PERIGO DE CONTÁGIO
se mostra razoável reconhecer como típico o resultado VENÉREO - ART. 131 - PERIGO DE
morte, imantando-o de caráter culposo. Dessa forma, CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE -
restabeleceu-se a sentença de primeiro grau que
desvinculou o resultado do comportamento do agente, que ART. 132 – PERIGO PARA A VIDA OU
não tinha ciência da particular, e determinante, condição SAÚDE DE OUTREM
fisiológica da vítima. AgRg no REsp 1.094.758-RS, Rel. Perigo de contágio venéreo
originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações
Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
TJ-RS), julgado em 1º/3/2012. moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que
está contaminado:

QUESTÕES DE CONCURSO Pena - detenção, de três meses a um ano, ou


multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a
1. FGV - 2005 - TJ-PA - Juiz Substituto) Pedro Paulo municiou moléstia:
completamente o tambor de uma arma calibre .38 e Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
desferiu, com vontade de matar, quatro tiros contra Aldo
§ 2º - Somente se procede mediante
Tinoco, desistindo voluntariamente de prosseguir na
representação.
execução do seu intento, razão por que não desferiu os dois
últimos tiros. A vítima foi socorrida por Pedro Paulo e Perigo de contágio de moléstia grave
sofreu lesões corporais incapacitantes para o exercício das Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a
atividades habituais por 30 dias. Pedro Paulo deverá ser outrem moléstia grave de que está contaminado,
processado por crime de: ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a) lesões leves.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
b) lesões graves.
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde] de outrem a
c) lesões gravíssimas. perigo direto e iminente:
d) tentativa de homicídio. Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
e) lesões graves, beneficiado pelo arrependimento não constitui crime mais grave.
posterior. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas

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para a prestação de serviços em estabelecimentos 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se no momento


de qualquer natureza, em desacordo com as da prática do ato sexual capaz de transmitir a moléstia
normas legais. grave – crime formal.
Não admite tentativa.
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO E DA SAÚDE (Art. 130, CP)
7. AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO: §2º
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: INCOLUMIDADE FÍSICA E A
SAÚDE
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE (Art. 131, CP)
* por meio de relações sexuais ou outro ato libidinoso
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: INCOLUMIDADE FÍSICA E A
* Noronha: vida SAÚDE
* Abrange todas as moléstias graves. (VIDA)
2. SUJEITO ATIVO: Pessoa portadora de moléstia venérea –
próprio*.
2. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, DESDE que
contaminada de moléstia grave (próprio).
3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
* Mesmo entre cônjuges. 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.

4. CONDUTA: CONTATO SEXUAL PERIGOSO (não há 4. CONDUTA: MEIO DIRETO (contato físico) ou INDIRETO
necessidade de haver o contágio) (sem contato físico) CAPAZ DE TRANSMITIR A DOENÇA.
* Crime de ação vinculada: necessita de contato sexual. * Moléstia: grave e contagiosa. Norma penal em branco.
* Moléstias venéreas: normal penal em branco – Ministério Exige uma atividade médica valorativa.
da Saúde.
* Exame para a comprovação 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto DE DANO (intenção de
OBS.: AIDS - HIV produzir a infecção).
Dolo na transmissão Art. 121 c/c art.14, CP Não se admite a forma culposa ou a modalidade de dolo
(INTENÇÃO ERA Obs.: Art. 129, §2º, II, Cp (Ayres eventual.
TRANSMITIR O VÍRUS) Britto) 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a prática
de ato perigoso capaz de transmitir o mal (formal).
Dolo de perigo Art. 130, CP
* Causar Lesão Corporal grave ou morte: responde em
(Não era a intenção e
concurso formal. Leve é absorvida.
nem assumiu o risco)
Admite tentativa.

5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto e eventual.


8. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA
ART. 130, caput, CP – PERIGO DE CONTÁGIO DOLOSO –
dolo de perigo o agente sabe estar contaminado,
e mesmo assim, quer e pratica o PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM (Art. 132, CP)
ato sexual.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: SAÚDE e vida da vítima.
ART. 130, in fine, CP O agente devendo saber que está
* Crime subsidiário.
– dolo eventual contaminado, apesar de não
querer diretamente expor a
vítima, mas assume o risco. 2. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, crime comum.
ART. 130, §1º, CP – Intenção positiva de transmitir a
dolo de dano moléstia de que está 3. SUJEITO PASSIVO: pessoa certa e determinada.
contaminado.
* Atingindo
ART. 129, §1º, 2º OU Dolo de dano com ferimentos
3º graves à saúde.
Não se admite a forma culposa. (divergente) 4. CONDUTA: MEIO DIRETO (contato físico) ou INDIRETO
(sem contato físico) CAPAZ DE TRANSMITIR A DOENÇA.
* Moléstia: grave e contagiosa. Norma penal em branco.
Exige uma atividade médica valorativa.
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5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto DE DANO (intenção de enfermidade incurável (CP, art. 129, § 2º, II), chegou-se a
produzir a infecção). um consenso, apenas para afastar a imputação de tentativa
Não se admite a forma culposa de homicídio. Salientou-se, nesse sentido, que o Juiz de
Direito, competente para julgar o caso, não estaria sujeito
sequer à classificação apontada pelo Ministério Público.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a prática HC 98712/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 5.10.2010. (HC-
de ato perigoso capaz de transmitir o mal (formal). 98712)
* Causar Lesão Corporal grave ou morte: responde em
concurso formal. Leve é absorvida.
HC 160982 ver inteiro teor28/05/2012
Não admite tentativa.
HABEAS CORPUS Nº 160.982 - DF (2010/0016927-3)
RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ IMPETRANTE :
8. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA ANTONIO CARLOS ALVES LINHARES - DEFENSOR PÚBLICO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E
DOS TERRITÓRIOS PACIENTE : ILDEU MACIEL DA CUNHA
QUESTÃO DE CONCURSO EMENTA HABEAS CORPUS. artigo 129, § 2.º, INCISO II, DO
1. (CESPE – PC-ES) Juca, portador do vírus HIV, de forma CÓDIGO PENAL. PACIENTE QUE TRANSMITIU ENFERMIDADE
consciente e voluntária, manteve relações sexuais com INCURÁVEL À OFENDIDA (SÍNDROME DA
Jéssica, com o objetivo de transmitir-lhe a doença e, ao fim, IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA). VÍTIMA CUJA MOLÉSTIA
alcançou esse objetivo, infectando-a. Nessa situação, Juca PERMANECE ASSINTOMÁTICA. DESINFLUÊNCIA PARA A
incorreu na prática do crime de perigo de contágio venéreo. CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA. PEDIDO DE
DESCLASSIFICAÇÃO PARA UM DOS CRIMES PREVISTOS NO
2. Relativamente ao crime de perigo de contágio venéreo é
CAPÍTULO III, TÍTULO I, PARTE ESPECIAL, DO CÓDIGO PENAL.
INCORRETO afirmar que:
IMPOSSIBILIDADE. SURSIS HUMANITÁRIO. AUSÊNCIA DE
a) se a vítima já está contaminada, o crime é impossível por MANIFESTAÇÃO DAS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES NO
impropriedade absoluta do meio; PONTO, E DE DEMONSTRAÇÃO SOBRE O ESTADO DE SAÚDE
b)o exercício da prostituição por um dos sujeitos não exclui DO PACIENTE. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONHECIDO
o delito; E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADO.
c)para a configuração do delito não é necessário o contágio,
bastando a exposição; 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC
d)o consentimento do ofendido nas relações sexuais, 98.712/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO (1.ª Turma, DJe de
sabendo do risco de contaminação, exclui a 17/12/2010), firmou a compreensão de que a conduta de
praticar ato sexual com a finalidade de transmitir AIDS não
responsabilidade penal
configura crime doloso contra a vida. Assim não há
constrangimento ilegal a ser reparado de ofício, em razão de
JURISPRUDÊNCIA não ter sido o caso julgado pelo Tribunal do Júri.
(INFORMATIVO 603 – STF – OUTUBRO 2010) Portador do
Vírus HIV e Tentativa de Homicídio – 2 2. O ato de propagar síndrome da imunodeficiência
Em conclusão de julgamento, a Turma deferiu habeas adquirida não é tratado no Capítulo III, Título I, da Parte
corpus para imprimir a desclassificação do delito e Especial, do Código Penal (artigo 130 e seguintes), onde não
determinar o envio do processo para distribuição a uma das há menção a enfermidades sem cura. Inclusive, nos debates
varas criminais comuns estaduais. Tratava-se de writ em havidos no julgamento do HC 98.712/RJ, o eminente
que se discutia se o portador do vírus HIV, tendo ciência da Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, ao excluir a possibilidade
doença e deliberadamente a ocultando de seus parceiros, de a Suprema Corte, naquele caso, conferir ao delito a
teria praticado tentativa de homicídio ao manter relações classificação de "Perigo de contágio de moléstia grave"
sexuais sem preservativo. A defesa pretendia a (artigo 131, do Código Penal), esclareceu que, "no atual
desclassificação do delito para o de perigo de contágio de estágio da ciência, a enfermidade é incurável, quer dizer, ela
moléstia grave (CP: “Art. 131 Praticar, com o fim de não é só grave, nos termos do artigo 131".
transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio: ...”) — v. 3. Na hipótese de transmissão dolosa de doença incurável, a
Informativo 584. Entendeu-se que não seria clara a intenção conduta deverá será apenada com mais rigor do que o ato
do agente, de modo que a desclassificação do delito far-se- de contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme
ia necessária, sem, entretanto, vinculá-lo a um tipo penal previsão clara do artigo 129, § 2.º inciso II, do Código Penal.
específico. Tendo em conta que o Min. Marco Aurélio,
relator, desclassificava a conduta para o crime de perigo de
contágio de moléstia grave (CP, art. 131) e o Min. Ayres
Britto, para o de lesão corporal qualificada pela
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ART. 133 – ABANDONO DE INCAPAZ – Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa.
ART. 134 – EXPOSIÇÃO OU Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro
ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO se da negativa de atendimento resulta lesão
corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta
a morte.
Abandono de incapaz Exposição ou abandono de
recém-nascido
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: segurança do indivíduo –
Art. 133 - Abandonar pessoa Art. 134 - Expor ou
protegendo a vida e a saúde.
que está sob seu cuidado, abandonar recém-nascido,
guarda, vigilância ou para ocultar desonra
autoridade, e, por qualquer própria: 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa.
motivo, incapaz de defender- Pena - detenção, de seis * Se uma pessoa socorre, desaparece o delito para as
se dos riscos resultantes do meses a dois anos. demais.
abandono:
Pena - detenção, de seis
meses a três anos. 3. SUJEITO PASSIVO:

§ 1° - Se do abandono resulta § 1° - Se do fato resulta - Criança abandonada ou extraviada; inválido ou ferido


lesão corporal de natureza lesão corporal de natureza desamparado; o que se achar em grave e iminente perigo.
grave: grave:
Pena - reclusão, de um a Pena - detenção, de um a 4. CONDUTA: DEIXAR DE PRESTAR ASSISTÊNCIA �
cinco anos. três anos. ASSISTÊNCIA IMEDIATA/ASSISTÊNCIA MEDIATA
§ 2° - Se resulta a morte: § 2° - Se resulta a morte: * SEM RISCO PESSOAL: físico, concreto e iminente. O risco
Pena - reclusão, de quatro a Pena - detenção, de dois a meramente patrimonial ou moral não exclui a tipicidade.
doze anos. seis anos. Assistência tardia: assistência simulada.

Aumento de pena
§ 3° - As penas cominadas 5. TIPO SUBJETIVO: Dolo direto e eventual. Não há a
neste artigo aumentam-se de modalidade culposa.
um terço:
I - se o abandono ocorre em 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: A tentativa não é admitida
lugar ermo; (omissivo próprio)
II - se o agente é ascendente - Criança abandonada: perigo abstrato. – Demais casos:
ou descendente, cônjuge, perigo concreto.
irmão, tutor ou curador da
vítima.
7. Causa de aumento: Preterdolosa.
III ° se a vítima é maior de 60
(sessenta) anos
ART. 136 – MAUS TRATOS
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de
ART. 135 – OMISSÃO DE SOCORRO pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando para fim de educação, ensino, tratamento ou
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança custódia, quer privando-a de alimentação ou
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da de meios de correção ou disciplina:
autoridade pública:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1° - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, grave:
se da omissão resulta lesão corporal de natureza
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
grave, e triplicada, se resulta a morte.
§ 2° - Se resulta a morte:
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória
ou qualquer garantia, bem como o preenchimento Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
prévio de formulários administrativos, como § 3° - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
condição para o atendimento médico-hospitalar praticado contra pessoa menor de 14 (catorze)
emergencial: anos.
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OBS.; DIFERENÇA DA TORTURA CASTIGO 2. SUJEITO ATIVO e PASSIVO: Crime comum – qualquer
MAUS TRATOS TORTURA CASTIGO pessoa.

Art. 136 - Expor a perigo a Art. 1º, II - submeter * Concurso necessário – no mínimo 3 contenedores.
vida ou a saúde de pessoa alguém, sob sua guarda, * O Sujeito ativo também é passivo. Mútuas agressões.
sob sua autoridade, guarda poder ou autoridade, com Outras pessoas que estão assistindo: sujeito passivo.
ou vigilância, para fim de emprego de violência ou
educação, ensino, grave ameaça, a intenso
3. CONDUTA: PARTICIPAR DE TUMULTO
tratamento ou custódia, sofrimento físico ou
quer privando-a de mental, como forma de * Não será rixa se possível identificar grupos opostos.
alimentação ou cuidados aplicar castigo pessoal ou Participação material ou moral.
indispensáveis, quer medida de caráter
sujeitando-a a trabalho preventivo.
4. TIPO SUBJETIVO: dolo de perigo – intenção participar de
excessivo ou inadequado,
uma briga.
quer abusando de meios de
correção ou disciplina Não há modalidade culposa. Não haverá dolo se a intenção
é separar os rixosos.

INTENSIDADE DO SOFRIMENTO
5. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime de mera conduta -
início do conflito. Não há tentativa.
QUESTÃO DE CONCURSO 6. RIXA QUALIFICADA - § ÚNICO. Morte ou lesão corporal.
(MP/SP - 2011) Pratica o crime de omissão de socorro,
previsto no art. 135 do Código Penal:
QUESTÃO DE CONCURSO
(A) aquele que deixar de prestar socorro à vítima ferida,
ainda que levemente, e desde que seja o causador da Com relação ao crime de rixa, descrito no art. 137, caput, do
situação de perigo a título de dolo ou culpa. Código Penal (Participar de rixa, salvo para separar os
contendores), assinale a alternativa incorreta.
(B) aquele que deixar de prestar socorro à vítima em
situação de perigo por ele criada a título de culpa e desde a)É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário.
que não haja risco pessoal. b) Há presunção de perigo, que decorre da simples
(C) aquele que deixar de prestar socorro à vítima em face de existência material da contenda.
uma situação de perigo a que ele deu causa, sem dolo ou c) É possível uma pessoa ser sujeito ativo e passivo do
culpa e desde que não haja risco pessoal. mesmo crime.
(D) aquele que, por imprudência, der causa à situação de d) É infração de forma livre, podendo ser cometida por
perigo, tendo praticado uma conduta típica culposa e que qualquer meio eleito pelo agente.
tenha deixado de atuar sem risco pessoal. e) Quem provoca a rixa por imprudência, sem dela
(E) aquele que der causa a uma situação de perigo, por participar, responde também pelo crime.
meio da chamada culpa consciente, e tiver deixado de GABARITO: E
prestar socorro à vítima por perceber que ela poderia ser
socorrida por terceiros.
4. CRIMES CONTRA A HONRA
ART. 137 – RIXA Art. 138 – CALÚNIA; ART. 139 –
DIFAMAÇÃO; ART. 140 - INJÚRIA
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os
contendores:
- Art. 5º, X, CRFB.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
multa. OBS.: Ofensa perpetrada por meio de imprensa configura
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão crime comum – ADPF n. 130 – A lei de imprensa não foi
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da recepcionada pela Constituição Federal de 1988.
participação na rixa, a pena de detenção, de seis OBS.: Consentimento do ofendido: HONRA – bem
meses a dois anos. disponível. Prévio Consentimento. Exclui o crime.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: INTEGRIDADE FÍSICA
* Crime de perigo abstrato (presumido): simples troca de
agressões.

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I - ART. 138 - CALÚNIA * §1º - QUEM PROPALA OU DIVULGA A FALSA IMPUTAÇÃO


(SUBTIPO DE CALÚNIA).
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime: 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO DIRETO OU EVENTUAL (caput)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa. Intenção de causar dano a vítima. De atingir sua reputação.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa * Não será crime: brincar, aconselhar, narrar fato como
a imputação, a propala ou divulga.
testemunha, corrigir ou defender direito.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
# DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – ART. 339, CP
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: NO MOMENTO QUE A
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
IMPUTAÇÃO CHEGA A CONHECIMENTO DE TERCEIRA
privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível; PESSOA.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas TENTATIVA: por escrito – não chega a terceira pessoa.
indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, 7. EXCEÇÃO DA VERDADE: defesa indireta. Regra.
o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Incidente processual que demanda análise antes do
julgamento do processo principal – nele o caluniador
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: HONRA OBJETIVA DA VÍTIMA pretende provar a veracidade da autoria do fato imputado.
BOM NOME – REPUTAÇÃO DE QUE ALGUÉM GOZA DE Não poderá fazê-lo quando:
GRUPO SOCIAL a) Crime de ação penal privada – o ofendido não foi
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa – não condenado;
exige qualidade pessoal. b) Presidente da República ou chefe de governo
Obs.: Exceto os que possuem inviolabilidade, como estrangeiro;
senadores, deputados (art. 53, CRFB) ou vereadores nos c) Absolvido por sentença irrecorrível.
limites do seu município. * Exceção de notoriedade: art. 523, CPP – o réu prova que
suas afirmações são de domínio público. Amplo
3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. conhecimento público. Também admitida na difamação.
* Desonrado. Menor praticando fato definido como crime
(ato infracional). II - ART. 139 - DIFAMAÇÃO
* Mortos - §2º - os parentes que serão sujeitos passivos. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
* Pessoa Jurídica: ofensivo à sua reputação:
1ªC) No tocante aos crimes ambientais poderá ser vítima e Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
autora de calúnia. Exceção da verdade
2ªC) Não pratica o crime, mas poderá ser responsabilizada Parágrafo único - A exceção da verdade somente
penalmente quando praticada por funcionário seu. se admite se o ofendido é funcionário público e a
ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
OBS.: ART. 341, CP – Auto-acusação falsa – “Art. 341 -
Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: HONRA OBJETIVA DA VÍTIMA
praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a 2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa – não
dois anos, ou multa.” exige qualidade pessoal.
Obs.: Exceto os que possuem inviolabilidade, como
4. CONDUTA: IMPUTAR DETERMINADO FATO CRIMINOSO, senadores, deputados ou vereadores nos limites do seu
sabidamente FALSO. município.

- Meios: PALAVRAS, GESTOS OU ESCRITOS. Simbólico. Obs: ADVOGADOS – no exercício da atividade profissional –
são invioláveis.
- FALSIDADE: QUANTO AO FATO – nunca ocorreu
3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
QUANTO A AUTORIA – fato real, mas não
foi a pessoa imputada. * PESSOA JURÍDICA: a doutrina entende que poderá ser
vítima de difamação (não poderá ser de calúnia ou injúria).
* Falsa imputação de contravenção penal: DIFAMAÇÃO
* Não se pune a difamação contra os mortos.
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4. CONDUTA: IMPUTAR FATO OFENSIVO À REPUTAÇÃO DE 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: HONRA SUBJETIVA DA VÍTIMA
ALGUÉM, desde que não seja criminoso. 2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
* Contravenção penal. * Auto Injúria.
- Meios: PALAVRAS, GESTOS OU ESCRITOS.

3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa QUE COMPREENDA


5. TIPO SUBJETIVO: DOLO – animus diffamandi. AS OFENSAS prolatadas contra ela.
DOLO DIRETO OU EVENTUAL. NÃO ADMITE A MODALIDADE * A pessoa jurídica não tem honra subjetiva.
CULPOSA. * Mortos não são vítimas de injúria.

6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: QUANDO TERCEIRO 4. CONDUTA: OFENDER (insultar) PESSOA DETERMINADA


CONHECER A IMPUTAÇÃO DESONROSA.
Meios: AÇÃO palavras ofensivas, gestos ou sinais OU
Crime formal: consuma-se independente de dano à OMISSÃO.
reputação do imputado.
Emissão de conceitos negativos. Atribuir qualidade
TENTATIVA: forma escrita. negativa.
* Fato indeterminado ≠ fato determinado.
7. EXCEÇÃO DA VERDADE: defesa indireta. EXCEÇÃO. Imputação de fato vago, indeterminado, impreciso será
Incidente processual que demanda análise antes do injúria, para ser calúnia e ou difamação o fato deve ser
julgamento do processo principal – nele o caluniador determinado.
pretende provar a veracidade da autoria do fato imputado.
APENAS SE A OFENSA FOR PROFERIDA CONTRA 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO direto ou eventual.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES
(ART. 139, § ÚNICO) * Não existe a modalidade culposa.

6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: chegada da informação ao


III - ART. 140 - INJÚRIA conhecimento da pessoa à qual o agente queria ofender.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
Tentativa: forma escrita.
dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 7. EXCEÇÃO DA VERDADE E DA NOTORIEDADE: não há
defesa, pois como não há imputação de fato, mas de uma
I - quando o ofendido, de forma reprovável,
provocou diretamente a injúria;
opinião negativa, a exceção da verdade não é admitida. Não
cabe prova da verdade.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de 8. §1º - PROVOCAÇÃO E RETORSÃO – PERDÃO JUDICIAL –
fato, que, por sua natureza ou pelo meio direito subjetivo do acusado.
empregado, se considerem aviltantes:
I – injúria como forma de revide à provocação da vítima;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
além da pena correspondente à violência. II – revidar injúria com outra injúria.
o
§ 3 Se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 9. INJÚRIA REAL: QUALIFICADORA.
condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência: - A violência deve ter o propósito de ofender, ultrajar. Ex.:
Puxão de orelha, cuspir alguém.
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou com 10. INJÚRIA QUALIFICADA PELO PRECONCEITO: ≠ CRIME DE
deficiência: (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023) RACISMO.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e - Injuriar pessoa determinada, crime prescritível, afiançável
multa. (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023) e a ação é pública condicionada.
- Crime de racismo: DISCRIMINAR GRUPOS, imprescritível,
inafiançável e a ação é pública incondicionada.

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IMPORTANTE!!! 2023 condição de pessoa idosa ou com deficiência:


LEI Nº 14.532, DE 11 DE JANEIRO DE 2023: ou portadora de Pena - reclusão, de 1 (um) a
deficiência: 3 (três) anos, e
- Tipificou COMO CRIME DE RACISMO A INJÚRIA RACIAL
- Prever pena de suspensão de direito em caso de racismo Pena - reclusão de um a multa. (Redação dada
praticado no contexto de atividade esportiva ou artística e prever três anos e multa. pela Lei nº 14.532, de 2023)
pena para o racismo religioso e recreativo e para o praticado por
funcionário público.
Lei de racismo (nova redação) Diferença de tratamento
“Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro,
RACISMO INJÚRIA POR
em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.
PRECONCEITO
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
“Art. 2º-A Injuriar alguém, § 3º Se a injúria consiste na
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for
ofendendo-lhe a dignidade utilização de elementos
cometido mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas.”
ou o decoro, em razão de referentes a religião ou à
“Art. 20. § 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for raça, cor, etnia ou condição de pessoa idosa
cometido por intermédio dos meios de comunicação social, de ou com deficiência: Pena -
procedência nacional.
publicação em redes sociais, da rede mundial de computadores ou
Pena: reclusão, de 2 (dois) a reclusão, de 1 (um) a 3
de publicação de qualquer natureza:
5 (cinco) anos, e multa (três) anos, e
........................................................................................................... multa. (Redação dada
§ 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido pela Lei nº 14.532, de 2023)
no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou
culturais destinadas ao público: IMPRESCRITÍVEL PRESCRITÍVEL
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição de INAFIANÇAVEL AFINAÇAVEL
frequência, por 3 (três) anos, a locais destinados a práticas INCONDICIONADA CONDICIONADA A
esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme
REPRESENTAÇÃO
o caso.
§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incorre
nas mesmas penas previstas no caput deste artigo quem obstar, DISPOSIÇÕES COMUNS
impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
práticas religiosas.
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido é cometido:
o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito
I - contra o Presidente da República, ou contra
policial, sob pena de desobediência:
chefe de governo estrangeiro;
“Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas
II - contra funcionário público, em razão de suas
aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando ocorrerem
funções;
em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou
recreação.” III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
“Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão
injúria.
as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando
praticados por funcionário público, conforme definição prevista IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Penal), no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.” IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de
“Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar como 60 (sessenta) anos ou pessoa com deficiência,
discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140
a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, deste Código.
vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante
dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
procedência.” em dobro.
“Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a § 1° - Se o crime é cometido mediante paga ou
vítima dos crimes de racismo deverá estar acompanhada de promessa de recompensa, aplica-se a pena em
advogado ou defensor público.” dobro.
Quadro de atualizações §2º Se o crime é cometido ou divulgado em
quaisquer modalidades das redes sociais da rede
Redação antiga Redação nova mundial de computadores, aplica-se em triplo a
o
§ 3 Se a injúria consiste na § 3º Se a injúria consiste na pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VETO DERRUBADO
utilização de elementos utilização de elementos
referentes a raça, cor, referentes a religião ou à
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
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EXCLUSÃO DO CRIME representação do ofendido, no caso do inciso II do


mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art.
Exclusão do crime
140 deste Código.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação
punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da - INJÚRIA PRECONCEITO: AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA A
causa, pela parte ou por seu procurador; REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, - INJÚRIA REAL COM LESÃO CORPORAL: pública
artística ou científica, salvo quando inequívoca a incondicionada
intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por
funcionário público, em apreciação ou informação JURISPRUDÊNCIA
que preste no cumprimento de dever do ofício. ADI / 4815 (...)
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde
5. Biografia é história. A vida não se desenvolve apenas a
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
publicidade.
partir da soleira da porta de casa.
6. Autorização prévia para biografia constitui censura prévia
particular. O recolhimento de obras é censura judicial, a
A. IMUNIDADE JUDICIÁRIA – INCISO I. substituir a administrativa. O risco é próprio do viver. Erros
B. IMUNIDADE LITERÁRIA, ARTÍSTICA E CIENTÍFICA – corrigem-se segundo o direito, não se coartando liberdades
INCISO II conquistadas. A reparação de danos e o direito de resposta
devem ser exercidos nos termos da lei.
C. IMUNIDADE FUNCIONAL – INCISO III

RETRATAÇÃO 5. CRIMES CONTRA A LIBERDADE


Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se INDIVIDUAL
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
fica isento de pena. ART. 146 – CONSTRANGIMENTO ILEGAL;
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado ART. 147 – AMEAÇA;
tenha praticado a calúnia ou a difamação
utilizando-se de meios de comunicação, a ART. 148 – SEQUESTRO E CÁRCERE
retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, PRIVADO
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
STALKER * INVASÃO DE DISPOSITIVO
MOMENTO: ANTERIOR À SENTENÇA – de 1ª instância; ELETRÔNCIO
CRIMES: CALÚNIA E DIFAMAÇÃO; VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
SINCERO ARREPENDIMENTO – não é suficiente a negativa
ou a confissão; Constrangimento ilegal
DISPENSA CONCORDÂNCIA – extinção de punibilidade; Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga por qualquer outro meio, a capacidade de
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as fazer o que ela não manda:
dá satisfatórias, responde pela ofensa. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
multa.

- Ofensas equívocas: vagas ou de duplo sentido; Aumento de pena


§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em
- O interpelado não pode ser obrigado a prestar os
dobro, quando, para a execução do crime, se
esclarecimentos – designação de nova audiência constitui reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de
constrangimento ilegal; armas.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
somente se procede mediante queixa, salvo correspondentes à violência.
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência
resulta lesão corporal. § 3º - Não se compreendem na disposição deste
artigo:
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição
do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
do art. 141 deste Código, e mediante consentimento do paciente ou de seu

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representante legal, se justificada por iminente ART. 147 – AMEAÇA


perigo de vida;
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE INDIVIDUAL
II - a coação exercida para impedir suicídio.
AMEAÇADA PELA PROMESSA DE REALIZAÇÃO DE UM MAL
INJUSTO GRAVE. Potencialidade Intimidativa.
ART. 146 – CONSTRANGIMENTO ILEGAL
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE INDIVIDUAL DAS 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. *
PESSOAS Funcionário Público

2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. 3. SUJEITO PASSIVO: PESSOA FÍSICA - CERTA E
* Funcionário Público – art. 350 ou Lei 4.898/65 – Abuso de DETERMINADA – CAPAZ DE FATO – de entender o mal
Autoridade prometido. Deve entender o mal – exclui os menores,
ébrios, loucos – pessoa jurídica.

3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. Com Discernimento.


4. CONDUTA: PROMESSA DE CAUSAR MAL INJUSTO E
GRAVE
4. CONDUTA: CONSTRANGER. MEIOS DE EXECUÇÃO:
Crime de ação livre. Ameaça pode ser: explícita, implícita,
VIOLÊNCIA OU direta, indireta, incondicional ou condicional.
GRAVE A AMEAÇA OU * Mal justo (legítimo). E crível.
QUALQUER OUTRO MEIO CAPAZ DE REDUZIR A
RESISTÊNCIA DA VÍTIMA
5. TIPO SUBJETIVO: intenção de amedrontar a vítima.
* Mal justo – legítimo: art. 345, CP Intenção maléfica. Mesmo que não queira produzir o mal
declarado.
5. TIPO SUBJETIVO: dolo + fim específico
(FAZER O QUE A LEI PROÍBE OU DEIXAR DE FAZER O QUE A 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime formal – no
LEI MANDA) momento que a vítima toma conhecimento do mal
prometido – mesmo que este não se concretize. Tentativa;
forma escrita.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: No momento que a vítima
* CDC – art. 71, Lei 8.078/90.
age ou deixa de agir.

TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA CONDICIONADA À


7. CAUSA DE AUMENTO: § 1º - EMPREGO DE ARMA OU
REPRESENTAÇÃO
REUNIÃO DE + 3 PESSOAS
* Arma: potencialidade lesiva. Própria ou Imprópria. Arma
de Brinquedo. Arma desmuniciada. Arma quebrada. ART. 147-A - PERSEGUIÇÃO (STALKING) –
INCLUÍDO PELA LEI 14.132/21
8. EXCLUSÃO DO CRIME: § 3º. Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física
OBS¹: CDC – ART. 71 – COBRANÇA DE DÍVIDAS
ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
OBS²: LEI DE TORTURA – OBTER INFORMAÇÃO, locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
DECLARAÇÃO OU CONFISSÃO perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de
OBS³: ESTATUTO DO IDOSO – ART. 107 – IDOSO 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA multa. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Ameaça § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é
cometido: (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído
causar-lhe mal injusto e grave: pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. II – contra mulher por razões da condição de sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Parágrafo único - Somente se procede mediante
Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
representação.

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III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
ou com o emprego de arma. (Incluído pela Lei
nº 14.132, de 2021)
* Consentimento da vítima – exclui o crime.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem
prejuízo das correspondentes à violência. 4. CONDUTA: PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DE ALGUÉM – POR
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) MEIO DE SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO. Crime de
§ 3º Somente se procede mediante execução livre: violência, grave ameaça ou fraude.
representação. (Incluído pela Lei nº
SEQUESTRO CÁRCERE PRIVADO
14.132, de 2021)
Não há confinado – a vítima Recinto fechado,
tem mobilidade. Ex.: Sítio; enclausurado, confinado.
ART. 147-B – VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA ilha
Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei nº
14.188, de 2021) 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO – intenção de privar a liberdade
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a da vítima (não há fim especial)
prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que * Pela finalidade, poderá ser outro tipo penal, extorsão
vise a degradar ou a controlar suas ações, mediante sequestro.
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Com a privação da
ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde liberdade. Crime permanente.
psicológica e autodeterminação: (Incluído pela Lei nº *Tempo: 1ªC) Irrelevante. 2ªC) Tempo juridicamente
14.188, de 2021) relevante – privação momentânea é tentativa.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa,
se a conduta não constitui crime mais grave.
7. QUALIFICADORAS: §§1º e 2º
Obs.: Fins libidinosos – antigo crime de rapto.
ART. 148 - SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO Obs.: Maus-tratos (privação de alimentos); Detenção
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, (trancada em sala escura e insalubre)
mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos. TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA CONDICIONADA À
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: REPRESENTAÇÃO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
ou companheiro do agente ou maior de 60
(sessenta) anos; ART. 149 - REDUÇÃO DE CONDIÇÃO
II - se o crime é praticado mediante internação da ANÁLOGA A ESCRAVO
vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15
ART. 149-A TRÁFICO DE PESSOAS
(quinze) dias. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
IV - se o crime é praticado contra menor de 18
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a
(dezoito) anos;
condições degradantes de trabalho, quer
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos em razão de dívida contraída com o empregador
ou da natureza da detenção, grave sofrimento ou preposto: (Redação dada pela Lei nº
físico ou moral: 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
da pena correspondente à violência.
(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
ART. 148 – SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO § 1
o
Nas mesmas penas incorre quem:
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE DE IR E VIR (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte
por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. * local de trabalho; (Incluído pela Lei nº
Funcionário Público. 10.803, de 11.12.2003)
II - mantém vigilância ostensiva no local de
trabalho ou se apodera de documentos ou objetos
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pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no INVASÃO DE DISPOSITIVO ELETRÔNICO


local de trabalho. (Incluído pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003) Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso
o alheio, conectado ou não à rede de computadores,
§ 2 A pena é aumentada de metade, se o crime é
com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de
informações sem autorização expressa ou tácita do
11.12.2003)
usuário do dispositivo ou de instalar
I - contra criança ou adolescente; (Incluído vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
religião ou origem. (Incluído pela Lei nº multa. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
10.803, de 11.12.2003) 2021)
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº § 1º Na mesma pena incorre quem produz,
13.344, de 2016) (Vigência) oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, programa de computador com o intuito de permitir
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, a prática da conduta definida no caput.
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela § 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) da invasão resulta prejuízo econômico.
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à (dois terços) se da invasão resulta prejuízo
de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de econômico. (Redação dada pela Lei nº 14.155,
2016) (Vigência) de 2021)

III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; § 3º Se da invasão resultar a obtenção de


(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) conteúdo de comunicações eletrônicas privadas,
segredos comerciais ou industriais, informações
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle
13.344, de 2016) (Vigência) remoto não autorizado do dispositivo invadido:
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
13.344, de 2016) (Vigência) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
multa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
(Vigência) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a multa. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
metade se: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2021)
2016) (Vigência) § 4º Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de
I - o crime for cometido por funcionário público no um a dois terços se houver divulgação,
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê- comercialização ou transmissão a terceiro, a
las; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
(Vigência) (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
II - o crime for cometido contra criança, § 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se
adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; o crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 12.737, de 2012) Vigência
III - o agente se prevalecer de relações de I - Presidente da República, governadores e
parentesco, domésticas, de coabitação, de prefeitos; (Incluído pela Lei nº 12.737, de
hospitalidade, de dependência econômica, de 2012) Vigência
autoridade ou de superioridade hierárquica II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
inerente ao exercício de emprego, cargo ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência) III - Presidente da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal, de Assembleia Legislativa de
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal
território nacional. (Incluído pela Lei nº ou de Câmara Municipal; ou (Incluído pela
13.344, de 2016) (Vigência) Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o IV - dirigente máximo da administração direta e
agente for primário e não integrar organização indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito
criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de Federal. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
2016) (Vigência) 2012) Vigência

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Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o
2012) Vigência crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
somente se procede mediante representação, § 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito)
salvo se o crime é cometido contra a administração anos, se a subtração for de veículo automotor que
pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes venha a ser transportado para outro Estado ou
da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
ou contra empresas concessionárias de serviços 1996)
públicos. § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO dividido em partes no local da subtração.
Art. 155, CP – FURTO (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
/ ART. 156, CP – FURTO DE COISA COMUM § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa isoladamente, possibilitem sua fabricação,
alheia móvel: montagem ou emprego
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. I – FURTO SIMPLES
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é “Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
praticado durante o repouso noturno. alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno anos, e multa”
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena Crime de médio potencial ofensivo (cabe
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a suspensão condicional do processo)
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica
ou qualquer outra que tenha valor econômico.
1. Bem jurídico tutelado: PROPRIEDADE
Furto qualificado 3 Correntes: 1ª só a propriedade (HUNGRIA); 2ª
Propriedade e posse (NORONHA); 3ª Propriedade, posse e
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
detenção legítimas (FRAGOSO) – majoritária
multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa; 2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum), SALVO o
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, proprietário.
escalada ou destreza; - Não existe furto de coisa própria. Mas se furta coisa
III - com emprego de chave falsa; própria em legítima posse de terceiro? Delito de exercício
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. arbitrário das próprias razões (art. 345, CP – Art. 346, CP)
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 - Subtrai coisa alheia pensando ser seu � erro de tipo.
(dez) anos e multa, se houver emprego de * Funcionário público que subtrai coisa pública ou particular
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
em poder da administração � art. 312,§1º - peculato furto –
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
utilizar a facilidade de funcionário – se não é furto simples.
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8
(oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é * Subtrai coerdeiro/condômino/sócio � Art. 156, CP – Furto
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou de coisa comum � furto de menor potencial ofensivo
informático, conectado ou não à rede de (JECRIM); representação da vítima; crime próprio
computadores, com ou sem a violação de
* Com menor: concurso material com o art. 244B, Lei
mecanismo de segurança ou a utilização de
programa malicioso, ou por qualquer outro meio
8069/90 (corrupção de menores)
fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº
14.155, de 2021)
3. Sujeito Passivo: Proprietário, possuidor ou detentor da
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, coisa
considerada a relevância do resultado gravoso:
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) Não importa a caracterização da vítima para caracterizar o
crime de furto.
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
terços), se o crime é praticado mediante a * Ladrão que rouba ladrão: vítima é o real dono
utilização de servidor mantido fora do território
nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

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4. Conduta: SUBTRAÇÃO A) INTENÇÃO, DESDE O INÍCIO,


Apoderamento definitivo. Direito ou indireto. Crime de DE USO MOMENTÂNEO DA
execução livre. COISA SUBTRAÍDA;

Furto Simples Apropriação Indébita B) COISA NÃO CONSUMÍVEL;


FURTO DE USO
Posse vigiada Posse desvigiada C) SUA RESTITUIÇÃO IMEDIATA E
INTEGRAL A VÍTIMA
Obs: Código Militar
5. OBJETO MATERIAL: COISA ALHEIA MÓVEL
* Para usar para fim criminoso? Furto com concurso
A) Coisa: objeto material do delito. Bem economicamente material + outro crime.
apreciável.
* Há furto de uso no âmbito militar.
* Se for de interesse moral? Como uma fotografia? Duas
Correntes: 1ª (HUNGRIA): pode ser crime. 2ª (NUCCI): não é
crime, resolve-se na esfera cível. 7. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
OBS: Arquivo pessoal não tem valor econômico – crime de 7.1 Consumação
extorsão – crime de extorsão – novo tipo, art. 154-A (2012) Teorias:
* Seres Humanos são coisas? Não podem ser objeto de a) Contrec- b) Amotio (ou c) Abaltio: d) Ilatio:
furto. Privação de liberdade pode ser sequestro, cárcere tatio (ou apprehensio): deslocamen local seguro
privado ou extorsão mediante sequestro. contretatio) passa para o to da coisa desejado pelo
* E o morto? O cadáver? Não é objeto material de furto, : poder do agente o agente agente; posse
enquadra no art. 211, CP. Exceto se for destacado para simples � perde a consegue mansa e
alguma finalidade específica (estudantes de medicina) contato do disponibilidade transportar pacífica
(múmia no museu). E os objetos enterrados juntos com o agente e a da coisa, a coisa de
coisa alheia dispensa posse um lugar
cadáver? Majoritariamente considera o art. 210, CP –
mansa e pacífica para o outro
violação de sepultura.
* Sangue em banco de sangue: furto (tecido que não
integre o corpo) NO BRASIL ADOTADA A SEGUNDA CORRENTE: AMOTIO
* Órgãos para fins de transplante: crime específico da lei de Ex.: Doméstica que esconde joia no sofá, mesmo sem sair
transplante (art. 14) de casa.
OBSERVAÇÃO: SÚMULA 582 - Consuma-se o crime de
roubo com a inversão da posse o bem mediante emprego
B) COISA ALHEIA (ELEMENTO NORMATIVO)
de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo
Coisa abandonada ou de ninguém: não são objeto de furto. em seguida à perseguição imediata ao agente e
Coisa perdida: apropriação indébita de coisa achada (art. recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse
169, § único): é alheia, mas não tem subtração. mansa e pacífica ou desvigiada.
Coisa pública de uso comum (água, areia, óculos de
estátua): não são de ninguém, mas se exploradas 7.2. Tentativa
economicamente, como adereços de areia, é furto.
Sim. Crime plurissubsistente. Não consumou por
circunstância alheia a sua vontade.
C) MÓVEL * Vigilância: flagra o ato do furto pelas câmaras não torna
Conceito: coisa que pode ser transportada de um local para por si só o crime impossível � será tentado caso seja preso
o outro, sem perder a identidade. na saída.
* Diferente do conceito civil. Navio é considerado móvel. Com a prisão em flagrante é consumado e não tentado �
flagrante presumido ou ficto
* Subtrair em incêndio, inundação – art. 257, CP
SÚMULA 567 - Sistema de vigilância realizado por
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança
6. Tipo Subjetivo no interior de estabelecimento comercial,
DOLO + VONTADE DE APODERAMENTO DEFINITIVO (animus por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furandi) furto.
* Se o animus for de uso? Furto de uso. Desde que: o uso * Furto famélico � extrema pobreza. Fome --. Não será
for momentâneo; coisa não consumível; e restituição famélico quando furtar cobertor ou medicamento.
imediata e integral a vítima. Excludente de ilicitude: estado de necessidade. Quando não
tinha outros meios.

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A. QUE O FATO SEJA PRATICADO QUANDO A LESÃO DO BEM JURÍDICO É IRRISÓRIA,


PARA MITIGAR A FOME INSIGNIFICANTE. Este princípio tem passado por mudanças
jurisprudências, normalmente o valor insignificante é
B. INEVITABILIDADE DO
próximo de zero, TODAVIA, tem se considerado valor até
COMPORTAMENTO LESIVO
20% do salário mínimo e para reincidentes. Alguns julgados
C. SUBTRAÇÃO DE COISA CAPAZ inclusive, tem reconhecido o furto de bagatela para valores
FURTO FAMÉLICO
DE DIRETAMENTE CONTORNAR A acima dos 20% desde que o fato concreto não se revista de
(ESTADO DE EMERGÊNCIA gravidade diferenciada e o réu seja primário.
NECESSIDADE)
D. INSUFICIÊNCIA DOS RECURSOS
ADQUIRIDOS OU
IV - OBSERVAÇÃO – CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO – FURTO
IMPOSSIBILIDADE DE TRABALHAR
DE ENERGIA ELÉTRICA
“§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
II - FURTO NOTURNO – MAJORANTE DO REPOUSO qualquer outra que tenha valor econômico”
NOTURNO
* Outro valor econômico: energia térmica, nuclear, rádio,
“§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é genética.
praticado durante o repouso noturno”
* Tv a Cabo – Não é equiparado (STF – informativo 623)
- Diferente de qualificadora – trata-se de causa de aumento
* Natureza permanente: flagrante.
de pena.
Duas correntes:
- Passa a ser de grande potencial ofensivo.
1ª não configura, pois a energia se esgota. (Bitencourt)
Repouso noturno: é o período em que a comunidade se
recolhe para o descanso diário. Observa-se o costume da 2ª é furto, pois sinal de televisão é forma de energia (Nucci)
comunidade. FURTO DE ENERGIA ESTELIONATO NO
- Independe de estar habitada (STJ e STF) ELÉTRICA CONSUMO DE ENERGIA
- Abrange a residência e os componentes externos. Não existe contrato com a Medidor de energia
Estabelecimento comercial, prevalece que não, mas o STJ já concessionária
decidiu em contrário, desde que não esteja aberto. Ligação clandestina Há contrato
- Não abrange: via pública; estabelecimento comercial
aberto; e casa com festa.
V - FURTO QUALIFICADO
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
III - FURTO PRIVILEGIADO crime é cometido
“§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 1. ROMPIMENTO OU DESTRUIÇÃO DE OBSTÁCULO
somente a pena de multa” “I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
Requisitos: PRIMARIEDADE (não reincidentes, mesmo subtração da coisa;”
com condenações) - violência sobre o obstáculo � sobre a coisa não incide
PEQUENO VALOR: não ultrapassar o qualificadora, como quebrar o vidro do carro.
salário mínimo na época do crime(não compara com o Por uma questão de equidade, temos jurisprudência
patrimônio da vítima). Diferente da insignificância (valor decidindo que o rompimento de vidro do veículo para a
irrisório e não tem gravidade diferenciada – é irrelevante a subtração de objetos existentes no seu interior não
lesão do bem jurídico tutelado) caracteriza a qualificado. É que, se a violação tivesse sido
* Há furto qualificado privilegiado: feita para a subtração do próprio automóvel, o furto seria
simples. (STJ)
STF não concorda!
SÚMULA 511: É possível o reconhecimento do privilégio
previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de crimes de * Bolsa e canivete – não é qualificadora, pois a bolsa não é
furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade proteção, ou obstáculo. A Doutrina diverge.
do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for * Desativar o alarme – não incide também. * Explodir caixa
de ordem objetiva.” eletrônico é qualificado.
* perícia
OBS: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – FURTO DE
BAGATELA – NÃO HÁ JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL

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2. ABUSO DE CONFIANÇA (INC. II) Ex.: Test drive – Falso comprador some com o veículo –
“Se o crime é cometido mediante abuso de confiança” furto mediante fraude, pois a posse era vigiada; Falso
comprador entrega cheque falso (depósito fraudulento) –
- valer-se da confiança para praticar o crime; estelionato, a posse foi entregue em definitivo.
- não qualificadora relação de emprego ou hospitalidade; Ex.: Cartão clonado – o agente consegue realizar saques no
CRITÉRIOS: caixa eletrônico � é furto qualificado; o agente realiza
A) especial confiança da vítima no agente (relação de saques com o funcionário do banco (ou vendedor da loja),
amizade); digitando a senha da vítima � estelionato (vantagem ilícita
mantendo alguém em erro).
B) Aproveitamento de alguma facilidade decorrente da
Considera furto e não estelionato:
confiança (abuso)
a) agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar caixa
eletrônico, apossa-se de seu cartão, trocando-o por outro;
Ex.: Tesoureiro a quem foi confiado as chaves do cofre pelo
b) agente que simula interesse na compra de veículo e, com
patrão � crime qualificado
o pretexto de testá-lo o subtrai não mais retornando, o
Ex.: Funcionário comum subtrai produtos � crime é simples falso test drive. (jurisprudência divergente);
Ex: Empregado doméstico: trabalha a anos na família c) agente que coloca aparelho de maior valor em
(qualificado); recém-contratado (simples) embalagem de aparelho de menor valor, fraudando o
*Crime cometido pelo empregado: famulato pagamento no caixa – diferente do que substitui as
etiquetas (preço), isso é estelionato;
* Entre Cônjuges ou companheiros: escusas absolutórias
(art. 181, CP)
Ex.: Amigo que tem acesso a casa de outro � se cometido 4. ESCALADA (INC. II)
durante férias o crime é simples. “Se o crime é cometido mediante escalada”
Furto Apropriação Indébita Escalada: todo meio anormal de ingressar em local (túnel ou
Mero contato com a coisa, Posse desvigiada – posse chaminé; saltar muro ou portão; sacada de prédio).
mas não tem a posse da em nome de outrem Jurisprudência: exige que a escalada seja resultado de um
coisa esforço fora do comum.
O Dolo é antecedente (a O Dolo é superveniente à - Não caracteriza qualificadora: mera transposição de
vontade de subtrair ocorre posse obstáculo – saltar muro baixo, janela no térreo, por
antes da posse) exemplo – deverá haver esforço considerável ou utiliza
instrumento auxiliares.
3. EMPREGO DE FRAUDE (INC. II) - Escavação de túnel (Banco Central) – furto qualificado;
“Se o crime é cometido mediante fraude” * Furtos de fios elétricos de altos postes: 2 correntes: 1ª
qualificado por razão de esforço para chegar nos fios; 2ª
Fraude: artifício ou ardil para facilitar a subtração não há qualificadora, pois a finalidade do poste não é
- Objetivo: diminuir a vigilância sobre a coisa proteger os fios.
Ex.: Desliga rede e depois entra na casa como funcionário
da empresa telefônica; 5. DESTREZA (INC. II)
Ex.: Criação de site falso do banco da vítima – Saques via “Se o crime é cometido mediante destreza”
internet – consumação ocorre quando o dinheiro sai da
esfera de disponibilidade Destreza: peculiar habilidade física ou manual que permite
a subtração sem que a vítima perceba.
Furto qualificado Estelionato
pela fraude Ex.: Batedor de carteira

Visa diminuir a A fraude visa fazer com que a Atenção: aplica-se a qualificadora mesmo que terceiros
vigilância da vítima e vítima incida no erro e entregue percebam a ação do agente. Quem não pode perceber é a
possibilitar a espontaneamente o objeto vítima.
subtração * Se a vítima percebe a ação do agente – tentativa de furto
O bem é retirado A posse ou o bem passa para o simples.
sem que a vítima agente de forma bilateral (a * Se terceiro percebe a ação do agente é tentativa de furto
perceba (a posse é vítima concorda) qualificado.
alterada de forma Jurisprudência: condiciona a aplicação da qualificadora à
unilateral) vítima trazer o bem junto ao corpo. Ex.; bolsa na cadeira,
não é destreza.
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6. CHAVE FALSA (INC. III) cruzar o Estado, mas acaba preso, sem que tenha
“Se o crime é cometido com emprego de chave falsa” conseguido a posse tranquila do bem.

Chave falsa: todo o instrumento com ou sem forma de Veículo automotor: carro, motocicleta, van, caminhão,
chave, destinado a abrir fechaduras. Ex.; Canivete, grampo, trator, ônibus, lanche, aeronave. Não inclui somente as
clipe de papel, mixas ou gazuas. peças. Estado: abrange DF.

* Discute-se se ligação direta em automóvel configura * Aquele contratado apenas para o transporte, não tendo
chave falsa. Maj: não é chave falsa. Mas alguns dizem até qualquer participação no delito anterior, responde somente
rompimento de obstáculo. por receptação.

E a chave verdadeira obtida mediante fraude – qualifica? A


chave mestra da camareira. TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA
1ªC (NORONHA). SIM. 2ªC (MAJ) NÃO.
Todavia, cópia da verdadeira feita clandestinamente # FURTO DE COISA COMUM (ART. 156, CP)
qualifica. Não qualifica se o agente usa cópia verdadeira. Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
A tentativa irá acontecer quando inserida a chave, o agente sócio, para si ou para outrem, a quem
não realizar a subtração por “circunstâncias alheias a sua legitimamente a detém, a coisa comum:
vontade”. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
§ 1º - Somente se procede mediante
7. CONCURSO DE PESSOAS (IV) representação.
“Se o crime é praticado mediante concurso de duas ou mais § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
pessoas” fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
Para Hungria (Bittencourt), a qualificadora incide quando 2 direito o agente.
ou + pessoas executam a subtração. Todavia, a maioria
(Damásio) entende que o concurso se dá com a presença 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: Patrimônio – propriedade de
de 2 ou + pessoas concorrendo para o crime, incluindo o coisa comum (pertencentes a várias pessoas, inclusive o
partícipe. sujeito ativo). * Objeto tutelado: coisa comum móvel.
* Menor comparsa: conta como concurso, incidindo a * Diferente do art. 155, a coisa não é alheia, mas comum.
qualificadora. Necessita apenas que se prove que havia
outras pessoas envolvidas.
* Quadrilha: NÃO INCIDE, pois seria bis in idem. Furto + 2. SUJEITO ATIVO: crime próprio, condômino, coerdeiro ou
quadrilha ou bando(≠roubo). Todavia, deve ser quadrilha sócio.
previamente organizada, pois há inúmeros julgados Ponto divergente: sócio de sociedade com personalidade
cumulando quando o grupo se reuniu depois. (Questão jurídica que subtrai de empresa.
divergente) 1ªC (HUNGRIA): ADMITE 2ªC (NORONHA): não admite,
responde pelo art. 155,CP.
VI - FURTO QUALIFICADO PELO TRANSPORTE DE VEÍCULO
AUTOMOTOR (§5º) 3. SUJEITO PASSIVO: quem detém a coisa legitimamente,
“A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for como o sócio, co herdeiro, condômino ou terceiro qualquer.
de veículo automotor que venha a ser transportado para Se a detenção for ilegítima, o fato é atípico.
outro Estado ou para o exterior.”
* Para incidir a qualificadora, não basta a intenção, sendo 4. CONDUTA: subtrair coisa comum – que está na posse de
indispensável que o veículo ultrapasse os limites do Estado outrem.
ou do país.
* Se o agente subtrai o carro em um dia. E no dia seguinte
quando visava transportá-lo foi preso em flagrante. Qual 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO
crime o agente responde? FURTO SIMPLES CONSUMADO. * No caso de agente subtrair coisa comum pensando ser
Não É tentado porque como ele será tentado, se ele já foi alheia? Será crime do art. 156, CP
consumado. Pois para ser consumado precisa ultrapassar, * No caso do agente subtrair coisa comum em sua posse é
não basta a intenção. apropriação indébita.
A tentativa só será possível se o agente próximo da divisa
subtrai o veículo e imediatamente foi perseguido, vindo a 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: retirada da coisa na esfera
de posse e disponibilidade da vítima (divergente).
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* EXCLUSÃO DA ILICITUDE - §2º - COISA FUNGÍVEL. Direito Penal. Inclusive, consta dos autos que o paciente,
Quadro explicativo (Fonte: CUNHA, 2013) após ter tentado subtrair outros itens por diversas vezes no
mesmo estabelecimento comercial, teria sido advertido de
Qualidade do bem móvel Consequências que, se houvesse outra tentativa, a Polícia Militar seria
Fungível Excede a quota a Há crime acionada. Por fim, diante da ausência de flagrante
que tem direito ilegalidade suportada pelo paciente apta a viabilizar a
análise da matéria no mandamus, foi mantido o regime
Fungível Não excede a Não há crime
prisional semiaberto. Precedente citado do STF: HC 84.412-
quota a que tem
SP, DJ 19/11/2004. HC 181.138-MG, Rel. Min. Gilson Dipp,
direito
julgado em 8/11/2011.
Infungível Excede a quota a Há crime
que tem direito
POLICIAL MILITAR. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA.
Infungível Não excede a Há crime
quota a que tem Na espécie, o paciente, policial militar, foi preso em
direito flagrante, quando supostamente furtava certa quantidade
de gasolina de uma viatura oficial da Polícia Militar para
* Pena até dois anos, menor potencial ofensivo, JECRIM.
veículo de propriedade dele, sendo denunciado como
incurso no art. 240, §§ 4º e 6º, II, do CPM. No writ, busca-se
TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA CONDICIONADA À o reconhecimento da atipicidade da conduta ante a
REPRESENTAÇÃO aplicação do princípio da insignificância. A Turma entendeu
não ser possível aplicar o princípio da insignificância à
hipótese, visto não estarem presentes todos os requisitos
JURISPRUDÊNCIA COMPLEMENTAR necessários para tal (mínima ofensividade da conduta,
FURTO SIMPLES. CRIME IMPOSSÍVEL. SISTEMA nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau
ELETRÔNICO DE VIGILÂNCIA. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. de reprovação do comportamento e inexpressividade da
RES FURTIVA. VALOR IRRISÓRIO. lesão jurídica provocada). Ressaltou-se o alto grau de
reprovação na conduta do paciente, pois o policial militar,
A Turma, cassando a liminar deferida, denegou a ordem na
aos olhos da sociedade, representa confiança e segurança,
qual se pretendia o reconhecimento da ocorrência de crime
exigindo-se dele um comportamento adequado, dentro do
impossível ou absolvição do paciente pela aplicação direta
que ela considera ser correto do ponto de vista ético e
do princípio da insignificância e, subsidiariamente, a
moral. Dessa forma, apesar de a vantagem patrimonial
alteração do regime inicial de cumprimento da pena. Na
subtraída circunscrever-se a um valor que aparentemente
espécie, o paciente foi condenado, pelo delito descrito no
não é muito expressivo, o paciente era policial militar,
art. 155, caput, do Código Penal (CP), à pena de três anos e
profissão em que se espera um comportamento bem
quatro meses de reclusão em regime semiaberto.
diverso daquele adotado na espécie. Assim, denegou-se a
Inicialmente, ressaltou o Min. Relator a posição firmada
ordem. Precedentes citados: HC 192.242-MG, DJe
neste Superior Tribunal em diversos precedentes de que a
4/4/2011; HC 146.656-SC, DJe 1º/2/2010, e HC 83.027-PE,
presença de sistema eletrônico de vigilância no
DJe 1º/12/2008. HC 160.435-RJ, Rel. Min. Og Fernandes,
estabelecimento comercial não se mostra infalível para
julgado 14/2/2012.
impedir a consumação dos delitos de furto. Logo, não seria
o caso do reconhecimento da figura do crime impossível.
Em seguida, destacou que, para a exclusão da tipicidade FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
material pela aplicação do princípio da insignificância, como
In casu, trata-se da tentativa de furto de quatro saquinhos
consabido, seria necessária a apreciação dos seguintes
de suco, quatro pedaços de picanha e um frasco de
requisitos: a mínima ofensividade da conduta do agente,
fermento em pó, avaliados no total de R$ 206,44. Após o
nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de
voto do Min. Relator denegando a ordem, verificou-se
reprovação do comportamento e a inexpressividade da
empate na votação, prevalecendo a decisão mais favorável
lesão jurídica provocada. Ponderou, dessa forma, que a
ao réu. Dessa forma, a Turma concedeu a ordem nos
suposta inexpressividade da lesão jurídica provocada,
termos do voto da Min. Maria Thereza de Assis Moura, em
configurada pela pequena lesão causada ao patrimônio da
razão da incidência do princípio da insignificância ante a
vítima, não deve ser utilizada como único parâmetro para
ausência de lesividade da conduta, em especial diante da
aplicação do aludido princípio sob pena de relativizar o
capacidade econômica da vítima, que seria uma rede de
direito de propriedade, bem como estimular a prática
supermercados, e em razão da restituição dos bens. HC
reiterada de furtos de bens pequeno valor. Considerou,
169.029-RS. Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel.
ademais, que o crime tratado nos autos não representa fato
para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
isolado na vida do paciente, razão pela qual a sua conduta
em 16/2/2012.
não deve ser tida como penalmente irrelevante, mas
comportamento altamente reprovável a ser combatido pelo

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()QUALIFICADORAS rompimento de obstáculo


Art. 157, ROUBO mediante o emprego de
explosivo ou de artefato
Art. 157 - Subtrair coisa Art. 157 - Subtrair coisa móvel análogo que cause perigo
móvel alheia, para si ou alheia, para si ou para outrem, comum.
para outrem, mediante mediante grave ameaça ou § 2º-B. Se a violência ou grave
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois ameaça é exercida com
violência à pessoa, ou de havê-la, por qualquer meio, emprego de arma de fogo de
depois de havê-la, por reduzido à impossibilidade de uso restrito ou proibido, aplica-
qualquer meio, reduzido à resistência: se em dobro a pena prevista no
impossibilidade de Pena - reclusão, de quatro a caput deste artigo.
resistência: (SIMPLES - dez anos, e multa. § 3º Se da violência resulta:
PRÓPRIO)
§ 1º - Na mesma pena incorre I – lesão corporal grave, a pena
Pena - reclusão, de quem, logo depois de subtraída é de reclusão de 7 (sete) a 18
quatro a dez anos, e a coisa, emprega violência (dezoito) anos, e multa;
multa. contra pessoa ou grave II – morte, a pena é de reclusão
§ 1º - Na mesma pena ameaça, a fim de assegurar a de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
incorre quem, logo depois impunidade do crime ou a e multa.
de subtraída a coisa, detenção da coisa para si ou
emprega violência contra para terceiro.
pessoa ou grave ameaça, § 2º A pena aumenta-se de I – ROUBO SIMPLES (Art. 157, caput e §1º)
a fim de assegurar a 1/3 (um terço) até metade: 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO + LIBERDADE
impunidade do crime ou a
I – (revogado) ; INDIVIDUAL
detenção da coisa para si
ou para terceiro. II - se há o concurso de duas ou Crime complexo: → Art.155,CP - Furto
(SIMPLES - IMPRÓPRIO) mais pessoas; (2 TIPOS PENAIS) → Art. 146,CP – Constrangimento ilegal
§ 2º - A pena aumenta-se III - se a vítima está em serviço Crime pluriofensivo (liberdade individual, integridade física,
de um terço até metade: de transporte de valores e o vida)
I - se a violência ou ameaça agente conhece tal
é exercida com emprego de circunstância.
2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa –
arma; IV - se a subtração for de
menos o proprietário do objeto.
II - se há o concurso de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro No caso de coisa própria, o crime será do art. 345,CP.
duas ou mais pessoas;
Estado ou para o exterior;
III - se a vítima está em
serviço de transporte de V - se o agente mantém a 3. SUJEITO PASSIVO: PROPRIETÁRIO, POSSUIDOR,
valores e o agente vítima em seu poder, DETENTOR + TERCEIRO A QUEM DIRIGE A VIOLÊNCIA.
conhece tal circunstância. restringindo sua liberdade. É PROPRIETÁRIO, POSSUIDOR OU MERO DETENTOR DA
(Incluído pela Lei nº 9.426, de COISA, PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA, BEM COMO A PESSOA
IV - se a subtração for de 1996)
veículo automotor que CONTRA QUEM SE DIRIGE A VIOLÊNCIA OU GRAVE
venha a ser transportado VI – se a subtração for de AMEAÇA, AINDA QUE NÃO TENHA PREJUÍZO PATRIMONIAL.
para outro Estado ou para substâncias explosivas ou de Ex.: Pedro (dono do carro) e Maria são assaltados com grave
o exterior; acessórios que, conjunta ou
ameaça, levando o carro. Ambos são vítimas.
isoladamente, possibilitem sua
V - se o agente mantém a fabricação, montagem ou
vítima em seu poder, emprego. 4. CONDUTA
restringindo sua
liberdade. VII - se a violência ou grave Subtrair (coisa alheia) + finalidade especial de ter para si +
ameaça é exercida com emprego da violência ou grave ameaça
§ 3º Se da violência emprego de arma branca;
resulta lesão corporal ART. 157, caput → ROUBO PRÓPRIO;
grave, a pena é de § 2º-A A pena aumenta-se de ART. 157, §1º → ROUBO IMPRÓPRIO (ou roubo por
reclusão, de sete a quinze 2/3 (dois terços): aproximação);
anos, além da multa; se I – se a violência ou ameaça é A) ROUBO PRÓPRIO x ROUBO IMPRÓPRIO
resulta morte, a reclusão é exercida com emprego de
de vinte a trinta anos, sem arma de fogo;
prejuízo da multa. II – se há destruição ou

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ROUBO PRÓPRIO qualificado. Como se VERÁ a seguir o simulacro de arma e a


arma de brinquedo constitui grave a ameaça.
CONDUTAS ANTECEDENTES CONDUTA
SUBSEQUENTE * A abordagem agressiva, gritando assalto, constitui o
VIOLÊNCIA; → SUBTRAÇÃO
roubo. O arrocho, mesmo sem arma.
GRAVE AMEAÇA; c) qualquer outro meio que reduza a vítima: chamada de
violência imprópria. O agente subjuga a vítima sem o
QUALQUER OUTRO MEIO (“boa noite
emprego de violência ou grave ameaça. Ex.: Sonífero, boa
cinderela”) – violência imprópria;
noite cinderela, hipnose.
* Se a própria vítima que se coloca na posição que
ROUBO IMPRÓPRIO incapacite a resistência (ela mesmo toma soníferos, está
CONDUTAS ANTECEDENTES CONDUTA SUBSEQUENTE dormindo,), a eventual subtração será crime de furto. O
Agente que deve empregar o recurso para caracterizar o
SUBTRAÇÃO → VIOLÊNCIA;
roubo.
GRAVE AMEAÇA
*para assegurar a impunidade
do crime ou detenção da coisa 5. TIPO SUBJETIVO
ROUBO PRÓPRIO: DOLO + FIM ESPECIAL (OBTENÇÃO DA
COISA OU PARA OUTREM)
* Roubo impróprio: é um furto que se transforma em
roubo. Não existe a violência imprópria. É indispensável o ROUBO IMPRÓPRIO: DOLO + FIM ESPECIAL (ASSEGURAR A
prévio apoderamento da coisa. IMPUNIDADE DO CRIME OU A DETENÇÃO DA COISA
SUBTRAÍDA)
Ex¹: Agente, mediante grave ameaça, subtraiu a carteira da
vítima. ROUBO PRÓPRIO. * Roubo de uso é típico?

Ex²: Agente, depois de apoderar-se da coisa, é surpreendido 1ªC) É CRIME (STJ e STF) Não reconhece a existência de uso
pelo proprietário, momento em que emprega violência, como hipótese de atipicidade.
para assegurar a impunidade do crime. ROUBO IMPRÓPRIO. 2ªC) Não é crime de roubo, caracteriza apenas
Ex³: Agente, quando ia apoderar-se da coisa visada, é constrangimento ilegal (GRECO). Para ele, como o roubo é
surpreendido pelo proprietário, empregando a violência formado por furto e constrangimento ilegal, se não tem o
para assegurar a impunidade. TENTATIVA DE FURTO + furto, sobra o constrangimento. Menor Potencial Ofensivo.
LESÃO CORPORAL.
OBS.: A jurisprudência não reconhece o princípio da 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
insignificância no delito de roubo. ROUBO PRÓPRIO: consuma-se com o apoderamento
mediante violência ou grave ameaça (dispensa a posse
a) violência: emprego de força física ou ato agressivo contra mansa ou pacífica) – STJ e STF.
a pessoa (não contra a coisa), basta a lesão leve ou as vias Basta que sai da esfera de vigilância da vítima. Poder de
de fato. Obs.: Se a violência for o disparo de arma de fogo disposição da vítima.
com intenção de matar, responde por latrocínio. O STF, no julgamento do HC 104593, decidiu que o crime de
* Trombada? A trombada para desequilibrar a vítima, será roubo, em regra, independe da posse mansa da coisa; tese
uma espécie de violência. Se apenas encosta na vítima para inaplicável nas hipóteses em que a ação dos agentes é
abrir a bolsa e subtraiu a carteira, furto qualificado pela monitorada pela polícia que, obstando a possibilidade de
destreza. fuga, frustra a consumação, reconhecendo, no caso,
* Arrebatamento? Arrancar colar (ou outro objeto que tentativa.
envolve parte do corpo da vítima) lesionando o pescoço da Lembrete - Súmula 567 “Sistema de vigilância realizado por
vítima – crime de roubo. Arrebentou a alça da bolsa fazendo monitoramento eletrônico ou por existência de segurança
a vítima cair. Mas no caso da bolsa estar nas mãos da vítima no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
(≠ envolver parte do corpo) e a gente puxa e sai correndo é torna impossível a configuração do crime de furto.”
crime de furto (arrebatamento de surpresa). Admite tentativa. Emprega a violência ou a grave ameaça e
não consegue se apoderar dos bens visados. Ex.; Vítima que
b) grave ameaça: promessa de mal futuro grave - coação após ter a arma apontada, acelera o carro e foge.
psicológica, promessa de causar um mal injusto, grave e ROUBO IMPRÓPRIO: consuma-se com o apoderamento
possível. Pode ser ameaça de morte, lesão ou violência seguido de violência ou grave ameaça.
sexual contra a vítima ou terceiro. Superioridade numérica E a tentativa? Não é pacífico.
não serve para caracterizar grave ameaça, trata-se de furto

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1ªC) Não admite tentativa, pois ou a violência é empregada # Arma desmuniciada: com o cancelamento da súmula
e tem-se a consumação ou não é empregada e o que se reforçou a tese de que arma desmuniciada também majora
apresenta é o crime de furto. (HUNGRIA, DAMÁSIO) a pena do roubo. Pois também NÃO TEM POTENCIALIDADE
Doutrina Clássica. (STJ) LESIVA. Também não transforma o perigo em dano.
2ªC) É possível a tentativa, figurando como exemplo a Configura roubo não majorado.
hipótese em que o agente, após apoderar-se do bem tenta
empregar violência ou grave ameaça para assegurar a posse # Arma quebrada incapaz de efetuar disparo: mesmas
da coisa ou a impunidade. (FRAGOSO, MIRABETE) Doutrina razões anteriores – não reconhece a majorante.
moderna.
* É imprescindível a apreensão e perícia da arma para que
Se ele não consegue se apoderar do bem e emprega incida a majorante?
violência para fugir. É tentativa de furto em concurso
material com lesão corporal. 1ªC) É indispensável aferir o perigo de lesão. Tendo em
vista que tenho que aferir a presença da potencialidade
lesiva do dano. É coerente com o cancelamento da súmula
II - CAUSA DE AUMENTO DO ROUBO (§2º) 174, STJ. Tem-se que realizar a perícia para aferir a
Majorantes de pena (≠ qualificadora). Aumenta de 1/3 até potencialidade lesiva.
metade.
Súmula 443 (STJ)- O aumento na terceira fase de aplicação “A falta de exame pericial de eficiência não invalida a
da pena no crime de roubo circunstanciado exige incidência da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I,
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua do Código Penal quando outros elementos comprovemsua
exasperação a mera indicação do número de majorantes. utilização.” (STJ - 2016) “Não se mostra necessária a
apreensão e perícia da arma de fogo empregada no roubo
para comprovar seu potencial lesivo, visto que tal qualidade
OBSERVAÇÕES integra a própria natureza do artefato” (STF - 2015)
*É necessário o emprego efetivo da arma ou basta a porte
ostensivo?
2ªC) Dispensável – bastando qualquer prova que o agente
1ªC) É necessário o emprego efetivo da arma, sem utilizou arma no roubo (STJ e STF - prevalece). Neste caso, o
insuficiente o simples portar (Bitencourt)(DP). STF entende que ônus da prova ao acusado, ele que deve
2ªC) É suficiente para a caracterização da majorante que o provar que a arma que ele utilizou não tinha potencialidade
sujeito ativo porte arma ostensivamente. (Prado) (MP). lesiva.
Todavia, sem a exibição da arma não existe emprego de
arma. (Jurisprudência). # Quadrilha armada (art.288, §único) + roubo com porte de
Arma incapaz de efetuar disparos. arma em concurso material. Firmou-se entendimento no
STF de ser possível a cumulação da majorante do roubo
mediante emprego de arma e a qualificadora da quadrilha
# Simulação de arma: não constitui emprego de arma. É armada, pois são infrações independentes protegendo cada
quando o agente mente que está armado (verbalmente, qual bens jurídicos próprios. (NUCCI defende que é bis in
encosta os dedos). Os tribunais superiores entendem que é idem). O STF alerta que a quadrilha armada não absorve as
apto apenas para configurar a grave ameaça. majorantes, pois o grupo armado pode cometer um roubo
sem armas.
#Arma de brinquedo: não transforma o perigo no dano. STJ
cancelou a súmula 174, pois a arma de brinquedo apesar de # Crime de porte ilegal de arma de fogo. Apesar de a
gerar o mesmo temor gerado pela arma verdadeira, jamais doutrina entender que o agente deveria responder pelos
transformará o perigo em dano. Gera temor, mas não gera dois crimes, considera o crime de porte ilegal, crime-meio.
dano. Assim, arma de brinquedo configura roubo não
majorado. NÃO TEM A POTENCIALIDADE LESIVA DA
CONDUTA. 2. CONCURSO DE PESSOAS (II)
Hungria defende o aumento de pena decorrente da Art. 155, §4º, IV, CP – causa de aumento de pena.
situação de facilidade que o ladrão encontra ao dominar a Os partícipes, eventuais inimputáveis ou agentes não
vítima. identificados são computados para aplicar a majorante.
(inclusive o menor)
Súmula 174 - NO CRIME DE ROUBO, A INTIMIDAÇÃO FEITA Quadrilha e bando + roubo majorado pelo concurso de
COM ARMA DE BRINQUEDO AUTORIZA O AUMENTO DA agentes: de acordo com o STF não caracteriza bis in idem a
PENA. (*) CANCELADA condenação do réu pelos crimes acima descritos, pois são

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infrações independentes protegendo cada qual bem - Aumento da pena: 1/3 até metade. Critério: 1ªC) a
jurídicos distintos. NUCCI – bis in idem. pluralidade de majorantes faz com que o aumento se
aproxime do máximo. 2ªC) a gravidade da majorante
orienta o aumento; quanto mais grave o crime em razão das
3. VÍTIMA EM SERVIÇO DE TRANSPORTE DE VALORES majorantes, mais perto do máximo, no caso valora-se as
Em serviço: prestando serviço para outrem. Não incide majorantes e não conta (quantidade).
quando é o proprietário dos valores. A vítima deve estar a Súmula 443, STJ – “O aumento na terceira fase de
trabalho e nunca para fins particulares. Inclui inclusive aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
motoboys. fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua
Valores: 1ªC) limita aos valores bancários. exasperação a mera indicação do número de majorantes”
2ª C) qualquer transporte de valores (prevalece) Ex.: Roubo com emprego de arma de fogo. 1ªC) uma
– ex.; carga de remédios; carga viva; carga de cigarros; carga majorante, fica perto no mínimo. 2ªC) se for um
de cerveja; etc. metralhadora, perto do máximo.
Finalidade: bancos, joalherias → lucro geralmente elevado.
O agente deve ter plena ciência de que está roubando III – ROUBO QUALIFICADO (§3º)
alguém que está serviço de transporte de valores, não há Se da violência resulta LESÃO GRAVE
dolo eventual. Evita a responsabilidade penal objetiva.
MORTE(LATROCÍNIO - HEDIONDO)

4. TRANSPORTE DE VEÍCULO ROUBADO PARA OUTRO


ESTADO OU PAÍS # Considerações gerais:

Ver art. 155, §5º, CP. a) o resultado qualificador pode decorrer de dolo ou culpa
(delito preterdoloso).
Obs.: Se a intenção era matar, mas a vítima sobrevive –
5. RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA tentativa de latrocínio e não de furto qualificado por lesão
“V – se o agente mantém a vítima em seu poder, corporal grave. (estudo sobre a consumação a seguir).
restringindo sua liberdade” Situações (GONÇALVES, 2013):
Art. 157, §2º, IV – Art. 157 c/c art. 148, CP 1. Emprega a violência querendo matar a vítima,
Aumento de pena – roubo com sequestro. resultado morte: responde por latrocínio consumado;
Se a restrição da Se a restrição da 2. Emprega violência sem intenção de matar a vítima,
liberdade for necessária liberdade for culposamente, resultado morte: responde por
para o sucesso da desnecessária. latrocínio consumado. (crime preterdoloso);
empreitada. Ex.: Colocar a vítima no 3. Emprega violência com intenção de causar lesão grave,
Ex.; trancar a vítima num porta-malas do carro e resultado lesão: responde por roubo qualificado por
cômodo para garantir conduzi-la horas pela lesão grave;
eficiente fuga.* cidade.
4. Emprega violência sem intenção de causar lesão grave,
RESTRIÇÃO PRIVAÇÃO culposamente, resultado lesão grave: responde por
ROUBO majorado ELEMENTAR DO CRIME roubo qualificado por lesão grave;
DE SEQUESTRO 5. Emprega violência com intenção de matar, resultado,
Por poucos minutos. Mais duradoura – vive: tentativa de latrocínio, ainda que a lesão seja
Intervalo pequeno. mantida por tempo grave.
juridicamente relevante
b) “se dá violência...” - não há a qualificadora quando
resultado decorre do emprego de grave ameaça – se o
* Para alguns doutrinadores, exige-se que o agente
resultado ocorrer – será roubo + homicídio.
mantenha a vítima em seu poder. Assim no exemplo em
questão, dependendo do tempo em que a vítima fique
presa, será sequestro (+roubo) ou entra como c) é necessário que o resultado decorra de violência
circunstâncias do artigo 59, CP. empregada: durante o assalto (fator tempo) e em razão do
* requisitos: a) a restrição é meio para a execução do assalto (fator nexo).
roubo; b) a privação é garantia em benefício do agente OBS¹: Duas semanas após o assalto, o assaltante mata o
contra ação policial; c) vítima da privação e do roubo gerente do estabelecimento vítima para garantir a
* Roubo + sequestro : a privação ocorre depois do roubo. impunidade do crime. Responde por roubo (não

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qualificado) em concurso material com o homicídio - Havendo pluralidade de mortes E uma só subtração.
qualificado pela conexão consequencial. 1ªC) A pluralidade de mortes, no mesmo contexto fático
OBS²: Se decorrente da grave ameaça com emprego de não desnatura a unidade do crime (o número de mortes
arma de fogo há o resultado morte – responde por roubo serve apenas na fixação da pena) – CRIME ÚNICO -
agravado + homicídio culposo. Bitencourt – majoritária – seria dois latrocínios se houvesse
OBS³: Agente rouba o carro, mantém vítima ao seu lado, 2 mortes e 2 subtrações;
por uma imprudência prova acidente do qual a vítima 2ªC) Aplica-se o concurso formal impróprio entre os delitos
morre – responde por roubo com concurso material de latrocínio quando ocorrem dois ou mais resultados
homicídio culposo na direção de veículo (art. 302, CTB), pois mortes, ainda que uma só subtração (STJ – Resp
a morte não foi em decorrência da violência intencional. 1.164.935/MT)

d) as causas de aumento não incidem no roubo qualificado MAPAS MENTAIS: INFORMAÇÕES IMPORTANTES
– servem somente como circunstâncias judiciais I. ARMA INCAPAZ DE EFETUAR DISPAROS
desfavoráveis. As penas qualificadas já são muito altas.
4.1 Lesão corporal – art. 129, §§1º e 2º, CP.
A lesão leve fica absorvida pelo roubo.
4.2 Latrocínio – considerações especiais
- Crime contra o patrimônio qualificado com a morte. O fim
é o patrimônio, o meio é a morte. Não é julgado pelo Júri.
Súmula 603, STF – “a competência para o processo e
julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal
do Júri”.
* Se a intenção do agente é a morte da vítima, resolvendo
depois atacar o patrimônio. Homicídio seguido de furto.
Caso: Júri.
Ex.: Suzane Richthofen – agente mata o pai e
posteriormente simula que lados entraram na casa,
subtraindo bens do local. Responde por Homicídio.
- CONSUMAÇÃO – crime complexo – VIDA + PATRIMÔNIO
SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO
TENTADA TENTADA TENTADO
CONSUMADA CONSUMADA CONSUMADO
CONSUMADA TENTADA TENTADO
TENTADA CONSUMADA CONSUMADO*
* S. 610, STF – “há crime de latrocínio, quando o homicídio
se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de
bens da vítima “.
OBS.: Art. 14, I – “todos os elementos de sua definição
legal” - Rogério Greco ensina que a súmula 610 não observa
o conceito de crime consumado do artigo 14, I, CP. Atenção,
II. PERÍCIA NA ARMA (DESNECESSIDADE)
o STF afastou a incidência da súmula, no caso de
consumação do roubo e tentativa no homicídio – para a APREENSÃO E PERÍCIA DE ARMA DE FOGO.
corte não se trata de latrocínio tentado, pois o crime-fim é POTENCIALIDADE LESIVA. PRESCINDIBILIDADE. SÚMULA
o roubo, assim seria concurso material de roubo 83/STJ. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO PARA CONHECER
consumado com homicídio tentado. (Inf. 520/2008). Tento DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, NEGANDO-LHE
inclusive recentemente (2013), firmado entendimento que PROVIMENTO. (...)
a tentativa de latrocínio inexiste no ordenamento jurídico, 4. Para o reconhecimento da majorante prevista no art.
pois trata de ficção jurídica que conflita com o preceito legal 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, mostra-se dispensável a
que exige o resultado morte. (Jurisprudência ao final do apreensão da arma de fogo e a realização de exame pericial
material) para atestar a sua potencialidade lesiva quando presentes
- Crime hediondo (Lei 8072/90) – consumado ou tentado. outros elementos que atestem o seu efetivo emprego na

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prática delitiva. Súmula 83/STJ. AgRg no AREsp 1617926 / paciente. Asseverou-se que o latrocínio constitui delito
SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO complexo, em que o crime-fim é o roubo, não passando o
ESPECIAL 2019/0334215-9 – 05/03/2020) homicídio de crime-meio. Desse modo, salientou-se que a
doutrina divide-se quanto à correta tipificação dos fatos na
hipótese de consumação do crime-fim (roubo) e de
III. ROUBO (EXPLOSIVO): tentativa do crime-meio (homicídio), a saber: a)
EMPREGO OBJETO DO ROUBO classificação como roubo qualificado pelo resultado,
quando ocorra lesão corporal grave; b) classificação como
§ 2º-A A pena aumenta-se § 2º A pena aumenta-se de
latrocínio tentado; c) classificação como homicídio
de 2/3 (dois terços): II – se 1/3 (um terço) até metade: VI
qualificado, na forma tentada, em concurso material com o
há destruição ou – se a subtração for de
roubo qualificado. Enfatizou-se, contudo, que tais situações
rompimento de obstáculo substâncias explosivas ou de
seriam distintas daquela prevista no Enunciado 610 da
mediante o emprego de acessórios que, conjunta ou
Súmula do STF ("Há crime de latrocínio, quando o homicídio
explosivo ou de artefato isoladamente, possibilitem
se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de
análogo que cause perigo sua fabricação, montagem ou
bens da vítima.") e que as decisões impugnadas aderiram à
comum emprego.
tese de que as circunstâncias dos fatos evidenciaram o
 Ex: Caixa eletrônico  Independente de utilização animus necandi dos agentes, caracterizando, por isso,
tentativa de latrocínio. Esclareceu-se, ainda, que esta Corte
possui entendimento no sentido de não ser possível
IV. CRIME HEDIONDO
punição por tentativa de latrocínio, quando o homicídio não
o
Art. 1 São considerados hediondos os seguintes se realiza, e que é necessário o exame sobre a existência de
o
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n 2.848, dolo homicida do agente, para, presente esse ânimo, dar-se
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
por caracterizado concurso material entre homicídio
consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
tentado e roubo consumado.
HC 91585/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 16.9.2008. (HC-91585)
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, inciso V); Informativo 694 (2013) HC e latrocínio tentado
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo Ante a inadequação da via eleita, a 1ª Turma, por maioria,
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma julgou extinto habeas corpus em que se pleiteava a
de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º- estipulação da pena do paciente de acordo com a primeira
B); parte do § 3º do art. 157 do CP (“Art. 157 - Subtrair coisa
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ou morte (art. 157, § 3º); ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
de artefato análogo que cause perigo comum (art. Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ... § 3º Se da
155, § 4º-A). violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão,
de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa”).
TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA
Na espécie, trata-se de condenado com fulcro no art. 157, §
3º, c/c art. 14, II, ambos do CP, por decisão transitada em
JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA julgado. Esclareceu-se que se buscava o enquadramento
jurídico da conduta a ele imputada como crime de roubo
INFORMATIVO 520 (2008) – Adequação Típica: Roubo
seguido de lesão corporal de natureza grave — e não
Consumado e Homicídio Tentado - 1
tentativa de latrocínio —, com nova fixação da pena-base,
A Turma deferiu, parcialmente, habeas corpus para cassar pois a vítima sobrevivera. Rejeitou-se eventual concessão
sentença de 1º grau que condenara o paciente por da ordem de ofício. Assentou-se não ser possível enfrentar
latrocínio tentado (CP, art. 157, § 3º, in fine, c/c art. 14, II). ponderação de circunstâncias fático-probatórias em writ
Na espécie, embora consumado o roubo, da violência para verificar como teria ocorrido o delito. O Min. Luiz Fux
praticada não resultara morte, mas lesão corporal de acentuou estar caracterizada a tentativa de tirar a vida da
natureza grave numa das vítimas. A defesa reiterava a vítima, que não se teria consumado por motivos alheios à
alegação de que a capitulação dada ao fato seria vontade do paciente. Vencido o Min. Marco Aurélio, que
inadequada e pleiteava, por esse motivo, o ajuste da concedia a ordem. Asseverava inexistir, no ordenamento
imputação para roubo qualificado pelo resultado de lesão jurídico pátrio, a tentativa de latrocínio, que consistiria
corporal grave (CP, art. 157, § 3º, 1ª parte). Inicialmente, ficção jurídica conflitante com o preceito legal. Além do
adotou-se como premissa o cometimento do crime de mais, sublinhava que o latrocínio pressuporia sempre a
roubo (CP, art. 157) e aduziu-se que a matéria discutida nos morte.
autos envolveria a adequação típica da conduta atribuída ao
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HC 110686/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 5.2.2013. (HC- crime de roubo, é prescindível posse mansa e pacífica do
110686) bem subtraído.
QUESTÕES E) Aplica-se ao caso o princípio da insignificância, em razão
1. (TJ/RJ/2019) João invade um museu público disposto a de o valor total dos bens subtraídos ser inferior a um salário
furtar um quadro. Durante a ação, quando já estava tirando mínimo.
o quadro da parede, depara-se com um vigilante. Diante da
ordem imperativa para largar o quadro, e temendo ser
alvejado, vulnera o vigilante com um projétil de arma de
Art. 158, EXTORSÃO/ ART. 159,
fogo. O vigilante vem a óbito; e João, impressionado pelos EXTORSÃO MEDIANTE
acontecimentos, deixa a cena do crime sem carregar o SEQUESTRO / ART. 160,
quadro. De acordo com o entendimento sumulado pelo
EXTORSÃO INDIRETA
Supremo Tribunal Federal, praticou-se
A) furto qualificado tentado em concurso com homicídio
qualificado consumado. Extorsão

B) roubo próprio tentado em concurso com homicídio Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
consumado.
ou para outrem indevida vantagem econômica, a
C) roubo impróprio tentado em concurso com homicídio fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma
consumado. coisa (SIMPLES)
D) latrocínio tentado. Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

E) latrocínio consumado. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais


pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.
2. (JUIZ.2019) O Ministério Público ofereceu denúncia § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante
contra Paulo em razão de ele, mediante grave ameaça violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
exercida com o emprego de arma de fogo por um comparsa §3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
não identificado, ter subtraído de uma pessoa R$ 80 e um liberdade da vítima, e essa condição é necessária
aparelho celular que custava R$ 700. Perseguido por para a obtenção da vantagem econômica, a pena é
populares, Paulo foi preso com os produtos do crime. Não de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
houve apreensão da arma utilizada no crime. Após multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
confissão espontânea do crime, Paulo foi condenado à pena aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e
mínima pela prática do crime de roubo simples, pois, na 3º, respectivamente.
sentença, alegou-se que a arma de fogo não havia sido
utilizada pelo réu nem apreendida à época dos fatos. Tanto I – EXTORSÃO SIMPLES (ART.158, CAPUT)
o Ministério Público quanto a defesa, no entanto,
recorreram da sentença: o Ministério Público requereu o 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE INDIVIDUAL +
reconhecimento das qualificadoras de concurso de pessoas PATRIMÔNIO
e emprego de arma de fogo; a defesa, por sua vez, requereu CONSTRANGIMENTO ILEGAL (Art. 146,CP) + FIM ESPECIAL
o reconhecimento da tentativa e a aplicação de pena (obter para si ou para outrem indevida vantagem
aquém do mínimo, alegando atenuante da confissão econômica)
espontânea e aplicação do princípio da insignificância. Com Crime pluriofensivo: ataca dois bens jurídicos
referência a essa situação hipotética, assinale a opção
2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa.
correta.
A) O recurso ministerial não merece provimento, porque é 3. SUJEITO PASSIVO:
indispensável o exame de eficiência da arma utilizada no PROPRIETÁRIO, POSSUIDOR, DETENTOR + TERCEIRO A
crime para o reconhecimento da qualificadora do emprego QUEM DIRIGE A VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA.
de arma de fogo. 4. CONDUTA:
B) Quanto ao recurso ministerial, deverá ser reconhecida ROUBO EXTORSÃO
apenas a qualificadora do concurso de pessoas, pois o uso
de arma de fogo não pode ser imputado a quem não a No roubo a ladrão Na extorsão, o extorsionário faz
portava. subtrai com que lhe entregue.
C) Como a confissão espontânea foi reconhecida na O agente busca a O agente busca a vantagem
sentença, a pena poderá ser minorada para aquém do vantagem imediata mediata (futura)
mínimo legal.
A colaboração da vítima A colaboração da vítima é
D) Quanto ao recurso da defesa, é inadmissível o é dispensável indispensável
reconhecimento da tentativa, pois, para consumação do
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OBS.: NÃO É POSSÍVEL continuidade delitiva entre roubo e 2. SEQUESTRO-RELÂMPAGO


extorsão (≠ espécies distintas). É perfeitamente possível o §3º Se o crime é cometido mediante a
concurso material entre roubo e extorsão: “o réu que após restrição da liberdade da vítima, e essa
roubar o carro da vítima, constrange-a a integrar o cartão condição é necessária para a obtenção da
bancário com a senha”. (STJ – HC 10.375/MG) vantagem econômica, a pena é de reclusão,
Ex.: Flanelinha – exige dinheiro para estacionar em local de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se
público. AÇÃO POLICIAL EM SP - EXTORSÃO. resulta lesão corporal grave ou morte,
aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§
2º e 3º, respectivamente. (LEI 11.923/2009)
5. TIPO SUBJETIVO
DOLO – FIM ESPECIAL (OBTER INDEVIDA VANTAGEM
ECONÔMICA) EXTORSÃO + RESTRIÇÃO DA LIBERDADE

- Se a vantagem for de natureza: ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI 11.923/2009


11.923/2009
a) moral: o crime é de constrangimento ilegal
ART. 158, CP – PENA DE ART. 158, CP
b) sexual: estupro
4 A 10 ANOS RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA
c) devida: exercício arbitrário das próprias razões.
A RESTRIÇÃO DA VÍTIMA: PENA DE 6 A 12
LIBERDADE: ANOS – QUALIFICADORA.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA CIRCUNSTÂNCIA Se resulta lesão grave ou
JUDICIAL (ART. 59, CP) morte aplica-se as penas do
Consumação:
art. 159, § 2º e 3º
1ªC) Crime material – consuma-se com a obtenção da
indevida vantagem econômica.
2ªC) Crime formal ou de consumação antecipada: consuma- ATENÇÃO!
se com a exigência, dispensando a obtenção da indevida a) 157 + RESULTADO MORTE = LATROCÍNIO (HEDIONDO –
vantagem – mero exaurimento. Art. 1º, inc. II)
Súmula 96, STJ – “O crime de extorsão consuma-se b) 158 + RESULTADO MORTE = EXTORSÃO QUALIFICADA
independentemente da obtenção da vantagem indevida”. PELA MORTE (HEDIONDO - Art. 1º, inc. II)
Não inviabiliza a tentativa. c) 158 + RESTRIÇÃO DA LIBERDADE MAIS MORTE= NÃO
ESTÁ PREVISTA NA LEI 8.072/90
II - CAUSA DE AUMENTO DA EXTORSÃO (§1º) 1ªC) não é hediondo – pois não está na lei.
1. COMETIDOS POR DUAS OU MAIS PESSOAS , OU 2ªC) Se extorsão com morte já era crime hediondo.
2. EMPREGO DE ARMA Ex.: Caixas eletrônicos em via pública – capturar a vítima e
apossar-se do cartão, mediante grave ameaça exigir a
ROUBO EXTORSÃO
senha.
Pena majorada 1/3 até ½ Pena majorada 1/3 até ½ Ex.: Ou fazer compras com o cartão da vítima enquanto ela
Emprego de arma Emprego de arma permanece no carro.
Concurso de pessoas Cometido por duas ou mais OBS.: Como exige a participação da vítima a melhor
Os partícipes são pessoas capitulação é da extorsão, e não o roubo, ou até mesmo a
considerados. Os partícipes não são extorsão mediante sequestro já que neste, como veremos o
considerados – somente os resgate é exigido de outras pessoas, como familiares, e não
executores. da própria pessoa sequestrada.
OBS²: Não incidem as causas de aumento do §1º.

III – EXTORSÃO QUALIFICADA (§§2º E 3º) # CONCURSO DE CRIMES

1. LESÃO GRAVE E MORTE Extorsão + Roubo


§2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante Ex.: além de exigirem a senha, subtraem bens e valores da
violência o disposto no §3º do artigo anterior. vítima.
Tribunais : Concurso material – soma as penas.
MESMAS CONSIDERAÇÕES FEITAS NO ROUBO QUALIFICADO Doutrina: concurso formal impróprio – mesmo contexto
Extorsão qualificada pela morte � crime hediondo. fático, pela mesma grave ameaça – soma as penas.
# RESULTADO LESÃO GRAVE E MORTE

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TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA SEQUESTRO CÁRCERE PRIVADO


Privação sem Privação com confinamento
ART. 159, EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO confinamento
Extorsão mediante sequestro
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, * A grave ameaça e a violência estão incluídos no ato de
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como sequestrar. Fraude e até qualquer outro meio. É
condição ou preço do resgate: DISPENSÁVEL QUE A VÍTIMA SEJA REMOVIDA PARA OUTRO
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. LOCAL, até mesmo sem sair de casa.
o
§ 1 Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e
quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18
5. TIPO SUBJETIVO
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o
crime é cometido por bando ou quadrilha. DOLO + OBTER QUALQUER VANTAGEM
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. ART. 158, CP ART. 159, CP
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza OBTER INDEVIDA OBTER QUALQUER
grave:
VANTAGEM ECONÔMICA VANTAGEM
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Caráter econômico? Devida?
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
1) MAJORITÁRIO: A maioria entende que a vantagem deve
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o
concorrente que o denunciar à autoridade,
ser indevida, é uma elementar implícita. Se devida? Art.
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua 148, CP + 345, CP.
pena reduzida de um a dois terços. Vantagem econômica – crimes contra o patrimônio.
Ex.: Vantagem sexual – captura filho para forçar encontro
I – SIMPLES sexual com a mãe � estupro (Art. 213,CP) com concurso
material com o sequestro (Art. 148,CP).
1. BEM JURÍDICO TUTELADO
Ex.: Captura filho de diretor de penitenciária para soltura de
Crime complexo: PATRIMÔNIO + LIBERDADE
preso � sequestro com concurso material de facilitação de
Crime hediondo: Art. 1º, IV, Lei 8.072/90 – o simples e fuga de pessoa presa (art. 351, CP).
qualificado.
2) ENTENDIMENTO MINORITÁRIO – DAMÁSIO DE JESUS –
Para o autor, a expressão “qualquer vantagem” prevista no
2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. artigo permite ser econômica ou não. Todavia, não
prevalece por que o crime está previsto nos crime contra o
patrimônio. A expressão “qualquer vantagem” abrange
3. SUJEITO PASSIVO: Crime comum - Qualquer pessoa devida ou indevida.
Obs.: Art. 159, §1º, CP – pessoa menor de 18 anos ou
maior de 60 anos.
6. CONSUMAÇÃO
* Pessoa jurídica pode ser vítima? Pessoa jurídica pode ser
- COM A PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, dispensa a
vítima do crime quando, por exemplo, sequestrando seu
vantagem visada.
diretor, é o patrimônio do ente coletivo que ser para o
pagamento do resgate. * a captura deve ser por tempo relevante.
Obs.: Capturar animal é crime de extorsão. * não exige nem o pedido de resgate, basta a intenção,
como no caso do sujeito ativo perguntarem quanto a família
Obs.: Assim como a captura de um cadáver é crime do art.
da vítima pode pagar pelo resgate.
211, CP.
* CRIME FORMAL. O pagamento é mero exaurimento do
crime (é considerado para efeitos de fixação de pena base)
4. CONDUTA
* CRIME PERMANENTE: a consumação se prolonga do
CONSTRANGER MEDIANTE SEQUESTRO tempo. a) admite flagrante a qualquer tempo (art. 307, I,
* Inclui o cárcere privado. Utilizou em sentido amplo, CPP); b) início do prazo prescricional (art. 111,III, CP); c)
abrangendo o cárcere privado. Súmula 711, STF.
Lembrete: Sequestro ≠ cárcere privado - TENTATIVA: aborda a vítima, mas não consegue a captura.
Com a abordagem

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II – QUALIFICADA Lei 9807 – lei de delação premiada – permite o perdão


1. Basta uma das hipóteses. judicial – não limita o crime – acaba por revogando as
o disposições de delação premiada na parte especial – já que
§ 1 Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e
permite até o perdão judicial.
quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o Requisitos (cumulativos): a) cometido em concurso
crime é cometido por bando ou quadrilha. (partícipe – ré delator); b) um dos concorrentes preste
informações às autoridades; c) facilitação da libertação do
sequestrado.
A) 24 horas – contadas do momento da captura até a
liberação – com a vítima privada de sua liberdade de * Pagamento do resgate. No caso de pagamento ainda que
locomoção. parcial do resgate, a lei não exige sua recuperação para a
concessão do benefício da delação.
B) Sequestrado é menor de 18 ANOS.
* Maior o auxílio, maior a redução.
- Não importa se maior de 18 anos ao final do sequestro;
tem que ser no início.
- O agente deve conhecer essa circunstância. (evitar ART. 160, EXTORSÃO INDIRETA
responsabilidade objetiva)
C) Sequestrado é maior de 60 anos. (60 + 1 dia) Extorsão indireta
- Não importa no começo do sequestro, se atinge a idade Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de
durante a privação, incide a qualificadora. dívida, abusando da situação de alguém,
documento que pode dar causa a procedimento
- O agente deve conhecer essa circunstância. criminal contra a vítima ou contra terceiro:
D) Quadrilha ou bando Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Não incide art. 288,CP – para evitar “bis in idem”
1. BEM JURÍDICO TUTELADO
2. RESULTA LESÃO GRAVE OU MORTE PATRIMÔNIO
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza + administração da justiça (indireta) � em caso de
grave: apresentação do documento fraudulento às autoridades.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
2. SUJEITO ATIVO
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Crime comum. Agiota.
Deve saber a dificuldade financeira.
- Os resultados podem decorrer de dolo ou culpa
(preterdoloso);
- O resultado deve atingir a própria vítima ou pode atingir 3. SUJEITO PASSIVO
um policial? Qualquer pessoa em dificuldade financeira.
1C) Os resultados podem ser praticados na vítima privada
da sua liberdade como qualquer outra pessoa inserida no 4. CONDUTA
contexto do crime (policial ou segurança)
TRÊS REQUISITOS:
2C) Os resultado devem ser praticados necessariamente
contra o sequestrado. Atingindo terceira pessoa, o agente A) exigência ou recebimento de documento que possa dar
responde pelo art. 159,CP em concurso material com o causa a procedimento criminal contra vítima ou terceiro.
crime contra a pessoa. (MAJORITÁRIA). No caso a vítima tem a iniciativa.
- Não incide as qualificadoras no caso fortuito. Ex.: O agente impõe a entrega do documento como
condição de entrega de dinheiro ou contrato.

III – DELAÇÃO EFICAZ OU PREMIADA B) Intenção de garantir ameaçadoramente o pagamento da


dívida.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o
concorrente que o denunciar à autoridade, Ex.: A vítima entrega documento que confessa um crime
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua (que não existiu) como garantia de seu crédito (pode
pena reduzida de um a dois terços. assinar uma duplicata falsa; falsificar um cheque), pois uma
vez sendo inadimplente o agente poderá divulgar o
documento. A vítima se sente impelida a não inadimplir.
Prêmio: redução de pena.
C) ABUSO DA SITUAÇÃO DE NECESSIDADE FINANCEIRA
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Pode advir de dívidas de jogo. Alteração de local especialmente protegido


Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
competente, o aspecto de local especialmente
5. CONSUMAÇÃO protegido por lei:
EXIGÊNCIA - Crime formal – consumação: com a exigência Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
do documento, mesmo que a vítima não elabore o
Ação penal
documento.
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
A elaboração e entrega é mero exaurimento. parágrafo e do art. 164, somente se procede
Admite tentativa: quando o documento e escrito e se mediante queixa.
extravia.
RECEBER – Crime material – consumação: tradição do DANO (Art. 163, CP)
documento.
Se o agente entrega documento (falso) – RESPONDE POR
I – DANO SIMPLES (ART. 163, caput, CP)
extorsão direta + denúncia caluniosa (concurso material).
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 163 – 167, CP - DANO
Dano 1. BEM JURÍDICO TUTELADO
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa PROPRIEDADE – ALHEIO – móveis ou imóveis.
alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
Dano qualificado
* Coisa própria – fato atípico. Se tiver na posse de terceiro
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
(aluguel) por determinação judicial (busca e apreensão) –
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; Art. 346, CP.
II - com emprego de substância inflamável ou * Destruir coisa própria para receber seguro – crime de
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
fraude contra seguradora – art. 171, §2º, V, CP.
III - contra o patrimônio da União, Estado,
* Coisa comum – condômino – será atípico se não exceder o
Município, empresa concessionária de serviços
públicos ou sociedade de economia mista; valor da parte e fungível.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, 3. SUJEITO PASSIVO: proprietário ou possuidor
fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos; (Redação dada pela Lei 4. CONDUTA
nº 13.531, de 2017)
- DESTRUIR: mais gravoso – o bem deixa de existi - ex.:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
queimar livros, quebrar copos de cristal;
considerável para a vítima:
INUTILIZAR: o bem continua existindo, mas sem poder ser
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
multa, além da pena correspondente à violência. utilizado – ex.: quebrar ponteiros do relógio, motor de
carro;
Introdução ou abandono de animais em
propriedade alheia DETERIORAR: continua existindo, apto para suas funções,
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em mas com algum estrago parcial.
propriedade alheia, sem consentimento de quem OBSERVAÇÕES:
de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
A. ATO DE PICHAÇÃO edificação ou monumento urbano –
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou art. 65, Lei 9605/98 – pena de 3 meses a 1 ano;
multa.
B. BEM ESPECIALMENTE PROTEGIDO POR LEI OU
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou
ARQUIVO, BIBLIOTECA, MUSEU, PINACOTECA, INSTALAÇÃO
histórico
CIENTÍFICA PROTEGIDO POR LEI, ATO OU DECISÃO – art. 62,
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa Lei 9605/98;
tombada pela autoridade competente em virtude
de valor artístico, arqueológico ou histórico: C. OBJETOS DESTINADOS A CULTO RELIGIOSO – Art. 208,
Pena - detenção, deseis meses a dois anos, e CP;
multa. D. DANIFICAR SEPULTURA – art. 210, CP;

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E. Dano sobre documento público ou particular – art. 305, - Quando empregada antes ou concomitante, após o dano
CP. simples considera-se concurso material com lesão corporal,
* Dar sumiço, como jogar um anel num lago – como não há se for o caso.
previsão legal, não constitui crime de dano. - “Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além
* O consentimento da vítima exclui o delito. da pena correspondente à violência.” – o próprio legislador
faz a ressalva da violência. Assim, se a violência tiver sido
meio para dano a coisa, o agente responde por dano
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO. qualificado com lesão, se for o caso.
De forma culposa, é apenas ilícito civil. Ex.; Agressão a manobrista de estacionamento onde está
Ex.: Agente que não observando seu dever objetivo de carro em que tem a intenção se danificar.
cuidado na condução de uma bicicleta, choca-se com um
telefone público e o destrói totalmente, não comete ilícito 2. EMPREGO DE SUBSTÂNCIA EXPLOSIVA OU INFLAMÁVEL
penal, apenas civil.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Há um elemento específico subjetivo (intenção de causar
II - com emprego de substância inflamável ou
prejuízo – animus nocendi)? explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
1ªC) (HUNGRIA) – Não pode ser considerado agente do
crime de dano sem o ânimo hostil. Ex.: Amigo que para
pregar uma peça, corta os fios da campainha da casa de um - Fica absorvida se constituir crime mais grave – homicídio
amigo. qualificado por emprego de arma de fogo ou explosivo ou o
incêndio (art. 250, CP) ou explosão (art. 251,CP)
2ªC) (NORONHA - DAMÁSIO) – A intenção de prejudicar não
é dolo específico, porque está compreendida na própria - Se ateia fogo a um carro em local afastado, crime de dano
ação criminosa – basta a ciência de que sua conduta qualificado. Se ateia fogo a um posto de gasolina causando
causará prejuízo, e mesmo assim, a realize. enormes chamas, crime de incêndio – fogo de grandes
proporções + local habitado + risco a grande número de
STF – seguiu a segunda corrente – Caso: preso que danifica pessoas.
cela para fuga – crime de dano – mesmo que a intenção seja
para fugir (dano qualificado). DANO QUALIFICADO INCÊNDIO
Emprego de fogo – sem Emprego de fogo de grandes
grandes proporções e proporções, em lugar habitado
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
lugar não muito habitado. e com risco para grande
Consumação: efetivo dano (não importa se auferiu lucro). número de pessoas.
Crime contra o
* O crime de dano é subsidiário – apenas se configura se o patrimônio. Crime de perigo comum
agente não pretende conduta criminosa posterior e mais
grave. Subtração com destruição de obstáculo – furto
qualificado. ELE DEVE SER UM FIM EM SI MESMO – pois ao 3. DANO EM PATRIMÔNIO PÚBLICO E OUTROS ENTES
contrário será absorvido. Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Exige perícia, já que trata-se de crime que deixa vestígios. III - contra o patrimônio da União, Estado,
Município, empresa concessionária de serviços
* Princípio da insignificância; a jurisprudência tem admitido
públicos ou sociedade de economia mista;
sua aplicação – fato atípico quando o valor é irrisório.
* Reparação do prejuízo: como trata de crime de menor
potencial ofensivo, passível de composição civil – extinção - Contra bens públicos – e de outros bens que prestam
de punibilidade. serviço público (telefone público, postes, placas de
estradas, ônibus, estádios, bancos de praças);
* E as empresas públicas e as fundações? Para Bitencourt e
II – DANO QUALIFICADO (§ único)
Greco, não estão incluídas.
Pena: 6 meses a 3 anos de detenção, e multa.
* Preso que danifica cela na fuga: para o STF, dano
1. EMPREGO DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA qualificado. Para o STJ, exige o dolo específico.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 4. MOTIVO EGOÍSTICO OU PREJUÍZO CONSIDERÁVEL
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
- A violência deve ser empregada como meio para o agente IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
danificar a coisa considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.
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4.1. Motivo egoístico: o agente causa dano para conseguir INUTILIZAR OU DETERIORAR BEM ESPECIALMENTE
algum benefício de ordem econômica ou moral. PROTEGIDO POR LEI, ATO ADMINISTRATIVO OU DECISÃO
4.2. Prejuízo considerável: prejuízo patrimonial elevado JUDICIAL.
(situação econômica da vítima).
IV – ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO
DANO SIMPLES E QUALIFICADO (IV) - TIPO DE AÇÃO: (ART. 166, CP)
PRIVADA Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
competente, o aspecto de local especialmente
Ação penal
protegido por lei:
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.
CRIME REVOGADO PELO ART. 63 – LEI 9.605/98 – “ Art. 63.
DANO QUALIFICADO (I, II e III): PÚBLICA INCONDICIONADA Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local
especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico,
II – INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização
ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA da autoridade competente ou em desacordo com a
(ART. 164, CP) concedida: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.”
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em
propriedade alheia, sem consentimento de quem
Art. 168, CP – APROPRIAÇÃO INDÉBITA /
de direito, desde que o fato resulte prejuízo: ART. 168-A, CP - APROPRIAÇÃO
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA / ART. 169,
multa.
CP - APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA
POR ERRO, CASO FORTUITO OU
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PROPRIEDADE BEM IMÓVEL FORÇA DA NATUREZA
2. SUJEITO ATIVO: crime comum, qualquer pessoa.
3. SUJEITO PASSIVO: proprietário ou possuidor do imóvel.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA (Art. 168, CP)
4. CONDUTA Apropriação indébita
Forma comissiva (introduzir) e omissiva (deixar). Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de
+ sem consentimento que tem a posse ou a detenção:

+ resulte prejuízo Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


Aumento de pena
* Se o objetivo for que os animais se alimentem no pasto:
art. 155,CP. § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
agente recebeu a coisa:
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO
I - em depósito necessário;
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
Crime material: ocorrência de dano. liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
A tentativa não é possível. depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
TIPO DE AÇÃO: PRIVADA

I – APROPRIAÇÃO INDÉBITA SIMPLES (ART. 168, caput, CP)


III – DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO,
ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO – ART. 165, CP Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de
que tem a posse ou a detenção:
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
tombada pela autoridade competente em virtude Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e 1. BEM JURÍDICO TUTELADO
multa.
PROPRIEDADE – posse
Coisa Móvel apenas é objeto do crime. Não será imóvel
CRIME REVOGADO PELO ART. 62, I – LEI 9.605/98 – PENA
(esbulho possessório) ou a mão-de-obra contratada.
DE RECLUSÃO DE 1 A 3 ANOS – PESSOA QUE DESTRUIR,

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2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa – a D) INVERSÃO DO ÂNIMO: momento do ilícito penal – neste
quem seja confiada a posse ou detenção. momento desaparece a boa-fé e aparece a má-fé – dolo de
* Funcionário Público – apropriar-se de coisa pública – se tornar dono. Duas formas:
crime de peculato – art. 312, CP D.1. Prática de ato de disposição: apropriação propriamente
POSSUIDOR OU DETENTOR ATUAL dita – como venda, locação, doação, etc.

* para Greco (2013) é crime próprio. * Se vende bem e avisa a comprador que a coisa é alheia, o
crime será de receptação. Se mentir ao comprador dizendo
3. SUJEITO PASSIVO: atingido em seu patrimônio pela se coisa sua, o crime será de apropriação indébita.
indevida apropriação.
APROPRIAÇÃO ART. 171, §2º
* apropriar-se de proventos, bens, pensão ou outro
INDÉBITA
rendimento de pessoa idosa – art. 102, Estatuto do Idoso.
COISA MÓVEL COISA MÓVEL OU IMÓVEL
4. CONDUTA
PRÉVIA POSSE OU NÃO TINHA A PRÉVIA POSSE OU
APROPRIAR-SE: abusa da condição de possuidor ou
DETENÇÃO DETENÇÃO
detentor – inverte o animus, agindo como dono.
Ex.: Vítima entrega um bem ao agente e autoriza que deixe
o local – este depois de estar na posse ou detenção, inverte D.2. Recusa na devolução do bem: NEGATIVA DE
o ânimo em relação ao objeto – comportando-se como RESTITUIÇÃO – pode ser quando nega ou quando
dono. desaparece com o bem – nesta modalidade o agente
REQUISITOS: permanece com o bem.

A) ENTREGA DO BEM PELA VÍTIMA: forma livre, 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.


espontânea e consciente. (Se realizada mediante fraude, De tornar-se dono daquilo que é mero possuidor. Animus
pode caracterizar o estelionato; se realizada com violência rem sibi habendi.
ou grave ameaça poderá ser roubo ou extorsão). Livre e Apropriação para uso – não é crime (furto de uso) – Ex.:
espontânea significa sem coação. Consciente, ao contrário, Dono de um oficina que as carro de cliente – ilícito civil.
poderá se estelionato ou apropriação de coisa por erro. Ou
seja, NÃO HÁ ENGANOS.
B) POSSE OU DETENÇÃO DESVIGIADAS: vítima entregue o 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
bem e autorize que deixe o local. Se ao contrário a posse e a Consumação: deveria ser na inversão do ânimo – mas é
detenção foram vigiadas, poderá ser caracterizado o crime muito impreciso este momento – momento que o agente
de furto. Ex.: Emprestar carro a amigo para viagem. exterioriza o comportamento de dono, assim será no ato de
Todavia, não basta deixar o local deverá haver a não disposição (apropriação propriamente dita) ou quando
restituição. deixa claro de forma verbal ou por seu comportamento que
C) BOA-FÉ DO AGENTE AO RECEBER O BEM: se o agente não irá devolver o bem (negativa de restituição).
age de má-fé na entrega, o crime é de estelionato (inclusive TENTATIVA: SOMENTE POSSÍVEL NA APROPRIAÇÃO
se ficar em silêncio). Ou seja, na entrega do bem o agente INDÉBITA PROPRIAMENTE DITA.
tinha a intenção de devolver-lhe ou dar correta destinação
acordada (entregar a terceiro), o dolo de apropriar-se do
bem surge posteriormente. 7. QUESTÕES ADICIONAIS

APROPRIAÇÃO INDÉBITA ESTEILONATO # TRANSPORTE DE COFRE TRANCADO


# ARREPENDIMENTO POSTERIOR
A intenção de ficar com o A intenção de ficar com o
bem surge depois da entrega bem já existe na entrega do # PRESTAÇÃO DE CONTAS
do bem – DOLO POSTERIOR bem – DOLO ANTERIOR # DIREITO DE RETENÇÃO
Crime mais brando – pena 1 Crime mais grave – pena 1 # APROPRIAÇÃO DE COISA ALHEIA FUNGÍVEL
a 4 anos a 5 anos
Ex.; Pede emprestado um Ex.; Pede emprestado a
II – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (§ 1º)
moto e na posse decide não moto já com a intenção de
devolvê-la não devolvê-la. § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
agente recebeu a coisa:
* Na dúvida da boa-fé do agente, em razão do in dubio pro
I - em depósito necessário;
reo, entende-se que agiu de boa-fé caracterizando a
apropriação indébita e não o estelionato. Pois a boa-fé é II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
presumida, enquanto que a má-fé deve ser provada.
depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

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1. DEPÓSITO NECESSÁRIO I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e


antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
Depósito necessário: art. 647, CPC – a) obrigação legal contribuição social previdenciária, inclusive
(depósito legal) – como trata-se de uma função pública acessórios; ou
resta caracterizado o crime de peculato.
II - o valor das contribuições devidas, inclusive
b) em razão de calamidade, incêndio, inundação (depósito acessórios, seja igual ou inferior àquele
miserável) estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o
c) depósito por equiparação – bagagens dos viajantes e
ajuizamento de suas execuções fiscais.
hospedes – quando na responsabilidade dos funcionários da o o
hospedaria. (alguns entendem – Damásio e Hungria – que § 4 A faculdade prevista no § 3 deste artigo não
se aplica aos casos de parcelamento de
trata de causa de aumento do inciso III)
contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios,
seja superior àquele estabelecido,
2. NA QUALIDADE DE TUTOR, CURADOR, SÍNDICO, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.
LIQUIDATÁRIO (administrador judicial), INVENTARIANTE,
TESTAMENTEIO OU DEPOSITÁRIO JUDICIAL (guarda de
bens penhorados) 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PROPRIEDADE do
previdenciário (cidadãos assegurados pelo sistema de
seguridade social).
3. EM RAZÃO DE OFÍCIO (ocupação manual – jardineiro,
pintor, pedreiro, mecânico, costureiro), EMPREGO CONTRIBUIÇÃO SOCIAL descontada do contribuinte, MAS
(subordinação e dependência – office boy) OU PROFISSÃO NÃO REPASSADA PARA O INSS.
(não há vinculação hierárquica – arquiteto, engenheiro,
advogado, veterinário).
2. SUJEITO ATIVO: pessoa responsável por recolher a
Ex. Advogado com procuração que levanta os valores contribuição e repassá-lo.
depositados em juízo e não os entrega a cliente.

3. SUJEITO PASSIVO: ESTADO – INSS.


TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA

4. CONDUTA
III – APROPRIAÇÃO INÉBITA PREVIDENCIÁRIA (168-A, CP)
Crime omissivo (MAJ): DEIXAR DE REPASSAR
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no Crime comissivo omissivo (LFG): Mas antes de recolher – o
prazo e forma legal ou convencional: agente deve RECOLHER a contribuição e depois DEIXAR DE
REPASSÁ-LA.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO
o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem deixar de: * STF: dolo genérico
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra * para alguns – dolo específico – fraudar a previdência
importância destinada à previdência social que social.
tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público; * Mero atraso não configura o crime.
II - recolher contribuições devidas à previdência
social que tenham integrado despesas contábeis 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
ou custos relativos à venda de produtos ou à
prestação de serviços; Consumação: quando se exaure o prazo para o repasse do
III - pagar benefício devido a segurado, quando as valor da contribuição.
respectivas cotas ou valores já tiverem sido *Não precisa do lucro ou do prejuízo ao erário. (FORMAL)
reembolsados à empresa pela previdência social.
o
* Bitencourt entende que o crime é material – consuma-se
§ 2 É extinta a punibilidade se o agente, com o efetivo prejuízo.
espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou Para os que entendem que o crime é omissivo, a tentativa
valores e presta as informações devidas à não é admitida. Para a outra vertente, a tentativa é
previdência social, na forma definida em lei ou admitida.
regulamento, antes do início da ação fiscal.
o
§ 3 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
aplicar somente a de multa se o agente for
7. FIGURAS EQUIPARADAS
o
primário e de bons antecedentes, desde que: § 1 Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

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1. Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra administrativamente, como sendo o mínimo para o
importância destinada à previdência social que tenha sido ajuizamento de suas execuções fiscais.
descontada de pagamento efetuado a segurados, a
terceiros ou arrecadada do público (INC.I);
- DEIXA DE APLICAR A PENA (PERDÃO JUDICIAL) OU;
- TRATA-SE DO CONTRIBUINTE EMPRESÁRIO – Proprietário
- APLICA APENAS A PENA DE MULTA (FORMA
de empresa que depois de reter o valor legal recolhido, não
PRIVILEGIADA).
o repassa.
Requisitos:
a) pagamento da contribuição social após o início da ação
2. Recolher contribuições devidas à previdência social que
fiscal, mas antes da denúncia;
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à
venda de produtos ou à prestação de serviços; b) o valor for igual ou inferior ao mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.
O empresário que contabiliza o valor da contribuição devida
em razão da manutenção de funcionários no preço final do * Não é possível a aplicação do princípio da insignificância.
produto, não promove o devido recolhimento.
IV – APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO
3. Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA – ART. 169, CP /
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa APROPRIAÇÃO DE TESOURO (I)/ APROPRIAÇÃO DE COISA
pela previdência social. ACHADA (II)
Benefícios pagos pelo governo aos segurados, como salário- Apropriação de coisa havida por erro, caso
fortuito ou força da natureza
família ou salário maternidade – não repassa aos
funcionários, quando estes valores já tiverem sidos Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia
reembolsados a empresa. vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força
da natureza:
TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
* BASEADA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (prévio
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
esgotamento da via administrativa)
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se
8. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem
o
§ 2 É extinta a punibilidade se o agente, direito o proprietário do prédio;
espontaneamente, declara, confessa e efetua o Apropriação de coisa achada
pagamento das contribuições, importâncias ou
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se
valores e presta as informações devidas à
apropria, total ou parcialmente, deixando de
previdência social, na forma definida em lei ou
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de
regulamento, antes do início da ação fiscal.
entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de 15 (quinze) dias.
* Se realiza o pagamento integral – a qualquer tempo – gera
a extinção de punibilidade; 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: Patrimônio
* A LEI 12.381/2011 – POSSIBILIDADE DE PARCELAMENTO – 2. SUJEITO ATIVO: crime comum, qualquer pessoa.
a denúncia deve esperar o fim do parcelamento – desde
que este tenha sido requerido antes do recebimento da 3. SUJEITO PASSIVO: proprietário do bem.
denúncia criminal. 4. CONDUTA
Forma como a coisa chega as mãos do agente – este
9. PERDÃO JUDICIAL E PRIVILÉGIO adquire a posse por erro (falsa percepção da realidade –
o pessoa, qualidade, quantidade – ex.: mandar lavar roupa,
§ 3 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
nesta havia dinheiro que loja se apropria), caso fortuito ()
aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
ou força maior.
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e ERRO FALSA PERCEPÇÃO DA REALIDADE, PODE
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da RECAIR SOBRE A PESSOA OU SOBRE A
contribuição social previdenciária, inclusive COISA. (IDENTIDADE, QUALIDADE OU
acessórios; ou QUANTIDADE)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive CASO PARTICIPAÇÃO HUMANA (Ex.: Porteira
acessórios, seja igual ou inferior àquele FORTUITO aberta – vacas passam para terreno
estabelecido pela previdência social,
vizinho)

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FORÇA DA EVENTO DA NATUREZA (Ex.: vento que agenda pessoal (avaliada em cerca de dez reais), a qual
NATUREZA desprende roupa do varal e faz cair em continha dados pessoais e profissionais. Para a Min.
terreno do vizinho) Relatora, a hipótese dos autos revela um acontecimento
trivial, sem que tenha ocorrido qualquer circunstância hábil
a lhe conferir maior relevância. Consignou que, por mais
1. POR ERRO: que se considere que o objeto supostamente tomado
QUANTO A PESSOA: Ex.: Entrega de presente em endereço continha informações importantes à vítima, a conduta é
errado. Ou por depósito errôneo, saca o dinheiro. dotada de mínimo caráter ofensivo e reduzido grau de
QUANTO A COISA: Ex.: Compra coisa de menor valor, mas reprovação, assim como a lesão jurídica é inexpressiva e
recebe coisa mais valiosa. não causa repulsa social. Precedentes citados do STF: HC
84.412-SP, DJ 19/11/2004; do STJ: HC 103.618-SP, DJe
QUANTO A EXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO: Ex.: Marido paga a 4/8/2008; REsp 922.475-RS, DJe 16/11/2009; REsp
dívida, e depois a esposa. Após perceber o engano, não 1.102.105-RS, DJe 3/8/2009, e REsp 898.392-RS, DJe
devolve. 9/3/2009. HC 181.756-MG, Rel.Min. Maria Thereza de Assis
O AGENTE RECEBE DE BOA-FE – SE ESTIVER DE MÁ-FÉ, ou Moura, julgado em 15/2/2011.
seja, sabe do erro, o crime é de estelionato.

Art. 171, CP - ESTELIONATO


5. TIPO SUBJETIVO: DOLO – depois de receber por dolo,
Estelionato
resolve se apropriar.
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento:
Quando age como dono.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
A) APROPRIAÇÃO DE TESOURO (I): depósito antigo de coisas quinhentos mil réis a dez contos de réis.
preciosas, oculto ou de cujo dono não tem memória. Achar
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
tesouro não é crime, será quando não dividir com o valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena
proprietário do prédio. (art. 1264,CC – fala que tesouro conforme o disposto no art. 155, § 2º.
achado casualmente será dividido por igual entre o
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
proprietário e a pessoa que encontrou)
Disposição de coisa alheia como própria
B) APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA (II): quando não
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação
devolver para dono ou legítimo possuidor (conhecido) ou a
ou em garantia coisa alheia como própria;
autoridade competente – dentro do prazo de 15 dias.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
* apropriar-se de coisa abandonada ou coisa de ninguém: própria
não constitui crime.
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em
garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus
V – APROPRIAÇÃO PRIVILEGIADA (ART. 170, CP) ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a
terceiro, mediante pagamento em prestações,
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida
- REGRAS DO FURTO PRIVILEGIADO; primário e coisa de pelo credor ou por outro modo, a garantia
pequeno valor pignoratícia, quando tem a posse do objeto
empenhado;
* Não é aplicável ao art. 168-A,CP
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade
JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA de coisa que deve entregar a alguém;
INFORMATIVO – 463 – STJ (2011) Fraude para recebimento de indenização ou valor
INSIGNIFICÂNCIA. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. AGENDA. A de seguro
Turma concedeu a ordem de habeas corpus para V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
reconhecer a atipicidade da conduta imputada ao paciente própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou
denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. agrava as conseqüências da lesão ou doença, com
168 do CP (apropriação indébita), ante a aplicação do o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
princípio da insignificância. In casu, a vítima, advogado,
alegou que o paciente – também advogado e colega do
mesmo escritório de advocacia – teria se apropriado de sua

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Fraude no pagamento por meio de cheque gasolina. Atenção: adulteração de combustível tem lei
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de especial – ar. 1º, Lei 8.176/91.
fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento. Fraude eletrônica
4. CONDUTA – elementos estruturais:
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8
(oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a 1. FRAUDE: Induzir a vítima em erro – é agente quem
utilização de informações fornecidas pela vítima ou cria a falsa percepção da realidade
por terceiro induzido a erro por meio de redes
Manter a vítima em erro – a vítima
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro engana-se espontanemanete e o agente
meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº aproveita-se da circunstância.
14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
considerada a relevância do resultado gravoso, MEIOS: a) artifício: uso de aparatos aptos a
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), enganar (ex.: disfarces, bilhete premiado);
se o crime é praticado mediante a utilização de b) ardil: conversa enganosa (ex.: contato
servidor mantido fora do território nacional. telefônico, conto do vigário)
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
c) ou qualquer outro meio: silêncio
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
cometido em detrimento de entidade de direito (manter em erro)
público ou de instituto de economia popular, 2. VANTAGEM ILÍCITA: econômica (majoritária)
assistência social ou beneficência
* se devida: art. 345, CP
Estelionato contra idoso ou vulnerável
3. PREJUÍZO ALHEIO: pessoa(s) determinada(s) – necessária
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao a identificação da vítima.
dobro, se o crime é cometido contra idoso ou
vulnerável, considerada a relevância do resultado Obs. Cola eletrônica – art. 311-A.
gravoso. # FRAUDE BILATERAL: a vítima também agindo com má-fé.
§ 5º Somente se procede mediante representação, A maioria (STF) entente que o tipo não faz qualquer
salvo se a vítima for: referência a boa-fé da vítima, razão pela qual a sua má-fé
I - a Administração Pública, direta ou indireta; não exclui o crime, a um grupo minoritário (HUNGRIA) que
II - criança ou adolescente; entende que em caso de fraude bilateral, o crime deixa de
existir, não podendo o direito amparar a má-fé da vítima.
III - pessoa com deficiência mental; ou
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO + FIM ESPECIAL (obter indevida
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou
incapaz. vantagem econômica).
* Se a intenção é somente prejudicar a vítima, não busca
obter para si ou para outrem indevida vantagem, não existe
I – ESTELIONATO COMUM (ART. 171, caput, CP) o crime de estelionato.

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: patrimônio. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


Crime material: quando o agente obtém a vantagem ilícita.
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. TODAVIA,
Crime de duplo resultado: ENRIQUECIMENTO ILÍCITO +
3. SUJEITO PASSIVO: COMUM – qualquer pessoa – PREJUÍZO ALHEIO
sofreram o prejuízo e os que foram enganados. PREJUÍZO DA VÍTIMA SEM VANTAGEM: TENTADO.
* A vítima deve ser capaz. Vítima incapaz: art. 173, CP. Ex.: Se o enriquecimento ilícito foi frustado, mas causou
“Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, prejuízo alheio = estelionato tentado.
de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, Ex.: Publica um anúncio fraudulento de venda de veículo em
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, jornal, e convence a vítima a efetutar o depósito, mas por
induzindo qualquer deles à prática de ato
erro digita o número errado e a pessoa da conta saca o
suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo
próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de dois a dinheiro. (prejuízo sem enriquecimento ilícito.)
seis anos, e multa.” TENTATIVA: enquanto não conseguir a vantagem indevida.
** A vítima deve ser pessoa(s) certa(s) e determinada(s). Se # Crime impossível: o agente emprega a fraude, mas não
pessoa incerta, será dentro dos tipos da lei 1.521/51. Ex.: consegue enganar a vítima  se a fraude era inidônea, o
Adulteração de taxímetro, crime contra economia popular fato será atípico por ser crime impossível pela ineficácia
(pessoas indeterminadas). Ex.²: Adulteração de bomba de
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absoluta do meio. (art. 17). A ineficácia é avaliada na 2. ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA
perspectiva da vítima e no caso concreto. PRÓPRIA
Obs.: Quando o agente, medinte fraude, consegue obter da II - vende, permuta, dá em pagamento ou em
vítima um título de crédito – considerando que a obrigação garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus
assumida pela vítima já é um proveito adquirido pelo ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a
terceiro, mediante pagamento em prestações,
agente, o crime está consumado. 2ªC) Enquanto o título não
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
é convertido em valor material, não há efetivo proveito do
agente, respondendo apenas por tentativa (prevalece).
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO
II – ESTELIONATO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO (§ 1º)
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de 2. SUJEITO ATIVO: dono do bem.
pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a
pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
3. SUJEITO PASSIVO: Quem adquire ou recebe o bem em
garantia. E o dono da coisa.
- diminuição de pena; substituição de pena ou só multa;
FURTO PRIVILEGIADO ESTELIONATO PRIVILEGIADO 4. CONDUTA – ação vinculada – VENDA; PERMUTA;
PRIMARIEDADE DO AGENTE DAÇÃO EM PAGAMENTO OU GARANTIA
PEQUENO VALOR DA COISA PEQUENO VALOR DO * igual ao anterior, sem locação
SUBTRAÍDA PREJUÍZO A COISA É PRÓPRIA! – gravado com cláusula de
inalienabilidade – não pode ser vendida

II – FIGURAS EQUIPARADAS ou de ônus – direito real -


hipoteca
1. DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA
ou coisa litigiosa - usucapião,
I - vende, permuta, dá em pagamento, em ações possessórias ou reivindicatória
locação ou em garantia coisa alheia como
própria; ou prometeu vender
parceladamente a outrem
(IMÓVEL) – vende imóvel que
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO pesa um compromisso de
compra e venda.

2. SUJEITO ATIVO: comum – qualquer pessoa. * silêncio – a outra parte não sabe das circunstâncias que
envolvem o bem.

3. SUJEITO PASSIVO: Quem adquire, aluga ou recebe o


bem em garantia. E o dono da coisa. 5. CONSUMAÇÃO: no momento que vende, permuta, ou
dar em pagamento ou garantia.

4. CONDUTA – ação vinculada – VENDA, PERMUTA,


LOCAÇÃO, DAÇÃO EM PAGAMENTO OU GARANTIA 3. DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR
III - defrauda, mediante alienação não consentida
Ex.: O agente que se passa por dono de coisa alheia e
pelo credor ou por outro modo, a garantia
negocia com terceiro de boa-fé sem possuir autorização do pignoratícia, quando tem a posse do objeto
dono. (INCISO I) empenhado;
Ex.: Assume compromisso de compra e venda e obtém 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO
vantagem ilícito – estelionato comum – “prometer de
vender ≠ vender”. 2. SUJEITO ATIVO: DEVEDOR NA POSSE DO BEM
EMPENHADO.
Ex.; Venda a terceiro de boa-fé de objeto furtado pelo
próprio ladrão – post factum impunível – apenas 3. SUJEITO PASSIVO: CREDOR.
transformando em dinheiro o bem subtraído. Má-fé do 4. CONDUTA
COMPRADOR – o adquirente responde por receptação PENHOR – COISA MÓVEL DADA EM GARANTIA FICA SUJEITA
dolosa. AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO – em regra, o bem
passa para a posse do credor. Ex.: Credor empresta dinheiro
5. CONSUMAÇÃO: quando recebe o valor. – devedor deixa as joias em penhor.

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Quando fica na posse do devedor: penhor rural; industrial; Será estelionato comum se pede que terceira
mercantil e de veículos. pessoa o lesione.
O agente deve sobreviver, pois suicídio para que
5. CONSUMAÇÃO: no momento da defraudação (mesmo família fique com seguro – extinção de
que depois o devedor seja obrigado a pagar a dívida) punibilidade.
c) Agravar as consequências da lesão ou doença:
prova infecção em ferimento para que ocorra
4. FRAUDE NA ENTREGA DE COISA gangrena na perna e necessidade de amputação.
IV – defrauda substância, qualidade ou quantidade
de coisa que deve entregar a alguém;
5. CONSUMAÇÃO: CRIME FORMAL – na CONDUTA – ainda
que o agente não receba o valor do seguro. (documento de
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO solicitação)

2. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. 6. FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE (crime
de conduta alternativa)
3. SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa que tenha o direito VI – emite cheque, sem suficiente provisão de
de receber a coisa da outra parte. fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
4. CONDUTA cometido em detrimento de entidade de direito
DUAS PESSOAS – DEVER – UM TEM O DEVER DE ENTREGAR público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.
A OUTRA, OBJETO MÓVEL OU IMÓVEL – MAS O MODIFICA
FRAUDULENTAMENTE.
ALTERAÇÃO: ou lesa natureza (objeto de vidro ao invés de 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO
cristal); qualidade (mercadoria da mesma espécie, mas de 2. SUJEITO ATIVO: emitente do cheque (titular da conta
qualidade inferior – objeto usado como novo); quantidade corrente).
(dimensão e peso).
* Quanto ao endossante, pode configurar como partícipe
para Nucci, pois não emitiu título de crédito. Todavia,
5. CONSUMAÇÃO: efetiva entrega do bem. Noronha entende que o endossante comete crime, pois a
expressão emitir cheque deve ser entendida em sentido
amplo.
5. FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU
3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa – que sofre o
VALOR DE SEGURO
prejuízo.
V – destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
própria, o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as 4. CONDUTA
consequências da lesão ou doença, com o intuito EMISSÃO DE CHEQUES SEM SUFICIENTE PROVISÃO DE
de haver indenização ou valor de seguro; FUNDOS MÁ-FÉ (S. 246, STF)

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PATRIMÔNIO da empresa FRUSTAÇÃO DE PAGAMENTO¹


seguradora. “Súmula 246. Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque sem fundos”.
2. SUJEITO ATIVO: próprio – segurado. ¹Ex.: Emitir cheque e logo em seguida encerra a conta.
3. SUJEITO PASSIVO: seguradora. Sustar cheque.
- Emitir cheque de conta já encerrada: estelionato do caput.
4. CONDUTA - Emitir cheque pós-datado (depois da emissão – linguagem
comum pré-datado) sem fundos: em regra, não configura o
PRÉVIO CONTRATO EM VIGOR: crime, pois tal pratica desnatura o cheque, deixando de ser
a) Destruir ou ocultar, no todo ou em parte, coisa ordem de pagamento à vista, revestindo- se das
própria. Ex.; Ateia fogo no carro ou esconde. Leva aracterísticas de nota promissória (mera garantia do
outro país, vende, e alega ter sido furtado. crédito). Todavia, se apesar de pós-datado, a emissão do
b) Lesionar o próprio corpo ou saúde: o agente se cheque foi fraudulenta, má-fé, configura o estelionato do
autolesiona, mas faz parecer que foi acidente ou caput.
agressão.
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* Não configura o delito, se o prejuízo foi posterior: Estelionato contra idoso ou vulnerável
cheque para dívida posterior – cheque em acidente de § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao
carro; substituir nota promissória. dobro, se o crime é cometido contra idoso ou
vulnerável, considerada a relevância do resultado
* Dívida de jogo: não obrigam pagamento.
gravoso.
* Cheque especial: o banco repõe e depois o correntista não
§ 5º Somente se procede mediante representação,
paga – ilícito civil. salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
5. CONSUMAÇÃO: no momento que o banco recusa o II - criança ou adolescente;
pagamento (basta uma única recusa). III - pessoa com deficiência mental; ou
Se o emitente cobre o valor antes da recusa, conduta IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou
atípica. incapaz.

6. REPARAÇÃO DO DANO SÚMULA 24, STJ: “Aplica-se ao crime de estelionato, em que


SÚMULA 544, STF – “O pagamento de cheque emitido sem figure como vítima entidade autárquica da previdência
provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não social, a qualificadora do §3º do art. 171 do Código Penal.
obsta ao prosseguimento da ação penal”. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO – entendimento majoritário
– permanente.
(Antes da reforma de 84 – art. 16 – arrependimento
posterior) – o STF ratificou a súmula somente para o inciso
VI. DEPOIS DO INÍCIO DA AÇÃO PENAL, atenuante genérica V – NOVO CRIME
do art. 65, III, b, CP.
Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou
intermediar operações que envolvam ativos virtuais, valores
7. COMPETÊNCIA – SUMULA 521, STF/ 244, STJ mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de
obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
S. 521, STF – “ O foro competente para o processo e
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da
qualquer outro meio fraudulento. (Incluído pela Lei nº
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do
14.478, de 2022) Vigência
local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
CHEQUE FALSIFICADO – S. 48, STJ – obtenção da vantagem
multa. (Incluído pela Lei nº 14.478, de 2022)
ilícita – estelionato comum.
# Tem-se decidido não se configurar a emissão de cheques
sem fundos para pagamentos de dívida de jogo (art. 814, VII – QUADRO COMPARATIVO
CC) APROPRIAÇÃO APROPRIAÇÃO ESTELIONATO
INDÉBITA INDÉBITA DE
COISA HAVIDA
8. DISTINÇÃO
POR ERRO
Será estelionato:
- A VÍTIMA - A VÍTIMA - A VÍTIMA
a) Falsificação de cheque alheio; ENTREGA O BEM ENTREGA O BEM ENTREGA O BEM
b) Abertura de conta corrente com documentos falsos SEM ESTAR EM EM RAZÃO DE EM
e consequente obtenção de cheques verdadeiros ERRO; ERRO NÃO DECORRÊNCIA DE
do banco; - NÃO HÁ O PROVOCADO ERRO
EMPREGO DE PELO AGENTE; PROVOCADO OU
c) Sustação de cheques que ainda estavam em poder
FRAUDE; - NÃO HÁ ESPONTÂNEO;
do agente, mas referentes a conta concorrente.
- O AGENTE EMPREGO DE - HÁ EMPREGO
d) Emissão de cheques que ainda estavam em poder
RECEBE DE BOA- FRAUDE; DE FRAUDE;
do agente, mas referentes a conta corrente que já
fora encerrada. FÉ. DOLO É - O AGENTE - O AGENTE JÁ
POSTERIOR. RECEBE O BEM DE RECEBE O BEM DE
BOA-FÉ. DOLO MÁ-FÉ. DOLO É
IV – ESTELIONATO MAJORADO – CAUSA DE AUMENTO POSTERIOR. ANTERIOR.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular, # JOGOS DE AZAR: ART. 50, LCP. O apostador possa vencer;
assistência social ou beneficência. caso haja manipulação do resultado, haverá estelionato
comum.

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# CURANDEIRISMO: se cobra por consultas. Mas se promete corpus. Precedentes citados do STF: HC 84.412-SP, DJ
curar impossíveis e cobra quantias consideráveis: 19/11/2004; do STJ: HC 146.656-SC, DJe 1º/2/2010, e HC
Estelionato. 83.027- PE, DJe 1º/12/2008. HC 156.384-RS, Rel. Min. Og
# TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (ART. 332, CP) OU EXPORAÇÃO Fernandes, julgado em 26/4/2011.
DE PRESTÍGIO (ART. 356,CP)
# FURTO DE ENERGIA: se capta clandestinamente. Se já é
Informativo nº 0506
cliente e adultera medidor, estelionato.
Período: 4 a 17 de outubro de 2012.
# FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO (ART. 297 A 299, CP)
Quinta Turma
Ex.: uso de documento falso para viabilizar o golpe;
falsificam as folhas de cheque em gráfica e sacam o DIREITO PENAL. COLA ELETRÔNICA. ATIPICIDADE DA
dinheiro; adulteram o valor de cheque já assinado pelo CONDUTA.
titular; subtrair folha em branco e se passar pelo titular – A “cola eletrônica”, antes do advento da Lei n. 12.550/2011,
ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO: O estelionato absorve o era uma conduta atípica, não configurando o crime de
falso – súmula 17, STJ. Ex.; Uso de documento falso par estelionato. Fraudar concurso público ou vestibular através
alugar um carro sem intenção de devolvê-lo, causando de cola eletrônica não se enquadra na conduta do art. 171
prejuízo a locadora de veículos. do CP (crime de estelionato), pois não há como definir se
JURISPRUDÊNCIA COLADIONADA esta conduta seria apta a significar algum prejuízo de ordem
patrimonial, nem reconhecer quem teria suportado o revés.
INFORMATIVO 470/2011 Assim, caso ocorresse uma aprovação mediante a fraude, os
ESTELIONATO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. únicos prejudicados seriam os demais candidatos ao cargo,
Policial rodoviário da reserva remunerada (ora paciente) já que a remuneração é devida pelo efetivo exercício da
utilizou-se de documento falso (passe conferido aos função, ou seja, trata-se de uma contraprestação pela mão
policiais da ativa) para comprar passagem de ônibus de obra empregada, não se podendo falar em prejuízo
intermunicipal no valor de R$ 48,00. Por esse motivo, foi patrimonial para a administração pública ou para a
denunciado pela suposta prática do crime de estelionato organizadora do certame. Ademais, não é permitido o
previsto no art. 171 do CP. Sucede que a sentença o emprego da analogia para ampliar o âmbito de incidência
absolveu sumariamente em razão do princípio da da norma incriminadora; pois, conforme o princípio da
insignificância, mas o MP estadual interpôs apelação e o legalidade estrita, previsto no art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º
TJ determinou o prosseguimento da ação penal. Agora, no do CP, a tutela penal se limita apenas àquelas condutas
previamente definidas em lei. Por fim, ressalta-se que a Lei
habeas corpus, busca a impetração seja restabelecida a
n. 12.550/2011 acrescentou ao CP uma nova figura típica
decisão de primeiro grau devido à aplicação do referido
com o fim de punir quem utiliza ou divulga informação
princípio. Para o Min. Relator, a conduta do paciente não
sigilosa para lograr aprovação em concurso público.
preenche os requisitos necessários para a concessão da
Precedentes citados do STF: Inq 1.145-PB, DJe 4/4/2008; do
benesse pretendida. Explica que, embora o valor da
STJ: HC 39.592-PI, DJe 14/12/2009, e RHC 22.898-RS, DJe
vantagem patrimonial seja de apenas R$ 48,00 (valor da
4/8/2008. HC 245.039-CE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
passagem), as circunstâncias que levam à denegação da
julgado em 9/10/2012.
ordem consistem em ser o paciente policial da reserva,
profissão da qual se espera outro tipo de comportamento;
ter falsificado documento para parecer que ainda estava Informativo nº 0453
na ativa; além de, ao ser surpreendido pelos agentes,
Período: 25 a 29 de outubro de 2010.
portar a quantia de R$ 600,00 no bolso, a demonstrar que
teria plena condição de adquirir a passagem. Assim, tais Quinta Turma
condutas do paciente não se afiguram como um GERENTE. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FURTO QUALIFICADO.
irrelevante penal, nem podem ensejar constrangimento FRAUDE.
ilegal. Por fim, assevera que não caberia também, na via
A Turma deu provimento ao recurso especial para subsumir
estreita do habeas corpus, o exame da alegação da a conduta do recorrido ao delito de furto qualificado pela
defesa quanto a eventuais dificuldades financeiras do fraude (art. 155, § 4º, II, do CP), não ao de estelionato (art.
paciente. Esclarece ainda que, de acordo com a 171 do CP).In casu, o réu, como gerente de instituição
jurisprudência do STF, para a incidência do princípio da financeira, falsificou assinaturas em cheques de titularidade
insignificância, são necessários a mínima ofensividade da de correntistas com os quais, por sua função, mantinha
conduta do agente, nenhuma periculosidade social da relação de confiança, o que possibilitou a subtração, sem
ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do obstáculo, de valores que se encontravam depositados em
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica nome deles. Para o Min. Relator, a fraude foi utilizada para
provocada. Diante dessas considerações, a Turma burlar a vigilância das vítimas, não para induzi-las a entregar
denegou a ordem e cassou a liminar deferida para voluntariamente a res. REsp 1.173.194-SC, Rel. Min.
sobrestar a ação penal até o julgamento do habeas Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/10/2010 REsp
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1.173.194-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado (2020.VUNESP) O crime de roubo tem pena aumentada (CP,
em 26/10/2010 art. 157, § 2° e 2° A) se
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS A. o bem subtraído é de propriedade de ente público
Municipal, Estadual ou Federal.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
crimes previstos neste título, em prejuízo: B. a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
C. praticado em transporte público ou coletivo.
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. D. cometido por quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se
o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: E. cometido por quem for ocupante de cargos em comissão
ou de função de direção ou assessoramento de órgão de
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
empresa pública.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
(SP.2015) Um funcionário da Farmácia Vida Boa é o
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos responsável pelo pagamento das contas da sociedade
anteriores: empresarial junto ao estabelecimento financeiro. Em
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, determinada data, quando levava R$ 2.000,00 ao Banco
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à para depósito a pedido do gerente da sociedade, decide, no
pessoa; caminho, ficar com R$ 1.000,00 para si e apenas depositar
na conta os outros R$ 1.000,00. Não falsifica, porém,
II - ao estranho que participa do crime.
qualquer comprovante de depósito, mas simplesmente não
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual o entrega ao responsável. Considerando a situação narrada,
ou superior a 60 (sessenta) anos. a conduta do funcionário configura:
A apenas ilícito civil, sendo penalmente atípica;
QUESTÕES B crime de furto;
(2019) Nos termos da lei, em que consiste o estelionato? C crime de estelionato;
A. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder D crime de receptação;
por erro, caso fortuito ou força da natureza.
E crime de apropriação indébita.
B. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
C. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro
(FCC.2019) Rômulo e José combinaram durante uma festa a
sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo
prática de um roubo contra determinada farmácia durante
ou em parte, de coisa imóvel alheia.
a madrugada. Saindo da festa, os dois rumaram no carro de
D. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em José para o estabelecimento comercial vítima e lá
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, praticaram o roubo, subtraindo todo o dinheiro que havia
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio no caixa. Para o roubo Rômulo utilizou uma arma de
fraudulento. brinquedo, enquanto José empregou um revólver calibre
E. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou 38, devidamente municiado. Quando os dois roubadores
danificando bens, ou simulando dívidas. estavam saindo da farmácia com o produto do roubo, o
segurança do estabelecimento, Pedro, resolveu reagir e,
(2020) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito penal e
neste momento, José efetuou contra ele três disparos de
das disposições gerais acerca dos crimes contra o
arma de fogo, ferindo-o gravemente na região do abdômen.
patrimônio, contra a dignidade sexual e contra a
Pedro foi socorrido no hospital mais próximo e sobreviveu
administração pública, julgue o item a seguir.
aos ferimentos. Naquela mesma noite Rômulo e José foram
Situação hipotética: Maria, de sessenta e oito anos de presos pela polícia, que conseguiu recuperar a res furtiva e
idade, e Teresa, de cinquenta e quatro anos de idade, são apreender as armas utilizadas (simulacro e revólver calibre
irmãs e residem no mesmo endereço. Na ocasião de uma 38). Neste caso,
festividade familiar, Teresa se aproveitou de um descuido
A. Rômulo e José responderão por crime de tentativa de
de Maria e acabou por subtrair-lhe a bolsa. Assertiva: Nos
latrocínio.
termos do Código Penal, o processamento do crime de furto
praticado por Teresa dependerá de representação de B. José responderá por crime de tentativa de latrocínio,
Maria. enquanto Rômulo por roubo qualificado pelo concurso de
agentes.
( ) Certo ( ) Errado

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C. José responderá por crime de tentativa de latrocínio, c) não admite a modalidade tentada.
enquanto Rômulo por roubo duplamente qualificado pelo d) consuma-se quando o agente solicita vantagem como
concurso de agentes e emprego de arma de fogo. preço do resgate, por se tratar de crime contra o
D. Rômulo e José responderão por crime de roubo patrimônio.
duplamente qualificado pelo concurso de agentes e e) consuma-se quando o agente obtém vantagem como
emprego de arma de fogo, bem como pelo crime de preço do resgate, por se tratar de crime contra o
tentativa de homicídio contra a vítima Pedro. patrimônio.
E. José responderá por crime de roubo duplamente
qualificado pelo concurso de agentes e emprego de arma de
fogo, bem como pelo crime de tentativa de homicídio CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
contra a vítima Pedro, enquanto Rômulo responderá por Art. 213, CP – ESTUPRO
crime de roubo qualificado pelo concurso de agentes. Art. 215, CP – VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE
FRAUDE
MP.AL.2018) Mário, fingindo ser manobrista de um
restaurante famoso, recebe de um cliente seu veículo para LEI 12.015/2009
estacionar. Em seguida, sai com o veículo para local
distante, vindo a oferecê-lo para terceira pessoa de boa fé. ANTES DEPOIS
O cliente ao sair do restaurante não encontrou o veículo e o - ESTUPRO (ART. 213) – - REUNIU OS DOIS NUM SÓ
guardador, resolvendo registrar o fato na delegacia crime bipróprio DISPOSITIVOS:
próxima. CONJUNÇÃO CARNAL ART. 213, CP – ESTUPRO –
Encerrado o inquérito, identificado o autor e elaborado o VIOLENTA crime comum
relatório, os autos foram encaminhados ao Promotor de SUJEITO ATIVO: HOMEM (manteve o mesmo nome,
Justiça que deverá oferecer denúncia em face de Mário pela alguns doutrinadores
prática do injusto de SUJEITO PASSIVO: MULHER
criticaram a manutenção do
a) furto simples. nome)
b) furto qualificado. - ATENTADO VIOLENTO AO
PUDOR (ART. 214)
c) estelionato. conjunção carnal violenta +
DEMAIS ATOS LIBIDINOSOS demais atos libidinosos
d) apropriação indébita simples. COM VIOLÊNCIA
e) apropriação indébita majorada. s.ativo: homem s.
SUJEITO ATIVO: QUALQUER ativo: qqer pessoa
(PCGO.DELEGADO.2018) Sobre o crime de furto, previsto PESSOA
no artigo 155 do Código Penal, tem-se o seguinte: s. passivo: mulher s.
SUJEITO PASSIVO: passivo: qqer pessoa
a)A lei penal admite, em certas hipóteses, ação penal QUALQUER PESSOA
pública condicionada à representação para o crime de furto. s. ativo: mulher
s.passivo: homem
b) O Superior Tribunal de Justiça admite a aplicação, no
furto qualificado pelo concurso de agentes, da majorante
do roubo. CAPÍTULO I – CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
c) O Superior Tribunal de Justiça entende que a existência
de sistema de vigilância realizado por monitoramento
ESTUPRO (Art. 213, CP)
eletrônico torna impossível a configuração do crime de ESTUPRO
furto. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência
d) A expressão “pequeno valor”, requisito para o ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
reconhecimento do furto privilegiado, equivale, na praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso:
jurisprudência, a “valor insignificante”.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
e) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não o
admite o reconhecimento do privilégio nas hipóteses de § 1 Se da conduta resulta lesão corporal de
natureza grave ou se a vítima é menor de 18
furto qualificado.
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
(PC.SP.2018)O crime de extorsão mediante sequestro (CP, Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
art. 159) o
§ 2 Se da conduta resulta morte:
a) é qualificado se do fato resulta lesão corporal grave ou
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
morte.
b) é qualificado se cometido contra vítima menor de 18
(dezoito) anos ou maior de 50 (cinquenta) anos.
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1. BEM JURÍDICO TUTELADO 4. CONDUTA


Dignidade sexual – livre escolha do parceiro sexual CONSTRANGER ALGUÉM MEDIANTE VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA* A:
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. TER CONJUNÇÃO PRATICAR OU PERMITIR QUE SE
CARNAL PRATIQUE OUTRO ATO
CONJUNÇÃO CARNAL: HOMEM OU MULHER
LIBIDINOSO
DEMAIS ATOS LIBIDINOSOS: HOMEM OU MULHER
Cópula natural “outro ato libidinoso”
OBS.: ART. 226, II, CP – aumento de pena – interpretação
Ex: Sexo oral; sexo anal,
analógica
E atc: masturbar o agente;
Art. 226. A pena é aumentada II - de metade, se o
agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, receber sexo oral; permitir que o
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, agente introduza o dedo em seu
preceptor ou empregador da vítima ou por ânus ou vagina e esfregar o órgão
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; sexual no corpo da vítima;
introduzir objeto; passar as mãos
nos seios; forçar a vítima a se
Ex.: Babá, Guardião (tem a guarda); professor. automasturbar; manter relações
* Crime de estupro entre marido e mulher. com terceiros.**
Obs.: Admite coautoria e participação – coautoria será Obs: Beijo Lascivo – beijo que
aquele que empregar violência ou grave ameaça contra a causa desconforto – não configura
vítima (ato executório) sem realizar a conjunção carnal, mas - discussão.
viabiliza ao comparsa. O partícipe estimula os sujeito ativo
realizar o estupro.
* VIOLÊNCIA: EFETIVO EMPREGO DE FORMA FÍSICA. GRAVE
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018) AMEAÇA: promessa de mal injusto e grave - COAÇÃO
MORAL – devendo ser grave – não abrange o simples temor
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
reverencial (exceto art. 213, §1º). A ameaça será
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
considerada grave:
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018) 1ªC) a gravidade ou não da ameaça será extraída mediante
o auxílio da figura do “homem médio”.
b) para controlar o comportamento social ou
sexual da vítima. 2ªC) a gravidade ou não da ameaça será extraída na análise
do caso concreto (idade, sexo e o grau de instrução da
vítima) - majoritária.
3. SUJEITO PASSIVO: crime bicomum.
OMISSÃO: é possível. Ex.: Mãe que nada faz para evitar que
CONJUNÇÃO CARNAL: HOMEM OU MULHER companheiro mantenha relações sexuais violentas com sua
DEMAIS ATOS: HOMEM OU MULHER filha de 15 anos.
- Relevância da palavra da vítima na comprovação do
estupro: é possível a condenação de um estuprador com ** Contato físico: não é necessário o contato físico entre o
base somente nas e no reconhecimento efetuado pela sujeito ativo e passivo. Somente o envolvimento corpóreo
vítima. da vítima no ato sexual (MIRABETE). Mas para o MP/SP
OBS.¹ Prostituta – mantém dignidade sexual – liberdade contato físico entre os envolvidos é indispensável, poderá
sexual. Não há mais a exigência da mulher honesta. caracterizar outro crime como o constrangimento ilegal.
OBS.² Art. 213, §1º (vítima menor de 18 anos) – pena: 8 a *** Obrigar a vítima a tirar a roupa, sem prática de ato
12 anos. sexual – contemplação lasciva – configura constrangimento
o
§ 1 Se da conduta resulta lesão corporal de ilegal.
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 **** Propostas indecorosas: art. 61, LCP – importunação
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: ofensiva ao pudor. Em coletivos – o agente
intencionalmente encosta na vítima – não houve violência
ou grave ameaça. Agora o crime é de Importunação Sexual
- Muda o termo inicial da prescrição. Se menor de 14 anos,
(art. 215-A, CP)
o estupro é de vulnerável – art. 217-A.
Obs.³: Conjunção carnal com cadáver – art. 212, CP –
vilipêndio a cadáver. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.
Não exige do agente finalidade especial – como para
satisfazer sua libido. Pois a intenção pode ser para se vingar
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da vítima; ou por aposta. Policiais que estupram presas Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
políticas para tortura-las. Todavia não será quando a
intenção for a morte.
SE DA CONDUTA (violência ou grave a ameaça) RESULTA:
1ª C) dispensa finalidade especial – CAPEZ
§1º - LESÃO CORPORAL §2º - MORTE
2ªC) a conjunção carnal e o ato libidinoso diverso
constituem finalidade especial que anima o ART. 129, §1º E 2º
constrangimento. (MIRABETE). Deve ser culposo - – delito Deve ser culposo – delito
3ªC) Exige o fim especial se satisfazer a lascívia.(minoritária) qualificado preterdoloso qualificado preterdoloso*
Quem estupra por amor não será estupro.
* Se ele assume o risco da morte – homicídio + estupro –
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA júri – maníaco do parque.
Consumação: prática do ato de libidinagem visado pelo
agente. No outro ato libidinoso: o agente praticar (ativo) ou 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
permitir (passivo) que nela se pratique. A) CRIME HEDIONDO – ART. 1º, v, Lei 8.072/90
No STF os julgados reconhecem a continuidade delitiva  B) AUMENTO PELO CONCURSO;
conjunção carnal + ato libidinoso.
GRAVIDEZ (ART. 234-A);
STJ: crime único; crime continuado e concurso material.
TRANSMITE DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL (art.
Tentativa: com o emprego da violência ou grave a ameaça 234-A, IV).
visando o ato sexual. Ex.: Entrando em terreno baldio
consegue fugir. Obs.; Aids – para alguns é lesão corporal gravíssima (art.
129, §2º, II) e para outros tentativa de homicídio – será
responsabilizado pro crime de estupro + lesão ou tentativa
7. RESULTADOS QUALIFICADORES de homicídio.
o
§ 1 Se da conduta resulta lesão corporal de Doença venérea – estupro + art. 130, CP  se não passar a
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 doença pois o crime é de “perigo” de moléstia venérea. Se
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: houver a transmissão aplica-se o aumento de pena.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
o
§ 2 Se da conduta resulta morte:

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CRIMES SEXUAIS COM FRAUDE OBS.¹ Prostituta – é possível mantém dignidade sexual –
liberdade sexual. Não há mais a exigência da mulher
VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE (Art. honesta. Não no caso de cliente inadimplente.
215, CP) Não há o agravamento da idade.

LEI 12.015/2009 4. CONDUTA


ANTES DEPOIS TER CONJUNÇÃO CARNAL OU PRATICAR OUTRO ATO
- Posse sexual - Reuniu os tipos penais – LIBIDINOSO MEDIANTE:
mediante fraude (215) VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE A) Fraude – errada percepção da realidade. O agente
Conjunção carnal com FRAUDE (ART. 215) pratica o ato sexual ocultando sua intenção ou sua
fraude rela identidade.
Sujeito ativo: homem Ex.: Ginecologista; baile de máscaras; “pais de
A) CONJUNÇÃO CARNAL santos”; irmãos gêmeos; empregado de hospital se
Sujeito passivo: mulher COM FRAUDE + faz de médico;
- Atentado violento ao B) ATOS LIBIDINOSOS COM Ex.: Não entra neste caso de conjunção carnal com
pudor mediante fraude FRAUDE promessa de emprego e nega-se o emprego.
(216)
B) Outro meio que impeça ou dificulte a livre
Atos libidinosos com A lei 12.015/09 acrescentou outro manifestação de vontade da vítima.
fraude meio que impeça ou dificulte a Obs.: O uso de soníferos e outras drogas incorre no
Sujeito ativo: qualquer livre manifestação de vontade da crime de estupro de vulnerável, pois não tinha
pessoa vítima. qualquer possibilidade de resistência.
Sujeito passivo: Vícios de vontade: simulação (art. 215) e coação
qualquer pessoa (art. 213).
A doutrina tem entendido como a simples ameaça,
Violação sexual mediante fraude o temor reverencial ou até mesmo embriaguez
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro moderada. Atenção: a fraude utilizada na execução
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou do crime não pode anular a capacidade de
outro meio que impeça ou dificulte a livre resistência da vítima, caso em que estará
manifestação de vontade da vítima: configurado o estupro de vulnerável.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
STJ: NO SEXO CONSENTIDO SOB A CONDIÇÃO DE USO DE
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim PRESERVATIVO, A RETIRADA DURANTE O SEXO, SEM
de obter vantagem econômica, aplica-se também COMUNICAÇÃO E SEM VIOLÊNCIA CARACTERIZA POSSE
multa. SEXUAL MEDIANTE FRAUDE.
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO
Não exige do agente finalidade especial – como para
Dignidade sexual – livre escolha do parceiro sexual satisfazer sua libido. Pois a intenção pode ser para se vingar
da vítima; ou por aposta. Policiais que estupram presas
políticas para tortura-las. Todavia não será quando a
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
intenção for a morte.
(homem ou mulher)
1ª C) dispensa finalidade especial – CAPEZ
OBS.: ART. 226, II, CP – aumento de pena – interpretação
analógica 2ªC) a conjunção carnal e o ato libidinoso diverso
constituem finalidade especial que anima o
Art. 226. A pena é aumentada: II - de metade, se o
agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, constrangimento. (MIRABETE).
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, 3ªC) Exige o fim especial se satisfazer a lascívia.(minoritária)
preceptor ou empregador da vítima ou por Quem estupra por amor não será estupro.
qualquer outro título tem autoridade sobre ela;

6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
3. SUJEITO PASSIVO: crime bicomum.
Consumação: prática do ato de libidinagem visado pelo
Qualquer pessoa: homem ou mulher. agente.

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Tentativa: com o emprego da violência ou grave a ameaça por agente que mantém ou tenha mantido
visando o ato sexual. Ex.: Entrando em terreno baldio relação íntima de afeto com a vítima ou com o
consegue fugir. fim de vingança ou humilhação.
Exclusão de ilicitude § 2º Não há crime quando
o agente pratica as condutas descritas no caput
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL deste artigo em publicação de natureza
jornalística, científica, cultural ou acadêmica com
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua a adoção de recurso que impossibilite a
anuência ato libidinoso com o objetivo de identificação da vítima, ressalvada sua prévia
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: autorização, caso seja maior de 18 (dezoito)
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
não constitui crime mais grave
ASSÉDIO SEXUAL – ART. 216-A
- CONDUTA: ato libidinoso sem consentimento, mas sem Assédio sexual
violência ou grave a ameaça; Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
obter vantagem ou favorecimento sexual,
Ex.: passa a mão nas partes íntimas, masturbação, beijo prevalecendo-se o agente da sua condição de
lascivo, algumas pessoas erroneamente chamam de assedio superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
sexual exercício de emprego, cargo ou função.
Obs: quando cometido contra menor de 14 anos: será Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
estupro de vulnerável, visto que a violência é presumida. o
§ 2 A pena é aumentada em até um terço se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA


INTIMIDADE SEXUAL 1. BEM JURÍDICO TUTELADO

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, Liberdade sexual + tranquilidade de não serem
por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez importunadas no seu local de trabalho ou por pessoas de
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e importância.
privado sem autorização dos participantes:
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
2. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, homem ou mulher
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
multa. Crime próprio: Superioridade hierárquica ou ascendência
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem inerente ao cargo.
realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou Não será considerado no caso se o agente apenas goza de
qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa poder ou influência em relação a vítima (professores;
em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de diretores; prefeito em relação aos munícipes).
caráter íntimo.
Mas será possível no caso do líder espiritual.
STJ: CONFIGURA ASSÉDIO A RELAÇÃO DE PROFESSOR E
DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE ALUNO
CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL,
DE CENA DE SEXO OU DE 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
PORNOGRAFIA
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar,
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, 4. CONDUTA: CONSTRANGER.
publicar ou divulgar, por qualquer meio - Sem complemento: significa envergonhar; embaraçar;
inclusive por meio de comunicação de massa ou importunar;
sistema de informática ou telemática -,
fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual Crime de ação livre: atos; gestos; palavras; escritos.
que contenha cena de estupro ou de estupro de Todavia, o mero gracejo ou convite para jantar não
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua configura.
prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena
de sexo, nudez ou pornografia: Pena - reclusão, A ameaça não é necessária. Ex.: Relacione-se comigo e será
de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui promovida. Todavia o tipo mais comum, ocorre com a
crime mais grave. ameaça; Ex.: se não sair comigo, não entra de férias. Se a
(PORNOGRAFIA DE VINGANÇA) Aumento de ameaça for grave será estupro.
pena § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um
terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado
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5. CONSUMAÇÃO I - ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A)


Crime formal: no momento do assédio, independente da Estupro de vulnerável
obtenção da vantagem indevida.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro
Tentativa: é possível na forma escrita. ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
o
6. CAUSAS DE AUMENTO § 1 Incorre na mesma pena quem pratica as ações
o descritas no caput com alguém que, por
§ 2 A pena é aumentada em até um terço se a
enfermidade ou deficiência mental, não tem o
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
No caso de proposta de sexo seriamente feita a criança de o o
11 anos, configura-se crime de estupro de vulnerável. § 2 (VETADO) § 3 Se da conduta resulta lesão
corporal de natureza grave:
Aplica-se as causas de aumento do art. 226, CP.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
o
§ 4 Se da conduta resulta morte:
CRIMES SEXUAIS CONTRA VÍTIMA Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e
VULNERÁVEL 4º deste artigo aplicam-se independentemente do
Art. 217-A até Art. 218-B, CP consentimento da vítima ou do fato de ela ter
mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

LEI 12.015/2009 – VÍTIMA VULNERÁVEL 1. BEM JURÍDICO TUTELADO


ANTES DEPOIS Dignidade sexual – livre escolha do parceiro sexual
ART. 224, CP: ART. 217-A
A) NÃO MAIOR DE 14 A) MENOR DE 14 2. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. Crime comum.
ANOS; ANOS;
Abrange o dia do Não abrange o dia
3. SUJEITO PASSIVO: Pessoa vulnerável. Crime próprio.
14º aniversário do 14º aniversário
Obs: art. 226, II: “Art. 226. A pena é aumentada: II - de
B) ALIENADA MENTAL; B) ALIENADA MENTAL;
metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta,
C) SEM CAPACIDADE C) SEM CAPACIDADE tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor
DE RESISTÊNCIA. DE RESISTÊNCIA ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem
autoridade sobre ela;
LEI 12.015/2009 – ESTUPRO DE VULNERÁVEL a) menor de 14 anos;
ANTES DEPOIS b) portadores de enfermidade ou doença mental, que não
tenham o necessário discernimento para a prática do ato.
- MEDIANTE VIOLÊNCIA - COM OU SEM VIOLÊNCIA Perícia. A doença mental deve abolir inteiramente a
REAL: ART. 213, CP REAL: ART. 217-A capacidade de entendimento do ato sexual.
PENA: 6 a 10 anos PENA: 8 A 15 ANOS. c) pessoa que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
- SEM VIOLÊNCIA REAL: resistência.
ART. 213, CP c/c art. 224, Atenção: o artigo 214, CP foi Independe que seja prévio (coma, doença, idade avançada,
CP expressamente revogado, desmaio, paralisia) ou provocado pelo agente ().
PENA: 6 A 10 anos revogando também o artigo
Aumentava ½ (Art. 9º, Lei 9º da lei 8.072/90.
4. CONDUTA
8.072/90)
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso. Com
ou sem emprego de violência.
Obs.: Não houve abolitio criminis, pois para que ocorra não Não exige o emprego de violência ou grave ameaça. Mesmo
basta a revogação dos dispositivos da lei anterior, sendo que a vítima dê seu consentimento, este não será válido.
necessário que a nova lei não mais considere o fato
criminoso. A lei 12.015/09 não fez isso, ela revogou o art.
214 e 224, e tipificou o estupro de vulnerável, ou seja,
continuou a punir a mesma conduta. (STF)
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5. TIPO SUBJETIVO: DOLO. II. MEDIAÇÃO PARA SATISFAZER LASCÍVIA


- Agente deve conhecer a condição de vulnerável da vítima. DE OUTREM COM PESSOA
# ERRO DO TIPO. Se o agente desconhece que a vítima é VULNERÁVEL MENOR DE 14 ANOS –
pessoa vulnerável. O erro deve ser comprovado pelo agente
ART. 218, CP
– erro plenamente justificado pelas circunstâncias.
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze)
Consequência: anos a satisfazer a lascívia de outrem:
a) Se praticado o fato mediante violência ou grave http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
ameaça – deixa de configurar o art. 217-a, 2010/2009/Lei/L12015.htm - art2
enquadra-se no art. 213, CP. Atipicidade relativa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
b) Se praticado mediante fraude – deixa de configurar
o art. 217-a, enquadra-se no art. 215, CP. 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: DIGNIDADE SEXUAL DE
c) Se praticado sem violência, grave ameaça ou PESSOA MENOR DE 14 ANOS.
fraude, deixa de configurar o art. 217-A. FATO
ATÍPICO.
2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA.
3. SUJEITO PASSIVO: CRIME PRÓPRIO – MENOR DE 14
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ANOS.
Igual ao art. 213-A. 4. CONDUTA: INDUZIR, CONVENCER OU PERSUADIR
MENOR QUE SATISFAÇA DESEJOS SEXUAIS, COM OU
7. FORMAS QUALIFICADAS SEM VANTAGEM. LASCÍVIA DE TERCEIROS. ESTE
TERCEIRO DEVE SER DETERMINADO. SEM ATO SEXUAL.
- SE DA CONSUTA (VIOLÊNCIA E GRAVE AMEAÇA) RESULTA:
EX.: fazer strip-tease; sexo por telefone.
§1º - LESÃO CORPORAL §2º - MORTE
ART. 129, §1º E 2º
5. TIPO SUBJETIVO: dolo
Deve ser culposo - – delito Deve ser culposo – delito
qualificado preterdoloso qualificado preterdoloso*
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: NO MOMENTO QUE O
ATO É REALIZAADO, INDEPENDENTE DE SE VERIFICAR SE
8. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – IGUAL AO ESTUPRO O TERCEIRO FICOU SEXUALMENTE SATISFEITO.
9. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA
10. SÚMULAS – VULNERABILIDADE DO VULNERÁVEL 7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º OBS.: PORNOGRAFIA INFANTIL – ART. 240- 241-E, ECA
deste artigo aplicam-se independentemente do
consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
Lei nº 13.718, de 2018) pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena –
Súmula 593, STJ. O crime de estupro de vulnerável reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o
eventual consentimento da vítima para a prática do ato, III. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE
experiência sexual anterior ou existência de PRESENÇA DE CRIANÇA OU
relacionamento amoroso com o agente.
ADOLESCENTE – ART. 218-A, CP
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor
de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12015.htm - art3
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: DIGNIDADE SEXUAL DE


MENOR DE 14 ANOS + FORMAÇÃO SEXUAL.

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2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA 4. CONDUTA:


A) CONVENCER ALGUÉM QUE SE PROSTITUA OU
3. SUJEITO PASSIVO: MENOR DE 14 ANOS. OUTRAS FORMAS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
(dançarina; sexo por telefone; webcams);
B) COLABORAR PARA QUE ALGUÉM EXERÇA A
4. CONDUTA: FAZER COM QUE MENOR DE 14 ANOS PROSTITUIÇÃO (APOIO MATERIAL)
ASSISTA ATO SEXUAL OU OUTRO ATO COM
CONOTAÇÃO SEXUAL ENVOLVENDO O PRÓPRIO AGENTE C) IMPEDIR OU DIFICULTAR QUE A VÍTIMA
E OUTRAS PESSOAS. ABANDONE AS REFERIDAS ATIVIDADES.
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO

5. TIPO SUBJETIVO: DOLO


6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: QUANDO A VÍTIMA
ASSUME UMA VIDA DE PROSTITUIÇÃO
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: NO MOMENTO DO ATO
SEXUAL.
7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA

7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA


8. ART. 218-B, §1º - LUCRO – por parte do agente;

IV. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA Se o agente visar reiteradamente participação nos


FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DO VULNERÁVEL – ART. lucros de quem exerce a prostituição – crime de
218-B, CP rufianismo – art. 229, CP – com pena agravada se a
vítima for menor de 18 anos e maior de 14 anos.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à
prostituição ou outra forma de exploração sexual
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por 9. FORMAS EQUIPARADAS – ART. 218-B, §2º
enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no
o caput deste artigo; PUNE-SE QUEM FAZ O
§ 1 Se o crime é praticado com o fim de obter
PROGRAMA MENOR DE IDADE. O AGENTE DEVE
vantagem econômica, aplica-se também multa.
o
SABER OU DEVERIA SABER. SE FOR MENOR DE 14
§ 2 Incorre nas mesmas penas: ANOS – SERÁ ESTUPRO DE VUNERÁVEL.
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no
local em que se verifiquem as práticas referidas no
caput deste artigo; caput deste artigo.
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo ESPÉCIE QUALIFICADA DE PROSTITUIÇÃO.
local em que se verifiquem as práticas referidas no TAMBÉM INCORRE NO CRIME O DONO DE MOTEL
caput deste artigo. QUE PERMITA A PROTITUTA DA REFERIDA FAIXA
o o
§ 3 Na hipótese do inciso II do § 2 , constitui ETÁRIA.
efeito obrigatório da condenação a cassação da Obs.: crime específico – art. 240 e 241 do ECA. REVOGOU O
licença de localização e de funcionamento do ART. 244-A, ECA.
estabelecimento
Obs.: DISPOSITIVOS REVOGADOS - Revogou o crime de
sedução (conjunção carnal com mulher virgem) e rapto
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: DIGNIDADE SEXUAL DO consensual (fuga da mulher menor para fim libidinoso).
MENOR DE 14 ANOS.
Revogou também a corrupção de menores.
AÇÃO PENAL
2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER
ART. 225, CP
PESSOA
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO PENAL. NATUREZA HEDIONDA. ESTUPRO E
3. SUJEITO PASSIVO: PESSOA COM IDADE ENTRE 14 A
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR COMETIDOS ANTES DA
18 ANOS; DEFICIENTE MENTAL;
LEI N. 12.015/2009. FORMA SIMPLES. RECURSO REPETITIVO
Maior de 18 anos: art. 228, Induzimento à (ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ).
prostituição.

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Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM
cometidos antes da edição da Lei n. 12.015/2009 são DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA
considerados hediondos, ainda que praticados na forma DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
simples. O bem jurídico tutelado é a liberdade sexual, não a
integridade física ou a vida da vítima, sendo irrelevante que ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
a prática dos ilícitos tenha resultado lesões corporais de
natureza grave ou morte. As lesões corporais e a morte são LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
resultados que qualificam o crime, não constituindo, pois, PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO
elementos do tipo penal necessários ao reconhecimento do SEXUAL
caráter hediondo do delito, que exsurge da gravidade dos
crimes praticados contra a liberdade sexual e merecem
tutela diferenciada, mais rigorosa. Ademais, afigura-se I – MEDIAÇÃO PARA SATISFAZER A LASCÍVIA
inequívoca a natureza hedionda do crime de estupro
praticado sob a égide da Lei n. 12.015/2009, que agora
DE OUTREM – ART. 227, CP
abarca, no mesmo tipo penal, a figura do atentado violento Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de
ao pudor, inclusive na sua forma simples, por expressa outrem:
disposição legal, bem assim o estupro de vulnerável em Pena - reclusão, de um a três anos.
todas as suas formas, independentemente de que a o
§ 1 Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de
conduta venha a resultar lesão corporal ou morte. 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu
Precedentes citados do STF: HC 101.694-RS, DJe 2/6/2010; ascendente, descendente, cônjuge ou
HC 89.554-DF, DJ 2/3/2007; HC 93.794-RS, DJe23/10/2008 ; companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a
do STJ: AgRg no REsp 1.187.176-RS, DJe 19/3/2012, e REsp quem esteja confiada para fins de educação, de
1.201.911-MG, DJe 24/10/2011. REsp 1.110.520-SP, Rel. tratamento ou de guarda:
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012. Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de
violência, grave ameaça ou fraude:
DIREITO PENAL. NATUREZA HEDIONDA. ESTUPRO E
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR COMETIDOS ANTES DA
correspondente à violência.
LEI N. 12.015/2009. FORMA SIMPLES. RECURSO REPETITIVO
(ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ). § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
aplica-se também multa.
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor
cometidos antes da edição da Lei n. 12.015/2009 são
considerados hediondos, ainda que praticados na forma 1. BEM JURÍDICO TUTELADO:
simples. O bem jurídico tutelado é a liberdade sexual, não a 2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA
integridade física ou a vida da vítima, sendo irrelevante que
3. SUJEITO PASSIVO:
a prática dos ilícitos tenha resultado lesões corporais de
natureza grave ou morte. As lesões corporais e a morte são 4. CONDUTA: INDUZIR (ALICIAR OU PERSUADIR) ALGUÉM
resultados que qualificam o crime, não constituindo, pois, A SATISFAZER A LASCÍVIA (SENSUALIDADE,
elementos do tipo penal necessários ao reconhecimento do LIBIDINAGEM, LUXÚRIA) DE OUTREM
caráter hediondo do delito, que exsurge da gravidade dos 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO
crimes praticados contra a liberdade sexual e merecem
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
tutela diferenciada, mais rigorosa. Ademais, afigura-se
inequívoca a natureza hedionda do crime deestupro 7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA –
praticado sob a égide da Lei n. 12.015/2009, que agora
abarca, no mesmo tipo penal, a figura do atentado violento
ao pudor, inclusive na sua forma simples, por expressa II – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU
disposição legal, bem assim o estupro de vulnerável em OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO
todas as suas formas, independentemente de que a SEXUAL – ART. 228, CP
conduta venha a resultar lesão corporal ou morte.
Precedentes citados do STF: HC 101.694-RS, DJe 2/6/2010; Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição
ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la,
HC 89.554-DF, DJ 2/3/2007; HC 93.794-RS, DJe23/10/2008 ;
impedir ou dificultar que alguém a abandone:
do STJ: AgRg no REsp 1.187.176-RS, DJe 19/3/2012, e REsp
1.201.911-MG, DJe 24/10/2011. REsp 1.110.520-SP, Rel. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012.
o
§ 1 Se o agente é ascendente, padrasto,
madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,
tutor ou curador, preceptor ou empregador da

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vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, favorecimento de prostituição (facilitação) – quando não
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: cobrarem valores ou comissão (rufianismo).
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. Há o crime mesmo com o alvará de funcionamento.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de
violência, grave ameaça ou fraude:
STJ: O CRIME SÓ SE CONFIGURA SE EXCLUISVO PARA A
PROSTITUIÇÃO
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da
pena correspondente à violência. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Estabelecimento começa
aplica-se também multa. a funcionar. Crime habitual e permanente. Não admite
tentativa.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: EVITAR A PROSTITUIÇÃO E 7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA.
OS RISCOS A SAÚDE PÚBLICA. VÍTIMAS.
Obs.: A prostituição em si não constitui crime. A prostituta e IV – RUFIANISMO
quem faz programa com ela não é punido.
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia,
2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA participando diretamente de seus lucros ou
3. SUJEITO PASSIVO: homem ou mulher. fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por
quem a exerça:
4. CONDUTA: INDUZIMENTO; ATRAÇÃO; FACILITAÇÃO
(porteiro do hotel que detém catálogo; motorista de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
táxi. Sites que anunciam garotas e garotos). Obstar –
IMPEDIR OU DIFICULTAR. 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: evitar prostituição alheia
PROSTITUIÇÃO: caráter habitual. Dançarina de strip-tease; 2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA
modelo habitual em filmes; sexo por telefone e
webcams. Responde o responsável pela organização e 3. SUJEITO PASSIVO:
cobrança dessas práticas. 4. CONDUTA: visa a obtenção de vantagem econômica
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO reiterada em relação a prostituta ou prostituta
determinadas. Agenciamento de encontros; empresariam
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: induzir e atrair: quando prostitutas; recebem participação de lucros
ela passa a se prostituir – facilitação: na ação do sujeito
ativo – dificultar: no óbice – impedir: não consegue 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO
abandonar. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime habitual –
7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA. reiteração. Não admite tentativa.
7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA

III – CASA DE PROSTITUIÇÃO


Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro,
PROMOÇÃO DE MIGRAÇÃO ILEGAL
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o
haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal
do proprietário ou gerente: de estrangeiro em território nacional ou de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. brasileiro em país estrangeiro: Incluído pela Lei
nº 13.445, de 2017 Vigência
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: EVITAR A PROSTITUIÇÃO E multa
OS RISCOS A SAÚDE. VÍTIMA. § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por
2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA qualquer meio, com o fim de obter vantagem
econômica, a saída de estrangeiro do território
3. SUJEITO PASSIVO: SÃO AS PESSOAS EXPLORADAS nacional para ingressar ilegalmente em país
SEXUALMENTE. SOCIEDADE – MORALIDADE E SAÚDE estrangeiro.
PÚBLICA.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3
4. CONDUTA: CASAS DE PROSTITUIÇÃO; CASA DE (um terço) se:
MASSAGEM; BOATES. Pune o dono do local; I - o crime é cometido com violência; ou
empregados; gerente. Não precisa ter intenção de lucro
II - a vítima é submetida a condição desumana ou
e a mediação de captação de clientes.
degradante
No caso de boates que incentivam a frequência de § 3º A pena prevista para o crime será aplicada
prostitutas – mas não tem local apropriado – será sem prejuízo das correspondentes às infrações
conexas.

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cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer


I. ATO OBSCENO – ART. 233, CPP outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou
III - realiza, em lugar público ou acessível ao
aberto ou exposto ao público:
público, ou pelo rádio, audição ou recitação de
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou caráter obsceno.
multa.

QUESTÕES
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: PUDOR PÚBLICO
(2019.VUNESP) Tícia, de 16 anos, há dois anos namora Caio,
2. SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM – QUALQUER PESSOA de 19 anos. Tícia é virgem e está decidida a apenas manter
3. SUJEITO PASSIVO: COLETIVIDADE – BEM QUALQUER relação sexual após o casamento, já marcado para ocorrer
PESSOA. no dia em que ela completará 18 anos. Quando estavam
4. CONDUTA: ATO OBSCENO – ATO REVESTIDO DE sozinhos, na sala, assistindo TV, Caio, aproveitando-se que
SEXUALIDADE E QUE FERE O SENTIMENTO MÉDIO DE Tícia cochilava, masturbou-se e ejaculou no corpo da
PUDOR. Ex.: exposição de órgãos sexuais, manter namorada que, imediatamente, acordou. Sentindo-se
relação sexual em público, masturbar-se de forma profundamente violada e agredida, Tícia grita e acorda os
visível, micção voltada para a via pública etc. pais, que dormiam no quarto da casa. Os pais, vendo a filha
suja e em pânico, impedem Caio de fugir e decidem chamar
Se praticado na presença de menor de 14 anos – art. a polícia. Acionada a polícia, Caio é preso, em flagrante
218-A. delito e, encerradas as investigações, denunciado pelo
Obs: Exibicionismo: desvio de personalidade – crime sexual praticado. Diante da situação hipotética, Caio
exposição. poderá ser processado pelo crime de
Exige o ato, o uso de palavra – contravenção penal. A. corrupção de menores, tratando-se de ação penal pública
Locais: públicos-ruas, praças; aberto ao público – onde incondicionada.
qualquer pessoa possa entrar mesmo que sujeito a B. violação sexual mediante fraude, haja vista que Tícia
pagamento; exposto a público: privado, mas que pode estava dormindo, sem possibilidade de resistir, tratando-se
ser visto por um número indeterminado de pessoas – de crime de ação penal pública condicionada.
varanda; interior de automóvel. Terreno baldio. C. importunação sexual, tratando-se de ação penal pública
Carnaval: fato socialmente aceito. Retrata índias. incondicionada.
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO. Não exige finalidade erótica. D. estupro de vulnerável, haja vista que Tícia é menor,
Por vingança; brincadeira, aposta. tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime formal e de perigo. E. estupro, incidindo causa de aumento em virtude de a
Mesmo que não seja presenciado por qualquer pessoa, vítima ser menor de 18, tratando-se de ação penal pública
prática do ato. condicionada.
Tentativa: há controvérsias. Damásio: não admite.
Mirabete e Bittencourt: admitem. (FGV.2019) Tício, padrasto de Lourdes, criança de 11 anos
7. AÇÃO PENAL: PÚBLICA INCONDICIONADA – JUIZADO de idade, praticou, mediante violência consistente em
CRIMINAL diversos socos no rosto, atos libidinosos diversos da
conjunção carnal com sua enteada. A vítima contou o
ocorrido à sua mãe, apresentando lesões no rosto, de modo
I. ESCRITO OU OBJETO OBSCENO – ART. 234, que a genitora de Lourdes, de imediato, compareceu com a
CPP filha em sede policial e narrou o ocorrido.
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter Recebidos os autos do inquérito policial, o promotor de
sob sua guarda, para fim de comércio, de justiça com atribuição deverá oferecer denúncia imputando
distribuição ou de exposição pública, escrito, a Tício o crime de:
desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto
A. estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), podendo o
obsceno:
emprego de violência real ser considerado na pena base
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou para fins de aplicação da sanção penal, bem como cabendo
multa.
reconhecimento da causa de aumento de pena pelo fato de
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: o autor ser padrasto da ofendida;
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público B. estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não podendo o
qualquer dos objetos referidos neste artigo; emprego de violência real ser considerado na pena base por
II - realiza, em lugar público ou acessível ao já funcionar como elementar do delito, mas cabendo
público, representação teatral, ou exibição reconhecimento da causa de aumento de pena pelo fato de
o autor ser padrasto da ofendida;
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C. estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do O tipo penal em que incorreu Jailson, sem analisar se o
CP), diante da violência real empregada, de modo que a delito teria se dado na forma consumada ou tentada, é:
idade da vítima não poderá funcionar como agravante, A. Constrangimento ilegal (art. 146, caput, do CP).
apesar de presente a causa de aumento pelo fato de o
autor ser padrasto da ofendida; B. Estupro (art. 213, caput, do CP).

D. estupro simples (art. 213 do CP), diante da violência real C. Estupro de vulnerável (art. 217-A, §1º , do CP).
empregada, funcionando a idade da vítima como agravante D. Violação sexual mediante fraude (art. 215, caput, do CP).
da pena, não havendo previsão de causa de aumento de E. Importunação sexual (art. 215-A, do CP).
pena, que somente seria aplicável se o autor fosse pai da
ofendida;
E. estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do (CESPE. 2019) Júnia, de quatorze anos de idade, acusa
CP), sem causa de aumento por ser o autor padrasto da Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado crime de
ofendida, diante da violência real empregada, podendo a natureza sexual consistente em conjunção carnal forçada no
idade da vítima funcionar também como agravante da dia do último aniversário da jovem. Pierre, contudo, alega
pena. que o ato sexual foi consentido.
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item a seguir,
tendo como referência aspectos legais e jurisprudenciais a
(FCC.2019) De acordo com o ordenamento jurídico e o ela relacionados.
posicionamento dos tribunais superiores sobre os crimes
contra a dignidade sexual, Caso fique comprovado o consentimento de Júnia para a
prática do ato sexual, a conduta de Pierre será considerada
A. a prática de passar as mãos nas coxas e seios da vítima atípica
menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, não pode ser
tipificado como crime de estupro de vulnerável (art. 217-A ( ) Certo ( ) Errado
do Código Penal), haja vista que não houve a conjunção
carnal. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
B. o estupro (art. 213 do Código Penal), com redação dada ART. 289 – MOEDA FALSA – ART. 297 – FALSIFICAÇÃO
pela Lei n° 12.015/2009, é tipo penal misto alternativo. DE DOCUMENTO PÚBLICO – ART. 298 –
Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR – ART.
conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só 299 – FALSIDADE IDEOLÓGICA – ART. 304 – USO DE
vítima, pratica um só crime do art. 213 do Código Penal. DOCUMENTO FALSO – ART. 307 – FALSA IDENTIDADE
C. a conduta consistente em manter casa para fins – ART. 311-A – FRAUDES EM CERTAMES DE
libidinosos é suficiente para a caracterização do crime INTERESSE PÚBLICO
tipificado no art. 229 do Código Penal, sendo desnecessário,
para a configuração do delito, que haja exploração sexual,
assim entendida como a violação à liberdade das pessoas CRIME CONTRA a FÉ PÚBLICA – INTRODUÇÃO
que ali exercem a mercancia carnal. FÉ PÚBLICA: É A CRENÇA NA VERACIDADE DOS
D. somente no crime de estupro, praticado mediante DOCUMENTOS, SÍMBOLOS E SINAIS QUE SÃO EMPREGADAS
violência real, é que a ação penal é pública incondicionada. PELO HOMEM EM SUAS RELAÇÕES COM A SOCIEDADE. Uso
Nas demais modalidades de violência, trata-se de crime de do papel moeda, cheques, documentos de veículos. Carteira
ação penal condicionada a representação. de habilitação, identidade, notas fiscais.

E. segundo a legislação brasileira, o estupro coletivo é CRIME DE FALSO: VIOLAÇÃO DA FÉ PÚBLICA – REQUISITOS:
aquele praticado mediante concurso de três ou mais A) IMITAÇÃO DA VERDADE: mudança do verdadeiro
pessoas. ou imitação da verdade.
B) DANO POTENCIAL: não precisa causar um dano
(FCC.2019) No dia 23 de abril de 2013, Jailson, aproveitando efetivo, nem necessariamente patrimonial. Haverá
que sua esposa havia saído de casa para fazer compras, dano potencial quando o documento é capaz de
decidiu ir até o quarto de sua enteada Jéssica, que à época enganar um número indeterminado de pessoas.
contava com 19 anos de idade. Ao perceber que Jéssica * falsificação grosseira: não caracteriza o crime de falso.
estava dormindo, Jailson se aproximou de sua cama, Grosseira é a aquela reconhecida a ictu oculi,
apalpou seus seios e começou a acariciar sua vagina por percebida por toda e qualquer pessoa que
dentro da calcinha. Ocorre que, nesse momento, o irmão de manuseie o documento.
Jéssica chegou à casa e, ao presenciar a cena, começou a C) DOLO: todos são dolosos, não existe nenhum na
gritar, momento em que Jailson se afastou da jovem e modalidade culposa.
fugiu.
* alguns exigem um elemento subjetivo.

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ESPÉCIES: MATERIAL, IDEOLÓGICA E PESSOAL. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.

MOEDA FALSA (Art. 289, CP) 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: no momento da


fabricação ou da alteração � desde que idônea a iludir.
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
Súmula 73, STJ.
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 7. FORMAS EQUIPARADAS (§1º): na mesma pena incorre
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta quem: importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, empresta, guarda ou introduz em circulação.
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
Incorre neste parágrafo quem não concorreu de qualquer
na circulação moeda falsa.
modo com a falsificação – post factum impunível.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é 8. FORMAS PRIVILEGIADAS (§2º): RECEBEU DE BOA-FÉ A
punido com detenção, de seis meses a dois anos, e MOEDA FALSA E RESTITUI À CIRCULAÇÃO, DEPOIS DE
multa. PERCEBER A FALSIDADE.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos,
Consumação: quando colocada em circulação.
e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite
ou autoriza a fabricação ou emissão: 9. FALSIFICAÇÃO FUNCIONAL (§3º): não é qualificadora,
I - de moeda com título ou peso inferior ao mas figura diversa e mais grave. Crime próprio: cometido
determinado em lei; por funcionário público.
II - de papel-moeda em quantidade superior à
autorizada.
10. DESVIO E CIRCULAÇÃO ANTECIPADA (§4º): equipara-se
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
circular moeda, cuja circulação não estava ainda a conduta anterior. Neste caso, havia autorização para a
autorizada. emissão de moeda, mas não sua circulação, este não exige
qualidade especial do agente.

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: FÉ PÚBLICA NAS MOEDAS


EM CIRCULAÇÃO 11. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA.
OBS: competência da justiça federal (interesse da união)
12. CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA (art. 290):
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. a) FORMAÇÃO DE CÉDULA, NOTA OU BILHETE
REPRESENTATIVO DE MOEDA: junta fragmentos de outras
cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros, que se rasgaram e
3. SUJEITO PASSIVO: COLETIVIDADE/ESTADO – eventual forma uma nova cédula com aparência real, por exemplo.
lesado pela conduta do agente.
b) SUPRESSÃO DE SINAL INDICATIVO DA INUTILIZAÇÃO DE
CÉDULA, NOTA OU BILHETE: geralmente um carimbo, retira
4. CONDUTA: FALSIFICAR: FABRICANDO A MOEDA este sinal, com finalidade de restituí-la à circulação.
(manufaturando, fazendo cunhagem) c) RESTITUIÇÃO À CIRCULAÇÃO: terceira pessoa não
ALTERANDO responsável pelas condutas anteriores que restitui a cédula
(modificando, adulterando) à circulação.
� MOEDA METÁLICA OU PAPEL-MOEDA – moeda nacional
ou estrangeira. Devem estar circulando, ou seja, não podem FALSIDADE DOCUMENTAL
ser recusadas como meio de pagamento.
* DOCUMENTO: todo documento escrito devido a um autor
- FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA – SÚMULA 73, STJ – a determinado, contendo exposição de fatos ou declaração
possibilidade ainda para o crime impossível. de vontade, dotado de significação ou relevância jurídica e
- FALSIFICAÇÃO DE PAPEL-MOEDA QUE JÁ DEIXOU DE que pode, por si só, fazer prova de seu conteúdo.
CIRCULAR não é este tipo – poderá ser estelionato. Ex.:
falsificar moeda rara para enganar colecionador.
OBS: NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AO
CRIME DE MOEDA FALSA.

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FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO * Documentos particulares equiparados a públicos (§2º): §


2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
Falsificação de documento público
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, portador ou transmissível por endosso, as ações de
documento público, ou alterar documento público sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
verdadeiro:
particular.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
* falsificação total ou parcial: integralmente forjado ou uma
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete parte do documento é verdadeira quanto à forma e parte é
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
falsa (espelho verdadeiro e preenche com informações
pena de sexta parte.
falsas), respectivamente.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a
documento público o emanado de entidade Obs.; Falsidade ideológica: conteúdo falso (é absorvido):
paraestatal, o título ao portador ou transmissível documento verdadeiro e conteúdo falso.
por endosso, as ações de sociedade comercial, os * alterar: modificar documento verdadeiro. Ex.; Trocar
livros mercantis e o testamento particular. fotografia verdadeira ou altera categoria da CNH, troca
o
§ 3 Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz número do cadastro do CPF. Diferente da alteração parcial
inserir: (FALSIDADE IDEOLÓGICA) que não há qualquer documento preexistente, na alteração
I - na folha de pagamento ou em documento de o documento já existe e já está pronto (completo).
informações que seja destinado a fazer prova
* Exame de corpo de delito (art. 158, CPP) – deixa vestígios.
perante a previdência social, pessoa que não
possua a qualidade de segurado obrigatório;
Documentoscópico.
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
empregado ou em documento que deva produzir 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.
efeito perante a previdência social, declaração
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; Inclusive quando altera a idade para se passar por pessoa
mais velha.
III - em documento contábil ou em qualquer outro
documento relacionado com as obrigações da
empresa perante a previdência social, declaração 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: com a falsificação ou
falsa ou diversa da que deveria ter constado.
alteração.
o
§ 4 Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
o Crime de perigo: SE CONSUMA INDEPENDENTE DO USO.
documentos mencionados no § 3 , nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a TENTATIVA: crime formal – é admitida.
vigência do contrato de trabalho ou de prestação
de serviços.
7. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA.

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: FÉ PÚBLICA NOS


DOCUMENTOS PÚBLICOS. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR
Súmula 62, 104 e 107 – STJ. Falsificação de documento particular 2012
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte,
documento particular ou alterar documento
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
particular verdadeiro:
* funcionário público (§1º): prevaleça de suas funções. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Acréscimo de 1/6.
Falsificação de cartão 2012
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
3. SUJEITO PASSIVO: ESTADO – particular prejudicado. equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito.

4. CONDUTA: FALSIFICAÇÃO (contrafação) DOCUMENTO


PÚBLICO OU ALTERAR (modificar) DOCUMENTO PÚBLICO 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: FÉ PÚBLICA NOS
VERDADEIRO. DOCUMENTOS particulares.
* Objeto material: DOCUMENTO PÚBLICO – elaborado por
funcionário público de acordo com as formalidades legais. 2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
Ex.: Carteira de identidade, carteira de habilitação, título de
eleitor, escritura pública, etc.
* chassi de carro: art. 311,CP 3. SUJEITO PASSIVO: ESTADO – particular prejudicado.

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4. CONDUTA: FALSIFICAÇÃO (contrafação) DOCUMENTO 3. SUJEITO PASSIVO: ESTADO – particular prejudicado.


PARTICULAR OU ALTERAR (modificar) DOCUMENTO
PARTICULAR VERDADEIRO.
4. CONDUTAS:
Documento particular: não é público ou equiparado
(mesmos requisitos) � só não será elaborado por OMITIR INSERIR FAZER INSERIR
funcionário público no desempenho da sua função. Ex.: DECLARAÇÃO DECLARAÇÃO DECLARAÇÃO
Contrato de compra e venda, notas fiscais, cartão de clube. QUE DEVIA FALSA OU FALSA OU DIVERSA
CONSTAR DO DIVERSA DA DA QUE DEVIA
* parágrafo único: EQUIPAROU A DOCUMENTO DOCUMENTO QUE DEVIA CONSTAR
PARTICULAR OS CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO. CONSTAR
Falsificação de cartão para cometer furtos e estelionatos.
Diferente da falsificação do cheque que fica absorvido pelo Conduta Conduta Conduta comissiva.
estelionato (s. 17, STJ), neste caso o falso não fica omissiva. Deixa comissiva. O agente fornece
absorvido. de inserir Confecciona informação falsa a
dolosamente documento com terceira pessoa de
* Exame de corpo de delito (art. 158, CPP) – deixa vestígios.
alguma informação boa-fé, responsável
Documentoscópico. informação que inverídica ou pela elaboração do
era obrigatória. diversa. Ex.: documento. Ex.:
5. TIPO SUBJETIVO: DOLO. Ex.: Inserir CNH habilitação Dizer que é solteiro
cláusula quando não para tabelião para
contratual passou no prejudicar esposa.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: com a falsificação ou pactuada; exame ou
alteração. necessidades do habilitada em
Crime de perigo: SE CONSUMA INDEPENDENTE DO USO. uso de lentes na categoria
CNH. diversa.
TENTATIVA: crime formal – é admitida – ex.: ser
surpreendido no momento em que está iniciando a
falsificação. ¹ Nas duas primeiras condutas temos a falsidade imediata.
Na outra conduta, é a chamada falsidade mediata, quem
elabora está de boa-fé.
7. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. (S. 104- STJ –
ESTABELECIMENTO PARTICULAR DE ENSINO) ² DOCUMENTO PARTICULAR OU PÚBLICO (diferença de
penas).
³ Não tem como comprovar pericialmente, pois o
FALSIDADE IDEOLÓGICA (Art. 299, CP) documento é formalmente verdadeiro, mas falso quando ao
Art. 299 - Omitir, em documento público ou seu conteúdo. Prescindível o exame pericial.
particular, declaração que dele devia constar, ou ⁴ PREENCHIMENTO ABUSIVO DE PAPEL EM BRANCO
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
ASSINADO POR OUTRA PESSOA.
diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a ⁵ FALSIDADE IDEOLÓGICA EM DOCUMENTO FISCAL: crime
verdade sobre fato juridicamente relevante: contra a ordem tributária (Lei 8.137/90)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o ⁶ Declaração de pobreza: presunção relativa. Petições
documento é público, e reclusão de um a três anos, judiciais com falso conteúdo.
e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário
público, e comete o crime prevalecendo-se do 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.
cargo, ou se a falsificação ou alteração é de ELEMENTO SUBJETIVO: é necessário que o agente queira
assentamento de registro civil, aumenta-se a pena
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
de sexta parte.
sobre o fato juridicamente relevante.

1. BEM JURÍDICO TUTELADO: FÉ PÚBLICA


6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: quando o documento fica
pronto com a efetiva omissão ou inserção de declaração
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. que torna falso o conteúdo � MESMO QUE O AGENTE NÃO
* funcionário público (§ÚNICO): prevaleça de CARGO. ATINJA SUA FINALIDADE DE PREJUDICAR. CRIME FORMAL.
Acréscimo de 1/6. Tentativa: possível nas modalidades comissivas.
* PARTICULAR: se ele fizer funcionário público de boa-fé
inserir declaração falsa em documento público ou elaborar 7. FALSIDADE EM ASSENTAMENTO DE REGISTRO CIVIL:
documento público por equiparação com declaração falsa. AUMENTO DE 1/6.
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Registro civil: nascimento, casamento, óbito, emancipação, FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE


interdição etc. Ex.: Altera data ou local de nascimento.
PÚBLICO (Art. 311-A, CP)
Obs¹: inscrição de registro civil de nascimento inexistente –
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente,
art. 241.
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
Obs²: adoção à brasileira – registra como seu o filho de comprometer a credibilidade do certame,
outrem – art. 242. conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;

8. PÚBLICA INCONDICIONADA. II - avaliação ou exame públicos;


III - processo seletivo para ingresso no ensino
superior; ou
USO DE DOCUMENTO FALSO (Art. 304, CP) IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. multa.
297 a 302: o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem permite ou
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas
não autorizadas às informações mencionadas no
caput.
1. BEM JURÍDICO TUTELADO: FÉ PÚBLICA o
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à
administração pública:
2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
o
* Exceto o autor da falsificação. Documento falsificado por § 3 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o
outrem. fato é cometido por funcionário público.

3. SUJEITO PASSIVO: ESTADO – particular prejudicado. 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: FÉ PÚBLICA NA LISURA DOS
CERTAMES.

4. CONDUTA: CRIME REMETIDO E ACESSÓRIO – a descrição


típica faz menção a outros dispositivos penais e sua 2. SUJEITO ATIVO: Crime COMUM – qualquer pessoa.
existência pressupõe a ocorrência de um crime anterior. * CANDIDATO – ART. 47, V, CP.
FAZER USO: apresentar efetivamente o documento a * FUNCIONÁRIO PÚBLICO: §3º - causa de aumento de pena:
alguém (qualquer pessoa) – fazer prova. se agiu em razão de vantagem indevida responde pelo
* A POSSE E O PORTE SÃO ATÍPICOS. Exigido por policial – crime de corrupção passiva em concurso com o art. 311-A.
será crime.
* Cópia de documento – somente se for autenticada. 3. SUJEITO PASSIVO: ESTADO – INSTITUIÇÕES E PESSOAS
Potencialidade lesiva. PREJUDICADAS.

5. TIPO SUBJETIVO: DOLO. 4. CONDUTA:


DIVULGA O CONTEÚDO SIGILOSO DA PROVA A ALGUM
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: COM O USO, independe de CANDIDATO OU 3º + PERMITE OU FACILITA O ACESSO DE
vantagem, mesmo que não engane. PESSOAS NÃO AUTORIZADAS O REFERIDO CONTEÚDO.

Tentativa: não é admissível, se não utiliza é atípico. * O CANDIDATO QUE TOMA CIÊNCIA E UTILIZA
MALICIOSAMENTE TAMBÉM É PUNIDO.
¹ PESSOA QUE USA DOCUMENTO VERDADEIRO DE OUTRA
PESSOA COMO SE FOSSE PRÓPRIO – CRIME DO ART. 308, CP
– FALSA IDENTIDADE. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO.
² PARA COMETER ESTELIONATO – S. 17- STJ – ABSORVIDO. ELEMENTO SUBJETIVO: intenção de beneficiar a si próprio
ou a outrem. Além de comprometer a credibilidade do
certame. Ex.: Subtrai prova de gráfica e mostra a jornalistas
7. PÚBLICA INCONDICIONADA. para provar que é possível a fraude.
* Apresentada na justiça federal ou do trabalho será da
esfera federal.
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: quem divulga, o crime se
consuma no momento em que o conteúdo é transmitido,

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ainda que o destinatário não consiga dele fazer uso por ser procurou para que assumisse a defesa de Maria.
a farsa descoberta antes da realização da prova. Considerando apenas as informações narradas na situação
Destinatário: crime se consuma – no instante em que utiliza hipotética, responda aos itens a seguir.
as informações recebidas, ainda que não seja aprovado no
concurso ou a prova seja cancelada. A) Qual a tese de direito material a ser alegada em eventual
Tentativa admitida. recurso defensivo para evitar a punição de Maria pelo crime
pelo qual foi denunciada? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual a
medida que deve ser adotada na busca da liberdade
7. FIGURA QUALIFICADA imediata de Maria e com qual fundamento? Justifique.
§2º - RESULTAR DANO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – (Valor: 0,60)
ECONÔMICO.

3. (XX.OAB.REAPLICAÇÃO) No curso de uma audiência


8. PÚBLICA INCONDICIONADA. criminal, João, advogado de Pedro, acusado da prática de
um crime de estupro, em sede de alegações finais orais,
assevera que o representante do Ministério Público “é
EXERCÍCIOS arbitrário e tem a sede da condenação, não se importando
1. (XX.OAB) Paulo e Júlio, colegas de faculdade, em acusar uma pessoa comprovadamente inocente”.
comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título Atendendo à manifestação do Promotor de Justiça, que se
obtido pelo clube de futebol para o qual o primeiro torce. sentiu ofendido, o juiz destituiu o advogado e nomeou
Não obstante o clima de confraternização, em determinado Defensor Público para continuar na defesa do acusado, que,
momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio na ocasião, não estava presente. O Defensor, então,
desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca concluiu as alegações finais orais. Na mesma assentada, o
intensidade do golpe, Paulo vem a falecer no hospital da magistrado determinou a extração de peças, com o
cidade, tendo a perícia constatado que a morte decorreu de encaminhamento ao Ministério Público, para apurar
uma fatalidade, porquanto, sem que fosse do possível crime contra a honra praticado por João. Pedro,
conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha uma lesão assistido pela Defensoria Pública, acabou condenado na
pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa forma do pedido inicial. João, por sua vez, após
desferido por Júlio e causou sua morte. O órgão do representação do Promotor de Justiça vítima, foi
Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o denunciado pela prática de crime de injúria. Considerando
Tribunal do Júri da Comarca de São Gonçalo, denunciou apenas as informações constantes na hipótese narrada,
Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de morte (Art. responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.
129, § 3º, do CP). Considerando a situação narrada e não A) Na condição de advogado(a) de João, qual tese de
havendo dúvidas em relação à questão fática, responda, na direito material você alegaria em seu favor para afastar a
condição de advogado(a) de Júlio: imputação delitiva?(Valor: 0,60)
A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi B) Na condição de advogado(a) de Pedro, qual é a tese a
denunciado? Justifique. (Valor: 0,65) ser alegada, em sede de recurso, para anular a sentença
B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em condenatória?(Valor: 0,65)
favor de Júlio? Justifique. (Valor: 0.60)
4. Joana trabalha em uma padaria na cidade de Curitiba. Em
2. (XX.OAB.REAPLICAÇÃO)Maria, primária e com bons um domingo pela manhã, Patrícia, freguesa da padaria,
antecedentes, trabalha há vários anos dirigindo uma van de acreditando não estar sendo bem atendida por Joana, após
transporte de crianças. Certo dia, após mudar o itinerário com ela discutir, a chama de “macaca” em razão da cor de
sempre observado, resolve fazer compras em um sua pele. Inconformados com o ocorrido, outros fregueses
supermercado, onde permaneceu por duas horas, acionam policiais que efetuam a prisão em flagrante de
esquecendo de entregar uma das crianças de 03 anos na Patrícia por crime de racismo (Lei nº 7.716/89 – Lei do
residência da mesma. Ao retornar ao veículo, encontra a Preconceito Racial), apesar de Joana dizer que não queria
criança desfalecida e, desesperada, leva-a ao hospital, não que fosse tomada qualquer providência em desfavor da
conseguindo, porém, evitar o óbito. Acabou denunciada e pessoa detida. A autoridade policial lavra o flagrante
condenada pela prática do injusto do Art. 133, § 2º, do respectivo, independente da vontade da ofendida,
Código Penal (abandono de incapaz com resultado morte) à asseverando que os crimes da Lei nº 7.716/89 são de ação
pena de 04 anos de reclusão em regime aberto. Apesar de penal pública incondicionada. O Ministério Público opina
ter respondido ao processo em liberdade, não foi permitido pela liberdade de Patrícia porque ainda existiam diligências
à Maria apelar em liberdade, fundamentando o juiz a a serem cumpridas em sede policial. Patrícia, sete meses
ordem de prisão na grande comoção social que o fato após o ocorrido, procura seu advogado para obter
causou. A família dispensou o advogado anterior e o(a) esclarecimentos, informando que a vítima foi ouvida em

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sede policial e confirmou o ocorrido, bem como o Supremo Tribunal Federal, qual será o foro competente
desinteresse em ver a autora dos fatos responsabilizada para julgamento do crime imputado a Diana? Justifique.
criminalmente. (Valor: 0,60)
Na condição de advogado de Patrícia, esclareça:
A) Agiu corretamente a autoridade policial ao indiciar 7. Rodrigo, primário e de bons antecedentes, quando
Patrícia pela prática do crime de racismo? Justifique. (Valor: passava em frente a um estabelecimento comercial que
0,65) B) Existe algum argumento defensivo para garantir, de estava fechado por ser domingo, resolveu nele ingressar.
imediato, o arquivamento do inquérito policial? Justifique. Após romper o cadeado da porta principal, subtraiu do seu
(Valor: 0,60) interior algumas caixas de cigarro. A ação não foi notada
por qualquer pessoa. Todavia, quando caminhava pela rua
com o material subtraído, veio a ser abordado por policiais
5. Em uma discussão de futebol, Rubens e Enrico, em militares, ocasião em que admitiu a subtração e a forma
comunhão de ações e desígnios, chamaram Eduardo de como ingressou no comércio lesado. O material furtado foi
“ladrão” e “estelionatário”, razão pela qual Eduardo avaliado em R$ 1.300,00 (um mil e trezentos reais), sendo
formulou uma queixa-crime em face de ambos. No curso integralmente recuperado. A perícia não compareceu ao
da ação penal, porém, Rubens procurou Eduardo para pedir local para confirmar o rompimento de obstáculo. O autor
desculpas pelos seus atos, razão pela qual Eduardo do fato foi denunciado como incurso nas sanções penais do
expressamente concedeu perdão do ofendido em seu favor, Art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal. As únicas
sendo esse prontamente aceito e, consequentemente, testemunhas de acusação foram os policiais militares, que
extinta a punibilidade de Rubens. Eduardo, contudo, se confirmaram que apenas foram responsáveis pela
recusou a conceder o perdão para Enrico, pois disse que abordagem do réu, que confessou a subtração. Disseram
não era a primeira vez que o querelado tinha esse tipo de não ter comparecido, porém, ao estabelecimento lesado.
atitude. Considerando apenas as informações narradas, Em seu interrogatório, Rodrigo confirmou apenas que
responda aos itens a seguir. subtraiu os cigarros do estabelecimento, recusando-se a
A) Qual o crime praticado, em tese, por Rubens e Enrico? responder qualquer outra pergunta. A defesa técnica de
(Valor: 0,60) Rodrigo é intimada para apresentar alegações finais por
B) Que argumento poderá ser formulado pelo advogado de memoriais. Com base na hipótese apresentada, responda,
Enrico para evitar sua punição? (Valor: 0,65) fundamentadamente, aos itens a seguir.
A) Diante da confissão da prática do crime de furto por
Rodrigo, qual a principal tese defensiva em relação à
6. Diana, primária e de bons antecedentes, em dificuldades tipificação da conduta a ser formulada pela defesa técnica?
financeiras, com inveja das amigas que exibiam seus (Valor: 0,65)
automóveis recém-adquiridos, resolve comprar joias em
loja localizada no Município de Campinas, para usar em B) Em caso de acolhimento da tese defensiva, poderá
uma festa de comemoração de 10 anos de formatura da Rodrigo ser, de imediato, condenado nos termos da
faculdade. Em razão de sua situação, todavia, no momento manifestação da defesa técnica? (Valor: 0,60)
do pagamento, entrega no estabelecimento um cheque
sem provisão de fundos. Quando a proprietária da loja 8. Antônio, auxiliar de serviços gerais de uma multinacional,
deposita o cheque, é informada, na cidade de Santos, pelo nos dias de limpeza, passa a observar uma escultura
banco sacado, que inexistiam fundos suficientes, havendo colocada na mesa de seu chefe. Com o tempo, o desejo de
recusa de pagamento, razão pela qual comparece em sede ter aquele objeto fica incontrolável, razão pela qual ele
policial na localidade de sua residência, uma cidade do decide subtraí-lo.
Estado de São Paulo, para narrar o ocorrido. Convidada a
comparecer em sede policial para esclarecer o ocorrido, Como Antônio não tem acesso livre à sala onde a escultura
Diana confirma a emissão do cheque sem provisão de fica exposta, utiliza-se de uma chave adaptável a qualquer
fundos, mas efetua, de imediato, o pagamento do valor fechadura, adquirida por meio de um amigo chaveiro, que
devido à proprietária do estabelecimento comercial. nada sabia sobre suas intenções. Com ela, Antônio ingressa
Posteriormente, a autoridade policial elabora relatório na sala do chefe, após o expediente de trabalho, e subtrai a
conclusivo e encaminha o inquérito ao Ministério Público, escultura pretendida, colocando-a em sua bolsa. Após
que oferece denúncia em face de Diana como incursa nas subtrair o objeto e sair do edifício onde fica localizada a
sanções do Art. 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal. empresa, Antônio caminha tranquilamente cerca de 400
Considerando a situação narrada, na condição de metros. Apenas nesse momento é que os seguranças da
advogado(a) de Diana, responda aos itens a seguir. portaria suspeitam do ocorrido. Eles acham estranha a saída
de Antônio do local após o expediente (já que não era
A) Existe argumento a ser apresentado em favor de Diana comum a realização de horas extras), razão pela qual
para evitar, de imediato, o prosseguimento da ação penal? acionam policiais militares que estavam próximos do local,
Em caso positivo, indique; em caso negativo, justifique. apontando Antônio como suspeito. Os policiais conseguem
(Valor: 0,65) B) De acordo com a jurisprudência do alcançá-lo e decidem revistá-lo, encontrando a escultura da
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sala do chefe na sua bolsa. Preso em flagrante, Antônio é CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
conduzido até a Delegacia de Polícia.
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO
Antônio, então, é denunciado e regularmente processado.
Ocorre que, durante a instrução processual, verifica-se que
PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
a escultura subtraída, apesar de bela, foi construída com # CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
material barato, avaliada em R$ 250,00 (duzentos e Funcionário público
cinquenta reais), sendo, portanto, de pequeno valor. A FAC Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
(folha de antecedentes criminais) aponta que Antônio é réu efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
primário. Ao final da instrução, em que foram respeitadas sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
todas as exigências legais, o juiz, em decisão fundamentada, função pública.
condena Antônio a 2 (dois) anos de reclusão pela prática do § 1º - Equipara-se a funcionário público quem
crime de furto qualificado pela utilização de chave falsa, exerce cargo, emprego ou função em entidade
consumado, com base no artigo 155, § 4º, III, do CP. paraestatal, e quem trabalha para empresa
Nesse sentido, levando em conta apenas os dados contidos prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da
no enunciado, responda aos itens a seguir.
Administração Pública.
A) É correto afirmar que o crime de furto praticado por § 2º - A pena será aumentada da terça parte
Antônio atingiu a consumação? Justifique. (Valor: 0,40) quando os autores dos crimes previstos neste
B) Considerando que Antônio não preenche os requisitos Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
elencados pelo STF e STJ para aplicação do princípio da ou de função de direção ou assessoramento de
insignificância, qual seria a principal tese defensiva a ser órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação
utilizada em sede de apelação? Justifique. (Valor: 0,85)
instituída pelo poder público.

9. Gustavo, retornando para casa após ir a uma festa com


sua esposa, é parado em uma blitz de rotina. Ele fica I. PECULATO
bastante nervoso, pois sabe que seu carro está com a PECULATO-APROPRIAÇÃO
documentação totalmente irregular (IPVA atrasado, multas
PECULATO-DESVIO
vencidas e vistoria não realizada) e, muito provavelmente, o
veículo será rebocado para o depósito. Após determinar a PECULATO-FURTO
parada do veículo, o policial solicita que Gustavo saia do PECULATO-ESTELIONATO
carro e exiba os documentos. Como havia diversos outros Peculato
carros parados na fiscalização, forma-se uma fila de
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
motoristas. Gustavo, então, em pé, na fila, aguardando sua
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
vez para exibir a documentação, fala baixinho à sua esposa: público ou particular, de que tem a posse em razão
“Vou ver se tem jogo. Vou oferecer cem reais pra ele liberar do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
a gente. O que você acha? Será que dá?”. O que Gustavo alheio: (PECULATO-APROPRIAÇÃO)
não sabia, entretanto, é que exatamente atrás dele estava Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
um policial que tudo escutara e, tão logo acaba de proferir
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
as palavras à sua esposa, Gustavo é preso em flagrante.
público, embora não tendo a posse do dinheiro,
Atordoado, ele pergunta: “O que eu fiz?”, momento em valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
que o policial que efetuava o flagrante responde: “Tentativa subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-
de corrupção ativa!”. se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
Atento(a) ao caso narrado e tendo como base apenas as de funcionário. (PECULATO-FURTO)
informações descritas no enunciado, responda Peculato culposo
justificadamente, aos itens a seguir. § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
A) É correto afirmar que Gustavo deve responder por o crime de outrem:
tentativa de corrupção ativa? (Valor: 0,70) Pena - detenção, de três meses a um ano.
B) Caso o policial responsável por fiscalizar os documentos, § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação
observando a situação irregular de Gustavo, solicitasse do dano, se precede à sentença irrecorrível,
quantia em dinheiro para liberá-lo e, Gustavo, por medo, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz
de metade a pena imposta.
pagasse tal quantia, ele (Gustavo) responderia por
corrupção ativa? (Valor: 0,55) Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por
erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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1. BEM JURÍDICO TUTELADO: Administração pública a) apropriar-se: quando inverte a possa, agindo como
(dinheiro, valor e outro bem móvel) dono.
b) desviar: dar destino diverso
2. SUJEITO ATIVO: Crime próprio - funcionário público c) furto: subtração
* Art.30, CP - PARTICULAR Admite a tentativa.
* Prefeito: Art. 1º, Decreto-Lei 201/67 (2 a 12 anos -
previsão do peculato de uso) 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
* CPM - Art. 303 - 3 a 15 anos § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação
do dano, se precede à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz
3. SUJEITO PASSIVO: Crime comum - qualquer pessoa – de metade a pena imposta.
Estado

# Extinção de punibilidade: peculato culposo + reparação


4. CONDUTA – tipo objetivo - peculato próprio - material do dano até a sentença
A. Apropriar-se (tomar para si) o funcionário público # Causa de diminuição de pena: peculato culposo +
de dinheiro, valor ou qualquer bem móvel de que reparação do dano após a sentença
tem posse, em razão do cargo;
(peculato doloso - art. 16,CP - até denúncia)
B. Desviá-lo em proveito próprio ou alheio
# Causa de aumento de pena: §2º, 327 - cargo de direção
- Objeto: dinheiro; valor (tudo que pode ser convertido em
Obs1: peculato uso - atípico - mas poderá ser configurado
dinheiro, ações, apólices); qualquer outro bem móvel -
em improbidade administrativa (art.9, IV da Lei 8429/92)
PODE SER PÚBLICO OU PRIVADO (apreendido ou guardado);
- Em razão do cargo - Liberdade desvigiada - poder sobre a
coisa 8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
* Jecrim: peculato culposo
# PECULATO- FURTO: delito funcional impróprio
- Subtrair ou concorrer 9. SÚMULAS
# PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM: peculato SÚMULA 147 (STJ) Compete à Justiça Federal processar e
estelionato julgar os crimes praticados contra funcionário público
federal, quando relacionados com o exercício da função.
APROPRIAR-SE DINHEIRO OU UTILIDADE + RECEBIDA POR
ERRO DE OUTREM + EXERCÍCIO DO CARGO + NO EXERCÍCIO SÚMULA 18 (STF) Pela falta residual, não compreendida na
DO CARGO absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição
administrativa do servidor público.
Ex.: Pagamento de tributo - apropria-se indevidamente que
lhe foi entregue por erro SÚMULA 599 (STJ) O princípio da insignificância é
inaplicável aos crimes contra a administração pública.

5. TIPO SUBJETIVO: doloso e culposo


II. Inserção de dados falsos em sistema de informações
- Apropriar-se: animus rem sibi habendi
Inserção de dados falsos em sistema de
- Desviar: desencaminhar ou distrair - destinação diversa a informações
coisa - por interesse próprio ou de terceiro (em proveito da
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário
administração não poderá ser desvio) - proveito material
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
(empresta dinheiro público a juros) ou moral (empresta excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
dinheiro público sem juros mas visando recompensa de informatizados ou bancos de dados da
outra natureza) Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para
causar dano:
# Peculato-culposo: dever de cuidado - concorre para que
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
terceiro aproprie, desvie ou subtraia - contribuição culposa
multa.
na prática de um delito doloso praticado por outrem,
particular ou funcionário público.
Peculato eletrônico
6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. BEM JURÍDICO: Administração Pública

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2. SUJEITO ATIVO: funcionário público (autorizado) Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
● Não autorizado: art. 299, CP - falsidade ideológico. anos, e multa.

3. SUJEITO PASSIVO: estado Parágrafo único. As penas são aumentadas de


um terço até a metade se da modificação ou
4. CONDUTA: Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos alteração resulta dano para a Administração
OU alterar ou excluir indevidamente dados corretos + Pública ou para o administrado.
vantagem indevida
1. BEM JURÍDICO: Administração Pública
a) Próprio funcionário ou facilita terceiro;
b) próprio funcionário altera ou exclui;
2. SUJEITO ATIVO: próprio
c) vantagem econômica ou não;
* Não precisa ser pessoa autorizada.
5. TIPO SUBJETIVO: doloso
6. CONSUMAÇÃO: formal - quando insere, facilita, exclui,
altera - independentemente da vantagem 3. SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa (Estado)

Admite tentativa.
7. ASPECTOS GERAIS: 4. CONDUTA: modificar ou alterar + sistema de informação
ou programa de informática (software) + sem autorização
● Norma especial: Art. 72, Lei 9504/97 (Crime ou solicitação de autoridade competente.
eleitoral)
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
5. TIPO SUBJETIVO: doloso.

III. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de


informações 6. CONSUMAÇÃO: material - modificação ou alteração

Modificação ou alteração não autorizada de


sistema de informações 7. ASPECTOS GERAIS
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o #causa de aumento: § único - dano a AP ou administrado
funcionário, sistema de informações ou # Jecrim (sem causa de aumento)
programa de informática sem autorização ou
solicitação de autoridade competente: 8. AÇÃO PENAL: Incondicionada

DIVERSAS FORMAS DO PECULATO

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IV. Extravio, sonegação ou inutilização de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e


multa (2019)
livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou
Excesso de exação
qualquer documento, de que tem a
guarda em razão do cargo; sonegá- § 1º - Se o funcionário exige tributo ou
lo ou inutilizá-lo, total ou contribuição social que sabe ou deveria saber
parcialmente: indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de um a quatro
anos, se o fato não constitui crime Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
mais grave. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio
ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
1. BEM JURÍDICO: Administração Pública
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
2. SUJEITO ATIVO: próprio - funcionário público
3. SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa – Estado
1. BEM JURÍDICO: Administração pública
4. CONDUTA: extraviar livro oficial ou documento OU
sonegá-lo (ocultar) ou inutilizá-lo + que tem guarda em 2. SUJEITO ATIVO: Próprio - funcionário público
razão de cargo 3. SUJEITO PASSIVO: comum - qualquer pessoa (Estado)
5. CONSUMAÇÃO: material 4. CONDUTA:
6. ASPECTOS GERAIS EXIGIR para si ou para outrem + direta ou indiretamente +
# Advogado - Art. 356, CP. em razão da função (fora ou antes de assumi-la) + vantagem
indevida
7. AÇÃO PENAL: Incondicionada
- exigir: impor, ordenar, determinar - ameaças implícitas
ou explícitas de represálias;
V. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - status de funcionário público (não inclui o aposentado);
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas - indevida vantagem: Damásio: patrimonial ou econômica,
aplicação diversa da estabelecida em lei: presente ou futura. Mirabete: qualquer vantagem -
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. dinheiro ou qualquer vantagem
-

1. BEM JURÍDICO: Administração Pública # Excesso de exação: COBRANÇA RIGOROSA DE


IMPOSTOS.
2. SUJEITO ATIVO: próprio - funcionário responsável por
gerir e administrar as verbas Exige o recolhimento de tributo ou contribuição sindical
indevido (inclu). (Tributo - art. 3º, CTi serviços notarias e
* Prefeito (Art.1º, Decreto lei 201/67) registrais - Inf. 461/STF) +
3. SUJEITO PASSIVO: comum 1. Sabe ser indevida ou deveria saber (dolo eventual);
4. CONDUTA: dar (empregar) às verbas ou rendas públicas + Meio vexatório ou gravoso.
aplicação diversa da estabelecida em lei (meta especificada
em lei).
5. TIPO SUBJETIVO: doloso 5. TIPO SUBJETIVO: dolosa. Não há modalidade culposa.
6. CONSUMAÇÃO: material - quando dá emprego diverso
7. ASPECTOS GERAIS 6. CONSUMAÇÃO: formal - quando exige para si ou para
outrem a vantagem indevida. Caso receba a vantagem
* Jecrim (exceto se houver prerrogativa de função) indevida será caracterizado exaurimento.
Greco: admite a tentativa (carta extorsionária).
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada

7. ASPECTOS GERAIS:
VI. CONCUSSÃO A. Qualificada: COBRANÇA INDEVIDA QUE SERIA
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou PARA OS COFRES PÚBLICOS, MAS O AGENTE
indiretamente, ainda que fora da função ou antes UTILIZA EM PROVEITO PRÓPRIO.
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem B. Majorante: art. 327, §2º.
indevida:
* Não há emprego de violência ou grave ameaça: art. 158,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
CP
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* Diferente da corrupção passiva: solicitação (sem coação) - receber: sem ter feito a solicitação, receber
efetivamente a vantagem

8. AÇÃO PENAL: Incondicionada - aceitar: basta a aceitar

7. ASPECTOS GERAIS
VII. CORRUPÇÃO PASSIVA
* Convenção Interamericana contra a Corrupção → Lei
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para
10.763/2003
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, * Bombons, canetas, natal
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
* Estatuto do torcedor: corrupção passiva desportiva (Art.
vantagem:
41-C)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em 8. AÇÃO PENAL:
consequência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
ato de ofício ou o pratica infringindo dever VIII. Facilitação de contrabando ou
funcional.
descaminho
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever
retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, a prática de contrabando ou descaminho
funcional, cedendo a pedido ou influência de
(art. 334):
outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
multa. 1. BEM JURÍDICO: administração pública

1. BEM JURÍDICO: administração pública 2. SUJEITO ATIVO: próprio - funcionário público (função
● caráter da pessoa específica)
● caso não tenha a função específica: art. 334 ou
334-A
2. SUJEITO ATIVO: próprio

3. SUJEITO PASSIVO: Estado


3. SUJEITO PASSIVO: comum

4. CONDUTA: FACILITAR + com infração de dever funcional


4. CONDUTA: SOLICITAR (ativa) OU RECEBER (entrar na
+ prática de contrabando e descaminho
posse) OU ACEITAR (concordar) A PROMESSA + DIRETA OU
INDIRETA + EM RAZÃO DA FUNÇÃO + VANTAGEM INDEVIDA * tornar fácil, fazendo ou deixando de fazer um dever
funcional
* função: pode ser jurado; depositário (exerce
acidentalmente) * o funcionário tem função específica de impedir o
contrabando (entrada e saída de produto proibido) ou
* comissivo: promessa de recompensa
descaminho (fraudar o pagamaneto de impostos de
* receber e aceitar: passividade - a ideia de corrupção importação e exportação)
parte do corruptor
5. TIPO SUBJETIVO: doloso
# modalidade privilegiada (§2º): não visa vantagem
indevida, mas atender a pedido de alguém ou em virtude de
influência. Diferente da prevaricação, há um pedido 6. CONSUMAÇÃO: formal - no momento da facilitação,
formulado ao agente por amigos ou pessoas influentes. independente se o contrabando ou descaminho é
jecrim efetivado.
# majorante (§1º): corrupção exaurida (imprecisa):
somente ao caput. 7. ASPECTOS GERAIS
5. TIPO SUBJETIVO: doloso Competência: Justiça Federal - Súmula 151, STJ. (polícia
6. CONSUMAÇÃO: federal= art. 144, §1º, II, CRFB)
- solicita: quando efetivamente solicita (se a
vantagem for entregue será exaurimento) 8. AÇÃO PENAL:

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IX. Prevaricação 8. AÇÃO PENAL: Incondicionada


Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
X. Condescendência criminosa
ou sentimento pessoal: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
no exercício do cargo ou, quando lhe falte
competência, não levar o fato ao conhecimento da
1. BEM JURÍDICO: administração pública autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
* Princípio da impessoalidade e isonomia
multa.
2. SUJEITO ATIVO: Funcionário público - crime de mão
própria
1. BEM JURÍDICO: administração pública
3. SUJEITO PASSIVO: comum
* a lei obriga a delação
4. CONDUTA: retardar ou deixar de praticar ato de ofício +
praticá-lo contra disposição expressa da lei + satisfazer 2. SUJEITO ATIVO: próprio
interesse pessoal ou sentimento pessoal
1. Retardar: prolongar - pratica o ato, mas demora ou 3. SUJEITO PASSIVO: Estado
deixa de praticar - omissão dolosa ou pratica o ato
contra disposição expressa de lei.
4. CONDUTA: DEIXAR de responsabilizar subordinado
2. Ato de ofício: atribuição do agente
cometeu infração ou quando lhe falte a competência NÃO
3. Indevido LEVAR O FATO ao conhecimento da autoridade competente
4. Satisfazer interesse (patrimonial, material ou (omissivo próprio).
moral) ou sentimento (afeição ou ódio) pessoal - * 1º relação de hierarquia: indulgência (tolerância,
deve ser indicado na denúncia. benevolência, clemência)
Ex,: Citação por um juiz; instauração de IP por delegado; * 2º funcionários que tenham o mesmo nível hierárquico
certidão por oficial de justiça (não pode responsabilizar. mas pode comunicar)
* Pressuposto: prática de uma infração (administrativa ou
5. TIPO SUBJETIVO: doloso penal) - no exercício do cargo
Não cabe a modalidade culposa (negligência - infração * se a intenção do agente é outra que não a indulgência
administrativa) (clemência, tolerância, perdão), tratar-se-á de outro crime:
prevaricação ou passiva.
* não estipula prazo, todavia, o artigo 143 da Lei 8112/90
5. CONSUMAÇÃO: Deixa de praticar o ato no tempo
estipula imediata comunicação.
previsto; não pratica o ato; pratica contra ato
contra disposição expressa da lei. 5. TIPO SUBJETIVO: dolosa
6. 6. CONSUMAÇÃO: deixa de responsabilizar subordinado ou
não levar a conhecimento
7. ASPECTOS GERAIS
7. ASPECTOS GERAIS: Jecrim
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao Art. 322, CPM
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. XI. Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente,
* Prevaricação imprópria ou especial: acesso indevido. Não interesse privado perante a administração pública,
exige a efetiva comunicação do preso, basta a indevida valendo-se da qualidade de funcionário:
possibilidade. Se ele mesmo tenha facilitado o ingresso do Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
telefone e recebido indevida vantagem econômica, Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
responderá pelo crime de corrupção passiva.
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
*Art. 50, VII, LEP - falta grave. multa.
* Ingresso de pessoa com aparelho telefônico: art. 349-A. 1. BEM JURÍDICO: Administração pública
2. SUJEITO ATIVO: próprio
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3. SUJEITO PASSIVO: comum - Estado 5. TIPO SUBJETIVO: DOLOSA – Vontade de abandonar o


4. CONDUTA: PATROCINAR direta ou indireta + interesse cargo
privado perante a administração + qualidade de funcionário 6. CONSUMAÇÃO: Consuma-se com a ausência injustificada
* Defender, advogar: o funcionário público atua em defesa do agente por tempo suficiente para criar a possibilidade
de interesse privado (Art. 117, XI, impede a atuação) concreta de dano a Administração Pública.

* Não importa a natureza do interesse - lícito ou ilícito - Obs: Existe inclusive quando há um substituto.
basta ser privado e alheio - não configura a explicação dos Obs: OMISSIVO PRÓPRIO (Não admite tentativa)
direitos Qualificado: (§1º e 2º): Prejuízo.
# ilegítimo: QUALIFICADO (3 meses a 1 ano)
5. TIPO SUBJETIVO: doloso 7. AÇÃO PENAL: Incondicionada
6. CONSUMAÇÃO: atuação como funcionário-advogado,
mesmo que não alcance a pretensão do “cliente” - crime de
mera conduta XIV. Exercício funcional ilegalmente
7. ASPECTOS GERAIS: JECRIM antecipado ou prolongado
* Instauração de Licitação ou celebração de contrato que Art. 324 - Entrar no exercício de função pública
vier a ser invalidado - ar. 91, Lei 8666/93. antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de
* Perante a Administração Fazendária: Art. 3º, III, Lei saber oficialmente que foi exonerado, removido,
8137/90 substituído ou suspenso:
* Se o interesse privado patrocinado for ato de ofício: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
corrupção passiva ou prevaricação multa.
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
1. BEM JURÍDICO: Administração pública

XII. Violência arbitrária 2. SUJEITO ATIVO: próprio


Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função 3. SUJEITO PASSIVO: Estado
ou a pretexto de exercê-la: 4. CONDUTA:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além a) Antecipa-se o agente no exercício da função: antes da
da pena correspondente à violência. diplomação, posse, inspeção médica;
b) Prolongar-se, mesmo depois de exonerado, removido,
* Majoritário: revogação tácita pela Lei 4898/65 subtraído ou suspenso: decisão administrativa, se judicial,
art. 359, CPP;
Obs: Comunicação superior
XIII. Abandono de função
Obs; Norma penal em branco
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 5. TIPO SUBJETIVO: Dolosa, sem finalidade específica.
multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
6. CONSUMAÇÃO: quando pratica qualquer atividade que
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. só poderia participar se estivesse investido na função.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na
faixa de fronteira:
7. AÇÃO PENAL: Incondicionada
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

1. BEM JURÍDICO: Administração pública – REGULAR XV. Violação de sigilo funcional


DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDAS PÚBLICAS Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão
2. SUJEITO ATIVO: próprio do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:
3. SUJEITO PASSIVO: Estado
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
4. CONDUTA: FUNCIONÁRIO PÚBLICO – Deixa o cargo multa, se o fato não constitui crime mais grave.
público, por prazo juridicamente relevante, de forma a o
§ 1 Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
acarretar probabilidade de dano à administração.

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I – permite ou facilita, mediante atribuição, 2. FORMA QUALIFICADA


fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer o
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas
Administração Pública ou a outrem:
a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.h
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
tm - art2
o
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à
Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. - Violação de sigilo funcional envolvendo certames de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.h interesse público: art. 311-a, CP – princípio da
tm - art2 especialidade.

Violação do sigilo de proposta de concorrência 8. AÇÃO PENAL: incondicionada.


Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de
concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o DOS CRIMES PRATICADOS POR
ensejo de devassá-lo:
PARTICULAR CONTRA A
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
1. BEM JURÍDICO: Sigilo de informações inerentes à
Administração Pública. I. Usurpação de função pública
2. SUJEITO ATIVO: Próprio – Funcionário Público (até Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
mesmo aposentado ou afastado)
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e
3. SUJEITO PASSIVO: Ente que teve seu segredo revelado multa.
(ou particular lesado) Parágrafo único - Se do fato o agente aufere
4. CONDUTA: REVELAR OU FACILITAR revelação de segredo vantagem:
que sabia em decorrência da função. Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Obs¹: Se o conhecimento do segredo não foi em razão da
função que exerce- art. 154, CP. Caso da Transgressão do 1. BEM JURÍDICO: Administração pública
painel eletrônico de votação do Senado Federal – as
pessoas denunciadas não tinham tomado conhecimento de 2. SUJEITO ATIVO: comum - qualquer pessoa
informação violada ou sigilosa, em razão da função * funcionário afastado (suspenso): art. 359, CP (suspensão
exercida. judicial)
Obs²: Violação do sigilo funcional na apuração de tráfico * funcionário público: greco entende que sim, mas a
drogas. controvérsias, para Noronha seria abuso de poder
* detetive particular: haverá crime se ele se identifica como
5. TIPO SUBJETIVO: DOLOSA (Não Admite modalidade policial (Sanches)
culposa) 3. SUJEITO PASSIVO: comum - qualquer pessoa
4. CONDUTA: USURPAR + exercício da função pública
6. CONSUMAÇÃO: Quando terceiro não autorizado * fazer-se passar por um funcionário público - praticando
conhecer segredo. ato de ofício
* função própria da administração
7. ASPECTOS GERAIS # forma qualificada: vantagem (de qualquer natureza) -
1. FORMAS EQUIPARADAS animus - afasta o estelionato (neste caso o agente não
o exerce qualquer função - não há ato de ofício praticado
§ 1 Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
indevidamente)
I – permite ou facilita, mediante atribuição,
fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
5. TIPO SUBJETIVO: dolosa - o animus de usurpar deve
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a ficar clara - o mero desvio de função - como o escrivão que
sistemas de informações ou banco de dados da ajuda o delegado não configura
Administração Pública; 6. CONSUMAÇÃO: efetiva prática do ato de ofício
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
* sem a prática do ato: contravenção: Art. 45, LCP

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7. ASPECTOS GERAIS summatum opus, que o funcionário deixe de praticar o ato


Jecrim - caput em virtude do comportamento praticado pelo agente)
Não ocorrendo o ato: §1º - qualificado

8. AÇÃO PENAL: Incondicionada §2º: somente haverá concurso de infrações penais entre o
delito de resistência e aquele originário da violência, não
sendo abrangida pelo tipo penal em estudo a ameaça, que
II. Resistência ficará absorvida pelo delito tipificado no art. 329 do Código
Penal.
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal,
mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja 7. ASPECTOS GERAIS: Juizado Especial Criminal - caput
prestando auxílio:
* Resistência e embriaguez:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se
1C: embriaguez completa, não proveniente de caso fortuito
executa: ou força maior, deveria o agente responder pela infração
penal praticada, aplicando-se, pois, a teoria da actio libera
Pena - reclusão, de um a três anos.
in causa.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem
prejuízo das correspondentes à violência. 2C: (Greco): somente o estado de embriaguez que torne
ridículo o comportamento praticado pelo agente é que
poderá eliminar a infração penal;
1. BEM JURÍDICO: administração pública * Resistência e desacato: na resistência: já que nesta a
violência ou ameaça direcionada a funcionário visa à não
2. SUJEITO ATIVO: comum realização de ato de ofício; no desacato: eventual violência
ou ameaça perpetrada contra funcionário público tem por
finalidade desprestigiar a função por ele exercida. Greco
3. SUJEITO PASSIVO: próprio - entende haver concurso desses crimes.
Poderá incluir o particular, desde que esteja acompanhado * Auto de resistência e homicídio decorrente de
por funcionário público. intervenção policial: Resolução nº 8, de 20 de dezembro de
2012
4. CONDUTA:
De acordo com sua redação legal, podemos apontar os 8. AÇÃO PENAL: incondicionada.
seguintes elementos:
a) a conduta de opor-se à execução de ato legal; III. Desobediência
b) mediante violência ou ameaça; Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de
c) a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe funcionário público:
esteja prestando auxílio. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e
Resistência ativa, não inclui a passiva (limitando-se o multa.
indivíduo à inação, à atitude ghândica, à fuga ou tentativa
de fuga, à oposição branca, à manifestação oral de um 1. BEM JURÍDICO: Administração Pública
propósito de recalcitrância, à simples imprecação de males
(pragas), não se integra a resistência.) * desobediência representa uma resistência passiva, que
não vem acompanhada de
* lei penal não utiliza a expressão grave ameaça
qualquer ato que importe em vis absoluta ou em vis
* Direito de resistência (legítima defesa): quando o ato é compulsiva
ilegal (Não se pode confundir, no entanto, ato injusto com
ato manifestamente ilegal. Contra a injustiça do ato não
cabe o direito de resistência. Se o ato está formal e 2. SUJEITO ATIVO: comum
materialmente correto, contra ele não se pode arguir o 3. SUJEITO PASSIVO: próprio: Estado e o funcionário
direito de resistência.) publico

5. TIPO SUBJETIVO: dolosa 4. CONDUTA:


* deixar de atender, não cumprir a ordem legal de
6. CONSUMAÇÃO: Com a simples oposição. (Não há funcionário público, seja fazendo, ou mesmo deixando de
necessidade, para efeitos de reconhecimento do fazer alguma coisa que a lei imponha
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5. TIPO SUBJETIVO: DOLOSO V. Tráfico de Influência


Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
6. CONSUMAÇÃO: FAZ OU DEIXA DE FAZER ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público no exercício da função:
7. ASPECTOS GERAIS: Juizado Especial Criminal Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
* Desobediência a decisão judicial: art. 359, CP multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada também destinada ao funcionário.

IV. Desacato 1. BEM JURÍDICO: Administração Pública


Art. 331 - Desacatar funcionário público no
exercício da função ou em razão dela: 2. SUJEITO ATIVO: comum
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
3. SUJEITO PASSIVO: comum

1. BEM JURÍDICO: Administração


4. CONDUTA:
a) as condutas de solicitar, exigir, cobrar e obter;
2. SUJEITO ATIVO: COMUM
b) para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem;
3. SUJEITO PASSIVO: PRÓPRIO
c) a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função.
4. CONDUTA: Solicitar deve ser entendido no sentido de pedir; exigir
a) a conduta de desacatar funcionário público; significa impor, ordenar, determinar; cobrar é atuar no
sentido de ser pago, de receber; obter importa em alcançar,
b) no exercício da função ou em razão dela.
conseguir.
Desacatar: faltar com o devido respeito, afrontar,
Todos esses comportamentos devem ser dirigidos no
menosprezar, menoscabar, desprezar, profanar. consistir
sentido de que o agente obtenha, para si ou para outrem,
em palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de
vantagem ou promessa de vantagem, que poderá ou não
fato, agressão física, ameaças, gestos obscenos, gritos
ter caráter econômico, podendo, também, tratar-se de
agudos etc
uma prestação sexual, haja vista não haver qualquer
OBS.: “Não é desacato a ofensa in litteris, ou por via limitação interpretativa para efeitos de seu
telefônica, ou pela imprensa, em suma: por qualquer modo, reconhecimento.
na ausência do funcionário. Em tais casos, poderão
* Age como estelionatário
configurar-se os crimes de injúria, difamação, calúnia,
ameaça, se ocorrerem os respectivos essentialia, e somente
por qualquer deles responderá o agente. 5. TIPO SUBJETIVO: doloso

5. TIPO SUBJETIVO: DOLOSO 6. CONSUMAÇÃO: quando solicita; exige; cobra - não é


necessário que o agente obtenha a vantagem ou promessa -
crime formal
6. CONSUMAÇÃO: NO MOMENTO DO COMPORTAMENTO

7. ASPECTOS GERAIS
7. ASPECTOS GERAIS: Jecrim
* Exploração de prestígio
* Concurso de crimes: vários funcionários
* Majorada: se inclui o funcionário na vantagem
* Indignação não é crime

8. AÇÃO PENAL: incondicionada

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8. AÇÃO PENAL: Incondicionada

RESUMO:

VI. Corrupção ativa * determinar: convencimento, não trata-se de exigência


Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida # figura majorada: se o ato de ofício é efetivamente
a funcionário público, para determiná-lo a praticar, retardado, ou omitido ou praticado indevidamente
omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
5. TIPO SUBJETIVO: doloso
multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um
* Atenção! Erro de tipo caso o agente não conheça todas as
terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o circunstâncias.
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o
pratica infringindo dever funcional.
6. CONSUMAÇÃO: simples oferta ou promessa - formal -
pode inclusive recusar
1. BEM JURÍDICO: Administração Pública
● não obrigatoriamente será um crime bilateral 7. ASPECTOS GERAIS
Obs: Conduta DAR - dar a vantagem indevida após
2. SUJEITO ATIVO: comum solicitação do funcionário público com medo de retaliação
(analogia in malam partem).

3. SUJEITO PASSIVO: comum - Estado - funcionário público Art. 41-D do Estatuto do Torcedor
que não aceita a vantagem
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
4. CONDUTA: OFERECER OU PROMETER + vantagem
indevida + praticar, omitir ou retardar ato de ofício (forma
livre - gestos, conversas, escritos) (o ato não precisa ser
VII. Descaminho
ilícito) Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
* oferecer: propor para entrega imediata ou pelo consumo de mercadoria
* prometer: proposta para o futuro
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 7. ASPECTOS GERAIS


o
§ 1 Incorre na mesma pena quem: 1. Formas equiparadas:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
permitidos em lei; permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
descaminho; descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, III - vende, expõe à venda, mantém em depósito
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
alheio, no exercício de atividade comercial ou ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou que introduziu clandestinamente no País ou
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto importou fraudulentamente ou que sabe ser
de introdução clandestina no território nacional ou produto de introdução clandestina no território
de importação fraudulenta por parte de outrem; nacional ou de importação fraudulenta por parte
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio de outrem;
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
desacompanhada de documentação legal ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
acompanhada de documentos que sabe serem desacompanhada de documentação legal ou
falsos. acompanhada de documentos que sabe serem
o
§ 2 Equipara-se às atividades comerciais, para os falsos.
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio o
§ 2 Equipara-se às atividades comerciais, para os
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
inclusive o exercido em residências. irregular ou clandestino de mercadorias
o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
descaminho é praticado em transporte aéreo,
marítimo ou fluvial.
2. MAJORANTE:
o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de
1. BEM JURÍDICO: Administração Pública descaminho é praticado em transporte aéreo,
marítimo ou fluvial.
2. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa – crime comum
Obs: Funcionário Público – Art. 318, CP
3. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE
3. SUJEITO PASSIVO: Estado
SUMULA 560 – STF: CANCELADA
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
4. CONDUTA:
DESCAMINHO: Busca-se iludir, mediante artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento, o pagamento de direito VIII. Contrabando
ou imposto devido em face de entrada ou saída da Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria
mercadoria não proibida. proibida:
≠ Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
o
CONTRABANDO: Importar ou exportar mercadorias § 1 Incorre na mesma pena quem:
absoluta ou relativamente proibidas. I - pratica fato assimilado, em lei especial, a
STF: Omissão de declaração ao Fisco de quantidade de contrabando;
mercadorias (sem emprego de fraude ou malícia): infração II - importa ou exporta clandestinamente
tributária. mercadoria que dependa de registro, análise ou
autorização de órgão público competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria
5. TIPO SUBJETIVO: Doloso brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito
6. CONSUMAÇÃO: Liberação pela alfândega sem o ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
pagamento de impostos ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
Sumula 151 – competência federal.
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
Princípio da insignificância: R$ 20.000,00 (vinte mil reais) - ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Portaria 75/12 industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. §
2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
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efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio 8. AÇÃO PENAL: Incondicionada


irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. DIFERENÇAS ENTRE AS CONDUTAS
o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de CRIME OBJETO CONDUTA
contrabando é praticado em transporte aéreo, MATERIAL
marítimo ou fluvial. CONTRA Mercadoria Consiste em importar ou
BANDO proibida exportar mercadorias absoluta
1. BEM JURÍDICO: Erário público ou relativamente proibidas de
circularem no país.
DESCA Bem lícito Iludir, no todo ou em parte, o
2. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa – crime comum
MINHO pagamento de direito ou
Obs: Funcionário Público – Art. 318, CPP imposto devido pela entrada,
pela saída ou pelo consumi de
mercadoria.
3. SUJEITO PASSIVO: Estado

4. CONDUTA: Clandestina importação ou exportação de DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA


mercadorias proibidas.
A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Obs: Norma penal em branco – legislação irá definir a
ilegalidade
IX - Denunciação caluniosa
5. TIPO SUBJETIVO: Doloso Art. 339. Dar causa à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de
Erro De tipo: Equivoca sobre a proibição da mercadoria. investigação administrativa, inquérito civil ou ação
de improbidade administrativa contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
6. CONSUMAÇÃO: transposta a barreira fiscal - Importação
ou exportação da mercadoria proibida Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito
policial, de procedimento investigatório criminal,
Competência federal – S. 151, STJ de processo judicial, de processo administrativo
disciplinar, de inquérito civil ou de ação de
improbidade administrativa contra alguém,
7. ASPECTOS GERAIS imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou
1. Formas equiparadas: ato ímprobo de que o sabe inocente:
o Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
§ 1 Incorre na mesma pena quem:
multa. § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a
o agente se serve de anonimato ou de nome
contrabando;
suposto. § 2º A pena é diminuída de metade, se a
II - importa ou exporta clandestinamente imputação é de prática de contravenção.
mercadoria que dependa de registro, análise ou
autorização de órgão público competente;
1. BEM JURÍDICO: Administração da Justiça
III - reinsere no território nacional mercadoria
brasileira destinada à exportação; 2. SUJEITO ATIVO: comum
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito 3. SUJEITO PASSIVO: comum
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 4. CONDUTA: a conduta de dar causa à instauração; b) de
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; investigação policial, processo judicial, investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
administrativa; c) contra alguém; d) imputando-lhe crime;
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. e) de que o sabe inocente.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os +
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio Improbidade administração
irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. Infração ético-disciplinar
2. Majorante IP; PDA; Inquérito Civil; Ação de Improbidade
o administrativa
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de
contrabando é praticado em transporte aéreo, * Se não for dirigida a uma pessoa determinada: 340, CP
marítimo ou fluvial. (fraude de seguros)
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* Contravenção penal: §2º - pena pela metade suborno ou se cometido com o fim de obter prova
destinada a produzir efeito em processo penal, ou
em processo civil em que for parte entidade da
5. TIPO SUBJETIVO: Doloso administração pública direta ou indireta.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da
sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o
6. CONSUMAÇÃO: Na instauração agente se retrata ou declara a verdade.
7. ASPECTOS GERAIS
8. AÇÃO PENAL: Incondicionada 1. BEM JURÍDICO: Administração da Justiça
2. SUJEITO ATIVO: mão própria (atuação pessoal)
X - Autoacusação falsa Somente poderá ser autor imediato deste crime:
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime a) TESTEMUNHA; b) PERITO; C) CONTADOR; D) TRADUTOR;
inexistente ou praticado por outrem: E) INTÉRPRETE
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, 3. SUJEITO PASSIVO: Estado
ou multa
4. CONDUTA:
- Na primeira hipótese, temos a falsidade positiva,
1. BEM JURÍDICO: Administração da Justiça
consistente na asseveração de um fato mentiroso;
- Na segunda, a falsidade negativa, consistente na negação
2. SUJEITO ATIVO: comum de um fato verdadeiro;
- Na terceira, a reticência, isto é, o silêncio acerca do que se
3. SUJEITO PASSIVO: próprio sabe ou a recusa em manifestá-lo (ocultação da verdade).
O FATO DEVE-SE DAR EM:
4. CONDUTA: A) processo judicial (penal ou civil);
a) a conduta de se acusar; B) Processo administrativo (inquérito ou sindicância);
b) perante autoridade; C) Inquérito Policial;
c) de crime inexistente; D) Juízo arbitral.
d) ou praticado por outrem 5. TIPO SUBJETIVO: Doloso
* razões de natureza pecuniária; espírito de sacrifício; álibi; Crime de mão própria
exibicionismo
5. TIPO SUBJETIVO: doloso 6. CONSUMAÇÃO: no momento que que o juiz encerra o
depoimento.
6. CONSUMAÇÃO: quando é levada a conhecimento da
autoridade, independente da autoridade tomar 7. ASPECTOS GERAIS
providências.
1. Majorante
§ 1º As penas aumentam-se de 1/6 (um sexto) a
7. ASPECTOS GERAIS 1/3 (um terço), se o crime é praticado mediante
suborno ou se cometido com o fim de obter prova
destinada a produzir efeito em processo penal, ou
8. AÇÃO PENAL: incondicionada em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direta ou indireta.
A) suborno;
XI - Falso testemunho ou falsa perícia
B) obter prova destinada a produzir efeito em processo
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
penal;
verdade, como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou C) obter prova destinada a produzir efeito em processo
administrativo, inquérito policial, ou em juízo civil em que for parte entidade da administração pública
arbitral: direta ou indireta.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e 8. AÇÃO PENAL: Incondicionada
multa.
S. 165 – Compete a Justiça federal processo e
§ 1º As penas aumentam-se de 1/6 (um sexto) a julgar crime de falso testemunho cometido no
1/3 (um terço), se o crime é praticado mediante processo trabalhista.

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OUTROS TIPOS PENAIS  LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE


EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS XIX – LEI DE CRIMES HEDIONDOS
RAZÕES
I. LEI 8.072/90
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo • 16.05.1997 – JULGAMENTO DA PAULA TOMAZ E
quando a lei o permite: GUILHERME DE PÁDUA – 19 ANOS (18A6M – MENOR DE
21 ANOS) E 19ANOS – DANIELA PEREZ – 22 ANOS – 18
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa, além da pena correspondente à violência. GOLPES DE TESOURA
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, • GLÓRIA PEREZ – 1,3 MILHÕES DE ASSINATURAS –
somente se procede mediante queixa. AUMENTAR O ROL DOS CRIMES HEDIONDOS (ESTURPO,
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa SEQUESTRO E TRÁFICO)
própria, que se acha em poder de terceiro por • Art. 5º, XLIII, CRFB - XLIII - a lei considerará crimes
determinação judicial ou convenção: inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas5
multa. afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos , por eles respondendo os mandantes, os
FRAUDE PROCESSUAL executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
• CRIMES HEDIONDOS: Que contém deformidade; que
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro provoca horror; que causa repulsa; repulsivo ou horrível;
o juiz ou o perito: • ROL TAXATIVO, ART. 1º
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e • Não cabe analogia in malen parten ou extensiva;
multa.
• Sistema legal;
Parágrafo único - Se a inovação se destina a
produzir efeito em processo penal, ainda que não
iniciado, as penas aplicam-se em dobro. II. ROL DE CRIMES HEDIONDOS
FAVORECIMENTO PESSOAL A) CRIMES CONTRA A VIDA
o
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de Art. 1 São considerados hediondos os seguintes crimes,
autoridade pública autor de crime a que é o
todos tipificados no Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro
cominada pena de reclusão: de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
reclusão: só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I,
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
multa.
Obs.: “VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, ou proibido”.
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
isento de pena. Obs.: Homicídio privilegiado-qualificado

FAVORECIMENTO REAL
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de
co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a
tornar seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar,
auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou
similar, sem autorização legal, em estabelecimento
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
B) I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
o
129, § 2 ) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §
o
3 ), quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em
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decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou LEI 7960/89


parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo
condição; ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou
C) CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO religioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989)
a) matar membros do grupo;
II - roubo:
b) causar lesão grave à integridade física ou mental
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima
de membros do grupo;
(art. 157, § 2º, inciso V);
c) submeter intencionalmente o grupo a condições
b) b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição
157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo física total ou parcial;
de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); d) adotar medidas destinadas a impedir os
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte nascimentos no seio do grupo;
(art. 157, § 3º); e) efetuar a transferência forçada de crianças do
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade grupo para outro grupo;
da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para
(art. 158, § 3º); prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
IV - extorsão mediante sequestro e na forma Pena: Metade da cominada aos crimes ali
qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); previstos.
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a
de artefato análogo que cause perigo comum (art. cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º:
155, § 4º-A). Pena: Metade das penas ali cominadas.

D) CRIMES DE DIGNIDADE SEXUAL § 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma


o o
de crime incitado, se este se consumar.
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1 e 2 );
o
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço),
I - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1 , quando a incitação for cometida pela imprensa.
o o o
2 ,3 e4 )
Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime
forma de exploração sexual de criança ou por governante ou funcionário público.
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e
§§ 1º e 2º).
E) OUTROS
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de produto destinado a fins terapêuticos
ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-
B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de
julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº
9.695, de 1998)
F) PARÁGRAFO ÚNICO
Parágrafo único. Consideram-se também
hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e
3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando
direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.
III. GENOCÍDIO X HOMICÍDIO

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IV. CRIMES EQUIPARADOS • § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no


Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
terrorismo são insuscetíveis de: por igual período em caso de extrema e comprovada
I - anistia, graça e indulto; necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
II – fiança • Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
segurança máxima, destinados ao cumprimento de
Obs: Tráfico de drogas privilegiado (Habeas Corpus 118.533-
penas impostas a condenados de alta periculosidade,
MS de 23/6/2016 – Súmula 512 – Cancelada) – NÃO É
cuja permanência em presídios estaduais ponha em
HEDIONDO (ART. 112, §7º, LEP)
risco a ordem ou incolumidade pública.
Obs: Associação para o tráfico de drogas também não é
REGIME
hediondo (art. 35. Lei 11.343/06)
V. REGIME JURÍDIDO DOS CRIMES HEDIONDOS 1. PROIBIÇÕES: ANISTIA; GRAÇA E INDULTO

A. VEDAÇÃO: anistia, graça, indulto e fiança. FIANÇA

B. PROGRESSÃO 2. REGIME INICIAL FECHADO INCONSTITUCIONAL


o
§ 1 A pena por crime previsto neste artigo será cumprida 3. PROGRESSÃO Art. 112 (...)
inicialmente em regime fechado. (HC 111.840-ES) V - 40% (quarenta por cento) da pena,
Art. 112 (...) 40% - PRIMÁRIO se o apenado for condenado pela
SEM MORTE prática de crime hediondo ou
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o
apenado for condenado pela prática de crime equiparado, se for primário;
(morte com
hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da
reincidente não
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o específico) pena, se o apenado for:
apenado for: a) condenado pela prática de
50% - PRIMÁRIO
a) condenado pela prática de crime hediondo ou crime hediondo ou
COM RESULTADO
equiparado, com resultado morte, se for primário, equiparado, com resultado
vedado o livramento condicional;
MORTE
morte, se for primário,
b) condenado por exercer o comando, individual ou *líder de vedado o livramento
coletivo, de organização criminosa estruturada organização condicional;
para a prática de crime hediondo ou equiparado; criminosa de
ou crime hediondo b) condenado por exercer o
comando, individual ou
c) condenado pela prática do crime de constituição * milícia privada coletivo, de organização
de milícia privada;
60% reincidente criminosa estruturada para a
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o sem morte prática de crime hediondo ou
apenado for reincidente na prática de crime
70% reincidente equiparado; ou
hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o
com morte c) condenado pela prática do
apenado for reincidente em crime hediondo ou crime de constituição de
equiparado com resultado morte, vedado o milícia privada;
livramento condicional. VII - 60% (sessenta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente na
C. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA prática de crime hediondo ou
equiparado;
• Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena
prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar VIII - 70% (setenta por cento) da pena,
de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de se o apenado for reincidente em crime
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. hediondo ou equiparado com
resultado morte, vedado o livramento
• Parágrafo único. O participante e o associado que condicional.
denunciar à autoridade o bando ou quadrilha,
possibilitando seu desmantelamento, terá a pena 4. LIVRAMENTO PRIMÁRIO COM MORTE:
reduzida de um a dois terços. (delação premiada) CONDICIONAL SEM MORTE: VEDADO
2/3
D. OUTRAS DISPOSIÇÕES
REINCIDENTE VEDADO
• § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em * SAÍDA REGIME SEMIABERTO (PROIBIÇÃO aos
liberdade. TEMPORÁRIA crimes hediondos com resultado
morte)

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5. ASSOCIAÇÃO Art. 8º Será de três a seis anos de pessoal, requisições dos


CRIMINOSA reclusão a pena prevista no art. 288 do semeia, exames e
Código Penal, quando se tratar de cultiva ou perícias
colhe plantas necessários.
crimes hediondos, prática da tortura,
destinadas à
tráfico ilícito de entorpecentes e
preparação
drogas afins ou terrorismo. de pequena
6. DELAÇÃO Parágrafo único. O participante e o quantidade
PREMIADA associado que denunciar à autoridade de
(ASSOCIAÇÃO o bando ou quadrilha, possibilitando substância
ou produto
CRIMINOSA): 1/3 seu desmantelamento, terá a pena
capaz de
A 2/3 reduzida de um a dois terços. (delação causar
premiada) dependência
7. PRISÃO § 4o A prisão temporária, sobre a qual física ou
TEMPORÁRIA: 30 dispõe a Lei no 7.960, de 21 de psíquica.
DIAS dezembro de 1989, nos crimes
previstos neste artigo, terá o prazo de
TRÁFICO EQUIPARADO AO TRÁFICO
30 (trinta) dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e Art. 33. Importar, § 1º Nas mesmas penas incorre
comprovada necessidade. exportar, remeter, quem:
preparar, produzir, I - importa, exporta, remete,
8. Art. 3º A União manterá
fabricar, adquirir, produz, fabrica, adquire, vende,
CONSIDERAÇÕES estabelecimentos penais, de
vender, expor à expõe à venda, oferece, fornece,
FINAIS segurança máxima, destinados ao
venda, oferecer, ter tem em depósito, transporta, traz
cumprimento de penas impostas a
em depósito, consigo ou guarda, ainda que
condenados de alta periculosidade,
transportar, trazer gratuitamente, sem autorização
cuja permanência em presídios
consigo, guardar, ou em desacordo com
estaduais ponha em risco a ordem ou
prescrever, ministrar, determinação legal ou
incolumidade pública.
entregar a consumo regulamentar, matéria-prima,
ou fornecer drogas, insumo ou produto químico
ainda que
XX – LEI DE DROGAS destinado à preparação de drogas;
gratuitamente, sem
. CONSUMO PESSOAL autorização ou em II - semeia, cultiva ou faz a
desacordo com colheita, sem autorização ou em
CRIME PENA REQUISITOS FLAGRANTE
determinação legal desacordo com determinação
Art. 28. I - advertência § 2º Para Art. 48. § 2º legal ou regulamentar, de plantas
Quem determinar Tratando-se da ou regulamentar:
sobre os efeitos que se constituam em matéria-
adquirir, das drogas; se a droga conduta Pena - prima para a preparação de
guardar, destinava-se prevista no art. reclusão de 5 (cinco)
II - prestação de drogas;
tiver em a consumo 28 desta Lei, a 15 (quinze) anos e
serviços à
depósito, pessoal, o não se imporá
pagamento de 500 III - utiliza local ou bem de
comunidade;
transportar juiz atenderá prisão em qualquer natureza de que tem a
III - medida (quinhentos) a 1.500
ou trouxer à natureza e flagrante, propriedade, posse,
consigo, para educativa de à quantidade devendo o (mil e quinhentos)
dias-multa. administração, guarda ou
consumo compareciment da autor do fato
o a programa vigilância, ou consente que
pessoal, substância ser
drogas sem ou curso apreendida, imediatamente outrem dele se utilize, ainda que
autorização educativo. ao local e às encaminhado gratuitamente, sem autorização
ou em condições ao juízo ou em desacordo com
desacordo em que se competente determinação legal ou
com desenvolveu ou, na falta regulamentar, para o tráfico ilícito
determinaçã a ação, às deste, assumir de drogas.
o legal ou circunstância o compromisso
regulamenta s sociais e de a ele IV - vende ou entrega drogas ou
r. pessoais, comparecer, matéria-prima, insumo ou
bem como à lavrando-se produto químico destinado à
§ 1º Às
conduta e termo preparação de drogas, sem
mesmas
aos circunstanciad autorização ou em desacordo
medidas
antecedente o e com a determinação legal ou
submete-se
s do agente providenciand regulamentar, a agente policial
quem, para
o-se as disfarçado, quando presentes
seu consumo
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elementos probatórios razoáveis processo criminal na identificação dos demais co-autores


de conduta criminal preexistente. ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena
reduzida de um terço a dois terços.
OUTRAS FIGURAS
LAUDO PERICIAL: Art. 50. § 1º Para efeito da lavratura do
Art. 33. § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
indevido de droga: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) materialidade do delito, é suficiente o laudo de
anos constatação da natureza e quantidade da droga, firmado
Art. 33. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para CONCLUSÃO DO INQUÉRITO: 30 D(presp) 90D (solto)
juntos a consumirem: Art. 51.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano Defesa prévia: Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz
TRÁFICO DE DROGAS PRIVILEGIADO ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa
Art. 33. § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois Isenção de pena; Art. 45. É isento de pena o agente que,
terços, vedada a conversão em penas restritivas de em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de
direitos , desde que o agente seja primário, de bons caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração
nem integre organização criminosa penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento
OUTROS CRIMES
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de XXI– LEI DE TERRORISMO (LEI
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes 13.260/06)
previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: Pena -
I. INTRODUÇÃO
reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.  CF/88 – JUSTIFICATIVA DA DEMORA: dificuldade de
conceituação e não registros de atentados terroristas no
FINACIAMENTO
Br.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:  Justificativa: iminência dos Jogos Olímpicos do Rio
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento  Crime equiparado
de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-  Art. 5º, XLIII, CRFB: XLIII - a lei considerará crimes
multa. inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
COLABORADOR afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos , por eles respondendo os mandantes, os
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem
organização ou associação destinados à prática de
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e  MANDADO DE CRIMINALIZAÇÃO
34 desta Lei:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-
multa.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o
consumo de drogas, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem:Pena - detenção, de 6 (seis)
meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo,
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la,
pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada,
e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-
multa.

DELAÇÃO PREMIADA: Art. 41. O indiciado ou acusado que


colaborar voluntariamente com a investigação policial e o

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“Não há consenso na comunidade jurídica acerca de um parcial, ainda que de modo temporário, de meio de
conceito penal inequívoco de terrorismo, no âmbito comunicação ou de transporte, de portos,
nacional ou internacional” aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias,
hospitais, casas de saúde, escolas, estádios
esportivos, instalações públicas ou locais onde
II. TERRORISMO NO DIREITO BRASILEIRO funcionem serviços públicos essenciais, instalações
de geração ou transmissão de energia, instalações
militares, instalações de exploração, refino e
processamento de petróleo e gás e instituições
bancárias e sua rede de atendimento;
V - atentar contra a vida ou a integridade física de
pessoa:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das
sanções correspondentes à ameaça ou à violência.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica à
conduta individual ou coletiva de pessoas em
manifestações políticas, movimentos sociais,
sindicais, religiosos, de classe ou de categoria
profissional, direcionados por propósitos sociais ou
reivindicatórios, visando a contestar, criticar,
protestar ou apoiar, com o objetivo de defender
direitos, garantias e liberdades constitucionais,
sem prejuízo da tipificação penal contida em lei.
IV. CRIME
i. BEM JURÍDICO: PAZ PÚBLICA – sentimento coletivo de
confiança na ordem jurídica (controvertido- vida,
III. CONCEITO democracia, liberdade, etc)
Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou ii. SUJEITOS DO CRIME
mais indivíduos dos atos previstos neste artigo,
por razões de xenofobia, discriminação ou ATIVO: qualquer pessoa (*inclusive apenas 1 pessoa)
preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando Qualidade organizacional como elementar do crime de
cometidos com a finalidade de provocar terror terrorismo (doutrina estrangeira – concurso necessário –
social ou generalizado, expondo a perigo pessoa,
criminalidade organizada).
patrimônio, a paz pública ou a incolumidade
pública. Terrorismo individual: crime unissubjetivo (entendimento
REQUISITOS: doutrinário): um indivíduo sem ligação a organização. (Ex.:
Unabomber – Theodore John Ted – 1975 e 1995;
Especial motivo de agir; Francoatiradores de Washington – 2002) – previsão na lei
Especial fim de agir; brasileira.
Crime de perigo concreto; Lobo solitário: organiza e executa atos de terrorismo, sem
Atos de terrorismo (art. 2º, §1º) estar conectado a qualquer estrutura, mas poderá ser
influenciado por ideologias externas (parte da doutrina
Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou
diferencia o terrorista individual e o lobo solitário).
mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por
razões de xenofobia, discriminação ou preconceito PASSIVO: coletividade (≠ eventual vítimas da condita meio)
de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos
iii. CONDUTA
com a finalidade de provocar terror social ou
ATOS DE TERRORISMO
generalizado, expondo a perigo pessoa,
patrimônio, a paz pública ou a incolumidade
pública.
§ 1º São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar,
portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos,
venenos, conteúdos biológicos, químicos,
nucleares ou outros meios capazes de causar
danos ou promover destruição em massa; II –
(VETADO); III - (VETADO);
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com
violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de
mecanismos cibernéticos, do controle total ou

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3.1 ATOS DE TERRORISMO (ART. 2º, §1º)

iv. TERRORISMO X GENOCÍDIO

IV. “V - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com


violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de
mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial,
ainda que de modo temporário, de meio de comunicação
ou de transporte, de portos, aeroportos, estações
ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde,
escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais
onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de
geração ou transmissão de energia, instalações militares,
instalações de exploração, refino e processamento de
petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de
atendimento;”

v. MANIFESTAÇÕES SOCIAIS
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta
individual ou coletiva de pessoas em manifestações
políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de
classe ou de categoria profissional, direcionados por
propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar,
criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender
direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem
prejuízo da tipificação penal contida em lei.
* Falta o discurso do terror, mas busca de legitimidade das
reinvindicações políticas;

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V. TIPO SUBJETIVO XXII– ESTATUTO DO DESARMAMENTO


(LEI 10826/03)
1. INTRODUÇÃO
- LEI 10826/2003 (LEI 9437/97) – LEI 13.964/19
- SISTEMA NACIONAL DE ARMAS - SISNARM - POLÍCIA
FEDERAL
- REFERENDO POPULAR. 23.10.2005.
ESPECIAL MOTIVO DE AGIR
"O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido
no Brasil?" (ART. 35)
95.375.824 (VOTANTES)
63.94 não 36.06 sim
- Requisitos: critérios do art. 4º (idoneidade, ocupação lícita
e residência; capacidade para manuseio da arma).
NORMA PENAL EM BRANCO - DECRETO Nº 9.847, DE 25 DE
JUNHO DE 2019 - Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o
cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas
de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas
e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas.

2. SISTEMAS

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3. CAOS NORMATIVO - prática de tiro desportivo por adolescentes a partir dos 14


nos de idade completos;
- validade do porte de armas para todo território nacional;
- porte de trânsito dos CACs para armas de fogo
municiadas; e
- porte simultâneo de até duas armas de fogo por cidadãos.

JUSTIFICATIVA
Segundo a ministra Rosa Weber, as inovações introduzidas
pelos Decretos 10.627, 10.628, 10.629 e 10.630/2021, com
• MODIFICAÇÕES: o propósito de promover a “flexibilização das armas” no
A) Dispensa da obrigação do interessado de provar a Brasil, são incompatíveis com o sistema de controle e
efetiva necessidade para compra; fiscalização de armas instituído pelo Estatuto do
Desarmamento e exorbitam dos limites do poder
B) Ampliação do conceito de residência – extensão
regulamentar atribuído ao presidente da República pela
rural;
Constituição Federal.
C) Tratamento privilegiado aos CAC – caçadores;
Os regulamentos, explica a relatora, servem para dar
colecionadores e atiradores. Ex.; Caçadores
aplicabilidade às leis e devem observância ao espaço
poderão ter 30 armas e atiradores 60 armas, com
restrito de delegação. "O respeito à lei é, portanto, requisito
um volume de 150 mil munições por ano;
de constitucionalidade, na medida em que o respeito à
D) Autorização para menores de 14 a 18 anos legalidade é condição para a tutela do princípio
pratiquem tiro, sem necessidade de controle constitucional da separação de poderes", ressaltou.
estatal;
A relatora aponta, ainda, vulneração a políticas públicas de
LIMINAR DO STF proteção a direitos fundamentais e assinala que é dever do
LIMINAR Estado promover a segurança pública como corolário do
direito à vida.
- afastamento do controle exercido pelo Comando do
Exército sobre projéteis para armas de até 12,7 mm, Outro fundamento apontado é o modelo contemporâneo
máquinas e prensas para recarga de munições e de diversos de segurança pública, que preconiza o controle rigoroso do
tipos de miras, como as telescópicas; acesso da população às armas, acessórios e munições, em
razão de seus efeitos prejudiciais sobre a segurança e o
- autorização para a prática de tiro recreativo em entidades
bem-estar da comunidade. “Inúmeros estudos, apoiados
e clubes de tiro, independentemente de prévio registro dos
por expressiva maioria da comunidade científica mundial,
praticantes;
revelam uma inequívoca correlação entre a facilitação do
- possibilidade de aquisição de até seis armas de fogo de acesso da população às armas e o desvio desses produtos
uso permitido por civis e oito armas por agentes estatais para as organizações criminosas, milícias e criminosos em
com simples declaração de necessidade, com presunção de geral, por meio de furtos, roubos ou comércio clandestino,
veracidade; aumentando ainda mais os índices de delitos patrimoniais,
- comprovação, pelos CACs (caçadores, atiradores e de crimes violentos e de homicídios”, afirma.
colecionadores) da capacidade técnica para o manuseio de
armas de fogo por laudo de instrutor de tiro desportivo;
4. TIPOS DE ARMAS
- comprovação pelos CACs da aptidão psicológica para
aquisição de arma mediante laudo fornecido por psicólogo,
dispensado o credenciamento na Polícia Federal;
- dispensa de prévia autorização do Comando do Exército
para que os CACs possam adquirir armas de fogo;
- aumento do limite máximo de munições que podem ser
adquiridas, anualmente, pelos CACs;
- possibilidade do Comando do Exército autorizar os CACs a
adquirir munições em número superior aos limites pré-
estabelecidos;
- aquisição de munições por entidades e escolas de tiro em
quantidade ilimitada;

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5. POSSE E PORTE trabalho, desde que seja o titular ou o responsável


legal do estabelecimento ou empresa:
Pena — detenção, de um a três anos, e multa.
• BEM JURÍDICO: incolumidade pública e controle de
propriedade de armas
• SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa
• SUJEITO PASSIVO: coletividade
• CONDUTA: POSSUIR E MANTER GUARDA - USO
PERMITIDO - SEM REGISTRO - SUA RESIDÊNCIA (se for
alheia é porte) e EMPRESA (se não for titular é porte)
Obs: Caminhão não é local de trabalho - será considerado
porte de arma para o caminhoneiro.
Obs: armas de fogo, munições(Munição é tudo quanto dê
capacidade de funcionamento à arma, para carga ou
disparo (projéteis, cartuchos, chumbo etc.) ou acessórios (o
é aquilo que não integra a arma de fogo, mas que a ela está
relacionado por ter alguma utilidade, por exemplo, os
dispositivos óticos de pontaria com aumento menor do que
seis vezes e diâmetro da objetiva menor do que 36 mm).
Obs: basta a apreensão da munição, sendo desnecessária a
concomitante apreensão da arma de fogo.
Obs: Inviável a aplicação do princípio da insignificância para
o crime de posse ilegal de munição, pretendida em razão da
pequena quantidade apreendida (três cartuchos de calibre
38), pois ela contém suficiente potencialidade lesiva contra
a segurança e incolumidade públicas.
• TIPO SUBJETIVO: DOLOSA
• CONSUMAÇÃO: QUANDO entra na residência ou
estabelecimento comercial. Trata-se de crime
6. LEI DE CRIMES HEDIONDOS permanente, em que a prisão em flagrante é possível
Art. 1º. Parágrafo único. Consideram-se também enquanto não cessada a conduta. O delito em análise é
hediondos, tentados ou consumados: de perigo abstrato e de mera conduta, porque dispensa
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e prova de que pessoa determinada tenha sido exposta a
3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; efetiva situação de risco (a lei presume a ocorrência do
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de perigo), bem como a superveniência de qualquer
fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº resultado.
10.826, de 22 de dezembro de 2003; É possível a tentativa. Sursis processual.
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
• CONSIDERAÇÕES FINAIS:
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003; * A pessoa que possua em casa arma de fogo registrada
IV - o crime de tráfico internacional de arma de pode ter o seu registro suspenso pelo juiz, caso cometa
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da violência doméstica ou familiar contra mulher, e, nesse
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; caso, o juiz deve comunicar sua decisão à autoridade
V - o crime de organização criminosa, quando competente(art. 22, I, da Lei n. 11.340/2006)
direcionado à prática de crime hediondo ou B. ART. 13 - OMISSÃO DE CAUTELA
equiparado.
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
7. CRIMES impedir que menor de dezoito anos ou pessoa portadora de
A. ART. 12. Posse irregular de arma de fogo de uso deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
permitido sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de Pena — detenção, de um a dois anos, e multa.
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
A. BEM JURÍDICO: incolumidade pública e integridade física
desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou
do menor ou deficiente mental.
dependência desta, ou, ainda no seu local de B. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa
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C. SUJEITO PASSIVO: coletividade D. CONDUTA: crime de ação múltipla ou conteúdo


D. CONDUTA: conduta culposa - negligência - omissão variado (portar, deter, adquirir, fornecer, receber,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
• Ex: deixando-a no banco de um carro e não gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
trancando a sua porta, ou deixando-a em uma gaveta da manter sob sua guarda ou ocultar).
sala de casa, sem trancá-la. Obs: Não inclui munição ou
acessório. • * Perigo abstrato e mera conduta. Potencialidade
lesiva: não é crime - armas obsoletas ou
E. TIPO SUBJETIVO: CULPOSA quebradas. Arma desmuniciada (se há crime para
F. CONSUMAÇÃO: material - crime não se consuma com a o porte de munição isolada, haverá para a arma
omissão do possuidor ou proprietário da arma, exigindo, sem munição). Arma de brinquedo: atípico, mas
para tanto, que algum menor ou doente mental deve ser produzida.
efetivamente se apodere da arma. Porte do “caçador de subsistência”
Obs: perigo abstrato, porque se configura pelo simples Art.
o
6º. § 5 Aos residentes em áreas rurais,
apoderamento pelo menor ou doente mental, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem
independentemente de ter ele apontado a arma para depender do emprego de arma de fogo para
alguém ou para ele próprio. Em suma, não é necessário que prover sua subsistência alimentar familiar será
se prove que pessoa determinada tenha sido exposta a concedido pela Polícia Federal o porte de arma de
risco. fogo, na categoria caçador para subsistência, de
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1
Não se admite tentativa. (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o
proprietário ou diretor responsável de empresa de interessado comprove a efetiva necessidade em
segurança e transporte de valores que deixarem de requerimento ao qual deverão ser anexados os
registrar ocorrência policial e de comunicar à seguintes documentos:
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras I - documento de identificação pessoal;
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou
munição que estejam sob sua guarda, nas II - comprovante de residência em área rural;
primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de III - atestado de bons antecedentes.
ocorrido o fato.
D. ART. 15. DISPARO DE ARMA DE FOGO
Responsabilidade pela arma de fogo recai precipuamente Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição
sobre a empresa, o Estatuto estabelece também a em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
obrigatoriedade de seu proprietário ou diretor comunicar a pública ou em direção a ela, desde que essa
subtração, perda ou qualquer outra forma de extravio a ela conduta não tenha como finalidade a prática de
referentes. Assim, se não for efetuado o registro da outro crime: Pena — reclusão, de dois a quatro
ocorrência e não houver comunicação à Polícia Federal, em anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto
um prazo de vinte e quatro horas a contar do fato, o crime neste artigo é inafiançável.
se aperfeiçoará. CONDUTA: Disparar significa atirar, apertar o gatilho da
Crime próprio - crime a prazo - 24 horas. arma de fogo (revólver, pistola, espingarda, garrucha, fuzil,
metralhadora etc.), deflagrando projétil OU acionar
C. ART. 14. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO munição, que significa de alguma outra forma detonar,
PERMITIDO. deflagrar a munição.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber,
Obs: A realização de vários disparos, em um mesmo
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, momento, configura um só delito, não se aplicando a regra
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, do concurso formal ou da continuação delitiva.
acessório ou munição, de uso permitido, sem REQUISITOS:
autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar: a) em lugar habitado ou suas adjacências;
Pena — reclusão, de dois a quatro anos, e multa. b) em via pública ou em direção a ela.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é Obs.: projétil tem de ser verdadeiro. A deflagração de balas
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver de festim não configura.
registrada em nome do agente.
Obs: O disparo efetuado para o alto (para a comemoração
de gol do time, em festas juninas ou por outra razão
A. BEM JURÍDICO: incolumidade pública qualquer) caracteriza o crime, desde que seja feito em via
B. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa pública ou em sua direção
C. SUJEITO PASSIVO: coletividade E. ART. 16. CRIME DE POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA
DE FOGO DE USO RESTRITO.

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Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, apodere de arma de fogo, que esteja sob sua posse ou que
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que seja de sua propriedade, responde pelo crime do art. 13.
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob Trata-se de conduta culposa. Se quem se apodera da arma é
sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição pessoa maior de idade, o fato é atípico, porque a
de uso proibido ou restrito, sem autorização e em modalidade culposa não mencionou tal hipótese.
desacordo com determinação legal ou regulamentar: OBS: O sujeito que fornece, empresta ou cede dolosamente
Pena — reclusão, de três a seis anos, e multa arma de fogo de uso permitido a pessoa maior de idade
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § pratica o crime do art. 14.
1º deste artigo envolverem arma de fogo de OBS.: Quem fornece, empresta ou cede dolosamente arma
uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 de fogo de uso proibido ou restrito a pessoa maior de idade
(quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela incide no crime do art. 16, caput.
Lei nº 13.964, de 2019)
• BEM JURÍDICO: incolumidade pública, integridade
física e patrimônio dos cidadãos. ART. 16. CRIME DE POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO PROIBIDO
• SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
• SUJEITO PASSIVO: coletividade receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
• CONDUTA: possuir, deter, portar, adquirir, que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar,
sem autorização e em desacordo com
remeter, empregar, manter sob sua guarda ou determinação legal ou regulamentar: Pena —
ocultar. reclusão, de três a seis anos, e multa
• * arma de fogo de uso proibido ou restrito: posse § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º
ou porte. deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12
• * perigo abstrato e de mera conduta
(doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
• TIPO SUBJETIVO: 2019)
• CONSUMAÇÃO: mera conduta - no momento da F. ART. 17. Comércio ilegal de arma de fogo. CRIME
ação. Não se admite tentativa. HEDIONDO
• FORMAR EQUIPARADAS:

G. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMAS

• OBSERVAÇÕES
OBS.: Quem deixa de observar as cautelas necessárias para
impedir que menor de idade ou deficiente mental se

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transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão
ou entidade abrangidos
pelo caput deste artigo.
EFEITO DA I - tornar certa a obrigação de
CONDENAÇÃO indenizar o dano causado pelo
crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na
sentença o valor mínimo para
reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos
por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de
cargo, mandato ou função pública,
pelo período de 1 (um) a 5 (cinco)
anos;
(DEPENDE DE REINCIDÊNCIA E NÃO
SÃO AUTOMÁTICOS)
III - a perda do cargo, do mandato
ou da função pública.
(DEPENDE DE REINCIDÊNCIA E NÃO
SÃO AUTOMÁTICOS)
FINALIDADE Art. 1º. § 1º As condutas descritas
ESPECÍFICA nesta Lei constituem crime de abuso
de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade
específica: prejudicar outrem; ou
XXIII – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE beneficiar a si mesmo ou
a terceiro; ou por mero
capricho ou satisfação pessoal
DISPOSIÇÕES INICIAIS
PENAS RESTRITIVAS I - prestação de serviços à
SUJEITO ATIVO Art. 2º É sujeito ativo do crime de
DE DIREITO comunidade ou a entidades públicas;
abuso de autoridade qualquer agente
público, servidor ou não, da II - suspensão do exercício do cargo,
administração direta, indireta ou da função ou do mandato, pelo prazo
fundacional de qualquer dos Poderes de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a
da União, dos Estados, do Distrito perda dos vencimentos e das
Federal, dos Municípios e de vantagens;
Território, compreendendo, mas não RESPONSABILIDADE 1. As penas previstas nesta Lei serão
se limitando a: aplicadas independentemente das
I - servidores públicos e militares ou sanções de natureza civil ou
pessoas a eles equiparadas; II - administrativa cabíveis. (art. 6º)
membros do Poder Legislativo; III - 2. As responsabilidades civil e
membros do Poder Executivo; IV - administrativa são independentes da
membros do Poder Judiciário; V - criminal, não se podendo mais
membros do Ministério Público; VI - questionar sobre a existência ou a
membros dos tribunais ou conselhos autoria do fato quando essas
de contas. questões tenham sido decididas no
Parágrafo único. Reputa-se agente juízo criminal. (art. 7º)
público, para os efeitos desta Lei, 3. Faz coisa julgada em âmbito cível
todo aquele que exerce, ainda que e administrativo-disciplinar, a
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sentença penal que reconhecer ter BUSCA E APREENSÃO


sido o ato praticado em (Art. 8º):
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
estado de necessidade; astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
legítima defesa; imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer
nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora
estrito cumprimento de dever
das condições estabelecidas em lei:
legal; ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
exercício regular de direito
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista
AÇÃO PENAL INCONDICIONADA
no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
CRIMES franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
AUTORIDADE JUDICIÁRIA AUTORIDADE POLICIAL II - (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão
Art. 9º. Decretar medida Art. 12. Deixar domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h
de privação da liberdade injustificadamente de (cinco horas).
em manifesta comunicar prisão em flagrante § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar
desconformidade com as à autoridade judiciária no socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem
hipóteses legais: prazo legal: a necessidade do ingresso em razão de situação de
Pena - detenção, de 1 Pena - detenção, de 6 (seis) flagrante delito ou de desastre.
(um) a 4 (quatro) anos, e meses a 2 (dois) anos, e
multa. multa. DIREITO A ASSISTÊNCIA DO ADVOGADO
Parágrafo único. Incorre Parágrafo único. Incorre na
Art. 15. Art. 20. Impedir, Art. 32. Negar ao
na mesma pena a mesma pena quem:
Constranger a sem justa causa, a interessado, seu
autoridade judiciária que, I - deixa de comunicar, depor, sob entrevista pessoal defensor ou
dentro de prazo razoável, imediatamente, a execução de ameaça de e reservada do advogado acesso
deixar de: prisão temporária ou prisão, pessoa preso com seu aos autos de
I - relaxar a prisão preventiva à autoridade que, em razão advogado: investigação
manifestamente ilegal; judiciária que a decretou; de função, preliminar, ao
Pena - detenção,
II - substituir a prisão II - deixa de comunicar, ministério, ofício de 6 (seis) meses a termo
preventiva por medida imediatamente, a prisão de ou profissão, 2 (dois) anos, e circunstanciado,
cautelar diversa ou de qualquer pessoa e o local deva guardar multa. ao inquérito ou a
conceder liberdade onde se encontra à sua família segredo ou qualquer outro
provisória, quando ou à pessoa por ela indicada; resguardar procedimento
manifestamente cabível; sigilo: investigatório de
III - deixa de entregar ao
Pena - infração penal,
III - deferir liminar ou preso, no prazo de 24 (vinte e
detenção, de 1 civil ou
ordem de habeas corpus, quatro) horas, a nota de
(um) a 4 administrativa,
quando manifestamente culpa, assinada pela
(quatro) anos, e assim como
cabível.’ autoridade, com o motivo da
multa. impedir a
prisão e os nomes do
obtenção de
condutor e das testemunhas;
cópias, ressalvado
IV - prolonga a execução de o acesso a peças
pena privativa de liberdade, relativas a
de prisão temporária, de diligências em
prisão preventiva, de medida curso, ou que
de segurança ou de indiquem a
internação, deixando, sem realização de
motivo justo e diligências
excepcionalíssimo, de futuras, cujo sigilo
executar o alvará de soltura seja
imediatamente após recebido imprescindível:
ou de promover a soltura do
Parágrafo Parágrafo único. Pena - detenção,
preso quando esgotado o
único. Incorre Incorre na mesma de 6 (seis) meses
prazo judicial ou legal
na mesma pena pena quem impede a 2 (dois) anos, e
quem prossegue o preso, o réu solto multa.

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com o ou o investigado de II - outras situações potencialmente geradoras de


interrogatório: entrevistar-se sofrimento ou estigmatização:
I - de pessoa pessoal e Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
que tenha reservadamente
com seu advogado § 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a
decidido exercer vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização,
o direito ao ou defensor, por
prazo razoável, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).
silêncio; ou
antes de audiência § 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes
II - de pessoa judicial, e de violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena
que tenha sentar-se ao seu em dobro.
optado por ser lado e com ele
assistida por comunicar-se
advogado ou durante a QUESTÃO
defensor audiência, salvo no 1ª. No dia 01 de janeiro de 2008, após ingerir bebida
público, sem a curso de alcoólica, Caio, 50 anos, policial militar reformado, efetuou
presença de seu interrogatório ou dois disparos de arma de fogo em direção à parede de sua
patrono no caso de casa vazia, localizada no interior de grande quintal, com
audiência realizada arma de sua propriedade, devidamente registrada e com
por posse autorizada. Apesar de os tiros terem sido efetuados
videoconferência. em direção ao interior do imóvel, vizinhos que passavam
pela rua naquele momento, ao ouvirem os disparos,
entraram em contato com a Polícia Militar, que compareceu
ao local e constatou que as duas munições deflagradas
(PEFOCE.2021) Marcelo, indiciado em inquérito policial que ficaram alojadas na parede do imóvel, sendo a perícia
apura prática de delito de extorsão, é chamado a depor pela acostada ao procedimento. Caio obteve liberdade
autoridade policial. Ao comparecer, opta por ser assistido provisória e foi denunciado como incurso nas sanções do
por seu advogado. Todavia, enquanto aguarda a chegada do Art. 15 da Lei nº 10.826/03, não sendo localizado, porém,
patrono, é constrangido pela autoridade policial, que passa por ocasião da citação, por ter mudado de endereço,
a fazer insinuações no sentido de que, se Marcelo não apesar das diversas diligências adotadas pelo juízo. Diante
colaborasse, não desse seu depoimento logo, poderia sair dos fatos narrados, existe argumento de direito material a
dali preso. Nessa hipótese, assinale a alternativa correta. ser apresentado em busca da absolvição de Caio?
A. Embora não tenha agido corretamente, a autoridade 2ª No dia 03 de agosto do corrente ano, Lerinho do Cipó,
policial não praticou crime algum, pois, na fase pré- famoso bicheiro da região da periferia do Recife, instiga
processual, é possível inquirir pessoas sem a presença de populares a realizarem um protesto contra obra que estava
advogado. sendo feita em rodovia principal da cidade, pois estava
B. Não houve prática de delito no caso em tela, pois, na fase atrapalhando a rota de apuração do resultado do jogo. No
pré-processual, não há previsão de contraditório nem dia do protesto, está portando uma arma de uso permitido
ampla defesa. que carregava sempre, já que tinha a autorização para a
posse adquirida na PF regularmente. Em virtude do
C. Agiu corretamente a autoridade policial, pois a falta de
protesto está atrapalhando o tráfego da rodovia, policiais
cooperação do indiciado traduz comportamento que deve
rodoviários foram chamados para o local, e quando Lerinho
ser reprimido.
exibe a arma o prendem em flagrante. Como ele foi achada
D. Na hipótese, somente ocorreria delito previsto na lei de um Taurus, revolver de calibre 38, com documentação, mas
abuso de autoridade se o delegado realizasse o com a numeração raspada.
constrangimento mediante violência ou grave ameaça.
Diante do caso, responda: Leirinho responderá por algum
E. A autoridade policial praticou delito previsto na lei de crime? Qual? Justifique.
abuso de autoridade. Embora seja possível inquirir pessoas
GABARITO.
sem a presença de advogado na fase pré-processual, sua
presença se impõe quando investigado fizer essa opção 1. Sim, existe argumento de direito material a ser
apresentado pela defesa técnica de Caio em busca de sua
Violência Institucional (2022)
absolvição. Alegar a atipicidade da conduta, tendo em vista
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a que nem todas as elementares do crime do Art. 15 da Lei nº
testemunha de crimes violentos a procedimentos 10.826/03 foram preenchidas. Em que pese tenha Caio
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a realizado disparos de arma de fogo, não haveria que se
reviver, sem estrita necessidade: falar no crime imputado, pois os disparos não foram
I - a situação de violência; ou realizados em via pública e nem em direção à via pública.
Apesar de a rua da residência do denunciado ser habitada,

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os disparos foram realizados dentro de um quintal, em ³ inconstitucionalidade da execução provisória da pena.


direção à parede da casa onde não havia ninguém. HC 126.292: desnecessidade do trânsito em julgado (fev.
Independentemente de a conduta ser moralmente 2016 a nov. 2019)
reprovável, não foi praticado o delito imputado.
ADC 43/DF; 44/DF; 54/DF: necessidade do trânsito em
2. Sim, Porte de arma de fogo de uso restrito, art. 16, §1º, julgado (recente 2021) – início do cumprimento de pena ao
IV – apesar de ser arma de uso permitido, quando a trânsito em julgado do título condenatório.
numeração é raspada, perde sua natureza, ademais apesar
de possuir autorização, este é apenas para posse e não para (CPP) Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em
o porte. flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão
cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada
em julgado. (lei 13.964/19)
II. DIREITO PROCESSUAL PENAL:
(CPP) ART. 313. § 2º Não será admitida a decretação da
prisão preventiva com a finalidade de antecipação de
INTRODUÇÃO cumprimento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou recebimento
de denúncia.
1. PRINCÍPIOS GERAIS, CONCEITO,
FINALIDADE, CARACTERÍSTICAS. II. Devido processo legal
a) Conceito e Finalidade Art. 5º, LIV - “ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal;”
Conjunto de princípios e regras que regulam a aplicação
Deve-se respeitar as formalidades pré-determinadas na lei
jurisdicional do direito penal, bem como as atividades
para que se possa cercear a liberdade ou para que seja
persecutórias da polícia judiciária, e a estruturação dos
privado de seus bens; Liberdade é regra, cerceamento é
órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares
exceção; Ex.; Prisão em flagrante – art. 301 a 310,
(marques, 2005)
Observar o princípio hermenêutico de que as normas que
- IUS PUNIENDI: pretensão punitiva do Estado, significa, o
concedem direitos não importam interpretação restritiva;
poder deste de exigir de quem comete um delito a
“Liberdade” – qualquer liberdade, não só a de locomoção;
submissão à sanção penal.
Art. 76 da Lei 9.099/95 – pena de multa ou restritiva de
b) Finalidade: Mediata: pacificação social. Imediata: direitos sem processo judicial
aplicação do direito penal concretizado.
Desdobramentos: Todos os outros princípios derivam dele,
c) Princípios: mandamentos nucleares de um sistema. ele é na palavra de Paulo Rangel “arcabouço jurídico”; 1.
Tipos: constitucionais e processuais. Contraditório – igualdade das partes; 2. AMPLA DEFESA 3.
JUIZ NATURAL 4. Inadmissibilidade das provas obtidas por
meios ilícitos
I. Princípio da não culpabilidade ou da inocência
Pelo fato de o réu só puder ser considerado culpado após o III. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO.
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o ônus
da prova cabe à acusação, mesmo em si tratando de (CF/88) Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
sentença de pronúncia. Tal princípio não é aplicado após o
são assegurados o contraditório e ampla defesa,
trânsito em julgado (ex. revisão criminal). com os meios e recursos a ela inerente.
(CF/88) Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
“O direito de não ser declarado culpado senão após o
término do devido processo legal, durante o qual o acusado
tenha se utilizado de todos os meios de proca pertinentes a
sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da
credibilidade das provas apresentadas pela acusação
(contraditório) (BRASILEIRO, 2021)
¹ in dubio pro reo: a acusação tem o dever de provar a
culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável,
e não do ´reu de provar sua inocência. Regra probatória.
² a privação de liberdade deve ser excepcional, a exceção é
estar preso.
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* (CPP) Art. 261. Nenhum acusado, ainda que


ausente ou foragido, será processado ou julgado
sem defensor.
- PARTICIPAÇÃO no processo para permitir CONTRIBUIÇÃO
das partes na formação do CONVENCIMENTO do juiz. Não
há que se falar em devido processo legal, em busca da
verdade real, sem oportunizar ao acusado o contraditório
perante o MP.
- CONTRADITÓRIO importa: INFORMAÇÃO E REAÇÃO * Art. 289-A, CPP – comunicação da prisão
Ciência dos atos e possibilidade de contrariá-los. (CPP) Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou
foragido, será processado ou julgado sem defensor.

- Inquérito: procedimento administrativo, não tem


contraditório, mesmo com a participação do juiz.

IV. JUIZ NATURAL.


VEDAÇÃO DE TRIBUNAL DE EXCEÇÃO – proibição de se
constituir um órgão judiciário exclusiva e casuisticamente
para o processo e julgamento de determinada infração
penal VEDAÇÃO DE JUIZ CUJA COMPETÊNCIA SEJA DEFINIDA
ANTERIORMENTE À PRÁTICA DO FATO Processo administrativo:

V. AMPLA DEFESA
(CF/88) Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
- Não apenas garantia da participação (contraditório), mas
de concreta efetividade desta participação;

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VI. INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS c.3. Princípio da Publicidade


ILICITAMENTE (CF/88) Art. 5º, XII. É inviolável o sigilo da correspondência
(CF/88) Art. 5º. LVI - são inadmissíveis, no e das comunicações telegráficas, de dados e das
processo, as provas obtidas por meios ilícitos. comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
(CPP) Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
assim entendidas as obtidas em violação a normas - Garantia Base do Estado Democrático de Direito. Exceto
constitucionais ou legais.
nos caso que a lei específicas, por ex. no art. 5º, LX, CRFB.
o
§1 São também inadmissíveis as provas derivadas Lado a lado com devido processo legal e a verdade real;
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo Publicidade absoluta dos atos processuais(mas cabe
de causalidade entre umas e outras, ou quando as exceções como no caso da sala secreta do júri – divergente
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras.
o
§2 Considera-se fonte independente aquela que c. 4. Princípio nemo tenetur se detegere ou da não
por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, autoincrimação (DIREITO AO SILÊNCIO)
próprios da investigação ou instrução criminal,
seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
(CF/88) Art. 5º. LXIII. O preso será informado de seus
direitos, entre os quais de permanecer calado, sendo-lhe
- TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA assegurada a assistência da família e do advogado.
- TEORIA DA DESCOBERTA INEVITÁVEL E DA FONTE - O acusado não é obrigado a produzir prova contra si
INDEPENDENTE mesmo. Esse princípio surge a partir do momento em que é
obrigatória a defesa técnica. Esse princípio está previsto no
Pacto de San José de Costa Rica – art. 8º, 2.

JURISPRUDÊNCIA
O plenário do STF decidiu que provas obtidas pela * Uma coisa é a produção forçada de prova invasiva, o que
autoridade policial, sem autorização judicial, mediante não é admitido, outra coisa bem diferente é a prova
acesso a registro telefônico ou a agenda de contatos de produzida voluntária ou involuntariamente com outra
celular apreendido ato contínuo no local do crime atribuído finalidade, a qual pode ser utilizada (não se pode retirar um
ao acusado, não configuram ofensa ao sigilo das fio de cabelo, mas pode ser utilizado parte do cigarro ou fio
comunicações à intimidade ou à privacidade do indivíduo. de cabelo caído - Recl 2040 – Caso Glória Treves). Já a prova
A decisão foi proferida no julgamento do Recurso não invasiva, consiste numa inspeção ou verificação
Extraordinário com Agravo (ARE) 1042075, matéria corporal, não implicando na extração de nenhuma parte do
considerada de repercussão geral sobre o Tema 977- corpo humano.
Aferição da licitude da prova produzida durante o inquérito
policial relativa ao acesso, sem autorização judicial, a
registros e informações contidos em aparelho de telefone
celular, relacionados à conduta delitiva e hábeis a
identificar (...)

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1.2. Sistemas de processo penal. Estado, nos crimes conexos com os do Presidente
da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade
(Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); III - os
processos da competência da Justiça Militar;

O CPP adotou o princípio da territorialidade absoluta,


segundo o qual, a lei processual penal é aplicada a todas as
infrações cometidas no território brasileiro. É também
SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO
denominado de princípio lex fori ou locus regit actum.
Não há separação das Separação das funções de
O aludido princípio comporta exceções:
funções de acusar, defender acusar, defender e julgar.
e julgar, que estão Presença de partes distintas, a) os tratados, as convenções e regras de direito
concentradas em um única contrapondo-se acusação e internacional (Ex. Convenção de Viena – Decreto Legislativo
pessoa, que assume as defesa em igualdade de nº 103/1964);
vestes de um juiz inquisidor. condições. JUIZ IMAPRCIAL E b) as prerrogativas constitucionais do presidente da
EQUIDISTANTE. república, dos ministros de estado, nos crimes conexos com
Princípio da Verdade real. Princípio da busca da os do presidente da república, e dos ministros do supremo
Acusado é um objeto, sem verdade. A prova é tribunal federal, nos crimes de responsabilidade (arts. 86,
direitos. Tudo para se obter produzida com observância 89, § 2º, e 100 da CF);
a verdade absoluta. ao contraditório e ampla c) os processos da competência da justiça militar:
defesa. Essas ressalvas estão relacionadas apenas ao código de
Gestão da prova: o juiz é Gestão da prova: cabe as processo penal e não à lei brasileira.
dotado de ampla inciativa partes. Na fase Os crimes militares serão apurados, consoante o
acusatória e probatória, investigatória, o juiz atua estabelecido no Código de Processo Penal Militar (art. 124
tendo liberdade para quando provocado. Na da CF).
determinar de ofício a instrução processual, o juiz
colheita de elementos tem iniciativa probatória, Inc. I. Prevalência da ordem internacional – os crimes
informativos de provas, seja todavia, é subsidiária. ocorridos em território nacional não serão julgadas em
no curso das investigações, território nacional.
seja no curso da instrução Ex.: Agentes diplomáticos (embaixadores, secretários,
processual. familiares, funcionários da ONU) – Convenção de Viena; *
Concentração de poderes Separação das funções e a Cônsul: imunidade apenas quando decorrer do exercício de
nas mãos do juiz e a iniciativa probatória residual suas funções (STF); * TPI – atuação subsidiária (crimes
inciativa acusatória dela restrita à fase judicial contra humanidade e guerra). Ex: Criança-soldado –
decorrente é incompatível preserva a equidistância que Lubanga – Congo – 14 anos.
com a garantia de o magistrado deve tomar Inc. II. Jurisdição política  para julgar crimes de
imparcialidade e com o quanto ao interesse das responsabilidade não se invoca o Poder Judiciário, mas o
devido processo legal. partes, sendo compatível Poder Legislativo EX.: Cabe ao Senado Federal julgar o
com a imparcialidade e o Presidente da República e Vice nos crimes de
devido processo legal. responsabilidade (Art.52, I, CRFB) – * obs. As infrações
Inquérito policial Ex.; Vedação da inciativa comuns cabe ao STF (Art. 102, I, b);
probatória e da prisão de Inc. III. Justiça especializada militar  crimes militares -
ofício, arquivamento pelo Também para o direito material (CPM) * Justiça eleitoral
MP. quanto aos crimes eleitorais segue os art. 355-364 –
(Fonte: BRASILEIRO, 2020, p. 45) todavia, art. 364 (aplicação subsidiária do CPP);
Inc. IV. Refere-se a Constituição de 1937 – Antigo Tribunal
de Segurança Nacional. Art. 122 “Os crimes que atentarem
1.2 Lei processual penal: fontes, eficácia, contra a existência, a segurança e a integridade do Estado, a
interpretação, analogia, imunidades. guarda e o emprego da economia popular serão submetidos
a processo e julgamento perante tribunal especial, na forma
A. LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO
que a lei instituir” HOJE – os crimes contra a segurança
(CPP) Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo nacional são julgados pela Justiça Federal Comum (Art. 109,
o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
IV, CF).
I - os tratados, as convenções e regras de direito
internacional; II - as prerrogativas constitucionais
do Presidente da República, dos ministros de
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B. LEI PROCESSUAL NO TEMPO – direito local; Competência para legislar direito


(CPP) Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á penitenciário: concorrente da União, Estados e
desde logo, sem prejuízo da validade dos atos Distrito Federal – normas gerais e complementação,
realizados sob a vigência da lei anterior. respectivamente;
Princípio da aplicação imediata ou do efeito imediato  NÃO  FORMAL: ou de cognição. Como se revela a norma.
RETROAGE – Art. 2º, CPP;  Processos em curso (mesmo FONTE FORMAL
que seja mais gravosa);
IMEDIATA OU DIRETA MEDIATA, DIRETA OU
SUPLETIVA
Publicação  ATIVIDADE  Revogação
 Leis  Costumes (art. 4º,
Diferentemente do que dispõe o Código Penal, a lei LINDB)
 Constituição
processual penal tem aplicação imediata, ainda que seja
 Tratados  Princípios Gerais do
prejudicial ao réu, sendo respeitados, contudo, os atos já
Internacionais de Direito (art. 3º, LINDB)
praticados (tempus regit actum). Assim, quando a Lei nº
11.719/08, a qual alterou o procedimento ordinário, entrou DH´s  * LFG – Doutrina –
em vigor, incidiu sobre os processos em andamento e, * LFG – medidas explica ou interpreta as
mesmo naqueles onde o interrogatório já havia se realizado provisórias e a fontes formais
(no início da instrução), não há necessidade de se refazer o jurisprudência (Em imediatas.
ato. Neste sentido é o posicionamento do STF (Informativo 43/2004)
nº 602):
Lei 11.719/2008: Interrogatório e Tempus Regit Actum.
Observou-se que o interrogatório fora realizado em data ATUALIZAÇÃO (2022)
anterior à vigência daquela lei, o que, pelo princípio tempus Art. 798-A. Suspende-se o curso do prazo processual
regit actum , excluiria a obrigação de se renovar ato nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
validamente praticado sob a égide de lei anterior, para que de janeiro, inclusive, salvo nos seguintes
casos: (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)
o paciente fosse interrogado ao final da audiência de
instrução e julgamento. Por fim, reafirmou-se o I - que envolvam réus presos, nos processos
entendimento do Supremo segundo o qual não se declara a vinculados a essas prisões;
nulidade de ato processual se a alegação não vier II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de
acompanhada de prova do efetivo prejuízo sofrido pelo 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha);
paciente. III - nas medidas consideradas urgentes, mediante
despacho fundamentado do juízo competente.
Contudo, quando a lei tiver natureza híbrida ou mista (penal
e processual), ou seja, parte dela versar sobre normas Parágrafo único. Durante o período a que se refere
relativas à liberdade do indivíduo e outra parte sobre regras o caput deste artigo, fica vedada a realização de
procedimentais, prevalece a regra da norma material audiências e de sessões de julgamento, salvo nas
hipóteses dos incisos I, II e III do caput deste
(penal), assim, só irá retroagir se for benéfica ao réu
artigo.
(princípio da irretroatividade da lei penal). Neste sentido, é
o entendimento do STF (HC 83.864/DF). São exemplos de
normas híbridas o art. 366 e 387, inciso IV, do CPP. 1.3 Questões.
Assim, A lei processual penal RETROAGE, SE MAIS BENÉFICA 1. (CESPE.2018) No que se refere aos direitos individuais e à
SE TRATAR DE: Normas processuais penais materiais – aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa,
possuem forte conteúdo de Direito Penal. Ex¹: Perdão; julgue o item a seguir.
renúncia; a decadência (Art. 107, CP). Ex.²: Vinculados À
PRISÃO DO RÉU, são consideradas normas processuais É nula a sentença condenatória fundamentada
penais materiais quando se referem a liberdade; (Ex.: 313, I, exclusivamente em elementos colhidos em inquérito
CPP). policial.

* Não possui vacatio legis ( ) CERTO ( ) ERRADO

* O ato já realizado não precisa ser refeito. Ex.: Art. 351,


CPP - Citação já realizada, nova lei disciplinando a citação – 2. (XXII Exame Unificado - 2017.1) Em 23 de novembro de
não precisa refazer a citação. 2015 (segunda feira), sendo o dia seguinte dia útil em todo o
país, Técio, advogado de defesa de réu em ação penal de
natureza condenatória, é intimado da sentença condenatória
C. FONTES de seu cliente. No curso do prazo recursal, porém, entrou em
 MATERIAL: ou de produção. É aquela que elabora a vigor nova lei de natureza puramente processual, que
norma. Competência para legislar DPP (art. 22,I): alterava o Código de Processo Penal e passava a prever que o
União. Obs.: §único: delegação - Estados-Membros prazo para apresentação de recurso de apelação seria de 03
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dias e não mais de 05 dias. No dia 30 de novembro de 2015, 5. (FGV.2018) Analise as assertivas a seguir, que tratam
dia útil, Técio apresenta recurso de apelação acompanhado sobre os princípios aplicáveis ao Direito Processual Penal.
das respectivas razões. I. Com base no princípio da presunção de inocência, a prisão
Considerando a hipótese narrada, o recurso do advogado é preventiva deve ser decretada apenas quando as medidas
A) intempestivo, aplicando-se o princípio do tempus cautelares alternativas não forem suficientes, não mais
regit actum (o tempo rege o ato), e o novo prazo recursal havendo prisão automática em razão de sentença
deve ser observado. condenatória de primeira instância;

B) tempestivo, aplicando-se o princípio do tempus II. Inspirado no princípio de que ninguém é obrigado a
regit actum (o tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal produzir provas contra si, o agente pode se recusar a
deve ser observado. realizar exame de etilômetro (bafômetro), podendo, porém,
o crime ser demonstrado por outros meios de prova;
C) intempestivo, aplicando-se o princípio do tempus
regit actum (o tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal III. Com base no princípio da irretroatividade da lei
deve ser observado. processual penal, uma lei de conteúdo exclusivamente
processual penal, em sendo mais gravosa ao réu, não
D) tempestivo, aplicando-se o princípio constitucional poderá retroagir para atingir fatos anteriores a sua entrada
da irretroatividade da lei mais gravosa, e o antigo prazo em vigor.
recursal deve ser observado.
Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores,
está(ão) correta(s), apenas, as assertivas previstas nos itens
03. (XIX Exame Unificado - 2016.1) João, no dia 2 de janeiro A. I, II e III.
de 2015, praticou um crime de apropriação indébita
majorada. Foi, então, denunciado como incurso nas sanções B. I e II
penais do Art. 168, §1º, inciso III, do Código Penal. No curso C. I e III.
do processo, mas antes de ser proferida sentença D. II e III.
condenatória, dispositivos do Código de Processo Penal de
natureza exclusivamente processual sofrem uma reforma E. I.
legislativa, de modo que o rito a ser seguido no recurso de
apelação é modificado. O advogado de João entende que a 6. O artigo 260 do CPP dispõe que “Se o acusado não
mudança foi prejudicial, pois é possível que haja uma atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento
demora no julgamento dos recursos. Nesse caso, após a ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado,
sentença condenatória, é correto afirmar que o advogado a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”.
de João
O artigo mencionado trata da possibilidade de condução
A) deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, pois coercitiva para ouvir o réu, diante do direito fundamental
se aplica ao caso o princípio da imediata aplicação da ao silêncio e das discussões jurisprudências sobre o assunto,
nova lei. é possível condução coercitiva para realização do
B) não deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, interrogatório? Justifique utilizando os princípios
em razão do princípio da irretroatividade da lei constitucionais.
prejudicial e de o fato ter sido praticado antes da
inovação.
7. Em patrulhamento de rotina, policiais militares
C) não deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, receberam uma informação não identificada de que
em razão do princípio da ultratividade da lei. Wesley, que estava parado em frente à padaria naquele
D) deverá respeitar o novo rito do recurso de apelação, pois momento, estaria envolvido com o tráfico de drogas da
se aplica ao caso o princípio da extratividade. localidade. Diante disso, os policiais identificaram e
realizaram a abordagem de Wesley, não sendo, em um
primeiro momento, encontrado qualquer material ilícito
4. O inquérito policial pode ser definido como um com ele. Diante da notícia recebida momentos antes da
procedimento investigatório prévio, cuja principal finalidade abordagem, porém, e considerando que o crime de
é a obtenção de indícios para que o titular da ação penal associação para o tráfico seria de natureza permanente, os
possa propô-la contra o suposto autor da infração penal. policiais apreenderam o celular de Wesley e, sem
Sobre o tema, assinale a afirmativa correta. autorização, passaram a ter acesso às fotografias e
Diante da situação narrada, de acordo com Código Penal e conversas no WhatsApp, sendo verificado que existiam
Processo Penal, assinale V ou F: fotos armazenadas de Wesley portando suposta arma de
( ) A autoridade policial, ainda que convencida da fogo, bem como conversas sobre compra e venda de
inexistência do crime, não poderá mandar arquivar os autos material entorpecente. Entendendo pela existência de
do inquérito já instaurado. flagrante em relação ao crime permanente de associação
para o tráfico, Wesley foi encaminhado para a Delegacia,

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sendo lavrado auto de prisão em flagrante. Após liberdade 7. Sim, existe argumento para questionar as provas que
concedida em audiência de custódia, Wesley é denunciado serviram de fundamento para a condenação, tendo em
como incurso nas sanções do Art. 35 da Lei nº 11.343/06. vista que se tratam de provas ilícitas. As provas utilizadas
No curso da instrução, foram acostadas imagens das pelo magistrado foram obtidas com violação ao direito à
conversas de Wesley via aplicativo a que os agentes da lei intimidade, já que os policiais obtiveram acesso ao teor das
tiveram acesso, assim como das fotografias. Os policiais conversas de Wesley por mensagens e suas fotografias sem
foram ouvidos em audiência, ocasião em que confirmaram sua autorização ou sem prévia autorização judicial. Ocorreu
as circunstâncias do flagrante. O réu exerceu seu direito ao violação à garantia de inviolabilidade da intimidade e vida
silêncio. Com base nas fotografias acostadas, o juiz privada, assegurada no Art. 5º, inciso X, da CRFB, já que não
competente julgou a pretensão punitiva do estado houve o indispensável requerimento (e autorização judicial)
procedente, aplicando a pena mínima de 03 anos de de quebra de sigilo de dados. Dessa forma, estamos diante
reclusão, além de multa, e fixando o regime inicial de provas ilícitas, que devem ser desentranhadas do
fechado, já que o crime imputado seria equiparado a processo, nos termos do Art. 157 do CPP.
hediondo. Ainda assim, substituiu a pena privativa de 8. a) Sim. A presença do advogado é garantida pela Lei
liberdade por restritiva de direitos. Considerando as 8.906/1994, artigo oitavo, junto com a Súmula Vinculante
informações narradas, responda, na condição de 14 do STF. Além da própria previsão da CRFB no artigo 5o,
advogado(a) de Wesley, intimado(a) para apresentação de incisos LV e LXIII Trata-se do direito ao silêncio que advém
recurso de apelação. Existe argumento a ser apresentado da presunção de inocência e o princípio da ampla defesa.
para questionar as provas utilizadas pelo magistrado como
fundamento para condenação? Justifique. b) Pode ser alegado a atipicidade da conduta em
decorrência do princípio da insignificância visto que em
jurisprudência recente os tribunais superiores vêm
8. Adriano, primário e de bons antecedentes, foi admitindo aplicação do citado princípio nos crimes de
denunciado pelo crime de descaminho (Art. 334, caput, do descaminho e tributário no valor até R$ 20.000,00 (vinte mil
Código Penal), pelo transporte de mercadorias procedentes reais). Note-se que o princípio em questão exclui a
do Paraguai e desacompanhadas de documentação tipicidade material (ou conglobante) tornando o fato
comprobatória de sua importação regular, no valor de R$ atípico, ademais o STF enumera como requisitos
4.500,00, conforme atestam o Auto de Infração e o Termo autorizadores para aplicação do princípio: a mínima
de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de Exame ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade
Merceológico, elaborado pelo Instituo Nacional de social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do
Criminalística. Diante da autoridade policial, ele se negou a comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica, o
falar sem a presença de seu advogado. quais se amoldam no caso concreto.
a) A ação de Adriano está amparada legalmente? Justifique. 9. A lei processual tem aplicação imediata, não se limitando
b) Você contratado como advogado de Adriano, o que ao regras de retroatividade ou ultratividade da lei penal. Ela
poderia ser alegado em sua defesa? é aplicada assim que entra em vigor nos processos em
andamento ou não.

9. Com base no princípio da irretroatividade da lei


processual penal, uma lei de conteúdo exclusivamente 2. INQUÉRITO POLICIAL
processual penal, em sendo mais gravosa ao réu, não
poderá retroagir para atingir fatos anteriores a sua entrada
em vigor? 2.1. NOÇÕES GERAIS
I. CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL
GABARITO RENATO BRASILEIRO (in Manual de Processo Penal.
1. CERTO 2. B 3. A 4. VERDADEIRO 5. B Impetus: Niterói, 2011, v. I, p. 113.), por sua vez, conceitua
6. O artigo 260 do CPP dispõe que “Se o acusado não inquérito policial como: “Procedimento administrativo
atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento inquisitório e preparatório consistente em um conjunto de
ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, diligências realizadas pela polícia investigativa para
a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”. apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela
autoridade policial a fim de fornecer elementos de
O artigo mencionado trata da possibilidade de condução informação para que o titular da ação penal possa ingressar
coercitiva para ouvir o réu, diante do direito fundamental em juízo.”
ao silêncio e das discussões jurisprudências sobre o assunto,
é possível condução coercitiva para realização do
interrogatório? Justifique utilizando os princípios II. CARACTERÍSTICAS
constitucionais. a) Procedimento Escrito: Como ressalvado, o grande
escopo do inquérito é servir de base para uma posterior
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ação penal. Destarte, o art. 9º do CPP deixa claro que as f) Oficialidade: Somente órgãos de direito público podem
peças do inquérito serão reduzidas a escrito ou realizar o inquérito policial. Mesmo quando a titularidade
datilografadas, não sendo possível a ocorrência de uma da ação penal é atribuída à vítima (ação penal privada), não
investigação verbal. cabe a esta a realização dos procedimentos investigatórios.

b) Procedimento Sigiloso: O CPP, em seu art. 20 reza: A g) Inquisitivo: Durante o inquérito, não há que se falar em
autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à contraditório e ampla defesa, podendo a autoridade policial
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. determinar, discricionariamente as diligências que achar
O sigilo é um elemento de que dispõe a autoridade policial conveniente para a elucidação dos fatos, pois ainda não
para facilitar seu trabalho na elucidação do fato. Todavia, existe processo. ALEXANDRE DE MORAES leciona que: "O
referida característica encontra-se extremamente mitigada, contraditório nos procedimentos penais não se aplica aos
posto que, segundo entendimento do STF, é um direito do inquéritos policiais, pois a fase investigatória é preparatória
advogado ou defensor examinar, em qualquer repartição da acusação, inexistindo, ainda, acusado, constituindo, pois,
policial, mesmo sem, procuração, autos de flagrante e de mero procedimento administrativo, de caráter
inquérito, concluídos ou em andamento (Súmula vinculante investigatório, destinado a subsidiar a atuação do titular da
nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ação penal, o Ministério Público". A exceção a essa regra é o
ter acesso amplo e irrestrito aos elementos de prova que, já inquérito instaurado para a expulsão de estrangeiro, cuja
documentados em procedimento investigatório, realizado atribuição é da polícia federal, onde se admite o
por órgão de competência de polícia judiciária, digam contraditório (Art. 71. Nos casos de infração contra a
respeito ao exercício do direito de defesa). Também é segurança nacional, a ordem política ou social e a economia
permitido o acesso total aos autos ao Ministério Público e popular, assim como nos casos de comércio, posse ou
ao Juiz. O segredo deverá ser observado também como uma facilitação de uso indevido de substância entorpecente ou
forma de preservar a intimidade do investigado, que determine dependência física ou psíquica, ou de
resguardando-se seu estado de inocência (Art. 20, § único desrespeito à proibição especialmente prevista em lei para
do CPP). estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o
prazo de quinze dias, dentro do qual fica assegurado ao
expulsando o direito de defesa.). Mesmo sendo inquisitivo,
c) Instrumental: “Em regra, o inquérito é o instrumento nada impede que a autoridade policial permita a
utilizado pelo Estado para colher elementos de informação participação das partes durante a realização das diligências,
quanto à autoria e materialidade do crime. O inquérito é notadamente aquelas que não são repetíveis.
obrigatório (não que deva sempre existir). Havendo um
mínimo de elementos, o delegado é obrigado a instaurar o
inquérito.” RENATO BRASILEIRO (op. cit). Se a vítima faz um h) Informativo: Visa à colheita de elementos de informação
requerimento ao delegado e este indefere, cabe recurso quanto à autoria e materialidade da infração penal, que
inominado para o Chefe de Polícia (Delegado-Geral ou aqueles elementos colhidos na fase investigatória cuja
Superintendente) (art. 5º, § 2º): característica é a ausência da dialética, por uma fase
§2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura inquisitorial. Isso significa que não há contraditório e nem
de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. há ampla defesa. Já prova é todo elemento colhido durante
o processo penal sob a égide do sistema acusatório, que se
caracteriza pela observância do contraditório e pela
d) Indisponibilidade: Nos termos do art. 17 do CPP, a observância da ampla defesa.
autoridade policial não poderá arquivar inquérito policial,
somente a autoridade judiciária.
III. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial pode ser iniciado mediante: portaria,
e) Oficiosidade: O início do inquérito independe de auto de prisão em flagrante delito, auto de morte ou lesão
provocação e deve ser determinado de ofício, pela corporal decorrente de intervenção policial ou requisição
autoridade policial, quando houver a notícia de um crime. A do ministro da justiça.
oficiosidade decorre do princípio da obrigatoriedade da
ação penal pública. Contudo, há algumas ações para as A depender da espécie de ação penal, a forma de
quais o inquérito não segue este princípio (ex. ação penal instauração é diferente.
privada). A requisição de instauração de inquérito por parte 1. Crime de ação penal privada: A instauração do inquérito
do Ministério Público ou do Juiz é uma determinação legal e fica condicionada ao requerimento do ofendido ou de seu
não deve ser questionada ou verificada pela autoridade representante legal. O delegado não pode instaurar de
policial. Todavia, se existir ilegalidade, não deve o delegado ofício.
de polícia instaurar o procedimento, sob pena de incidir em
2. Crime de ação penal pública condicionada: Neste caso, o
crime de abuso de autoridade. legislador já impõe uma condição (representação do

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ofendido ou requisição do Ministro da Justiça). 4- Inquérito realizado pela polícia federal – Art. 66 da lei nº
5.010/66: indiciado preso é de 15 dias, prorrogável por mais
3. Crime de ação penal pública incondicionada: O Estado
tem maior liberdade para instaurar o inquérito. Assim, 15. Se o indiciado é solto, vai para a regra geral (30 dias);
pode ser instaurado de ofício pela autoridade policial, ao C. ARQUIVAMENTO
tomar conhecimento do fato pessoalmente (portaria) ou PACOTE ANTICRIME
também se pode instaurar inquérito, mediante requisição
do juiz ou do MP, do próprio ofendido, ou por qualquer do
povo. A doutrina ampla entende que essa requisição do
juiz viola o princípio da imparcialidade, devendo o
magistrado abrir vista dos autos ao Ministério Público

o
(CPP) Art. 5º. § 2 Do despacho que indeferir o
requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para
o chefe de Polícia. (...)
o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública
depender de representação, não poderá sem ela ser
iniciado.

2.2. Conclusão, prazos.


A. PRAZO DO INQUÉRITO
(CPP) Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a - Diante da nova redação do art. 28 do CPP, conferida pelo
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no Pacote Anticrime, não se fala mais em “promoção de
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou arquivamento”, pois o promotor não pede mais ao juiz que
sem ela. arquive o inquérito policial, já que, atualmente, essa
decisão é de cunho ministerial, ou seja, o MP determina o
• indiciado solto: 30 dias.
arquivamento.
O parágrafo 3º, do supracitado artigo, admite a prorrogação
- O Pacote Anticrime retirou o juiz do controle do
do prazo, pelo magistrado, a pedido da autoridade policial,
arquivamento, deixando essa decisão para o Ministério
quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver
Público.
solto:
Obs.; Suspensão da eficácia do art. 28, caput, do CPP (STF,
(CPP) § 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o
ADI 6.305 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 22/01/2020).
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
realizadas no prazo marcado pelo juiz. D. DESARQUIVAMENTO
Referida prorrogação não encontra um limite definido no (CPP) Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do
CPP, entretanto, segundo entendimento doutrinário e inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a
jurisprudencial deve ser razoável à elucidação dos fatos e denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
até a ocorrência da prescrição ou decadência. pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
O previsto no art. 10 do CPP pode ser excepcionado por O desarquivamento só será possível nos casos em que o
algumas leis penais especiais que fixam outros prazos. arquivamento tiver formado “coisa julgada formal”.
Exemplo: o promotor arquiva o inquérito porque não sabe
B. PRAZOS ESPECIAIS: quem é o provável autor do estupro. Se, posteriormente, a
notícia chega ao MP, ele pode reabrir a investigação.
1- Crimes contra a economia popular – lei nº. 1.521/51:
indiciado preso ou solto-10 dias; O pressuposto para o desarquivamento é a notícia de prova
nova. A prova nova é pressuposto para oferecer a denúncia.
2- Lei de drogas – lei nº 11.343/06 : indiciado preso: 30 dias;
indiciado solto: 90 dias, podendo ser duplicados pelo Exemplo: em inquérito arquivado por ausência de notícias
magistrado, desde que comprovada extrema necessidade; do agente, uma terceira pessoa afirma que anotou a placa
da motocicleta do atirador. Isso é notícia de uma prova
3- Inquérito policial militar: indiciado preso é de 20 dias;
nova e é o que basta para haver o desarquivamento do
indiciado solto o prazo de 40 dias, prorrogável por mais 20
inquérito.
dias;

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CPP, art. 18: “Depois de ordenado o arquivamento do 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para
inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a a representação do investigado.
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas Art. 14-A (PARÁGRAFOS §3º; 4º; 5º VETOS
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.” REJEITADOS)
Já para o oferecimento da denúncia, serão necessárias DEFENSORIA PÚBLICA
provas novas, ou seja, provas capazes de alterar o contexto §3º Havendo necessidade de indicação de defensor
probatório dentro do qual foi proferida a decisão de nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá
arquivamento. preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos
locais em que ela não estiver instalada, a União ou
Exemplo: no exemplo dado anteriormente, a mera notícia a Unidade da Federação correspondente à
de obtenção da placa da motocicleta não é suficiente para o respectiva competência territorial do procedimento
oferecimento da denúncia. Assim sendo, é necessário que instaurado deverá disponibilizar profissional para
haja mais investigações. acompanhamento e realização de todos os atos
relacionados à defesa administrativa do
Perceba que a autorização é SOMENTE para a realização de
investigado.
novas pesquisas, se surgirem NOVAS PROVAS. Embora tal
artigo trate especificamente da autoridade policial, o STF,
na súmula nº 524, amplia a abrangência consolidando a Segundo a jurisprudência do STF, quando o arquivamento é
jurisprudência: determinado em virtude da atipicidade do fato e extinção
da punibilidade, não é possível o desarquivamento,
constituindo, excepcionalmente, a coisa julgada material. Já
o STJ, entende que o reconhecimento da legítima defesa e
excludente de culpabilidade também impede o
Assim, o despacho que arquivar o inquérito é irrecorrível,
desarquivamento: DIREITO PROCESSUAL PENAL. EFEITOS
sendo excetuada tal regra somente nos casos de crime
DO ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL PELO
contra a economia popular (L. 1.521/51), onde cabe
RECONHECIMENTO DE LEGÍTIMA DEFESA. Promovido o
remessa necessária e no caso da contravenção penal
arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de
prevista nos art. 58 do Decreto-Lei nº. 6.259/44 (jogo do
legítima defesa, a coisa julgada material impede a
bicho), quando caberá recurso em sentido estrito.
rediscussão do caso penal em qualquer novo feito criminal,
Não existe número máximo de desarquivamentos, mas, por descabendo perquirir a existência de novas provas. Isso
ser evidente, se ocorrer a prescrição, decadência ou outra porque a decisão judicial que define o mérito do caso penal,
causa extintiva da punibilidade, não será possível o mesmo no arquivamento do inquérito policial, gera efeitos
desarquivamento. de coisa julgada material. Ademais, a decisão judicial que
examina o mérito e reconhece a atipia ou a excludente da
ilicitude é prolatada somente em caso de convencimento
INFORMAÇÃO BÔNUS (PACOTE ANTICRIME)
com grau de certeza jurídica pelo magistrado. Assim, na
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados dúvida se o fato deu-se em legítima defesa, a previsão legal
às instituições dispostas no art. 144 da Constituição de presença de suporte probatório de autoria e
Federal figurarem como investigados em
materialidade exigiria o desenvolvimento da persecução
inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto criminal. Ressalte-se que a permissão de desarquivamento
for a investigação de fatos relacionados ao uso da do inquérito pelo surgimento de provas novas contida no
força letal praticados no exercício profissional, de art. 18 do CPP e na Súmula 524/STF somente tem incidência
forma consumada ou tentada, incluindo as quando o fundamento do arquivamento for a insuficiência
situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº probatória - indícios de autoria e prova do crime. Pensar o
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o contrário permitiria a reabertura de inquéritos por
indiciado poderá constituir defensor. (Incluído revaloração jurídica e afastaria a segurança jurídica das
pela Lei nº 13.964, de 2019) soluções judiciais de mérito, como no reconhecimento da
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, extinção da punibilidade, da atipia ou de excludentes da
o investigado deverá ser citado da instauração do ilicitude. Precedente citado do STJ: RHC 17.389-SE, Quinta
procedimento investigatório, podendo constituir Turma, DJe 7/4/2008. Precedente citado do STF: HC 80.560-
defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
GO, Primeira Turma, DJe 30/3/2001. REsp 791.471-RJ, Rel.
a contar do recebimento da citação. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 25/11/2014, DJe
16/12/2014.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo
com ausência de nomeação de defensor pelo
investigado, a autoridade responsável pela
investigação deverá intimar a instituição a que
estava vinculado o investigado à época da
ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de

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testemunhas em fase de inquérito policial, alegando que


2.3. Questões não recebeu notificação informando do dia e hora da oitiva
01. Assinale a alternativa cujas informações preenchem, das referidas testemunhas em sede policial. Diante da
correta e respectivamente, as temática apresentada, assinale a seguir a alternativa
lacunas, nos termos do caput do art. 4° do CPP. correta.
“A polícia judiciária será exercida _________ no território A. O sigilo do inquérito policial impede que o advogado
de suas respectivas circunscrições e terá por tenha acesso aos atos já documentados em inquérito
policial.
fim a apuração __________ ”.
B. A Lei no 13.245/2016 impôs o dever à autoridade policial
A. pelos Delegados de Polícia ... dos fatos que impliquem
de intimar previamente o advogado constituído para os
em crime de ação pública incondicionada
atos de investigação, em homenagem ao contraditório e a
B. pelos Delegados de Polícia ... das infrações penais, ampla defesa.
mediante autorização judicial C. A Lei no 13.245/2016 instituiu a obrigatoriedade do
C. pelas autoridades policiais ... das infrações penais e da inquérito policial ainda que já haja provas devidamente
sua autoria constituídas.
D. pelas autoridades policiais ... das infrações penais, D. A Lei no 13.245/2016 não impôs um dever à autoridade
mediante autorização judicial policial de intimar previamente o advogado constituído
E. pelos Juízes Corregedores ... das infrações penais e da sua para os atos de investigação.
autoria E. A inquisitorialidade do procedimento investigatório
policial é o que impede que o advogado tenha acesso aos
atos já documentados em inquérito policial.
02. (XVIII Exame Unificado - 2015.3) No dia 10 de maio de
2015, Maria, 25 anos, foi vítima de um crime de estupro
simples, mas, traumatizada, não mostrou interesse em dar 04. Paulo foi preso em flagrante pela prática do crime de
início a qualquer investigação penal ou ação penal em corrupção, sendo encaminhado para a Delegacia. Ao tomar
relação aos fatos. Os pais de Maria, porém, requerem a conhecimento dos fatos, a mãe de Paulo entra, de imediato,
instauração de inquérito policial para apurar autoria, em contato com o advogado, solicitando esclarecimentos e
entendendo que, após identificar o agente, Maria poderá pedindo auxílio para seu filho.
decidir melhor sobre o interesse na persecução penal. Foi
De acordo com a situação apresentada, com base na
proferido despacho indeferindo o requerimento de
jurisprudência dos Tribunais Superiores, deverá o
abertura de inquérito.
advogado esclarecer que
Considerando a situação narrada, assinale a afirmativa
A) diante do caráter inquisitivo do inquérito policial, Paulo
correta.
não poderá ser assistido pelo advogado na delegacia.
A) Do despacho que indefere o requerimento de abertura
B) a presença da defesa técnica, quando da lavratura do
de inquérito policial não cabe qualquer recurso,
auto de prisão em flagrante, é sempre imprescindível, de
administrativo ou judicial.
modo que, caso não esteja presente, todo o
B) Em que pese o interesse de Maria ser relevante para o procedimento será considerado nulo.
início da ação penal, a instauração de inquérito policial
C) decretado o sigilo do procedimento, o advogado não
independe de sua representação. poderá ter acesso aos elementos informativos nele
C) Caso Maria manifeste interesse na instauração de constantes, ainda que já documentados no
inquérito policial após o indeferimento, ainda dentro do procedimento.
prazo decadencial, o procedimento poderá ter início,
D) a Paulo deve ser garantida, na delegacia, a possibilidade
independentemente do surgimento de novas provas. de assistência de advogado, de modo que existe uma
D) Apesar de os pais de Maria não poderem requerer a faculdade na contratação de seus serviços para
instauração de inquérito policial, o Ministério Público pode acompanhamento do procedimento em sede policial.
requisitar o início do procedimento na hipótese, tendo em
05. (AGENTE PENITENCIÁRIO.2020) A partir do momento
vista a natureza pública da ação.
em que determinado delito é praticado, surge para o Estado
o poder-dever de punir o suposto autor do ilícito. Assim,
03. A Lei no 13.245/2016 alterou o art. 7o da Lei 8.906/94 para que o Estado possa deflagrar a persecução criminal em
(Estatuto da OAB) que garante ao advogado do investigado, juízo, é indispensável a presença de elementos de
o direito de assistir a seus clientes durante a apuração de informação quanto à autoria e quanto à materialidade da
infrações, inclusive nos depoimentos e interrogatório, infração penal. Diferencia-se o inquérito policial da
podendo apresentar razões e quesitos. Com efeito, instrução processual por esse motivo. Acerca do valor
Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de duas probatório do inquérito policial, assinale a alternativa
correta.
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A. Os elementos de informação, em que pese sejam 3. PROVA


colhidos na fase de investigação, possuem valor probatório
absoluto no processo penal, quando inexistir outro
elemento de prova que possa servir de convicção ao juízo.
B. Os elementos de informação, colhidos na fase
inquisitorial, jamais serão admitidos como base de
convicção jurisdicional.
C. Levando-se em consideração que os elementos de PACOTE ANTICRIME: CADEIA DE CUSTÓDIA
informação quanto à autoria e à materialidade do delito - Mecanismo garantidor da autenticidade das evidências
não são colhidos sob a égide do contraditório e da ampla coletadas e examinadas, assegurando que correspondam ao
defesa, deduz-se que o inquérito policial tem valor caso investigado, sem que haja lugar para que qualquer tipo
probatório relativo. de adulteração. Documento formal destinado a mantes e
D. Os elementos do inquérito não podem influir na documentar a história cronológica de uma evidência
formação do livre convencimento do juiz para a decisão da (BRASILEIRO, 2020, p. 718). Conceito: Art. 158-A, CPP.
causa, mesmo quando complementam outros indícios e - Objetivo: garantir a idoneidade dos objetos e bens
provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo. apreendidos, de modo a evitar qualquer tipo de dúvida
E. Não há o que se falar em produção de elementos de quanto à sua origem a caminho percorrido durante a
informação em inquérito policial, sem que haja irrestrito investigação criminal e o subsequente processo criminal.
respeito à ampla defesa e ao contraditório.
6. (MPE.CE.2020) Tales foi preso em flagrante em um 1. FORMAS:
parque de Fortaleza pela prática do crime de estupro, tendo
sido reconhecido pela vítima, Marta, com a qual não
possuía relação anterior. Há indícios de que Tales tenha
praticado outros crimes sexuais, tendo sido também
reconhecido por outras vítimas. A partir dessa situação
hipotética, julgue o item a seguir.
A investigação policial não pode ser instaurada de ofício
pelo delegado, sendo neecessário que Marta represente
formalmente contra Tales.
( ) CERTO ( ) ERRADO.
7. No dia 04 de abril de 2021, Carlos, com 75 anos, sofreu
um crime de estelionato, tendo o Delegado de Polícia, ao
tomar conhecimento do suposto crime determinado, de
ofício, a instauração de inquérito policial. Após adotar
diligência, verifica que, na realidade, a conduta investigada
era atípica. O indiciado, então, pretende o arquivamento do
inquérito e procura seu advogado para esclarecimentos,
informando que deseja que o inquérito seja imediatamente
arquivado. (CPP_ Art. 158-A. Considera-se CADEIA DE CUSTÓDIA o
conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter
Considerando as informações narradas, como a autoridade
e documentar a história cronológica do vestígio coletado em
policial deverá proceder para o arquivamento do IP? locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e
GABARITO manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
1. C 2. C 3. D 4. D 5. C 6. errado (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
7. ART. 171. § 5º Somente se procede mediante
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) I - a Administração Pública, direta ou § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação
indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com do local de crime ou com procedimentos policiais ou
deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
idade ou incapaz. JURISPRUDÊNCIA (INF. 691.STJ). A § 2º O agente público que reconhecer um elemento como
EXIGÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA NO CRIME DE de potencial interesse para a produção da prova pericial
ESTELIONATO NÃO RETROAGE AOS PROCESOS CUJA fica responsável por sua preservação.
DENÚNICA JÁ FOI OFERECIDA.

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§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou guardado para realização de contraperícia, descartado ou
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à transportado, com vinculação ao número do laudo
infração penal correspondente;
10ª DESCARTE: procedimento referente à liberação do
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
2. ETAPAS DO RASTREAMENTO (ART. 158-b) (Incluído pela
pertinente, mediante autorização judicial.
Lei nº 13.964, de 2019)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20 3. LEGISLAÇÃO APLICADA INCLUÍDA PELA LEI 13.964/19
1ª RECONHECIMENTO: ato de distinguir um elemento como Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada
de potencial interesse para a produção da prova pericial; preferencialmente por perito oficial, que dará o
2ª ISOLAMENTO: ato de evitar que se altere o estado das encaminhamento necessário para a central de custódia,
coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mesmo quando for necessária a realização de exames
mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; complementares.
3ª FIXAÇÃO: descrição detalhada do vestígio conforme se § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou
encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua processo devem ser tratados como descrito nesta Lei,
posição na área de exames, podendo ser ilustrada por ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
descrição no laudo pericial produzido pelo perito § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a
responsável pelo atendimento; remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
como fraude processual a sua realização.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20 2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
4ª COLETA: ato de recolher o vestígio que será submetido à Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do
análise pericial, respeitando suas características e natureza; vestígio será determinado pela natureza do material.
5ª ACONDICIONAMENTO: procedimento por meio do qual http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
de acordo com suas características físicas, químicas e 2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
biológicas, para posterior análise, com anotação da data,
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres,
hora e nome de quem realizou a coleta e o
com numeração individualizada, de forma a garantir a
acondicionamento;
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
6ª TRANSPORTE: ato de transferir o vestígio de um local transporte. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
para o outro, utilizando as condições adequadas 2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
a garantir a manutenção de suas características originais,
bem como o controle de sua posse; § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar
suas características, impedir contaminação e vazamento,
7ª RECEBIMENTO: ato formal de transferência da posse do
ter grau de resistência adequado e espaço para registro de
vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo,
informações sobre seu conteúdo.
informações referentes ao número de procedimento e http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, 2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
nome de quem transportou o vestígio, código de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, 2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
autorizada. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- 2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
8ª PROCESSAMENTO: exame pericial em si, manipulação do
vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar
características biológicas, físicas e químicas, a fim de se na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem
laudo produzido por perito; como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
9ª ARMAZENAMENTO: procedimento referente à guarda, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
em condições adequadas, do material a ser processado,
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§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior - Princípio do livre convencimento do juiz
do novo recipiente. (CPP) Art. 155. O juiz formará sua convicção pela
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- livre apreciação da prova produzida em
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3 contraditório judicial, não podendo fundamentar
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
sua decisão exclusivamente nos elementos
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
informativos colhidos na investigação, ressalvadas
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
ter uma central de custódia destinada à guarda e controle (...)
dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- - Inadmissibilidade das provas ilícitas
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3 (CPP) Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
assim entendidas as obtidas em violação a normas
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de constitucionais ou legais.
protocolo, com local para conferência, recepção, devolução o
§1 São também inadmissíveis as provas derivadas
de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo
classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um de causalidade entre umas e outras, ou quando as
espaço seguro e apresentar condições ambientais que não derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
interfiram nas características do vestígio. independente das primeiras.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- o
§2 Considera-se fonte independente aquela que
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
próprios da investigação ou instrução criminal,
seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio
deverão ser protocoladas, consignando-se informações Acerca das provas ilícitas surgiram várias teorias:
sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. a) Prova ilícita por derivação (fruits of the poisonous tree):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
Oriunda do direito norte americano, a teoria dos frutos da
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- árvore envenenada preceitua que todas as provas
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20 decorrentes daquela viciada também são eivadas pelo vício
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio original, portanto, devendo também ser excluídas do
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser processo.
registradas a data e a hora do acesso. Havia divergência na doutrina acerca da existência de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- aludida teoria no direito pátrio, discussão esta que perdeu o
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
sentido com a nova redação do art. 157, §1º, do CPP:
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20 § 1o São também inadmissíveis as provas
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a
outras, ou quando as derivadas puderem ser
identificação do responsável pela tramitação, a destinação, obtidas por uma fonte independente das
a data e horário da ação. primeiras.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3 Todavia, a contaminação das provas decorrentes não é
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- absoluta. Tanto que o legislador previu exceções no §2º, do
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
art. 157 do CPP:
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá § 2o Considera-se fonte independente aquela que
ser devolvido à central de custódia, devendo nela por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
permanecer. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- próprios da investigação ou instrução criminal,
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3 seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20 Destarte, temos as seguintes limitações ou exceções à
prova ilícita por derivação:
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua
espaço ou condições de armazenar determinado material, Teoria ou exceção da fonte independente - se o órgão da
deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as persecução penal demonstrar que obteve legitimamente
condições de depósito do referido material em local novos elementos de informação a partir de uma fonte
diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central autônoma de prova que não guarde qualquer relação de
de perícia oficial de natureza criminal. dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- com esta não mantendo vínculo causal, tais dados
2022/2019/Lei/L13964.htm - art3 probatórios são admissíveis, uma vez que não estão
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art20
contaminados pelo vício da ilicitude originária. Essa teoria já
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era adotada pelo STF, inclusive no julgado do RHC 90376, b) Teoria do Encontro Fortuito de Provas
mesmo antes de ser foi inserida no artigo 157, parágrafo Ocorre quando a autoridade policial, no cumprimento de
primeiro. uma diligência, casualmente encontra provas que não estão
na linha do desdobramento normal da investigação, tais
Teoria da descoberta inevitável - essa limitação será elementos serão considerados válidos. (Ex: Se durante uma
aplicável caso se demonstre que aprova seria produzida de interceptação telefônica casualmente for descoberto um
qualquer maneira, independentemente da prova ilícita que crime de detenção é possível usar as gravações colhidas).
a originou. Essa teoria será aplicável caso se demonstre que
a prova seria produzida (plano meramente hipotético, não
havendo necessidade de produção, o que a diferencia da
3.1. Exame do corpo de delito e perícias em
prova de fonte independente, onde é efetivamente geral.
produzida) de qualquer maneira, independentemente da (CPP) Art. 158. Quando a infração deixar
prova ilícita originária. Também é chamada de Teoria da vestígios, será indispensável o exame de corpo
Exceção da Fonte Hipotética. Ex. mediante tortura, o de delito, direto ou indireto, não podendo
suspeito confessa onde se encontra o cadáver que é supri-lo a confissão do acusado.
encontrado pela polícia. (Ocorre que, centenas de
1. FINALIDADE: comprovar a materialidade das infrações
populares já vasculhavam o local indicado). Ocorre que não
(JUSTA CAUSA) que deixam vestígios. (delitos não
é possível se valer dessa teoria com base em meros
argumentos especulativos. Sendo imprescindível a trausentes).
existência de dados concretos que demonstrem que a 2. TIPOS:
descoberta seria inevitável.

Teoria no nexo causal atenuado - purged taint (teoria da


tinta diluída ou da mancha purgada). Ocorre quando um ato
posterior totalmente independente afasta a ilicitude
originária. O nexo causal entre a prova primária e
secundária é atenuado não em razão de possuir existência
independente, mas em razão do espaço temporal decorrido
entre uma e outra, às circunstâncias intervenientes no caso
concreto, a menor relevância da ilegalidade ou a vontade
do agente em colaborar com a persecução criminal
atenuarem o vício da ilicitude originária. (ex. confissão de
uma pessoa que foi delatada por um coautor, após este ter
sido torturado, após um longo espaço de tempo). A partir
do momento que o veneno vai sendo diluído, o nexo causal
vai sendo apagado. Alguns autores, a exemplo de NESTOR
TÁVORA não admitem essa teoria.

Exceção da boa-fé: Quando os agentes de polícia não


agirem com o dolo de infringir a lei, não há que se falar em
prova ilícita (ex. policiais no cumprimento de um mandado
3. FALTA DO EXAME DE CORPO DELITO: nulidade (art. 564,
e busca e apreensão domiciliar de animais silvestres
III, b, CPP)
apreendem m computador com conteúdo de pedofilia.
Nesse caso a apreensão é válida uma vez que o crime é ¹ Art. 77, §1º, Lei 9.099/95 (JECRIM). Boletim médico no
permanente, tendo a constituição autorizado a prisão em lugar do exame de corpo de delito.
flagrante mesmo sem mandado.
4. PERITO OFICIAL (curso superior). Na falta, 2 pessoas
Após a análise dessas teorias o §1º do CPP ficaria assim: idôneas. Prestam compromisso e cometem crime por falsa
perícia.
(CPP) § 1o São também inadmissíveis as provas
derivadas das ilícitas (prova ilícita por derivação), (CPP) Art. 159. O exame de corpo de delito e
salvo quando não evidenciado o nexo de outras perícias serão realizados por perito oficial,
causalidade entre umas e outras (teoria do nexo portador de diploma de curso superior.
causal atenuado), ou quando as derivadas o
§ 1 Na falta de perito oficial, o exame será
puderem ser obtidas por uma fonte independente realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras
das primeiras (teoria da fonte independente). de diploma de curso superior preferencialmente na

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área específica, dentre as que tiverem habilitação 6. PRIORIDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO (Art. 158,
técnica relacionada com a natureza do exame. §único, CPP)
o
§ 2 Os peritos não oficiais prestarão o (CPP) Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à
compromisso de bem e fielmente desempenhar o realização do exame de corpo de delito quando se
encargo. tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser Lei nº 13.721, de 2018)
feito em qualquer dia e a qualquer hora. I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou
5. EXAME E CRIMES: pessoa com deficiência.

A) Lesões corporais (Art. 129, CP): 2 exames


(CPP) Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o 3.2. Interrogatório do acusado.
primeiro exame pericial tiver sido incompleto,
1. Conceito: ato processual por meio do qual o juiz ouve o
proceder-se-á a exame complementar por
acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é
determinação da autoridade policial ou judiciária,
de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, feita. Exercer a autodefesa. (BRASILEIRO, 2020, p. 472).
do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. Meio de prova e de defesa.
o
§ 1 No exame complementar, os peritos terão 2. Momento processual: No final da instrução (AIJ),
presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir- conforme o artigo 400 do CPP. Superada as disposições da
lhe a deficiência ou retificá-lo. lei de licitações e de drogas.
o
§ 2 Se o exame tiver por fim precisar a (CPP) Art. 185. O acusado que comparecer perante a
o
classificação do delito no art. 129, § 1 , I, do Código
autoridade judiciária, no curso do processo penal, será
Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de
30 dias, contado da data do crime.
qualificado e interrogado na presença de seu defensor,
o constituído ou nomeado. (...)
§ 3 A falta de exame complementar poderá ser o
suprida pela prova testemunhal. § 2 Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada,
de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o
interrogatório do réu preso por sistema de
B) FURTO COM ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO (Art. 1555, videoconferência ou outro recurso tecnológico de
§4º, I e II) transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a
(CPP) Art. 171. Nos crimes cometidos com medida seja necessária para atender a uma das seguintes
destruição ou rompimento de obstáculo a finalidades:
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista
peritos, além de descrever os vestígios, indicarão
com que instrumentos, por que meios e em que fundada suspeita de que o preso integre organização
época presumem ter sido o fato praticado. criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
deslocamento;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
C) INCÊNDIO 2010/2009/Lei/L11900.htm - art1
(CPP) Art. 173. No caso de incêndio, os peritos II - viabilizar a participação do réu no referido ato
verificarão a causa e o lugar em que houver processual, quando haja relevante dificuldade para seu
começado, o perigo que dele tiver resultado para a
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do
circunstância pessoal;
dano e o seu valor e as demais circunstâncias que
interessarem à elucidação do fato. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L11900.htm - art1
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou
D) ESTATUTO DO DESARMAMENTO (Lei 10.826/03): laudo da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento
pericial da arma de fogo da potencialidade lesiva. STF. destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste
Entendimento Jurisprudencial para tipificação do artigo 16 Código;
da lei 10.826/03.
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
o
(...) § 5 Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
E) MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO (ART. garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
157, CP): STF E STJ não exige que a arma de fogo seja com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica
periciada ou apreendida, se provada a potencialidade lesiva também garantido o acesso a canais telefônicos reservados
por outros meios. Ou seja, não exige perícia. para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e
o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e
entre este e o preso.

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§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre - Ofendido: vítima ou sujeito passivo do crime.
a existência de filhos, respectivas idades e se possuem - Condução: se intimado e deixar de comparecer. (Art. 201,
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual §1º, CPP)
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
- Comunicação sobre a entrada e saída do agressor (Art.
presa
201, §2º, CPP)
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes:
sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados 3.5. Testemunhas.
separadamente. 1. Testemunha: pessoa imparcial que declara o que sabe ao
- Videoconferência: excepcional juiz (autoridade) o que sabe sobre o caso, por meio de
compromisso com a verdade.
- Entrevista pessoal com o defensor. Juiz deve advertir o
(CPP) Art. 202. Toda pessoa poderá ser
direito ao silêncio (Art. 186, CPP).
testemunha.
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de
honra, a promessa de dizer a verdade do que
3.3. Confissão. souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu
(CPP) Art. 197. O valor da confissão se aferirá nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua
pelos critérios adotados para os outros elementos profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é
de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá parente, e em que grau, de alguma das partes, ou
confrontá-la com as demais provas do processo, quais suas relações com qualquer delas, e relatar o
verificando se entre ela e estas existem que souber, explicando sempre as razões de sua
compatibilidade ou concordância. ciência ou as circunstâncias pelas quais possa
avaliar-se de sua credibilidade.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará
confissão, mas poderá constituir elemento para a 2. PODEM EXIMIR-SE: ascendente, descendente, afim de
formação do convencimento do juiz. linha reta, cônjuge (companheiro). Poderão ser ouvidas,
Conceito: Declaração voluntária por parte do réu em que mas NÃO PRESTAM COMPROMISSO.
reconhece (total ou parcialmente), a veracidade da - OUVIDAS COMO MERO INFORMANTES.
imputação. (CPP) Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se
- Atenuante: art. 65, III, d, CP da obrigação de depor. Poderão, entretanto,
recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente,
o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho
adotivo do acusado, salvo quando não for possível,
por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do
fato e de suas circunstâncias.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que
alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais
e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às
pessoas a que se refere o art. 206

3. PROIBIDAS: segredo. SE OUVIDAS, PRESTAM


COMPROMISSO, COMO TESTEMUNHAS.
(CPP) Art. 207. São proibidas de depor as pessoas
3.4. Qualificação e oitiva do ofendido. que, em razão de função, ministério, ofício ou
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será profissão, devam guardar segredo, salvo se,
qualificado e perguntado sobre as circunstâncias desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar
da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, o seu testemunho.
as provas que possa indicar, tomando-se por termo
as suas declarações.
o
4. SISTEMA CROSS EXAMINATION
§ 1 Se, intimado para esse fim, deixar de
(CPP) Art. 212. As perguntas serão formuladas
comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá
pelas partes diretamente à testemunha, não
ser conduzido à presença da autoridade.
o
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a
§ 2 O ofendido será comunicado dos atos resposta, não tiverem relação com a causa ou
processuais relativos ao ingresso e à saída do importarem na repetição de outra já respondida.
acusado da prisão, à designação de data para
audiência e à sentença e respectivos acórdãos que
a mantenham ou modifiquem.
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5. Condução coercitiva pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas,


sempre que divergirem, em suas declarações,
(CPP) Art. 218. Se, regularmente intimada, a
sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
testemunha deixar de comparecer sem motivo
justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade Parágrafo único. Os acareados serão
policial a sua apresentação ou determinar seja reperguntados, para que expliquem os pontos de
conduzida por oficial de justiça, que poderá divergências, reduzindo-se a termo o ato de
solicitar o auxílio da força pública acareação.
Conceito: Ato processual, presidio pelo juiz, que coloca uma
OBS: DEPOIMENTO POR ESCRITO pessoa na presença da outra, para confrontar e comparar
declarações contraditórias e divergentes, no processo.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
Participantes: ACUSADO X ACUSADO; ACUSADO X
senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os
TESTEMUNHA; TESTEMUNHA X TESTEMUNHA; ACUSADO X
governadores de Estados e Territórios, os secretários de
TESTEMUNHA X OFENDIDO; OFENDIDO X OFENDIDO.
Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os
deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os - Pode ser feita na fase policial (Art. 6º, I, CPP)
membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos
Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito
Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão 3.8. Documentos de prova.
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
Documento: escritos, fotografias, fitas de vídeo e som,
eles e o juiz.
desenhos, esquemas, gravuras, CD-s, e-mails. Tudo aquilo
o
§ 1 O Presidente e o Vice-Presidente da República, os que poderá representar e expressar um pensamento, um
presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e fato ou ato relevante.
do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação (CPP) Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as
de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, partes poderão apresentar documentos em
formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão qualquer fase do processo.
transmitidas por ofício.
Obs: No Tribunal do Júri. Até 3 dias úteis antes do
julgamento do Júri. (Art. 479, CPP)
3.6. Reconhecimento de pessoas e coisas.
(CPP) Art. 226. Quando houver necessidade de 3.9. Indícios.
fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se- (CPP) Art. 239. Considera-se indício a circunstância
á pela seguinte forma:
conhecida e provada, que, tendo relação com o
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento fato, autorize, por indução, concluir-se a existência
será convidada a descrever a pessoa que deva ser de outra ou outras circunstâncias.
reconhecida;
Conceito: circunstância conhecida e provada, que permite,
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, mediante raciocínio lógico, aplicando-se o método indutivo,
será colocada, se possível, ao lado de outras que chegar à conclusão sobre um outro fato.
com ela tiverem qualquer semelhança,
convidando-se quem tiver de fazer o 3.10. Busca e apreensão.
reconhecimento a apontá-la;
i. Conceito: BUSCA é alguma diligência promovida por
III - se houver razão para recear que a pessoa agente público para localizar pessoas ou objetos
chamada para o reconhecimento, por efeito de
relacionadas a um crime. DOMICILAR OU PESSOAL.
intimidação ou outra influência, não diga a verdade
em face da pessoa que deve ser reconhecida, a APREENSÃO: medida constritiva.
autoridade providenciará para que esta não veja
aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela
pessoa chamada para proceder ao reconhecimento
e por duas testemunhas presenciais.
Procedimento: 1º DESCREVE a pessoa ser reconhecida. 2º
APONTAR junto com outras com características
semelhantes. 3º LAVRAR o auto.
3.7. Acareação.
(CPP) Art. 229. A acareação será admitida entre
acusados, entre acusado e testemunha, entre
testemunhas, entre acusado ou testemunha e a

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ii. Busca domiciliar: AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (de dia) Talles e nem na oitiva de Rosa na condição de testemunha,
Exceto: flagrante; desastre; prestar socorro (ou autorização já que devidamente arrolada pelo Ministério Público.
do morador). B) teria direito de anular a instrução probatória com
Para (Art. 240, §1º): a) prender criminosos; b) apreender fundamento na ausência de Tiago no interrogatório de
coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) Talles e na oitiva de Rosa na condição de testemunha.
apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e C) não teria direito de anular a instrução probatória com
objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e base na sua ausência no interrogatório de Talles, mas
munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou deveria questionar a oitiva de Rosa como testemunha, já
destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários que ela poderia se recusar a prestar declarações
à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, D) não teria direito de anular a instrução probatória com
abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, base na sua ausência no interrogatório de Talles, mas
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu deveria questionar a oitiva de Rosa como testemunha, pois,
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender em que pese seja obrigada a prestar declarações, deveria
pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de ser ouvida na condição de informante, sem compromisso
convicção. legal de dizer a verdade.
CASA: “em compartimento habitado ou em aposento
ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não
aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou 2. Fagner, irmão de Vitor, compareceu à Delegacia e narrou
atividade.” (art. 246, CPP) que foi vítima de agressões que lhe causaram lesão corporal
de natureza leve. Afirmou Fagner, em sede policial, que
Vitor desferiu um soco em seu rosto, deixando a agressão
iii. BUSCA PESSOAL: autoridade policial ou juiz. Segurança vestígios, mas esclareceu que não necessitou de
particular não pode fazer busca pessoal. atendimento médico. Apesar de demonstrar interesse
(CPP) Art. 244. A busca pessoal independerá de inequívoco em ver seu irmão responsabilizado
mandado, no caso de prisão ou quando houver criminalmente pelo ato praticado, não assinou termo de
fundada suspeita de que a pessoa esteja na representação formal, além de não realizar exame de corpo
posse de arma proibida ou de objetos ou papéis de delito. Vitor foi denunciado pela prática do crime do Art.
que constituam corpo de delito, ou quando a 129, § 9º, do Código Penal.
medida for determinada no curso de busca
domiciliar. Durante a instrução, Fagner não foi localizado para ser
ouvido, não havendo outras testemunhas presenciais. Vitor,
em seu interrogatório, contudo, confirmou que desferiu um
3.11. Questões soco no rosto de seu irmão. Em relação aos documentos do
processo, consta apenas a Folha de Antecedentes Criminais
1. O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Tiago
do acusado.
e Talles, imputando-lhes a prática do crime de sequestro
qualificado, arrolando como testemunhas de acusação a Considerando apenas as informações narradas na hipótese,
vítima, pessoas que presenciaram o fato, os policiais qual a tese de direito processual deverá ser arguida em
responsáveis pela prisão em flagrante, além da esposa do favor de Fagner?
acusado Tiago, que teria conhecimento sobre o ocorrido.
Na audiência de instrução e julgamento, por ter sido
GABARITO
arrolada como testemunha de acusação, Rosa, esposa de
Tiago, compareceu, mas demonstrou que não tinha 1. C.
interesse em prestar declarações. O Ministério Público
insistiu na sua oitiva, mesmo com outras testemunhas
2. Gabarito: A tese a ser arguida em favor de Fagner é: não
tendo conhecimento sobre os fatos. Temendo pelas
existe prova da materialidade, pois, quando a infração penal
consequências, já que foi prestado o compromisso de dizer
deixa vestígios, o exame de corpo de delito é indispensável,
a verdade perante o magistrado, Rosa disse o que tinha
não podendo supri-lo a confissão do acusado.
conhecimento, mesmo contra sua vontade, o que veio a
prejudicar seu marido. Por ocasião dos interrogatórios,
Tiago, que seria interrogado por último, foi retirado da sala
de audiência enquanto o corréu prestava suas declarações,
apesar de seu advogado ter participado do ato. Com base
nas previsões do Código de Processo Penal, considerando
apenas as informações narradas, Tiago
A) não teria direito de anular a instrução probatória com
fundamento na sua ausência durante o interrogatório de

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4. Audiência De Custódia e Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)


4.1. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
I. Conceito e finalidade:
Na sistemática adotada pelo Pacote Anticrime, consiste na realização de uma audiência sem demora após a prisão em
flagrante, preventiva ou temporária, permitindo o contato imediato do custodiado com o juiz, com um Defensor (público,
dativo ou constituído) e com o Ministério Público.
Há alguns anos, quando alguém era preso, ele era apresentado ao juiz por meio de um papel (auto de prisão em flagrante).
Atualmente, o juiz continua recebendo o APF, mas agora ele também tem que realizar a audiência de custódia.
Há duas finalidades básicas:
- Verificar eventuais maus-tratos e violação aos direitos e garantias fundamentais;
- Permitir uma melhor avaliação do preso para fins de convalidação judicial. Essa segunda finalidade fica restrita à prisão em
flagrante.

II. (Im) possibilidade de realização da audiência de custódia por videoconferência.

4.2. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (RENATO BRASILEIRO, 2020)


1. Conceito
É um negócio jurídico de natureza extrajudicial, celebrado entre o MP e o autor do delito (assistido por seu defensor) e
homologado pelo juízo.
- Atenção: quando a resolução 181 foi publicada pela primeira vez em 2017, ela não previa a homologação judicial.
- De acordo com o Pacote Anticrime, tão logo haja a celebração do acordo, ele deve ser levado à apreciação judicial.
- O juiz não deve se imiscuir no mérito do acordo, devendo apenas verificar a regularidade, a legalidade e a voluntariedade.
Por meio desse acordo, o autor do delito confessa e aceita o cumprimento de condições não privativas de liberdade
(exemplos: prestações pecuniárias e prestação de serviços à comunidade).
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Em contraprestação, o Ministério Público se compromete a persecução penal, transação penal ou suspensão


não oferecer denúncia. Após o cumprimento das condições condicional do processo; e
impostas, dar-se-á o arquivamento do inquérito policial. IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica
2. Previsão normativa ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da
Esse acordo estava previsto no art. 18 da Resolução 181 do condição de sexo feminino, em favor do agressor.
CNMP e, atualmente, está no art. 28-A do CPP. 4. Condições a serem impostas ao investigado
3. Requisitos para a celebração do acordo Condição não é pena.
O art. 28-A traz os requisitos para a celebração do acordo. Tais condições devem ser, obrigatoriamente, não privativas
Requisitos positivos: de liberdade.

1º) Não ser caso de arquivamento – Só é possível fazer o Além disso, também é necessária a confissão do agente.
acordo quando for viável a persecução penal. Questão: o acordo de não persecução penal é
2º) Infração penal sem violência ou grave ameaça. discricionário?

A doutrina interpreta que essa violência ou grave ameaça O ideal é estabelecer que vigora a ideia de
deve ser perpetrada na conduta e não no resultado. discricionariedade, ou seja, juiz não pode se sobrepor ao
MP para dar o acordo.
Exemplo 1: o agente dá um soco na vítima e pega sua bolsa.
Trata-se de crime de roubo e não há a admissão do acordo. As condições estão dispostas no art. 28-A, caput e incisos:
(CPP) Art. 28-A: “Não sendo caso de arquivamento
Exemplo 2: um indivíduo está dirigindo uma moto, perde o
e tendo o investigado confessado formal e
controle e atropela uma pessoa. Neste caso, houve circunstancialmente a prática de infração penal
violência, mas ela ocorreu no resultado. Neste caso, admite- sem violência ou grave ameaça e com pena mínima
se o acordo. inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público
Enunciado 23, CNPG: “É cabível o acordo de não persecução poderá propor acordo de não persecução penal,
penal nos crimes culposos com resultado violento, uma vez desde que necessário e suficiente para reprovação
e prevenção do crime, mediante as seguintes
que, nos delitos dessa natureza, a conduta consiste na
condições ajustadas cumulativa e
violação de um dever de cuidado por negligência, imperícia alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
ou imprudência, cujo resultado é involuntário, não desejado 2019)
e nem aceito pelo agente, apesar de previsível.”
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
3º) Pena mínima inferior a 4 anos. exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
Requisitos negativos:
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos
O art. 28-A, §1º do CPP estabelece que, como se trabalha
indicados pelo Ministério Público como
com a pena mínima cominada ao delito, quando se tratar de instrumentos, produto ou proveito do crime;
causa de aumento, ela deve ser aumentada no mínimo (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
possível. De outro lado, quando se tratar de uma causa de
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades
diminuição, haverá a diminuição no máximo possível para públicas por período correspondente à pena
se obter a pena mínima cominada ao delito. mínima cominada ao delito diminuída de um a dois
Os requisitos negativos estão dispostos no art. 28-A, §2º, terços, em local a ser indicado pelo juízo da
CPP: execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
CPP, art-28-A, §§1º e 2º: “§1º Para aferição da pena mínima (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo,
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada
serão consideradas as causas de aumento e diminuição nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
aplicáveis ao caso concreto. de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade
§2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas pública ou de interesse social, a ser indicada pelo
seguintes hipóteses: juízo da execução, que tenha, preferencialmente,
como função proteger bens jurídicos iguais ou
I - se for cabível transação penal de competência dos semelhantes aos aparentemente lesados pelo
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; delito; ou
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos V - cumprir, por prazo determinado, outra
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, condição indicada pelo Ministério Público, desde
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as que proporcional e compatível com a infração
infrações penais pretéritas; penal imputada.
5. Controle jurisdicional
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos
anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não Necessariamente, deve haver homologação judicial
do acordo.

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Em regra, o acordo é feito durante a fase


investigatória e, portanto, o juiz competente para a 4.3. Questões
homologação é o juiz das garantias. 1. Marcela e Pablo se conheceram em uma festa e após
CPP, art. 3º-B: “O juiz das garantias é responsável conversarem, Pablo a chamou para ir à casa dele. Ao
pelo controle da legalidade da investigação chegarem à casa, Marcela, aproveitando-se da ida de Pablo
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais ao banheiro, trancou-o lá dentro e foi embora levando
cuja franquia tenha sido reservada à autorização consigo a carteira, o telefone celular e um computador de
prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe
Pablo. Ao ouvi-lo gritar, sua vizinha entrou em contato com
especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
policiais do posto da PRF que fica próximo a sua residência,
2019)
os quais se dirigiram ao local. Ao chegarem, os policiais
(...) encontraram o documento de identidade de Marcela e o
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de documento de seu veículo. Irradiados os dados do veículo,
não persecução penal ou os de colaboração Marcela foi abordada enquanto dirigia em uma rodovia
premiada, quando formalizados durante a federal, tendo sido encontrados em sua posse os itens
investigação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
subtraídos de Pablo. Marcela foi presa em flagrante por
2019)”
policiais rodoviários federais na mesma noite do
Observação: é possível a homologação judicial acontecimento. A audiência de custódia foi designada
perante os tribunais. Neste caso, quem homologa é
PELO JUIZ SEM JUSTIFICAÇÃO 5(cinco) dias após a prisão
apenas o relator.
de Marcela. Nesse sentido, responda:
- O Pacote Anticrime alterou a Lei 8.03890 e
passou a prever a possibilidade de acordo nos a) Havia situação de flagrância que ensejasse a prisão?
tribunais (art. 1º, §3º da Lei 8038/90). b) Qual deve ser a decisão do juiz na audiência de
Se o magistrado se recusar a homologar o acordo, custódia?
o recurso adequado é o RESE (art. 581, XXV, CPP).
CPP, art. 581, XXV: “que recusar homologação à
2. A Lei 13.964/19, conhecida como Pacote Anticrime,
proposta de acordo de não persecução penal,
previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº
trouxe mais um instituto despenalizador ao processo penal.
13.964, de 2019)” O Acordo de Não persecução penal (ANPP) já era previsto
em normativos no Ministério Público e agora está
✓ A celebração desse acordo não constará de certidão de institucionalizado pelo instrumento legal. Inspirado no
antecedentes criminais sistema acusatório, o ANPP prevê que ao autor do fato e o
parquet transacionem, evitando assim a ação penal. Nesse
sentido, quais os requisitos, consequências e vedações ao
instituto supramencionado?

GABARITO
1. A. Havia flagrante, na modalidade presumido, quando os
autores do crimes são achados com os objetos do crime. A
situação de flagrância está prevista no artigo 302, IV, CPP,
quando o agente é encontrado, logo depois da conduta
criminosa, com os objetos ou papéis que façam presumir
ser ele autor da infração. B. A audiência de custódia deverá
ser realizada no prazo de 24 horas, sob pena de ser a prisão
considerada ilegal, a não ser que seja apresentada
motivação idônea (Art. 310, §4º, CPP). Assim, sendo a
prisão ilegal o juiz deverá relaxar a prisão, conforme o art.
310, I, do CPP).

5. RESTRIÇÃO DE LIBERDADE
MEDIDAS CAUTELARES:
A. Medidas cautelares privativa de liberdade: prisão
temporária; preventiva e a domiciliar;
B. Medidas cautelares de contracautela: liberdade
provisória com ou sem fiança
C. Medidas cautelares restritivas do art. 319, CPP

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* a prisão em flagrante perdeu seu caráter cautelar para ser G) RETARDADO OU DIFERIDO: Ação controlada (Art. 8º,
mero ato administrativo. Lei 12.850/13) ou policial infiltrado - retardar a
** prisão preventiva será sempre o último recurso. Ela intervenção para uma eficaz formação de provas –
poderá ser propriamente dita; oriunda em flagrante; comunicação prévia – (espécie do esperado)
decorrente de pronúncia ou de sentença condenatória
recorrível. OBS.: Crimes permanentes: crimes permanentes são
aqueles cuja consumação se prolonga no tempo e, durante
esse período, o agente detém o poder de fazer cessar a
5.1. PRISÃO EM FLAGRANTE.
execução do delito a qualquer momento.
(CPP) Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
Exemplos: extorsão mediante sequestro, sequestro ou
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que
cárcere privado, algumas modalidades de tráfico de drogas
seja encontrado em flagrante delito.
(manter em depósito, guardar etc).
A prisão em flagrante em crimes permanentes é possível,
1. ESTADO DE FLAGRÂNCIA (TIPOS) pelo menos enquanto não cessar a permanência.
(CPP) Art. 302. Considera-se em flagrante delito
quem:
2. DURAÇÃO: 24 HORAS – a autoridade policial deve
I - está cometendo a infração penal;
comunicar em 24 horas a prisão a autoridade judiciária.
II - acaba de cometê-la;
Art. 306, CPP – COMUNICAÇÃO; JUIZ, MP, FAMÍLIA, DP.
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo Obs.: Apesar da maioria da doutrina entender que o
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
flagrante torna-se ilegal se não houver a comunicação no
faça presumir ser autor da infração;
prazo determinado, o STF entende que trata- se mera
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, responsabilidade funcional.
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
ele autor da infração. (presumido)
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se 3. PROCEDIMENTO
o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência. i. CAPTURA e CONDUÇÃO
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente,
ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
- FLAGRANTE FACULTATIVO OU COERCITIVO (ART. 301, assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
CPP) entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
- FLAGRANTE (ART. 302, CPP): do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo,
A) PRÓPRIO (VISUAL): I e II após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a
autoridade, afinal, o auto.
B) IMPRÓPRIO: III – elemento volitivo (perseguição – art.
290, §1º, CPP); temporal (logo após); fático Em relação à captura, tem-se que:
(circunstância). * Emprego de força – Nesse caso, deve-se trazer os mesmos
C) PRESUMIDO: IV – elemento temporal (logo depois); ensinamentos relativos à legítima defesa, isto é, é possível
fático (posse dos produtos) utilizar a força desde que haja uma agressão injusta e desde
que o agente se utilize dos meios necessários de maneira
Cuidado!!
moderada.
D) ESPERADO: em que a autoridade policial se antecipa,
* CPP, art. 292: “Se houver, ainda que por parte de
aguarda e realiza a prisão quando os atos executórios
terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
são iniciados (: quando a polícia tem notícia da prática
determinada por autoridade competente, o executor e as
do crime – aguarda passivamente o início do crime –
pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios
lícito
necessários para defender-se ou para vencer a resistência,
E) PREPARADO: quando o agente teria sido induzido a do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
prática da infração penal, SÚMULA 145 do STF (“não há testemunhas.”
crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
* Instrumentos de menor potencial ofensivo: instrumentos
torna impossível a sua consumação”); e
de menor potencial ofensivo são armas não letais (exemplo:
F) FORJADO: realizado para incriminar um inocente e no cacetete, spray de pimenta etc). A Lei 13.060/2014 cuida
qual quem prática ato ilícito é aquele que forja a ação.( : desse assunto e afirma que tais instrumentos devem ser
fato atípico - quem pratica o crime é quem efetua a utilizados prioritariamente pelos órgãos de segurança
prisão – prova obtida por meio ilícito pública

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ALGEMAS: § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação


idônea, à não realização da audiência de custódia
no prazo estabelecido no caput deste artigo
responderá administrativa, civil e penalmente pela
omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o
decurso do prazo estabelecido no caput deste
artigo, a não realização de audiência de custódia
sem motivação idônea ensejará também a
ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela
autoridade competente, sem prejuízo da
possibilidade de imediata decretação de prisão
- Lei 13.896/2019, art. 13, I e II: “Constranger o preso ou o preventiva.
detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de
sua capacidade de resistência, a: Convalidação judicial é o procedimento a ser adotado pelo
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à juiz ao se deparar com alguém que foi preso em flagrante.
curiosidade pública; O procedimento dessa convalidação está disposto no art.
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento 310, CPP. Tal convalidação, em tese, deverá ser feita pelo
não autorizado em lei;” juiz das garantias.
CPP, art. 292: “(...) - Lembrando que o dispositivo que versa sobre o juiz das
- Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres garantias está com a eficácia suspensa.
grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios - O aluno deve acompanhar o julgamento definitivo da ação
para a realização do parto e durante o trabalho de parto, que suspendeu a eficácia do juiz das garantias
bem como em mulheres durante o período de puerpério
imediato.” (Incluído pela Lei n. 13.434/17).
5.2. PRISÃO CAUTELAR: PREVENTIVA E
TEMPORÁRIA. (PACOTE ANTICRIME)
ii. FORMALIZAÇÃO (audiência de custódia – tópico 4)
1. Conceito, prazos, justificativas, requisitos.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontre serão comunicados - A REQUERIMENTO: (Im) possibilidade de conversão em
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério preventiva de ofício pelo juiz.
Público e à família do preso ou à pessoa por ele (CPP) Art. 282. §2º. § 2º As medidas cautelares
indicada. serão decretadas pelo juiz a requerimento das
o
§ 1 Em até 24 (vinte e quatro) horas após a partes ou, quando no curso da investigação
realização da prisão, será encaminhado ao juiz criminal, por representação da autoridade policial
competente o auto de prisão em flagrante e, caso ou mediante requerimento do Ministério Público.
o autuado não informe o nome de seu advogado, Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial
cópia integral para a Defensoria Pública. ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
o
§ 2 No mesmo prazo, será entregue ao preso, decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela Público, do querelante ou do assistente, ou por
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do representação da autoridade policia.
condutor e os das testemunhas.

- CAUTELAR: CARÁTER EXCEPCIONAL


iii. JUDICIALIZAÇÃO (CPP) § 6º A prisão preventiva somente será
(CPP). Art. 310. § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de determinada quando não for cabível a sua
prisão em flagrante, que o agente praticou o fato substituição por outra medida cautelar, observado
em qualquer das condições constantes dos incisos o art. 319 deste Código, e o não cabimento da
I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº substituição por outra medida cautelar deverá ser
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), justificado de forma fundamentada nos elementos
poderá, fundamentadamente, conceder ao presentes do caso concreto, de forma
acusado liberdade provisória, mediante termo de individualizada.
comparecimento obrigatório a todos os atos - CARACTERÍSTICAS
processuais, sob pena de revogação.
A) ACESSORIEDADE (ao processo principal)
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente
ou que integra organização criminosa armada ou B) PROVISIORIEDADE (provisória)
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
** PREVENTIVIDADE (prevenção social)
deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
medidas cautelares. *** HOMOGENEIDADE (proporcionalidade – art. 44, CP)
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 REQUISITOS ou culposos (contravenções);


A) LEGITIMIDADE § § 2º Não será admitida a
B) PRESSUPOSTOS: fumus comissi delicti e periculum decretação da prisão preventiva
libertatis com a finalidade de antecipação
de cumprimento de pena ou
LEGALIDADE como decorrência imediata de
PRISÃO CAUTELAR investigação criminal ou da
TEMPORÁRIA PREVENTIVA apresentação ou recebimento de
denúncia (CONTEMPORANEIDADE
Natureza: Prisão Prisão cautelar DO PERIGO libertatis)
cautelar
Pressupostos: Pressupostos: “fumus comissi
Previsão Legal: Lei Previsão Legal: artigos 311 a 316 “fumus comissi delicti” (prova da existência do
7.960/89. do CPP, alterados pela Lei delicti” (art. 1º, III, da crime + indícios de autoria) e
12.403/11 e Lei 13.964/2019 Lei 7960/89) e “periculum libertatis” (garantia da
Momento: fase Momento: tanto na fase “periculum libertatis” ordem pública ou econômica,
investigatória. Não se investigatória ou processual. (art. 1º, I ou II, da Lei garantia da aplicação da lei penal
admite prisão Parte da doutrina sustenta que 7960/89). ou conveniência da instrução
temporária durante a não se admite prisão preventiva criminal + perigo gerado pela
fase processual. Por na fase investigatória em relação liberdade)
fase investigatória aos delitos que admitem a prisão Fumus comissi delicti
podemos entender temporária. (materialidade do crime e indícios
tanto o inquérito de autoria)
policial como outros
+
procedimentos
investigatórios. Periculum Libertatis
Decretação ex Decretação ex officio: com a a) Ordem pública (risco de
officio: como se trata entrada em vigor do Pacote reiteração delituosa) (não é
de prisão cautelar Anticrime, já não pode mais ser clamor público e gravidade em
passível de decretada de ofício, seja na fase abstrato)
decretação investigatória, seja na fase b) Ordem econômica (risco de
exclusivamente processual; (CPP, art. 311). reiteração delituosa nos crimes
durante a fase contra a ordem econômico-
investigatória, a financeira)
prisão temporária
c) aplicação da lei penal (dados
não pode ser
concretos de fuga)
decretada de ofício
pelo juiz. Depende d) conveniência da instrução
de provocação da criminal (destruição de provas,
autoridade policial ameaça a testemunhas, ameaça a
ou do Ministério autoridades)
Público (Lei n. Prazo: 5 dias, Prazo: pelo menos em regra, não
7.960/89, art. 2º); prorrogáveis por há prazo determinado. Não
Hipóteses de Hipóteses de admissibilidade: igual período. Crimes obstante, devem ser observados
admissibilidade: art. Devem ser observados os hediondos: 30 dias os prazos previstos em lei para a
1º, III, da Lei pressupostos alternativos dos prorrogáveis por prática dos atos processuais, sob
7.960/89 (rol incisos e §1º do art. 313 do CPP mais 30. pena de excesso de prazo na
taxativo), conjugado Obs: Decorrido o formação de culpa e
A) CRIME DOLOSO + PENA
com o artigo 2º, § 4º prazo deve ser consequente relaxamento da
MÁXIMA DE 4 ANOS;
da Lei 8.072/90 colocado em prisão preventiva. Obs: atenção
(crimes hediondos e B) reincidente específico de crime para o art. 22, parágrafo único, da
liberdade,
equiparados) doloso (não importa a pena); Lei n. 12.850/13(120d).
independente de
C) crime doloso + violência alvará de soltura.
doméstica (não importa a pena); Abuso de autoridade
§1º Condução coercitiva para a prolongação. (art.
efeitos de identificação (nunca 12, Lei 13869/19)
interrogatório) – crimes dolosos
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2. Requisitos e pressupostos da preventiva 1.512/51; Lei 7.134/83; Lei 7.492/86; Lei 8.078/90; Lei
8.137/90; Lei 8.176/91; Lei 9.279/96; Lei 9.613/98);
I. REQUISITOS:
b.3) garantia de aplicação da lei penal: dados concretos que
ART. 313, CPP :
demonstrem que o acusado pretende fugir, inviabilizando a
A) CRIME DOLOSO + PENA MÁXIMA DE 4 ANOS; futura execução da pena. Não se pode presumir a fuga. Para
B) REINCIDENTE específico de crime doloso (não importa a os tribunais uma ausência momentânea, seja para evitar
pena); uma prisão em flagrante, seja para evitar uma prisão
decretada arbitrariamente, não autoriza a decretação da
C) CRIME DOLOSO + VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (não importa a
prisão preventiva.
pena);
b.4) conveniência da instrução criminal: visa impedir que o
(Para os tribunais o descumprimento das medidas
agente cause prejuízos a produção da prova.
protetivas, por si só não autoriza a decretação da prisão
preventiva. Que deve ser conjugada com a garantia da b.5) descumprimento das cautelares diversas da prisão: em
ordem pública, garantia de aplicação da lei penal ou último caso. (Art. 282, §4º, CPP)
conveniência da instrução criminal.) ¹ VEDAÇÃO: Não inclui: clamor público, credibilidade da
justiça e a gravidade abstrato da conduta§
(CPP) Art. 314. A prisão preventiva em nenhum
§1º Condução coercitiva para efeitos de identificação
caso será decretada se o juiz verificar pelas provas
(nunca interrogatório) – crimes dolosos ou culposos
constantes dos autos ter o agente praticado o fato
(contravenções); nas condições previstas nos incisos I, II e III do
o
§ § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva caput do art. 23 do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de
com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena dezembro de 1940 - Código Penal.
ou como decorrência imediata de investigação criminal ou ² DECISÃO FUNDAMENTADA.
da apresentação ou recebimento de denúncia (CPP) Art. 315. A decisão que decretar, substituir
(CONTEMPORANEIDADE DO PERIGO libertatis) ou denegar a prisão preventiva será sempre
motivada e fundamentada.
§ 1º Na motivação da decretação da prisão
II. PRESSUPOSTOS DA PRISÃO PREVENTIVA:
preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz
(CPP Art. 312. A prisão preventiva poderá ser deverá indicar concretamente a existência de fatos
decretada como garantia da ordem pública, da novos ou contemporâneos que justifiquem a
ordem econômica, por conveniência da instrução aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal nº 13.964, de 2019) (Vigência)
(PERICULUM LIBERTATIS), quando houver prova
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer
da existência do crime e indício suficiente de
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
autoria e de perigo gerado pelo estado de
acórdão, que:
liberdade do imputado. (FUMUS COMISSI DELICTI)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à
1º A prisão preventiva também poderá ser
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
decretada em caso de descumprimento de
relação com a causa ou a questão decidida;
qualquer das obrigações impostas por força de
o
outras medidas cautelares (art. 282, § 4 ). II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva
no caso;
deve ser motivada e fundamentada em receio de
perigo e existência concreta de fatos novos ou III - invocar motivos que se prestariam a justificar
contemporâneos que justifiquem a aplicação da qualquer outra decisão;
medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos
2019) no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;

Fumus comissi delicti (materialidade do crime e indícios de V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado
de súmula, sem identificar seus fundamentos
autoria)
determinantes nem demonstrar que o caso sob
+ julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
Periculum Libertatis VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
b.1 garantia da ordem pública (quando ficar demostrada a
sem demonstrar a existência de distinção no caso
reiteração delituosa – não considera clamor público ou em julgamento ou a superação do entendimento.
social);
III. REGOVAGÇÃO E PRAZO
b.2. garantia da ordem econômica (assemelha-se com a
(CPP) Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido
ordem pública – risco de reiteração delituosa, porém no
das partes, revogar a prisão preventiva se, no
tocante aos crimes contra a ordem econômica – Lei
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correr da investigação ou do processo, verificar a II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não
falta de motivo para que ela subsista, bem como fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que identidade;
a justifiquem.
III - quando houver fundadas razões, de acordo com
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva,
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
deverá o órgão emissor da decisão revisar a
necessidade de sua manutenção a cada 90 participação do indiciado nos crimes listados pela lei;
(noventa) dias, mediante decisão fundamentada,
de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
3. Prisão Domiciliar
(CPP) Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à
IV. PRISÃO TEMPORÁRIA mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência será
 Durante o IP;
substituída por prisão domiciliar, desde que: (“o
 Natureza Inquisitiva; juiz também poderá vedar a referida concessão de
 Para os crimes: Art. 1º, III. (rol taxativo); prisão domiciliar desde que em “em situações
excepcionalíssimas, as quais deverão ser
 Fumus comissi delicti: quando houver fundadas devidamente fundamentadas pelo juízes que
razões, de acordo com qualquer prova admitida na denegarem o benefício", conforme decidido no
legislação penal, de autoria ou participação do HC-Coletivo 143.641”)
indiciado nos crimes listados pela lei; I - não tenha cometido crime com violência ou
 Prazo: 5 dias (prorrogáveis por mais 5) – CH: 30d grave ameaça a pessoa;
(+30d) II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
dependente
PRESSUPOSTOS:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito
policial;

# HC 437.535-SP (informativo 632), onde foi decidido que “a prática de contravenção penal, no âmbito de violência
doméstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu".
# A prisão temporária é prevista na lei 7.960/89 e, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, deve ser decretada,
como toda prisão cautelar, de acordo, com os princípios da não culpabilidade e da proporcionalidade “de modo que sua
decretação só pode ser considerada legítima caso constitua medida comprovadamente adequada e necessária ao
acautelamento da fase pré-processual, não servindo para tanto a mera suposição de que o suspeito virá a comprometer a
atividade investigativa" (HC 379690 / SP).

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5.3. Questões Como Marcela já havia saído da vigilância da vítima, a


prisão dela foi ilegal, pois, no momento em que foi
1. (OAB.2020) Durante escuta telefônica devidamente
abordada, não estava em situação de flagrância?
deferida para investigar organização criminosa destinada
ao contrabando de armas, policiais obtiveram a
informação de que Marcelo receberia, naquele dia, grande 4. (FGV.2019) Mariana, tecnicamente primária e com
quantidade de armamento, que seria depois repassada a endereço fixo, foi identificada, a partir de câmeras de
Daniel, chefe de sua facção. Diante dessa informação, os segurança, como autora de um crime de furto simples
policiais se dirigiram até o local combinado. Após (Pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa) em um
informarem o fato à autoridade policial, que o comunicou estabelecimento comercial. O inquérito policial com
ao juízo competente, eles acompanharam o recebimento relatório conclusivo, acompanhado da Folha de
do armamento por Marcelo, optando por não o prender Antecedentes Criminais com apenas uma outra anotação
naquele momento, pois aguardariam que ele se referente à ação penal em curso, sem decisão definitiva,
encontrasse com o chefe da sua organização para, então, foi encaminhado ao Poder Judiciário e, posteriormente, ao
prendê-los. De posse do armamento, Marcelo se dirigiu ao Ministério Público.
encontro de Daniel e lhe repassou as armas
Entendendo que existe risco de reiteração delitiva, já que
contrabandeadas, quando, então, ambos foram
testemunhas indicavam que Mariana, que se encontrava
surpreendidos e presos em flagrante pelos policiais que
solta, já teria praticado delitos semelhantes, no mesmo
monitoravam a operação. Encaminhados para a Delegacia,
local, em outras ocasiões, poderá o Promotor de Justiça
os presos entraram em contato com um advogado para
com atribuição requerer?
esclarecimentos sobre a validade das prisões ocorridas.
Com base nos fatos acima narrados, o advogado deverá
esclarecer aos seus clientes que a prisão em flagrante 5. (FGV.2019) Durante investigação pela prática de crime
efetuada pelos policiais foi: hediondo, após receber os autos, o Ministério Público
requer ao Poder Judiciário devolução do inquérito à
Delegacia pelo prazo de 30 dias para prosseguir nas
2. (FGV.2019) Lucas, oficial do Ministério Público,
investigações, atendendo à única solicitação apresentada
enquanto cumpria sua função em via pública, por volta de
pela autoridade policial. O juiz, contudo, decide decretar a
15h, depara-se com Antônio conduzindo uma motocicleta
prisão preventiva de José e a prisão temporária de Maria,
com simulacro de arma de fogo na cintura e se surpreende
dois dos indiciados no procedimento. Os dois presos
com aquela situação, tendo em vista que identificou, pela
procuram seus advogados, esclarecendo que ambos têm
placa, que aquela moto era de propriedade de seu colega
30 anos, são primários, Maria não tem filhos e José tem
de trabalho. Diante disso, Lucas entra em contato com seu
um filho de 9 anos, dividindo o sustento do menino com a
colega, que confirma que fora vítima de um crime de
mãe da criança. As prisões são legais?
roubo que teria sido praticado 30 minutos antes,
descrevendo as características do autor do fato, que
coincidiam com as de Antônio. Considerando as 6. I. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que
informações expostas, em sendo confirmada a autoria, for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
QUAL O TIPO DE PRISÃO? deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que
não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa e não tenha cometido o crime contra seu filho ou
3. (CESPE.2019) Marcela e Pablo se conheceram em uma
dependente, não se admitindo outras exceções não
festa e após conversarem, Pablo a chamou para ir à casa
previstas em lei.
dele. Ao chegarem à casa, Marcela, aproveitando-se da ida
de Pablo ao banheiro, trancou-o lá dentro e foi embora II. A prática de contravenção penal, no âmbito de violência
levando consigo a carteira, o telefone celular e um doméstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão
computador de Pablo. Ao ouvi-lo gritar, sua vizinha entrou preventiva do réu. Não há previsão legal que autorize a
em contato com policiais do posto da PRF que fica próximo prisão preventiva contra o autor de uma contravenção
a sua residência, os quais se dirigiram ao local. Ao penal, logo, decretar a prisão preventiva nesta hipótese
chegarem, os policiais encontraram o documento de representa ofensa ao princípio da legalidade estrita
identidade de Marcela e o documento de seu veículo. III. A decisão que, na audiência de custódia, determina o
Irradiados os dados do veículo, Marcela foi abordada relaxamento da prisão em flagrante sob o argumento de
enquanto dirigia em uma rodovia federal, tendo sido que a conduta praticada é atípica faz coisa julgada material.
encontrados em sua posse os itens subtraídos de Pablo. Assim, não poderá o juiz receber denúncia posterior contra
Marcela foi presa em flagrante por policiais rodoviários o indivíduo, narrando os mesmos fatos
federais na mesma noite do acontecimento. Com base na
IV. A decretação de prisão temporária só pode ser
situação hipotética precedente, julgue o item.
considerada legítima caso constitua medida
comprovadamente adequada e necessária ao
acautelamento da fase pré-processual, não servindo para
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tanto a suposição de que o suspeito virá a comprometer a GABARITO


atividade investigativa. 1. Gabarito: legal, tratando-se de flagrante retardado
2. Gabarito: Prisão de flagrante presumido, permitido.
7. (CESPE.2020) De acordo com o Código de Processo Penal, 3. Gabarito: Errado. Prisão Legal, prisão em flagrante
é cabível ao juiz substituir a prisão preventiva pela presumido.
domiciliar a
4. Resposta: fixada cautelar alternativa de proibição de
A. Pessoa de setenta e cinco anos de idade condenada pela frequentar, por determinado período, o estabelecimento
prática do crime de estelionato. lesado, mas não a decretação da prisão preventiva ou
B. gestante condenada pelo crime de furto qualificado, temporária.
desde que já tenha ultrapassado o sétimo mês de gravidez. 5. Resposta: Não. De acordo com a Lei 13.964/19 não há
C. mulher que, condenada pelo crime de roubo, tenha filho mais prisão decretada de ofício pelo juiz, ademais João
de um ano de idade. possui um filho que lhe permite a decretação de prisão
D. homem que, condenado pelo crime de corrupção domiciliar.
passiva, seja o único responsável pelos cuidados do seu 6. Resposta: I. Falsa. Há possibilidade sim de preventiva com
filho de dez anos de idade. contravenção.
E. mulher que tenha praticado o crime de abandono de II. Verdadeira. III. Verdadeira. IV. Falsa. (“só”)
incapaz contra seu filho de cinco anos de idade. 7. D
8. C
8. TRE.2020) Os temas ³prisão e liberdade´ são tratados,
sobretudo, pela Lei Processual Penal, sendo que a
jurisprudência dos tribunais superiores tem moldado sua 6. ACORDO DE LENIÊNCIA
aplicação à luz dos princípios constitucionais. Sobre tal Lei 12.850/13 – Colaboração Premiada
permissão, analise as afirmativas abaixo:
1. Conceito
I. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
negócio jurídico processual e meio de obtenção de
deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que
prova, que pressupõe utilidade e interesse
não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
pessoa e não tenha cometido o crime contra seu filho ou
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para
dependente, não se admitindo outras exceções não
formalização de acordo de colaboração demarca o
previstas em lei. início das negociações e constitui também marco
II. A prática de contravenção penal, no âmbito de violência de confidencialidade, configurando violação de
doméstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a
preventiva do réu. Não há previsão legal que autorize a divulgação de tais tratativas iniciais ou de
documento que as formalize, até o levantamento
prisão preventiva contra o autor de uma contravenção
de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº
penal, logo, decretar a prisão preventiva nesta hipótese
13.964, de 2019)
representa ofensa ao princípio da legalidade estrita.
III. A decisão que, na audiência de custódia, determina o
relaxamento da prisão em flagrante sob o argumento de 2. Benefício
que a conduta praticada é atípica faz coisa julgada material. Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes,
Assim, não poderá o juiz receber denúncia posterior contra conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3
o indivíduo, narrando os mesmos fatos. (dois terços) a pena privativa de liberdade ou
substituí-la por restritiva de direitos daquele que
IV. A decretação de prisão temporária só pode ser tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
considerada legítima caso constitua medida investigação e com o processo criminal, desde que
comprovadamente adequada e necessária ao dessa colaboração advenha um ou mais dos
acautelamento da fase pré-processual, não servindo para seguintes resultados:
tanto a suposição de que o suspeito virá a comprometer a I - a identificação dos demais coautores e
atividade investigativa. partícipes da organização criminosa e das infrações
Assinale a alternativa correta. penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da
A. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
divisão de tarefas da organização criminosa;
B. Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. III - a prevenção de infrações penais decorrentes
C. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas das atividades da organização criminosa;
D. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
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IV - a recuperação total ou parcial do produto ou 2. CRIME


do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua
integridade física preservada.

3. Procedimento.
Art. 4º. § 6º O juiz não participará das negociações
realizadas entre as partes para a formalização do
acordo de colaboração, que ocorrerá entre o
delegado de polícia, o investigado e o defensor,
com a manifestação do Ministério Público, ou,
conforme o caso, entre o Ministério Público e o
investigado ou acusado e seu defensor.
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste
artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o
respectivo termo, as declarações do colaborador e
cópia da investigação, devendo o juiz ouvir
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu
defensor, oportunidade em que analisará os
seguintes aspectos na homologação:
I - regularidade e legalidade;
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles
previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo,
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de
definição do regime inicial de cumprimento de
pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de
cada um dos regimes previstos no Código Penal e
na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de
Execução Penal) e os requisitos de progressão de
regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - adequação dos resultados da colaboração aos
resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e
V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
IV - voluntariedade da manifestação de vontade,
especialmente nos casos em que o colaborador
está ou esteve sob efeito de medidas cautelares.

7. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI 3. ALTERAÇÕES DO PACOTE ANTICRIME


Nº 12.850/2013). Art. 2º. § 8º As lideranças de organizações
criminosas armadas ou que tenham armas à
1. CONCEITO. disposição deverão iniciar o cumprimento da pena
Art. 1, §1º Considera-se organização criminosa a associação em estabelecimentos penais de segurança máxima.
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que § 9º O condenado expressamente em sentença por
informalmente, com objetivo de obter, direta ou integrar organização criminosa ou por crime
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a praticado por meio de organização criminosa não
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam poderá progredir de regime de cumprimento de
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter pena ou obter livramento condicional ou outros
benefícios prisionais se houver elementos
transnacional.
probatórios que indiquem a manutenção do
vínculo associativo.

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4. COMPARATIVO DE CRIMES provável itinerário ou destino do investigado,


de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio
do produto, objeto, instrumento ou proveito
do crime.

6. AGENTE INFILTRADO
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia
em tarefas de investigação, representada
pelo delegado de polícia ou requerida pelo
Ministério Público, após manifestação
técnica do delegado de polícia quando
solicitada no curso de inquérito policial,
será precedida de circunstanciada,
motivada e sigilosa autorização judicial,
que estabelecerá seus limites.
§ 1º Na hipótese de representação do
delegado de polícia, o juiz competente,
antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
(...)
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo
de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de
eventuais renovações, desde que
5. AÇÃO CONTROLADA comprovada sua necessidade.
Art. 8º Consiste a ação controlada em Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes
retardar a intervenção policial ou de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os
administrativa relativa à ação praticada por requisitos do caput do art. 10, na internet,
organização criminosa ou a ela vinculada, com o fim de investigar os crimes previstos
desde que mantida sob observação e nesta Lei e a eles conexos, praticados por
acompanhamento para que a medida legal se organizações criminosas, desde que
concretize no momento mais eficaz à demonstrada sua necessidade e indicados o
formação de provas e obtenção de alcance das tarefas dos policiais, os nomes
informações. ou apelidos das pessoas investigadas e,
§ 1º O retardamento da intervenção policial quando possível, os dados de conexão ou
ou administrativa será previamente cadastrais que permitam a identificação
comunicado ao juiz competente que, se for o dessas pessoas.
caso, estabelecerá os seus limites e Art. 13. O agente que não guardar, em sua
comunicará ao Ministério Público. atuação, a devida proporcionalidade com a
§ 2º A comunicação será sigilosamente finalidade da investigação, responderá pelos
distribuída de forma a não conter excessos praticados.
informações que possam indicar a operação a Parágrafo único. Não é punível, no âmbito
ser efetuada. da infiltração, a prática de crime pelo
§ 3º Até o encerramento da diligência, o agente infiltrado no curso da investigação,
acesso aos autos será restrito ao juiz, ao quando inexigível conduta diversa.
Ministério Público e ao delegado de polícia,
como forma de garantir o êxito das
investigações.
8. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA:
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á conceito, provas ilícitas e
auto circunstanciado acerca da ação disposições legais (Lei nº
controlada.
9.296/1996).
Art. 9º Se a ação controlada envolver
Material separado.
transposição de fronteiras, o retardamento da
intervenção policial ou administrativa
somente poderá ocorrer com a cooperação
das autoridades dos países que figurem como
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1. Questões capitulação jurídica realizada pelo Ministério Público na


denúncia? Justifique
CASO CONCRETO
GABARITO
No interior de um coletivo, Alberto, João, Francisco e
Ronaldo, até então desconhecidos, começaram a conversar 1. A delação foi realizada de maneira inadequada sob o
sobre a crise financeira que assombra o país e sobre as aspecto formal, podendo o novo advogado de Francisco
dificuldades financeiras que estavam passando. Em buscar desconstituí-la. De acordo com o Art. 4º, § 6º, da Lei
determinado momento da conversa, Alberto informa que nº 12.850/2013, o juiz não participará do acordo de delação
tinha um conhecido seu, Lucas, com intenção de importar premiada. Em que pese o magistrado sempre deva
uma arma de fogo de significativo potencial ofensivo, que assegurar o respeito ao direito dos envolvidos e a paridade
seria um fuzil de venda proibida no Brasil, mas que ele de armas, fato é que nas negociações do acordo de
precisava da ajuda de outras pessoas para conseguir a colaboração o juiz deve se manter inerte, cabendo apenas a
importação. Diante da oferta em dinheiro pelo serviço ele homologar o acordo caso tenham sido observadas as
específico, todos concordaram em participar do plano formalidades legais. No momento em que o magistrado
criminoso, sendo que Alberto iria ao exterior adquirir a participou das negociações, a ilegalidade do acordo restou
arma, João alugaria um barco para trazer o material, configurada, podendo ser o mesmo desconstituído.
Francisco auxiliaria junto à imigração brasileira para que a 2. O argumento de direito material em busca de questionar
conduta não fosse descoberta e Ronaldo entregaria o a capitulação jurídica e, consequentemente, da absolvição,
material para Lucas, que era o mentor do plano. Após toda é o de que apesar de o crime envolver 05 agentes e haver
a organização do grupo e divisão de tarefas, assustado com plena divisão de tarefas, a reunião e comunhão de esforços
as informações veiculadas na mídia sobre as punições de era voltada para a prática de um crime específico e não de
crime de organização criminosa, Francisco comparece ao vários delitos, não havendo estabilidade e permanência a
Ministério Público com seu advogado e indica a intenção de justificar a imputação do crime do Art. 2º da Lei nº
realizar delação premiada. Participaram das negociações do 12.850/2013. Para a configuração do crime imputado, não
acordo Francisco, sua defesa técnica, o membro do basta a reunião com a intenção de praticar um crime
Ministério Público com atribuição e o juiz que seria específico, como consta do enunciado. Ainda que apenas
competente para julgamento, sendo acordada a redução um delito tenha sido praticado, a intenção do grupo deve
de 1/3 da pena em relação ao crime de organização ser a prática de CRIMES (no plural) e não uma infração
criminosa. Após ser denunciado junto com Alberto, João, penal em comunhão de ações e desígnios. A mera alegação
Ronaldo e Lucas pela prática do crime de organização em abstrato de que os requisitos do Art. 2º da Lei nº
criminosa (Art. 2º, da Lei nº 12.850/2013. 12.850/2013 não foram preenchidos, sem enfrentar
1. Considerando a delação premiada realizada, existe especificamente a pluralidade de crimes ou a exigência de
argumento a ser apresentado em busca de desconstituir o estabilidade/permanência, não será considerada suficiente
acordo celebrado quanto ao seu aspecto formal? para a atribuição de pontos.
Justifique.
2. Com base nos fatos narrados, qual argumento de direito
material deve ser apresentado para questionar a

9. PROCEDIMENTO
Art. 394, CPP
ORDINÁRIO (⤒ 4 ANOS)
SUMÁRIO (⤓4A ⤒2A)
SUMARÍSSIMO (JECRIM - = ⤓ 2 ANOS E CONTRAVENÇÕES PENAIS)
I. ORDINÁRIO

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II. JECRIM
 AUDIÊNCIA PRELIMINAR
1. COMPOSIÇÃO CIVIL DE DANOS (VÍTIMA E AUTOR DO FATO): gera renúncia na ação privada e condicionada a
representação (extinção de punibilidade) (pública incondicionada o processo continua) – HOMOLOGADO PELO JUIZ
2. TRANSAÇÃO PENAL( MP E AUTOR DO FATO): Aplicação de pena alternativa – HOMOLOGADO PELO JUIZ (SV.35 DO
STF – não cumprida as condições o MP pode oferecer denúncia)
 SURSIS PROCESSUAL (MP E AUTOR DO FATO)
A) REQUSITOS: pena mínima de 1 ano (JECRIM ou vara)
B) CONDIÇÕES: Penas alternativas que suspenderão o processo de 2 a 4 anos, ao final o juiz irá declarar extinto o
processo e a punibilidade do acusado.
C) RECURSO: APELAÇÃO (JECRIM) E RESE(VARA CRIMINAL)

PROCEDIMENTO – FLUXO PROCESSUAL DO JECRIM

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- AUDIÊNCIA PRELIMINAR c. Emendatio Libelli e Mutatio Libelli


3. COMPOSIÇÃO CIVIL DE DANOS (VÍTIMA E AUTOR
DO FATO): gera renúncia na ação privada e
condicionada a representação (extinção de
punibilidade) (pública incondicionada o processo
continua) – HOMOLOGADO PELO JUIZ
4. TRANSAÇÃO PENAL (MP E AUTOR DO FATO):
Aplicação de pena alternativa – HOMOLOGADO
PELO JUIZ (SV.35 DO STF – não cumprida as
condições o MP pode oferecer denúncia)
- SURSIS PROCESSUAL (MP E AUTOR DO FATO)
D) REQUSITOS: pena mínima de 1 ano (JECRIM ou
vara)
E) CONDIÇÕES: Penas alternativas que suspenderão o
processo de 2 a 4 anos, ao final o juiz irá declarar
extinto o processo e a punibilidade do acusado. 7. COMPETÊNCIA
C) RECURSO: APELAÇÃO (JECRIM) E RESE(VARA
CRIMINAL)

* PROCEDIMENTO ESPECIAL:
a. Lei de drogas
DELAÇÃO PREMIADA: Art. 41. O indiciado ou acusado que
colaborar voluntariamente com a investigação policial e o
processo criminal na identificação dos demais co-autores ou
partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena
reduzida de um terço a dois terços.
LAUDO PERICIAL: Art. 50. § 1º Para efeito da lavratura do
auto de prisão em flagrante e estabelecimento da Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação (...)
da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO: 30 D(preso) 90D (solto) Art.
suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
51.
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da
Defesa prévia: Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por
 LEI DE SEGURANÇA NACIONAL (EXPOR OU LESÃO):
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
(REVOGADA)
Isenção de pena; Art. 45. É isento de pena o agente que, em
1. INTEGRIDADE TERRITORIAL E DA SOBERANIA
razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso
NACIONAL;
fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou
da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal 2. REGIME REPRESENTATIVO E DEMOCRÁTICO, DA
praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito FEDERAÇÃO OU ESTADO DE DIREITO;
do fato ou de determinar-se de acordo com esse 3. DA PESSOA DOS CHEFES DOS PODERES DA UNIÃO.
entendimento
 DOLO ESPECÍFICO: MOTIVAÇÃO POLÍTICA;
b. Funcionário Publico
 RECURSO: ROC (STF)
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou
queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e
ordenará a notificação do acusado, para responder por
escrito, dentro do prazo de quinze dias. Parágrafo
único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou
este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado
defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar.
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1. À luz do preconizado no art. 109, V, da CF, a


competência para processamento e julgamento de crime
será da justiça Federal quando preenchidos 03 (três)
requisitos essenciais e cumulativos, quais sejam, que:
a) o fato esteja previsto como crime no Brasil e no
estrangeiro;
b) o Brasil seja signatário de convenção ou tratado
internacional por meio do qual assume o compromisso de
reprimir criminalmente aquela espécie delitiva; e
c) a conduta tenha ao menos se iniciado no Brasil e o
resultado tenha ocorrido,ou devesse ter ocorrido no
exterior, ou reciprocamente.

(FGV.2022) Determinado casal de namorados realiza o


Súmulas: 42, 62, 73, 104, 147, 151, 165, 200, 208, 209 grande sonho de uma viagem internacional para a Flórida,
V - os crimes previstos em tratado ou convenção destino em que deliberam pela visita dos parques de
internacional, quando, iniciada a execução no País, o diversões. No entanto, se inicia acalorada discussão sobre
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou qual grupo detém os melhores parques, o que ocasiona
reciprocamente; uma ruptura da relação e o retorno da mulher ao Brasil. Ao
chegar a sua cidade natal, Niterói/RJ, e acessar suas redes
sociais, constata diversas manifestações do seu ex-
namorado, nos grupos de Facebook que ambos
subscrevem, com várias ameaças direcionadas a ela, com
ênfase na ideia de que, por ser sua mulher, deveria
concordar com seus gostos e preferências, e, caso insistisse
em manter a preferência pelo parque rival, ela sofreria
retaliação, consistente na depredação de qualquer item
pessoal que ostentasse qualquer símbolo alusivo aos
parques ou personagens concorrentes. O homem
permaneceu nos Estados Unidos da América, afirmando,
ainda, que aguardava o imediato retorno da mulher.
Diante desse cenário, é correto afirmar que a competência
para o processo e julgamento do delito praticado é da:
A. Justiça do Distrito Federal e dos Territórios;
B. Justiça Estadual no Rio de Janeiro;
C. Justiça Federal do Distrito Federal;
D. Justiça Federal em Niterói
E. Justiça Federal no Rio de Janeiro.

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1. crimes contra a honra pela internet a competência é do * Exceção: embarcações e aeronaves militares (Justiça
local onde a vítima tomou ciência Militar)
2. crime praticado na rede mundial de computadores, a
internet, é da JUSTIÇA FEDERAL OBS: * Aspecto territorial – crimes praticados a bordo de
Obs: salvo quando for algo privado, uma mensagem no navios e aeronaves:
direct por exemplo, ai vai ser JUSTIÇA ESTADUAL - Viagens nacionais: primeiro local em que o navio
Obs. Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de ou aeronave parar.
medida protetiva de urgência decorrente de crime de - Viagens internacionais: No local da chegada ou
ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social local da saída.
de grande alcance, quando iniciado no estrangeiro e o seu
* Aspecto territorial – crimes praticados a bordo de navios e
resultado ocorrer no Brasil. STJ. 3ª Seção.CC 150712-SP,
aeronaves:
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info
636) Território brasileiro:
a. Solo (fronteiras), rios, baías, portos;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere b. Mar territorial (até 12 milhas marítimas)
o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda c. Espaço aéreo (cobre o território)
Constitucional nº 45, de 2004) d. Território por extensão: aeronaves e navios
Incluído pela EC 45/2004 – federalização dos crimes que públicos ou a serviço do governo brasileiro (ou as
afrontem os direitos humanos. privadas em território brasileiro)
Art. 109, §5º - Incidente de descolamento de competência * Direito de passagem inocente: embarcações que estão
apenas de passagem; infrações que não atinjam a paz,
Ex.: Caso Doroty Stang (missionária americana assassinada
segurança e boa ordem brasileira.
no Pará) – STJ indeferiu, pois exigiu além dos requisitos
legais a existência de algum obstáculo na esfera estadual
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de
casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
ordem econômico-financeira; "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade,
Art. 197 a 207 do CP – todavia somente será de inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
competência da justiça federal no caso de ofensa à
coletividade. - Infrações penais cometidas para ingressar ou permanecer
no país de forma irregular, o ingresso e a permanência
- No caso de ofensa a interesses individuais a
irregular em si não é crime, sendo tratada na esfera
competência é da Justiça Estadual.
administrativa
- Súmula 115, TRF.
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Necessidade de previsão expressa na legislação ordinária
da competência federal. Da coletividade indígena, e não do índio individualizado.
- Art. 2, II, Lei 9613/98 – Lavagem de Dinheiro Súmula 140, STJ
* Situação peculiar: como as leis (Lei 8137/90 e 8176/91) (OAB.2018) Na cidade de Angra dos Reis, Sérgio encontra
que tratam dos crimes contra a ordem econômico- um documento adulterado (logo, falso), que,
financeira não fizeram expressa previsão, eles serão originariamente, fora expedido por órgão estadual.
apreciados pelo justiça estadual, exceto se tratar de Valendo-se de tal documento, comparece a uma agência da
matéria do inc. IV. Caixa Econômica Federal localizada na cidade do Rio de
Janeiro e apresenta o documento falso ao gerente do
VII - os habeas corpus , em matéria criminal de sua
estabelecimento.
competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a Desconfiando da veracidade da documentação, o gerente
outra jurisdição; (...) do estabelecimento bancário chama a Polícia, e Sérgio é
preso em flagrante, sendo denunciado pela prática do crime
- Art. 5º, LXVIII e LXIX de uso de documento falso (Art. 304 do Código Penal)
- Autoridade coatora federal perante uma das Varas Criminais da Justiça Estadual da
cidade do Rio de Janeiro.
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
ressalvada a competência da Justiça Militar; Considerando as informações narradas, de acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o advogado
Navios (exceto os de pequeno porte) de Sérgio deverá
- Qualquer aeronave
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A. alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será ter entregue o passaporte falsificado no interior de um
competente, devendo ser considerada a cidade de Angra hospital federal na cidade de Antonésia (PR), onde Lucas
dos Reis para definir o critério territorial. aguardava uma consulta.
B. alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será D. Exceção de incompetência, por entender que o juízo
competente, devendo ser considerada a cidade do Rio de natural seria uma das Varas Criminais Federais da Seção
Janeiro para definir o critério territorial. Judiciária do Estado de São Paulo, em razão de Lucas ter
tentado embarcar para os EUA manuseando o passaporte
C. alegar a incompetência, pois, apesar de a Justiça Estadual
falso confeccionado por Bento
ser competente, deverá ser considerada a cidade de Angra
dos Reis para definir o critério territorial. Súmula 546 do Superior Tribunal de Justiça:
“A competência para processar e julgar o crime de uso de
D. reconhecer a competência do juízo perante o qual foi
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão
apresentada a denúncia.
ao qual foi apresentado o documento público, não
(OAB.2022) Tendo sido admitido a cursar uma importando a qualificação do órgão expedidor".
universidade nos Estados Unidos da América (EUA), cuja
apresentação deveria ocorrer em 05 (cinco) dias, Lucas Súmula 200 do STJ “O Juízo Federal competente para
verificou que o seu passaporte brasileiro estava vencido e processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte
entrou em contato com Bento, na cidade de Algarve, no falso é o do lugar onde o delito se consumou"
Estado do Paraná, o qual lhe entregaria um passaporte
(FGV.2022) A respeito da competência no Processo Penal,
feito pelo mesmo, idêntico ao expedido pelas autoridades
considerando as disposições do Código de Processo Penal,
brasileiras.
da Constituição da República, das leis processuais penais
Lucas fez a transferência da quantia de R$ 5.000,00 (cinco especiais e da jurisprudência atualizada do Superior
mil reais) para a conta corrente de Bento numa agência Tribunal de Justiça, analise as afirmativas a seguir e assinale
bancária situada na cidade de Vigo (PR). Confirmado o (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
depósito, Lucas se encontrou com Bento no interior de um
( ) Leônidas, policial militar lotado no Estado do Rio Grande
hospital federal, onde o primeiro aguardava uma consulta,
do Sul, cometeu um crime militar no Estado de São Paulo.
na cidade de Antonésia (PR).
Desse modo, compete à Justiça Militar do Estado de São
Já no aeroporto de São Paulo, Lucas apresentou às Paulo julgá-lo.
autoridades brasileiras o passaporte feito por Bento,
( ) Compete à Justiça Estadual julgar a conduta delituosa de
oportunidade em que a polícia federal constatou que o
divulgar pelo Facebook mensagens de cunho
mesmo era falso.
discriminatório contra o povo judeu.
Lucas foi preso em flagrante delito. O Ministério Público do
( ) Um índio que comete furto a um estabelecimento
Estado de São Paulo ofereceu denúncia contra Lucas pelo
comercial deverá ser julgado pela Justiça Federal.
crime de uso de documento falso, a qual foi recebida pelo
juízo da 48ª Vara Criminal da Comarca da Capital (SP), ( ) A competência para julgar crimes contra agência
oportunidade em que foi posto em liberdade, sendo-lhe franqueada dos Correios é da Justiça Estadual
impostas duas medidas cautelares diversas da prisão. As afirmativas são, na ordem apresentada,
O advogado de Lucas foi intimado para apresentar respectivamente,
resposta à acusação, oportunidade em que se insurgiu A. F – F – F – V.
contra a incompetência absoluta do juízo da 48ª Vara
B. F – V – V – V.
Criminal da Comarca da Capital (SP).
C. V – F – V – F.
Assinale a opção que indica a peça processual em que o
advogado de Lucas deverá arguir a relatada D. V – V – F – F.
incompetência. Súmula 78 do STJ. compete à Justiça Militar processar e
A. Exceção de incompetência, por entender que o juízo julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito
natural seria uma das Varas Criminais da Comarca de Vigo tenha sido praticado em outra unidade federativa.
(PR), onde se consumou o crime imputado, haja vista que a Súmula 140 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual
compra do passaporte se aperfeiçoou na cidade em que processar e julgar crime em que o indígena figure como
Bento possuía conta bancária e recebeu a quantia de R$ autor ou vítima.
5.000,00 (cinco mil reais).
“Competência no caso de crimes cometidos contra agências
B. Na própria resposta à acusação, sustentando que o juízo dos Correios: Se a agência for própria: competência da
natural seria uma das Varas Criminais da Comarca de Justiça Federal. Sendo agência franqueada, a competência é
Algarve (PR), onde o passaporte falso foi confeccionado. da Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 122596-SC, Rel. Min.
C. Na própria resposta à acusação, por entender que o Sebastião Reis Júnior, julgado em 8/8/2012 (Info 501).”
juízo natural seria uma das Varas Criminais Federais da
Seção Judiciária do Estado do Paraná, em razão de Bento
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# JUSTIÇA ESPECIAL * Teoria da ubiquidade: misto – local da ação e do


2. Justiça Especializada resultado – crimes iniciados no Brasil e encerrados no
exterior.
2.1 Justiça Militar
2. Domicílio ou residência do réu
Julga crimes militares.
Art. 72, CPP
Justiça Militar (organização):
Quando não for conhecido o local do crime.
Dos Estados (crimes praticados por militares e bombeiros
militares – não julga civil – Súmula 78, STJ) E se não for conhecido o domicílio ou residência do réu?

Federal (forças armadas e civis que cometam crimes Utiliza-se o critério da prevenção.
militares)
o
Art. 9º, §1º - “§ 1 Os crimes de que trata este artigo,
quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. ”
o
Art. 9º, § 2 Os crimes de que trata este artigo, quando
dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças
Armadas contra civil, serão da competência da Justiça
Militar da União, se praticados no contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem
estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro
de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar
ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou 3. Crimes praticados no exterior (art. 7º, CP)

III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de - Capital do Estado onde por último tiver residido o
garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, réu;
realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Não tiver residido no Brasil, em Brasília
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas
legais:
# Ratione personae ou ratione funcione
Determinada pelos art. 102, 105 e 108, CRFB
Histórico:
1. Art. 102, I, b – encerrado o mandato, encerra o privilégio.
2. Lei 10.628/2002 – o foro perdurar mesmo após o
encerramento da atividade funcional para os crimes
praticados durante o mandato e para os casos de
improbidade.
3. ADI 2.797-2 e 2.860-0 – não há manutenção do foro
2.1 Justiça Eleitoral privilegiado se encerrado o cargo ou mandato e não se
Infrações eleitorais previstas em legislação eleitoral e aplica aos casos de improbidade.(atual - ressalva)
conexas; - Tribunal do Júri: não irão a Júri as prerrogativas de
E o HC e MS pertinentes ao tema função previstas na Constituição Federal;
- As previstas nas Constituições Estaduais como as
dos defensores públicos e os vice-governadores
3. DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA irão ao Júri.
# Ratione loci - Súmula 721, STF - “A competência constitucional
1. Art. 70, CPP – “lugar em que se consumar a infração” do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
Adotada a Teoria do Resultado prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela constituição estadual.”
Complementada pela:
- SUMULA VINCULANTE 45 - A competência
* Teoria do atividade: local da ação ou omissão: no caso
constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre
dos Juizados Especiais Criminais. o foro por prerrogativa de função estabelecido
Adotada nos crimes de homicídio: provas exclusivamente pela Constituição Estadual.

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- AÇÃO PENAL 937 – O FORO DE PRERROGATIVA DE Constituição Estadual: TJ


FUNÇÃO (DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES) Deputados estaduais:
DEPENDE: CRIMES COMETIDOS DURANTE O
EXERCÍCIO DO CARGO E EM RAZÃO DAS FUNÇÕES
A ELE RELACIONADAS. OBS: art. 51, inciso I, da CF/88, que revela a competência
privativa da Câmara dos Deputados para autorizar, por dois
STF EXECUTIVO Presidente; Vice-Presidente;
terços de seus membros, a instauração de processo contra
Ministros de Estados; AGU;
o Presidente e o Vice-presidente da República e os
Presidente do Banco Central e
Ministros de Estado.
Controlador Geral da União.
Obs: No tocante ao oferecimento da denúncia contra os
LEGISLATIVO Membros do Congresso Nacional
Deputados e Senadores, é possível fazê-lo, sem a exigência
JUDICIÁRIO Membros dos Tribunais de autorização, e isto não importará em violação das
Superiores: STF, STJ, TST, TSE, imunidades a que fazem jus, BASTA A CIÊNCIA. após
STM recebimento da denúncia contra Senador ou Deputado, por
PGR; Comandantes das Forças crime cometido após a diplomação, o STF deverá cientificar
OUTRAS
Armadas; Membros do TCU; a Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus membros,
Chefes de Missões diplomáticas.
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
STJ EXECUTIVO Governadores (Art. 53, §3º, CPP)
LEGISLATIVO - OBS: PARA INVESTIGAR, não precisa de autorização. A
jurisprudência tanto do Pretório Excelso quanto deste
JUDICIÁRIO Membros do TRF, TER, TJ e TRT
Sodalício é assente no sentido da desnecessidade de
OUTRAS Membros dos TCE e TCM;
prévia autorização do Judiciário para a
Membros do MPU que atuem instauração de inquérito ou procedimento
perante os tribunais investigatório criminal contra agente com foro
TJ / EXECUTIVO Prefeito por prerrogativa de função, dada a inexistência de
TRF* norma constitucional ou infraconstitucional nesse sentido,
conclusão que revela a observância ao sistema acusatório
LEGISLATIVO Deputados Estaduais
adotado pelo Brasil, que prima pela distribuição das funções
JUDICIÁRIO Juízes de Direito / * Juízes de acusar, defender e julgar a órgãos distintos. 3. O
federais, do trabalho, militares da Superior Tribunal de Justiça assentou o entendimento de
União que o mero indiciamento em inquérito policial, desde que
OUTRAS Membros do MPE / * Membros não seja abusivo e ocorra antes do recebimento da exordial
do MPU acusatória, não constitui manifesto constrangimento ilegal a
ser sanável na via estreita do writ. (STJ, AgRg no HC 404228
/ RJ, 5ª T, 01/03/2018)
Ou (durante o mandato) (crimes comuns)
(OAB.2020) Durante longa investigação, o Ministério
Presidente; Vice; Ministros do STF Público identificou que determinado senador seria autor de
Estado um crime de concussão no exercício do mandato, que teria
Membros do Congresso Nacional STF (em razão da sido praticado após sua diplomação. Com o indiciamento, o
função/durante o senador foi intimado a, se fosse de sua vontade, prestar
mandato) esclarecimentos sobre os fatos no procedimento
investigatório. Preocupado com as consequências, o
Ministros do STF STF senador procurou seu advogado para esclarecimentos.
Ministros dos Tribunais STF Considerando apenas as informações narradas e com base
Superiores nas previsões constitucionais, o advogado deverá esclarecer
Procurador Geral da República STJ que
Governadores STJ A. o Ministério Público não poderá oferecer denúncia em
face do senador sem autorização da Casa Legislativa, pois a
Desembargadores STJ
Constituição prevê imunidade de natureza formal aos
Procurador -Geral da Justiça TJ parlamentares.
Prefeitos TJ B. a denúncia poderá ser oferecida e recebida, assim como
Juízes de 1º Grau TJ a ação penal ter regular prosseguimento,
independentemente de autorização da Casa Legislativa, que
Membros do MP TJ não poderá determinar a suspensão do processo,
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considerando que o crime imputado é comum, e não de # HIPÓTESES DE ATRACÃO:


responsabilidade.
C. a denúncia não poderá ser recebida pelo Poder Judiciário
sem autorização da Casa Legislativa, em razão da imunidade
material prevista na Constituição, apesar de poder ser
oferecida pelo Ministério Público independentemente de
tal autorização.
D. a denúncia poderá ser oferecida e recebida
independentemente de autorização parlamentar, mas
deverá ser dada ciência à Casa Legislativa respectiva, que
poderá, seguidas as exigências, até a decisão final, sustar o
andamento da ação
# MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
# SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA
CONEXÃO (ART. 76, CPP)
 Justiça comum e militar
INTERSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE, se, ocorrendo
duas ou mais infrações, houverem sido  Justiça comum e juízo de menores
praticadas, ao mesmo tempo, por várias  Doença mental (§1º)
pessoas reunidas (I)
 Fuga de córréu (art. 366)
POR CONCURSO, se, ocorrendo duas ou
(OAB.2021) Caio praticou um crime de furto (Art. 155 –
mais infrações, por várias pessoas em
pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa) no interior da sede
concurso, embora diverso o tempo e o
da Caixa Econômica Federal, empresa pública, em Vitória
lugar (I)
(ES), ocasião em que subtraiu dinheiro e diversos bens
POR RECIPROCIDADE, se, ocorrendo públicos. Ao sair do estabelecimento, para assegurar a fuga,
duas ou mais infrações, por várias subtraiu, mediante grave ameaça, o carro da vítima, Cláudia
pessoas, umas contra as outras (I). (Art. 157 – pena: reclusão, de 4 a 10 anos, e multa). Houve
OBJETIVA OU se, ocorrendo duas ou mais infrações, perseguição policial, somente vindo Caio a ser preso na
LÓGICA houverem sido umas praticadas para cidade de Cariacica, onde foi encontrado em seu poder um
facilitar ou ocultar as outras, ou para celular produto de crime anterior (Art. 180 – pena: reclusão,
conseguir impunidade ou vantagem em de 1 a 4 anos, e multa).
relação a qualquer delas (II) Considerando a conexão existente entre os crimes de furto
PROBATÓRIA quando a prova de uma infração ou de simples, roubo simples e receptação, bem como a
qualquer de suas circunstâncias jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a opção
elementares influir na prova de outra que indica a Vara Criminal competente para o julgamento
infração (III) de Caio.
CONTINÊNCIA (1 CRIME) A. A Justiça Estadual, em relação aos três crimes, sendo
competente, territorialmente, a comarca de Vitória.
CUMULAÇÃO duas ou mais pessoas forem acusadas
SUBJETIVA pela mesma infração B. A Justiça Estadual, em relação aos três crimes, sendo
competente, territorialmente, a comarca de Cariacica.
CUMULAÇÃO CONCURSO FORMAL, ERRO DE
OBJETIVA EXECUÇÃO, RESULTADO ALÉM DO C. A Justiça Federal, em relação ao crime de furto, e a Vara
PRETENDIDO (Art. 70, 73 e 74, CP) Criminal de Vitória, da Justiça Estadual, no que tange aos
crimes de roubo e receptação.
D. A Justiça Federal, em relação a todos os delitos
# FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL:
 CONTRA:
a) Em razão do exercício sua função (afeta o serviço)
(não inclui o aposentado)
b) S. 147, STJ. Compete à Justiça Federal processar e
julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o
exercício da função;

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c) Ex.: Auditor do trabalho; carteiro no exercício da requisitos objetivos e subjetivos do benefício,


função; podendo determinar, para tal fim, de modo
d) Erro na execução ou de pessoa: considera a vítima fundamentado, a realização de exame criminológico.
real. 35. A homologação da transação penal prevista no artigo
 POR FUNCIONÁRIO; 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação
a) Em razão do exercício da função (afeta interesse); anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
b) Súmula n° 254 do TFR - Crime Cometido por continuidade da persecução penal mediante
Funcionário Público Federal. Compete à Justiça Federal oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
processar e julgar os delitos praticados por funcionário policial.
público federal, no exercício de suas funções e com 36. Compete à Justiça Federal comum processar e julgar
estas relacionados; civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso
c) Ex.: PRF (fardado, mas fora do exercício, mas agindo de documento falso quando se tratar de falsificação da
como se tivesse) comete homicídio no exercício das Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira
suas funções - FEDERAL; de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas
d) Art. 332, Tráfico de influência (quando o pela Marinha do Brasil.
funcionário for federal) 45. A competência constitucional do Tribunal do Júri
# EXECUÇÃO PENAL: S. 195 (STJ) – DECIDIDO PELA prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
NATUREZA DO ESTABELECIMENTO; estabelecido exclusivamente pela constituição
estadual.
# CONTRAVENÇÕES: ESTADUAL (A CRFB só inclui os crimes –
S. 38, STJ – não aplica a conexão) 46. A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e
# Atos infracionais: Juiz da Infância e da Juventude julgamento são da competência legislativa privativa da
(estadual) União.
ESTELIONATO. 56. A falta de estabelecimento penal adequado não
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº autoriza a manutenção do condenado em regime
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa
praticados mediante depósito, mediante emissão de hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante
STJ
transferência de valores, a competência será definida pelo
local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de 648. A superveniência da sentença condenatória prejudica
vítimas, a competência firmar-se-á pela o pedido de trancamento da ação penal por falta de
prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) justa causa feito em habeas corpus.
643. A execução da pena restritiva de direitos depende do
trânsito em julgado da condenação.
639. Não fere o contraditório e o devido processo decisão
10. SÚMULAS que, sem ouvida prévia da defesa, determine
transferência ou permanência de custodiado em
SÚMULAS RECENTES estabelecimento penitenciário federal.
636. A folha de antecedentes criminais é documento
suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
STF – SÚMULAS VINCULANTES reincidência.
11. O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de 631. O indulto extingue os efeitos primários da condenação
Execução Penal) foi recebido pela ordem (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite secundários, penais ou extrapenais.
temporal previsto no caput do artigo 58.
630. A incidência da atenuante da confissão espontânea no
24. Não se tipifica crime material contra a ordem crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº reconhecimento da traficância pelo acusado, não
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. bastando a mera admissão da posse ou propriedade
26. Para efeito de progressão de regime no cumprimento para uso próprio.
de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da 617. A ausência de suspensão ou revogação do livramento
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º condicional antes do término do período de prova
da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo
de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
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enseja a extinção da punibilidade pelo integral 567. Sistema de vigilância realizado por monitoramento
cumprimento da pena. eletrônico ou por existência de segurança no interior
607. A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. de estabelecimento comercial, por si só, não torna
40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova impossível a configuração do crime de furto.
da destinação internacional das drogas, ainda que não 562. É possível a remição de parte do tempo de execução
consumada a transposição de fronteiras. da pena quando o condenado, em regime fechado ou
606. Não se aplica o princípio da insignificância a casos de semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda
transmissão clandestina de sinal de internet via que extramuros.
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto 546. A competência para processar e julgar o crime de uso
no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. de documento falso é firmada em razão da entidade
605. A superveniência da maioridade penal não interfere na ou órgão ao qual foi apresentado o documento
apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de público, não importando a qualificação do órgão
medida socioeducativa em curso, inclusive na expedidor.
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 545. Quando a confissão for utilizada para a formação do
21 anos. convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante
600. Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria 542. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
da Penha) não se exige a coabitação entre autor e resultante de violência doméstica contra a mulher é
vítima. pública incondicionada.
599. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes 536. A suspensão condicional do processo e a transação
contra a administração pública. penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao
593. O crime de estupro de vulnerável se configura com a rito da Lei Maria da Penha.
conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com 535. A prática de falta grave não interrompe o prazo para
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual fim de comutação de pena ou indulto.
consentimento da vítima para a prática do ato, sua 534. A prática de falta grave interrompe a contagem do
experiência sexual anterior ou existência de prazo para a progressão de regime de cumprimento de
relacionamento amoroso com o agente. pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
589. É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes infração.
ou contravenções penais praticados contra a mulher 533. Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar
no âmbito das relações domésticas. no âmbito da execução penal, é imprescindível a
588. A prática de crime ou contravenção penal contra a instauração de procedimento administrativo pelo
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente diretor do estabelecimento prisional, assegurado o
doméstico impossibilita a substituição da pena direito de defesa, a ser realizado por advogado
privativa de liberdade por restritiva de direitos. constituído ou defensor público nomeado.
587. Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, 528. Compete ao juiz federal do local da apreensão da
da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva droga remetida do exterior pela via postal processar e
transposição de fronteiras entre estados da Federação, julgar o crime de tráfico internacional.
sendo suficiente a demonstração inequívoca da 527. O tempo de duração da medida de segurança não
intenção de realizar o tráfico interestadual. deve ultrapassar o limite máximo da pena
582. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse abstratamente cominada ao delito praticado.
do bem mediante emprego de violência ou grave 526. O reconhecimento de falta grave decorrente do
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à cometimento de fato definido como crime doloso no
perseguição imediata ao agente e recuperação da cumprimento da pena prescinde do trânsito em
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e julgado de sentença penal condenatória no processo
pacífica ou desvigiada. penal instaurado para apuração do fato.
575. Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou 522. A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
entregar a direção de veículo automotor a pessoa que autoridade policial é típica, ainda que em situação de
não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer alegada autodefesa.
das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de
perigo de dano concreto na condução do veículo.

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PARTE 3
CADERNO DE EXERCÍCIOS
OAB SEGUNDA FASE

PROFA. BRUNA SOUZA


2023

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 QUESTÕES POR ASSUNTO das rés o(a) procura na condição de advogado(a),


informando que Júlia está grávida de 20 semanas e que
PENA E MULTA temem por sua saúde dentro da prisão. Considerando
apenas as informações narradas, na condição de
1. Lucas, jovem de 22 anos, primário, foi denunciado pela
advogado(a) de Bruna e Júlia, responda aos itens a seguir.
prática do crime de extorsão simples, tendo o magistrado,
A) Qual argumento de direito material a ser apresentado
em 05/05/2016, recebido a denúncia e decretado a prisão
em favor de Bruna para evitar o prosseguimento da ação
preventiva do acusado. Cumprido o mandado de prisão no
penal em relação a mesma? Justifique. (Valor: 0,65) B)
dia seguinte, Lucas permaneceu acautelado durante toda a
Considerando que verdadeiramente estejam presentes os
instrução de seu processo, vindo a ser condenado, em 24 de
requisitos previstos nos Artigos 312 e 313 do Código de
janeiro de 2017, à pena de 04 anos e 03 meses de reclusão,
Processo Penal, qual requerimento deveria ser formulado
além de 12 dias-multa, sendo certo que o aumento da
ao juízo para evitar que Julia permaneça no interior do
pena-base foi fundamentado de maneira correta pelo
sistema prisional? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a)
magistrado em razão das circunstâncias do crime. Foi,
examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera
ainda, aplicado o regime semiaberto para início do
citação do dispositivo legal não confere pontuação.
cumprimento da sanção, exclusivamente diante do
quantum de pena aplicada, e o valor do dia-multa foi fixado
em 3 vezes o salário mínimo, em razão das circunstâncias BUSCA E APREENSÃO E DROGAS
do fato. Apesar de não se opor à condenação, nem à pena
3. Insatisfeito com a atividade do tráfico em determinado
aplicada, Lucas, ainda preso, pergunta a seu advogado
condomínio de residências, em especial em razão da venda
sobre a possibilidade de recurso para aplicação de regime
de drogas de relevante valor, o juiz da comarca autorizou,
de cumprimento de pena menos gravoso, ainda que
após requerimento do Ministério Público, a realização de
mantido o quantum de pena. Também informa ao patrono
busca e apreensão em todas as centenas de residências do
que não tem condições de arcar com a multa aplicada, pois
condomínio, sem indicar o endereço de cada uma delas,
mora em comunidade carente e recebia, antes dos fatos,
apesar de estas serem separadas e identificadas, sob o
remuneração de meio salário mínimo pela prestação de
argumento da existência de informações de que, no interior
serviços informais. Considerando apenas as informações
desse condomínio, haveria comercialização de drogas e que
narradas, na condição de advogado de Lucas, responda aos
alguns dos moradores estariam envolvidos na conduta. Com
itens a seguir. A) Qual o argumento a ser formulado em
base nesse mandado, a Polícia Civil ingressou na residência
sede de recurso para alteração do regime prisional de início
de Gabriel, 22 anos, sendo apreendidos, no interior de seu
de cumprimento de pena aplicado, mantida a pena final em
imóvel, 15 g de maconha, que, de acordo com Gabriel,
04 anos e 03 meses de reclusão? Justifique. (Valor: 0,65) B)
seriam destinados a uso próprio. Após denúncia pela prática
Qual argumento a ser apresentado em sede de recurso em
do crime do Art. 28 da Lei nº 11.343/06, em razão de
busca da redução do valor do dia-multa aplicado?
anterior condenação definitiva pela prática do mesmo
Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve
delito, o que impossibilitaria a aplicação de institutos
fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo
despenalizadores, foi aplicada a Gabriel a sanção de
legal não confere pontuação.
cumprimento de 10 meses de prestação de serviços à
comunidade. Intimado da condenação e insatisfeito, Gabriel
LEI PENAL NO TEMPO E PRISÃO DOMICILIAR procura um advogado para consulta técnica, esclarecendo
não ter interesse em cumprir a medida aplicada de
2. Bruna, nascida em 30 de março de 1999, e sua irmã Júlia,
prestação de serviços à comunidade. Considerando apenas
nascida em 21 de janeiro de 1998, revoltadas com o
as informações narradas, na condição de advogado de
comportamento de Maria, que, segundo as irmãs, buscava
Gabriel, esclareça os itens a seguir. A) Qual o argumento de
um relacionamento amoroso com o namorado de Júlia,
direito processual a ser apresentado em sede de recurso
iniciaram uma discussão com esta, no dia 28 de março de
para questionar a apreensão das drogas na residência de
2017. Durante a discussão, descontroladas por Maria ter
Gabriel? Justifique. (Valor: 0,60) B) Em caso de
dito que Júlia não tinha capacidade de manter um
descumprimento, por Gabriel, da medida de prestação de
namorado, as irmãs pegaram pedaços de ferro que estavam
serviços à comunidade imposta na sentença condenatória
no chão da rua e começaram a agredir Maria com golpes na
pela prática do crime do Art. 28 da Lei nº 11.343/06, poderá
cabeça, com intenção de matar. Após a fuga de Bruna e
esta ser convertida em pena privativa de liberdade?
Júlia do local, Maria é socorrida e recebe atendimento
Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) deve
médico no hospital da região, ficando internada por 05 dias,
fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo
mas vem a falecer em razão dos golpes sofridos. Ao tomar
legal não confere pontuação.
conhecimento dos fatos, o Ministério Público oferece
denúncia em face de Bruna e Júlia pela prática do crime do
Art. 121, §2º, inciso II, do Código Penal, requerendo a prisão PROVA TESTEMUNHAL E DOSIMETRIA DA PENA
preventiva apenas de Júlia, considerando que a mesma já
4. Rafael subtraiu, mediante grave ameaça, coisa alheia
seria reincidente. Após citação de Bruna e Júlia, a família
móvel de Joana juntamente com outro indivíduo não
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identificado e com restrição da liberdade da vítima. Foi, prisão preventiva. Considerando as informações narradas,
então, denunciado pela prática do crime previsto no Art. na condição de advogado(a) de Matheus, responda aos
157, § 2º, incisos II e V, do Código Penal. Durante a itens a seguir. A) Poderia Matheus ter sido obrigado a
instrução, quando da oitiva da vítima, esta mencionou que realizar o teste de bafômetro, conforme informado pela
todos os fatos foram presenciados, de longe, por sua amiga autoridade policial, mesmo diante de sua recusa? Justifique.
Carla, não tendo ela contado em momento anterior para (Valor: 0,60) B) Qual requerimento deveria ser formulado,
preservar a amiga. Diante dessa menção, o advogado de em busca da liberdade de Matheus, diante da decisão do
Rafael requereu ao juízo a oitiva da testemunha Carla, mas magistrado, que decretou sua prisão preventiva em razão
o magistrado indeferiu o pedido sob o argumento de que, de sua reincidência? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a)
na resposta à acusação, foram arroladas testemunhas no examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera
número máximo permitido pela lei, de modo que não citação do dispositivo legal não confere pontuação.
poderia a defesa acrescentar mais uma, apesar de
reconhecer a conveniência da oitiva. O advogado registrou
seu inconformismo, foram ouvidas as testemunhas de CONCURSO DE PESSOAS E FURTO
defesa arroladas e foi realizado o interrogatório, em que o 6. Caio e Bruno são irmãos e estão em dificuldades
acusado negou o fato. Rafael foi condenado ao financeiras. Caio, que estava sozinho em seu quarto, verifica
cumprimento da pena de 05 anos e 06 meses de reclusão, que a janela da casa dos vizinhos está aberta; então,
reconhecendo o magistrado o aumento de 3/8 na terceira ingressa no local e subtrai um telefone celular avaliado em
fase de aplicação da pena exclusivamente em razão da R$ 500,00. Ao mesmo tempo, apesar de não saber da
existência de duas causas de aumento, não tendo a pena- conduta de seu irmão, Bruno percebe que a porta da
base e a intermediária se afastado do mínimo legal. residência dos vizinhos também ficou aberta. Tendo
Considerando as informações narradas, responda, na conhecimento que os proprietários eram um casal de
condição de advogado(a) de Rafael, na ocasião da empresários muito rico, ingressa no local e subtrai uma
apresentação de recurso de apelação: A) qual argumento de bolsa, avaliada em R$ 450,00. Os fatos são descobertos dois
direito processual poderia ser alegado em busca de dias depois, e Bruno e Caio são denunciados pelo crime de
desconstituir a sentença condenatória? Justifique. (Valor: furto qualificado (Art. 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal),
0,60) B) qual argumento de direito material deverá ser sendo acostadas as Folhas de Antecedentes Criminais (FAC),
apresentado em busca de redução da sanção penal contendo, cada uma delas, outra anotação pela suposta
aplicada? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) prática de crime de estelionato, sem, contudo, haver
deve fundamentar as respostas. A mera citação do condenação com trânsito em julgado em ambas. Após
dispositivo legal não confere pontuação. instrução, a pretensão punitiva do Estado é julgada
procedente, sendo aplicada pena mínima de 02 anos de
reclusão e 10 dias-multa, em regime inicial aberto,
PROVA E PRISÃO devidamente substituída por restritiva de direitos. Com
5. Matheus conduzia seu automóvel em alta velocidade. Em base nas informações expostas, intimado(a) para
razão de manobra indevida, acabou por atropelar uma apresentação de recurso, responda, na condição de
vítima, causando-lhe lesões corporais. Com a chegada da advogado(a) de Caio e Bruno, aos itens a seguir. A) Existe
Polícia Militar, foi solicitado que Matheus realizasse exame argumento de direito material a ser apresentado para
de etilômetro (bafômetro); diante de sua recusa, foi questionar a capitulação jurídica apresentada pelo
informado pela autoridade policial, que comparecera ao Ministério Público e acolhida na sentença? (Valor: 0,60) B)
local, que ele seria obrigado a realizar o exame para Mantida a capitulação acolhida na sentença (Art. 155, § 4º,
verificar eventual prática também do crime previsto no Art. inciso IV, do Código Penal), existe argumento em busca da
306 da Lei nº 9.503/97. Diante da afirmativa da autoridade redução da pena aplicada? (Valor: 0,65) Obs.: o(a)
policial, Matheus, apesar de não desejar, viu-se obrigado a examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera
realizar o teste do bafômetro. Após conclusão do inquérito citação do dispositivo legal não confere pontuação.
policial, com oitiva e representação da vítima, foi o feito
encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia
imputando a Matheus apenas a prática do crime do Art. PROVA ILÍCITA E CONCURSO DE CRIMES
303, da Lei nº 9.503/97, prosseguindo as investigações com 7. Beto e Juca eram vizinhos em um prédio que veio a ser
relação ao crime do Art. 306 do mesmo diploma legal. Ainda atingido por incêndio. Em razão das longas obras que
na exordial acusatória, foi requerida a decretação da prisão seriam necessárias para recuperar os apartamentos,
preventiva de Matheus, pelo risco de reiteração delitiva, decidem se hospedar em quarto de hotel por 06 meses,
tendo em vista que ele seria reincidente específico, já que a novamente sendo vizinhos de quarto. Em determinada
única anotação constante de sua Folha de Antecedentes data, policiais militares surpreenderam Juca entrando com
Criminais, para além do presente processo, seria a uma sacola preta no seu quarto do hotel, ficando claro que
condenação definitiva pela prática de outro crime de lesão ele estava fugindo ao avistar os agentes da lei. Diante disso,
corporal culposa praticada na direção de veículo automotor. ingressaram no quarto e apreenderam 100g de maconha,
No recebimento da denúncia, o juiz competente decretou a que estavam na sacola que Juca trazia consigo, e mais 50g
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de cocaína que estavam sendo guardadas no cômodo, AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA E
sendo confirmado por Juca que o material seria destinado à SEQUESTRO
venda. Em seguida, os policiais optaram por fazer diligência 9. No dia 06 de abril de 2017, João retirou Clara, criança de
também no quarto vizinho, que era de Beto, apreendendo 11 anos de idade, do interior da residência em que esta
uma série de documentos que, após investigação, foi morava, sem autorização de qualquer pessoa, vindo a
verificado que estavam relacionados a um crime de restringir sua liberdade e mantê-la dentro de um quarto
estelionato. O Ministério Público ofereceu denúncia em trancado e sem janelas. Logo em seguida, João entrou em
face de Juca pela prática de dois crimes de tráfico em contato com o pai de Clara, famoso empresário da cidade,
concurso, tendo em vista que guardava cocaína e trazia exigindo R$200.000,00 para liberar Clara e devolvê-la à sua
consigo maconha. Já Beto, exclusivamente em razão da residência. Após o pai de Clara pagar o valor exigido, Clara é
documentação apreendida, foi denunciado pelo crime de liberada e, de imediato, a família comparece à Delegacia
estelionato. Considerando apenas as informações narradas, para registrar o fato. Depois das investigações, João é
na condição de advogado(a) dos denunciados, responda aos identificado e os autos são encaminhados ao Ministério
itens a seguir. A) Qual argumento deve ser apresentado Público com relatório final de investigação, indiciando João.
pela defesa técnica, em busca da absolvição de Beto? Após 90 (noventa) dias do recebimento do inquérito, os
Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual argumento a ser autos permanecem no gabinete do Promotor de Justiça,
apresentado pela defesa técnica para questionar a sem que qualquer medida tenha sido adotada.
capitulação jurídica constante na denúncia em face de Juca? Considerando as informações narradas, responda, na
Justifique. (Valor: 0,65). condição de advogado(a) da família de Clara, aos itens a
seguir. A) Considerando que o crime é de ação penal pública
JECRIM E TRANSAÇÃO PENAL incondicionada, qual a medida a ser adotada diretamente
pela família de Clara e seu advogado em busca da
8. Rodrigo, pela primeira vez envolvido com o aparato responsabilização criminal de João? Justifique. (Valor: 0,65)
judicial, foi condenado definitivamente, pela prática do B) Em caso de inicial acusatória, qual infração penal deve
crime de rixa, ao pagamento de pena exclusivamente de ser imputada a João? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a)
multa. Para pensar sobre as consequências de seu ato, vai examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera
para local que acredita ser deserto, onde há uma linda citação do dispositivo legal não confere pontuação.
lagoa. Ao chegar ao local, após longa caminhada, depara-se
com uma criança, sozinha, banhando-se, mas verifica que
ela tem dificuldades para deixar a água e, então, começa a RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS E ROUBO
se afogar. Apesar de ter conhecimento sobre a situação da 10. Arthur, Adriano e Junior, insatisfeitos com a derrota do
criança, Rodrigo nada faz, pois não sabia nadar, logo seu time de futebol, saíram à rua, após a partida, fazendo
acreditando que não era possível prestar assistência sem algazarra na companhia de Roberto, que não gostava de
risco pessoal. Ao mesmo tempo, o local era isolado e não futebol. Durante o ato, depararam com Pedro, que vestia a
havia autoridades públicas nas proximidades, além de camisa do time rival; simplesmente por isso, Arthur,
Rodrigo estar sem celular ou outro meio de comunicação Adriano e Junior passaram a agredi-lo, tendo ficado Roberto
para avisar sobre a situação. Cerca de 10 minutos depois, à distância por não concordar com o ato e não ter intenção
chega ao local Marcus, que, ao ver o corpo da criança na de conferir cobertura aos colegas. Em razão dos atos de
lagoa, entra na água e retira a criança já falecida. Nesse agressão, o celular de Pedro veio a cair no chão, momento
momento, Rodrigo verifica que a lagoa não era profunda e em que Roberto, aproveitandose da situação, subtraiu o
que a água bateria na altura de sua cintura, não havendo bem e empreendeu fuga. Com a chegada de policiais,
risco pessoal para a prestação da assistência. Após a perícia Arthur, Adriano e Junior empreenderam fuga, mas Roberto
constatar a profundidade da lagoa, Rodrigo é denunciado veio a ser localizado pouco tempo depois na posse do bem
pela prática do crime previsto no Art. 135, parágrafo único, subtraído e de seu próprio celular. Diante das lesões
do Código Penal. Não houve composição dos danos civis, e causadas na vítima, Roberto foi denunciado pela prática do
o Ministério Público não ofereceu proposta de transação crime de roubo majorado pelo concurso de agentes e teve
penal, sob o argumento de que havia vedação legal diante sua prisão em flagrante convertida em preventiva. Na
da condenação de Rodrigo pela prática do crime de rixa. instrução, as testemunhas confirmaram integralmente os
Considerando apenas as informações narradas, responda, fatos, assim como Roberto reiterou o acima narrado. A
na condição de advogado(a) de Rodrigo, aos itens a seguir. família de Roberto, então, procura você para, na condição
A) Existe argumento a ser apresentado pela defesa para de advogado(a), adotar as medidas cabíveis, antes da
combater o fundamento utilizado pelo Ministério Público sentença, apresentando nota fiscal da compra do celular de
para não oferecer proposta de transação penal? Justifique. Roberto. Considerando apenas as informações narradas,
(Valor: 0,60) B) Qual argumento de direito material poderia responda, na condição de advogado(a) de Roberto, aos
ser apresentado em busca da absolvição do denunciado? itens a seguir. A) Existe requerimento a ser formulado pela
Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) deve defesa para reaver, de imediato, o celular de Roberto?
fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo Justifique. (Valor: 0,60) B) Confessados por Roberto os fatos
legal não confere pontuação. acima narrados, existe argumento de direito material a ser
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apresentado em busca da não condenação pelo crime Considerando apenas o narrado, na condição de
imputado? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) advogado(a) de Hugo, responda aos questionamentos a
deve fundamentar as respostas. A mera citação do seguir. A) Diante da reincidência, de acordo com a
dispositivo legal não confere pontuação. jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, existe
argumento a ser apresentado, em sede de recurso, em
busca da aplicação de regime inicial mais benéfico de
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E CONCURSO DE CRIMES cumprimento de pena? Justifique. (Valor: 0,65) B) É
11. Em cumprimento de mandado de busca e apreensão, o possível, em sede de recurso, buscar a substituição da pena
oficial de justiça Jorge compareceu ao local de trabalho de privativa de liberdade por restritiva de direitos? Justifique.
Lucas, sendo encontradas, no interior do imóvel, duas (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as
armas de fogo de calibre .38, calibre esse considerado de respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
uso permitido, devidamente municiadas, ambas com pontuação.
numeração suprimida. Em razão disso, Lucas foi preso em
flagrante e denunciado pela prática de dois crimes previstos
no Art. 16, caput, da Lei 10.826/2003, em concurso PRESCRIÇÃO E FATO ATÍPICO
material, sendo narrado que “Lucas, de forma livre e 13. No dia 01 de janeiro de 2008, após ingerir bebida
consciente, guardava, em seu local de trabalho, duas armas alcoólica, Caio, 50 anos, policial militar reformado, efetuou
de fogo de calibre restrito, devidamente municiadas”. Após dois disparos de arma de fogo em direção à parede de sua
a instrução, em que os fatos foram confirmados, foi juntado casa vazia, localizada no interior de grande quintal, com
o laudo confirmando o calibre .38 das armas de fogo, a arma de sua propriedade, devidamente registrada e com
capacidade de efetuar disparos, bem como que ambas posse autorizada. Apesar de os tiros terem sido efetuados
tinham a numeração suprimida. As partes apresentaram em direção ao interior do imóvel, vizinhos que passavam
alegações finais, e o magistrado, em sentença, pela rua naquele momento, ao ouvirem os disparos,
considerando o teor do laudo, condenou Lucas pela prática entraram em contato com a Polícia Militar, que compareceu
de dois crimes previstos no Art. 16, parágrafo único, inciso ao local e constatou que as duas munições deflagradas
IV, da Lei nº 10.826/2003, em concurso formal. Intimada a ficaram alojadas na parede do imóvel, sendo a perícia
defesa técnica da sentença condenatória, responda, na acostada ao procedimento. Caio obteve liberdade
condição de advogado(a) de Lucas, aos itens a seguir. A) provisória e foi denunciado como incurso nas sanções do
Qual o argumento de direito processual a ser apresentado Art. 15 da Lei nº 10.826/03, não sendo localizado, porém,
em busca da desconstituição da sentença condenatória? por ocasião da citação, por ter mudado de endereço, apesar
Justifique. (Valor: 0,65) B) Reconhecida a validade da das diversas diligências adotadas pelo juízo. Após não ser
sentença em segundo grau, qual o argumento de direito localizado, Caio foi corretamente citado por edital e, não
material a ser apresentado para questionar o mérito da comparecendo, nem constituindo advogado, foi aplicado o
sentença condenatória e, consequentemente, a pena Art. 366 do Código de Processo Penal, suspendendo-se o
aplicada? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) processo e o curso do prazo prescricional, em 04 de abril de
deve fundamentar as respostas. A mera citação do 2008. Em 06 de julho de 2018, o novo juiz titular da vara
dispositivo legal não confere pontuação. criminal competente determinou que fossem realizadas
novas diligências na tentativa de localizar o denunciado,
confirmando que o processo, assim como o curso do prazo
DOSIMETRIA DA PENA (REINCIDÊNCIA E PRD) prescricional, deveria permanecer suspenso. Com base nas
12. Após regular processamento em que figurava na informações narradas, na condição de advogado(a) de Caio,
condição de réu solto, Hugo foi condenado pela prática de que veio a tomar conhecimento dos fatos em julho de 2018,
crime de apropriação indébita majorada ao cumprimento responda aos questionamentos a seguir. A) Existe
da pena de 01 ano e 06 meses de reclusão e 14 dias-multa, argumento para questionar a decisão do magistrado que,
sendo reconhecida a agravante da reincidência, tendo em em julho de 2018, determinou que o processo e o curso do
vista que foi juntada aos autos Folha de Antecedentes prazo prescricional permanecessem suspensos? (Valor:
Criminais a demonstrar trânsito em julgado, no ano anterior 0,65) B) Existe argumento de direito material a ser
ao da prática da apropriação indébita, de condenação pelo apresentado em busca da absolvição de Caio? (Valor: 0,60)
crime de lesão corporal dolosa, praticada no contexto de Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas.
violência doméstica e familiar contra a mulher. No A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
momento da sentença, considerando a reincidência, o
magistrado aplicou o regime inicial fechado de
cumprimento da pena. Destacou, ainda, que, apesar de RECURSO
Hugo estar trabalhando e cuidando de filhos menores, não 14. Carleto foi denunciado pela prática do injusto de
poderia substituir a pena privativa de liberdade por homicídio simples porque teria desferido disparos, com sua
restritiva de direitos por expressa vedação legal no caso de arma regular, contra seu vizinho Mário durante uma
reincidência dolosa. Intimado da sentença, Hugo procura discussão, causando-lhe as lesões que foram a causa da
seu advogado para a adoção das medidas cabíveis. morte da vítima. Logo que recebida a denúncia, Carleto foi
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submetido à exame de insanidade mental, tendo o laudo o argumento de direito material a ser apresentado?
concluído que ele se encontrava nas condições do Art. 26, Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve
caput, do Código Penal. Finda a primeira etapa probatória fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo
do procedimento dos crimes dolosos contra a vida, no legal não confere pontuação.
momento das alegações finais, a defesa técnica de Carleto,
escorada em uma das vertentes da prova produzida, alegou
que o réu atuou em legítima defesa. O juiz, ao final da LIVRAMENTO CONDICIONAL E PRESCRIÇÃO
primeira fase do procedimento, absolveu sumariamente o 16. Carlos, 50 anos, foi condenado, de maneira definitiva,
acusado em razão da inimputabilidade reconhecida, pela prática de crime de roubo, ao cumprimento de pena de
aplicando a medida de segurança de internação pelo prazo 04 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto em razão
mínimo de 01 ano. A família de Carleto, insatisfeita com a das peculiaridades do caso, apesar de naquele momento ser
medida de segurança aplicada, procura você, como primário. Após o cumprimento de 03 anos e 10 dias da pena
advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. aplicada, considerando o período de prisão provisória,
Considerando o caso narrado, responda, na condição de Carlos veio a praticar falta grave, em 10/03/2015, dentro do
advogado(a) de Carleto, aos itens a seguir. A) Qual o recurso estabelecimento prisional, sendo que, no mesmo dia,
cabível para a defesa combater aquela decisão? Justifique. empreendeu fuga. Após processo administrativo disciplinar,
(Valor: 0,60) B) Qual a tese jurídica de direito processual inclusive com participação da defesa técnica de Carlos, foi
que a defesa de Carleto poderá alegar para combater a reconhecida a prática de falta grave. O juiz da execução
decisão respectiva? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) penal, em procedimento regular, ainda no ano de 2015,
examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera confirmou o reconhecimento da prática de falta grave e
citação do dispositivo legal não confere pontuação. determinou o reinício do prazo para obtenção do
livramento condicional. Por falhas cartorárias, a defesa
técnica de Carlos somente foi intimada da decisão em
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E CARTA PRECATÓRIA 14/03/2018. Com a intimação, Carlos, que nunca mais foi
15. Na cidade de Goiânia funciona a boate Noite Cheia, localizado para cumprimento do restante da pena, apesar
onde ocorrem shows de música ao vivo toda sexta-feira. Em do mandado de prisão em aberto, procura seu advogado,
razão da grande quantidade de frequentadores, os indaga sobre as medidas cabíveis, esclarecendo que, de
proprietários João e Maria estabeleceram que somente fato, houve prática de falta grave, mas assegurando estar
poderia ingressar na boate aquele que colocasse o nome na ressocializado e que nunca mais se envolveu com a prática
lista de convidados, até 24 horas antes do evento. Em de crimes. Considerando apenas as informações narradas,
determinada sexta-feira, Eduardo, morador de São Paulo, na condição de advogado de Carlos, responda aos itens a
comparece ao local com a intenção de assistir ao show, mas seguir. A) Em sede de Agravo à Execução, qual argumento
foi informado sobre a impossibilidade de ingresso, já que deverá ser apresentado para combater o mérito da decisão
seu nome não constava na lista. Pretendendo ingressar do magistrado? Justifique. (Valor: 0,60) B) Por meio de
ainda assim, Eduardo ofereceu vantagem indevida, qual Habeas Corpus, qual argumento de direito material poderá
seja, R$ 500,00, a Natan, integrante da segurança privada ser apresentado para evitar a execução do restante da pena
do evento, em troca de este permitir seu ingresso no local de Carlos? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a)
sem que os proprietários soubessem. Ocorre que a conduta deve fundamentar as respostas. A mera citação do
foi filmada pelas câmeras de segurança e, de imediato, dispositivo legal não confere pontuação.
Natan recusou a vantagem, sendo Eduardo encaminhado à
Delegacia mais próxima. O Ministério Público ofereceu
denúncia em face de Eduardo pela prática do crime de TRIBUNAL DO JÚRI E ATIPICIDADE FORMAL
corrupção ativa consumada, previsto no Art. 333 do Código 17. Flávio está altamente sensibilizado com o fato de que
Penal. Durante a instrução, foi expedida carta precatória sua namorada de infância faleceu. Breno, não mais
para determinada cidade de Minas Gerais, para oitiva de aguentando ver Flávio sofrer, passa a incentivar o amigo a
Natan, única testemunha, tendo em vista a mudança de dar fim à própria vida, pois, assim, nas palavras de Breno,
endereço residencial do antigo segurança do ele “novamente estaria junto do seu grande amor.” Diante
estabelecimento, não sendo a defesa de Eduardo intimada dos incentivos de Breno, Flávio resolve pular do seu
do ato, uma vez que consta expressamente do Código de apartamento, no 4º andar do prédio, mas vem a cair em um
Processo Penal que a expedição de carta precatória não canteiro de flores, sofrendo apenas arranhões leves no
suspende o feito. Após o interrogatório, a defesa de braço. Descobertos os fatos, Breno é denunciado pela
Eduardo é intimada a apresentar alegações finais. prática do crime previsto no Art. 122 do Código Penal, na
Considerando as informações narradas, na condição de forma consumada, já que ele incentivou Flávio a se suicidar.
advogado(a) de Eduardo, responda aos itens a seguir. A) Recebida a denúncia, o juiz, perante a Vara Única da
Para questionar a prova testemunhal produzida durante a Comarca onde os fatos ocorreram, determina que seja
instrução, qual o argumento de direito processual a ser observado o procedimento comum ordinário. Durante a
apresentado pela defesa? Justifique. (Valor: 0,65) B) Em instrução, todos os fatos anteriormente narrados são
busca da absolvição de Eduardo pelo delito imputado, qual confirmados. Os autos são encaminhados para as partes
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para apresentação de alegações finais. A família de Breno PROGRESSÃO DE REGIME


procura você para, na condição de advogado(a), prestar os 19. Leal cumpre pena em regime semiaberto após
esclarecimentos a seguir. A) O procedimento observado condenação definitiva pela prática de crime de lesão
durante a ação penal em desfavor de Breno foi o corporal seguida de morte, ocasião em que foi aplicada
adequado? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual o argumento a pena de 06 anos de reclusão. Após permanecer 11 meses da
ser apresentado pela defesa técnica para questionar a pena aplicada em regime semiaberto e considerando que
capitulação delitiva realizada pelo Ministério Público? trabalhou com autorização judicial, fora do estabelecimento
Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) deve penitenciário, em “serviço extramuros”, por 120 dias,
fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo pretende a obtenção de progressão para o regime aberto.
legal não confere pontuação. Diante disso, em visita realizada pela defesa técnica,
demonstra sua intenção para o advogado, informando que
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E COLABORAÇÃO não sofreu qualquer punição administrativa no período,
PREMIADA mas demonstrou preocupação com o fato de que soube,
por meio de outros detentos, que não haveria vagas
18. No interior de um coletivo, Alberto, João, Francisco e disponíveis em estabelecimentos de regime aberto no
Ronaldo, até então desconhecidos, começaram a conversar Estado. Sob o ponto de vista técnico, de acordo com a
sobre a crise financeira que assombra o país e sobre as jurisprudência pacificada dos Tribunais Superiores, na
dificuldades financeiras que estavam passando. Em condição de advogado(a) de Leal, esclareça os itens a
determinado momento da conversa, Alberto informa que seguir. A) Leal preencheu os requisitos objetivos para a
tinha um conhecido seu, Lucas, com intenção de importar progressão para o regime aberto? Justifique. (Valor: 0,65) B)
uma arma de fogo de significativo potencial ofensivo, que A inexistência de vagas no regime pretendido pelo apenado
seria um fuzil de venda proibida no Brasil, mas que ele pode ser considerada fundamento idôneo para a não
precisava da ajuda de outras pessoas para conseguir a concessão do benefício por ocasião do preenchimento dos
importação. Diante da oferta em dinheiro pelo serviço requisitos objetivos e subjetivos para progressão?
específico, todos concordaram em participar do plano Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve
criminoso, sendo que Alberto iria ao exterior adquirir a fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo
arma, João alugaria um barco para trazer o material, legal não confere pontuação.
Francisco auxiliaria junto à imigração brasileira para que a
conduta não fosse descoberta e Ronaldo entregaria o
material para Lucas, que era o mentor do plano. Após toda PROVA ILÍCITA
a organização do grupo e divisão de tarefas, assustado com 20. Em patrulhamento de rotina, policiais militares
as informações veiculadas na mídia sobre as punições de receberam uma informação não identificada de que
crime de organização criminosa, Francisco comparece ao Wesley, que estava parado em frente à padaria naquele
Ministério Público com seu advogado e indica a intenção de momento, estaria envolvido com o tráfico de drogas da
realizar delação premiada. Participaram das negociações do localidade. Diante disso, os policiais identificaram e
acordo Francisco, sua defesa técnica, o membro do realizaram a abordagem de Wesley, não sendo, em um
Ministério Público com atribuição e o juiz que seria primeiro momento, encontrado qualquer material ilícito
competente para julgamento, sendo acordada a redução de com ele. Diante da notícia recebida momentos antes da
1/3 da pena em relação ao crime de organização criminosa. abordagem, porém, e considerando que o crime de
Após ser denunciado junto com Alberto, João, Ronaldo e associação para o tráfico seria de natureza permanente, os
Lucas pela prática do crime de organização criminosa (Art. policiais apreenderam o celular de Wesley e, sem
2º, da Lei nº 12.850/2013), Francisco contrata você, como autorização, passaram a ter acesso às fotografias e
novo(a) advogado(a), para patrocinar seus interesses. Na conversas no WhatsApp, sendo verificado que existiam
condição de advogado(a) de Francisco, com base apenas fotos armazenadas de Wesley portando suposta arma de
nas informações narradas, esclareça os itens a seguir. A) fogo, bem como conversas sobre compra e venda de
Considerando que aquela delação premiada não seria material entorpecente. Entendendo pela existência de
benéfica ao seu cliente, existe argumento a ser apresentado flagrante em relação ao crime permanente de associação
em busca de desconstituir o acordo celebrado quanto ao para o tráfico, Wesley foi encaminhado para a Delegacia,
seu aspecto formal? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual sendo lavrado auto de prisão em flagrante. Após liberdade
argumento de direito material deve ser apresentado para concedida em audiência de custódia, Wesley é denunciado
questionar a capitulação jurídica realizada pelo Ministério como incurso nas sanções do Art. 35 da Lei nº 11.343/06.
Público na denúncia? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) No curso da instrução, foram acostadas imagens das
examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera conversas de Wesley via aplicativo a que os agentes da lei
citação do dispositivo legal não confere pontuação. tiveram acesso, assim como das fotografias. Os policiais
foram ouvidos em audiência, ocasião em que confirmaram
as circunstâncias do flagrante. O réu exerceu seu direito ao
silêncio. Com base nas fotografias acostadas, o juiz
competente julgou a pretensão punitiva do estado
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procedente, aplicando a pena mínima de 03 anos de SURSIS PROCESSUAL E ESCUSA ABSOLUTÓRIA


reclusão, além de multa, e fixando o regime inicial fechado, 22. Vitor, 23 anos, decide emprestar sua motocicleta, que é
já que o crime imputado seria equiparado a hediondo. seu instrumento de trabalho, para seu pai, Francisco, 45
Ainda assim, substituiu a pena privativa de liberdade por anos, por um mês, já que este se encontrava em dificuldade
restritiva de direitos. Considerando as informações financeira. Após o prazo do empréstimo, Vitor, que não
narradas, responda, na condição de advogado(a) de Wesley, residia com Francisco, solicitou a devolução da motocicleta,
intimado(a) para apresentação de recurso de apelação. A) mas este se recusou a devolver e passou a atuar como se
Existe argumento a ser apresentado para questionar as proprietário do bem fosse, inclusive anunciando sua venda.
provas utilizadas pelo magistrado como fundamento para Diante do registro dos fatos em sede policial, o Ministério
condenação? Justifique. (Valor: 0,65) B) Mantida a Público ofereceu denúncia em face de Francisco,
condenação, qual o argumento a ser apresentado para imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 168, § 1º,
questionar a sanção penal aplicada? Justifique. (Valor: 0,60) inciso II, do Código Penal. Após a confirmação dos fatos em
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. juízo e a juntada da Folha de Antecedentes Criminais sem
A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. qualquer outra anotação, o magistrado julgou parcialmente
procedente a pretensão punitiva, afastando a causa de
CONCURSO DE CRIMES E INTIMAÇÃO DO ADVOGADO aumento, mas condenando Francisco, pela prática do crime
de apropriação indébita simples, à pena mínima prevista
21. Eduardo foi preso em flagrante no momento em que para o delito em questão (01 ano), substituindo a pena
praticava um crime de roubo simples, no bairro de Moema. privativa de liberdade por restritiva de direito.
Ainda na unidade policial, compareceram quatro outras Considerando apenas as informações narradas no
vítimas, todas narrando que tiveram seus patrimônios enunciado, na condição de advogado(a) de Francisco,
lesados por Eduardo naquela mesma data, com intervalo de responda aos itens a seguir. A) Para combater a decisão do
cerca de 30 minutos entre cada fato, no bairro de Moema, magistrado, que, após afastar a causa de aumento,
São Paulo. As cinco vítimas descreveram que Eduardo, imediatamente decidiu por condenar o réu pela prática do
simulando portar arma de fogo, anunciava o assalto e crime de apropriação indébita simples, qual argumento de
subtraía os bens, empreendendo fuga em uma bicicleta. direito processual poderia ser apresentado? Justifique.
Eduardo foi denunciado pela prática do crime do Art. 157, (Valor: 0,60) B) Qual argumento de direito material, em
caput, por cinco vezes, na forma do Art. 69, ambos do sede de apelação, poderia ser apresentado em busca de
Código Penal, e, em sede de audiência, as vítimas evitar a punição de Francisco? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.:
confirmaram a versão fornecida em sede policial. Assistido o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera
por seu advogado Pedro, Eduardo confessou os crimes, citação do dispositivo legal não confere pontuação.
esclarecendo que pretendia subtrair bens de seis vítimas
para conseguir dinheiro suficiente para comprar uma
motocicleta. Disse, ainda, que apenas simulou portar arma RECURSO E RESE
de fogo, mas não utilizou efetivamente material bélico ou 23. Vitor efetuou disparos de arma de fogo contra José, com
simulacro de arma. O juiz, no momento da sentença, a intenção de causar sua morte. Ocorre que, por erro
condenou o réu nos termos da denúncia, sendo aplicada a durante a execução, os disparos atingiram a perna de seu
pena mínima de 04 anos para cada um dos delitos, inimigo e não o peito, como pretendido. Esgotada a
totalizando 20 anos de pena privativa de liberdade a ser munição disponível, Vitor empreendeu fuga, enquanto José
cumprida em regime inicial fechado, além da multa. Ao ser solicitou a ajuda de populares e compareceu, de imediato,
intimado do teor da sentença, pessoalmente, já que se ao hospital para atendimento médico. Após o atendimento
encontrava preso, Eduardo tomou conhecimento que Pedro médico, já no quarto com curativos, enquanto dormia, José
havia falecido, mas que foram apresentadas alegações finais vem a ser picado por um escorpião, vindo a falecer no dia
pela Defensoria Pública por determinação do magistrado seguinte em razão do veneno do animal, exclusivamente.
logo em seguida à informação do falecimento do patrono. A Descobertos os fatos, considerando que José somente
família de Eduardo, então, procura você, na condição de estava no hospital em razão do comportamento de Vitor, o
advogado(a), para defendê-lo. Considerando apenas as Ministério Público oferece denúncia em face do autor dos
informações narradas, responda, na condição de disparos pela prática do crime de homicídio consumado,
advogado(a) de Eduardo, constituído para apresentação de previsto no Art. 121, caput, do Código Penal. Após regular
apelação, aos itens a seguir. A) Existe argumento de direito prosseguimento do feito, na audiência de instrução e
processual, em sede de recurso, a ser apresentado para julgamento da primeira fase do procedimento do Tribunal
desconstituir a sentença condenatória? Justifique. (Valor: do Júri, quando da oitiva das testemunhas, o magistrado em
0,65) B) Diante da confirmação dos fatos pelo réu, qual atuação optou por iniciar a oitiva das testemunhas
argumento de direito material poderá ser apresentado, em formulando diretamente suas perguntas, sem permitir às
sede de apelação, em busca da redução da sanção penal partes complementação. Após alegações finais orais das
aplicada? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) partes, o magistrado proferiu decisão de pronúncia. Apesar
deve fundamentar suas respostas. A mera citação do da impugnação da defesa quanto à formulação das
dispositivo legal não confere pontuação. perguntas pelo juiz, o magistrado esclareceu que não
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importaria quem fez a pergunta, pois as respostas seriam as fato, estava com sua arma de fogo na bolsa, mas que ela
mesmas. Com base apenas nas informações narradas, na apenas pegara seu telefone celular para ligar para João.
condição de advogado(a) de Vitor, responda aos itens a Após denúncia pela prática do crime de homicídio
seguir. A) Qual o recurso cabível da decisão proferida pelo qualificado e encerrada a instrução da primeira fase do
magistrado e qual argumento de direito processual pode procedimento do Tribunal do Júri, entendeu o magistrado
ser apresentado em busca da desconstituição de tal por pronunciar Maria nos termos da inicial acusatória. Com
decisão? Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe argumento de base nas informações expostas, responda, na condição de
direito material a ser apresentado, em momento oportuno, advogado(a) de Maria, aos itens a seguir. A) Qual o recurso
para questionar a capitulação jurídica apresentada pelo cabível da decisão proferida pelo magistrado? Caso tivesse
Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,60) ocorrido a impronúncia, o recurso pela parte interessada
seria o mesmo? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual a tese de
direito material a ser apresentada em sede de recurso para
RECURSO E DECADÊNCIA combater a decisão de submeter a ré ao julgamento pelo
24. Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex- Tribunal do Júri? Justifique. (Valor: 0,60)
namorada de seu companheiro, foi, em 20 de julho de 2017,
até a rua em que esta reside. Verificando que o automóvel
de Renata estava em via pública, Larissa quebra o vidro COMPETÊNCIA
dianteiro do veículo, exatamente com a intenção de 26. Na manhã do dia 09 de outubro de 2018, Talles, na
deteriorar coisa alheia. Na manhã seguinte, Renata cidade de Bom Jesus de Itabapoana, praticou 03 crimes de
constatou o dano causado ao seu carro, mas não furto simples em continuidade delitiva, subtraindo, do
identificou, em um primeiro momento, quem seria o autor primeiro estabelecimento, dinheiro e uma arma de
do crime. Solicitou, então, a instauração de inquérito brinquedo; do segundo estabelecimento, uma touca ninja e
policial, em 25 de julho de 2017. Após diligências, foi um celular; e, do terceiro estabelecimento, uma
identificado, em 23 de outubro de 2017, que Larissa seria a motocicleta. De posse dos bens subtraídos, Talles foi até a
autora do fato e que o prejuízo era de R$ 150,00, tendo sido cidade de Cardoso Moreira, abordou Joana, que passava
a informação imediatamente passada à vítima Renata. Com pela rua segurando seu celular, e, utilizando-se do
viagem marcada, Renata somente procurou seu advogado simulacro da arma para emprego de grave ameaça e da
em 21 de fevereiro de 2018, informando sobre o interesse touca, seguroua pelos braços e subtraiu o celular de suas
em apresentar queixa-crime em face da autora dos fatos. mãos. De imediato, Talles empreendeu fuga, mas Joana
Assim, o advogado de Renata apresentou queixa-crime em compareceu em sede policial, narrou o ocorrido e Talles foi
face de Larissa, imputando o crime do Art. 163, caput, do localizado e preso em flagrante na cidade de São Fidélis,
Código Penal, em 28 de fevereiro de 2018, perante o ainda na posse dos bens da vítima e da motocicleta
Juizado Especial Criminal competente, tendo sido proferida utilizada. Assegurado o direito ao silêncio e o
decisão pelo magistrado de rejeição da queixa, em razão da acompanhamento da defesa técnica, Talles prestou
decadência, em 07/03/2018. A defesa técnica é intimada da declarações na delegacia e confessou integralmente os
decisão. Considerando as informações narradas, na fatos, sendo ele indiciado pela prática dos crimes previstos
condição de advogado(a) de Renata, responda aos itens a no Art. 155, caput, por três vezes, n/f do Art. 71 do CP e do
seguir. A) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da Art. 157, § 2º, inciso V, também do CP. Considerando as
queixa-crime apresentada por Renata? Indique o informações expostas, responda, na condição de
fundamento legal e o prazo de interposição. (Valor: 0,65) B) advogado(a) de Talles, aos itens a seguir. A) Considerando
Qual o argumento para combater o mérito da decisão do que os delitos são conexos, de qual cidade será o juízo
magistrado de rejeição da denúncia? Justifique. (Valor: criminal competente para o julgamento de Talles?
0,60) Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o argumento de direito
material para questionar a capitulação delitiva realizada
pela autoridade policial? Justifique. (Valor: 0,60)
RECURSO E JÚRI
25. Revoltada com o fato de que sua melhor amiga Clara
estaria se relacionando com seu ex-companheiro João, PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E PROVA TESTEMUNHAL
Maria a procurou e iniciou uma discussão. Durante a 27. Em processo no qual se imputava a Antônio a prática do
discussão, Clara, policial militar, afirmou que, se Maria a crime de constituição de milícia privada, foi designada
xingasse novamente, ela a mataria gastando apenas uma audiência de instrução e julgamento para oitiva das
munição da sua arma. Persistindo na discussão, Maria testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa. No dia
voltou a ofender Clara. Esta, então, abriu sua bolsa e pegou da audiência, as testemunhas de acusação não
um bem de cor preta. Acreditando que Clara cumpriria sua compareceram, determinando o magistrado, por economia
ameaça, Maria desferiu um golpe na cabeça da rival, processual, a oitiva das testemunhas de defesa presentes,
utilizando um pedaço de pau que estava no chão. A perícia apesar de o advogado de Antônio se insurgir contra esse
constatou que o golpe foi a causa eficiente da morte de fato. Na ocasião, foram ouvidas três testemunhas de
Clara. Posteriormente, também foi constatado que Clara, de defesa, dentre as quais Pablo, que prestou declarações
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falsas para auxiliar o colega nesse processo criminal. NULIDADE E LEI DE DROGAS
Identificada sua conduta, porém, houve extração de peças 29. Chegou ao Ministério Público denúncia de pessoa
ao Ministério Público, que, em 09 de abril de 2019, identificada apontando Cássio como traficante de drogas.
ofereceu denúncia em face de Pablo, imputando-lhe a Com base nessa informação, entendendo haver indícios de
prática do crime de falso testemunho na forma majorada. autoria e não havendo outra forma de obter prova do
No processo de Antônio, foi designada nova audiência de crime, a autoridade policial representou pela interceptação
instrução e julgamento, ocasião em que foram ouvidas as da linha telefônica que seria utilizada por Cássio e que fora
testemunhas de acusação; novamente, Pablo, a seu pedido, mencionada na denúncia recebida, tendo o juiz da comarca
prestou declarações, confirmando que havia mentido na deferido a medida pelo prazo inicial de 30 dias. Nas
audiência anterior, mas que agora contava a verdade, o que conversas ouvidas, ficou certo que Cássio havia adquirido
veio a prejudicar a própria defesa do réu. Com base nas certa quantidade de cocaína, pela primeira vez, para ser
declarações das testemunhas de acusação e nas novas consumida por ele, juntamente com seus amigos Pedro e
declarações de Pablo, Antônio veio a ser condenado. Pablo, Paulo, na comemoração de seu aniversário, no dia seguinte.
por sua vez, em seu processo pelo crime de falso Diante dessa prova, policiais militares obtiveram ordem
testemunho, também veio a ser condenado, reconhecendo judicial e chegaram à casa de Cássio quando este consumia
o magistrado a atenuante do Art. 65, inciso III, alínea b, do e oferecia a seus amigos os seis papelotes de cocaína para
Código Penal. Considerando as informações narradas, juntos consumirem. Cássio, portador de maus
responda, na condição de advogado(a) de Antônio e Pablo. antecedentes, foi preso em flagrante e autuado pela prática
A) Qual argumento de direito processual poderá ser do crime de tráfico, sendo, depois, denunciado como
apresentado por você para desconstituir a sentença incurso nas penas do Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06.
condenatória do réu? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o Considerando os fatos narrados, responda, na qualidade de
argumento de direito material a ser apresentado pela advogado(a) de Cássio, aos itens a seguir. A) Qual a tese de
defesa técnica de Pablo para questionar a sentença direito processual a ser suscitada para afastar a validade da
condenatória? Justifique. (Valor: 0,60) prova obtida? (Valor: 0,65) B) Reconhecidos como
verdadeiros os fatos narrados, qual a tese de direito
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA material a ser alegada para tornar menos gravosa a
tipificação da conduta de Cássio? (Valor: 0,60) Obs.: o(a)
28. Maria foi denunciada pela suposta prática do crime de examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera
descaminho, tendo em vista que teria deixado de recolher citação do dispositivo legal não confere pontuação.
impostos que totalizavam R$ 500,00 (quinhentos reais) pela
saída de mercadoria, fato constatado graças ao lançamento
definitivo realizado pela Administração Pública. SURSIS
Considerando que constava da Folha de Antecedentes 30. No dia 11/01/2016, Arnaldo, nascido em 01/02/1943,
Criminais de Maria outro processo pela suposta prática de primário e de bons antecedentes, enquanto estava em um
crime de roubo, inclusive estando Maria atualmente presa bar, desferiu pauladas na perna e socos na face de Severino,
em razão dessa outra ação penal, o Ministério Público nascido em 30/03/1980, por acreditar que este
deixou de oferecer proposta de suspensão condicional do demonstrara interesse amoroso em sua neta de apenas 16
processo. Após a instrução criminal em que foram anos. As agressões praticadas por Arnaldo geraram
observadas as formalidades legais, sendo Maria assistida deformidade permanente em Severino, que, revoltado com
pela Defensoria Pública, foi a ré condenada nos termos da o ocorrido, foi morar em outro estado. Denunciado pela
denúncia. A pena aplicada foi a mínima prevista para o prática do crime do Art. 129, § 2º, inciso IV, do Código
delito, a ser cumprida em regime inicial aberto, substituída Penal, Arnaldo confessou em juízo, durante o
por restritiva de direitos. Maria foi intimada da sentença interrogatório, as agressões; contudo, não foram acostados
através de edital, pois não localizada no endereço constante aos autos boletim de atendimento médico e exame de
do processo. A família de Maria, ao tomar conhecimento do corpo de delito da vítima, que também não foi localizada
teor da sentença, procura você, na condição de para ser ouvida. As testemunhas confirmaram ter visto
advogado(a) para prestar esclarecimentos técnicos. Informa Arnaldo desferir um soco em Severino, mas não viram se da
estar preocupada com o prazo recursal, já que Maria ainda agressão resultou lesão. Em sentença, diante da confissão,
não tinha conhecimento da condenação, pois permanecia Arnaldo foi condenado a pena de 03 anos de reclusão,
presa. Na condição de advogado(a), esclareça os seguintes deixando o magistrado de substituir a pena privativa de
questionamentos formulados pela família da ré. A) Existe liberdade por restritiva de direitos em virtude da violência.
argumento de direito processual para questionar a Considerando a situação narrada, na condição de
intimação de Maria do teor da sentença condenatória? advogado(a) de Arnaldo, responda aos itens a seguir. A) Em
Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual argumento de direito sede de recurso de apelação, qual argumento poderá ser
material poderá ser apresentado, em eventual recurso, em apresentado em busca da absolvição de Arnaldo? Justifique.
busca da absolvição de Maria? Justifique. (Valor: 0,65). (Valor: 0,65) B) Ainda em sede de apelação, existe algum
benefício legal a ser requerido pela defesa de Arnaldo para
evitar a execução da pena, caso sejam mantidas a
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condenação e a sanção penal imposta? Justifique. (Valor: alegação defensiva de direito material a ser apresentada em
0,60) busca da absolvição do denunciado? Justifique. (Valor: 0,65)

NULIDADE E LEI PENAL NO TEMPO REVISÃO CRIMINAL E ATIPICIDADE


31. José Barbosa, nascido em 11/03/1998, caminhava para 33. No dia 10 de setembro de 2014, Maria conversava na
casa após sair da faculdade, às 11h da manhã, no dia rua com amigas da escola, quando passou pelo local Túlio,
07/03/2016, quando se deparou com Daniel, ex-namorado jovem de 19 anos, que ficou interessado em conhecer Maria
de sua atual companheira, conversando com esta. Em razão em razão da beleza desta. Um mês após se conhecerem e
de ciúmes, retirou a faca que trazia na mochila e aplicou iniciarem um relacionamento, Túlio e Maria passaram a ter
numerosas facadas no peito de Daniel, com a intenção de relações sexuais, apesar de Maria ter informado ao
matá-lo. Daniel recebeu pronto atendimento médico, foi namorado que nascera em 09 de julho de 2001. Ao tomar
encaminhado para um hospital de Niterói, mas faleceu 05 conhecimento dos fatos, o Ministério Público denunciou
dias após os golpes de faca. Já no dia 08/03/2016, policiais Túlio pela prática do crime do Art. 217-A do Código Penal.
militares, informados sobre o fato ocorrido no dia anterior, Após a instrução e juntada da carteira de identidade de
comparecem à residência de José Barbosa, já que um dos Maria, na qual constava seu nascimento em 09 de julho de
agentes da lei era seu vizinho. Apesar de não ter ninguém 2001, Túlio foi condenado nos termos da denúncia, tendo
em casa, a janela estava aberta, e os policiais puderam ver ocorrido o trânsito em julgado. Dois anos após a sentença
seu interior, verificando que havia uma faca suja de sangue condenatória, os pais de Maria procuram os familiares de
escondida junto ao sofá. Diante disso, para evitar que José Túlio e narram que se sentiam mal pelo ocorrido, porque
Barbosa desaparecesse com a arma utilizada, ingressaram sempre consideraram o condenado um bom namorado para
no imóvel e apreenderam a arma branca, que foi a filha. Afirmaram, ainda, que autorizavam o namoro,
devidamente apresentada pela autoridade policial. Com porque, na verdade, consideravam sua filha uma jovem, já
base na prova produzida a partir da apreensão da faca, o que ela nasceu em 09 de julho de 2000, mas somente foi
Ministério Público oferece denúncia em face de José registrada no ano seguinte, pois tinham o sonho de sua filha
Barbosa, imputando-lhe a prática do crime de homicídio ser profissional do esporte e entenderam que o registro
consumado. Considerando a situação narrada, na condição tardio a beneficiaria profissionalmente. Diante de tais
de advogado(a) de José Barbosa, responda aos itens a informações, em posse de fotografias que comprovam que
seguir. A) Qual argumento a ser apresentado pela defesa Maria, de fato, nasceu em 09 de julho de 2000 e da
técnica do denunciado para combater a prova decorrente retificação no registro civil, os familiares de Túlio procuram
da apreensão da faca? Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe você na condição de advogado(a). Na condição de
argumento de direito material a ser apresentado em favor advogado(a) de Túlio, considerando apenas as informações
de José Barbosa para evitar o prosseguimento da ação narradas, responda aos itens a seguir. A) Diante do trânsito
penal? Justifique. (Valor: 0,60) em julgado da sentença condenatória, existe medida
judicial a ser apresentada em favor de Túlio, diferente de
habeas corpus, em busca da desconstituição da sentença?
ERRO DE TIPO E SUSPEIÇÃO Justifique e indique, em caso positivo. (Valor: 0,65) B) Qual
32. Em inquérito policial, Antônio é indiciado pela prática de argumento de direito material deverá ser apresentado
crime de estupro de vulnerável, figurando como vítima pelo(a) patrono(a) de Túlio em busca da desconstituição da
Joana, filha da grande amiga da Promotora de Justiça Carla, sentença? Justifique. (Valor: 0,60)
que, inclusive, aconselhou a família sobre como agir diante
do ocorrido. Segundo consta do inquérito, Antônio
encontrou Joana durante uma festa de música eletrônica e, RECURSO E LIVRAMENTO CONDICIONAL
após conversa em que Joana afirmara que cursava a 34. Gabriel, condenado pela prática do crime de porte de
Faculdade de Direito, foram para um motel onde arma de fogo de uso restrito, obteve livramento condicional
mantiveram relações sexuais, vindo Antônio, quando restava 01 ano e 06 meses de pena privativa de
posteriormente, a tomar conhecimento de que Joana tinha liberdade a ser cumprida. No curso do livramento
apenas 13 anos de idade. Recebido o inquérito concluído, condicional, após 06 meses da obtenção do benefício, vem
Carla oferece denúncia em face de Antônio, imputando-lhe Gabriel a ser novamente condenado, definitivamente, pela
a prática do crime previsto no Art. 217-A do Código Penal, prática de crime de roubo, que havia sido praticado antes
ressaltando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal mesmo do delito de porte de arma de fogo, mas cuja
no sentido de que, para a configuração do delito, não se instrução foi prolongada. Diante da nova condenação, o
deve analisar o passado da vítima, bastando que a mesma magistrado competente revogou o livramento condicional
seja menor de 14 anos. Considerando a situação narrada, na concedido e determinou que Gabriel deve cumprir aquele
condição de advogado(a) de Antônio, responda aos itens a 01 ano e 06 meses de pena restante quando da obtenção
seguir. A) Existe alguma medida a ser apresentada pela do livramento em relação ao crime de porte, além da nova
defesa técnica para impedir Carla de participar do sanção imposta em razão do roubo. Considerando a
processo? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual a principal situação narrada, na condição de advogado(a) de Gabriel,
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responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso cabível da verdadeiramente, a pretensão do grupo era apenas a
decisão do magistrado que revogou o benefício do prática de crimes de receptação simples. Após a obtenção
livramento condicional e determinou o cumprimento da das provas necessárias, Aroldo, Bernardo, Caio e David são
pena restante quando da obtenção do benefício? É cabível denunciados pela prática do crime previsto no Art. 2º da Lei
juízo de retratação em tal modalidade recursal? Justifique. nº 12.850/13. Na condição de advogado(a) dos
(Valor: 0,65) B) Qual argumento deverá ser apresentado denunciados, considerando apenas as informações
pela defesa de Gabriel para combater a decisão do narradas, responda aos questionamentos a seguir. A) A
magistrado? Justifique. (Valor: 0,60) infiltração de agentes determinada pela autoridade policial
foi válida? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o argumento de
direito material a ser apresentado pela defesa em busca da
CONTRAVENÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA não condenação dos denunciados da prática do crime
35. Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, imputado? Justifique. (Valor: 0,60).
Maurício iniciou a execução de determinada contravenção
penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de
patrimônio de entidade autárquica federal, mas a infração TRANSAÇÃO PENAL
penal não veio a se consumar por circunstâncias alheias à 37. No dia 29 de dezembro de 2011, Cláudio, 30 anos,
sua vontade. Ao tomar conhecimento dos fatos, o profissional do ramo de informática, invadiu dispositivo
Ministério Público dá início a procedimento criminal informático alheio, mediante violação indevida de
perante juízo do Tribunal Regional Federal com mecanismo de segurança, com o fim de obter informações
competência para atuar no local dos fatos, imputando ao pessoais de famoso ator da televisão brasileira, sem
agente a prática da contravenção penal em sua modalidade autorização do titular do dispositivo. Após longa
tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal. investigação e representação da vítima, o fato e a autoria
Maurício conversa com sua família e procura um(a) de Cláudio foram identificados no ano de 2014, vindo o
advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando autor a ser indiciado e, posteriormente, oferecida pelo
que não tem interesse em aceitar transação penal, Ministério Público proposta de transação penal em razão da
suspensão condicional do processo ou qualquer outro prática do crime do Art. 154-A do Código Penal, dispositivo
benefício despenalizador. Com base apenas nas este incluído pela Lei nº 12737/12. Cláudio aceitou a
informações narradas e na condição de advogado(a) de proposta de transação penal, mas, em julho de 2015,
Maurício, responda: A) Considerando que a contravenção interrompeu o cumprimento das condições impostas.
penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade Temeroso em razão de sua conduta, Cláudio procura seu
autárquica federal, o órgão perante o qual o procedimento advogado, informando que não justificou o
criminal foi iniciado é competente para julgamento da descumprimento e, diante disso, o Ministério Público
infração penal imputada? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual ofereceu denúncia por aquele delito, tendo o juiz
argumento de direito material deverá ser apresentado para competente recebido a inicial acusatória em agosto de
evitar a punição de Maurício? Justifique. (Valor: 0,60) 2015. Considerando apenas as informações narradas,
esclareça, na condição de advogado(a) prestando
consultoria jurídica para Cláudio, os seguintes
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E AGENTE INFILTRADO questionamentos. A) De acordo com a jurisprudência do
36. Aroldo, Bernardo, Caio e David, que se conheceram em Supremo Tribunal Federal, é possível a revogação do
razão de todos exercerem a função de pintores de benefício da transação penal pelo descumprimento das
residências, durante diversas quartas-feiras do ano de 2015 condições impostas, com posterior oferecimento de
encontravam-se na garagem da residência do primeiro para denúncia? Justifique. (Valor: 0,65) B) Os fatos praticados
organizarem a prática de crimes de receptação simples. por Cláudio, de fato, permitem sua responsabilização penal
Com o objetivo de receber vantagem financeira, nos pelo crime do Art. 154-A do Código Penal? Justifique.
encontros, muito bem organizados e que ocorreram por (Valor: 0,60).
mais de 06 meses, era definido como os crimes seriam
realizados, havendo plena divisão de funções e tarefas
entre os membros do grupo. Um morador da região que PRISÃO EM FLAGRANTE E CONCURSO DE CRIMES
tinha conhecimento dos encontros, apresenta notícia 38. Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h,
criminis à autoridade policial, mas informa que acredita que retornando para suas casas após mais um dia de aula na
o grupo pretendia realizar a prática de roubos. Diante disso, faculdade, quando são abordados por Marcos, que,
instaurado o inquérito para apurar o crime de organização mediante grave ameaça de morte e utilizando simulacro de
criminosa, o delegado de polícia determina diretamente, arma de fogo, exige que ambos entreguem as mochilas e os
sem intervenção judicial, a infiltração de agentes de polícia celulares que carregavam. Após os fatos, Diego e Júlio
no grupo, de maneira velada, para obtenção de provas. Ao comparecem em sede policial, narram o ocorrido e
mesmo tempo, realiza outros atos investigatórios e obtém, descrevem as características físicas do autor do crime. Por
de forma autônoma, outras provas, que, de fato, confirmam volta das 5h da manhã do dia seguinte, policiais militares
a atividade do grupo; contudo, resta constatado que, em patrulhamento se deparam com Marcos nas
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proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as HOMICÍDIO


mesmas características físicas do roubador. Todavia, não 40. Manoel conduzia sua bicicleta, levando em seu colo,
são encontrados com Marcos quaisquer dos bens sem qualquer observância às regras de segurança, seu filho
subtraídos, nem o simulacro de arma de fogo. Ele é de 02 anos de idade. Para tornar o passeio do filho mais
encaminhado para a Delegacia e, tendo-se verificado que divertido, Manoel pedalava em alta velocidade, quando, em
era triplamente reincidente na prática de crimes determinado momento, perdeu o controle da bicicleta e
patrimoniais, a autoridade policial liga para as residências caiu, vindo seu filho a bater a cabeça e falecer de imediato.
de Diego e Júlio, que comparecem em sede policial e, em Após ser instaurado procedimento para investigar os fatos,
observância de todas as formalidades legais, realizam o a perícia constata que, de fato, Manoel estava em alta
reconhecimento de Marcos como responsável pelo assalto. velocidade e não havia qualquer segurança para o filho em
O Delegado, então, lavra auto de prisão em flagrante em seu colo. O Ministério Público oferece denúncia em face de
desfavor de Marcos, permanecendo este preso, e o indicia Manoel, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art.
pela prática do crime previsto no Art. 157, caput, do Código 121, §§ 3º e 4º, do Código Penal, já que a vítima era menor
Penal, por duas vezes, na forma do Art. 69 do Código Penal. de 14 anos. Durante a instrução, todos os fatos são
Diante disso, Marcos liga para seu advogado para informar confirmados por diversos meios de prova. Considerando
sua prisão. Este comparece, imediatamente, em sede apenas as informações narradas, responda, na qualidade de
policial, para acesso aos autos do procedimento originado advogado(a) de Manoel, aos itens a seguir. A) A capitulação
do Auto de Prisão em Flagrante. Considerando apenas as delitiva realizada pelo Ministério Público está integralmente
informações narradas, na condição de advogado de Marcos, correta? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual argumento a ser
responda, de acordo com a jurisprudência dos Tribunais apresentado para evitar a punição de Manoel pelo crime de
Superiores, aos itens a seguir. A) Qual requerimento deverá homicídio culposo? Justifique. (Valor: 0,65)
ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de
Marcos e sob qual fundamento? Justifique. (Valor: 0,65) B)
Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO E RELAXAMENTO
argumento de direito material poderá ser apresentado pela 41. Matheus conduzia seu automóvel em alta velocidade.
defesa para questionar a capitulação delitiva constante da Em razão de manobra indevida, acabou por atropelar uma
nota de culpa, em busca de uma punição mais branda? vítima, causando-lhe lesões corporais. Com a chegada da
Justifique. (Valor: 0,60). Polícia Militar, foi solicitado que Matheus realizasse exame
de etilômetro (bafômetro); diante de sua recusa, foi
LIBERDADE PROVISÓRIA E ESTADO DE NECESSIDADE informado pela autoridade policial, que comparecera ao
local, que ele seria obrigado a realizar o exame para
39.Pablo, que possui quatro condenações pela prática de verificar eventual prática também do crime previsto no Art.
crimes com violência ou grave ameaça à pessoa, estava no 306 da Lei nº 9.503/97. Diante da afirmativa da autoridade
quintal de sua residência brincando com seu filho, quando policial, Matheus, apesar de não desejar, viu-se obrigado a
ingressa em seu terreno um cachorro sem coleira. O animal realizar o teste do bafômetro. Após conclusão do inquérito
adota um comportamento agressivo e começa a tentar policial, com oitiva e representação da vítima, foi o feito
atacar a criança de 05 anos, que brincava no quintal com o encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia
pai. Diante disso, Pablo pega um pedaço de pau que estava imputando a Matheus apenas a prática do crime do Art.
no chão e desfere forte golpe na cabeça no cachorro, vindo 303, da Lei nº 9.503/97, prosseguindo as investigações com
o animal a falecer. No momento seguinte, chega ao local o relação ao crime do Art. 306 do mesmo diploma legal. Ainda
dono do cachorro, que, inconformado com a morte deste, na exordial acusatória, foi requerida a decretação da prisão
chama a polícia, que realiza a prisão em flagrante de Pablo preventiva de Matheus, pelo risco de reiteração delitiva,
pela prática do crime do Art. 32 da Lei nº 9.605/98. Os fatos tendo em vista que ele seria reincidente específico, já que a
acima descritos são integralmente confirmados no inquérito única anotação constante de sua Folha de Antecedentes
pelas testemunhas. Considerando que Pablo é Criminais, para além do presente processo, seria a
multirreincidente na prática de crimes graves, o Ministério condenação definitiva pela prática de outro crime de lesão
Público se manifesta pela conversão do flagrante em corporal culposa praticada na direção de veículo automotor.
preventiva, afirmando o risco à ordem pública pela No recebimento da denúncia, o juiz competente decretou a
reiteração delitiva. Considerando as informações narradas, prisão preventiva. Considerando as informações narradas,
na condição de advogado(a) de Pablo, que deverá se na condição de advogado(a) de Matheus, responda aos
manifestar antes da decisão do magistrado quanto ao itens a seguir. A) Poderia Matheus ter sido obrigado a
requerimento do Ministério Público, responda aos itens a realizar o teste de bafômetro, conforme informado pela
seguir. A) Qual pedido deverá ser formulado pela defesa de autoridade policial, mesmo diante de sua recusa? Justifique.
Pablo para evitar o acolhimento da manifestação pela (Valor: 0,60) B) Qual requerimento deveria ser formulado,
conversão da prisão em flagrante em preventiva? Justifique. em busca da liberdade de Matheus, diante da decisão do
(Valor: 0,60) B) Sendo oferecida denúncia, qual argumento magistrado, que decretou sua prisão preventiva em razão
de direito material poderá ser apresentado em busca da de sua reincidência? Justifique. (Valor: 0,65)
absolvição de Pablo? Justifique. (Valor: 0,65)
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PRD E REGIME ABERTO COMPETÊNCIA E SEQUESTRO


42. Após regular processamento em que figurava na 44. Na manhã do dia 09 de outubro de 2018, Talles, na
condição de réu solto, Hugo foi condenado pela prática de cidade de Bom Jesus de Itabapoana, praticou 03 crimes de
crime de apropriação indébita majorada ao cumprimento furto simples em continuidade delitiva, subtraindo, do
da pena de 01 ano e 06 meses de reclusão e 14 dias-multa, primeiro estabelecimento, dinheiro e uma arma de
sendo reconhecida a agravante da reincidência, tendo em brinquedo; do segundo estabelecimento, uma touca ninja e
vista que foi juntada aos autos Folha de Antecedentes um celular; e, do terceiro estabelecimento, uma
Criminais a demonstrar trânsito em julgado, no ano anterior motocicleta. De posse dos bens subtraídos, Talles foi até a
ao da prática da apropriação indébita, de condenação pelo cidade de Cardoso Moreira, abordou Joana, que passava
crime de lesão corporal dolosa, praticada no contexto de pela rua segurando seu celular, e, utilizando-se do
violência doméstica e familiar contra a mulher. No simulacro da arma para emprego de grave ameaça e da
momento da sentença, considerando a reincidência, o touca, seguroua pelos braços e subtraiu o celular de suas
magistrado aplicou o regime inicial fechado de mãos. De imediato, Talles empreendeu fuga, mas Joana
cumprimento da pena. Destacou, ainda, que, apesar de compareceu em sede policial, narrou o ocorrido e Talles foi
Hugo estar trabalhando e cuidando de filhos menores, não localizado e preso em flagrante na cidade de São Fidélis,
poderia substituir a pena privativa de liberdade por ainda na posse dos bens da vítima e da motocicleta
restritiva de direitos por expressa vedação legal no caso de utilizada. Assegurado o direito ao silêncio e o
reincidência dolosa. Intimado da sentença, Hugo procura acompanhamento da defesa técnica, Talles prestou
seu advogado para a adoção das medidas cabíveis. declarações na delegacia e confessou integralmente os
Considerando apenas o narrado, na condição de fatos, sendo ele indiciado pela prática dos crimes previstos
advogado(a) de Hugo, responda aos questionamentos a no Art. 155, caput, por três vezes, n/f do Art. 71 do CP e do
seguir. A) Diante da reincidência, de acordo com a Art. 157, § 2º, inciso V, também do CP. Considerando as
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, existe informações expostas, responda, na condição de
argumento a ser apresentado, em sede de recurso, em advogado(a) de Talles, aos itens a seguir. A) Considerando
busca da aplicação de regime inicial mais benéfico de que os delitos são conexos, de qual cidade será o juízo
cumprimento de pena? Justifique. (Valor: 0,65) B) É criminal competente para o julgamento de Talles?
possível, em sede de recurso, buscar a substituição da pena Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o argumento de direito
privativa de liberdade por restritiva de direitos? Justifique. material para questionar a capitulação delitiva realizada
(Valor: 0,60) pela autoridade policial? Justifique. (Valor: 0,60)

FALTA GRAVE E REMIÇÃO CONCURSO DE PESSOAS E FURTO PRIVILEGIADO


43. Leal cumpre pena em regime semiaberto após 45. Caio e Bruno são irmãos e estão em dificuldades
condenação definitiva pela prática de crime de lesão financeiras. Caio, que estava sozinho em seu quarto, verifica
corporal seguida de morte, ocasião em que foi aplicada que a janela da casa dos vizinhos está aberta; então,
pena de 06 anos de reclusão. Após permanecer 11 meses da ingressa no local e subtrai um telefone celular avaliado em
pena aplicada em regime semiaberto e considerando que R$ 500,00. Ao mesmo tempo, apesar de não saber da
trabalhou com autorização judicial, fora do estabelecimento conduta de seu irmão, Bruno percebe que a porta da
penitenciário, em “serviço extramuros”, por 120 dias, residência dos vizinhos também ficou aberta. Tendo
pretende a obtenção de progressão para o regime aberto. conhecimento que os proprietários eram um casal de
Diante disso, em visita realizada pela defesa técnica, empresários muito rico, ingressa no local e subtrai uma
demonstra sua intenção para o advogado, informando que bolsa, avaliada em R$ 450,00. Os fatos são descobertos dois
não sofreu qualquer punição administrativa no período, dias depois, e Bruno e Caio são denunciados pelo crime de
mas demonstrou preocupação com o fato de que soube, furto qualificado (Art. 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal),
por meio de outros detentos, que não haveria vagas sendo acostadas as Folhas de Antecedentes Criminais (FAC),
disponíveis em estabelecimentos de regime aberto no contendo, cada uma delas, outra anotação pela suposta
Estado. Sob o ponto de vista técnico, de acordo com a prática de crime de estelionato, sem, contudo, haver
jurisprudência pacificada dos Tribunais Superiores, na condenação com trânsito em julgado em ambas. Após
condição de advogado(a) de Leal, esclareça os itens a instrução, a pretensão punitiva do Estado é julgada
seguir. A) Leal preencheu os requisitos objetivos para a procedente, sendo aplicada pena mínima de 02 anos de
progressão para o regime aberto? Justifique. (Valor: 0,65) B) reclusão e 10 dias-multa, em regime inicial aberto,
A inexistência de vagas no regime pretendido pelo apenado devidamente substituída por restritiva de direitos. Com
pode ser considerada fundamento idôneo para a não base nas informações expostas, intimado(a) para
concessão do benefício por ocasião do preenchimento dos apresentação de recurso, responda, na condição de
requisitos objetivos e subjetivos para progressão? advogado(a) de Caio e Bruno, aos itens a seguir. A) Existe
Justifique. (Valor: 0,60) argumento de direito material a ser apresentado para
questionar a capitulação jurídica apresentada pelo
Ministério Público e acolhida na sentença? (Valor: 0,60) B)
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Mantida a capitulação acolhida na sentença (Art. 155, § 4º, material entorpecente. Entendendo pela existência de
inciso IV, do Código Penal), existe argumento em busca da flagrante em relação ao crime permanente de associação
redução da pena aplicada? (Valor: 0,65) para o tráfico, Wesley foi encaminhado para a Delegacia,
sendo lavrado auto de prisão em flagrante. Após liberdade
concedida em audiência de custódia, Wesley é denunciado
PRESCRIÇÃO/INTIMAÇÃO E ATIPICIDADE FORMAL como incurso nas sanções do Art. 35 da Lei nº 11.343/06.
46. No dia 01 de janeiro de 2008, após ingerir bebida No curso da instrução, foram acostadas imagens das
alcoólica, Caio, 50 anos, policial militar reformado, efetuou conversas de Wesley via aplicativo a que os agentes da lei
dois disparos de arma de fogo em direção à parede de sua tiveram acesso, assim como das fotografias. Os policiais
casa vazia, localizada no interior de grande quintal, com foram ouvidos em audiência, ocasião em que confirmaram
arma de sua propriedade, devidamente registrada e com as circunstâncias do flagrante. O réu exerceu seu direito ao
posse autorizada. Apesar de os tiros terem sido efetuados silêncio. Com base nas fotografias acostadas, o juiz
em direção ao interior do imóvel, vizinhos que passavam competente julgou a pretensão punitiva do estado
pela rua naquele momento, ao ouvirem os disparos, procedente, aplicando a pena mínima de 03 anos de
entraram em contato com a Polícia Militar, que compareceu reclusão, além de multa, e fixando o regime inicial fechado,
ao local e constatou que as duas munições deflagradas já que o crime imputado seria equiparado a hediondo.
ficaram alojadas na parede do imóvel, sendo a perícia Ainda assim, substituiu a pena privativa de liberdade por
acostada ao procedimento. Caio obteve liberdade restritiva de direitos. Considerando as informações
provisória e foi denunciado como incurso nas sanções do narradas, responda, na condição de advogado(a) de Wesley,
Art. 15 da Lei nº 10.826/03, não sendo localizado, porém, intimado(a) para apresentação de recurso de apelação. A)
por ocasião da citação, por ter mudado de endereço, apesar Existe argumento a ser apresentado para questionar as
das diversas diligências adotadas pelo juízo. Após não ser provas utilizadas pelo magistrado como fundamento para
localizado, Caio foi corretamente citado por edital e, não condenação? Justifique. (Valor: 0,65) B) Mantida a
comparecendo, nem constituindo advogado, foi aplicado o condenação, qual o argumento a ser apresentado para
Art. 366 do Código de Processo Penal, suspendendo-se o questionar a sanção penal aplicada? Justifique. (Valor: 0,60)
processo e o curso do prazo prescricional, em 04 de abril de
2008. Em 06 de julho de 2018, o novo juiz titular da vara
criminal competente determinou que fossem realizadas RETRATAÇÃO (NÃO PUNÍVEL) E ORDEM DAS
novas diligências na tentativa de localizar o denunciado, TESTEMUNHAS
confirmando que o processo, assim como o curso do prazo 48. Em processo no qual se imputava a Antônio a prática do
prescricional, deveria permanecer suspenso. Com base nas crime de constituição de milícia privada, foi designada
informações narradas, na condição de advogado(a) de Caio, audiência de instrução e julgamento para oitiva das
que veio a tomar conhecimento dos fatos em julho de 2018, testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa. No dia
responda aos questionamentos a seguir. A) Existe da audiência, as testemunhas de acusação não
argumento para questionar a decisão do magistrado que, compareceram, determinando o magistrado, por economia
em julho de 2018, determinou que o processo e o curso do processual, a oitiva das testemunhas de defesa presentes,
prazo prescricional permanecessem suspensos? (Valor: apesar de o advogado de Antônio se insurgir contra esse
0,65) B) Existe argumento de direito material a ser fato. Na ocasião, foram ouvidas três testemunhas de
apresentado em busca da absolvição de Caio? (Valor: 0,60) defesa, dentre as quais Pablo, que prestou declarações
falsas para auxiliar o colega nesse processo criminal.
Identificada sua conduta, porém, houve extração de peças
ANALOGIA IN MALA PARTEN E SIGILO DE DADOS (PROVA ao Ministério Público, que, em 09 de abril de 2019,
ILÍCITA) ofereceu denúncia em face de Pablo, imputando-lhe a
47. Em patrulhamento de rotina, policiais militares prática do crime de falso testemunho na forma majorada.
receberam uma informação não identificada de que No processo de Antônio, foi designada nova audiência de
Wesley, que estava parado em frente à padaria naquele instrução e julgamento, ocasião em que foram ouvidas as
momento, estaria envolvido com o tráfico de drogas da testemunhas de acusação; novamente, Pablo, a seu pedido,
localidade. Diante disso, os policiais identificaram e prestou declarações, confirmando que havia mentido na
realizaram a abordagem de Wesley, não sendo, em um audiência anterior, mas que agora contava a verdade, o que
primeiro momento, encontrado qualquer material ilícito veio a prejudicar a própria defesa do réu. Com base nas
com ele. Diante da notícia recebida momentos antes da declarações das testemunhas de acusação e nas novas
abordagem, porém, e considerando que o crime de declarações de Pablo, Antônio veio a ser condenado. Pablo,
associação para o tráfico seria de natureza permanente, os por sua vez, em seu processo pelo crime de falso
policiais apreenderam o celular de Wesley e, sem testemunho, também veio a ser condenado, reconhecendo
autorização, passaram a ter acesso às fotografias e o magistrado a atenuante do Art. 65, inciso III, alínea b, do
conversas no WhatsApp, sendo verificado que existiam Código Penal. Considerando as informações narradas,
fotos armazenadas de Wesley portando suposta arma de responda, na condição de advogado(a) de Antônio e Pablo.
fogo, bem como conversas sobre compra e venda de A) Qual argumento de direito processual poderá ser
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apresentado por você para desconstituir a sentença Considerando o caso narrado, responda, na condição de
condenatória do réu? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o advogado(a) de Carleto, aos itens a seguir. A) Qual o recurso
argumento de direito material a ser apresentado pela cabível para a defesa combater aquela decisão? Justifique.
defesa técnica de Pablo para questionar a sentença (Valor: 0,60) B) Qual a tese jurídica de direito processual
condenatória? Justifique. (Valor: 0,60) que a defesa de Carleto poderá alegar para combater a
decisão respectiva? Justifique. (Valor: 0,65)

PROVA ILÍCITA E CONCURSO DE PESSOAS


49. (XXX) Beto e Juca eram vizinhos em um prédio que veio ADVOGADO E CONCURSO DE CRIMES
a ser atingido por incêndio. Em razão das longas obras que 51. Eduardo foi preso em flagrante no momento em que
seriam necessárias para recuperar os apartamentos, praticava um crime de roubo simples, no bairro de Moema.
decidem se hospedar em quarto de hotel por 06 meses, Ainda na unidade policial, compareceram quatro outras
novamente sendo vizinhos de quarto. Em determinada vítimas, todas narrando que tiveram seus patrimônios
data, policiais militares surpreenderam Juca entrando com lesados por Eduardo naquela mesma data, com intervalo de
uma sacola preta no seu quarto do hotel, ficando claro que cerca de 30 minutos entre cada fato, no bairro de Moema,
ele estava fugindo ao avistar os agentes da lei. Diante disso, São Paulo. As cinco vítimas descreveram que Eduardo,
ingressaram no quarto e apreenderam 100g de maconha, simulando portar arma de fogo, anunciava o assalto e
que estavam na sacola que Juca trazia consigo, e mais 50g subtraía os bens, empreendendo fuga em uma bicicleta.
de cocaína que estavam sendo guardadas no cômodo, Eduardo foi denunciado pela prática do crime do Art. 157,
sendo confirmado por Juca que o material seria destinado à caput, por cinco vezes, na forma do Art. 69, ambos do
venda. Em seguida, os policiais optaram por fazer diligência Código Penal, e, em sede de audiência, as vítimas
também no quarto vizinho, que era de Beto, apreendendo confirmaram a versão fornecida em sede policial. Assistido
uma série de documentos que, após investigação, foi por seu advogado Pedro, Eduardo confessou os crimes,
verificado que estavam relacionados a um crime de esclarecendo que pretendia subtrair bens de seis vítimas
estelionato. O Ministério Público ofereceu denúncia em para conseguir dinheiro suficiente para comprar uma
face de Juca pela prática de dois crimes de tráfico em motocicleta. Disse, ainda, que apenas simulou portar arma
concurso, tendo em vista que guardava cocaína e trazia de fogo, mas não utilizou efetivamente material bélico ou
consigo maconha. Já Beto, exclusivamente em razão da simulacro de arma. O juiz, no momento da sentença,
documentação apreendida, foi denunciado pelo crime de condenou o réu nos termos da denúncia, sendo aplicada a
estelionato. Considerando apenas as informações narradas, pena mínima de 04 anos para cada um dos delitos,
na condição de advogado(a) dos denunciados, responda aos totalizando 20 anos de pena privativa de liberdade a ser
itens a seguir. A) Qual argumento deve ser apresentado cumprida em regime inicial fechado, além da multa. Ao ser
pela defesa técnica, em busca da absolvição de Beto? intimado do teor da sentença, pessoalmente, já que se
Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual argumento a ser encontrava preso, Eduardo tomou conhecimento que Pedro
apresentado pela defesa técnica para questionar a havia falecido, mas que foram apresentadas alegações finais
capitulação jurídica constante na denúncia em face de Juca? pela Defensoria Pública por determinação do magistrado
Justifique. (Valor: 0,65) logo em seguida à informação do falecimento do patrono. A
família de Eduardo, então, procura você, na condição de
advogado(a), para defendê-lo. Considerando apenas as
RECURSO E JÚRI informações narradas, responda, na condição de
50. Carleto foi denunciado pela prática do injusto de advogado(a) de Eduardo, constituído para apresentação de
homicídio simples porque teria desferido disparos, com sua apelação, aos itens a seguir. A) Existe argumento de direito
arma regular, contra seu vizinho Mário durante uma processual, em sede de recurso, a ser apresentado para
discussão, causando-lhe as lesões que foram a causa da desconstituir a sentença condenatória? Justifique. (Valor:
morte da vítima. Logo que recebida a denúncia, Carleto foi 0,65) B) Diante da confirmação dos fatos pelo réu, qual
submetido à exame de insanidade mental, tendo o laudo argumento de direito material poderá ser apresentado, em
concluído que ele se encontrava nas condições do Art. 26, sede de apelação, em busca da redução da sanção penal
caput, do Código Penal. Finda a primeira etapa probatória aplicada? Justifique. (Valor: 0,60)
do procedimento dos crimes dolosos contra a vida, no
momento das alegações finais, a defesa técnica de Carleto,
escorada em uma das vertentes da prova produzida, alegou PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E DOSIMETRIA DA PENA
que o réu atuou em legítima defesa. O juiz, ao final da 52. Rafael subtraiu, mediante grave ameaça, coisa alheia
primeira fase do procedimento, absolveu sumariamente o móvel de Joana juntamente com outro indivíduo não
acusado em razão da inimputabilidade reconhecida, identificado e com restrição da liberdade da vítima. Foi,
aplicando a medida de segurança de internação pelo prazo então, denunciado pela prática do crime previsto no Art.
mínimo de 01 ano. A família de Carleto, insatisfeita com a 157, § 2º, incisos II e V, do Código Penal. Durante a
medida de segurança aplicada, procura você, como instrução, quando da oitiva da vítima, esta mencionou que
advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. todos os fatos foram presenciados, de longe, por sua amiga
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Carla, não tendo ela contado em momento anterior para respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
preservar a amiga. Diante dessa menção, o advogado de pontuação.
Rafael requereu ao juízo a oitiva da testemunha Carla, mas
o magistrado indeferiu o pedido sob o argumento de que,
na resposta à acusação, foram arroladas testemunhas no COLABORAÇÃO PREMIADA E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
número máximo permitido pela lei, de modo que não 54. (XXVII EXAME DA ORDEM) No interior de um coletivo,
poderia a defesa acrescentar mais uma, apesar de Alberto, João, Francisco e Ronaldo, até então
reconhecer a conveniência da oitiva. O advogado registrou desconhecidos, começaram a conversar sobre a crise
seu inconformismo, foram ouvidas as testemunhas de financeira que assombra o país e sobre as dificuldades
defesa arroladas e foi realizado o interrogatório, em que o financeiras que estavam passando. Em determinado
acusado negou o fato. Rafael foi condenado ao momento da conversa, Alberto informa que tinha um
cumprimento da pena de 05 anos e 06 meses de reclusão, conhecido seu, Lucas, com intenção de importar uma arma
reconhecendo o magistrado o aumento de 3/8 na terceira de fogo de significativo potencial ofensivo, que seria um
fase de aplicação da pena exclusivamente em razão da fuzil de venda proibida no Brasil, mas que ele precisava da
existência de duas causas de aumento, não tendo a pena- ajuda de outras pessoas para conseguir a importação.
base e a intermediária se afastado do mínimo legal. Diante da oferta em dinheiro pelo serviço específico, todos
Considerando as informações narradas, responda, na concordaram em participar do plano criminoso, sendo que
condição de advogado(a) de Rafael, na ocasião da Alberto iria ao exterior adquirir a arma, João alugaria um
apresentação de recurso de apelação: A) qual argumento de barco para trazer o material, Francisco auxiliaria junto à
direito processual poderia ser alegado em busca de imigração brasileira para que a conduta não fosse
desconstituir a sentença condenatória? Justifique. (Valor: descoberta e Ronaldo entregaria o material para Lucas, que
0,60) B) qual argumento de direito material deverá ser era o mentor do plano. Após toda a organização do grupo e
apresentado em busca de redução da sanção penal divisão de tarefas, assustado com as informações veiculadas
aplicada? Justifique. (Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) na mídia sobre as punições de crime de organização
deve fundamentar as respostas. A mera citação do criminosa, Francisco comparece ao Ministério Público com
dispositivo legal não confere pontuação. seu advogado e indica a intenção de realizar delação
premiada. Participaram das negociações do acordo
Francisco, sua defesa técnica, o membro do Ministério
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E CONCURSO DE CRIMES Público com atribuição e o juiz que seria competente para
53. (XXVII EXAME DA ORDEM) Em cumprimento de julgamento, sendo acordada a redução de 1/3 da pena em
mandado de busca e apreensão, o oficial de justiça Jorge relação ao crime de organização criminosa. Após ser
compareceu ao local de trabalho de Lucas, sendo denunciado junto com Alberto, João, Ronaldo e Lucas pela
encontradas, no interior do imóvel, duas armas de fogo de prática do crime de organização criminosa (Art. 2º, da Lei nº
calibre .38, calibre esse considerado de uso permitido, 12.850/2013), Francisco contrata você, como novo(a)
devidamente municiadas, ambas com numeração advogado(a), para patrocinar seus interesses. Na condição
suprimida. Em razão disso, Lucas foi preso em flagrante e de advogado(a) de Francisco, com base apenas nas
denunciado pela prática de dois crimes previstos no Art. 16, informações narradas, esclareça os itens a seguir. A)
caput, da Lei 10.826/2003, em concurso material, sendo Considerando que aquela delação premiada não seria
narrado que “Lucas, de forma livre e consciente, guardava, benéfica ao seu cliente, existe argumento a ser apresentado
em seu local de trabalho, duas armas de fogo de calibre em busca de desconstituir o acordo celebrado quanto ao
restrito, devidamente municiadas”. Após a instrução, em seu aspecto formal? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual
que os fatos foram confirmados, foi juntado o laudo argumento de direito material deve ser apresentado para
confirmando o calibre .38 das armas de fogo, a capacidade questionar a capitulação jurídica realizada pelo Ministério
de efetuar disparos, bem como que ambas tinham a Público na denúncia? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a)
numeração suprimida. As partes apresentaram alegações examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera
finais, e o magistrado, em sentença, considerando o teor do citação do dispositivo legal não confere pontuação.
laudo, condenou Lucas pela prática de dois crimes previstos
no Art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/2003,
em concurso formal. Intimada a defesa técnica da sentença JÚRI E DESCRIMNANTES PUTATIVAS
condenatória, responda, na condição de advogado(a) de 55. (XVII EXAME DA ORDEM) Revoltada com o fato de que
Lucas, aos itens a seguir. A) Qual o argumento de direito sua melhor amiga Clara estaria se relacionando com seu ex-
processual a ser apresentado em busca da desconstituição companheiro João, Maria a procurou e iniciou uma
da sentença condenatória? Justifique. (Valor: 0,65) B) discussão. Durante a discussão, Clara, policial militar,
Reconhecida a validade da sentença em segundo grau, qual afirmou que, se Maria a xingasse novamente, ela a mataria
o argumento de direito material a ser apresentado para gastando apenas uma munição da sua arma. Persistindo na
questionar o mérito da sentença condenatória e, discussão, Maria voltou a ofender Clara. Esta, então, abriu
consequentemente, a pena aplicada? Justifique. (Valor: sua bolsa e pegou um bem de cor preta. Acreditando que
0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as Clara cumpriria sua ameaça, Maria desferiu um golpe na
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cabeça da rival, utilizando um pedaço de pau que estava no CONCURSO DE PESSOAS E DOSIMETRIA
chão. A perícia constatou que o golpe foi a causa eficiente 57. Luiz, no dia 05 de fevereiro de 2019, ingressou na
da morte de Clara. Posteriormente, também foi constatado residência de Henrique e, mediante grave ameaça contra a
que Clara, de fato, estava com sua arma de fogo na bolsa, vítima, buscou subtrair a televisão do imóvel. Após o
mas que ela apenas pegara seu telefone celular para ligar emprego da grave ameaça à pessoa e a retirada dos
para João. Após denúncia pela prática do crime de parafusos da televisão, mas ainda quando estava dentro da
homicídio qualificado e encerrada a instrução da primeira casa com o bem, Luiz é surpreendido pela Policía Militar,
fase do procedimento do Tribunal do Júri, entendeu o que informada dos fatos por vizinhos, realizou sua prisão
magistrado por pronunciar Maria nos termos da inicial em flagrante. Em sede policial, foi descoberto que Luiz
acusatória. Com base nas informações expostas, responda, contou com a participação de José, que, sabendo do plano
na condição de advogado(a) de Maria, aos itens a seguir. A) criminoso do amigo, foi o responsável por dizer o horário
Qual o recurso cabível da decisão proferida pelo em que a vítima estaria sozinha em sua residência, bem
magistrado? Caso tivesse ocorrido a impronúncia, o recurso como a porta que teria uma falha na fechadura, facilitando
pela parte interessada seria o mesmo? Justifique. (Valor: o ingresso de Luiz no imóvel. Luiz e José foram denunciados
0,65) B) Qual a tese de direito material a ser apresentada pela prática do crime de roubo majorado pelo concurso de
em sede de recurso para combater a decisão de submeter a agentes. Observado o procedimento previsto em lei e
ré ao julgamento pelo Tribunal do Júri? Justifique. (Valor: confirmados os fatos, foi proferida sentença condenatória,
0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as sendo aplicada a pena mínima possível de 5 anos e 4 meses
respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere de reclusão, além de 13 dias-multa, para José. Já Luiz teve
pontuação. sua pena base fixada acima do mínimo legal, em 4 anos e 6
meses de reclusão e 12 dias-multa, reconhecendo o
PRISÃO EM FLAGRANTE E ERRO DE PROIBIÇÃO magistrado a existência de má conduta social, pelo fato de
Luiz possuir 5 condenações sem trânsito em julgado pela
56. Gabriel, estudante de farmácia, 22 anos, descobre que suposta prática de crimes de roubo, apesar de admitir, na
seu tio Jorge possuía grave doença no fígado, que lhe decisão, que as anotações constantes da Folha de
causava dores físicas. Durante seus estudos sobre medicina Antecedentes Criminais não poderiam justificar o
alternativa em livro oficial fornecido pela faculdade pública reconhecimento de maus antecedentes. Não foram
em que estudava, vem a ler que a droga conhecida como reconhecidas agravantes, sendo, na terceira fase, a pena
heroína poderia, em doenças semelhantes à de seu tio, aumentada, no mínimo possível, em razão da majorante do
funcionar como analgésico e aliviar a dor do paciente. concurso de agentes. Assim, a pena final de Luiz restou
Tendo acesso ao material que sabia ser heroína e sua acomodada em 06 anos de reclusão e 15 dias-multa.
classificação como droga, Gabriel, em 27 de maio de 2019, Intimado da decisão, o advogado de José apresentou
transporta e entrega o material para o tio, acreditando que, recurso buscando reconhecimento da modalidade tentada
apesar de existir a figura típica do tráfico de drogas, sua do delito, bem como da causa de diminuição da
conduta seria lícita diante dos fins medicinais. Avisou que o participação de menor importância. Luiz, então, consulta
material deveria ser usado naquele dia, de forma imediata. você, como advogado(a), para avaliar o interesse em
No dia 29 de maio de 2019, após denúncia, policiais apresentar recurso de apelação. Na condição de
militares, com autorização para ingresso na residência de advogado(a) de Luiz, esclareça os questionamentos
Jorge, apreendem o material ilícito e descobrem que Jorge formulados pelo seu cliente. A) Não sendo apresentado
o recebera de Gabriel, mas não o utilizou. Em seguida, recurso de apelação por Luiz, poderá ele ser beneficiado
comparecem à faculdade de Gabriel e realizam sua prisão pelo reconhecimento da causa de diminuição de pena da
em flagrante. Jorge e Gabriel foram indiciados, após juntada tentativa no julgamento do recurso apresentado por José? E
do laudo confirmando a natureza do material, pelo crime de da causa de diminuição de pena da participação de menor
tráfico de drogas (Art. 33 da Lei nº 11.343/06), mas, em importância? Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe argumento
razão da doença, Jorge vem a falecer naquela mesma data. de direito material a ser apresentado em busca da redução
Ao tomar conhecimento dos fatos, de imediato a família de da pena base aplicada a Luiz? Justifique. (Valor: 0,60)
Gabriel procura você, como advogado, para
esclarecimentos. Considerando apenas as informações
expostas, responda, na condição de advogado(a) de Gabriel, RECURSO (ROC) E EXECUÇÃO PENAL
aos itens a seguir. A) Qual o argumento de direito 58. O apenado Fabrício cumpria pena pela prática do delito
processual a ser apresentado para questionar a prisão em de extorsão simples, tendo requerido, por meio de
flagrante de Gabriel? Justifique. (Valor: 0,60) B) Existe advogado, a extinção da punibilidade por satisfazer os
argumento de direito material a ser apresentado em busca requisitos, objetivos e subjetivos, previstos no Decreto
da absolvição de Gabriel pelo crime pelo qual foi indiciado? Presidencial de Indulto, publicado no ano de 2018 (requisito
Justifique. (Valor: 0,65) objetivo temporal e requisito subjetivo de não possuir falta
grave nos últimos 12 meses anteriores ao decreto).
Enquanto aguardava o deferimento do benefício requerido,
no dia 02 de março de 2019, ocorreu uma rebelião na
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galeria em que se encontrava. O diretor do presídio, em R$ 2.000,00 (dois mil reais) para sua conta. Diante da grave
procedimento disciplinar próprio, no qual foi garantida a ameaça, Eugênia compareceu ao estabelecimento bancário
ampla defesa e o contraditório, não conseguindo identificar com Geraldo e fez a transferência devida, sendo liberada
aqueles que efetivamente participararam da rebelião, em seguida. Eugênia, nervosa, compareceu à sede policial e
reconheceu que todos os apenados daquela galeria narrou o ocorrido, sendo instaurado inquérito para
praticaram falta grave. Ao tomar conhecimento dessa identificação do autor do fato. Ocorre que Geraldo, no dia
punição disciplinar, o juiz da execução indeferiu o pedido de seguinte, antes de qualquer denúncia, arrependeu-se de
indulto por ausência do requisito subjetivo. Ultrapassado o sua conduta e transferiu de volta para a conta de Eugênia
prazo recursal por desídia da defesa, novo advogado todo o valor antes obtido de maneira indevida. Confirmada
contratado pela família impetrou habeas corpus junto ao a autoria, o Ministério Público ofereceu denúncia em face
Tribunal de Justiça, na busca da extinção da punibilidade. A de Geraldo pela prática do crime de extorsão simples
ordem foi denegada pelo Tribunal. Considerando a situação consumada (Art. 158, caput, do Código Penal), sendo
fática apresentada, na condição de novo advogado decretada sua prisão preventiva, em razão da gravidade do
contratado, ao ser intimado da decisão que denegou a fato e da reincidência. Durante audiência de instrução e
ordem, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso a ser julgamento, foi ouvida a vítima, que confirmou os fatos
apresentado pela defesa para combater a decisão do narrados na denúncia. O réu permaneceu em sala de
Tribunal de Justiça que denegou a ordem no habeas corpus audiência, e o reconhecimento foi realizado ao final da
impetrado em favor do apenado Fabrício? Justifique. (Valor: oitiva da vítima, ainda no local, sob o argumento de que,
0,60) B) Na busca da concessão do indulto e, como havia muitos presos no Fórum, não haveria policiais
consequentemente, da extinção da punibilidade, quais suficientes para transporte de presos até a sala de
argumentos jurídicos poderão ser apresentados? Justifique. reconhecimento. Assim, Eugênia apenas apontou para o
(Valor: 0,65) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar denunciado e disse que ele seria o autor. As demais
suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não testemunhas esclareceram que não presenciaram o
confere pontuação ocorrido. Com base no reconhecimento realizado, foi o réu
condenado nos termos da denúncia, sendo aplicada pena
base de 04 anos; pena intermediária de 04 anos e 03 meses
ANPP E ASSITENTE DE ACUSAÇÃO em razão da reincidência, não sendo reconhecidas
59. Maria, no dia 07 de julho de 2020, compareceu à atenuantes ou outras agravantes; na terceira fase, não
Delegacia e narrou que foi vítima, dois dias antes, de um foram reconhecidas causas de aumento ou de diminuição
crime de lesão corporal praticada por seu marido, Francisco, de pena. O regime inicial aplicado foi o fechado. Intimado
e motivada pela insatisfação com a qualidade da refeição da sentença, esclareça, na condição de advogado de
que teria sido feita pela vítima. Maria foi encaminhada para Geraldo em atuação em recurso de apelação, os itens a
perícia, que constatou, por meio de laudo, a existência de seguir. A) Qual argumento de direito processual poderá ser
lesão corporal de natureza leve. Ouvido, Francisco apresentado para questionar a produção probatória em
confessou a prática delitiva, dizendo que este seria um audiência? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual argumento de
evento isolado em sua vida. Diante disso, Francisco foi direito material poderá ser apresentado, caso mantida a
indiciado pelo crime do Art. 129, § 9º, do CP, na forma da condenação, em busca da redução da pena aplicada?
Lei nº 11.340/06. Considerando a pena prevista para o Justifique. (Valor: 0,60)
delito e a inexistência de envolvimento pretérito com
aparato judicial ou policial pelo autor do fato, o Ministério
Público apresentou proposta de acordo de não persecução INADIMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS E NÃO
penal a Francisco. Ao tomar conhecimento dos fatos, Maria AUTOINCRIMINAÇÃO
procura você, como advogado, para esclarecimentos. 61. Flávio figurava como indiciado em procedimento em
Considerando apenas as informações expostas, responda na que se investigava a prática do crime de concussão. Após
qualidade de advogado de Maria, aos itens a seguir. A) não mais ter disponíveis outros meios de investigação, o
Existem argumentos para questionar a proposta de acordo Ministério Público formulou requerimento de interceptação
de não persecução penal formulada pelo Ministério das conversas telefônicas de Flávio, sendo o pedido
Público? Justifique. (Valor: 0,65) B) Em caso de denúncia, deferido pela autoridade judicial pelo prazo de 10 dias. No
diante da natureza da ação pública incondicionada, existe período interceptado, todas as conversas de Flávio foram
alguma forma de participação direta da vítima no processo, transcritas. Em uma das conversas interceptadas, Flávio
inclusive com posição ativa na produção das provas e mantinha contato com seu advogado João e confessava a
interposição de recursos? Justifique. (Valor: 0,60) autoria do crime de concussão, solicitando orientação
jurídica, sendo possível perceber que João não teria
qualquer conhecimento anterior sobre aquela prática
RECONHECIMENTO DE PESSOAS E ATENUANTES delitiva. A partir do teor das transcrições das conversas de
(DOSIMETRIA) Flávio, o Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor
60. Geraldo, 30 anos, constrangeu Eugênia, desconhecida do mesmo, imputando-lhe a prática do crime previsto no
que passava pela rua, mediante grave ameaça, a transferir Art. 316 do Código Penal. Ao tomar conhecimento da
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denúncia, Flávio contata seu advogado, que tem acesso ao pelo fabricante informando que os medicamentos relativos
procedimento, inclusive ao teor das transcrições obtidas a àquele lote não se achavam em condições para consumo
partir da interceptação das conversas telefônicas. Durante a por estarem corrompidos, devendo ser recolhidos e
instrução, após requerimento do Ministério Público, o juiz devolvidos. Na instrução criminal, foram ouvidos os agentes
determina, sem anuência do acusado e de sua defesa da Vigilância Sanitária que fizeram as apreensões, os quais
técnica, que seja realizada perícia de voz em Flávio para declararam ter recebido diversas reclamações de
confirmar que ele seria um dos interlocutores da conversa, consumidores que compraram o medicamento relativo ao
intimando-o para apresentar gravação a servir de lote de fabricação UR031FT-PLANT, pois se sentiram mal.
paradigma para o exame. Considerando apenas as Ouvidos os farmacêuticos do fabricante, disseram que, feita
informações expostas, responda, na condição de a análise, constataram que o medicamento daquele lote
advogado(a) de Flávio, aos itens a seguir. A) Qual o estava corrompido e recomendaram aos comerciantes que
argumento a ser apresentado para questionar a prova os adquiriram que efetuassem a devolução. Foi ouvida uma
obtida a partir da interceptação das comunicações testemunha de defesa, ou seja, o gerente da farmácia que
telefônicas? Justifique. (Valor: 0,60) B) Existe argumento a recebeu o aviso do fabricante. Ele esclareceu que não abriu
ser apresentado para questionar a decisão do magistrado a correspondência e nem deu ciência do recebimento ao
que determinou a realização da perícia de voz, com farmacêutico da loja. Interrogados, os réus negaram a
apresentação de gravação que servisse de paradigma à autoria. Alegaram que desconheciam qualquer
perícia? Justifique. (Valor: 0,65) irregularidade no medicamento do lote de fabricação
UR031FT-PLANT. Declararam que não receberam qualquer
reclamação de clientes, considerando que 15 (quinze)
CITAÇÃO E CRIME DE FÉ PÚBLICA unidades daquele lote foram comercializadas, além disso,
62. Carla, funcionária de determinado estabelecimento pesquisaram e não encontraram reclamação no Procon
comercial, inseriu, em documento particular, informação relativa a esse fato. A corrupção do referido medicamento
falsa acerca da data de determinado serviço que teria sido ficou demonstrada nos autos pelos documentos
prestado pela empresa, em busca de prejudicar direito de laboratoriais do fabricante. Renato e Abel foram
terceiro, sendo realmente a inserção da informação de sua condenados nas penas mínimas (10 anos de reclusão, em
responsabilidade. Descobertos os fatos pelo superior regime fechado, 10 dias-multa ao valor mínimo legal). O
hieráquico de Carla, foi apresentada notitia criminis em Ministério Público não recorreu. A defesa dos réus apelou.
desfavor da funcionária, que veio a ser denunciada como A) Em razões recursais defensivas, que eventual matéria
incursa nas sanções penais do Art. 298 do Código Penal processual poderia ser sustentada como preliminar? (Valor:
(falsificação de documento particular). No momento da 0,65) B) Com vistas à absolvição de Renato e Abel, qual(is)
citação, o Oficial de Justiça compareceu ao endereço tema(s) de direito material poderia(m) ser alegado(s)?
fornecido pelo Ministério Público, sendo que constatou, na (Valor: 0,60)
primeira vez que foi ao local, que Carla lá residia, mas que
estava se ocultando para não ser citada. Diante disso,
certificou tal fato e foi determinada a citação por edital pelo RECURSO E SURSIS PENAL
magistrado. Carla é informada do teor do edital por uma 64. Pedro, nascido em 20 de janeiro de 2000, foi
amiga que trabalhava no Tribunal de Justiça e procura você, condenado, definitivamente, pela prática do crime furto
como advogado(a), para prestar assistência jurídica. simples à pena de 1 ano de reclusão em regime inicial
Responda, na condição de advogado(a) de Carla, aberto, tendo sua pena privativa de liberdade substituída
considerando apenas as informações expostas, aos por pena de multa. O crime ocorreu no dia 14 de junho de
seguintes questionamentos. A) A citação de Carla foi 2018, e a sentença condenatória transitou em julgado, no
realizada de forma válida? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual o dia 20 de abril de 2019, tendo sido feito o pagamento da
argumento de direito material a ser apresentado para multa no prazo legal. Ocorre que, no dia 23 de março de
questionar a capitulação delitiva? Justifique. (Valor: 0,65) 2020, o agente foi preso em flagrante, após empregar
ameaça para subtrair o aparelho telefônico de Luiza. Os
policiais que efetuaram a prisão conseguiram evitar a
EXAME DE CORPO DE DELITO; ABSOLVIÇÃO POR FALTA DE consumação delitiva e, posteriormente, Pedro foi
PROVAS E ERRO DE TIPO denunciado pela prática do crime de roubo, em sua
63. Renato e Abel foram denunciados pelo crime de modalidade tentada. Finda a instrução, foi condenado na
“falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de forma do Art. 157, c/c. Art. 14, inciso II, ambos do Código
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”, por Penal. Ao aplicar a pena, o juiz fixou a pena-base no mínimo
terem exposto à venda, na farmácia em que eram sócios, legal, pois favoráveis as circunstâncias judiciais. Na segunda
diversos frascos de medicamentos fitoterápicos para fase, manteve a pena no patamar de 4 anos, apesar de
tratamento urinário que estavam corrompidos. Lote de reconhecer a agravante da reincidência. Isto porque
fabricação UR031FT-PLANT (Art. 273, § 1º, do CP). A observou a menoridade relativa do agente à data do fato.
Vigilância Sanitária, ao fiscalizar aquela farmácia, apreendeu Aplicada a minorante da tentativa em sua fração máxima,
os referidos medicamentos e encontrou um aviso enviado alcançou a pena definitiva de 1 ano e 4 meses de reclusão e
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fixou o regime inicial semi-aberto, sendo negada a seguir em frente para processar Fábio criminalmente. No
suspensão condicional da pena em razão da reincidência. A dia seguinte, Paulo noticiou o ocorrido na reunião anterior à
defesa técnica de Pedro interpôs, assim, recurso de autoridade policial e apresentou o laudo hospitalar para
apelação, insurgindo-se apenas quanto à negativa do sursis. comprovar a lesão sofrida. Após os trâmites regulares das
O magistrado, no entanto, não admitiu o recurso, investigações, o promotor de justiça com atribuição para o
sustentando que a via adequada era a do Recurso em caso ofereceu denúncia em face Fábio como incurso nas
Sentido Estrito, a teor do Art. 581, inciso XI, do Código de sanções do crime de lesão corporal leve, previsto no art.
Processo Penal. Considerando apenas as informações 129, caput do CP. A denúncia foi recebida e determinada a
apresentadas, responda, na qualidade de advogado(a) de citação do réu. Considerando as informações acima, na
Pedro, aos itens a seguir. A) Aponte o recurso a ser condição de advogado(a) de Fábio, responda aos itens a
interposto em face da decisão do juiz de primeiro grau que seguir. A) Qual tese a defesa pode alegar como preliminar?
não admitiu a apelação e o fundamento de direito Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual tese de direito material
processual penal a ser alegado para que o apelo seja pode ser utilizada para a defesa de Fábio? Justifique. (Valor:
admitido. Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe alguma tese de 0,65)
Direito Penal material que permita a concessão da
suspensão condicional da pena no caso concreto?
Justifique. (Valor: 0,60) PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA (INTIMAÇÃO) E ESTUPRO DE
VULNERÁVEL
67. Arnaldo e Fábio, 22 anos, são irmãos gêmeos idênticos,
PERSEGUIÇÃO E TRANSAÇÃO PENAL mas Arnaldo sempre fez mais sucesso com as meninas por
65. Roberto foi denunciado pelo crime de perseguição (Art. ser mais extrovertido. Arnaldo inicia um relacionamento
147-A do CP). Segundo a denúncia, no dia 15 de janeiro de com Mônica, de 14 anos. Ambos costumam manter relação
2022, na filial da sociedade empresária Ruan S/A, situada no sexual consentida. Elena, amiga de Mônica, sempre foi
Rio de Janeiro/RJ, Roberto se aproveitou da proximidade apaixonada por Arnaldo e, movida por ciúmes, resolve
física com Fábio (colega que trabalha na matriz da empresa noticiar às autoridades sobre as relações mantidas entre
em São Paulo/SP e estava visitando a filial carioca por um Arnaldo e Mônica, no intuito de incriminá-lo por estupro de
dia apenas) no ambiente de trabalho, para lançar-lhe vulnerável. Noticiado o fato em sede policial e concluídas as
olhares lascivos, o que teria “perturbado a esfera de investigações, o Ministério Público ofereceu denúncia,
liberdade ou privacidade” de Fábio. Este ofereceu imputando a Arnaldo o crime de estupro de vulnerável,
representação contra Roberto. O Ministério Público se previsto no Art. 217-A do CP. Após recebimento da
recusou a formular proposta de transação penal a Roberto, denúncia, citação e apresentação de defesa, foi designada
com fundamento em uma anotação existente na sua Folha audiência de instrução e julgamento. De posse do mandado,
de Antecedentes Criminais (FAC), relativa à condenação o oficial de justiça foi até a residência dos irmãos e realizou
definitiva à pena corporal – extinta há mais de 5 (cinco) a intimação na pessoa de Fábio, que se fez passar por
anos – pela prática de crime. Sobre a hipótese apresentada, Arnaldo. No dia da audiência, Arnaldo não compareceu,
responda aos itens a seguir. A) Quais teses de mérito embora seu advogado estivesse presente. Finalizada a
podem ser invocadas pelo defensor técnico de Roberto? instrução e após alegações finais, o juiz condenou Arnaldo
Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual medida pode ser adotada no crime de estupro de vulnerável, na forma do Art. 217-A
pelo defensor técnico de Roberto para viabilizar a proposta do CP, a pena de 8 anos de reclusão, visto que Arnaldo não
de transação penal? Justifique. (Valor: 0,65) tinha qualquer anotação criminal, sendo favoráveis as
condições do crime. Considerando apenas as informações
narradas no enunciado, responda aos itens a seguir. A) O
EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE (DECADÊNCIA) E LEGÍTIMA que pode ser alegado em favor de Arnaldo em matéria
DEFESA processual? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual argumento de
66. Em 09 de agosto de 2021, durante uma reunião de direito material poderia ser apresentado? Justifique. (Valor:
condomínio, iniciou-se uma discussão. O morador Paulo, 0,65)
lutador de vale tudo, chamou Fábio, o síndico, de ladrão.
Ato contínuo, Paulo partiu para cima de Fábio, no intuito de
quebrar seu nariz com um soco. Em seguida, Fábio, CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO E REJEIÇÃO DA
praticante de jiu jitsu, golpeou Paulo, que caiu no chão DENÚNCIA
desmaiado. Paulo foi levado para o hospital, mas foi 68. Ana Beatriz foi denunciada pelo Ministério Público pela
liberado horas depois. O laudo hospitalar atestou apenas prática dos crimes de falsificação de documento particular
escoriações leves. Em 10 de maio de 2022, em outra (Art. 298 do CP) e estelionato (Art. 171 do CP), em concurso
reunião de condomínio, Paulo e Fábio encontraram-se material (Art. 69 do CP), por ter obtido vantagem
novamente. Fábio já tinha esquecido os fatos ocorridos na patrimonial ilícita às custas da vítima Rita (pessoa
ocasião anterior, porque não era pessoa de guardar rancor. civilmente capaz e mentalmente sã, à época com 21 anos
No entanto, Paulo lembrou de tudo que passou, sentiu-se de idade), induzindo-a e mantendo-a em erro, mediante
envergonhado perante os demais condôminos e resolveu meio fraudulento. Segundo narra a denúncia, em julho de
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2020 Ana Beatriz falsificou bilhete de loteria premiado e o REINCIDÊNCIA


vendeu para Rita por metade do valor do suposto prêmio, 71. Juntos, Bruno, Leila, Valter e Vinícius cometeram
alegando urgência em receber valor em espécie para poder determinado ilícito em 2016. O processo veio a ser
custear cirugia da sua filha. Rita, envergonhada, não desmembrado, de forma que Bruno aceitou a suspensão
procurou as autoridades públicas para solicitar a apuração condicional do processo, em 2017; Leila foi condenada,
dos fatos. A denúncia foi oferecida ao Juízo competente em definitivamente, em 2018, tendo terminado de cumprir a
dezembro de 2020. Sobre a hipótese, responda aos itens a sua condenação em 2020; Valter foi condenado em
seguir. A) Qual é a tese jurídica de mérito que pode ser primeira instância, porém, interpôs recurso, vindo a
invocada pela defesa técnica de Ana Beatriz? Justifique. transitar em julgado o acórdão condenatório em 2022; e
(Valor: 0,65) B) Qual é a tese jurídica processual que pode Vinícius, por sua vez, não foi encontrado para ser citado,
ser invocada pela defesa técnica de Ana Beatriz? Justifique. tendo o processo sido suspenso, assim como o prazo
(Valor: 0,60) prescricional, na forma do Art. 366 do CPP. Em 2021, os
amigos se reúnem e praticam novo ilícito penal, sem
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E SURSIS PROCESSUAL violência ou grave ameaça à pessoa. Na qualidade de
advogado de todos eles, responda às questões a seguir. A) À
69. David foi denunciado pela prática do crime de vista dos antecedentes criminais mencionados, e
descaminho (Art. 334 do Código Penal), por supostamente considerando preenchidos todos os demais requisitos
ter importado contêiner contendo 1 tonelada de materiais legais, há algum acusado(s) impedido(s) de se beneficiar,
têxteis de procedência estrangeira sem a quitação do em tese, de oferta de acordo de não persecução penal?
imposto de importação devido à União, que soma R$ justifique. (Valor: 0,60) B) Caso condenado(s) pelo novo
750,00 (setecentos e cinquenta reais). Na cota que fato, se fixada pena abaixo de quatro anos, qual(is)
acompanha a denúncia, o Ministério Público Federal se acusado(s) poderá(ão) se beneficiar do regime aberto?
manifestou pelo não oferecimento de proposta de justifique. (Valor: 0,65)
suspensão condicional do processo a David, pois o acusado
possui anotação na sua Folha de Antecedentes Criminais
(FAC), relativa à condenação definitiva à pena de multa pelo EXCLUDENTE DE ILICITUDE
crime de ameaça (Art. 147 do Código Penal). Sobre a 72. Em uma pequena cidade do interior do Amazonas, uma
hipótese apresentada, responda aos itens a seguir. A) Qual virose se espalha entre os adolescentes locais, gerando
é a tese de mérito que pode ser invocada pelo Defensor diversos casos de jovens com febre, vômitos e infecções.
técnico de David no caso concreto? Justifique. (Valor: 0,65) Considerando a dificuldade de acesso à cidade, que
B) Qual é a questão preliminar ao mérito que pode ser dependia de viagem de barco, e a inexistência de
invocada pelo Defensor técnico de David no caso concreto? profissionais de medicina no local, os pais dos adolescentes
Justifique. (Valor: 0,60) procuram Jorge, 22 anos, estudante de odontologia, para
auxílio. Verificando o estado de desidratação dos
RECURSO E REMIÇÃO adolescentes e a urgência da situação, Jorge, que sempre
gostara de ler livros sobre medicina, realiza o atendimento
70. Marcelo, condenado em regime semiaberto, formulou, e indica os remédios e os tratamentos que deveriam ser
por meio de sua defesa técnica, pedido de remição de realizados. Os adolescentes ficaram curados após o
penas em razão de trabalho realizado no curso da execução, atendimento “médico” de Jorge e, em razão disso,
o qual é executado mediante supervisão de seu passaram a ser constantes os atendimentos por ele
empregador e com autorização do Juiz da Vara de realizados em casos urgentes, com perigo atual à vida e à
Execuções Penais. O Juízo, contudo, indeferiu o pedido, sob saúde das pessoas da cidade, mas que não tinham qualquer
o argumento de que Marcelo está em prisão domiciliar, vínculo com a virose anterior. Descobertos os fatos e
ante a ausência de vagas do regime semiaberto do Estado. verificado que foram realizados 10 atendimentos diferentes
Assim, por analogia com o regime aberto, Marcelo não ao longo de um ano, o Ministério Público denunciou Jorge
pode usufruir da remição por trabalho, indeferindo o como incurso nas sanções penais do Art. 282 do Código
pedido. A defesa interpôs Agravo em Execução no prazo de Penal, por 10 vezes, em continuidade delitiva. A proposta
cinco dias da intimação da decisão, o qual foi inadmitido, de suspensão condicional do processo não foi aceita pelo
sob o fundamento de não estar acompanhado das razões réu. Após regular instrução, a pretensão punitiva do Estado
respectivas. Na qualidade de advogado de Marcelo, foi julgada procedente, sendo Jorge condenado à pena de
responda às perguntas a seguir. A) Qual o recurso cabível 10 meses de detenção (pena base no mínimo legal,
contra a decisão do Juiz que inadmitiu o recurso interposto? aumentada de 2/3 em razão da continuidade delitiva),
Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual o direito material a ser substituída a privativa de liberdade por uma restritiva de
pleiteado por Marcelo? Justifique. (Valor: 0,60) direitos. Intimado da decisão, responda na condição de
advogado de Jorge, aos itens a seguir. A) Existe argumento
de direito material a ser apresentado em busca da
absolvição de Jorge? Justifique. (Valor: 0,65) B) Em caso de
manutenção da condenação, qual argumento poderá ser
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apresentado para questionar a capitulação realizada e a rejeição da denúncia por não ser necessária a aplicação de
pena aplicada? Justifique. (Valor: 0,60) medida de segurança, já que, atualmente, não haveria
incapacidade de José. Insatisfeita com o teor da decisão,
Beatriz procura você, como advogado(a), para a adoção das
QUEIXA CRIME E ABERRATIO CRIMINIS medidas cabíveis e assistência técnica. Na condição de
73. Bernardo, em 31 de dezembro de 2018, com a intenção advogado(a) de Beatriz, esclareça os questionamentos a
de causar dano à loja de Bruno, seu inimigo, arremessou seguir. A) Para combater a decisão do magistrado, qual o
uma pedra na direção de uma janela com mosaico, que recurso cabível? Justifique. (Valor: 0,60) B) Existe
tinha valor significativo de mercado. Ocorre que, no argumento de direito material para questionar o conteúdo
momento da execução do crime, Bernardo errou o da decisão judicial? Justifique. (Valor: 0,65)
arremesso e a pedra acabou por atingir Joana, funcionária
que passava em frente à loja e que não tinha sido
percebida, causando-lhe lesões corporais que a TRANSAÇÃO PENAL E CRIME DE TRÂNSITO
impossibilitaram de trabalhar por 50 dias. A janela restou 75.Talita conduzia seu veículo automotor quando sofreu
intacta. No momento do crime, não foi identificada a uma colisão na traseira de seu automóvel causada por
autoria, mas, após investigação, em 04 de março de 2019, Lauro, que conduzia seu automóvel a 120 km/h, apesar de a
foi descoberto que Bernardo seria o autor do arremesso. O velocidade máxima permitida, na via pública em que
Ministério Público iniciou procedimento em face de estavam, ser de 50km/h. A perícia realizada no local indicou
Bernardo imputando-lhe o crime de lesão corporal de que o acidente foi causado pela violação do dever de
natureza culposa, figurando como vítima Joana, que cuidado de Lauro, que, em razão da alta velocidade
apresentou representação quando da descoberta do autor. imprimida, não conseguiu frear a tempo de evitar a colisão.
Bruno, revoltado com o ocorrido, contratou um advogado, Talita realizou exame de corpo de delito que constatou a
conferindo-lhe procuração com poderes gerais, constando o existência de lesão corporal de natureza leve. Lauro, por sua
nome do ofendido e do ofensor. O procurador apresenta vez, fugiu do local do acidente sem prestar auxílio. O
queixa-crime, em 02 de julho de 2019, imputando a prática Ministério Público, ao tomar conhecimento dos fatos e não
do crime de tentativa de dano a Bernardo. Ao tomar havendo composição dos danos civis, ofereceu proposta de
conhecimento da queixa-crime, Bernardo o procura, como transação penal em favor de Lauro, destacando que o crime
advogado. Considerando apenas as informações narradas, de lesão corporal culposa, previsto no Art. 303, § 1º, da Lei
na condição de advogado(a) de Bernardo, responda aos nº 9.503/97, admitia o benefício e que a Folha de
questionamentos a seguir. A) Qual argumento de direito Antecedentes Criminais do autor do fato apenas indicava a
processual poderá ser apresentado em busca da rejeição da existência de uma outra anotação referente à infração em
queixa-crime apresentada? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual que Lauro foi beneficiado também por transação penal, mas
argumento de direito material a ser apresentado para o benefício foi oferecido e extinto há mais de 06 anos. Talita
questionar o delito imputado na queixa-crime? Justifique. ficou insatisfeita com a proposta do Ministério Público e
(Valor: 0,65) procurou você, como advogado(a), para esclarecimentos.
Considerando as informações expostas, responda, na
condição de advogado(a) de Talita, aos itens a seguir. A)
RECURSO E CULPABILIDADE Existe previsão de recurso para questionar a decisão
74. Beatriz e seu esposo José, no dia 02/01/2021, enquanto homologatória de transação penal? Justifique. (Valor: 0,60)
celebravam o aniversário de casamento em um restaurante, B) Existe argumento para questionar o oferecimento de
iniciaram uma discussão, por José entender que a esposa transação penal ao autor do fato? Justifique. (Valor: 0,65)
não lhe dispensava a devida atenção. Durante a discussão,
José desferiu um soco no rosto de Beatriz, causando-lhe
lesão corporal de natureza leve. Testemunhas presenciais REJEIÇÃO DA DENÚNCIA E ERRO SOBRE A PESSOA
do fato chamaram a Polícia, sendo José preso em flagrante, (EXECUÇÃO)
mas posteriormente liberado pelo magistrado, em sede de 76. Em 15 de julho de 2020, surgiu uma calorosa discussão
audiência de custódia. O Ministério Público ofereceu entre os amigos Pedro e Júnior, durante uma comemoração
denúncia imputando a José a prática do crime do Art. 129, § de aniversário em um bar da cidade. Pedro, sem querer
9º, do Código Penal, havendo habilitação imediata de mais discussões, levantou-se para ir embora. Júnior, ainda
Beatriz, por meio de seu advogado, como assistente de transtornado, olhou para a porta do bar e, vendo que o
acusação, já que ela não aceitou ter sido agredida pelo amigo ia embora, arremessou uma caneca de cerveja contra
então marido. O magistrado em atuação no Juizado de ele, no intuito de lesioná-lo. Ocorre que Júnior errou o alvo
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher não recebeu e acabou acertando seu próprio irmão, Geraldo, que usava
a denúncia, afirmando a inexistência de fato culpável, uma camisa idêntica à de Pedro, causando-lhe lesão leve.
escorado em laudo apresentado pela defesa indicando que, Em 16 de julho de 2020, a lesão leve foi atestada em laudo
no momento dos fatos, em razão da paixão, José era pericial e o fato foi registrado na Delegacia, por Pedro e
inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com seu Geraldo, que acharam absurda a reação de Júnior. Em 23 de
entendimento. Destacou o magistrado a possibilidade de julho de 2020, Pedro e Geraldo mudaram de ideia. Eles
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retornaram à Delegacia, afirmando que Júnior tem sangue as como incursas nas penas do Art. 140, caput, do Código
quente e que não merecia ser processado, porque era boa Penal. Na qualidade de advogado(a) contratado(a) por
pessoa. Relataram que se conhecem há muitos anos, que é Débora e Cristiane, responda às questões a seguir. A) Qual a
comum discutirem daquela forma e que já tinham tese de direito processual a ser deduzida em favor das
esquecido o ocorrido. Em 30 de março de 2021, o quereladas, notadamente, sobre a prova utilizada para
Ministério Público ofereceu denúncia em face de Júnior, embasar a queixa? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual a tese de
como incurso nas sanções do Art. 129, caput, agravada pelo direito material a ser deduzida em favor das quereladas?
Art. 61, inciso II, alínea e, ambos do CP, crime de lesão Justifique. (Valor: 0,60)
corporal leve agravado por ter sido cometido contra irmão.
Sobre o caso narrado, responda aos itens a seguir. A) Qual o
argumento de direito processual que pode ser alegado em RECURSO E EFEITO EXTENSIVO
favor de Júnior para o não recebimento da denúncia? 79. Lúcio e Adamastor, em comunhão de ações e desígnios,
Justifique. (Valor: 0,60) B) É cabível a incidência da com o emprego de arma de fogo, subtraíram o veículo
agravante imputada em desfavor de Júnior? Justifique. dirigido pela vítima, Vilma. Pela dinâmica delituosa, Lúcio
(Valor: 0,65) empunhava a arma de fogo contra a cabeça da vítima,
enquanto Adamastor exigia a entrega das chaves do
veículo, sob palavras de ordem e graves ameaças contra a
AGRAVO EM EXECUÇÃO E PRD vida de Vilma, afirmando que “caso não entregasse o
77. Luís, sócio administrador de Exatas Contábeis S/A, foi veículo, levaria um tiro.” Ambos foram condenados, sendo
condenado pela supressão de tributos praticada pela que Lúcio e o Ministério Público não recorreram da
prestação de informações falsas às autoridades fazendárias condenação. Adamastor, por meio de sua defesa técnica
(Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90), apurado (distinta da defesa de Lúcio), interpôs recurso, alegando
definitivamente em procedimento fiscal, no montante de que a arma de fogo era portada apenas por Lúcio e que esta
R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). A era incapaz de produzir disparos. Lúcio afirma ao advogado
sentença condenou o acusado a uma pena de dois anos de que se sentiu traído pelo argumento deduzido por
reclusão, em regime aberto, substituída por duas penas Adamastor, sendo sua intenção, apenas, que ambos
restritivas de direito a serem fixadas pelo MM Juízo de tivessem a mesma condenação. Na qualidade de advogado
Execução Penal. Expedida a carta de execução ao Juízo de de Lúcio, responda às questões a seguir. A) A primeira tese
Execução Penal, este fixou as penas restritivas substitutivas recursal pode garantir tratamento penal mais vantajoso a
da pena privativa de liberdade em prestação de serviços à Adamastor? Justifique, levando em consideração o Direito
comunidade, em jornada semanal de 8h (oito horas), Penal aplicável. (Valor: 0,65) B) Caso o Tribunal acolha a
calculada à razão de uma hora por dia de condenação, e segunda tese recursal de Adamastor, esta poderia ser
prestação pecuniária, esta equivalente ao valor do prejuízo aproveitada a Lúcio? Justifique, considerando as normas de
apurado (R$ 1.500.000,00). Insatisfeito com a decisão do Direito Processual Penal aplicáveis. (Valor: 0,60)
Juiz de Execução Penal, Luís solicita que você, como
advogado(a), adote as providências necessárias à
observância da legalidade estrita na aplicação das penas  GABARITO. QUESTÕES DA OAB
restritivas de direitos. Na qualidade de advogado de Luís,
responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso cabível contra
a decisão mencionada? Fundamente. (Valor: 0,65) B) Qual o 1. A) O argumento a ser apresentado pela defesa de
argumento de mérito a ser deduzido em favor de Luís? Lucas é que o período de pena provisória cumprido
Fundamente. (Valor: 0,60) deverá ser computado para aplicação do regime inicial
do cumprimento de pena, nos termos do Art. 387, § 2º
do Código de Processo Penal, de modo que o regime a
PROVA ILÍCITA E ATIPICIDADE DA CONDUTA ser fixado é o aberto. De início, destaca-se que a
78. Débora e Cristiane são amigas e se encontraram em um questão não apresentava elementos suficientes para
restaurante. Durante o almoço, elas começaram a justificar um pedido de redução de pena, de modo que
conversar, de forma reservada e sem expectativa de a pena final aplicada fosse de até 04 anos e permitisse
estarem sendo ouvidas por terceiros, sobre Jéssica, a aplicação do regime aberto. Ademais, o próprio
conhecida de ambas. As amigas mencionaram que Jéssica enunciado da questão requer que o patrono de Lucas
era “ridícula” e que “se acha”. Jenifer, amiga de Jéssica, sem apresente argumento para alteração do regime ainda
que Débora e Cristiane percebessem, aproximou-se da que mantida a pena de 04 anos e 03 meses de
mesa de ambas de forma discreta e iniciou uma gravação reclusão. Em princípio, estabelece o Art. 33, § 2º,
ambiental (com amplificação sonora), captando o áudio da alínea b, do Código Penal, que cabível o regime
conversa com todas as qualidades negativas que Débora e semiaberto ao condenado não reincidente, quando a
Cristiane atribuiam a Jéssica. Jenifer entregou a gravação à pena aplicada for superior a 04 anos ou não exceda a
ofendida. De posse da referida gravação ambiental, Jéssica oito, como é a situação de Lucas. Ao mesmo tempo,
ajuízou uma queixacrime contra Débora e Cristiane, dando- estabelece o Art. 42 do Código Penal que será

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computado, na pena privativa de liberdade, o tempo quando a presa for gestante, não mais havendo
de prisão provisória, disciplinando, assim, o instituto limitação do período de gestação. Basta a condição de
conhecido como detração. Outrossim, o Art. 387, § 2º, gestante de acordo com a lei. Assim, considerando que
do Código de Processo Penal, acrescentado pela Lei nº Julia estava grávida de 20 semanas, cabível o
12.736/12, prevê expressamente que o tempo de requerimento. Cabe ressaltar que argumentações no
prisão provisória será computado para fins de sentido de revogação da prisão pela ausência de
determinação do regime inicial de pena privativa de fundamentos dos Arts. 312 e 313 do CPP não serão
liberdade. No caso, Lucas ficou preso por período aceitas, tendo em vista que o próprio comando da
superior a 08 meses, período esse que deve ser questão deixa claro o preenchimento dos mesmos.
computado como pena cumprida, na forma da
detração, para determinação do regime inicial. Assim, 3. A) O argumento de direito processual a ser
considerando os oitos meses apenas para fins de apresentado em sede de recurso é que o mandado de
aplicação do regime inicial, seria possível a aplicação busca e apreensão que justificou a realização de
do regime aberto. B) Na sentença condenatória, diligência na residência de Gabriel é inválido, tendo
entendeu o magistrado que os dias-multa deveriam em vista que genérico. O mandado de busca e
ser fixados no valor de 3 vezes o salário mínimo em apreensão em determinada residência, por ser uma
razão das circunstâncias do fato. Ocorre que é restrição aos direitos fundamentais da inviolabilidade
pacificado o entendimento jurisprudencial, em de domicílio, trazido pelo Art. 5º, inciso XI, da
especial diante da previsão do Art. 60 do Código Penal, CRFB/88, e privacidade deve ser determinado e
que o critério para fixação do VALOR do dia-multa será amparado em fundadas razões no envolvimento com
o da capacidade econômica do réu. Na situação ilícito. No caso, o mandado foi genérico, sem indicar o
apresentada, Lucas era pessoa humilde, que recebia, endereço exato onde deveria ser cumprido o mesmo,
antes da prisão, remuneração de meio salário mínimo apesar de as residências do condomínio serem
em razão da prestação de serviços informais, logo não separadas e identificadas. Por essas mesmas razões,
se justifica o fundamento apresentado pelo houve violação, ainda, da previsão do Art. 243, inciso I,
magistrado para fixação do valor do dia-multa. do CPP, que diz que no mandado deve ser indicada o
mais precisamente possível a casa onde será realizada
2. A) O argumento a ser apresentado pela defesa de a diligência.
Bruna é que sua conduta, em tese, poderia configurar
ato infracional, mas não crime sob o ponto de vista B) Ainda que diante do descumprimento da medida de
técnico, já que inimputável na data dos fatos. prestação de serviços à comunidade, não poderia ser
Inicialmente, importante recordar que, de acordo com convertida esta em pena privativa de liberdade. Desde
a teoria majoritária, três são os elementos do conceito a Lei nº 11.343/06, o crime de posse de material
analítico do crime: tipicidade, ilicitude e culpabilidade. entorpecente para consumo próprio deixou de ser
Por sua vez, a culpabilidade é formada pelos punido com pena privativa de liberdade, apesar de
elementos imputabilidade, exigibilidade de conduta prevalecer o entendimento de que a conduta não
diversa e potencial conhecimento da ilicitude. Prevê o deixou de ser considerada crime. De acordo com o Art.
Art. 27 do Código Penal que os menores de 18 anos 28, inciso II, da Lei nº 11.343/06, uma das sanções que
são penalmente inimputáveis. Diante disso, Bruna, pode ser imposta em caso de condenação é a
menor de 18 anos na data dos fatos, não pratica crime, prestação de serviços à comunidade, podendo esta ser
mas tão só ato infracional. Isso porque o Art. 4º do fixada pelo prazo de 10 meses em razão da
Código Penal estabelece que se considera praticado o reincidência. Em que pese a prestação de serviços à
crime no momento da ação ou omissão, ainda que comunidade ser pena restritiva de direitos de acordo
outro seja o momento do resultado. No momento dos com o Código Penal, o que, em tese, admitiria a
golpes desferidos por Julia e Bruna em Maria, com conversão em pena privativa de liberdade diante de
intenção de matar, Bruna era menor de 18 anos, logo descumprimento, o tratamento trazido pela Lei nº
inimputável, ainda que, quando do resultado morte, já 11.343/06 é peculiar. Estabelece o Art. 28, § 6º, da Lei
fosse maior. nº 11.343/06 que, em caso de descumprimento da
medida imposta em sentença, em busca de sua
B) O requerimento a ser formulado é de substituição execução, pode ser aplicada multa ou admoestação
da prisão preventiva por prisão domiciliar, nos termos verbal, permanecendo, porém, a vedação na
do Art. 318, inciso IV, do CPP. O Código de Processo imposição de sanção penal privativa de liberdade,
Penal prevê, desde a Lei nº 12.403/11, a prisão tendo em vista que a prestação de serviços à
domiciliar em substituição a prisão provisória, não comunidade não foi aplicada como pena substitutiva
sendo mais restrita à fase de execução da pena. Já da privativa de liberdade como ocorre no Código
com a Lei nº 13.257/16, passou o CPP a prever, no Art. Penal.
318, inciso IV, a possibilidade de requerimento de
substituição da prisão preventiva por domiciliar
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4. A) O argumento de direito processual é que houve exigir a contribuição de Matheus para produção de
nulidade da sentença em razão da existência de provas contra ele próprio em relação ao crime do Art.
cerceamento de defesa, uma vez que a testemunha 306 da Lei nº 9.503/97 (CTB). O princípio do nemo
Carla poderia ter sido ouvida pelo magistrado. tenetur se detegere, trazido, dentre outros diplomas,
Primeiramente ressalta-se que Carla é classificada pela pelo Pacto de San Jose da Costa Rica, estabelece que
doutrina como testemunha referida, tendo em vista ninguém é obrigado a produzir provas contra si.
que somente se teve conhecimento da mesma e de Apesar de haver controvérsia sobre a extensão desse
que esta presenciou os fatos quando da oitiva da princípio, em relação à exigência de conduta positiva
vítima em juízo. O Art. 209 do CPP menciona a do investigado/acusado na produção de prova que
possibilidade de oitiva das testemunhas referidas. pode lhe prejudicar, prevalece o entendimento no
Ademais, o Art. 401, § 1º do CPP estabelece que as sentido de que não existe obrigatoriedade na
testemunhas referidas, assim como as que não contribuição. O exame de etilômetro exige que o
prestem compromisso, não serão computadas no investigado adote um comportamento positivo, já que
número máximo de 08 testemunhas a serem ouvidas. é preciso que ele sopre ar em determinado aparelho,
Dessa forma, a decisão do magistrado, que de modo que não pode Matheus ser obrigado a
reconheceu a conveniência da oitiva, mas indeferiu realizar tal teste se assim não o desejar, podendo o
apenas por já ter atingido a defesa o limite máximo de crime do Art. 306 do CTB ser identificado por outros
testemunhas, foi equivocada e gerou um cerceamento meios de prova. B) Em busca da liberdade de Matheus,
no exercício do direito de defesa, precisando ser o advogado deveria formular requerimento de
ressaltado que o advogado manifestou de imediato relaxamento da prisão, tendo em vista que a
seu inconformismo com a decisão. decretação da prisão preventiva exige a presença dos
requisitos e pressupostos trazidos pelos Arts. 312 e
A alegação em abstrato no sentido de que o 313 do Código de Processo Penal. Independentemente
magistrado poderia ouvir testemunhas para além das do risco de reiteração delitiva, os pressupostos do Art.
arroladas não foi considerada suficiente pela Banca, 313 do CPP não foram atendidos. O crime imputado
tendo em vista que não combate o argumento do juiz não é doloso e não tem pena máxima superior a 04
no sentido de que as testemunhas referidas estariam anos, ainda que considerada eventual causa de
abrangidas pelo limite máximo de testemunhas aumento. Em relação à reincidência, o Art. 313, inciso
estabelecido no procedimento comum ordinário. II, do CPP apenas admite a prisão se aquela for em
crimes dolosos. No caso, o enunciado deixa claro que
B) O argumento de direito material em busca da Matheus era reincidente específico na prática de
redução da sanção aplicada é o de que o aumento crimes culposos, logo não preenchidos os requisitos
realizado na terceira fase de aplicação da pena deveria legais desde o início, a decretação da prisão torna-se
ser do mínimo legal, ou seja, de 1/3, uma vez que não ilegal, devendo ser relaxada, nos termos do Art. 5º,
foi apresentada fundamentação razoável para inciso LXV, CRFB/88.
aumento acima do mínimo. Certo é que a mera
indicação do número de majorantes – fundamento 6. A) Sim, a capitulação jurídica realizada pelo Ministério
este exclusivo utilizado pelo magistrado – é Público e acolhida na sentença poderá ser
considerada insuficiente para justificar o aumento questionada, tendo em vista que não deveria ter sido
acima do mínimo, nos termos da Súmula 443 do imputada a qualificadora do concurso de agentes. O
Superior Tribunal de Justiça. Assim, diante da ausência Art. 155, § 4º, inciso IV, do CP prevê qualificadora do
de fundamentação para o aumento de 3/8, o aumento furto quando este for praticado mediante concurso de
deveria ser da fração mínima de 1/3. Não será duas ou mais pessoas. Ocorre que, apesar de Caio e
considerado suficiente pela Banca a afirmativa de não Bruno serem irmãos e terem praticado crimes de furto
aplicação das causas de aumento pelo fato de o no mesmo local, data e horário, não houve concurso
coautor não ser identificado. de agentes. Dentre os requisitos para configuração do
concurso de agentes está o liame subjetivo, que não
5. A questão exige do examinando conhecimento sobre restou configurado na hipótese apresentada. A todo
os princípios aplicáveis ao Processo Penal, bem como momento o enunciado deixa claro que Caio e Bruno
sobre as previsões do Código de Processo Penal sobre sequer sabiam da conduta um do outro, não havendo
o tema “Prisão”. A) Com base nas informações que se falar, então, em comunhão de ações e
constantes do enunciado, não poderia Matheus ser desígnios e, consequentemente, concurso de agentes,
obrigado a realizar o teste de bafômetro nos termos apesar de configurado o crime de furto simples em
informados pela autoridade policial. Matheus foi o relação a ambos. B) Mesmo em caso de manutenção
autor de um atropelamento de vítima que sofreu da capitulação apresentada, ou seja, de furto
lesões corporais em razão de sua conduta com qualificado, seria possível a redução da pena aplicada
violação do dever objetivo de cuidado. em razão do privilégio previsto no Art. 155, § 2º, do
Independentemente, a autoridade policial não poderia CP. Apesar de os agentes responderem a outras ações
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penais, nos termos da Súmula 444 do STJ, não aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
havendo sentença condenatória anterior com trânsito multa, caso não haja composição dos danos e não seja
em julgado, são considerados tecnicamente primários hipótese de arquivamento. Todavia, o próprio Art. 76,
e de bons antecedentes. Ademais, as coisas furtadas em seu parágrafo 2º, traz hipóteses em que a proposta
podem ser consideradas de pequeno valor, não de transação penal não poderá ser realizada. O inciso I
havendo que se falar em insignificância, na hipótese, do dispositivo mencionado afirma que não caberá a
seja pelo valor dos bens seja porque o enunciado proposta quando o autor da infração já tiver sido
indaga sobre a redução da pena aplicada e não condenado, pela prática de crime, por sentença
afastamento da tipicidade da conduta. É preciso, definitiva, à pena privativa de liberdade. Na hipótese
ainda, ressaltar que os Tribunais Superiores apresentada, Rodrigo possuía condenação anterior
pacificaram o entendimento de que a figura do furto com trânsito em julgado, mas apenas ao cumprimento
privilegiado poderá ser reconhecida ainda que o crime de pena de multa e não pena privativa de liberdade.
em questão seja de furto qualificado, Assim, não há vedação legal, podendo o Ministério
topograficamente localizado após a disciplina do Público oferecer proposta de transação penal.
privilégio, nos termos da Súmula 511 do Superior
Tribunal de Justiça. B) Rodrigo deve ser absolvido pois sua omissão
ocorreu em erro de tipo. Para configuração do delito
7. A) Em busca da absolvição de Beto, a defesa técnica de omissão de socorro, previsto no Art. 135 do Código
deve alegar que as provas obtidas foram ilícitas, tendo Penal, é preciso que a omissão tenha ocorrido quando
em vista que os policiais apreenderam documentos era possível ao agente prestar assistência sem risco
em local amparado pela inviolabilidade de domicílio. O pessoal. Rodrigo somente não agiu porque acreditava
Art. 5º, inciso XI, da CRFB/88, garante a todos a que existia risco para si, já que não sabia nadar e a
inviolabilidade de domicílio, prevendo exceção no caso criança estava se afogando na lagoa. Em que pese a
de cumprimento de ordem judicial ou flagrante delito, lagoa fosse rasa e não apresentasse risco para Rodrigo,
o que não restou configurado no caso. Ademais, o ele não tinha conhecimento de tal situação, logo agiu
próprio Art. 150, § 4º do CP e o Art. 246 do CPP dizem em erro sobre a elementar “sem risco pessoal”.
que a expressão “casa” compreende aposento Havendo erro sobre elementar do tipo, a
ocupado de habitação coletiva, sendo pacífico o consequência é o afastamento do dolo, somente
entendimento dos Tribunais Superiores no sentido de podendo o agente ser responsabilizado se o erro for
que quarto de hotel, em especial quando habitado evitável e prevista a modalidade culposa do delito, nos
com certa permanência, está abrangido pela termos do Art. 20 do Código Penal. No caso, o crime
inviolabilidade de domicílio. Em sendo os documentos do Art. 135 do Código Penal não traz a modalidade
apreendidos com violação deste direito fundamental culposa, logo o fato é atípico.
as únicas provas, impossível a condenação. B) Para
questionar a capitulação jurídica formulada pelo 9. A) A medida a ser adotada pela família de Clara e seus
Ministério Público na denúncia, a defesa técnica advogados é a apresentação de queixa substitutiva da
deveria esclarecer que não houve concurso de crimes, denúncia, dando início à ação penal privada subsidiária
mas sim crime único de tráfico, tendo em vista que os da pública. Sem dúvida, o crime a ser imputado a João
verbos núcleos do tipo “guardar” e “trazer” estavam é de ação penal pública incondicionada, de modo que,
sendo praticados em um único contexto. De fato, a em princípio, caberia ao Ministério Público oferecer
apreensão de drogas destinadas à venda configura denúncia. Todavia, de acordo com o que consta do
crime de tráfico, sendo certo que a diligência foi válida enunciado, houve omissão por parte do Ministério
porque havia situação de flagrante delito a justificar o Público, tendo em vista que recebido o inquérito com
ingresso dos policiais no quarto do hotel. O crime de relatório final de indiciamento de João, o Parquet se
tráfico de drogas é tipo misto alternativo, de modo manteve inerte, não oferecendo denúncia,
que a prática de mais de um verbo em um mesmo requerendo o arquivamento ou solicitando diligências.
contexto configura crime único, em respeito ao Assim, diante da omissão do Ministério Público, será
princípio da alternatividade. Apenas quando os verbos admitida ação privada subsidiária da pública, nos
são praticados em contextos diversos é possível a termos do Art. 29 do Código de Processo Penal e Art.
imputação de delitos autônomos ao mesmo agente, o 5º, inciso LIX, da CRFB/88, cabendo ao Ministério
que não ocorreu na situação narrada. Público aditar a queixa, repudiá-la ou oferecer
denúncia substitutiva. B) O crime a ser imputado a
8. A) Sim, existe argumento. Inicialmente deve ser João é de extorsão mediante sequestro qualificada,
destacado que o delito imputado a Rodrigo, ainda que nos termos do Art. 159, § 1º, do Código Penal, tendo
considerando a aplicação da pena de maneira em vista que João sequestrou Clara, criança de 11
triplificada em razão do resultado morte, é de menor anos, restringindo sua liberdade, com a clara intenção
potencial ofensivo. Prevê o Art. 76 da Lei 9.099/95 que de obter, para si ou para outrem, vantagem
o Ministério Público poderá oferecer proposta de econômica indevida como condição para o resgate.
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10. A) A defesa de Roberto poderia buscar a restituição do e não dois crimes autônomos, seja em concurso
bem apreendido, tendo em vista que o mesmo não material ou formal. As armas estavam sendo
tem qualquer relação com o fato, logo não interessa guardadas em um mesmo contexto, logo a violação ao
ao processo (Art. 118 do CPP). Ademais, há nota fiscal bem jurídico protegido foi única, podendo, porém, a
a demonstrar a propriedade do bem, logo o pedido de quantidade de armas ser considerada no momento da
restituição poderia ser formulado diretamente nos aplicação da pena.
autos aos magistrado, já que não há controvérsia
sobre o propriedade do bem (Art. 120 do CPP). Da 12. A) Sim, existe argumento em busca da aplicação do
mesma forma, o celular de Roberto não é produto e regime inicial semiaberto para cumprimento da pena.
nem instrumento do crime, não havendo qualquer De acordo com a literalidade do Art. 33, § 2º, do
vedação em sua restituição (Art. 119 do CPP). B) Ainda Código Penal, em sendo o réu reincidente, cabível a
que confessados os fatos, existe argumento de direito aplicação do regime inicial fechado. Ocorre que tal
material para buscar evitar a condenação do crime de previsão poderá ser extremamente severa diante de
roubo. Em que pese Pedro tenha sido vítima de situações concretas onde outro regime de
violência e, também, tenha tido seu celular subtraído, cumprimento de pena se mostre mais adequado.
não há que se falar em crime de roubo por parte de Diante disso, procurando mitigar as consequências
Roberto. Isso porque a violência empregada não foi dessa previsão do Código Penal, a jurisprudência dos
com o objetivo de subtrair coisa alheia móvel, como Tribunais Superiores, inclusive através da Súmula 269
exige o Art. 157 do Código Penal. Pelo contrário, do Superior Tribunal de Justiça, admite a aplicação do
Arthur, Adriano e Junior queriam praticar crime de regime inicial semiaberto aos reincidentes condenados
lesão corporal. Por sua vez, Roberto subtraiu o celular ao cumprimento de pena fixada em até 04 anos, desde
que caiu do bolso de Pedro, não se utilizando, porém, que favoráveis as demais circunstâncias judiciais. No
de grave ameaça ou violência para subtrair a coisa. caso, apesar da reincidência, a pena foi aplicada em 1
Tanto é assim que Roberto não tinha vínculo com os ano e 06 meses de reclusão, não sendo reconhecidas
agentes quando da prática dos atos de violência, circunstâncias judiciais desfavoráveis. Ademais, a
apenas se aproveitando da facilidade na subtração reincidência anterior sequer era específica. Diante
gerada pela situação. Logo, deve ser afastada a prática disso, possível ao advogado de Hugo pleitear a fixação
delitiva do crime de roubo majorado, ainda que reste a do regime inicial semiaberto de cumprimento de pena.
possibilidade de desclassificação e condenação pelo A mera indicação do candidato de que com base na
crime de furto. pena imposta o regime inicial adequado seria aberto
não é suficiente para atribuição de pontos. B) Sim, é
11. A)O argumento de direito processual a ser apresentado possível ao advogado buscar a substituição da pena
é o de que houve violação ao princípio da correlação, o privativa de liberdade por restritiva de direitos. De
que gera a nulidade da sentença por violação ao fato, como destacado pelo magistrado, a princípio, o
princípio da ampla defesa e ao princípio do Art. 44, inciso II, do Código Penal, veda a substituição
contraditório. Isso porque a denúncia narrou que da pena privativa de liberdade por restritiva de
Lucas guardava, em seu local de trabalho, duas armas direitos na hipótese de o réu ser reincidente na prática
de fogo de calibre restrito. Sem que houvesse de crimes dolosos. Não há dúvida que Hugo era
aditamento da denúncia, o magistrado condenou o réu reincidente, já que possuía condenação pela prática de
pela prática de dois crimes de posse de arma de fogo crime doloso anterior, com trânsito em julgado, sendo
de numeração suprimida, previsto no Art. 16, o crime de apropriação indébita praticado
parágrafo único, inciso IV, da Lei 10.826/03. Apesar do posteriormente. Todavia, o próprio Art. 44, § 3º, do
crime imputado na denúncia e o reconhecido na Código Penal, admite a substituição, mesmo diante de
sentença estarem previsto no mesmo dispositivo legal, reincidência, desde que essa não seja específica e a
eles não se confundem e a narrativa dos fatos é medida seja socialmente recomendável. Na situação
diferente. O réu somente se defendeu sobre as armas apresentada, Hugo não é reincidente específico sequer
apreendidas como sendo de uso restrito, não na prática de crimes contra o patrimônio, já que a
podendo, então, o magistrado modificar os fatos para condenação anterior refere-se ao crime de lesão
dar nova capitulação jurídica, nos termos do Art. 384 corporal dolosa. Ademais, com base nas informações
do CPP. Se não houvesse alteração dos fatos, poderia expostas, a medida seria socialmente recomendável,
o juiz aplicar o Art. 383 do CPP, mas não foi isso que tendo em vista que Hugo estava trabalhando e cuidava
ocorreu na hipótese narrada. Dessa forma, deve ser de filhos menores de idade. O crime não envolveria
reconhecida a nulidade da sentença. B)Em busca de violência ou grave ameaça à pessoa. Assim,
questionar o mérito da decisão, o advogado deveria excepcionalmente, possível a substituição da pena
argumentar que a conduta de Lucas de guardar, em privativa de liberdade por restritiva de direitos.
seu local de trabalho, duas armas de fogo com
numeração suprimida configura crime único previsto
no Art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei 10.826/03
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13. A) A decisão do magistrado não foi correta. De fato, de excludente de ilicitude, no caso a da legítima
uma vez que o denunciado não foi localizado para defesa, que encontrava amparo em uma das vertentes
citação pessoal, seria cabível sua citação por edital. Em dos autos. O Art. 415, parágrafo único, do CPP,
consequência, não comparecendo o denunciado e autoriza a absolvição sumária em razão da
nem constituindo advogado, em razão da natureza de inimputabilidade do agente, quando esta for a única
citação ficta, o processo, assim como o curso do prazo tese defensiva. Na hipótese, a tese principal é a de
prescricional, deve ficar suspenso. Ocorre que uma excludente de ilicitude.
suspensão indefinida do prazo prescricional acabaria
por criar um crime, na prática, imprescritível, o que, de 15. A) O advogado de Eduardo deve alegar que ocorreu
acordo com grande parte da doutrina, não poderia cerceamento de defesa, havendo violação aos
ocorrer através de legislação ordinária. Diante disso, princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo
através da Súmula 415 do STJ, foi pacificado o em vista que não houve intimação em relação à
entendimento de que a suspensão do prazo expedição da carta precatória, conforme determina o
prescricional somente poderia durar o período do CPP, que prevê expressamente, em seu Art. 222, que
prazo prescricional, regulado pela pena máxima do as partes deverão ser intimadas. De fato, conforme
crime imputado. O delito do Art. 15 da Lei nº consta do enunciado, a expedição de carta precatória,
10.826/03 tem pena máxima prevista de 04 anos, de de acordo com o Art. 222, § 1º, do CPP, não gera
modo que o prazo prescricional seria de 08 anos. suspensão do processo. Todavia, essa informação não
Desde a suspensão do processo, na forma do Art. 366 se confunde com a necessidade de intimação da
do CPP, passaram-se mais de 08 anos, logo o prazo defesa em relação à expedição. A jurisprudência
prescricional deveria voltar a correr em abril de 2016, admite que não ocorra intimação da defesa em
sendo equivocada a decisão do magistrado de, em relação à data da audiência a ser realizada no juízo
2018, determinar que fosse mantida a suspensão do deprecado somente no caso de ter ocorrido a devida
prazo prescricional. B) Sim, existe argumento de intimação em relação à expedição da carta precatória,
direito material a ser apresentado pela defesa técnica nos termos da Súmula 273 do Superior Tribunal de
de Caio em busca de sua absolvição. Deveria o Justiça, o que não ocorreu na hipótese. B) O
advogado alegar a atipicidade da conduta, tendo em argumento a ser apresentado é o de que, apesar de
vista que nem todas as elementares do crime do Art. Eduardo ter oferecido vantagem indevida para o
15 da Lei nº 10.826/03 foram preenchidas. Em que segurança do estabelecimento para que ele não
pese tenha Caio realizado disparos de arma de fogo, praticasse ato de seu ofício, não há que se falar em
não haveria que se falar no crime imputado, pois os crime de corrupção ativa. O crime de corrupção ativa,
disparos não foram realizados em via pública e nem previsto no Art. 333 do Código Penal, é crime
em direção à via pública. Apesar de a rua da residência praticado por particular contra a Administração
do denunciado ser habitada, os disparos foram Pública em Geral. Ocorre que, no caso, a vantagem foi
realizados dentro de um quintal, em direção à parede oferecida para particular e não funcionário público,
da casa onde não havia ninguém. Independentemente logo o fato é atípico.
de a conduta ser moralmente reprovável, não foi
praticado o delito imputado. 16. A. O argumento a ser apresentado é o de que a prática
de falta grave não gera o reinício da contagem do
14. A) Considerando que a decisão do magistrado foi de prazo do livramento condicional (0,50), nos termos da
absolvição sumária, nos termos do Art. 416 do CPP, Súmula 441/STJ (0,10). 0,00/0,50/0,60 B. O argumento
caberá à defesa apresentar recurso de apelação. B) é o de que ocorreu prescrição da pretensão executória
Não poderia o magistrado ter absolvido Carleto, com (0,40), nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP OU do
aplicação de medida de segurança, em razão da Art. 110 do CP (0,10), pois entre a interrupção do
inimputabilidade, tendo em vista que esta não era a cumprimento da pena e a data da manifestação do(a)
única tese apresentada pela defesa. Pelo contrário, a advogado(a) foi ultrapassado o prazo de 03 anos
defesa de Carleto defendeu que o fato sequer seria (0,15).
ilícito, em razão de legítima defesa, tese que, se
acolhida pelos jurados, nem mesmo levaria à análise 17. A. Não, tendo em vista que deveria ser aplicado ao
da culpabilidade do agente. Sendo a absolvição própria caso o procedimento dos crimes dolosos contra a vida
pela legítima defesa, não seria cabível a aplicação de OU o procedimento previsto para o Tribunal do Júri
medida de segurança. Para que esta seja aplicada, em (0,50), na forma do Art. 394, §3º do CPP OU Art. 5º,
razão da reconhecida inimputabilidade do agente XXXVIII, “d”, da CRFB/88 OU Art. 74, §1º, do CPP
devido à doença mental, exige-se que o mesmo tenha (0,10). 0,00/0,50/0,60 B. O argumento é de atipicidade
praticado um fato típico e ilícito. Em se tratando de da conduta OU que a conduta não é punível (0,20),
crime doloso contra a vida, a competência para o tendo em vista que o Código Penal somente pune a
julgamento respectivo é do Tribunal do Júri, cabendo instigação ao suicídio que gere resultado morte ou
aos jurados a decisão se o acusado atuou sob a escora lesões corporais graves (0,45). 0,00/0,20/0,45/0,65.
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18. A. Sim, poderia ser buscada a desconstituição do 0,00/0,50/0,60 B. Aplicação da escusa absolutória OU
acordo de colaboração premiada, pois não poderia o presente causa de isenção de pena (0,40), tendo em
magistrado ter participado das negociações do acordo vista que o réu era pai da vítima (0,15), nos termos do
(0,55), conforme o Art. 4º, § 6º, da Lei nº 12.850/13 Art. 181, inciso II, do Código Penal (0,10).
(0,10). 0,00/0,55/0,65 B. Não restou configurado o
crime imputado, tendo em vista que o grupo tinha 23. A1. O recurso cabível da decisão de pronúncia é o
intenção de praticar apenas um crime específico e não Recurso em Sentido Estrito (0,20), na forma do Art.
várias infrações penais OU tendo em vista que não 581, inciso IV, do CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30 A2. O
havia relação de estabilidade e permanência (0,60). argumento de direito processual a ser apresentado é o
0,00/0,60 de que houve nulidade com a formulação de
perguntas diretas por parte do magistrado, sem
19. A. Sim, tendo em vista que foi cumprido mais de 1/6 oportunizar complementação das partes (0,20), o que
da pena aplicada OU mais de 01 ano da pena imposta viola o princípio da ampla defesa OU o que gera o
(0,30), nos termos do Art. 112 OU do Art. 126, ambos cerceamento de defesa (0,15). 0,00/0,15/0,20/0,35 B.
da LEP OU da Súmula 562 do STJ (0,10), considerando O argumento de direito material é o de que ocorreu
como pena cumprida o tempo remido em razão do causa superveniente relativamente independente que
trabalho extramuros (0,25). 0,00/0,25/0,30/0,35/ por si só causou o resultado (0,35), devendo Vitor
0,40/0,55/0,65 responder por tentativa de homicídio (0,15), nos
termos do Art. 13, § 1º, do CP (0,10).
B. Não pode o apenado permanecer em regime mais 0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60 .
gravoso em razão da falta de estabelecimento penal
adequado, devendo ser colocado em liberdade ou 24. A. Recurso de apelação (0,40), no prazo de 10 dias
regime mais favorável (0,50), nos termos da Súmula (0,15), conforme Art. 82, caput OU §1º, da Lei nº
Vinculante 56/STF (0,10). 0,00/0,50/0,60. 9.099/95 (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,40/0,50/ 0,55/0,65
B. O argumento é o de que o início da contagem do
20. A. Sim, a prova foi obtida por meio ilícito (0,30), diante prazo decadencial somente ocorreu em 23/10/2017
da ausência de autorização judicial para quebra de OU no dia em que o ofendido teve conhecimento
sigilo de dados OU diante da ausência de autorização sobre a autoria, logo não havia se encerrado quando
de Wesley para acesso ao conteúdo de seu celular do oferecimento da queixa-crime (0,50), nos termos
(0,25), com violação ao direito à do Art. 38 do CPP OU Art. 103 do CP (0,10).
intimidade/privacidade/vida privada (0,10). 0,00/0,50/0,60.
0,00/0,10/0,25/0,30/ 0,35/0,40/0,55/0,65 B. O crime
de associação para o tráfico não é delito equiparado a 25. A1. O recurso cabível da decisão de pronúncia é o
hediondo (0,35) porque não está previsto no Art. 1º da recurso em sentido estrito (0,30), conforme Art. 581,
Lei nº 8.072 OU porque não cabe analogia in malam inciso IV, do CPP (0,10). 0,00/0,30/0,40 A2. Caso a
partem, OU em respeito ao princípio da legalidade decisão fosse de impronúncia, o recurso cabível seria
(0,10), podendo ser aplicado regime aberto (0,15). de apelação (0,15), conforme previsão do Art. 416 do
0,00/0,10/0,15/0,25/ 0,35/0,45/0,50/0,60. CPP (0,10). 0,00/0,15/0,25 B. A tese de direito material
seria que Maria agiu em legítima defesa putativa
21. A. Sim. Tendo em vista que Eduardo deveria ter sido (0,15), estando amparada por descriminante putativa
intimado para manifestar seu interesse em constituir OU erro de tipo permissivo (0,35), conforme Art. 20,
novo advogado ou ser assistido pela Defensoria §1º do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60
Pública, para oferecimento das alegações finais, em
razão do falecimento do antigo patrono (0,40), houve 26. A) Será competente para julgamento de Talles o juízo
violação ao princípio da ampla defesa (0,15), nos da Comarca de Cardoso Moreira, local onde teria sido
termos do Art. 5º, inciso LV, da CRFB (0,10), praticado o crime de roubo. De acordo com as
0,00/0,15/0,25/0,40/ 0,50/0,55/0,65 B. informações constantes do enunciado, três crimes de
Reconhecimento da continuidade delitiva (0,35), na furto foram praticados em conexão com um crime de
forma do Art. 71 do CP (0,10), já que os crimes são da roubo, tendo em vista que o agente, em continuidade,
mesma espécie e foram praticados nas mesmas subtraiu bens de estabelecimentos diversos para obter
condições de tempo, local e modo de execução (0,15) instrumentos para a prática do crime de roubo. A
0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60. conexão probatória, então, é clara. Havendo conexão
entre crimes que foram praticados em diferentes
22. A. O argumento é que, diante da parcial procedência comarcas, sendo que todos os juízos seriam de mesma
do pedido, deveria ter sido analisada a possibilidade categoria, aplicam-se as previsões do Art. 78, inciso II,
de oferecimento de proposta de suspensão do Código de Processo Penal. Não há que se falar em
condicional do processo (0,50), nos termos da Súmula competência da cidade de São Fidélis, pois nenhum
337 do STJ OU art. 89 da Lei 9.099/95 (0,10). dos crimes foi consumado do local, somente lá
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ocorrendo a prisão em flagrante. Restariam as cidades data dos fatos E a sanção penal aplicada é inferior a 4
de Bom Jesus de Itabapoana e Cardoso Moreira. De anos (0,15), nos termos do Art. 77, §2º, do Código
acordo com o Art. 78, inciso II, alínea a, do CPP, o Penal (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/0,45/ 0,50/0,60
primeiro critério a ser observado é o local onde foi
praticado o crime à qual for cominada a pena mais 31. A. O meio de obtenção da prova quando da apreensão
grave. O crime mais grave imputado é o de roubo da faca foi ilícito (0,20), tendo em vista que houve
majorado, logo competente a Comarca de Cardoso ingresso na residência de José Barbosa sem
Moreira. O critério do número de crimes praticados autorização do morador, flagrante delito ou ordem
somente seria relevante se a todos os delitos fosse judicial (0,35), nos termos do art. 5º, XI, CRFB OU 157
prevista a mesma pena. B) O argumento de direito do CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,35/ 0,45/0,55/0,65 B.
material é o de que não haveria que se falar em crime Não poderia José Barbosa ser processado
de roubo majorado pela restrição da liberdade da criminalmente pela prática do crime de homicídio,
vítima, tendo em vista que a restrição em questão foi a tendo em vista que era inimputável na data dos golpes
normal do tipo para subtração dos bens, não se desferidos OU tendo em vista que praticou ato
estendendo por tempo significativo relevante, para infracional análogo ao crime de homicídio (0,45), pois
além daquele necessário para a subtração, conforme o Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir
exige a doutrina e a jurisprudência. o momento do crime (0,15). 0,00/0,15/0,45/0,60

27. A. Houve inversão na ordem de oitiva das testemunhas 32. A) Sim, o advogado de Antônio, já no momento de
OU que as testemunhas de defesa não poderiam ter apresentar resposta à acusação, deveria apresentar
sido ouvidas antes das testemunhas de acusação exceção de suspeição em face da Promotora de
(0,40), havendo violação ao devido processo legal OU Justiça, tendo em vista a presença da causa de
violação à ampla defesa OU violação ao contraditório suspeição prevista no Art. 254, incisos I e IV, do Código
(0,15), conforme o Art. 564, inciso IV, do CPP OU Art. de Processo Penal (CPP). Prevê o dispositivo em
400 do CPP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,40/ questão que o juiz dar-se-á por suspeito quando for
0,50/0,55/0,65 B. Houve retratação antes da sentença amigo íntimo de alguma das partes ou quando tiver
ser proferida no processo de Antônio (0,35), deixando aconselhado uma das partes. Carla é muito amiga da
o fato de ser punível (0,15), nos termos do Art. 342, § genitora da vítima e ainda aconselhou a ofendida e sua
2º, do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60. família sobre como agir diante do ocorrido. Ademais, o
Art. 258 do CPP estabelece que as previsões referentes
28. A. Sim. Existe, tendo em vista que Maria deveria ter às causas de impedimento e suspeição do magistrado
sido intimada pessoalmente por estar presa (0,50), na são aplicáveis, no que couber, ao Ministério Público.
forma do Art. 392, inciso I, do CPP (0,10). Claro está o envolvimento de Carla com a causa, de
0,00/0,50/0,60 B. Atipicidade material da conduta modo que sua suspeição deve ser reconhecida.
(0,25), em razão do reconhecimento do princípio da Considerando que a mesma não se declarou suspeita,
insignificância/bagatela (0,40). 0,00/0,25/0,40/0,65. oferecendo denúncia, caberia ao advogado apresentar
exceção de suspeição, nos termos do Art. 95, inciso I,
29. A. A nulidade da decisão que decretou a interceptação do CPP, e do Art. 104 do CPP. B) A principal alegação
das comunicações telefônicas OU ilicitude da prova defensiva, de mérito, de direito material, é a de que
obtida a partir das interceptações telefônicas (0,20), houve erro de tipo por parte do denunciado, nos
pois decretada a medida pelo prazo inicial de 30 dias termos do Art. 20 do Código Penal, de modo que fica
(0,35), em desacordo com a previsão do Art. 5º da Lei afastado o seu dolo. Diante da situação apresentada,
nº 9.296/96 (0,10) 0,00/0,20/0,30/0,35/ claro está que Antônio não tinha conhecimento que
0,45/0,55/0,65 B. A tese de direito material é que foi Joana tinha apenas 13 anos de idade, merecendo
praticado o crime previsto no Art. 33, § 3º da Lei nº destaque as partes se conheceram em uma festa de
11.343/06 (0,45), tendo em vista que o agente tinha o música eletrônica, ocasião em que a ofendida afirmara
material e o oferecia para junto consumir com seus estar na faculdade, o que, por si só, já afastaria as
amigos, de maneira eventual e sem intenção de lucro suspeitas de que fosse menor de 14 anos. Ainda que
(0,15) 0,00/0,15/0,45/0,60 se entendesse que o erro foi vencível, não poderia
Antônio ser responsabilizado, tendo em vista que esse
30. A. O argumento a ser apresentado em favor de afasta o dolo e não há previsão de responsabilização
Arnaldo é que a infração deixou vestígios e não existe culposa pelo crime de estupro de vulnerável. No caso,
prova da materialidade do crime de lesão corporal OU é irrelevante a posição dos Tribunais Superiores no
que não foi realizado exame de corpo de delito na sentido de que o passado sexual da vítima não deve
vítima, não o suprindo a confissão do acusado (0,55), ser analisado, bastando que a mesma tenha,
nos termos do Art. 158 do CPP (0,10). 0,00/0,55/0,65 objetivamente, menos de 14 anos de idade. Ocorre
B. Sim, poderia ser buscada a suspensão condicional que o problema apresentado em nada com esse tema
da pena (0,35), já que Arnaldo era maior de 70 anos na
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se confunde, já que sequer sabia o réu a idade da 36. A. A infiltração não foi válida, tendo em vista que não
vítima, que é uma das elementares do tipo. houve autorização da autoridade judicial (0,40) e havia
outros meios para obtenção da prova (0,15), na forma
33. A. A medida judicial cabível é da revisão criminal do Art. 10 da Lei nº 12.850/13 (0,10)
(0,40), com fundamento no Art. 621, inciso II OU III, do 0,00/0,15/0,25/0,40/ 0,50/0,55/0,65 B. O argumento é
Código de Processo Penal (0,10), tendo em vista que a que não houve a prática do crime de organização
condenação foi baseada em documento criminosa, tendo em vista que a associação do grupo
comprovadamente falso OU em razão do surgimento era voltada para prática de crimes de receptação
de prova nova, após a sentença, apta a demonstrar a simples, cuja pena máxima não ultrapassa 04 anos
inocência do acusado (0,15). 0,00/0,15/0,25/ (0,50), na forma do Art. 1º, §1º, da Lei nº 12.850/13
0,40/0,50/0,55/0,65 B. O argumento é de que a (0,10). 0,00/0,50/0,60
conduta de Túlio era atípica (0,20), tendo em vista
que, objetivamente, Maria era maior de 14 anos na 37. A. Sim, é possível a revogação do benefício, nos
data dos fatos e houve consentimento na prática dos termos da Súmula Vinculante 35 do STF OU Sim, pois a
atos sexuais (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60 decisão que homologa transação penal não faz coisa
julgada material (0,65) 0,00/0,65 B. Não é possível a
34. A. O recurso cabível da decisão é de Agravo de responsabilização penal de Cláudio pelo crime do Art.
Execução, (0,40) na forma do Art. 197 da LEP (0,10), 154-A do Código Penal, tendo em vista que a lei
cabendo ao magistrado exercer juízo de retratação em posterior que de qualquer forma prejudique o acusado
razão da aplicação, no recurso de agravo, do rito não pode retroagir para atingir situação pretérita OU
previsto para o recurso em sentido estrito (0,15). tendo em vista que a lei que tipificou a conduta é
0,00/0,15/0,25/0,40/ 0,50/0,55/0,65 B. O argumento posterior à data dos fatos (0,50), com base no Art. 5º,
para combater a decisão é o de que o período em inciso XL, da CRFB/88 OU no Art. 1º do Código Penal
livramento condiconal deveria ser considerado como (0,10). 0,00/0,50/0,60
pena cumprida (0,20), tendo em vista que o delito que
justificou a revogação é anterior ao benefício (0,30), 38. A) A defesa de Marcos deverá formular requerimento
nos termos do Art. 88 do CP OU Art. 141 da Lei nº de relaxamento da prisão, tendo em vista que não
7.210/84 (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,40/ 0,50/0,60. havia situação de flagrante a justificar a formalização
do Auto de Prisão em Flagrante. Narra o enunciado
35. A) Apesar de a contravenção penal causar prejuízo ao que, de fato, Marcos, mediante grave ameaça,
patrimônio de autarquia federal, a Justiça Federal não inclusive com emprego de simulacro de arma de fogo,
é competente para julgar a infração penal, tendo em subtraiu coisas alheias móveis de Diego e Julio, logo
vista que o Art. 109, inciso IV, da Constituição da praticou dois crimes de roubo. As vítimas
República Federativa do Brasil prevê expressamente reconheceram o acusado, de modo que há justa causa
que a Justiça Federal terá competência para julgar para o oferecimento de denúncia. Todavia, não havia
infrações penais patricadas em detrimento de bens, situação de flagrante a justificar a prisão do acusado.
serviços ou interesses da União e de suas entidades Isso porque o reconhecimento e prisão de Marcos
autárquicas e empresas públicas, excluídas as ocorreram mais de 07 horas após o fato, sendo certo
contravenções penais. Diferente da regra geral, as que não houve perseguição e nem com o agente
contravenções penais, ainda que nas circunstâncias do foram encontrados instrumentos ou produtos do
dispositivo acima mencionado, devem ser julgadas crime. Dessa forma, nenhuma das situações previstas
perante a Justiça Estadual, no caso, Juizado Especial no Art. 302 do Código de Processo Penal restou
Criminal Estadual. B) Apesar de Maurício ter iniciado a configurada. Em sendo a prisão ilegal, o requerimento
execução de uma contravenção penal e a mesma não a ser formulado é de relaxamento da prisão.
ter se consumado por circunstâncias alheias à vontade Insuficiente, no caso, o examinando apresentar
do agente, o que, em tese, configura tentativa, que, requerimento de liberdade provisória. Primeiro
pela regra do Código Penal, impõe a punição pelo porque, em sendo a prisão ilegal, sequer deveriam ser
crime pretendido com redução de pena, na hipótese analisados os pressupostos dos Artigos 312 e 313 do
apresentada, a infração penal que não restou Código de Processo Penal nesse momento. Além disso,
consumada foi uma contravenção. Nos termos do a princípio, não seria caso de reconhecimento de
previsto no Art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41, não se ausência dos motivos da preventiva, já que foi
pune a tentativa de contravenção penal. Assim, no praticado crime com circunstâncias graves e o agente
momento em que Maurício não conseguiu consumar o é triplamente reincidente. B) O equívoco a ser alegado
delito por circunstâncias alheias à sua vontade, sua em relação à capitulação delitiva refere-se ao concurso
conduta não é punível. de crimes. Sem dúvidas, confirmados os fatos, houve
crime de roubo, já que foram subtraídas coisas alheias
móveis e houve emprego de grave ameaça, ainda que
apenas através de palavras de ordem e emprego de
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simulacro de arma de fogo. Da mesma forma, dois sua bicicleta em alta velocidade, com o filho de 02
foram os crimes patrimoniais praticados. Isso porque anos no colo, sem observância do dever objetivo de
dois patrimônios foram atingidos e presente o cuidado. Todavia, seu comportamento causou a morte
elemento subjetivo, tendo em vista que Marcos sabia de seu próprio filho, o que, por si só, demonstra que as
que estava subtraindo pertences de duas pessoas consequências da infração já foram graves o suficiente
diversas. Todavia, com uma só ação, mediante uma para o autor do fato, tornando a sanção penal
ameaça, foram subtraídos bens de dois patrimônios efetivamente desnecessária.
diferentes. Assim, deverá ser reconhecido o concurso
formal de delitos, aplicando-se a regra da exasperação 41. A. Não poderia Matheus ter sido obrigado a realizar o
da pena, e não o concurso material, com aplicação do teste do bafômetro, em respeito ao princípio de que
cúmulo material de sanções. ninguém é obrigado a produzir prova contra si OU
diante do princípio nemo tenetur se detegere (0,60)
39. A) A defesa de Pablo deverá formular pedido de 0,00/0,60 B. O requerimento a ser formulado é de
liberdade provisória, tendo em vista que, apesar de relaxamento da prisão (0,30), conforme Art. 5º, inciso
ostentar diversas condenações pela prática de crimes LXV, da CRFB/88 (0,10), tendo em vista que Matheus é
graves, na situação apresentada, com base nas reincidente na prática de crimes culposos OU tendo
informações constantes do auto de prisão em em vista que não foram preenchidos os requisitos do
flagrante, poderá o juiz verificar que Pablo agiu Art. 313 do CPP (0,25).
amparado por causa excludente da ilicitude, de modo
que poderá conceder liberdade provisória, mediante 42. A. Sim. O advogado poderá argumentar que, apesar da
termo de comparecimento a todos os atos do reincidência, as circunstâncias judiciais são favoráveis
processo, conforme previsão do Art. 310, parágrafo e que a pena foi fixada abaixo de 04 anos (0,25), sendo
único, do CPP. B) O argumento de direito material a cabível aplicação do regime semiaberto (0,30), nos
ser apresentado é que Pablo deverá ser absolvido do termos da Súmula 269 do STJ (0,10).
crime imputado porque agiu amparado por estado de 0,00/0,25/0,30/0,35/ 0,40/0,55/0,65 B. É possível a
necessidade, que é causa excludente da ilicitude. substituição da pena privativa de liberdade por
Todos os requisitos estabelecidos pelo Art. 24 do CP restritiva de direitos, tendo em vista que a reincidência
estão preenchidos, tendo em vista que havia situação não é específica (0,35) e a medida é socialmente
de perigo atual ao seu filho, não provocada por Pablo, recomendável (0,15), nos termos do Art. 44, § 3º, do
e não tinha ele outra maneira de agir para proteção, CP (0,10
tendo em vista que o cão adotava comportamento
agressivo e tentava atacar a criança. Além disso, em 43. A. Sim, tendo em vista que foi cumprido mais de 1/6
que pese a relevência da vida de um cachorro para o da pena aplicada OU mais de 01 ano da pena imposta
seu dono, o sacrifício da vida de uma criança não era (0,30), nos termos do Art. 112 OU do Art. 126, ambos
razoável exigir nas circunstâncias do caso concreto. da LEP OU da Súmula 562 do STJ (0,10), considerando
Não há que se falar em legítima defesa, porém, pois como pena cumprida o tempo remido em razão do
esta pressupõe injusta agressão, o que, por sua vez, trabalho extramuros (0,25). 0,00/0,25/0,30/0,35/
somente se configura com um comportamento 0,40/0,55/0,65 B. Não pode o apenado permanecer
humano. em regime mais gravoso em razão da falta de
estabelecimento penal adequado, devendo ser
40. A) A capitulação delitiva realizada pelo Ministério colocado em liberdade ou regime mais favorável
Público não está integralmente correta, pois, em que (0,50), nos termos da Súmula Vinculante 56/STF (0,10).
pese exista prova da materialidade e indícios de
autoria em relação ao crime de homicídio culposo, não 44. A. Será competente o juízo da Comarca de Cardoso
poderia ter sido imputada a causa de aumento Moreira (0,35), local onde foi praticada a infração
prevista no Art. 121, § 4º, do CP, tendo em vista que a penal mais grave (0,20), nos termos do Art. 78, inciso
idade da vítima somente é relevante, no momento de II, alínea a, do CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,35/
analisar tal causa de aumento, quando o homicídio é 0,45/0,55/0,65 B. Não houve restrição da liberdade da
de natureza dolosa. Assim, deveria ser afastada a vítima por tempo significativo/suficiente para
causa de aumento imputada. B) O argumento a ser ultrapassar o normal do tipo, devendo ser afastada a
apresentado pela defesa técnica é da aplicação do causa de aumento de pena (0,60).
perdão judicial, devendo o juiz deixar de aplicar a
pena. De acordo com o Art. 121, § 5º, do CP, o juiz 45. A. Sim, o argumento seria pela inexistência de liame
poderá deixar de aplicar a pena se as consequências subjetivo entre os agentes (0,45), afastando-se a
da infração atingirem o próprio agente de forma tão qualificadora do concurso de pessoas (0,15).
grave que a sanção se torne desnecessária. De fato, 0,00/0,15/0,45/0,60 B. Sim, aplicação do furto
pelas circunstâncias narradas no enunciado, houve privilegiado (0,35), já que a coisa é de pequeno valor e
crime de homicídio culposo, já que Manoel conduzia
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os réus são primários (0,20), conforme a Súmula 511 defensiva (0,40), somente podendo o magistrado
do STJ (0,10). absolver sumariamente com reconhecimento da
legítima defesa e sem aplicação de medida de
46. A. Sim, a suspensão da prescrição somente poderia segurança OU devendo o magistrado submetê-lo a
durar o período do prazo prescricional, computado de julgamento perante o Tribunal do Júri para análise da
acordo com o máximo da pena em abstrato prevista, excludente de ilicitude (0,15), nos termos do Art. 415,
voltando a correr em abril de 2016 (0,55), nos termos parágrafo único, do CPP (0,10).
da Súmula 415 do STJ (0,10). 0,00/0,55/0,65 B. Sim, a
atipicidade da conduta (0,20), tendo em vista que o 51. A. Sim. Tendo em vista que Eduardo deveria ter sido
disparo não foi realizado em via pública e nem em intimado para manifestar seu interesse em constituir
direção à via pública OU tendo em vista que o disparo novo advogado ou ser assistido pela Defensoria
não foi realizado em local habitado (0,40) Pública, para oferecimento das alegações finais, em
razão do falecimento do antigo patrono (0,40), houve
47. A. Sim, a prova foi obtida por meio ilícito (0,30), diante violação ao princípio da ampla defesa (0,15), nos
da ausência de autorização judicial para quebra de termos do Art. 5º, inciso LV, da CRFB (0,10),
sigilo de dados OU diante da ausência de autorização 0,00/0,15/0,25/0,40/ 0,50/0,55/0,65 B.
de Wesley para acesso ao conteúdo de seu celular Reconhecimento da continuidade delitiva (0,35), na
(0,25), com violação ao direito à forma do Art. 71 do CP (0,10), já que os crimes são da
intimidade/privacidade/vida privada (0,10). mesma espécie e foram praticados nas mesmas
0,00/0,10/0,25/0,30/ 0,35/0,40/0,55/0,65 B. O crime condições de tempo, local e modo de execução (0,15).
de associação para o tráfico não é delito equiparado a
hediondo (0,35) porque não está previsto no Art. 1º da 52. Resposta: A. Houve cerceamento de defesa OU
Lei nº 8.072 OU porque não cabe analogia in malam violação ao princípio do contraditório ou da ampla
partem, OU em respeito ao princípio da legalidade defesa (0,15), tendo em vista que as testemunhas
(0,10), podendo ser aplicado regime aberto (0,15). referidas não são computadas no número máximo de
testemunhas a serem ouvidas (0,35), nos termos do
48. A. Houve inversão na ordem de oitiva das testemunhas Art. 401, § 1º, do CPP OU Art. 209 do CPP OU Art. 5º,
OU que as testemunhas de defesa não poderiam ter LV, CRFB (0,10).
sido ouvidas antes das testemunhas de acusação
(0,40), havendo violação ao devido processo legal OU B. O número de majorantes não é fundamento
violação à ampla defesa OU violação ao contraditório adequado para aplicação da causa de aumento de
(0,15), conforme o Art. 564, inciso IV, do CPP OU Art. pena acima do mínimo legal (0,55), nos termos da
400 do CPP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,40/ Súmula 443 do STJ (0,10)
0,50/0,55/0,65 B. Houve retratação antes da sentença
ser proferida no processo de Antônio (0,35), deixando 53. Resposta: A. Houve violação ao princípio da correlação
o fato de ser punível (0,15), nos termos do Art. 342, § OU não houve aditamento dos fatos narrados na
2º, do CP (0,10). denúncia, não podendo o magistrado alterá-los (0,40),
nos termos do Art. 384 do CPP (0,10), o que
49. A. O argumento é a ilicitude do meio de obtenção das representa violação ao princípio da ampla defesa OU
provas na apreensão dos documentos (0,15), tendo contraditório (0,15)
em vista que o quarto de hotel está amparado pela
inviolabilidade de domicílio e não havia situação de B. Houve crime único OU Não houve qualquer espécie
flagrante delito ou mandado de busca e apreensão de concurso de delitos (0,50), tendo em vista que as
(0,35), na forma do Art. 5º, inciso XI, da CRFB/88 OU armas de fogo foram apreendidas em um mesmo
do Art. 150, § 4º, do CP OU do Art. 246 do CPP OU Art. contexto (0,10)
157 do CPP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/
0,45/0,50/0,60 B. O argumento a ser apresentado é 54. Resposta: A. Sim, poderia ser buscada a
que houve crime único (0,40), pois os dois verbos desconstituição do acordo de colaboração premiada,
núcleos do tipo foram praticados em um mesmo pois não poderia o magistrado ter participado das
contexto OU diante do princípio da alternatividade OU negociações do acordo (0,55), conforme o Art. 4º, § 6º,
pelo fato de o crime de tráfico ser misto alternativo da Lei nº 12.850/13 (0,10).
OU houve uma única violação ao bem jurídico
protegido B. Não restou configurado o crime imputado, tendo
em vista que o grupo tinha intenção de praticar
50. A. Recurso de apelação (0,50), nos termos do Art. 416 apenas um crime específico e não várias infrações
do CPP (0,10). 0,00/0,50/0,60 B. O agente não poderia penais OU tendo em vista que não havia relação de
ter sido absolvido sumariamente em razão da estabilidade e permanência (0,60).
inimputabilidade porque essa não era a única tese
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55. Resposta: A1. O recurso cabível da decisão de nos termos do Art. 28-A, caput, do CPP OU do Art. 28-
pronúncia é o recurso em sentido estrito (0,30), A, § 2º, inciso IV, do CPP (0,10) 0,00/0,55/0,65 B. Sim.
conforme Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10). Maria poderá se habilitar como assistente de acusação
0,00/0,30/0,40 A2. Caso a decisão fosse de ou assistente do Ministério Público (0,50), na forma do
impronúncia, o recurso cabível seria de apelação Art. 268 do CPP OU do Art. 271 do CPP (0,10)
(0,15), conforme previsão do Art. 416 do CPP (0,10).
0,00/0,15/0,25 60. A. O argumento é o de que o reconhecimento
realizado não foi válido, pois não foram observadas as
B. A tese de direito material seria que Maria agiu em formalidades legais (0,55), nos termos do Art. 226 do
legítima defesa putativa (0,15), estando amparada por CPP (0,10). 0,00/0,55/0,65 B. O argumento seria o de
descriminante putativa OU erro de tipo permissivo que deveria ter sido reconhecida a atenuante da
(0,35), conforme Art. 20, §1º do CP (0,10). reparação do dano, tendo em vista que o denunciado
devolveu o valor obtido indevidamente (0,50), nos
56. A. A prisão em flagrante foi ilegal (0,20), já que não termos do Art. 65, inciso III, alínea b, do CP (0,10).
estava configurada em qualquer das situações
previstas no Art. 302 do CPP (0,40). 61. A. O argumento é de que a prova é ilícita, tendo em
0,00/0,20/0,40/0,60 B. Sim, o argumento seria de que vista que não poderia ter havido transcrição da
ocorreu erro de proibição OU erro sobre ilicitude conversa travada entre Flávio e seu advogado, que
(0,40), nos termos do Art. 21 do CP (0,10), que poderia tem direito ao sigilo ou inviolabilidade das
funcionar como causa de isenção de pena OU que comunicações, não sendo o advogado coautor de
afasta a culpabilidade do agente OU que afasta o crimes e nem figurando como investigado (0,50), nos
potencial conhecimento da ilicitude (0,15) termos do Art. 7º, inciso II ou III, da Lei nº 8.906/94 ou
Art. 157 caput do CPP ou Art. 5º, inciso LVI da CRFB/88
57. A. Luiz poderá ser beneficiado por eventual causa de (0,10). 0,00/0,50/0,60 B. Sim, o argumento seria o de
diminuição de pena em razão da tentativa, mesmo não que não poderia o réu ser obrigado a fornecer sua voz
apresentando recurso, tendo em vista que se trata de para perícia ou que não poderia o magistrado ter
circunstância objetiva ou de caráter não exigido um comportamento positivo/ativo por parte
exclusivamente pessoal (0,30). A participação de do réu ou a perícia de voz dependeria da concordância
menor importância é circunstância pessoal, não se de Flávio (0,15), já que o acusado não pode ser
estendendo ao corréu (0,25), nos termos do Art. 580 obrigado a produzir prova contra si (0,40), conforme
do CPP (0,10). 0,00/0,25/0,30/0,35/ 0,40/0,55/0,65 B. Art. 5º, inciso LXIII da CRFB/88 ou Art. 8º, item 2,
Sim, o argumento seria de que ações penais em curso alínea g, do anexo do Decreto 678/1992(0,10).
não podem ser valoradas de maneira negativa ao réu
no momento de aplicação da pena base (0,35), sob 62. A. Não foi válida a citação de Carla, já que ela não
pena de violação ao princípio da presunção de estava em local incerto e não sabido ou que não
inocência ou da não culpabilidade (0,15), conforme estava se ocultando para não ser citada, já que Carla
Súmula 444 do STJ OU Art. 5º, inciso LVII, da CRFB possuía endereço fixo e conhecido (0,50), conforme
(0,10) Art. 361 ou 362 ambos do CPP (0,10) 0,00/0,50/0,60 B.
O argumento é o de que o crime praticado por Carla
58 A. Considerando a decisão do Tribunal de denegar a foi de falsidade ideológica, com inserção de conteúdo
ordem de habeas corpus, o recurso cabível é o recurso falseado, e não falsificação de documento particular
ordinário constitucional (0,50), nos termos do Art. 105, (0,40), tendo em vista que inseriu informação falsa em
inciso II, alínea a, da CRFB OU Art. 30 da Lei 8038/90 documento verdadeiro quanto à sua forma (0,15), nos
(0,10) 0,00/0,50/0,60 B.1. A defesa deveria alegar a termos do Art. 299 do CP (0,10).
proibição de aplicação de sanções coletivas (0,20), nos
termos do Art. 45, §3º, da LEP (0,10) 0,00/0,20/0,30 63. A. Como se trata de crime que deixa vestígio, seria
B.2. Não pode ser considerado fato posterior como necessária a realização de exame pericial dos
falta grave a afastar o preenchimento do requisito medicamentos apreendidos ou a prova do fato por
subjetivo OU o decreto mencionava que o apenado perícia seria ônus da acusação, diligência que também
não poderia ter praticado falta grave nos 12 meses poderia ter sido determinada de ofício e
anteriores ao decreto (0,20), em respeito ao princípio supletivamente pelo juiz (0,55), segundo o Art. 158,
da legalidade OU porque a decisão que reconhece o caput ou Art. 156, inciso II, ambos do CPP (0,10).
indulto é meramente declaratória (0,15) 0,00/0,55/0,65 B. Não houve comprovação do crime
por falta de prova pericial, sendo o caso de absolvição
59. A. Sim, tendo em vista que o crime em tese praticado ou absolvição por não estar provado que os
envolveu violência à pessoa OU porque foi praticado recorrentes concorreram culposa ou dolosamente
no contexto da violência doméstica e familiar contra a para eventual infração penal ou incorreram em erro de
mulher, impossibilitando a proposta de ANPP (0,55), tipo ou atipicidade de conduta (0,50). Conforme o Art.
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386, inciso III, IV ou V, do CPP ou Art. 20, caput do CP 68. A. A tese jurídica de mérito é a ocorrência de
(0,10). consunção, pois o crime-meio de falsificação de
documento particular é absorvido pelo crime-fim de
64. A. O recurso cabível é o Recurso em Sentido Estrito estelionato (0,55), nos termos da Súmula nº 17 do STJ
(0,25), nos termos do Art. 581, inciso XV, do CPP (0,10). 0,00/0,55/0,65 B. A tese jurídica processual é a
(0,10). O argumento de direito processual é que a necessidade de rejeição da denúncia por falta de
apelação deveria ser admitida, pois é o recurso representação da vítima, pois, a partir da Lei nº
adequado à impugnação das sentenças condenatórias, 13.964/19, o crime de estelionato, em regra, comporta
ainda que se recorra apenas de parte delas (0,30). ação penal de iniciativa pública condicionada à
0,00/0,25/0,30/0,35 0,55/0,65 B. A condenação representação (0,50), segundo o Art. 171, § 5º, do CP
anterior à pena de multa não impede a concessão da (0,10).
suspensão condicional da pena (0,50), de acordo com
o Art. 77, § 1º, do CP (0,10) 69. A. A tese de mérito é a da atipicidade (0,30) por
insignificância da conduta (0,20), pois a União está
65. A. Atipicidade objetiva da conduta (0,20), pois a figura dispensada de ajuizar ações de cobrança de tributos
delitiva da perseguição (Art. 147-A do CP); adota verbo cujo valor esteja aquém do patamar de R$ 20.000.00
nuclear no infinitivo (“perseguir”), o que denota crime (vinte mil reais), com as atualizações efetivadas pelas
habitual, a exigir reiteração do comportamento para a Portarias nº 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda
caracterização da tipicidade objetiva (0,40) ou R$ 1.000,00 (mil reais) nos termos do Art. 20, § 2º,
0,00/0,20/0,40/ 0,60 B. A medida a ser adotada pelo da Lei nº 10.522/02 (0,15). 0,00/0,15/0,20/0,30/
defensor técnico do acusado para viabilizar proposta 0,35/0,45/0,50/0,65 B. A questão preliminar é que a
de transação penal é requerer ao Juízo a remessa dos condenação anterior à pena de multa não inviabiliza a
autos ao órgão superior do Ministério Público para suspensão condicional do processo (0,35), por
reexame do cabimento dessa proposta (0,30). Isso aplicação analógica do Art. 77, § 1º, do CP (0,10),
porque a extinção da pena há mais de cinco anos deixa devendo haver a remessa dos autos à autoridade
de produzir efeitos jurídicos (0,25), nos termos do Art. superior do Ministério Público Federal, nos termos da
64, inciso I, do CP (0,10). Súmula 696 do STF (0,15).

66. A. Em preliminar de defesa, deve ser alegada a 70. A. Carta testemunhável (0,55), na forma do Art. 639,
extinção de punibilidade pela decadência (0,35), tendo inciso I, do CPP (0,10). 0,00/0,55/0,65 B. O regime
em vista que Paulo deixou de oferecer representação semiaberto de cumprimento de pena admite a
no prazo de 6 meses, conhecendo a autoria desde a remição de penas por trabalho (0,35), na forma do Art.
data do fato (0,15), conforme estabelecido no Art. 38 126, caput, da LEP (0,10), sendo incabível, no Direito
do CPP c/c. o Art. 107, inciso IV, do CP (0,10). Penal, a analogia prejudicial ao réu (0,15).
0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60 B. Fábio atuou
em legítima defesa, uma vez que, usando 71. A1. Bruno, em razão de ter celebrado suspensão
moderadamente dos meios necessários, repeliu injusta condicional do processo no quinquênio antecedente
e iminente agressão de Paulo, que foi em sua direção (0,20), na forma do Art. 28-A, § 2º, inciso III, do CPP
para lhe dar um soco com o intuito de quebrar seu (0,10). 0,00/0,20/0,30 A2. Leila, por ser tecnicamente
nariz (0,35). Assim, houve exclusão da ilicitude do fato reincidente (0,20) na forma do Art. 28-A, § 2º, inciso II,
(0,20), na forma do Art. 23, inciso II, c/c. o Art. 25, do CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30 B. Bruno, Valter e
caput, ambos do CP (0,10). Vinícius podem iniciar o cumprimento da pena em
regime aberto, pois não são reincidentes (0,55), na
67. A. A intimação deveria ter sido feita na pessoa do réu, forma do Art. 33, § 2º, c, do CP (0,10).
Arnaldo, de modo que ele ficou privado de efetuar sua
autodefesa na audiência de instrução e julgamento, 72. A. Sim, deveria a defesa técnica alegar a existência de
em violação ao Princípio da Ampla Defesa ou do excludente de ilicitude (0,20), em razão do estado de
Contraditório ou do Princípio do Devido Processo Legal necessidade (0,35), nos termos do Art. 24 ou do Art.
(0,35). Houve, portanto, nulidade da intimação e dos 23, inciso I, do CP (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,35/
demais atos subsequentes (0,15), na forma do Art. 0,45/0,55/0,65 B. O argumento é o de que não houve
564, inciso IV, do CPP ou do Art. 5º, incisos LV e LIV, da concurso de crimes, mas sim crime único (0,40), diante
CRFB/88 (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/ 0,45/0,50/0,60 da natureza de crime habitual da infração imputada ou
B. O delito de estupro de vulnerável tem como vítima diante da imprescindibilidade da reiteração para
pessoa menor de 14 anos, conforme o Art. 217-A, configuração do delito (0,20).
caput, do CP. Mônica tinha 14 anos e, portanto,
capacidade para consentir a relação sexual (0,35). 73. A. A queixa-crime somente poderia ter sido
Assim, o fato é atípico, devendo Arnaldo ser absolvido apresentada por procurador com poderes especiais
(0,20), segundo o Art. 386, inciso III, do CPP (0,10). OU a procuração apenas previa poderes gerais, o que
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não é admitido, (0,50) nos termos do Art. 44 do CPP comunicabilidade (0,30), nos termos do Art. 30, do CP
(0,10). 0,00/0,50/0,60 B. Houve aberratio criminis OU (0,10). 0,00/0,25/0,30/0,35 0,40/0,55/0,65 B. Sim, pois
houve resultado diverso do pretendido (0,40), o efeito extensivo do recurso beneficia Lúcio por ser
devendo o agente responder apenas pelo crime de embasado em circunstância objetiva (0,50), na forma
lesão corporal culposa (0,15), nos termos do Art. 74 do do Art. 580, do CPP (0,10).
CP (0,10).

74. A. Caberá recurso em sentido estrito (0,50), nos


termos do Art. 581, inciso I, do CPP (0,10).  EXERCÍCIOS DE PEÇAS
0,00/0,50/0,60 B. Sim, o argumento seria que,
considerando a imputabilidade elemento da 1. RESPOSTA A ACUSAÇÃO
culpabilidade, o fato praticado é típico, ilícito e
culpável OU que não deveria ser afastada a (Em 10 de janeiro de 2013, na cidade de Quixadá, Eliete
culpabilidade do agente (0,15), tendo em vista que a armou uma emboscada para Luana, sua inimiga de longa
paixão não exclui a imputabilidade penal (0,40), nos data e que muitas vezes havia ameaçado de morte, pois
termos do Art. 28, inciso I, do CP (0,10) Luana era atual mulher no seu ex-marido, Marcio, motivo
pelo qual nutria ódio. Eliete portando uma arma de fogo,
75. A. Sim, a decisão homologatória de transação penal espera Luana sair do mercado, arrasta-a pelos cabelos e a
pode ser questionada por meio de apelação (0,50), nos coloca de joelhos, apontando a arma para sua cabeça. No
termos do Art. 76, § 5º, da Lei nº 9.099/95 (0,10). momento do disparo, a arma de Eliete falha e Luana
0,00/0,50/0,60 B. Sim. Considerando que não poderia aproveita a ocasião para tirar a arma dela, na luta corporal a
ser aplicado o instituto da transação penal, tendo em arma dispara acidentalmente vindo a atingir Eliete no
vista que o crime foi praticado quando o agente estômago. Eliete foi rapidamente socorrida pelos
transitava em velocidade superior à máxima permitida paramédicos, mas após um mês no hospital municipal da
para a via em mais de 50 km/h (0,55), conforme o Art. cidade veio a falecer. As vizinhas de Luana, Ana Maria e
291, § 1º, inciso III, do CTB (0,10). Claudia, que haviam acompanhado Luana para o mercado,
assistiram todo ocorrido e ajudaram Luana no socorro de
76. A. Ausência de condição de procedibilidade (0,20) pois Eliete. Instaurado o Inquérito Policial para apurar as
houve a retratação da representação antes do circunstâncias da morte de Eliete, ao final das investigações,
oferecimento da denúncia (0,30), nos moldes do Art. o Ministério Público formou a opinião que Luana deve
395, inciso II do CPP OU Art. 25, a contrario sensu, do responder por homicídio doloso, dado ao excesso doloso de
CPP (0,10). 0,00/0,20/0,30/ 0,40/0,50/0,60 B. Não. sua conduta. A denúncia foi recebida dia 20 de março de
Houve erro quanto à pessoa OU erro na execução 2013. No dia 22 de março de 2013, Luana foi citada.
(0,30). Nesse caso, não se consideram as condições ou Procurado pelo marido de Luana para representa-la na
qualidades da vítima, e sim as da pessoa contra quem ação penal instaurada perante a 1ª Vara do Júri de
o agente queria praticar o crime (0,25), conforme o Quixadá, apresente a peça cabível, exclusiva de advogado,
Art. 20, § 3º, do CP OU Art. 73 do CP (0,10) no último dia do prazo, invocando todos os argumentos
em favor da sua constituinte, com base apenas nas
77. A. Agravo em execução (0,55), na forma do Art. 197 da informações que dispõe, ressaltando que Marcio, marido
LEP (0,10). 0,00/0,55/0,65 B. Inobservância da de Luana, tinha em seu poder todas as cartas ameaçadoras
limitação da pena de prestação pecuniária ao de Eliete dirigidas a Luana.
montante de 360 salários mínimos (0,50), na forma do
Art. 45, § 1º, do Código Penal (0,10).
2. ALEGAÇÕES FINAIS
78. A. Ilicitude do meio de obtenção da prova, produzida a Paulo objetivando matar Maria, grávida de dois meses,
partir da captação ambiental realizada por Jenifer tenta deferir-lhe diversas facadas, sem, no entanto, acertar
(0,35), pois a gravação ambiental dependeria de nenhuma. Ainda na tentativa de atingir a vítima, que
autorização judicial (0,20), na forma do Art. 8º-A da Lei continua a esquivar-se dos golpes. Todavia, surge uma
nº 9.296/96 OU Art. 157, do CPP OU Art. 5º, inciso LVI, oportunidade e Paulo conseguindo segurar Maria pela
da CRFB/88 (0,10). 0,00/0,20/0,30/ 0,35/0,45/0,65 B. manga da camisa, empunha a arma. No momento, então,
Atipicidade da conduta (0,25), diante da inexistência que Paulo movimenta seu braço para dar o golpe
de dolo de atingimento da honra subjetiva da vítima derradeiro, já quase atingindo o corpo da vítima com a faca,
Jéssica OU ausência de intenção das quereladas de ele opta por não continuar e, em seguida, solta Maria, que
fazer chegar à Jéssica o teor da conversa privada sai correndo sem ter sofrido sequer um arranhão, apesar do
havida entre elas (0,35). susto.
Diante dos fatos acima narrados, o representante do
79. A. Não, pois o emprego de arma é uma circunstância
Ministério Público denunciou Paulo pela tentativa de
objetiva elementar do delito (0,25), razão pela qual há
homicídio Art. 121 c/c Art. 14, II ambos do Código Penal,
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ainda requereu a condenação pelo crime de aborto sem o 2/7/2012, os acusados negaram a autoria do roubo, tendo
consentimento, na modalidade dolo eventual. afirmado que, na hora dos acontecimentos descritos na
O réu é citado e apresenta resposta à acusação dentro do denúncia, já se encontravam em frente à casa de Rosalva,
prazo. Na audiência de instrução e julgamento a vítima foi conversando.
ouvida, afirmando que estava grávida no dia do fato, apesar Ambos esclareceram, ainda, que a confissão feita na
de fisicamente não transparecer. As testemunhas de delegacia ocorrera sob tortura. Jandira disse não poder
acusação afirmaram que os fatos aconteceram da forma afirmar com absoluta certeza que os réus foram os autores
narrada na exordial inicial. As testemunhas de defesa do assalto realizado na padaria, e os policiais responsáveis
confirmaram que não havia evidência física da gravidez de pelo flagrante não compareceram à audiência, tendo sido,
Maria e que o acusado teve sim oportunidade de matar então, os seus depoimentos dispensados pela acusação.
Maria, mas não o fez. O réu, em seu interrogatório, disse Rosalva, mãe de Fernando, em seu depoimento, afirmou
que não sabia que Maria estava grávida e que por ela categoricamente que os réus, no dia dos fatos, almoçaram
lembrar muito sua falecida esposa resolveu não a matar. O em sua residência e que permaneceram em frente à sua
parquet pugnou pela condenação de Paulo nos termos da casa até o momento da abordagem dos policiais militares.
denúncia. A defesa de Paulo foi intimada no dia 12 de Dada a palavra aos representantes do Ministério Público e
março de 2015 (quinta-feira). da Defensoria Pública, o juiz, afastando todas as teses
Procurado por Paulo para representá-lo na ação penal defensivas e destacando especialmente a confissão
instaurada e com base somente nas informações de que realizada na fase policial, proferiu de imediato a sentença e
dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto condenou os réus a seguinte sanção:
acima, redija, no último dia do prazo, a peça cabível, 1) pena-base de 6 anos de reclusão e 200 dias-multa, no
exclusiva de advogado, invocando todos os argumentos em valor unitário de um salário mínimo, com base no art. 157, §
favor de seu constituinte. 2.º, I e II, do CP, por considerar que a culpabilidade de
Fernando era acentuada, já que fora ele a portar a arma no
3. APELAÇÃO momento do assalto e que, Rafael, já recebera condenação
por furto, a qual, por não estar transitada em julgado, não
Fernando, nascido em 03 de fevereiro de 1992, e seu amigo poderia ser mencionada para caracterizar reincidência, mas
de infância Rafael, nascido em 5/5/1990, foram servia como indício de maus antecedentes. O magistrado
denunciados pelo Ministério Público do Estado do Ceará não vislumbrou circunstâncias agravantes ou atenuantes.
como incursos no crime previsto no artigo 157, § 2.º, I e II, Ao aplicar o § 2.º do art. 157 do CP, considerou que havia a
do Código Penal (CP), sob a acusação de, por volta das 11 incidência de duas causas de aumento e majorou a pena em
horas do dia 15/1/2012, terem-se dirigido à Padaria São 3/8, tornando-a definitiva, em 8 anos e 3 meses de reclusão
João, localizada em bairro da periferia de Fortaleza – Ce, e, e 275 dias-multa, por não vislumbrar qualquer outra causa
com arma de brinquedo em punho, anunciado um assalto, de aumento ou de diminuição da pena. Fixou o regime
exigindo que Jandira, empregada do estabelecimento, inicialmente fechado para o cumprimento da pena, com
abrisse o caixa para que pudessem retirar o dinheiro que ali fulcro no art. 33, § 2.º, "a", do CP.
houvesse.
A sentença foi lida em audiência. O advogado(a) de
Narra a inicial acusatória que, antes que Jandira conseguisse Fernando e Rafael, atento(a) tão somente às informações
atender às ordens da dupla, Fernando, ao perceber a descritas no texto, deve apresentar o recurso cabível à
chegada de dois policiais militares, largou a arma no chão e, impugnação da decisão, respeitando as formalidades
juntamente com Rafael, correu em direção à rua, ocasião legais e desenvolvendo, de maneira fundamentada, as
em que ambos foram perseguidos pelos policiais. A teses defensivas pertinentes. O recurso deve ser datado
denúncia relata, ainda, que os policiais perderam de vista os com o último dia cabível para a interposição.
assaltantes, localizados instantes depois em frente à casa da
mãe de Fernando, Rosalva, por informações de transeuntes
que teriam visto os jovens correrem naquela direção. 4. APELAÇÃO (OAB)
A exordial acusatória narra que Fernando e Rafael foram Carlos, com 18 anos de idade, em um bar com outros
presos em flagrante e encaminhados à delegacia de polícia, amigos, conheceu Paula. Após um bate-papo informal,
onde foram tomados os depoimentos dos policiais decidiram ir para um local mais reservado, onde trocaram
condutores e da vítima, Jandira, que reconheceu ambos carícias, e Paula, de forma voluntária, praticou sexo oral e
como os autores do assalto. Na mesma ocasião, os presos vaginal com Carlos. Depois da noite juntos, ambos foram
informaram estar desempregados e teriam confessado a para suas residências, tendo antes trocado telefones e
prática do assalto à padaria. Juntadas as respectivas fichas contatos nas redes sociais. No dia seguinte, Carlos, ao
de antecedentes criminais, verificou-se a existência de acessar a página de Paula na rede social, descobre que,
registro em relação a Rafael, que fora condenado por furto, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze)
em processo que se encontra em grau de apelação, tendo- anos de idade, tendo Carlos ficado em choque com essa
lhe sido concedido o direito de apelar em liberdade. Na constatação. O seu medo foi corroborado com a chegada da
audiência de instrução e julgamento, realizada em notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do
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Ministério Público Estadual, pois o pai de Paula, ao de namorados, imputando a João o crime de tentativa de
descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, homicídio, artigo 121 combinado com o art. 14, II, CP e
narrando o fato. Por Paula ser inimputável e contar, à época Carolina pelo delito previsto no artigo 122 do Código Penal.
dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o parquet Alegou o parquet a intenção de Carolina de realizar o pacto
denunciou Carlos pela prática de dois crimes de estupro de de morte demonstrava o induzimento ao suicídio. A
vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos
ambos do Código Penal. O processo teve início e processuais exigidos em lei foram regularmente praticados.
prosseguimento na 3ª Vara Criminal da cidade de Fortaleza, Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão
no Estado do Ceará, local de residência do réu. Carlos, por devidamente fundamentada, decidiu pronunciar João e
ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, Carolina pelos crimes apontados na inicial acusatória. O
respondeu ao processo em liberdade. advogado de Carolina é intimado da referida decisão em 05
Na audiência de instrução e julgamento, realizada no dia de junho de 2015 (sexta-feira).
17.04.2015 (sexta-feira), a vítima afirmou que tinha o Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os
hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares elementos fornecidos, elabore a peça cabível como
de adultos e as testemunhas de defesa disseram que o advogado de Carolina, excluindo o Habeas-Corpus, e date-o
comportamento e a vestimenta da Paula eram com o último dia do prazo para a interposição.
incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que
qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14
(quatorze) anos. O réu, em seu interrogatório, disse que se 6. RESE (PROVA.OAB.2022)
interessou por Paula, por ser muito bonita e por estar bem Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio simples
vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois consumado, com a causa de aumento prevista na primeira
acreditou que no local somente pudessem frequentar parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal do Júri da
pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. As alegações finais Comarca de São Paulo. De acordo com o que consta na
foram orais; acusação e defesa manifestaram-se. O Juiz denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em uma boate
proferiu sentença em audiência condenado Carlos pela localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria desferido
prática de dois crimes de estupro vulnerável em concurso um soco na barriga de João, além de ter lhe dado um
material. Na dosimetria da pena, o magistrado constatou empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da
existirem apenas circunstancias favoráveis, nada garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa
considerou; na segunda fase, entendeu ser cabível a eficiente da morte de João, conforme consta do laudo
incidência da agravante da reincidência, levando em conta acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado
certidão apresentada pelo MP de sentença não transitada por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava
em julgado; não verificando a incidência de nenhuma causa descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por
de aumento ou de diminuição, ao final, o total da isso, sendo imputada a causa de aumento da primeira parte
condenação foi de 20 anos de reclusão em regime fechado. do Art. 121, § 4º, do CP. Diante da inicial acusatória,
A sentença foi lida em audiência. Ao final assegurou o réu o Rodrigo procurou seu (sua) advogado (a), narrando que, no
direito em recorrer em liberdade. Como advogado de dia dos fatos, câmeras de segurança registraram o
Carlos, atento tão somente as informações descritas no momento em que uma pessoa desconhecida, de maneira
texto, deve apresentar o recurso cabível à impugnação da furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em sua
decisão, respeitando as formalidade legais e bebida, o que teria causado uma embriaguez completa.
desenvolvendo, de maneira fundamentada, as teses Rodrigo teria ficado descontrolado e, em razão disso, sem
defensivas pertinentes. motivação, teria desferido um soco na barriga de João,
empurrando-o em seguida apenas para que, dele, se
afastasse, nem mesmo percebendo que a vítima estaria
5. RESE com uma garrafa de cerveja nas mãos. Destacou sequer
Carolina, moça de família, conta hoje com 22 anos de idade. saber por que quis lesionar João, mas assegurou que o
Apesar do apoio familiar e médico sofre com depressão resultado morte não foi pretendido e nem aceito pelo
desde a adolescência. Em uma de suas idas a terapia, mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a
conhece João por quem se apaixona. O casal está junto a tratamento psicológico em razão dos fatos. Apresentou
4(quatro) anos e no último dia dos namorados Carolina laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido,
propõe um pacto de suicídio ao seu namorado, induzindo-o constatando que estaria completamente embriagado em
a participar de tal forma que ele aceita. Cumprido o plano, razão da ingestão daquela substância entorpecente que
João atira na moça e, voltando contra seu corpo, também teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele
atira. Ambos sobreviveram, tendo sido verificado que os momento, era inteiramente incapaz de entender o caráter
ferimentos resultantes foram leves. ilícito dos fatos. Após recebimento da denúncia, citação e
Instaurado o respectivo Inquérito Policial, após o curso das apresentação de defesa, foi designada audiência de
investigações, no dia 15 de setembro de 2014, o Ministério instrução e julgamento, na primeira fase do procedimento
Estadual do Ceará decidiu oferecer denúncia contra o casal do Tribunal do Júri, para oitiva das testemunhas de
acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Os
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policiais responsáveis pelas investigações e pela oitiva dos pois Rodrigo pretendia desferir um soco na barriga da
envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério vítima e um empurrão, tendo apenas intenção de causar
Público, informaram ao magistrado que se atrasariam para lesão, mas não o resultado morte ou houve dolo na lesão e
o ato judicial, pois estavam em importante diligência. Não culpa em relação ao resultado morte (0,25) 0,00/0,25/0,30/
querendo fracionar a colheita da prova, o magistrado 0,35/0,40/0,55/0,65 7.1. Deveria Rodrigo responder, caso
determinou a oitiva das testemunhas de defesa antes das reconhecida a imputabilidade, pelo crime de lesão corporal
de acusação, apesar do registro do inconformismo da seguida da morte (0,30), previsto no Art. 129, §3º, do CP
defesa. Ao final, o réu foi interrogado. As provas colhidas (0,10) 0,00/0,30/0,40 8. Ainda de maneira subsidiária,
indicaram que a versão apresentada por Rodrigo ao seu afastamento da causa de aumento imputada na denúncia
advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi (0,30), tendo em vista que somente aplicável ao homicídio
constatado o desferimento do soco e do empurrão por culposo ou tendo em vista que foi imputada a prática do
parte de Rodrigo em João, após manifestação das partes, o crime de homicídio doloso (0,40) 0,00/0,30/0,40/0,70
juiz pronunciou o acusado nos termos da denúncia. Pedidos 9. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso
Intimado, o Ministério Público se manteve inerte. Rodrigo e (0,20) 0,00/0,10/0,20/0,30 10. Prazo: 12 de abril de 2021
sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de (0,10) 0,00/0,10 Fechamento 11. Local, data, advogado e
abril de 2021, segunda-feira. Considerando apenas as OAB (0,10) 0,00/0,10
informações expostas, apresente, na condição de
advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente
de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas 7.RESPOSTA A ACUSAÇÃO
as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. No dia 20 de novembro de 2014, às 20h, Carlos e seu filho
A peça deverá ser datada do último dia do prazo para de dez anos caminhavam por uma praça em frente ao
interposição, devendo ser considerado que segunda a apartamento em que moravam, com pouco movimento e
sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: bastante escura, quando são surpreendidos com a vinda de
a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que um cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o
possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha
simples menção ou transcrição do dispositivo legal não autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na
confere pontuação. direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala
em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal,
Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou
PADRÃO DE RESPOSTA que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida
Petição de interposição 1. Endereçamento: Juízo do veio a falecer, ficando constatado que Carlos não teria
Tribunal do Júri da Comarca de São Paulo/SP (0,10) outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu
0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Os
(0,10) 0,00/0,10 3. Requerimento do juízo de retratação ou vizinhos de Leandro, Caio Fernando e Ticio Silva, que se
exercício do efeito regressivo (0,30), nos termos do Art. 589 encontravam no local, constataram que ele criava o cão
do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 Razões de recurso em sentido para proteger a casa de eventuais invasões.
estrito 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Os fatos acima descritos foram levados ao conhecimento do
São Paulo (0,10) 0,00/0,10 5. Preliminarmente, nulidade da delegado de polícia da localidade, que instaurou inquérito
pronúncia ou nulidade da instrução (0,30), por violação ao policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. Ao final
princípio da ampla defesa e contraditório ou devido da investigação, o Ministério Público denuncia Carlos pela
processo legal (0,15), nos termos do Art. 5º, inciso LIV ou prática de homicídio, previsto no artigo 121, caput, do
LV, da CRFB/88 ou do Art. 564, inciso IV, do CPP (0,10) Código Penal por acreditar que este agiu em excesso
0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 5.1. Houve doloso. Recebida a inicial pelo juízo da 2ª Vara do Júri da
inadequada inversão da ordem de oitiva das testemunhas Comarca de Fortaleza, o acusado é citado no dia 20 de
ou as testemunhas de defesa foram ouvidas antes das fevereiro de 2015 (sexta-feira).
testemunhas de acusação (0,30), em desrespeito à previsão
do Art. 411 do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 6. No mérito, Procurado por Carlos para representa-lo na ação penal
pedido de absolvição sumária (0,30), diante da manifesta instaurada e com base somente nas informações de que
causa de isenção de pena ou excludente de culpabilidade dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto
(0,15), nos termos do Art. 415, inciso IV, do CPP (0,10) acima, redija, no último dia do prazo, a peça cabível,
0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 6.1. A imputabilidade invocando todos os argumentos em favor de seu
penal restou afastada em razão da embriaguez (0,30), que constituinte.
foi completa, decorrente de caso fortuito ou força maior, e
que tornou o réu inteiramente incapaz de entender o 8. ALEGAÇÕES FINAIS
caráter ilícito do fato (0,15), conforme o Art. 28, §1º, do CP
(0,10) 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 7. JUDAS, homem ciumento, nascido no dia 12 de julho de
Subsidiariamente, desclassificação para crime não doloso 1995, depois de três anos juntos, vê rompido seu namoro
contra a vida (0,30), nos termos do Art. 419 do CPP (0,10), com SALOMÉ. SALOMÉ, mulher bela e atraente, após o

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ocorrido começa a namorar TOMÉ. No dia 10 de março de 20 dias sem trabalhar, pois como motoboy dependia do
2015, JUDAS, ao avistar SALOMÉ E TOMÉ andando numa braço para dirigir a moto. O final, o juiz após interrogar
praça, investe contra este deferindo-lhe uma facada com a MARIA DO CARMO, abriu prazo para novas diligências, e
intenção de matar a vítima, mas atinge-a apenas no braço, para alegações finais. No dia 18 de outubro a defesa foi
causando-lhe uma lesão corporal. JUDAS, tendo a intimada após o MP ter apresentado suas alegações.
possibilidade de prosseguir golpeando a vítima, desiste de Procurado pela família de MARIA DO CARMO, apresente a
fazê-lo ante a súplica de Salomé. Instaurado o Inquérito peça cabível, como base somente nas informações que
Policial para apurar as circunstâncias das lesões, ao final das podem ser inferidas pelo caso concreto acima, no último
investigações, o Ministério Público formou a opinião que dia do prazo.
Judas deve responder por tentativa de homicídio doloso. É
de se ressaltar que as lesões não perduraram por mais de
30 dias, conforme exame de corpo de delito feito pela 10. RESPOSTA A ACUSAÇÃO
vítima. A denúncia foi oferecida na 1ª Vara do Júri de Em 10 de janeiro de 2013, na cidade de Itapipoca, PABLO,
Fortaleza, tendo sido recebida dia 20 de agosto de 2015 e a policial civil, portador de comportamento violento, durante
defesa apresentou resposta a acusação no prazo correto. A uma discussão por motivo fútil com um colega de trabalho,
audiência de instrução e julgamento ocorreu dia 20 de CARLOS, num tom enfático, disse: “sem perdão, se cuida”.
setembro, momento em que os fatos descritos acima foram Temendo por sua segurança pessoal, CARLOS preparou-se
comprovados por meio das provas produzidas, em especial psicologicamente, para que pudesse defender-se de uma
pelo depoimento de Salomé e Tomé e pelo interrogatório possível agressão. No dia seguinte, PABLO arrependido
do acusado. A audiência foi encerrada, tendo sido as partes escreve um pedido de desculpas para entregar para CARLOS
intimadas para oferecer a peça processual cabível. A defesa quando o visse. Ao encontrar-se com o colega na
foi intimada no dia 30 de outubro (sexta-feira) de 2015. CHURRASCARIA BOM CHURRASCO, PABLO esboçou reação
Como advogado de Judas, com base somente nas para retirar do bolso da calça o pedido de desculpas
informações que podem ser inferidas pelo caso concreto mencionado, todavia percebendo o movimento do colega,
acima, redija a peça cabível, no último dia do prazo, CARLOS imaginando que havia uma intenção de alvejá-lo
invocando todas as questões de direito pertinentes. com um disparo de arma de fogo, reage. Na iminência de
sofrer agressão a sua vida, CARLOS disparou um tiro de
pistola calibre .40 contra seu colega, que teve morte
9. ALEGAÇÕES FINAIS imediata. Instaurado o Inquérito Policial para apurar as
No dia 02 de agosto de 2015, MARIA DO CARMO, brasileira, circunstâncias da morte de PABLO, ao final das
solteira, dona de casa, estava na sua casa lavando o quintal investigações, o Ministério Público formou a opinião que
quando escutou um grito de socorro de sua vizinha Lucia. CARLOS deve responder por homicídio doloso, dado ao
Ao ir a calçada da sua casa, viu Lucia saindo de casa excesso doloso de sua conduta. A denúncia foi recebida dia
correndo e um homem, que veio a saber mais tarde tratar- 20 de março de 2013. No dia 22 de março de 2013, Carlos
se de João, tentando alcança-la. Acontece que Lucia está foi citado.
grávida e grita que o homem está tentando violentá-la. João Procurado pela família de Carlos para representa-lo na
ao ver que MARIA DO CARMO está empenhando um cabo ação penal instaurada, apresente a peça cabível, exclusiva
de vassoura em sua direção, entra na casa e volta com sua de advogado, no último dia do prazo, invocando todos os
moto, neste momento tenta atropelar Lucia. MARIA DO argumentos em favor da sua constituinte, com base
CARMO não se intimida e empenha o cabo de vassoura apenas nas informações que dispõe.
novamente contra João desferindo golpes na direção do seu
corpo. João desequilibra-se, cai da moto e machuca o braço.
Instaurado Inquérito Policial para a apurar os fatos, João é 11. ALEGAÇÕES FINAIS
denunciado por tentativa de estupro e MARIA DO CARMO é Astolfo, nascido em 15 de março de 1940, sem qualquer
denunciada por lesão corporal grave pelas lesões causadas envolvimento pretérito com o aparato judicial, no dia 22 de
em João, imputando-lhe o crime previsto no artigo 129, §2º, março de 2014, estava em sua casa, um barraco na
I do CP. Durante o Inquérito Policial, João realizou exame de comunidade conhecida como Favela da Zebra, localizada
corpo de delito no dia do fato e depois de trinta dias em Goiânia/GO, quando foi visitado pelo chefe do tráfico da
realizou novamente o exame que conclui que em João já comunidade, conhecido pelo vulgo de Russo. Russo, que
não existia mais as lesões, inclusive João informou que já estava armado, exigiu que Astolfo transportasse 50 g de
havia retirado o gesso do braço. Maria do Carmo foi citada cocaína para outro traficante, que o aguardaria em um
no dia 16 de setembro de 2015 para apresentar Resposta a Posto de Gasolina, sob pena de Astolfo ser expulso de sua
acusação. Na audiência de instrução, os elementos de residência e não mais poder morar na Favela da Zebra.
informação do Inquérito Policial foram produzidos, Lucia foi Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar a determinação,
ouvida primeiro e confirmou a agressão de MARIA DO mas quando estava em seu automóvel, na direção do Posto
CARMO foi para impedir novos avanços de João, após este de Gasolina, foi abordado por policiais militares, sendo a
momento foi a ouvida a vítima, João, que alegou ter ficado droga encontrada e apreendida. Astolfo foi denunciado

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perante o juízo competente pela prática do crime previsto denúncia foi regularmente recebida pelo juízo da 41ª Vara
no Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. Em que pese tenha Criminal da Comarca da Capital do Estado ‘X’ e a ré foi
sido preso em flagrante, foi concedida liberdade provisória citada para responder à acusação, o que foi devidamente
ao agente, respondendo ele ao processo em liberdade. feito. O processo teve seu curso regular e, durante todo o
Durante a audiência de instrução e julgamento, após serem tempo, a ré ficou em liberdade.
observadas todas as formalidades legais, os policiais Na audiência de instrução e julgamento, realizada no dia
militares responsáveis pela prisão em flagrante do réu 18/10/2012 (quinta-feira), o Ministério Público apresentou
confirmaram os fatos narrados na denúncia, além de certidão cartorária apta a atestar que no dia 15/05/2012
destacarem que, de fato, o acusado apresentou a versão de (terça-feira) ocorrera o trânsito em julgado definitivo de
que transportava as drogas por exigência de Russo. sentença que condenava Rita pela prática do delito de
Asseguraram que não conheciam o acusado antes da data estelionato. A ré, em seu interrogatório, exerceu o direito
dos fatos. Astolfo, em seu interrogatório, realizado como ao silêncio. As alegações finais foram orais; acusação e
último ato da instrução por requerimento expresso da defesa manifestaram-se. Finda a instrução criminal, o
defesa do réu, também confirmou que fazia o transporte da magistrado proferiu sentença em audiência. Na dosimetria
droga, mas alegou que somente agiu dessa forma porque da pena, o magistrado entendeu por bem elevar a penabase
foi obrigado pelo chefe do tráfico local a adotar tal conduta, em patamar acima do mínimo, ao argumento de que o
ainda destacando que residia há mais de 50 anos na trânsito em julgado de outra sentença condenatória
comunidade da Favela da Zebra e que, se fosse de lá configurava maus antecedentes; na segunda fase da
expulso, não teria outro lugar para morar, pois sequer dosimetria da pena o magistrado também entendeu ser
possuía familiares e amigos fora do local. Disse que nunca cabível a incidência da agravante da reincidência, levando
respondeu a nenhum outro processo, apesar já ter sido em conta a data do trânsito em julgado definitivo da
indiciado nos autos de um inquérito policial pela suposta sentença de estelionato, bem como a data do cometimento
prática de um crime de falsificação de documento do furto (ora objeto de julgamento); não verificando a
particular. Após a juntada da Folha de Antecedentes incidência de nenhuma causa de aumento ou de
Criminais do réu, apenas mencionando aquele inquérito, e diminuição, o magistrado fixou a pena definitiva em 4
do laudo de exame de material, confirmando que, de fato, a (quatro) anos de reclusão no regime inicial semiaberto e 80
substância encontrada no veículo do denunciado era (oitenta) dias-multa. O valor do dia-multa foi fixado no
“cloridrato de cocaína”, os autos foram encaminhados para patamar mínimo legal. Por entender que a ré não atendia
o Ministério Público, que pugnou pela condenação do aos requisitos legais, o magistrado não substituiu a pena
acusado nos exatos termos da denúncia. Em seguida, você, privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Ao
advogado (a) de Astolfo, foi intimado (a) em 06 de março de final, assegurou-se à ré o direito de recorrer em liberdade.
2015, uma sexta-feira. O advogado da ré deseja recorrer da decisão.
Com base nas informações acima expostas e naquelas que Atento ao caso narrado e levando em conta tão somente as
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, informações contidas no texto, elabore o recurso cabível.
excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do (Valor: 5,0)
prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes.
(Valor: 5,00) Obs.: O examinando deve indicar todos os
fundamentos e dispositivos legais cabíveis. A mera citação 13. ALEGAÇÕES FINAIS (OAB)
do dispositivo legal não confere pontuação. Daniel, nascido em 02 de abril de 1990, é filho de Rita,
empregada doméstica que trabalha na residência da família
12. APELAÇÃO (OAB) Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua mãe, que
os donos da residência estariam viajando para comemorar a
Rita, senhora de 60 anos, foi presa em flagrante no dia virada de ano, vai até o local, no dia 02 de janeiro de 2010,
10/11/2011 (quinta-feira), ao sair da filial de uma grande e subtrai o veículo automotor dos patrões de sua genitora,
rede de farmácias, após ter furtado cinco tintas de cabelo. pois queria fazer um passeio com sua namorada. Desde o
Para subtrair os itens, Rita arrebentou a fechadura do início, contudo, pretende apenas utilizar o carro para fazer
armário onde estavam os referidos produtos, conforme um passeio pelo quarteirão e, depois, após encher o tanque
imagens gravadas pelas câmeras de segurança do de gasolina novamente, devolvê-lo no mesmo local de onde
estabelecimento. O valor total dos itens furtados perfazia a o subtraiu, evitando ser descoberto pelos proprietários.
quantia de R$49,95 (quarenta e nove reais e noventa e Ocorre que, quando foi concluir seu plano, já na entrada da
cinco centavos). garagem para devolver o automóvel no mesmo lugar em
Instaurado inquérito policial, as investigações seguiram que o havia subtraído, foi surpreendido por policiais
normalmente. O Ministério Público, então, por entender militares, que, sem ingressar na residência, perguntaram
haver indícios suficientes de autoria, provas da sobre a propriedade do bem. Ao analisarem as câmeras de
materialidade e justa causa, resolveu denunciar Rita pela segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel,
prática da conduta descrita no Art. 155, § 4º, inciso I, do CP perceberam os agentes da lei que ele havia retirado o carro
(furto qualificado pelo rompimento de obstáculo). A sem autorização do verdadeiro proprietário. Foi, então,

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Daniel denunciado pela prática do crime de furto simples, primário, ter bons antecedentes e residência fixa,
destacando o Ministério Público que deixava de oferecer respondeu ao processo em liberdade. Na audiência de
proposta de suspensão condicional do processo por não instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a
estarem preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei nº sua primeira noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa
9.099/95, tendo em vista que Daniel responde a outra ação com as amigas para frequentar bares de adultos. As
penal pela prática do crime de porte de arma de fogo. Em testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos
18 de março de 2010, a denúncia foi recebida pelo juízo e que não sabiam das fugas de Ana para sair com as amigas.
competente, qual seja, da 1ª Vara Criminal da Comarca de As testemunhas de defesa, amigos de Felipe, disseram que
Florianópolis. Os fatos acima descritos são integralmente o comportamento e a vestimenta da Ana eram
confirmados durante a instrução, sendo certo que Daniel incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que
respondeu ao processo em liberdade. Foram ouvidos os qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14
policiais militares como testemunhas de acusação, e o (quatorze) anos, e que Felipe não estava embriagado
acusado foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou quando conheceu Ana. O réu, em seu interrogatório, disse
o veículo sem autorização, mas que sua intenção era que se interessou por Ana, por ser muito bonita e por estar
devolvê-lo, tanto que foi preso quando ingressava na bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois
garagem dos proprietários do automóvel. Após, foi juntada acreditou que no local somente pudessem frequentar
a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que
apenas aquele processo pelo porte de arma de fogo, que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade,
não tivera proferida sentença até o momento, o laudo de de forma espontânea e voluntária por ambos. A prova
avaliação indireta do automóvel e o vídeo da câmera de pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde
segurança da residência. O Ministério Público, em sua afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois
manifestação derradeira, requereu a condenação nos a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual. O
termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 Ministério Público pugnou pela condenação de Felipe nos
de julho de 2015, sexta feira. termos da denúncia. A defesa de Felipe foi intimada no dia
Com base nas informações acima expostas e naquelas que 10 de abril de 2014 (quinta-feira).
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, Com base somente nas informações de que dispõe e nas
excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a
prazo para interposição, sustentando todas as teses peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a
jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) possibilidade de impetração de Habeas Corpus,
sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.

14. ALEGAÇÕES FINAIS (OAB)


Felipe, com 18 anos de idade, em um bar com outros 15. APELAÇÃO
amigos, conheceu Ana, linda jovem, por quem se encantou. (XXV EXAME DA ORDEM. PORTO ALEGRE) Breno, nascido
Após um bate-papo informal e trocarem beijos, decidiram ir em 07 de junho de 1945, na cidade de Porto Alegre, Rio
para um local mais reservado. Nesse local trocaram carícias, Grande do Sul, falsifica uma assinatura em uma folha de
e Ana, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com cheque e a apresenta em loja de eletrodomésticos
Felipe. Depois da noite juntos, ambos foram para suas localizada no bairro de sua residência, com a intenção de
residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas realizar compras no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
redes sociais. No dia seguinte, Felipe, ao acessar a página de Após a apresentação do cheque, apesar de a falsificação
Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência não ser grosseira e ser apta a enganar, o gerente do
adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo estabelecimento comercial percebe que aquele cheque não
Felipe ficado em choque com essa constatação. O seu medo fora assinado pelo verdadeiro correntista do banco, já que o
foi corroborado com a chegada da notícia, em sua nome que constava do título de crédito era de um grande
residência, da denúncia movida por parte do Ministério amigo seu. Descoberta a fraude, o referido gerente aciona a
Público Estadual, pois o pai de Ana, ao descobrir o ocorrido, polícia, e Breno é preso em flagrante antes de obter a
procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por Ana ser vantagem pretendida. Com o recebimento dos autos, o
inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos Ministério Público opina pela liberdade de Breno e oferece
de idade, o Ministério Público Estadual denunciou Felipe denúncia pela prática dos crimes do Art. 171, caput, e Art.
pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, 297, § 2º, na forma do Art. 69, todos do Código Penal. Após
previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do concessão da liberdade provisória e recebimento da
Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento denúncia, houve juntada do laudo pericial do cheque,
de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da constatando a falsidade e a capacidade para iludir terceiros,
lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da bem como da Folha de Antecedentes Criminais, no qual
embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea consta uma condenação definitiva pela prática, no ano
“l”, do CP. O processo teve início e prosseguimento na XX anterior, do crime de homicídio culposo na direção de
Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito veículo automotor, além de uma ação em curso pela
Santo, local de residência do réu. Felipe, por ser réu suposta prática de crime de furto. Durante a instrução,
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OAB 2ª FASE / 2023

todos os fatos acima descritos são confirmados pelas para tanto. Com intenção de causar lesão corporal que
testemunhas, não tendo sido o réu interrogado, já que, garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro,
apesar de intimado, apresentou problemas de saúde no dia apertou o gatilho para efetuar disparo na direção de sua
e não pôde comparecer à audiência. Ainda durante a perna. Por circunstâncias alheias à vontade de Patrick, a
audiência de instrução e julgamento, após a instrução, as arma não funcionou, mas o barulho da arma de fogo causou
partes apresentaram suas alegações, sendo consignado pela temor em Lauro, que empreendeu fuga e compareceu à
defesa o inconformismo com a ausência do réu, já que foi Delegacia para narrar a conduta de Patrick. Após meses de
apresentado atestado médico, e, em seguida, o juiz proferiu investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas
sentença condenatória nos termos da denúncia, presenciais do fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes
condenando o agente pela prática dos dois delitos em suas dois últimos sendo vizinhos que conversavam no portão da
modalidades consumadas. No momento de fixar a pena- residência, o inquérito foi concluído, e o Ministério Público
base, aumentou o magistrado a pena do estelionato em 02 ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de
meses, destacando que o comportamento de Breno não Patrick como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 1º,
deixa qualquer dúvida de que agiu com dolo. Já a pena do inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
uso de documento falso foi aplicada em seu patamar Juntamente com a denúncia, vieram as principais peças que
mínimo. Na segunda fase, não foram reconhecidas constavam do inquérito, inclusive a Folha de Antecedentes
atenuantes, mas foi reconhecida a agravante da Criminais, na qual constava outra anotação por ação penal
reincidência, aumentando a pena de cada um dos delitos em curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do
em mais 02 meses de reclusão. No terceiro momento, não Código Penal, bem como o laudo de exame pericial na arma
foram reconhecidas causas de aumento ou de diminuição. de Patrick apreendida, o qual concluiu pela total
Assim, foi fixada a pena de 01 ano e 04 meses de reclusão e incapacidade de efetuar disparos. Em busca do
14 dias-multa, no que tange ao crime de estelionato, e 02 cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça
anos e 02 meses de reclusão e 12 dias-multa para o crime comparece à residência de Patrick e verifica que o imóvel se
de falsificação de documento equiparado ao público, encontrava trancado. Apenas em razão desse único
restando a pena final em 03 anos e 06 meses de reclusão e comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu
26 dias-multa. O regime inicial de cumprimento de pena estava se ocultando para não ser citado e realiza, no dia
aplicado pelo magistrado foi o semiaberto e não houve seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de mandado de citação e intimação para defesa aos autos no
direito, tudo fundamentado na reincidência do agente. mesmo dia. Maria, vizinha que presenciou a conduta do
Intimado da decisão, o Ministério Público apenas tomou oficial de justiça, se assusta e liga para o advogado de
ciência de seu teor, não apresentando qualquer medida. Já Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se
a defesa técnica de Breno foi intimada de seu teor em 06 de encontra trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O
dezembro de 2017, quarta-feira, sendo quintafeira dia útil advogado entra em contato com Patrick por email e este
em todo o país. Considerando apenas as informações apenas consegue encaminhar uma procuração para adoção
narradas, na condição de advogado(a) de Breno, redija a das medidas cabíveis, fazendo uma pequena síntese do
peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e ocorrido por escrito. Considerando a situação narrada,
embargos de declaração, apresentando todas as teses apresente, na qualidade do advogado de Patrick, a peça
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando
dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) Obs.: a peça todas as teses jurídicas de direito material e processual
deve abranger todos os fundamentos de Direito que pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do
possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A prazo. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os
simples menção ou transcrição do dispositivo legal não fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
confere pontuação. respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

16. RESPOSTA A ACUSAÇÃO (OAB)


Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 17. AGRAVO EM EXECUÇÃO
anos, estava na varanda de sua casa em Araruama, em (XXIV EXAME DA ORDEM) Lucas, 22 anos, foi denunciado e
05/03/2017, no interior do Estado do Rio de Janeiro, condenado, definitivamente, pela prática de crime de
quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a associação para o tráfico, previsto no Art. 35 da Lei nº
de maneira violenta, em razão de ciúmes. Verificando o 11.343/06, sendo, em razão das circunstâncias do crime,
risco que sua sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou aplicada a pena de 06 anos de reclusão em regime inicial
com Lauro, que não parou de agredi-la. Patrick não tinha semiaberto, entendendo o juiz de conhecimento que o
outra forma de intervir, porque estava com uma perna crime não seria hediondo, não tendo sido reconhecida a
enfaixada devido a um acidente de trânsito. Ao ver que as presença de qualquer agravante ou atenuante. No mês
agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência seguinte, após o início do cumprimento da pena, Lucas vem
e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha a sofrer nova condenação definitiva, dessa vez pela prática
no imóvel, devidamente registrada, tendo ele autorização de crime de ameaça anterior ao de associação, sendo-lhe
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aplicada exclusivamente a pena de multa, razão pela qual direcionada ao Juízo da Vara de Execução Penal da Comarca
não foi determinada a regressão de regime. Após cumprir de Belo Horizonte/MG, com formulação de pedido de
01 ano da pena aplicada pelo crime de associação, o retratação por parte do juízo a quo, na forma do Art. 589 do
defensor público que defende os interesses de Lucas CPP, por analogia. Em caso de não acolhimento, deve haver
apresenta requerimento de progressão de regime, requerimento de encaminhamento do feito para instância
destacando que o apenado não sofreu qualquer sanção superior, com as respectivas razões recursais. Após, o
disciplinar. O magistrado em atuação perante a Vara de examinando deveria apresentar Razões do Recurso,
Execução Penal da Comarca de Belo Horizonte/MG, órgão direcionadas ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas
competente, indefere o pedido de progressão, sob os Gerais, com a fundamentação necessária para rebater a
seguintes fundamentos: a) o crime de associação para o decisão do magistrado de primeira instância. Lucas foi
tráfico, no entender do magistrado, é crime hediondo, condenado pela prática de crime de associação para o
tanto que o livramento condicional somente poderá ser tráfico, delito este previsto no Art. 35 da Lei nº 11.343/06, a
deferido após o cumprimento de 2/3 da pena aplicada; b) o pena de 06 anos de reclusão em regime inicial semiaberto,
apenado é reincidente, diante da nova condenação pela destacando o magistrado do conhecimento que o delito não
prática de crime de ameaça; c) o requisito objetivo para a teria natureza hedionda. Após cumprimento de 1/6 da
progressão de regime seria o cumprimento de 3/5 da pena pena, não havendo notícia de não atendimento aos
aplicada e, caso ele não fosse reincidente, seria de 2/5, requisitos subjetivos, já que não sofreu qualquer sanção
períodos esses ainda não ultrapassados; d) em relação ao disciplinar, faria jus o apenado à progressão para o regime
requisito subjetivo, é indispensável a realização de exame aberto. O advogado de Lucas deveria combater todos os
criminológico, diante da gravidade dos crimes de associação fundamentos apresentados pelo magistrado para indeferir
para o tráfico em geral. Ao tomar conhecimento, de o requerimento de progressão de regime. A priori deveria
maneira informal, da decisão do magistrado, a família de ser destacado que o delito praticado por Lucas não tem
Lucas procura você, na condição de advogado(a), para a natureza de crime hediondo. Em que pese a Constituição e
adoção das medidas cabíveis. Após constituição nos autos, a a Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos) tenham
defesa técnica é intimada da decisão de indeferimento do equiparado o crime de tráfico, tortura e terrorismo aos
pedido de progressão de regime em 24 de novembro de crimes hediondos, o mesmo não o fez em relação ao delito
2017, sextafeira, sendo certo que, de segunda a sexta-feira de associação para o tráfico. Da mesma forma, o rol de
da semana seguinte, todos os dias são úteis em todo o delitos de natureza hedionda trazido pelo Art. 1º da Lei
território nacional. Considerando apenas as informações 8.072/90 não menciona o crime de associação para o
narradas, na condição de advogado(a) de Lucas, redija a tráfico. Exatamente em razão disso a jurisprudência,
peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e inclusive dos Tribunais Superiores, não considera o delito
embargos de declaração, apresentando todas as teses previsto no Art. 35 da Lei nº 11.343/06 como de natureza
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último hedionda ou equiparado. Ademais, o próprio juízo de
dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) Obs.: a peça conhecimento havia decidido que o delito não teria
processual deve abranger todos os fundamentos de Direito natureza hedionda. Conforme vem sendo destacado pela
que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A jurisprudência, o simples fato de o Art. 44, parágrafo único,
simples menção ou transcrição do dispositivo legal não da Lei nº 11.343/06 exigir para a concessão do livramento
confere pontuação. condicional o cumprimento de mais de 2/3 da pena não tem
o condão de transformar o crime de associação para o
tráfico em hediondo, de modo que o livramento exige o
PADRÃO DE RESPOSTA cumprimento de 2/3 da pena, enquanto que para
O examinando deve redigir, na condição de advogado, progressão de regime basta o cumprimento de 1/6 da pena
recurso de Agravo em Execução, com fundamento no Art. aplicada. Além disso, não há que se falar em reincidência na
197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal (LEP). Isso hipótese, tendo em vista que a condenação pela prática do
porque, nos termos do dispositivo mencionado, das crime de ameaça ocorreu após o trânsito em julgado da
decisões proferidas pelo magistrado em sede de Execução decisão que condenou Lucas pela prática do crime de
Penal, sempre caberá recurso de agravo, sem efeito associação para o tráfico. De acordo com o Art. 63 do
suspensivo. No caso, claro está que a decisão a ser Código Penal, configura-se a reincidência quando o agente
combatida foi proferida pelo juiz em atuação na Vara de vem a ser condenado pela prática de crime cometido após
Execuções Penais de Belo Horizonte/MG, de fato em sede condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática
de execução, já que o requerimento formulado era de de delito pretérito. Assim, não há que se falar em
progressão de regime. Apesar de o Art. 197 da LEP trazer a reincidência na hipótese.
previsão de que o recurso cabível é o de Agravo, não Exatamente em razão da natureza não hedionda do crime e
estabelece a Lei nº 7.210/84 qual seria o procedimento a da ausência de reincidência, o requisito objetivo para Lucas
ser seguido, de modo que a doutrina e a jurisprudência fazer jus à progressão de regime é o cumprimento de 1/6 da
pacificaram o entendimento de que seria o mesmo do pena, período esse já atendido pelo apenado, que cumpriu
Recurso em Sentido Estrito. Diante disso, primeiramente em regime semiaberto mais de 01 ano de uma sanção penal
deveria o examinando apresentar petição de interposição, de 06 anos. Por fim, deveria o examinando rebater o
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argumento do magistrado em relação ao requisito identificado a autoria a partir das câmeras de segurança.
subjetivo, que, segundo a decisão questionada, exigiria a Roberta, em seu interrogatório, confirma os fatos, mas
realização de exame criminológico. Desde a Lei nº esclarece que acreditava que o notebook subtraído era seu
10.792/03 que não mais existe obrigatoriedade da e, por isso, levara-o para casa. Foi juntada a Folha de
realização de exame criminológico para obtenção de Antecedentes Criminais da ré sem qualquer outra anotação,
progressão de regime, bastando o atestado de bom o laudo de avaliação do bem subtraído, que constatou seu
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), e o CD com as imagens
estabelecimento. Certo é que não existe vedação à captadas pela câmera de segurança. O Ministério Público,
requisição de realização de exame criminológico para em sua manifestação derradeira, requereu a condenação da
análise de eventual progressão de regime ou livramento ré nos termos da denúncia. Você, como advogado(a) de
condicional. Todavia, a justificativa para tal requerimento Roberta, é intimado(a) no dia 24 de agosto de 2016, quarta-
deverá ser embasada em fundamentos sólidos de acordo feira, sendo o dia seguinte útil em todo o país, bem como
com o caso concreto, não bastando a mera alegação da todos os dias da semana seguinte, exceto sábado e
gravidade em abstrato do delito. Assim, a fundamentação domingo. Considerando apenas as informações narradas, na
utilizada pelo magistrado a quo não foi idônea, nos termos condição de advogado(a) de Roberta, redija a peça jurídica
do Enunciado 439 da Súmula de Jurisprudência do Superior cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as
Tribunal de Justiça e do Enunciado 26 da Súmula Vinculante teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no
do Supremo Tribunal Federal (STF). Na conclusão, deveria o último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) Obs.: o
examinando apresentar pedido de conhecimento e examinando deve indicar todos os fundamentos e
provimento do recurso, com requerimento de progressão dispositivos legais cabíveis. A mera citação do dispositivo
de regime. Em relação ao prazo, absolutamente pacificado legal não confere pontuação.
o entendimento de que seria de 05 dias, na forma do
Enunciado 700 da Súmula de Jurisprudência do STF.
Considerando que a intimação ocorreu em 24 de novembro PADRÃO DE RESPOSTA
de 2017, sexta-feira, o prazo somente teve início em 27 de 1) Endereçamento: Vara Criminal da Comarca de
novembro de 2017, findando em 01 de dezembro de 2017. Manaus/AM (0,10).
O examinando deveria, ainda, concluir sua peça com local, 2) Fundamento legal para apresentação de Alegações Finais
data, advogado e número de OAB. por Memoriais: Art. 403, §3º do CPP (0,10). 0,00/0,10
3) Preliminarmente, reconhecimento da nulidade dos atos
18. ALEGAÇÕES FINAIS da instrução OU requerimento de aplicação, por analogia,
(XXIII) No dia 23 de fevereiro de 2016, Roberta, 20 anos, do art. 28 do CPP (0,20), diante do não oferecimento de
encontrava-se em um curso preparatório para concurso na proposta de suspensão condicional do processo, pois
cidade de Manaus/AM. Ao final da aula, resolveu ir comprar preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei 9099/95 OU pois
um café na cantina do local, tendo deixado seu notebook irrelevante o fato do delito imputado não ser infração de
carregando na tomada. Ao retornar, retirou um notebook menor potencial ofensivo (0,40).
da tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, foi 4A) No mérito, absolvição de Roberta (0,30). 0,00/0,30 4B)
informada de que foi realizado registro de ocorrência na Reconhecimento da ocorrência de erro de tipo (0,90),
Delegacia em seu desfavor, tendo em vista que as câmeras previsto no artigo 20 do Código Penal (0,10). 0,00/0,90/1,00
de segurança da sala de aula captaram o momento em que 4C) O reconhecimento do erro de tipo tem como
subtraiu o notebook de Cláudia, sua colega de classe, que consequência a exclusão do dolo ou atipicidade da conduta
havia colocado seu computador para carregar em (0,20).
substituição ao de Roberta, o qual estava ao lado. No dia 5) Subsidiariamente, aplicação de pena base no mínimo
seguinte, antes mesmo de qualquer busca e apreensão do legal, já que as circunstâncias do Art. 59 são favoráveis
bem ou atitude da autoridade policial, Roberta restituiu a (0,20). 0,00/0,20
coisa subtraída. As imagens da câmera de segurança foram
encaminhadas ao Ministério Público, que denunciou 6) Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, já
Roberta pela prática do crime de furto simples, tipificado no que menor de 21 anos na data dos fatos (0,20), conforme
Art. 155, caput, do Código Penal. O Ministério Público Art. 65, inciso I, do Código Penal (0,10). 0,00/0,20/0,30
deixou de oferecer proposta de suspensão condicional do 7) Reconhecimento da atenuação da confissão (0,20), nos
processo, destacando que o delito de furto não é de menor termos do Art. 65, inciso III, alínea d, do CP (0,10).
potencial ofensivo, não se sujeitando à aplicação da Lei nº 8) Reconhecimento da causa de diminuição do
9.099/95, tendo a defesa se insurgido. Recebida a denúncia, arrependimento posterior (0,40), tendo em vista que houve
durante a instrução, foi ouvida Cláudia, que confirmou ter restituição da coisa subtraída (0,15), nos termos do Art. 16
deixado seu notebook acoplado à tomada, mas que Roberta do Código Penal (0,10).
o subtraíra, somente havendo restituição do bem com a
descoberta dos agentes da lei. Também foram ouvidos os 9) Aplicação do regime inicial aberto (0,20), nos termos do
funcionários do curso preparatório, que disseram ter Art. 33, §2º, alínea c, do Código Penal (0,10). 0,00/0,20/0,30

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10) Substituição da pena privativa de liberdade por sem qualquer anotação e a Folha de Antecedentes
restritiva de direitos (0,20), já que preenchidos os requisitos Infracionais, ostentando uma representação pela prática de
do Art. 44 do Código Penal (0,10). ato infracional análogo ao crime de tráfico, com decisão
11) Pedidos: Nulidade dos atos da instrução em razão do definitiva de procedência da ação socioeducativa. O
não oferecimento de proposta de suspensão condicional do magistrado concedeu prazo para as partes se manifestarem
processo OU encaminhamento dos autos ao Ministério em alegações finais por memoriais. O Ministério Público
Público para oferecimento de proposta de suspensão requereu a condenação nos termos da denúncia. O
condicional do processo (0,05). 0,00/0,05 11.1) Absolvição advogado de Leonardo, contudo, renunciou aos poderes,
de Roberta (0,10), em razão da atipicidade da conduta razão pela qual, de imediato, o magistrado abriu vista para
(0,10). 0,00/0,10/0,20 11.2) Aplicação da pena no mínimo a Defensoria Pública apresentar alegações finais. Em
legal OU reconhecimento das atenuantes (0,05). 0,00/0,05 sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva
11.3) Reconhecimento do arrependimento posterior OU estatal. No momento de fixar a pena-base, reconheceu a
aplicação da causa de diminuição do Art. 16 do CP (0,05). existência de maus antecedentes em razão da
11.4) Substituição da pena privativa de liberdade por representação julgada procedente em face de Leonardo
restritiva de direitos (0,05) 0,00/0,05 11.5) Aplicação de enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06
regime inicial aberto (0,05). meses de reclusão. Não foram reconhecidas agravantes ou
atenuantes. Na terceira fase, incrementou o magistrado em
12) Prazo: 29 de agosto de 2016 (0,10). 1/3 a pena, justificando ser desnecessária a apreensão de
13) Fechamento (Data, local, assinatura, OAB) (0,10). arma de fogo, bastando a simulação de porte do material
diante do temor causado à vítima. Com a redução de 1/3
pela modalidade tentada, a pena final ficou acomodada em
19. APELAÇÃO 4 (quatro) anos de reclusão. O regime inicial de
(XXII EXAME DA ORDEM) Desejando comprar um novo cumprimento de pena foi o fechado, justificando o
carro, Leonardo, jovem com 19 anos, decidiu praticar um magistrado que o crime de roubo é extremamente grave e
crime de roubo em um estabelecimento comercial, com a que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias.
intenção de subtrair o dinheiro constante do caixa. Narrou o Intimado, o Ministério Público apenas tomou ciência da
plano criminoso para Roberto, seu vizinho, mas este se decisão. A irmã de Leonardo o procura para, na condição de
recusou a contribuir. Leonardo decidiu, então, praticar o advogado, adotar as medidas cabíveis. Constituída nos
delito sozinho. Dirigiu-se ao estabelecimento comercial, autos, a intimação da sentença pela defesa ocorreu em 08
nele ingressou e, no momento em que restava apenas um de maio de 2017, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil
cliente, simulou portar arma de fogo e o ameaçou de em todo o país.
morte, o que fez com ele saísse, já que a intenção de Com base nas informações expostas acima e naquelas que
Leonardo era apenas a de subtrair bens do podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível,
estabelecimento. Leonardo, em seguida, consegue acesso excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do
ao caixa onde fica guardado o dinheiro, mas, antes de prazo para interposição, sustentando todas as teses
subtrair qualquer quantia, verifica que o único funcionário jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve
que estava trabalhando no horário era um senhor que abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizava cadeiras de rodas. Arrependido, antes mesmo de utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção
ser notada sua presença pelo funcionário, deixa o local sem ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
nada subtrair, mas, já do lado de fora da loja, é
surpreendido por policiais militares. Estes realizam a
abordagem, verificam que não havia qualquer arma com PADRÃO DE RESPOSTA
Leonardo e esclarecem que Roberto narrara o plano Petição de interposição
criminoso do vizinho para a Polícia. Tomando conhecimento
dos fatos, o Ministério Público requereu a conversão da 1) Endereçamento correto: Juízo da 1ª Vara Criminal da
prisão em flagrante em preventiva e denunciou Leonardo Comarca de Belo Horizonte-MG (0,10).
como incurso nas sanções penais do Art. 157, § 2º, inciso I, 2) Fundamentação legal: Art. 593, inciso I, do CPP (0,10).
c/c o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Após decisão Razões de apelação
do magistrado competente, qual seja, o da 1ª Vara Criminal
de Belo Horizonte/MG, de conversão da prisão e 3) Endereçamento correto: Tribunal de Justiça do Estado de
recebimento da denúncia, o processo teve seu Minas Gerais (0,10).
prosseguimento regular. O homem que fora ameaçado 4) Preliminarmente: Nulidade da sentença ou de todos os
nunca foi ouvido em juízo, pois não foi localizado, e, na data atos processuais desde as alegações finais apresentadas
dos fatos, demonstrou não ter interesse em ver Leonardo pela Defensoria Pública (0,25), tendo em vista que não
responsabilizado. Em seu interrogatório, Leonardo confirma houve intimação do réu para manifestar interesse em
integralmente os fatos, inclusive destacando que se indicar novo advogado OU tendo em vista que houve
arrependeu do crime que pretendia praticar. Constavam no prejuízo para ampla defesa (0,15). 0,00/0,15/0,25/0,40
processo a Folha de Antecedentes Criminais do acusado
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5) No mérito: absolvição de Leonardo OU desclassificação alertada por José sobre o crime prestes a acontecer, sendo
para o delito de ameaça com consequente reconhecimento efetuada a prisão de Lauro em flagrante. Em sede policial,
da decadência (0,40) 5.1) Houve desistência voluntária Maria foi ouvida, afirmando, apesar de não apresentar
(0,80), nos termos do Art. 15 do CP (0,10) 0,00/0,80/0,90 documentos, que tinha 17 anos e que Lauro sempre
5.2) Leonardo deve responder apenas pelos atos já manteve comportamento estranho com ela, razão pela qual
praticados OU não deve responder pela tentativa (0,45). tinha interesse em ver o autor dos fatos responsabilizado
6) Subsidiariamente: a pena base deve ser fixada no mínimo criminalmente. Após receber os autos e considerando que o
legal (0,20), pois a existência de ação socioeducativa julgada detido possuía autorização para portar arma de fogo, o
procedente não justifica o reconhecimento de maus Ministério Público denunciou Lauro apenas pela prática do
antecedentes (0,15) crime de estupro qualificado, previsto no Art. 213, §1º c/c
Art. 14, inciso II, c/c Art. 61, inciso II, alínea f, todos do
7) Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa Código Penal. O processo teve regular prosseguimento,
(0,15), nos termos do Art. 65, inciso I, do CP (0,10 mas, em razão da demora para realização da instrução,
8) Reconhecimento da atenuante da confissão (0,15), nos Lauro foi colocado em liberdade. Na audiência de instrução
termos do Art. 65, inciso III, alínea d, do CP (0,10) e julgamento, a vítima Maria foi ouvida, confirmou suas
9) Afastamento da causa de aumento do Art. 157, §2º, declarações em sede policial, disse que tinha 17 anos,
inciso I, do CP (0,30), pois houve apenas simulação de porte apesar de ter esquecido seu documento de identificação
de arma de fogo, sem incremento do potencial lesivo OU para confirmar, apenas apresentando cópia de sua
pois não existe prova do emprego de arma de fogo (0,20). matrícula escolar, sem indicar data de nascimento, para
demonstrar que, de fato, era Maria. José foi ouvido e
10) Redução da tentativa em seu patamar máximo (0,10), também confirmou os fatos narrados na denúncia, assim
permitindo aplicação da suspensão condicional da pena como os policiais. O réu não estava presente na audiência
(0,05) por não ter sido intimado e, apesar de seu advogado ter-se
11) Aplicação do regime inicial semiaberto ou aberto do mostrado inconformado com tal fato, o ato foi realizado,
cumprimento de pena (0,20), pois a gravidade em abstrato porque o interrogatório seria feito em outra data. Na
não justifica regime de pena mais severo OU a fixação de segunda audiência, Lauro foi ouvido, confirmando
regime de cumprimento mais severo exige motivação integralmente os fatos narrados na denúncia, mas
concreta (0,15), nos termos da Súmula 718/STF OU 719/STF demonstrou não ter conhecimento sobre as declarações das
OU 440/STJ (0,10). testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na mesma
12) Pedido de provimento do recurso (0,30), com expedição ocasião, foi, ainda, juntado o laudo de exame do material
de alvará de soltura (0,10). apreendido, o laudo da arma de fogo demonstrando o
potencial lesivo e a Folha de Antecedentes Criminais, sem
13) Prazo: 15 de maio de 2017 (0,10). 0,00/0,10 14) outras anotações. Encaminhados os autos para o Ministério
Fechamento: aposição de local, data, assinatura e OAB Público, foi apresentada manifestação requerendo
(0,10). condenação nos termos da denúncia. Em seguida, a defesa
técnica de Lauro foi intimada, em 04 de setembro de 2018,
20. ALEGAÇÕES FINAIS terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para
apresentação da medida cabível. Considerando apenas as
(XXVI EXAME DA ORDEM) Em 03 de outubro de 2016, na informações narradas, na condição de advogado(a) de
cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, Lauro, 33 Lauro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas
anos, que é obcecado por Maria, estagiária de uma outra corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A
empresa que está situada no mesmo prédio em que fica o peça deverá ser datada do último dia do prazo para
seu local de trabalho, não mais aceitando a rejeição dela, interposição. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos
decidiu que a obrigaria a manter relações sexuais com ele, os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
independentemente da sua concordância. Confiante em sua dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição
decisão, resolveu adquirir arma de fogo de uso permitido, do dispositivo legal não confere pontuação.
considerando que tinha autorização para tanto, e a
registrou, tornando-a regular. Precisando que alguém o
substituísse no local do trabalho no dia do crime, narrou sua PADRÃO DE RESPOSTA
intenção criminosa para José, melhor amigo com quem Endereçamento:
trabalha, assegurando-lhe que comprou a arma
exclusivamente para ameaçar Maria a manter com ele 1) Vara Criminal da Comarca de Campos/RJ (0,10).
conjunção carnal, mas que não a lesionaria de forma 0,00/0,10 Cabimento:
alguma. Ainda esclareceu a José, que alugara um quarto em 2) Fundamento legal para apresentação de Alegações Finais
um hotel e comprara uma mordaça para evitar que Maria por Memoriais: Art. 403, § 3º do CPP (0,10).
gritasse e os fatos fossem descobertos. Quando Lauro saía Fundamentação:
de casa, em seu carro, para encontrar Maria, foi
surpreendido por viatura da Polícia Militar, que havia sido 3) Preliminarmente, reconhecimento da nulidade dos atos
da instrução (0,20).
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4) A nulidade decorre da ausência de intimação do réu para enquanto, na mochila do adolescente, foram encontrados
realização da audiência de instrução e julgamento (0,40), o 30 g de cocaína, quantidade essa distribuída em 50 pinos.
que representa cerceamento de defesa OU configurando Após a oitiva das testemunhas em sede policial, da juntada
violação ao princípio da ampla defesa (0,15), nos termos do do laudo e da oitiva do adolescente e de João, que
Art. 5º, LV, CRFB/88 OU Art. 564, IV, do CPP (0,10). permaneceram em silêncio com relação aos fatos, foram
5) No mérito, absolvição de Lauro (0,30). 0,00/0,30 6) Não lavrados o auto de prisão em flagrante em desfavor do
foram iniciados atos executórios do crime de estupro (0,60), imputável e o auto de apreensão em desfavor do
sendo certo que os atos preparatórios são impuníveis adolescente. Toda a documentação foi encaminhada aos
(0,20). Promotores de Justiça com atribuição. O Promotor de
Justiça, junto à 1ª Vara Criminal de Maceió/AL, órgão
7) Subsidiariamente, afastar a qualificadora pois não há competente, ofereceu denúncia em face de João,
prova nos autos da idade da vítima (0,50), nos termos do imputando-lhe a prática dos crimes previstos nos artigos 33
Art. 213, §1º do CP (0,10) e 35, ambos com a causa de aumento do Art. 40, inciso VI,
8) Aplicação da pena base no mínimo legal, já que as todos da Lei nº 11.343/06. Foi concedida a liberdade
circunstâncias do Art. 59 do CP são favoráveis (0,20). provisória ao denunciado, aplicando-se as medidas
9) Afastamento da agravante do Art. 61, inciso II, alínea ´f´, cautelares alternativas. Após a notificação, a apresentação
do CP (0,20), pois o crime não foi praticado em situação de de resposta prévia e o recebimento da denúncia e da
violência doméstica, familiar ou de coabitação contra citação, foi designada a audiência de instrução e
mulher (0,10). julgamento, ocasião em que foram ouvidas as testemunhas
de acusação. Estas confirmaram a apreensão de drogas em
10) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea poder de Marcelo e João, bem como que eles estariam
(0,30), nos termos do Art. 65, III, ´d´, CP (0,10). juntos, esclarecendo que não se conheciam anteriormente
11) Aplicação do quantum máximo de redução de pena em e nem tinham informações pretéritas sobre o adolescente e
razão da tentativa (0,15), tendo em vista que o crime ficou o denunciado. O adolescente, ouvido, disse que conhecera
longe da consumação OU tendo em vista que o critério a ser João no dia anterior ao de sua apreensão e que nunca o
observado é do iter criminis percorrido (0,10). tinha visto antes vendendo drogas. Em seguida à oitiva das
0,00/0,10/0,15/0,25 testemunhas de acusação e defesa, foi realizado o
12) Aplicação do regime aberto ou semiaberto, interrogatório do acusado, sendo que nenhuma das partes
considerando a pena mínima a ser aplicada (0,20), nos questionou o momento em que este foi realizado. Na
termos do Art. 33, §2º, alíneas b ou c, do CP (0,10) OU ocasião, João confirmou que o material que ele e Marcelo
Aplicação da suspensão condicional da pena (0,20), nos traziam seria destinado à ilícita comercialização. Ele ainda
termos do Art. 77 do CP (0,10) esclareceu que conhecera o adolescente no dia anterior,
que era a primeira vez que venderia drogas e que tinha a
Pedidos: intenção de praticar o ato junto com o adolescente
13) Nulidade dos atos da instrução (0,05). somente aquela vez, com o objetivo de conseguir dinheiro
14) Absolvição de Lauro (0,20), nos termos do Art. 386, para comprar uma moto. Foi acostado o laudo de exame
inciso III, do CPP (0,10). 14.1) Afastamento da qualificadora definitivo de material entorpecente confirmando o laudo
do Art. 213, § 1º, do CP (0,05). 0,00/0,05 14.2) Aplicação da preliminar e a Folha de Antecedentes Criminais de João,
pena base no mínimo legal ou reconhecimento da onde constava uma anotação referente a crime de furto,
atenuante da confissão (0,05). 14.3) Afastamento da ainda pendente de julgamento. O juiz, após a devida
agravante do Art. 61, II, ´f´, do CP (0,05). 0,00/0,05 14.4) manifestação das partes, proferiu sentença julgando
Redução do máximo em razão da tentativa (0,05). 14.5) parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal. Em
Aplicação de regime inicial aberto ou semiaberto (0,05). um primeiro momento, absolveu o acusado do crime de
associação para o tráfico por insuficiência probatória. Em
Tempestividade: 15) Prazo: 10 de setembro de 2018 (0,10) seguida, condenou o réu pela prática do crime de tráfico de
Fechamento: Data, local, assinatura, OAB (0,10). drogas, ressaltando que o réu confirmou a destinação das
drogas à ilícita comercialização. No momento de aplicar a
21. CONTRARRAZÕES pena, fixou a pena-base no mínimo legal, reconhecendo a
existência da atenuante da confissão espontânea;
(XXVII EXAME DA ORDEM) João, 22 anos, no dia 04 de maio
aumentou a pena em razão da causa de aumento do Art.
de 2018, caminhava com o adolescente Marcelo, cada um
40, inciso VI, da Lei nº 11.343/06 e aplicou a causa de
deles trazendo consigo uma mochila nas costas. Realizada
diminuição de pena do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06,
uma abordagem por policiais, foi constatado que, no
restando a pena final em 1 ano, 11 meses e 10 dias de
interior da mochila de cada um, havia uma certa quantidade
reclusão e 195 dias multa, a ser cumprida em regime inicial
de drogas, razão pela qual elas foram, de imediato,
aberto. Entendeu o magistrado pela substituição da pena
encaminhadas para a Delegacia. Realizado laudo de exame
privativa de liberdade por duas restritivas de direitos. O
de material entorpecente, constatou-se que João trazia 25 g
Ministério Público, ao ser intimado pessoalmente em 22 de
de cocaína, acondicionados em 35 pinos plásticos,
outubro de 2018, apresentou o recurso cabível, em 25 de
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outubro de 2018, acompanhado das respectivas razões restou provada situação de permanência/estabilidade entre
recursais, requerendo: a) nulidade da instrução, porque o o adolescente e o acusado (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60
interrogatório não foi o primeiro ato, como prevê a Lei nº 7) Manutenção da pena base no mínimo legal (0,20), uma
11.343/06; b) condenação do réu pelo crime de associação vez que o argumento utilizado pelo Ministério Público
para o tráfico, já que ele estaria agindo em comunhão de considera a gravidade em abstrato do delito OU tendo em
ações e desígnios com o adolescente no momento da vista que haveria bis in idem no aumento da pena em razão
prisão, e o Art. 35 da Lei nº 11.343/06 fala em de violação ao bem jurídico protegido pela norma (0,40).
“reiteradamente ou não”; c) aumento da pena-base em 0,00/0,20/0,40/0,60
relação ao crime de tráfico diante das consequências graves
que vem causando para a saúde pública e a sociedade 8) Manutenção do reconhecimento da atenuante da
brasileira; d) afastamento da atenuante da confissão, já que confissão espontânea (0,20), considerando que foi a
ela teria sido parcial; e) afastamento da causa de confissão utilizada como argumento/para formação da
diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, convicção do juiz (0,35), nos termos da Súmula 545 do STJ
independentemente da condenação pelo crime do Art. 35 (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,35/ 0,45/0,55/0,65
da Lei nº 11.343/06, considerando que o réu seria portador 9) Manutenção do reconhecimento da causa de diminuição
de maus antecedentes, já que responde a ação penal em do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343 (0,15), eis que o fato de o
que se imputa a prática do crime de furto; f) aplicação do réu responder à ação penal por crime de furto não justifica
regime inicial fechado, diante da natureza hedionda do o reconhecimento de maus antecedentes (0,35), nos termos
delito de tráfico; g) afastamento da substituição da pena da Súmula 444 do STJ, por analogia OU conforme o Art. 5º,
privativa de liberdade por restritiva de direitos, diante da LVII, da CRFB/88 (princípio da não culpabilidade ou da
vedação legal do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. Já o presunção de inocência) (0,10). 0,00/0,15/0,25/
acusado e a defesa técnica, intimados do teor da sentença, 0,35/0,45/0,50/0,60
mantiveram-se inertes, não demonstrando interesse em 10) Afastamento do pedido de aplicação do regime inicial
questioná-la. O magistrado, então, recebeu o recurso do fechado (0,20), pois o crime de tráfico privilegiado não é
Ministério Público e intimou, no dia 05 de novembro de considerando hediondo pelo STF OU porque é
2018 (segunda feira), sendo terça-feira dia útil em todo o inconstitucional a previsão do Art. 2º, § 1º, da Lei nº
país, você, advogado(a) de João, a apresentar a medida 8.072/90 de aplicação obrigatória do regime inicial fechado
cabível. Com base nas informações expostas na situação aos crimes hediondos (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60
hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluídas as possibilidades 11) Manutenção da substituição da pena privativa de
de habeas corpus e embargos de declaração, no último dia liberdade por restritiva de direitos (0,20), já que a vedação
do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. em abstrato viola o princípio da individualização da pena
(Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os OU porque o STF declarou a inconstitucionalidade da
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar vedação trazida pelo Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 OU
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do porque a Resolução 05 do Senado suspendeu a eficácia da
dispositivo legal não confere pontuação. expressão que vedava a substituição (0,40).
0,00/0,20/0,40/0,60
Pedido
PADRÃO DE RESPOSTA
12) Não provimento do recurso OU manutenção da
Petição de Juntada sentença (0,25). 0,00/0,25
1) Endereçamento: 1ª Vara Criminal da Comarca de 13) Prazo: 13 de novembro de 2018 (0,10). 0,00/0,10
Maceió/AL (0,10). 0,00/0,10
Fechamento
2) Fundamento legal: Art. 600 do CPP (0,10). 0,00/0,10
14) Local, data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10
Razões do Apelado ou Contrarrazões de Apelação
Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas
(0,10). 0,00/0,10 22. APELAÇÃO

4) Afastamento da nulidade requerida (0,20), considerando (XXXIII) Breno, 19 anos, no dia 03 de novembro de 2017,
que não foi arguida em momento adequado (0,15). quando estava em uma festa em que era proibida a entrada
0,00/0,15/0,20/0,35 de menores de 18 anos, conheceu Carlos. Após ingerirem
grande quantidade de bebida alcoólica, Breno conta para
5) O interrogatório, como instrumento de defesa, poderá Carlos que estava portando uma arma de fogo e que tinha a
ser realizado como último ato da instrução OU o intenção de subtrair o dinheiro da loja de conveniência de
procedimento da Lei nº 11.343/06 deve se adequar àquele um posto de gasolina. Carlos concorda, de imediato, com o
previsto no CPP (0,25). 0,00/0,25 plano delitivo, desde que ficasse com metade dos bens
6) Manutenção da absolvição em relação crime de subtraídos. A dupla, então, comparece ao local, anuncia o
associação para o tráfico (0,20), tendo em vista que não assalto para o único funcionário presente e, no exato
momento em que abriram o caixa onde era guardado o
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dinheiro, são abordados por policiais militares, que Público, intimado da sentença, manteve-se inerte. Você,
encaminham a dupla para a Delegacia. Em sede policial, foi como advogado(a) de Breno, é intimado(a) no dia 03 de
constatado que Carlos era adolescente de 16 anos e que dezembro de 2019, terça-feira, sendo o dia seguinte útil em
tinha se valido de documento falso para ingressar na festa todo o país, bem como todos os dias da semana seguinte,
em que conheceu Breno. A arma de fogo foi apreendida e exceto sábado e domingo. Considerando apenas as
devidamente periciada, sendo identificado que estava informações narradas, na condição de advogado de Breno,
municiada e que era capaz de efetuar disparos. Houve, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e
ainda, a juntada da Folha de Antecedentes Criminais de embargos de declaração, apresentando todas as teses
Breno, onde constava a existência de 03 inquéritos policiais jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último
em que figurava como indiciado em investigações dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) Obs.: o(a)
relacionadas a crimes patrimoniais, além de 05 ações penais examinando(a) deve abordar todas os fundamentos de
em curso, duas delas com condenações de primeira Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
instância, pela suposta prática de crimes de roubo pretensão. A mera citação do dispositivo legal não confere
majorado, em nenhuma havendo trânsito em julgado. Antes pontuação.
do oferecimento da denúncia, o Ministério Público solicitou
que fossem realizadas diligências destinadas à obtenção da
filmagem do estabelecimento onde os fatos teriam PADRÃO DE RESPOSTA
ocorrido, razão pela qual houve relaxamento da prisão de ITEM PONTUAÇÃO Petição de interposição 1.
Breno. Após conclusão das diligências, sendo acostado ao Endereçamento: 1ª Vara Criminal da Comarca de
procedimento a filmagem que confirmava a autoria delitiva Florianópolis/SC (0,10). 0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art.
de Breno, em 05 de junho de 2019, Breno foi denunciado 593, inciso I, do CPP (0,10). 0,00/0,10 Razões de apelação 3.
pelo Ministério Público, perante a 1ª Vara Criminal da Endereçamento: Tribunal de Justiça de Santa Catarina
Comarca de Florianópolis/SC, órgão competente, como (0,10). 0,00/0,10 4. Preliminar: Nulidade da instrução (0,20),
incurso nas sanções penais do Artigo 157, § 2º, inciso II e § tendo em vista que houve inversão na ordem da realização
2º-A, inciso I, do Código Penal e do Art. 244-B da Lei no das perguntas para as testemunhas OU tendo em vista que
8.069/90, na forma do Art. 70 do Código Penal. Após o juiz iniciou as perguntas para as partes, não permitindo
regular processamento, durante audiência de instrução e complementação (0,25), o que viola 0,00/0,20/0,25/0,30/
julgamento, o magistrado optou por perguntar diretamente 0,35/0,45/0,55. o Art. 212 OU o Art. 564, inciso IV, ambos
para as testemunhas de acusação e defesa, não do CPP (0,10). 4.1. A conduta do magistrado de não permitir
oportunizando manifestação das partes, tendo a defesa complementação viola o princípio da ampla defesa OU do
demonstrado seu inconformismo com a conduta. A vítima devido processo legal OU gera cerceamento de defesa
confirmou os fatos narrados na denúncia, destacando que (0,20), em desconformidade com Art. 5º, inciso LIV OU LV,
ficou muito assustada porque Breno e Carlos eram muito da CRFB (0,10). 0,00/0,20/0,30 5. No mérito, deveria ser
altos e fortes, parecendo jovens de aproximadamente 25 buscada a absolvição do réu em relação ao crime de
anos de idade, além de destacar que havia cerca de R$ corrupção de menores (0,20), tendo em vista que ocorreu
5.000,00 no caixa do estabelecimento que seriam erro de tipo (0,40), nos termos do Art. 20, caput, do CP
subtraídos se não houvesse a intervenção policial. O réu, (0,10). 0,00/0,20/0,30/0,40/ 0,50/0,60/0,70 6. Breno não
em seu interrogatório, permaneceu em silêncio. Após agiu com dolo nem culpa OU sua conduta foi atípica em
apresentação de manifestação derradeira pelas partes, foi relação ao crime de corrupção de menores (0,15). 0,00/0,15
proferida sentença condenatória nos termos da denúncia, 7. No que tange à aplicação da pena, deveria ser reduzida a
conforme requerido pelo Ministério Público. Na primeira pena base (0,20), considerando que inquéritos policiais e
fase, fixou o magistrado a pena base dos crimes de roubo e ações em curso não podem ser valoradas negativamente na
corrupção de menores acima do mínimo legal, em razão da pena base, nem mesmo para avaliar personalidade (0,15),
personalidade do réu, que seria voltada para prática de nos termos do Art. 5º, inciso LVII, da CRFB, OU da Súmula
crimes, conforme indicaria sua folha de antecedentes 444 do STJ (0,10). 0,00/0,15/0,20/0,25/ 0,30/0,35/0,45 8.
criminais, restando a pena do roubo em 4 anos e 06 meses Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, já
de reclusão e 12 dias multa e da corrupção em 01 ano e 02 que o réu era menor de 21 anos na data dos fatos (0,30),
meses de reclusão. Na segunda fase, não foram nos termos do Art. 65, inciso I, do CP (0,10). 0,00/0,30/0,40
reconhecidas agravantes e nem atenuantes. Na terceira 9. Redução do quantum de aumento realizado na terceira
fase, a pena base do crime de corrupção de menores foi fase da dosimetria do crime de roubo (0,20), já que os fatos
confirmada como definitiva, enquanto a pena de roubo foi foram praticados antes da entrada em vigor da lei que
aumentada em 2/3, em razão do emprego de arma de fogo, aumentou o percentual de aumento em razão do emprego
diante das previsões da Lei nº 13.654/18, restando a pena de arma de fogo OU em razão do princípio da
definitiva do roubo em 07 anos e 06 meses de reclusão e 20 irretroatividade da lei penal prejudicial ao réu (0,35),
dias multa, já que não foram reconhecidas causas de conforme Art. 5º, inciso XL, da CRFB (0,10).
diminuição de pena. O regime inicial fixado foi o fechado, 0,00/0,20/0,30/0,35/ 0,45/0,55/0,65 10. Reconhecimento
em razão da pena final de 8 anos e 8 meses de reclusão e 20 da causa de diminuição de pena da tentativa (0,35), já que o
dias multa (Art. 70, parágrafo único, CP). O Ministério crime não se consumou por circunstâncias alheias à
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vontade dos agentes OU porque não houve subtração do responsabilizá-lo. O réu permaneceu em silêncio durante
dinheiro que estava no caixa do estabelecimento OU seu interrogatório. Em seguida, foi acostado ao
porque não houve inversão da posse como exige a Súmula procedimento o laudo definitivo de lesão corporal da vítima
582 do STJ (0,15). 0,00/0,15/0,35/0,50 11. Aplicação do atestando a existência de lesões de natureza leve, assim
regime inicial semiaberto ou aberto com base na pena a ser como a Folha de Antecedentes Criminais de Luiz, que
aplicada e primariedade do réu (0,30), nos termos do Art. registrava uma única condenação, com trânsito em julgado
33, § 2º, alíneas b ou c, do CP (0,10). 0,00/0,30/0,40 em 10 de dezembro de 2019, pela prática de contravenção
Pedidos 12. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso penal. O Ministério Público apresentou a manifestação
(0,30). 0,00/0,10/0,30/0,40 Prazo e Fechamento 13. Prazo: cabível requerendo a condenação do réu nos termos da
09 de dezembro de 2019 (0,10). 0,00/0,10 14. Local, data, denúncia, destacando, ainda, a incidência do Art. 61, inciso
advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10 I, do CP. Em seguida, a defesa técnica de Luiz foi intimada,
em 19 de janeiro de 2021, terça-feira, para apresentação da
medida cabível. Considerando apenas as informações
23. MEMORIAIS expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Luiz, a
(XXXII) Na madrugada do dia 1º de janeiro de 2020, Luiz, peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus e
nascido em 24 de abril de 1948, estava em sua residência, embargos de declaração, expondo todas as teses cabíveis
em Porto Alegre, na companhia de seus três filhos e do de direito material e processual. A peça deverá ser datada
irmão Igor, nascido em 29 de novembro de 1965, que no último dia do prazo para apresentação, devendo
também morava há dois anos no mesmo imóvel. Em segunda a sexta-feira serem considerados dias úteis em
determinado momento, um dos filhos de Luiz acionou fogos todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: o examinando deve abordar
de artifício, no quintal do imóvel, para comemorar a todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
chegada do novo ano. Ocorre que as faíscas atingiram o para dar respaldo à pretensão. A mera citação do
telhado da casa, que começou a pegar fogo. Todos dispositivo legal não confere pontuação.
correram para sair pela única e pequena porta da casa, mas
Luiz, em razão de sua idade e pela dificuldade de
locomoção, acabou ficando por último na fila para saída da PADRÃO DE RESPOSTA
residência. Percebendo que o fogo estava dele se ITEM PONTUAÇÃO 1. Endereçamento: 5ª Vara Criminal da
aproximando e que iria atingi-lo em segundos, Luiz desferiu Comarca de Porto Alegre/RS (0,10) 0,00/0,10 2.
um forte soco na cabeça do irmão, que estava em sua Fundamento legal: Art. 403, § 3º, do CPP ou Art. 404,
frente, conseguindo deixar o imóvel. Igor ficou caído por parágrafo único do CPP(0,10) 0,00/0,10 Preliminares 3.
alguns momentos, mas conseguiu sair da casa da família, Preliminarmente, extinção da punibilidade do agente OU
sangrando em razão do golpe recebido. Policiais chegaram nulidade em razão da ausência de representação (0,20),
ao local do ocorrido, sendo instaurado procedimento para com reconhecimento da decadência (0,15), conforme o Art.
investigar a autoria do crime de incêndio e outro 107, inciso IV, do CP OU 564, inciso III, alínea a, ou inciso IV,
procedimento para apurar o crime de lesão corporal. Luiz, CPP (0,10) 0,00/0,15/0,20/ 0,25/0,30/0,35/0,45 3.1. O crime
verificando as consequências de seus atos, imediatamente de lesão corporal leve do Art. 129, § 9º, do CP é de ação
levou o irmão para unidade de saúde e pagou pelo penal pública condicionada à representação (0,20), nos
tratamento médico necessário. Igor compareceu em sede termos do Art. 88 da Lei nº 9.099/95 (0,10), e a vítima
policial após ser intimado, narrando o ocorrido, apesar de demonstrou não ter interesse em ver o autor do fato
destacar não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente (0,15) 0,00/0,15/0,20/
responsabilizado criminalmente. Concluídas as 0,25/0,30/0,35/0,45 4. Nulidade decorrente do não
investigações em relação ao crime de lesão, os autos foram oferecimento de proposta de suspensão condicional do
encaminhados ao Ministério Público, que, com base no processo (0,30), tendo em vista que o crime não foi
laudo prévio de lesão corporal de Igor atestando a praticado no contexto da violência doméstica e familiar
existência de lesão de natureza leve na cabeça, ofereceu contra mulher ou tendo em vista não ser aplicável a
denúncia, perante a 5ª Vara Criminal de Porto Alegre/RS, previsão do Art. 41 da Lei nº 11.340 pelo fato de a vítima
órgão competente, em face de Luiz como incurso nas ser homem (0,20). 0,00/0,20/0,30/0,50 MÉRITO 5. No
sanções penais do Art. 129, § 9º, do Código Penal. Deixou o mérito, reconhecimento do estado de necessidade (0,40),
órgão acusador de oferecer proposta de suspensão que é causa excludente da ilicitude (0,20), na forma do Art.
condicional do processo com fundamento no Art. 41 da Lei 24 ou do Art. 23, inciso I, ambos do CP (0,10)
nº 11.340/06, que veda a aplicação dos institutos da Lei nº 0,00/0,20/0,30/0,40/ 0,50/0,60/0,70 5.1. Luiz agiu diante de
9.099/95, tendo em vista que aquela lei (Lei nº 11.340/06) perigo atual para sua integridade física (0,20), utilizando
estabeleceu nova pena para o delito imputado. Após meios disponíveis, não sendo razoável a exigência do
citação e apresentação de resposta à acusação, na qual Luiz sacrifício (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 6. Aplicação da pena
demonstrou interesse na aplicação do Art. 89 da Lei nº base no mínimo legal, já que circunstâncias do art. 59 do CP
9.099/95, os fatos foram integralmente confirmados são favoráveis (0,10) 0,00/0,10 7. Afastamento da
durante a instrução probatória. Igor confirmou a agressão, a agravante da reincidência OU afastamento da agravante do
ajuda posterior do irmão e o desinteresse em art. 61, I, do CP (0,20), tendo em vista que a condenação
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anterior se refere à contravenção ou tendo em vista que o juiz determinou a conclusão do feito para decisão. Antes
não ostenta condenação anterior definitiva pela prática de de ser proferida decisão, mas após manifestação das partes
crime (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 8. Reconhecimento da em alegações finais, foram juntados aos autos o boletim de
atenuante prevista no Art. 65, inciso I, do CP (0,20), tendo atendimento médico de Joaquina, no qual consta a
em vista que o réu era maior de 70 anos na data da informação de que ela não estivera grávida no momento
sentença (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 9. Reconhecimento da dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais de Túlio sem
atenuante prevista no Art. 65, inciso III, alínea b, do CP outras anotações e um exame de corpo de delito, que
(0,20), pois Luiz procurou reduzir as consequências de seus indicava que o remédio utilizado não causara lesões na
atos levando Igor para o hospital e pagando por seu adolescente. Com a juntada da documentação, de imediato,
tratamento (0,10) 0,00/0,10/0,20/0,30 10. Fixação do sem a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu
regime aberto para início do cumprimento da pena (0,20), decisão de pronúncia nos termos da denúncia, sendo
considerando a pena a ser aplicada ou considerando que o publicada na mesma data, qual seja, 18 de junho de 2018,
delito é punido apenas com pena de detenção (0,10) segundafeira, ocasião em que as partes foram intimadas.
0,00/0,10/0,20/0,30 11. Requerimento de suspensão Considerando apenas as informações narradas, na condição
condicional da pena (0,20), nos termos do Art. 77 do CP de advogado(a) de Túlio, redija a peça jurídica cabível,
(0,10) 0,00/0,20/0,30 Pedidos 12. Preliminar de nulidade do diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses
processo OU reconhecimento da extinção da punibilidade jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último
OU decadência OU oferecimento de proposta de suspensão dia do prazo para interposição, considerando-se que todos
condicional do processo (0,10) 0,00/0,10 13. Absolvição os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país.
(0,20), na forma do Art. 386, VI, do CPP (0,10) (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os
0,00/0,20/0,30 14. Aplicação da pena no mínimo legal OU fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
reconhecimento das atenuantes (0,10) 0,00/0,10 15. respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
Fixação do regime aberto OU concessão de suspensão dispositivo legal não confere pontuação.
condicional da pena (0,10) 0,00/0,10 Fechamento 16. Data:
25 de janeiro de 2021 (0,10) 0,00/0,10 17. Local, data,
advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10 PADRÃO DE RESPOSTA
Petição de interposição

24. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 1. Endereçamento: Juízo de Direito do Tribunal do Júri da


Comarca de Porto Alegre/RS (0,10). 0,00/0,10
(XXVIII EXAME DA ORDEM) Túlio, nascido em 01/01/1996,
primário, começa a namorar Joaquina, jovem que recém 2. Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10).
completou 15 anos. Logo após o início do namoro, ainda 0,00/0,10
muito apaixonado, é surpreendido pela informação de que 3. Requerimento do exercício do juízo de retratação (0,30),
Joaquina estaria grávida de seu ex-namorado, o nos termos do Art. 589 do CPP (0,10).
adolescente João, com quem mantivera relações sexuais. Razões de Recurso
Joaquina demonstra toda a sua preocupação com a reação
de seus pais diante desta gravidez quando tão jovem e, em 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado do Rio
desespero, solicita ajuda de Túlio para realizar um aborto. Grande do Sul (0,10). 0,00/0,10
Diante disso, no dia 03/01/2014, em Porto Alegre, Túlio 5. Requerimento de reconhecimento da prescrição da
adquire remédio abortivo cuja venda era proibida sem pretensão punitiva do Estado (0,30), com consequente
prescrição médica e o entrega para a namorada, que, de extinção da punibilidade do agente (0,15), nos termos do
imediato, passa a fazer uso dele. Joaquina, então, expele Art. 107, inciso IV, do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,30/
algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o 0,40/0,45/0,55
feto. Os pais presenciam os fatos e levam a filha 6. A prescrição ocorreu porque, entre a data do
imediatamente ao hospital; em seguida, comparecem à recebimento da denúncia e da pronúncia foi ultrapassado o
Delegacia e narram o ocorrido. No hospital, foi informado prazo de 4 anos OU o prazo de 4 anos foi ultrapassado
pelos médicos que, na verdade, Joaquina possuía um cisto, porque o prazo prescricional deveria ser computado pela
mas nunca estivera grávida, e o que fora expelido não era metade, já que o réu era menor de 21 anos (0,15).
um feto. Após investigação, no dia 20/01/2014, Túlio vem a 0,00/0,15
ser denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o Art. 14,
inciso II, ambos do Código Penal, perante o juízo do Tribunal 7. Preliminarmente, nulidade da decisão de pronúncia:
do Júri da Comarca de Porto Alegre/RS, não sendo (0,30). 0,00/0,30 7.1. Nulidade em razão do não
oferecido qualquer instituto despenalizador, apesar do oferecimento de proposta de suspensão condicional do
reclamo defensivo. A inicial acusatória foi recebida em processo (0,30), nos termos do Art. 89 da Lei 9.099 (0,10), já
22/01/2014. Durante a instrução da primeira fase do que a pena mínima do delito imputado é de 1 ano (0,15).
procedimento especial, são ouvidas as testemunhas e 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 7.2. Nulidade em
Joaquina, assim como interrogado o réu, todos confirmando razão do cerceamento de defesa OU violação ao princípio
o ocorrido. As partes apresentaram alegações finais orais, e da ampla defesa OU violação ao princípio do contraditório

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(0,30), já que o juiz proferiu decisão após juntada de todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser
documentação, sem dar vista às partes (0,15). datada no último dia do prazo para interposição,
0,00/0,15/0,30/0,45 considerando que, em todos os locais do país, de segunda a
8. No mérito, absolvição sumária (0,20) em razão de o fato sexta-feira são dias úteis. (Valor: 5,00). Obs.: a peça deve
evidentemente não constituir crime OU diante da abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
atipicidade da conduta (0,25), nos termos do Art. 415, III, utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção
CPP (0,10) 0,00/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45/0,55 9. A ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
conduta de Túlio configura crime impossível (0,80), nos
termos do Art. 17 do CP (0,10). 0,00/0,80/0,90 10. Houve PADRÃO DE RESPOSTA
absoluta impropriedade do objeto (0,15), tendo em vista
que Joaquina não estava grávida quando da ação visando O examinando deve redigir, na condição de advogado,
causar aborto (0,10). 0,00/0,10/0,15/0,25 Pedidos recurso de Agravo em Execução, com fundamento no Art.
197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal (LEP). Isso
11. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,30). porque, nos termos do dispositivo mencionado, das
0,00/0,10/0,30/0,40 decisões proferidas pelo magistrado em sede de Execução
12. Prazo: 25 de junho de 2018 (0,10). 0,00/0,10 Penal, sempre caberá recurso de agravo, sem efeito
Fechamento 13. Local, data, advogado e OAB (0,10). suspensivo. No caso, claro está que a decisão a ser
0,00/0,10. combatida foi proferida pelo juiz em atuação na Vara de
Execuções Penais de São Paulo, de fato em sede de
execução, já que o requerimento formulado pelo Ministério
25. AGRAVO EM EXECUÇÃO Pública referia-se à perda de benefícios durante execução
(XXIX EXAME DA ORDEM) Guilherme foi condenado de pena privativa de liberdade aplicada em sentença penal
definitivamente pela prática do crime de lesão corporal com trânsito em julgado. Apesar de o Art. 197 da LEP trazer
seguida de morte, sendo aplicada a pena de 06 anos de a previsão de que o recurso cabível é o de Agravo, não
reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, em estabelece a Lei nº 7.210/84 qual seria o procedimento a
razão das circunstâncias do fato. Após cumprir 01 ano da ser seguido, de modo que a doutrina e a jurisprudência
pena aplicada, Guilherme foi beneficiado com progressão pacificaram o entendimento de que seria o mesmo do
para o regime semiaberto. Na unidade penitenciária, o Recurso em Sentido Estrito. Diante disso, primeiramente
apenado trabalhava internamente em busca da remição. deveria o examinando apresentar petição de interposição,
Durante o cumprimento da pena nesse regime, veio a ser direcionada ao Juízo da Vara de Execução Penal da Comarca
encontrado escondido em seu colchão um aparelho de de São Paulo/SP, com formulação de pedido de retratação
telefonia celular. O diretor do estabelecimento por parte do juízo a quo, na forma do Art. 589 do CPP, por
penitenciário, ao tomar conhecimento dos fatos por meio analogia. Em caso de não acolhimento, deveria haver
dos agentes penitenciários, de imediato reconheceu na requerimento de encaminhamento do feito para instância
ficha do preso a prática de falta grave, apenas afirmando superior, com as respectivas razões recursais. Após, o
que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido examinando deveria apresentar Razões do Recurso,
praticada por Guilherme, se adequava ao Art. 50, inciso VII, direcionadas ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
da Lei nº 7.210/84. O reconhecimento da falta pelo diretor com a fundamentação necessária para rebater a decisão do
foi comunicado ao Ministério Público, que apresentou magistrado de primeira instância. Inicialmente, deveria o
promoção ao juízo da Vara de Execuções Penais de São examinando destacar que o reconhecimento da falta grave
Paulo, juízo esse competente, requerendo a perda de não observou as formalidades legais. Nos termos do Art. 50
benefícios da execução por parte do apenado. O juiz da Lei 7.210/84, realmente como mencionado pelo diretor
competente, analisando o requerimento do Ministério do estabelecimento penitenciário, a conduta de esconder
Público, decidiu que, “considerando a falta grave celular configura prática de falta grave. Todavia, para
reconhecida pelo diretor da unidade, impõe-se: a) a assegurar o direito ao exercício do princípio da ampla
regressão do regime de cumprimento de pena para o defesa e do princípio do contraditório, pacificou a
fechado; b) perda da totalidade dos dias remidos; c) reinício jurisprudência o entendimento de que o reconhecimento
da contagem do prazo de livramento condicional; d) reinício de falta grave depende de regular procedimento
da contagem do prazo do indulto.” Ao ser intimado do teor administrativo disciplinar, devidamente assegurado o
da decisão, em 09 de julho de 2019, terça-feira, Guilherme acompanhamento de defesa técnica. Nesse sentido é o teor
entra em contato, de imediato, com seu advogado, da Súmula 533 do Superior Tribunal de Justiça. Na situação
esclarecendo que nunca fora ouvido sobre a aplicação da apresentada, o diretor do estabelecimento reconheceu a
falta grave, apenas tendo conhecimento que a Defensoria prática de falta grave sem observar as exigências antes
se manifestou no processo de execução após o mencionadas, ou seja, sem instaurar procedimento
requerimento do Ministério Público. Considerando apenas administrativo e sem garantir o direito de defesa. Dessa
as informações narradas, na condição de advogado(a) de forma, não pode aquele reconhecimento ser considerado
Guilherme, redija a peça jurídica cabível, diferente de pelo juízo da execução. Não sendo válido o reconhecimento
habeas corpus e embargos de declaração, apresentando da prática de falta grave, sequer seria possível a regressão
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do cumprimento da pena para o regime fechado, apesar de, com base no boletim de atendimento médico. Pedro nunca
abstratamente, essa ser uma sanção possível na hipótese de compareceu em sede policial para narrar o ocorrido e nem
reconhecimento válido de falta grave, nos termos do Art. ao Instituto Médico Legal, apesar de testemunhas
118, inciso I, da LEP e Súmula 534 do STJ. Superada a presenciais confirmarem as lesões sofridas. No curso da
invalidade no reconhecimento da falta grave, deveria o instrução, foram ouvidas testemunhas presenciais, não
examinando destacar que, ainda que o reconhecimento da sendo Pedro localizado. Em seu interrogatório, Carlos negou
falta grave fosse considerado válido, impossível seria a estar em excesso de velocidade, esclarecendo que perdeu o
sanção de perda da integralidade dos dias remidos. O Art. controle do carro em razão de um buraco existente na pista.
127 da LEP admite que a punição por falta grave gere perda Foi acostado exame pericial realizado nos automóveis e no
dos dias remidos. Todavia, o mesmo dispositivo assegura local, concluindo que, realmente, não houve excesso de
um limite de perda de até 1/3, sendo incorreta a decisão do velocidade por parte de Carlos e que havia o buraco
magistrado que determina a perda de TODOS os dias mencionado na pista. O exame pericial, todavia, apontou
remidos. Da mesma forma, incorreta a decisão que que possivelmente haveria imperícia de Carlos na condução
determinou o reinício da contagem do prazo para fins de do automóvel, o que poderia ter contribuído para o
obtenção de livramento condicional e indulto. A explicação resultado. Após manifestação das partes, o juiz em atuação
é simples: em que pese muitos defendam que o ideal seria perante a 3ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo/RJ,
o reinício da contagem desses prazos, fato é que a execução em 10 de julho de 2019, julgou totalmente procedente a
penal está sujeita ao princípio da legalidade, sendo certo pretensão punitiva do Estado e, apesar de afastar o excesso
que tais sanções não estão previstas na lei. Diante da de velocidade, afirmou ser necessária a condenação de
ausência de previsão legal, não pode o magistrado impor o Carlos em razão da imperícia do réu, conforme mencionado
reinício da contagem do prazo do livramento condicional, no exame pericial. No momento da dosimetria, fixou a pena
nos termos da Súmula 441 do STJ. Pelas mesmas razões, foi base de cada um dos crimes no mínimo legal e, com relação
editada a Súmula 535 do STJ, prevendo que a prática de à vítima Mário, na segunda fase, reconheceu a agravante
falta grave não interrompe o prazo para fins de comutação prevista no Art. 61, inciso II, alínea h, do CP, pelo fato de ser
de pena ou indulto, sem prejuízo de esta ser considerada no criança, aumentando a pena base em 3 meses. Não
momento de analisar o preenchimento dos requisitos havendo causas de aumento ou diminuição, reconhecido o
subjetivos deste benefício. Na conclusão, após o mérito, concurso material, a pena final ficou acomodada em 04
deveria o examinando apresentar pedido de conhecimento anos e 09 meses de detenção. Não houve substituição da
e provimento do recurso, afastando-se o reconhecimento pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em
da falta grave e suas consequências. Em relação ao prazo, razão do quantum final, nos termos do Art. 44, inciso I, do
absolutamente pacificado o entendimento de que seria de CP, sendo fixado regime inicial fechado de cumprimento da
05 dias, na forma do Enunciado 700 da Súmula de pena, com fundamento na gravidade em concreto da
Jurisprudência do STF. Considerando que a intimação conduta. O Ministério Público foi intimado e manteve-se
ocorreu em 09 de julho de 2019, terçafeira, o prazo se inerte. A defesa técnica de Carlos foi intimada em 18 de
iniciou em 10 de julho de 2019, quarta-feira, encerrando-se setembro de 2019, quarta-feira, para adoção das medidas
em 15 de julho de 2019, porque 14 de julho de 2019 seria cabíveis. Considerando apenas as informações narradas, na
domingo. O examinando deve, ainda, concluir sua peça, condição de advogado(a) de Carlos, redija a peça jurídica
indicando local, data, advogado e número de OAB. cabível, diferente de habeas corpus e embargos de
declaração, apresentando todas as teses jurídicas
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do
26. APELAÇÃO prazo para interposição, considerando que de segunda a
(XXX EXAME DA ORDEM) Carlos, primário e de bons sexta-feira são dias úteis em todos os locais do país. (Valor:
antecedentes, 45 anos, foi denunciado como incurso nas 5,00). Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de
sanções penais dos artigos 302 da Lei nº 9.503/97, por duas Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
vezes, e 303, do mesmo diploma legal, todos eles em pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo
concurso material, porque, de acordo com a denúncia, “no legal não confere pontuação.
dia 08 de julho de 2017, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, na
direção de veículo automotor, com imprudência em razão
do excesso de velocidade, colidiu com o veículo em que PADRÃO DE RESPOSTA
estavam Júlio e Mário, este com 9 anos, causando lesões ITEM PONTUAÇÃO Petição de interposição 1.
que foram a causa eficiente da morte de ambos”. Consta, Endereçamento: 3ª Vara Criminal da Comarca de São
ainda, da inicial acusatória que, “em decorrência da mesma Gonçalo/RJ (0,10). 0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art. 593,
colisão, ficou lesionado Pedro, que passava pelo local com inciso I, do CPP (0,10). 0,00/0,10 Razões de recurso de
sua bicicleta e foi atingido pelo veículo em alta velocidade apelação 3. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado
de Carlos”. As mortes de Júlio e Mário foram atestadas por do Rio de Janeiro (0,10). 0,00/0,10 4. Extinção da
auto de exame cadavérico, enquanto Pedro foi atendido em punibilidade em relação ao crime de lesão corporal (0,15),
hospital público, de onde se retirou, sem ser notado, razão em razão da decadência (0,20), nos termos do Art. 107, IV,
pela qual foi elaborado laudo indireto de corpo de delito do CP OU 38 do CPP (0,10). 0,00/0,15/0,20/0,25/0,30/
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0,35/0,45 4.1. Não houve representação do ofendido (0,20), pretensão inicial e todos os fatos descritos pela vítima.
sendo que essa seria indispensável OU e o crime era de Concluído o procedimento, após relatório final, os autos
ação penal pública condicionada à representação (0,15), foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu
nos termos do Art. 291, §1º, do CTB OU do Art. 88 da Lei denúncia em face de Rômulo, no dia 22 de janeiro de 2020,
9.099/95 (0,10). 0,00/0,15/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45 5. perante o Tribunal do Júri da comarca de Maricá/Rio de
Absolvição de Carlos em relação aos crimes de homicídio Janeiro, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art.
culposo (0,30), já que comprovado que não houve 121, § 2º, inciso VI (feminicídio), com redação dada pela Lei
imprudência e nem excesso de velocidade (0,20). 13.104/15, c/c. Art. 14, inciso II, todos do Código Penal. A
0,00/0,20/0,30/0,50 5.1. Não poderia o magistrado ter inicial acusatória foi recebida em 24 de janeiro de 2020,
condenado em razão de imperícia (0,15), já que esta não foi sendo o denunciado citado pessoalmente, e juntada Folha
narrada na denúncia OU em razão da violação ao princípio de Antecedentes Criminais, em que constava apenas uma
da correlação (0,30). 0,00/0,15/0,30/0,45 6. Afastamento outra anotação por ação penal em curso pela suposta
da agravante em razão da idade da vítima (0,30), já que tal prática de crime de furto qualificado. Após regular
agravante somente pode ser aplicada aos crimes dolosos prosseguimento do feito até aquele momento, foi
OU não pode ser aplicada aos crimes culposos OU sob pena designada audiência na primeira fase do procedimento do
de configuração de responsabilidade penal objetiva (0,15). Tribunal do Júri, ocasião em que foram ouvidas a vítima e as
0,00/0,15/0,30/0,45 7. Afastamento do concurso material testemunhas de acusação e defesa. Todos prestaram
de crimes (0,25), devendo ser reconhecido o concurso declarações que confirmaram efetivamente o ocorrido.
formal de delitos (0,20), nos termos do Art. 70 do CP (0,10). Rômulo não compareceu porque não foi intimado, mas seu
0,00/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45/0,55 7.1. Com uma única advogado estava presente e consignou inconformismo com
ação o réu causou mais de um resultado (0,15). 0,00/0,15 8. a realização do ato sem a presença do réu. O magistrado,
Afastamento do regime inicial fechado (0,30), tendo em contudo, destacou que designaria nova data para
vista que tal regime inicial não pode ser fixado aos crimes interrogatório e que a defesa técnica estaria presente, não
punidos exclusivamente com pena de detenção OU havendo, então, prejuízo. De fato, foi marcada nova data
considerando a pena aplicada (0,15), nos termos do Art. 33 para a realização do interrogatório, ocasião em que Rômulo
do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 9. compareceu e permaneceu em silêncio. Após, as partes
Possível a substituição da pena privativa de liberdade por apresentaram manifestação, reiterando, a defesa, o
restritiva de direitos (0,30), pois o limite do quantum de inconformismo com a realização da primeira audiência. Os
pena do Art. 44, I, do CP é aplicável exclusivamente aos autos foram para conclusão, e foi proferida decisão
crimes dolosos OU porque não existe limite de pena quando pronunciando o réu nos termos da denúncia. Pessoalmente
o crime for de natureza culposa (0,25). 0,00/0,25/0,30/0,55 intimado, o Ministério Público se manteve inerte. A defesa
Pedidos 10. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso técnica e Rômulo foram intimados em 10 de março de
(0,30). 0,00/0,10/0,30/0,40 11. Prazo: 23 de setembro de 2020, uma terça-feira. Considerando apenas as informações
2019 (0,10). 0,00/0,10 Fechamento 12. Local, data, expostas, na condição de advogado(a) de Rômulo,
advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10 apresente a peça jurídica cabível, diferente de habeas
corpus e embargos de declaração, apresentando todas as
teses jurídicas de direito material e direito processual
27. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO cabíveis. A peça deverá ser datada no último dia do prazo
(XXXI EXAME DA ORDEM) Rômulo, nascido em 04 de abril para interposição, considerando que de segunda a sexta-
de 1991, em Maricá, ficou inconformado por encontrar, em feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00). Obs.: a
02 de janeiro de 2010, mensagens de sua esposa Paola, peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que
nascida em 06 de junho de 1992, para Bruno, desejando a possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A
este, um próspero ano. Em razão disso, desferiu golpes de simples menção ou transcrição do dispositivo legal não
faca nas mãos de Paola, pretendendo, em seguida, utilizar a confere pontuação.
arma branca para golpear a vítima e causar sua morte. 1. Endereçamento: Juízo do Tribunal do Júri da Comarca de
Ocorre que Rômulo ficou sensível ao sofrimento de sua Maricá/RJ (0,10) 0,00/0,10
esposa após as facadas na mão, decidindo deixar o local dos
fatos para se acalmar, apesar de ter consciência de que os 2. Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10)
atos praticados seriam insuficientes para causar a 0,00/0,10
inicialmente pretendida morte de Paola. Paola informou os 3. Pedido de exercício do juízo de retratação (0,30), nos
fatos à sua mãe, que a levou ao hospital e, em seguida à termos do Art. 589 do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 Razões de
Delegacia, onde ela narrou o ocorrido à autoridade policial. recurso em sentido estrito
O Delegado instaurou inquérito policial, realizando, por 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
vários anos, diligências para a confirmação da versão da Janeiro (0,10) 0,00/0,10
vítima, ouvindo testemunhas, realizando laudo de exame de
local, acostando o exame de corpo de delito de Paola, que 5. Pedido de extinção da punibilidade do agente em relação
constatou a existência de lesão corporal de natureza grave, ao delito imputado na denúncia (0,30), em razão da
dentre outras. Por fim, ouviu o indiciado, que confirmou sua prescrição da pretensão punitiva estatal pela pena em

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abstrato do crime de homicídio (0,25), nos termos do Art. em que conheceu Breno. A arma de fogo foi apreendida e
107, inciso IV, do CP OU 109, inciso I, c/c Art. 115, ambos do devidamente periciada, sendo identificado que estava
CP (0,10) 0,00/0,25/0,30/0,35/ 0,40/0,55/0,65 municiada e que era capaz de efetuar disparos. Houve,
6. Entre a data do fato e do recebimento da denúncia foi ainda, a juntada da Folha de Antecedentes Criminais de
ultrapassado o prazo prescricional aplicável de 10 anos OU Breno, onde constava a existência de 03 inquéritos policiais
entre a data do fato e do recebimento da denúncia foi em que figurava como indiciado em investigações
ultrapassado o prazo prescricional do crime de homicídio, relacionadas a crimes patrimoniais, além de 05 ações penais
que deverá ser computado pela metade considerando a em curso, duas delas com condenações de primeira
idade do réu na data do fato (0,20) 0,00/0,20 instância, pela suposta prática de crimes de roubo
majorado, em nenhuma havendo trânsito em julgado. Antes
7. Nulidade da pronúncia OU nulidade da instrução (0,30), do oferecimento da denúncia, o Ministério Público solicitou
tendo em vista que o réu não foi intimado para audiência que fossem realizadas diligências destinadas à obtenção da
em que foram ouvidas as testemunhas (0,25) filmagem do estabelecimento onde os fatos teriam
0,00/0,25/0,30/0,55 ocorrido, razão pela qual houve relaxamento da prisão de
8. O não comparecimento do réu configura violação ao Breno. Após conclusão das diligências, sendo acostado ao
princípio da ampla defesa (0,15), nos termos do Art. 5º, procedimento a filmagem que confirmava a autoria delitiva
inciso LV, da CRFB (0,10) 0,00/0,15/0,25 de Breno, em 05 de junho de 2019, Breno foi denunciado
9. Pedido de desclassificação para afastar o reconhecimento pelo Ministério Público, perante a 1ª Vara Criminal da
de crime doloso contra a vida (0,40), nos termos do Art. 419 Comarca de Florianópolis/SC, órgão competente, como
do CPP (0,10) 0,00/0,40/0,50 incurso nas sanções penais do Artigo 157, § 2º, inciso II e §
2º-A, inciso I, do Código Penal e do Art. 244-B da Lei no
10. Houve desistência voluntária (0,40), já que Rômulo 8.069/90, na forma do Art. 70 do Código Penal. Após
optou por não prosseguir na empreitada criminosa OU já regular processamento, durante audiência de instrução e
que não ocorreram circunstâncias alheias à vontade do julgamento, o magistrado optou por perguntar diretamente
agente (0,15), nos termos do Art. 15 do CP (0,10) para as testemunhas de acusação e defesa, não
0,00/0,15/0,25/0,40/ 0,50/0,55/0,65 oportunizando manifestação das partes, tendo a defesa
11. Rômulo deverá responder apenas pelos atos já demonstrado seu inconformismo com a conduta. A vítima
praticados (0,15), qual seja de lesão corporal grave (0,20) confirmou os fatos narrados na denúncia, destacando que
0,00/0,15/0,20/0,35 ficou muito assustada porque Breno e Carlos eram muito
12. Afastamento da qualificadora do feminicídio (OU do Art. altos e fortes, parecendo jovens de aproximadamente 25
121, § 2º, inciso VI, do CP) (0,30), em razão do princípio da anos de idade, além de destacar que havia cerca de R$
irretroatividade da lei penal desfavorável (0,25), nos termos 5.000,00 no caixa do estabelecimento que seriam
do Art. 5º, inciso XL, da CRFB (0,10) 0,00/0,25/0,30/0,35/ subtraídos se não houvesse a intervenção policial. O réu,
0,40/0,55/0,65 Pedidos em seu interrogatório, permaneceu em silêncio. Após
apresentação de manifestação derradeira pelas partes, foi
13. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,20) proferida sentença condenatória nos termos da denúncia,
0,00/0,10/0,20/0,30 conforme requerido pelo Ministério Público. Na primeira
14. Prazo: 16 de março de 2020 (0,10) 0,00/0,10 fase, fixou o magistrado a pena base dos crimes de roubo e
Fechamento corrupção de menores acima do mínimo legal, em razão da
15. Local, data, advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10 personalidade do réu, que seria voltada para prática de
crimes, conforme indicaria sua folha de antecedentes
criminais, restando a pena do roubo em 4 anos e 06 meses
28. APELAÇÃO de reclusão e 12 dias multa e da corrupção em 01 ano e 02
(XXXIII) Breno, 19 anos, no dia 03 de novembro de 2017, meses de reclusão. Na segunda fase, não foram
quando estava em uma festa em que era proibida a entrada reconhecidas agravantes e nem atenuantes. Na terceira
de menores de 18 anos, conheceu Carlos. Após ingerirem fase, a pena base do crime de corrupção de menores foi
grande quantidade de bebida alcoólica, Breno conta para confirmada como definitiva, enquanto a pena de roubo foi
Carlos que estava portando uma arma de fogo e que tinha a aumentada em 2/3, em razão do emprego de arma de fogo,
intenção de subtrair o dinheiro da loja de conveniência de diante das previsões da Lei nº 13.654/18, restando a pena
um posto de gasolina. Carlos concorda, de imediato, com o definitiva do roubo em 07 anos e 06 meses de reclusão e 20
plano delitivo, desde que ficasse com metade dos bens dias multa, já que não foram reconhecidas causas de
subtraídos. A dupla, então, comparece ao local, anuncia o diminuição de pena. O regime inicial fixado foi o fechado,
assalto para o único funcionário presente e, no exato em razão da pena final de 8 anos e 8 meses de reclusão e 20
momento em que abriram o caixa onde era guardado o dias multa (Art. 70, parágrafo único, CP). O Ministério
dinheiro, são abordados por policiais militares, que Público, intimado da sentença, manteve-se inerte. Você,
encaminham a dupla para a Delegacia. Em sede policial, foi como advogado(a) de Breno, é intimado(a) no dia 03 de
constatado que Carlos era adolescente de 16 anos e que dezembro de 2019, terça-feira, sendo o dia seguinte útil em
tinha se valido de documento falso para ingressar na festa todo o país, bem como todos os dias da semana seguinte,
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exceto sábado e domingo. Considerando apenas as 29. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


informações narradas, na condição de advogado de Breno, (XXIV) Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e simples consumado, com a causa de aumento prevista na
embargos de declaração, apresentando todas as teses primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último do Júri da Comarca de São Paulo. De acordo com o que
dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) consta na denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em
GABARITO: Petição de interposição 1. Endereçamento: 1ª uma boate localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria
Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC (0,10). desferido um soco na barriga de João, além de ter lhe dado
0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art. 593, inciso I, do CPP um empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da
(0,10). 0,00/0,10 Razões de apelação 3. Endereçamento: garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa
Tribunal de Justiça de Santa Catarina (0,10). 0,00/0,10 4. eficiente da morte de João, conforme consta do laudo
Preliminar: Nulidade da instrução (0,20), tendo em vista que acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado
houve inversão na ordem da realização das perguntas para por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava
as testemunhas OU tendo em vista que o juiz iniciou as descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por
perguntas para as partes, não permitindo complementação isso, sendo imputada a causa de aumento da primeira parte
(0,25), o que viola 0,00/0,20/0,25/0,30/ 0,35/0,45/0,55o do Art. 121, § 4º, do CP. Diante da inicial acusatória,
Art. 212 OU o Art. 564, inciso IV, ambos do CPP (0,10). 4.1. Rodrigo procurou seu (sua) advogado (a), narrando que, no
A conduta do magistrado de não permitir complementação dia dos fatos, câmeras de segurança registraram o
viola o princípio da ampla defesa OU do devido processo momento em que uma pessoa desconhecida, de maneira
legal OU gera cerceamento de defesa (0,20), em furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em sua
desconformidade com Art. 5º, inciso LIV OU LV, da CRFB bebida, o que teria causado uma embriaguez completa.
(0,10). 0,00/0,20/0,30 5. No mérito, deveria ser buscada a Rodrigo teria ficado descontrolado e, em razão disso, sem
absolvição do réu em relação ao crime de corrupção de motivação, teria desferido um soco na barriga de João,
menores (0,20), tendo em vista que ocorreu erro de tipo empurrando-o em seguida apenas para que, dele, se
(0,40), nos termos do Art. 20, caput, do CP (0,10). afastasse, nem mesmo percebendo que a vítima estaria
0,00/0,20/0,30/0,40/ 0,50/0,60/0,70 6. Breno não agiu com com uma garrafa de cerveja nas mãos. Destacou sequer
dolo nem culpa OU sua conduta foi atípica em relação ao saber por que quis lesionar João, mas assegurou que o
crime de corrupção de menores (0,15). 0,00/0,15 7. No que resultado morte não foi pretendido e nem aceito pelo
tange à aplicação da pena, deveria ser reduzida a pena base mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a
(0,20), considerando que inquéritos policiais e ações em tratamento psicológico em razão dos fatos. Apresentou
curso não podem ser valoradas negativamente na pena laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido,
base, nem mesmo para avaliar personalidade (0,15), nos constatando que estaria completamente embriagado em
termos do Art. 5º, inciso LVII, da CRFB, OU da Súmula 444 razão da ingestão daquela substância entorpecente que
do STJ (0,10). 0,00/0,15/0,20/0,25/ 0,30/0,35/0,45 8. teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele
Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, já momento, era inteiramente incapaz de entender o caráter
que o réu era menor de 21 anos na data dos fatos (0,30), ilícito dos fatos. Após recebimento da denúncia, citação e
nos termos do Art. 65, inciso I, do CP (0,10). 0,00/0,30/0,40 apresentação de defesa, foi designada audiência de
9. Redução do quantum de aumento realizado na terceira instrução e julgamento, na primeira fase do procedimento
fase da dosimetria do crime de roubo (0,20), já que os fatos do Tribunal do Júri, para oitiva das testemunhas de
foram praticados antes da entrada em vigor da lei que acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Os
aumentou o percentual de aumento em razão do emprego policiais responsáveis pelas investigações e pela oitiva dos
de arma de fogo OU em razão do princípio da envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério
irretroatividade da lei penal prejudicial ao réu (0,35), Público, informaram ao magistrado que se atrasariam para
conforme Art. 5º, inciso XL, da CRFB (0,10). o ato judicial, pois estavam em importante diligência. Não
0,00/0,20/0,30/0,35/ 0,45/0,55/0,65 10. Reconhecimento querendo fracionar a colheita da prova, o magistrado
da causa de diminuição de pena da tentativa (0,35), já que o determinou a oitiva das testemunhas de defesa antes das
crime não se consumou por circunstâncias alheias à de acusação, apesar do registro do inconformismo da
vontade dos agentes OU porque não houve subtração do defesa. Ao final, o réu foi interrogado. As provas colhidas
dinheiro que estava no caixa do estabelecimento OU indicaram que a versão apresentada por Rodrigo ao seu
porque não houve inversão da posse como exige a Súmula advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi
582 do STJ (0,15). 0,00/0,15/0,35/0,50 11. Aplicação do constatado o desferimento do soco e do empurrão por
regime inicial semiaberto ou aberto com base na pena a ser parte de Rodrigo em João, após manifestação das partes, o
aplicada e primariedade do réu (0,30), nos termos do Art. juiz pronunciou o acusado nos termos da denúncia.
33, § 2º, alíneas b ou c, do CP (0,10). 0,00/0,30/0,40 Intimado, o Ministério Público se manteve inerte. Rodrigo e
Pedidos 12. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de
(0,30). 0,00/0,10/0,30/0,40 Prazo e Fechamento 13. Prazo: abril de 2021, segunda-feira. Considerando apenas as
09 de dezembro de 2019 (0,10). 0,00/0,10 14. Local, data, informações expostas, apresente, na condição de
advogado e OAB (0,10). advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente
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de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas da família em fazenda localizada longe do centro da cidade.
as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. Para tanto, coloca gasolina na casa, que estava desabitada,
A peça deverá ser datada do último dia do prazo para e acende um fósforo, sendo certo que o fogo gerado
interposição, devendo ser considerado que segunda a destruiu de maneira significativa o imóvel, que era
sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) completamente afastado de outros imóveis, e, como
ninguém costumava passar pelo local, o crime demorou
algumas horas para ser identificado. Júlio foi localizado,
PADRÃO DE RESPOSTA confessou a prática delitiva e, realizado exame de
Petição de interposição 1. Endereçamento: Juízo do alcoolemia, foi constatado que se encontrava
Tribunal do Júri da Comarca de São Paulo/SP (0,10) completamente embriagado, sem capacidade de
0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP determinação do caráter ilícito do fato, em razão de
(0,10) 0,00/0,10 3. Requerimento do juízo de retratação ou situação não esperada, já que ele solicitou uma água com
exercício do efeito regressivo (0,30), nos termos do Art. 589 gás e limão em determinado bar, mas o proprietário, sem
do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 Razões de recurso em sentido que Júlio soubesse, misturou cachaça na bebida, que
estrito 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de ingerida junto com o remédio que vinha tomando para
São Paulo (0,10) 0,00/0,10 5. Preliminarmente, nulidade da combater a dependência química, causou sua embriaguez.
pronúncia ou nulidade da instrução (0,30), por violação ao Foi, ainda, realizado exame de local, constando da
princípio da ampla defesa e contraditório ou devido conclusão que o imóvel foi destruído, havendo prejuízo
processo legal (0,15), nos termos do Art. 5º, inciso LIV ou considerável aos proprietários, mas que não havia ninguém
LV, da CRFB/88 ou do Art. 564, inciso IV, do CPP (0,10) no local no momento do crime e nem outras pessoas ou
0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 5.1. Houve bens de terceiros a serem atingidos. Com base em todos os
inadequada inversão da ordem de oitiva das testemunhas elementos informativos produzidos, o Ministério Público
ou as testemunhas de defesa foram ouvidas antes das ofereceu denúncia em face de Júlio, perante a 2ª Vara
testemunhas de acusação (0,30), em desrespeito à previsão Criminal da Comarca de Florianópolis/SC, juízo competente,
do Art. 411 do CPP (0,10) 0,00/0,30/0,40 6. No mérito, imputando-lhe a prática do crime do Art. 250 do Código
pedido de absolvição sumária (0,30), diante da manifesta Penal. Foi concedida liberdade provisória. Após citação e
causa de isenção de pena ou excludente de culpabilidade apresentação de defesa, entendeu o magistrado por realizar
(0,15), nos termos do Art. 415, inciso IV, do CPP (0,10) produção antecipada de provas, ouvindo as vítimas antes da
0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 6.1. A imputabilidade audiência de instrução e julgamento, motivando sua
penal restou afastada em razão da embriaguez (0,30), que decisão no risco de esquecimento, já que a pauta de
foi completa, decorrente de caso fortuito ou força maior, e audiência de processos de réu solto estava para data
que tornou o réu inteiramente incapaz de entender o longínqua, tendo a defesa questionado a decisão. Após
caráter ilícito do fato (0,15), conforme o Art. 28, §1º, do CP oitiva das vítimas, foi agendada audiência de instrução e
(0,10) 0,00/0,15/0,25/0,30/ 0,40/0,45/0,55 7. julgamento, que foi realizada em 05 de março de 2021,
Subsidiariamente, desclassificação para crime não doloso ocasião em que os fatos acima narrados foram confirmados.
contra a vida (0,30), nos termos do Art. 419 do CPP (0,10), Em seu interrogatório, o réu confirmou a autoria delitiva,
pois Rodrigo pretendia desferir um soco na barriga da destacando que pouco, porém, se recordava sobre o
vítima e um empurrão, tendo apenas intenção de causar ocorrido. Após apresentação da manifestação cabível pelas
lesão, mas não o resultado morte ou houve dolo na lesão e partes, o juiz proferiu sentença condenando o réu nos
culpa em relação ao resultado morte (0,25) 0,00/0,25/0,30/ termos da denúncia. No momento de aplicar a pena base,
0,35/0,40/0,55/0,65 7.1. Deveria Rodrigo responder, caso reconheceu a existência de maus antecedentes,
reconhecida a imputabilidade, pelo crime de lesão corporal aumentando a pena em 03 meses, tendo em vista que, na
seguida da morte (0,30), previsto no Art. 129, §3º, do CP Folha de Antecedentes Criminais, acostada ao
(0,10) 0,00/0,30/0,40 8. Ainda de maneira subsidiária, procedimento, constava uma condenação de Júlio pela
afastamento da causa de aumento imputada na denúncia prática do crime de tráfico, por fato ocorrido em 20 de abril
(0,30), tendo em vista que somente aplicável ao homicídio de 2019, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10 de março
culposo ou tendo em vista que foi imputada a prática do de 2020. Na segunda fase, reconheceu a presença da
crime de homicídio doloso (0,40) 0,00/0,30/0,40/0,70 agravante do Art. 61, inciso II, alínea b, do Código Penal,
Pedidos 9. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso aumentando a pena em 05 meses, já que o meio
(0,20) 0,00/0,10/0,20/0,30 10. Prazo: 12 de abril de 2021 empregado por Júlio poderia resultar perigo comum. Não
(0,10) 0,00/0,10 Fechamento 11. Local, data, advogado e foram reconhecidas atenuantes da pena. Na terceira fase,
OAB (0,10) 0,00/0,10 não foram aplicadas causas de aumento ou de diminuição
de pena, sendo mantida a pena de 03 anos e 8 meses de
reclusão e multa de 15 dias, a ser cumprida em regime
30. RECURSO DE APELAÇÃO semiaberto, não sendo substituída a privativa de liberdade
(XXXV) No dia 04 de março de 2019, Júlio, insatisfeito com a por restritiva de direitos com base no Art. 44, III, do CP.
falta de ajuda de sua mãe no tratamento que vinha fazendo Intimado da sentença, o Ministério Público se manteve
contra dependência química, decide colocar fogo no imóvel inerte, sendo a defesa técnica de Júlio intimada em 11 de
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julho de 2022, segunda-feira. Considerando apenas as 31. RESPOSTA À ACUSAÇÃO


informações narradas, na condição de advogado(a) de Júlio, (XXXVI) No dia 31 de dezembro de 2019, Matheus, nascido
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e em 10 de fevereiro de 2000, compareceu a uma festa de
embargos de declaração, apresentando todas as teses Ano Novo, em Vitória, Espírito Santo, juntamente com seus
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último amigos. Animados com o evento, os amigos de Matheus
dia do prazo para interposição, considerando que todos os ingeriram grande quantidade de bebida alcoólica, enquanto
dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. Matheus permaneceu bebendo somente água tônica, pois
(Valor: 5,00) sabia que tinha intolerância ao álcool e que qualquer
pequena quantidade de bebida alcoólica já o colocaria em
PADRÃO DE RESPOSTA situação de embriaguez. Ocorre que, em determinado
momento, solicitou água tônica ao funcionário do bar, que,
Petição de Interposição 1. Endereçamento: Juízo de Direito contudo, em erro, entregou a Matheus o drink “gin tônica”,
da 2ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC (0,10). que é feito com uma dose de gin misturada com água
0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art. 593, inciso I, do CPP tônica. Matheus, com sede, deu um grande gole na bebida,
(0,10). 0,00/0,10 3. Tempestividade: Prazo de 5 dias na vindo a ficar completamente embriagado, em razão da
forma do Art. 593, caput, do CPP (0,10). 0,00/0,10 Razões intolerância ao álcool. Sentindo-se mal, quando deixava o
de Apelação 4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do local dos fatos, Matheus é surpreendido com a presença de
Estado de Santa Catarina (0,10). 0,00/0,10 5. Caio, 25 anos, com quem já discutira em diversas
Preliminarmente, nulidade na oitiva das vítimas (0,35), oportunidades em jogos de futebol. Caio, ao verificar a
tendo em vista que o mero decurso de tempo não é situação de completa embriaguez de seu rival, começa a rir,
fundamento idôneo para produção antecipada de provas momento em que Matheus usa a garrafa de refrigerante, de
(0,15), nos termos do Art. 225 do CPP, ou Art. 564, inciso IV, vidro, que estava em suas mãos, para desferir um golpe na
do CPP, ou Súmula 455 do STJ (0,10). 0,00/0,15/0,25/0,35/ cabeça de Caio. Caio é imediatamente encaminhado para o
0,45/0,50/0,60 6. No mérito, absolvição de Júlio (0,20), na hospital e, após atendimento médico, comparece à
forma do Art. 386, incisos III ou VI, do CPP (0,10). Delegacia, narra o ocorrido e informa que teve de levar 15
0,00/0,20/0,30 7. Atipicidade da conduta ou pontos na cabeça, razão pela qual ficaria incapacitado de
desclassificação para crime de dano qualificado (0,25), trabalhar por 45 dias. Em razão da dor que sentia na
tendo em vista que a conduta de Júlio de colocar fogo no cabeça, deixou de comparecer, naquele momento, para a
imóvel não gerou perigo a número indeterminado de realização de exame de corpo de delito, informando, ainda,
pessoas (0,15) e o crime de incêndio é crime de perigo que não teve acesso ao Boletim de Atendimento Médico
comum, exigindo prova de perigo concreto (0,35). (BAM) no hospital, não sabendo se ele foi, efetivamente,
0,00/0,15/0,25/0,35/0,40 /0,50/0,60/0,75 8.1 Excludente realizado. Concluído o procedimento, o inquérito foi
de culpabilidade (0,30), em razão da inimputabilidade encaminhado ao Ministério Público, que, com base apenas
(0,20). 0,00/0,20/0,30/0,50 8.2 Pois a embriaguez era nas declarações de Caio, ofereceu denúncia em face de
completa e proveniente de caso fortuito ou de força maior Matheus, perante a 2ª Vara Criminal de Vitória/ES,
(0,25), na forma do Art. 28, §1º, do CP (0,10). imputando-lhe a prática do crime do Art. 129, § 1º, inciso I,
0,00/0,25/0,35 9. Subsidiariamente: aplicação da pena base do Código Penal. Informou o Parquet que deixou de
no mínimo legal (0,15), tendo em vista que o fato posterior oferecer proposta de suspensão condicional do processo,
ao crime julgado não pode ser considerado maus em razão da significativa pena máxima prevista para o
antecedentes (0,20). 0,00/0,15/0,20/0,35 10. Afastamento delito (05 anos de reclusão), bem como diante da Folha de
da agravante do Art. 61, inciso II, alínea d (ou b), do CP Antecedentes Criminais, que registrava apenas uma
(0,15), pois a situação de perigo comum é elementar do tipo condenação anterior de Matheus, com trânsito em julgado
imputado ou por configurar bis in idem ou por não haver a no ano de 2018, pela prática da infração prevista no Art. 42
intenção de ocultação, vantagem ou impunidade de outro do Decreto-lei no 3.688/41. Como documentação, o
crime (0,25). 0,00/0,15/0,25/0,40 11. Reconhecimento da Ministério Público apresentou apenas imagens da câmera
atenuante da confissão espontânea (0,15), na forma do Art. de segurança do local da festa e a Folha de Antecedentes
65, inciso III, alínea d, do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25 12. Criminais. Após recebimento da denúncia, Matheus foi
Aplicação do regime inicial aberto para cumprimento da pessoalmente citado e intimado para adoção das medidas
pena (0,15), na forma do Art. 33, § 2º, alínea c, do CP (0,10). cabíveis, em 16 de novembro de 2022, quarta-feira, data
0,00/0,15/0,25 13. Substituição da pena privativa de em que os mandados foram juntados aos autos, vindo a
liberdade por restritiva de direitos (0,15), nos termos do procurar seu advogado para assistência técnica. Informou
Art. 44 do CP (0,10). 0,00/0,15/0,25 14. Pedido: ao patrono que, na data dos fatos, realizou exame de
Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,30). alcoolemia e atendimento médico, que constatou que ele
0,00/0,10/0,30/0,40 15. Prazo: 18 de julho de 2022 (0,10). se encontrava completamente embriagado em razão da
0,00/0,10 16. Fechamento: local, data, advogado e OAB ingestão de bebida alcóolica (gin) e sua intolerância, bem
(0,10). 0,00/0,10 como, que era inteiramente incapaz de determinar-se sobre
o caráter ilícito do fato. Forneceu, ainda, o nome do
funcionário do bar que teria lhe atendido (Carlos) e dos seus
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amigos José e Antônio, que teriam presenciado os fatos. Barnabeu, Estado de Campo Novo (CN), de posse de
Confirmou, todavia, que desferiu o golpe de garrafa na equipamentos tipo serrote, chave de fenda e alicate. A
cabeça de Caio, que deixou o local com sangramento. Polícia Militar fora acionada por vigilantes da agência que,
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade remotamente, por meio de câmeras de segurança,
de advogado de Matheus, a peça jurídica cabível diferente acompanharam a ação de Ricardo e Roberto, que tentaram
de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas utilizar o serrote para romper a placa de aço e, assim, ter
as teses jurídicas de direito material e direito processual acesso ao conteúdo dos caixas eletrônicos da agência. Após
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do 30 minutos de tentativas, Ricardo e Roberto deixaram a
prazo, considerando que de segunda a sexta-feira são dias agência, momento em que, já ao lado de fora, foram
úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abordados pelos policiais militares. Com base em tais fatos,
abranger todos os fundamentos de Direito. e constando como elemento informativo produzido no
inquérito apenas a oitiva dos acusados e dos policiais,
Ricardo e Roberto foram denunciados como incursos nas
PADRÃO DE RESPOSTA penas do Art. 155, § 4º, incisos I e IV, e do Art. 14, inciso II,
Endereçamento 1. A resposta à acusação deve ser ambos do Código Penal. A denúncia foi distribuída ao Juízo
encaminhada à 2ª Vara Criminal da Comarca de Vitória/ES competente da 5ª Vara Criminal da Comarca de Barnabeu-
(0,10). 0,00/0,10 2. Fundamento legal: Art. 396 ou 396-A, CN. A prisão em flagrante de Ricardo foi convertida em
ambos do CPP (0,10). 0,00/0,10 Tempestividade 3. Prazo de preventiva, para a garantia da ordem pública, salientando-
10 (dez) dias, na forma do Art. 396 do CPP (0,10). 0,00/0,10 se que Ricardo possuía condenação anterior pela prática de
Fundamentação 4.1. Pedido de nulidade do recebimento da furto de caixa eletrônico, cuja pena foi cumprida e extinta
denúncia ou rejeição da denúncia por ausência de justa em 10/04/2019. Já Roberto obteve liberdade provisória na
causa (0,30), nos termos do Art. 395, inciso III, do CPP ou audiência de custódia, realizada no dia seguinte à prisão em
Art. 564, inciso III, alínea b, do CPP (0,10). 0,00/0,30/0,40 flagrante. Ricardo obteve ordem de habeas corpus, que o
4.2. A infração penal imputada deixa vestígios (0,35) e não pôs em liberdade após 30 (trinta) dias preso, condicionada a
consta do procedimento qualquer prova pericial ou boletim cautelares diversas da prisão. A instrução processual repetiu
de atendimento médico (0,20). 0,00/0,20/0,35/0,55 4.3. as provas orais realizadas na fase inquisitiva, tendo sido
Nulidade em razão da ausência de exame de corpo de ouvidos os Policiais Militares e, em seguida, realizado o
delito, direto ou indireto (0,40), nos termos do Art. 158 do interrogatório dos réus, que confessaram a tentativa de
CPP (0,10). 0,00/0,40/0,50 5.1. Cabimento de proposta de arrombamento do caixa eletrônico. Afirmaram que, com o
suspensão condicional do processo (0,50), nos termos do serrote e a chave de fenda, tentaram romper a ferragem do
Art. 89 da Lei nº 9.099/95 (0,10). 0,00/0,50/0,60 5.2. O caixa ou abrir os parafusos, mas, após cerca de 30 minutos
sursis processual é admitido mesmo a infração não sendo dentro da agência, apenas conseguiram realizar arranhões
de menor potencial ofensivo ou relevante é que a pena na proteção de aço existente, razão pela qual paralisaram a
mínima seja fixada em até 01 ano e não a pena máxima ação e saíram da agência, quando então, do lado de fora,
(0,20). 0,00/0,20 5.3. A condenação anterior por foram abordados por Policiais Militares. Finalizada a
contravenção penal não impede a concessão do benefício instrução, o Ministério Público não requereu a produção de
ou a lei somente proíbe a proposta quando houver outras provas. Em diligência requerida pela defesa, foi
condenação por crime (0,20). 0,00/0,20 6.1. A conduta do juntado aos autos um ofício do Banco Peixe, que informou
agente não configura crime (0,20), em razão da ausência de ao Juízo que a estrutura do caixa eletrônico é de aço, imune
culpabilidade (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60 6.2. A embriaguez à ação mecânica por força humana, e que os acusados não
de Matheus era completa e decorrente de caso fortuito ou lograram danificar a estrutura do caixa eletrônico. Os autos
força maior (0,45), nos termos do Art. 28, §1º, do CP (0,10). foram enviados ao Ministério Público para manifestação, o
0,00/0,45/0,55 Pedidos 7. Pedido de acolhimento das qual postulou pela condenação dos acusados, nos termos
alegações para reconhecer a nulidade no ato de da denúncia. O(A) advogado(a) constituído(a) foi
recebimento da denúncia ou rejeição da denúncia pela intimado(a) no dia 11/04/2023 (terça-feira). Considerando
ausência de justa causa (0,20). 0,00/0,20 8.1. Oferecimento apenas as informações expostas, apresente, na condição de
de proposta de suspensão condicional do processo (0,10). advogado(a) de Ricardo e Roberto, a peça jurídica cabível,
0,00/0,10 8.2. Absolvição sumária (0,30), nos termos do Art. diferente do habeas corpus e embargos de declaração,
397, inciso II, do CPP (0,10). 0,00/0,30/0,40 9. Apresentação expondo todas as teses pertinentes de direito material e
de rol de testemunhas (0,20). 0,00/0,20 10. Prazo: 28 de processual. A peça deverá ser datada no último dia do prazo
novembro de 2022 (0,10). 0,00/0,10 Fechamento 11. Local, para apresentação, devendo segunda a sexta-feira serem
data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10 considerados dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00)

32. ALEGAÇÕES FINAIS PADRÃO DE RESPOSTA


(XXXVII) Ricardo e Roberto, no dia 10/08/2020, às 19 horas, Endereçamento:
foram flagrados pela Polícia Militar quando saíam da 1. A petição deve ser endereçada à 05ª Vara Criminal da
agência bancária do Banco Peixe, localizada no centro de Comarca de Barnabeu/CN (0,10).
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OAB 2ª FASE / 2023

2. Fundamento legal: Art. 403, § 3º OU Art. 404, parágrafo _______________________________________________


único, ambos do CPP (0,10). _________________________________________________
3. Tempestividade: prazo de 05 dias (0,10). Fundamentos _________________________________________________
_________________________________________________
4.1 Atipicidade da conduta (0,40). 4.2 Pedido de _________________________________________________
reconhecimento do crime impossível (0,40), ante a absoluta _________________________________________________
ineficácia do meio empregado (0,20), nos termos do Art. 17 _________________________________________________
do CP (0,10). _________________________________________________
5. Impõe-se o afastamento da qualificadora de rompimento _________________________________________________
de obstáculo (0,40), ante a ausência de prova pericial (0,25) _________________________________________________
nos termos do Art. 158 do CPP (0,10). _________________________________________________
6. Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea _________________________________________________
(0,35), nos termos do Art. 65, inciso III, alínea d, do CP _________________________________________________
(0,10). _________________________________________________
_________________________________________________
7 Aplicação da pena base no mínimo legal (0,15) e aplicação _________________________________________________
da fração máxima da causa de diminuição pelo crime _________________________________________________
tentado (0,20), nos moldes do Art. 14, inciso II, do CP (0,10). _________________________________________________
8.1 Em relação a Roberto, fixação do regime aberto OU _________________________________________________
aplicação de penas substitutivas (0,30), na forma do Art. 33, _________________________________________________
§ 2º, alínea c OU Art. 44, ambos do CP (0,10). 8.2 Em _________________________________________________
relação a Ricardo, fixação de regime semiaberto (0,30), na _________________________________________________
forma do Art. 33, § 2º, alínea b, do CP ou Súmula 269 do STJ _________________________________________________
(0,10). _________________________________________________
9. Deve ser reconhecida a detração do período de prisão _________________________________________________
preventiva, de 30 dias para Ricardo e 2 (dois) dias para _________________________________________________
Roberto (0,20), nos termos do Art. 387, § 2º, do CPP (0,10). _________________________________________________
_________________________________________________
Pedidos _________________________________________________
10. Absolvição (0,35), na forma do Art. 386, inciso III, do CPP _________________________________________________
(0,10). 11. Subsidiariamente, o acolhimento das teses _________________________________________________
defensivas de aplicação da pena (0,20).Fechamento 12. _________________________________________________
Data: 17 de abril de 2023 (0,10). 13. Local, data, advogado _________________________________________________
e OAB (0,10). _________________________________________________
_______________________________________________ _________________________________________________
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