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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO

ITAJAÍ – UNIDAVI

DA TUTELA PROVISÓRIA

RIO DO SUL
2023
1

CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO


ITAJAÍ – UNIDAVI

Ana Carolina Mayer [ 1024532 ]


Bruna Eduarda Matias [ 1011152 ]
Daiana Ramos de Oliveira [ 1024385 ]
Diogo Alfredo Roczanski [ 1020382 ]
Júlia Gabriely da Silva [ 1022635]
Leidinara Pires de Lima [ 1023510 ]
Luana Beatriz de Souza Caczorowski [ 1020402 ]
Tamires Baucke Ferreira [ 1022645

DA TUTELA PROVISÓRIA

Trabalho apresentado para a


Unidade Curricular Laboratório
de Práticas Jurídicas VI –
Direito Processual Civil, do
Curso de Direito da Área de
Ciências Socialmente Aplicáveis
do Centro Universitário para o
Desenvolvimento do Alto Vale do
Itajaí – UNIDAVI.
Professor: M.e Saul José
Busnello

RIO DO SUL
2023
2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
2 DESENVOLVIMENTO …………………………………………………………………...4
2.1 TUTELA PROVISÓRIA…………………………………………….…………………...4
2.2 COMPETÊNCIA…………………………………...…….………………………………6
2.3 DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPÉCIES………………………………………………….7
2.4 DEVER DE MOTIVAÇÃO……………………………………………………………....7
2.5 DURAÇÃO……………………………………………………………………………….8
2.6 DEVER - PODER GERAL DE ASSEGURAMENTO (CAUTELA) E DE SATISFAÇÃO
(ANTECIPAÇÃO).....................................................................................................................9
2.7 TUTELA PROVISÓRIA REQUERIDA EM CARÁTER INCIDENTAL……………….9
2.8 RECORRIBILIDADE DAS INTERLOCUTÓRIAS RELATIVAS À TUTELA
PROVISÓRIA………………………………………………………………………………..10
2.9 RESTRIÇÕES A TUTELA PROVISÓRIA……………………………………………...10
3. TUTELA DE URGÊNCIA………………………………………………………………...11
3.1 SURGIMENTO DA TUTELA DE URGÊNCIA………………………………………...12
3.2 PRESSUPOSTOS………………………………………………………………………...12
3.3 CAUÇÃO…………………………………………………………………………………13
3.4 CONCESSÃO LIMINAR OU MEDIANTE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO - A
QUESTÃO DA IRREVERSIBILIDADE…………………………………………………….14
3.5 EFETIVAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DA NATUREZA
CAUTELAR……………………………………………………………………………….…16
3.6 TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE………..…17
3.7 .. PETIÇÃO INICIAL…………………………………………………………………….18
3.7.1 CONCESSÃO DE TUTELA…………………………………………………………...18
3.7.2 NÃO CONCESSÃO DA TUTELA…………………………………………………….19
3.7.3 DA PARTICIPAÇÃO DO RÉU………………………………………………………...19
3.8.4 ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA…………………………………….19
3.9.5 REVERSÃO DA ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA…………………………………..20
4. TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE DISPOSIÇÕES
GERAIS………………………………………………………………………………………21
4.1 CITAÇÃO DO RÉU E SUAS
ATITUDES…………………………………….……………………………………………...22
3

4.2 APRESENTAÇÃO DO PEDIDO PRINCIPAL…………………………………………..22


4.3 DURAÇÃO…………………………………………………………………………….…23
5 INDEFERIMENTO DA TUTELA CAUTELAR E PEDIDO
PRINCIPAL………………………………………………………………………………..…23
6 TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA……………………………………………………………………………………..24
CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………....26
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………………27
4

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo analisar o assunto “Tutelas Provisórias”


abordados no Novo Código de Processo Civil (NCPC), de forma sucinta, abrangendo suas
formas de cabimentos, aceitações e todas as suas vertentes disciplinadas no nosso
ordenamento jurídico atual.
Diante deste instrumento jurídico, vemos uma forma eficaz de resolver impedimentos
relacionados a urgências, ou até mesmo, acautelar que possa obstar em prejuízo uma das
partes do processo, antes mesmo dele ser ajuizado, como nos casos de tutela antecedente.
De tal forma, de antemão, apontaremos as principais formas, diferenças e semelhanças
de tutelas provisórias e como elas impactam também diretamente no nosso cotidiano social.
Identificamos que no tocante que diz a tutela provisória, muitas divergências e
entendimentos distintos ocorrem, necessitando de suma atenção ao redigir, ou até mesmo,
aplicar este direito.
Diante dos pressupostos abordados, ainda teremos apontações, principalmente
abordadas por Ministros e grandes autores do Brasil, indicando erros e melhorias nas quais
poderiam ter sido realizadas no NCPC, que já vinham distribuídas de uma forma caótica no
antigo Código de 1973.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 TUTELA PROVISÓRIA

A tutela provisória trata-se de tutela jurisdicional, mas não definitiva, logo que é
provisória. Onde tem como objetivo antecipar no todo ou em parte os efeitos de uma futura e
provável decisão de mérito.
O Art. 294 do Código de Processo Civil cita as duas espécies de Tutela provisória,
discorrendo como:
5

“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.


Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida
em caráter antecedente ou incidental.” (BRASIL, 2015).

Como o parágrafo do artigo acima menciona, a tutela de urgência se distribui em:


Tutela de Urgência Cautelar e Tutela de Urgência Antecipada, a cautelar procura
conservar ou assegurar o direito, precavendo-se do dano ou precavendo o resultado útil do
processo. Já a Antecipada: se trata de uma tutela satisfativa, onde satisfaz, total ou
parcialmente, o pedido de direito antes da finalização do processo.
Já a segunda espécie, trata-se da tutela de evidência, que viabiliza a antecipação
parcial ou total do mérito do processo judicial, antes que a decisão do mesmo seja
sentenciada.
O art. 295 do Código de Processo Civil, salienta que a tutela provisória de caráter
incidental, independe de custas processuais.
O Art. 297 do CPC, dispõe que:

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório da sentença, no que couber. (BRASIL, 2015).

O caput do artigo citado acima descreve que “o juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para efetivação da tutela provisória”, o art. 301, traz exemplos de
medidas cabíveis para a efetivação da tutela de urgência, tais como “mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito.”.
O Art. 299 do CPC discorre sobre o endereçamento, onde trata que a tutela será
requerida ao juiz da causa e em de tutela antecedente ao juízo competente para conhecer do
pedido principal. O autor Daniel Amorim Assumpção Neves no livro de Manual de Direito
Processual Civil (2017, p. 485/486),

O legislador disciplinou a competência para o requerimento da tutela provisória


levando em conta o pedido principal, e não o direito material tutelado, o que pode se
mostrar trágico a depender do caso concreto. Ao invés de prever regra de
competência com os olhos voltados à tutela provisória e a seu objeto, o legislador
preferiu fazê-lo com os olhos voltados ao pedido principal. A técnica não deve ser
elogiada, porque são tão ricas e diversas as situações que envolvem tal matéria que,
por melhor que fosse a norma legal – e esse não é o caso – a minação de uma regra
inflexível de competência estaria fadada ao insucesso.
6

2.2 COMPETÊNCIA

Temos descrito no nosso Novo Código de Processo Civil:

Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente,
ao juízo competente para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária
de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional
competente para apreciar o mérito. (BRASIL, 2015).

De tal forma, o pedido da tutela provisória será analisado no local no qual será julgado
o mérito do processo principal, quando houver, será pelo juiz do processo que está em curso.

2.3 DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPÉCIES

Conforme preceitua o art. 294, caput, do NCPC, o gênero tutelas provisórias pode ser
subdividido em duas espécies: urgência ou evidência.
Na tutela de evidência a mesma pode ser classificada como satisfativa, sendo
mencionado no próprio artigo acima, podendo também ser chamada de antecipada pelo
Legislador.
Diferentemente das tutelas de urgência, as quais tem o objetivo de demonstrar o perigo
de dano que o demorado deferimento da tutela satisfativa pode ocasionar, já a tutela de
evidência em suma pode ser utilizada quando o direito é aplicado de forma inequívoca.
Fredie Didier Jr., Rafael Alexandria de Oliveira e Paulo Sarno Braga afirmam. “A
principal finalidade da tutela provisória é abrandar os males do tempo e garantir a efetividade
da jurisdição (os efeitos da tutela). Serve, então, para redistribuir, em homenagem ao princípio
da igualdade, o ônus do tempo do processo, [...]” (2015, p. 567).
Por conseguinte, que as tutelas provisórias de urgência possuem em comum o objetivo
de impedir as consequências resultantes da longa demora de um processo, que pode ajudar
tanto a sua efetividade (nesse caso, cabível a tutela cautelar) tanto a própria existência do
direito material (cabível, aqui, a tutela satisfativa). Além da necessidade de demonstração por
parte do autor da existência de uma situação de perigo de dano iminente (periculum in mora),
resultante da morosidade de um processo, as tutelas provisórias de urgência devem também
demonstrar a probabilidade de existência do direito (fumus boni iuris).
7

Portanto, existem algumas características/situações que servem para sua identificação,


que são, conforme Fredie Didier Jr, et al:
a) sumariedade da cognição (juiz julga a partir de um juízo de probabilidade);
b) precariedade (pode ser modificada ou revogada a qualquer tempo por uma
modificação ou alteração do estado de fato ou de direito ou do estado da prova);
c) não é coisa julgada (apesar de ser concedida e não questionada), (2015).

2.4 DEVER DE MOTIVAÇÃO

Para ocorrer o estudo da possibilidade do acolhimento da tutela, devemos analisar e


fundamentar seus requisitos legais, verificando em qual categoria se encaixa, urgência ou
evidência. No caso da tutela de urgência, será pautada caso o Juiz demore a mais do que o
esperado e com possibilidades de ocorrer a perda do direito por extinção do mesmo, da parte
interessada. Logo, a de evidência, é quando bem fundamentada e sem argumentação plausível
pela parte contrária, julga parte ou totalmente o mérito antes que a decisão total seja proferida.
O nome de evidência, faz jus que a parte tenha o direito de forma evidente a seu favor.
O Dever de motivação, é reconhecido como um direito fundamental para o processo
transcorrer de forma justa e clara. Diante disso, o juiz, deve fundamentar a decisão sobre a
tutela provisória, logo que, antecipa de alguma forma o mérito a favor de uma das partes,
poderá, de certa forma, “prejudicar” a parte contrária. Sendo assim, a argumentação do Juiz
com o dever de motivação das Decisões Judiciais, tornam a mais segura e eficaz para ambas
as partes.
Para isso, existe determinação normativa, sob pena de nulidade, definida na
Constituição Federal, artigo 93, IX:

todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e


fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação. (BRASIL, 1988).

Também é repetida diversas vezes no NCPC, por exemplo, no artigo 489, § 1:

“Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,


sentença ou acórdão, que:”
8

Referimos-se também nessas condições, com o direito do Devido Processo Legal, no


qual temos a garantia da segurança jurídica durante o decorrer do processo e seus atos, sendo
investida a capacidade de decisão do juiz, para a mesma não ocorrer de forma arbitrária, o
mesmo deve fundamentar e basear-se na legislação vigente, CF e CPC e assim os respeitando,
logo no extenso artigo 5° da CF no seu inciso LV, diz que os litigantes têm o direito do
contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes, podendo manifestar-se
durante o processo. Também, abordados no artigo 9° do CPC:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ;
(BRASIL, 2015).

Contudo, nesta redação, se diz que o caput não se aplica ao tema da tutela provisória,
logo o abordado no nosso artigo. Logo isso, não iria de contra os princípios abordados na
nossa legislação e Constituição Federal?
Respondendo essa indagação, o nosso Código de Processo Civil, diz que a tutela
provisória poderá ser aplicada com Inaudita altera parte, logo, sem ouvir a parte contrária, e
por quê isso não fere o direito do contraditório e a ampla defesa da parte ré?
O primeiro ponto a ser abordado diante deste conflito, se há o pedido de tutela
provisória, logo, podemos imaginar tamanha urgência e demanda para a lide, de tal forma, a
demora para interpor a defesa contra a tutela poderá prescrever ou prejudicar o direito
tutelado pela parte solicitante.
De acordo com Paulo Afonso Brum Vaz, o mesmo discorre em seu livro “Manual de
tutela antecipada”, que, as medidas exercidas devem ser pesadas, de tal forma. Analisando
mais princípios como o da proporcionalidade e razoabilidade VAZ, MANUAL DE TUTELA
ANTECIPADA; 2002, p. 122)
Analisando os fatos, decisões tomadas pelo juiz terão total embasamento,
fundamentação, proporcionalidade, logo, a ampla defesa e direito do contraditório não é
extinto, mas sim, postergado. Não trazendo diretamente um ônus para a parte solicitada, que
no transcorrer do processo terá o direito da sua defesa.

2.5 DURAÇÃO
9

A concessão liminarmente da Tutela Provisória, trata-se de cognição sumária, ou seja,


se refere a decisões liminares de caráter provisório em que defere ou indefere a decisão da
mesma com base em um juízo de probabilidade. Todavia, no decorrer do processo irá ocorrer
novos eventos e observações trazidas ao mesmo, com isso sendo capaz de direcionar clareza
para a cognição feita pelo magistrado, podendo ele entender ser pertinente ou não, a
concessão de tal tutela.
Por essa razão, a Tutela Provisória pode ser revogada ou modificada, com base no
Artigo 296 do Código de Processo Civil, onde trata em seu Caput que:

Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas
pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a
eficácia durante o período de suspensão do processo. (BRASIL, 2015).

2.6 DEVER - PODER GERAL DE ASSEGURAMENTO (CAUTELA) E DE SATISFAÇÃO


(ANTECIPAÇÃO)

O referido art. 297 do Código de Processo Civil, traz um poder ao juiz em requerer
diligências para que seja possível efetivar a Tutela Provisória. Este poder, é ainda dever,
porque cabe a ele também zelar pelo bom andamento do processo mesmo que não seja
satisfativo.
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório da sentença, no que couber. (BRASIL, 2015).

2.7 TUTELA PROVISÓRIA REQUERIDA EM CARÁTER INCIDENTAL

A tutela provisória requerida em caráter incidental, deve respeitar as exigências


relativas a isso. Uma das principais diferenças, é que, no seu caso, a mesma é postulada na
petição inicial, ou até mesmo no decorrer do processo, sendo usada quando há uma situação
de urgência, que possa conceder dano irreparável ou de difícil reparação caso não concedida a
tutela provisória, assim protegendo o direito antes do julgamento final do mérito pelo juiz.
Tutela Provisória Incidental Antecipada: usada quando, por necessidade, precisa julgar
parte do mérito antes do final do processo.
Tutela Provisória Incidental Cautelar: usada quando precisa garantir a execução, sem
danos, ao final do processo, na resolução do mérito.
10

2.8 RECORRIBILIDADE DAS INTERLOCUTÓRIAS RELATIVAS A TUTELA


PROVISÓRIA

Mesmo diante de um pedido, e até mesmo a concordância fundamentada do Juiz em


relação às tutelas provisórias, a parte ré tem suas ferramentas processuais a fim de garantir
também, o seu direito. Contudo, a recorribilidade das interlocutórias relativas à tutela
provisória é grande objeto de estudo, principalmente pelos profissionais do nosso país,
também, pelo poder público.
Diante disso, temos uma decisão do STJ, em sua Suprema Corte, que aborda
importantes tópicos, sendo seguidos pelo entendimento da Ministra Nancy Andrighi.
O agravo de instrumento é o recurso cabível contra as decisões interlocutórias que são
postuladas durante o processo.
A conclusão da 3ª Turma do STJ foi:

O conceito de “decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória” abrange as


decisões que examinam a presença ou não dos pressupostos que justificam o
deferimento, indeferimento, a revogação ou alteração da tutela provisória e também
as decisões que dizem respeito ao prazo e ao modo de cumprimento da tutela, à
adequação, suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da técnica de efetivação
da tutela provisória e, ainda, à necessidade ou dispensa de garantias para a sua
concessão, revogação ou alteração.

Logo, foi decidido, que o rol de taxatividade é de forma mitigada. No entanto, com a
parte conseguindo contrapor que haveria periculum in mora e não sendo analisado naquele
momento, ele poderia se tornar inútil.

2.9 RESTRIÇÃO A TUTELA PROVISÓRIA

As restrições, ao que indica, são vedadas quando apuradas contra a fazenda pública.
Pouco abordado no novo cpc, artigos de autores dizem que é mais do mesmo. Usado outras
leis para gerir.
Com base no Art. 1.059 do Código de Processo Civil, que traz que:

“Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o


disposto nos arts. 1º a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992 , e no art. 7º, § 2º, da Lei nº
12.016, de 7 de agosto de 2009.”
11

A Lei n° 8.437/1992, trata-se de lei específica ao que se refere a medidas cautelares


contra atos do poder público, é importante fomentar que em seu art. 1°, § 3 °, onde diz que:

Art. 1º. Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no
procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou
preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações
de mandado de segurança, em virtude de vedação legal.
§ 3º Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o
objeto da ação. [...] (BRASIL, 2015).

3. TUTELA DE URGÊNCIA

A tutela provisória de urgência é um dispositivo judicial que permite a antecipação de


um direito da parte. Trata-se de um pedido realizado ao juiz pela parte, que tem como objetivo
pedir para que o mesmo decida sobre algum assunto que é urgente dentro da demanda
judicial.
Ela é um dos dois tipos de tutela provisória, sendo que a mesma divide-se em duas
espécies: a antecipada e a cautelar. Dentro dessas espécies, há também a possibilidade de
antecedência.

A tutela provisória de urgência é um dos dispositivos judiciais que permite a


antecipação e asseguração de um direito da parte, seja para que o direito pedido no
processo seja adquirido antes do final do mesmo (tutela antecipada) ou para
assegurar que o direito pedido no processo será atingido no fim do mesmo
(cautelar). (FACHINI, 2020).

A tutela de urgência, portanto, é uma medida judicial, prevista entre os artigos 300 e
310 do Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015).
Dispõe o art. 300 do Código de Processo Civil:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.” (BRASIL, 2015).

Em resumo, é um pedido realizado ao juiz, que tem como objetivo solicitar ao mesmo
que decida sobre um assunto urgente na demanda judicial. Percebe-se que a tutela de urgência
é utilizada apenas quando se pode provar que há a iminência de dano irreparável ou risco para
a parte caso a mesma tenha que esperar todo o trâmite judicial para ter o seu direito atendido.
(FACHINI, 2020).
12

3.1. SURGIMENTO DA TUTELA DE URGÊNCIA

A celeridade processual é um assunto que vem a tona frequentemente no direito


brasileiro, essa demora procedimental faz com que o conflito que teria a chance de ser
resolvido com facilidade, demore muito tempo para que seja resolvido, diante destes fatos, se
deu a origem as Tutelas Provisórias, que buscam antecipar a tramitação de um processo.
(COUTINHO, 2019)
A Tutela Provisória divide-se em tutela de urgência e tutela de evidência, sendo que
neste tópico será abordado apenas a tutela de urgência.
Desde o início da coletividade há conflitos entre os seres humanos, isso vem da
vontade de proteger seu bem estar e segurança, ao entrarem nessa procura por evolução
avistam a frente a persistência de outro ser humano, que busca a mesma coisa e, com isso,
acaba gerando um conflito de interesses, onde se faz necessários solucionar os mesmos e
assim as partes buscam a justiça.
A Constituição Federal, art. 5º, inciso XXXV, traz a garantia de todos ao acesso à
justiça, entretanto, não adianta somente a garantia da justiça, se ela não for apresentada a
todos de forma célere.
A procura dessa celeridade processual e a demora processual, trazem inúmeros
prejuízos às partes, desta forma, surge a tutela de urgência, em uma das tentativas do
legislador de dar mais agilidade em determinados casos e assuntos processuais.

3.2 PRESSUPOSTOS

Os pressupostos da tutela de urgência são dados no próprio Art. 300 do Código de


Processo Civil:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. (BRASIL, 2015)
13

Onde se faz necessário a presença de elementos que justifiquem a concessão de uma


medida judicial de forma imediata, a fim de evitar prejuízos irreparáveis ou de difícil
reparação às partes envolvidas no processo.
Esse pressuposto geralmente inclui a demonstração da probabilidade do direito
alegado (fumus boni iuris) e a comprovação do perigo de dano irreparável (periculum in
mora).
O fumus boni iuris (fumaça do bom direito): Termo que “nasceu” do ditado popular,
“onde há fumaça, há fogo”, em outras palavras, significa dizer que o magistrado não está
julgando se a pessoas tem direito, mas se ela parece ter o direito que alega. Nesta situação,
não se faz necessário a demonstração plena da existência de direito material em risco, para
seja concedida a tutela de urgência, mesmo porque esse é frequentemente litigioso e terá sua
comprovação e declaração ao final do processo.
O periculum in mora (perigo da demora): Pode-se dizer, que na maioria dos casos, a
demora para conceder-se a tutela pode ser prejudicial e causar danos irreparáveis ao
solicitante. Neste caso, para que haja o deferimento da tutela, a parte deverá demonstrar os
motivos enquanto aguarda a tutela definitiva. Refere-se, portanto ao interesse processual em
obter uma justa composição para o litígio, seja em favor de uma ou de outra parte, dano
correspondente a alteração na situação de fato existente ao tempo de estabelecimento da
controvérsia, ou seja, do surgimento do conflito que é a ocorrência anterior do processo.

3.3 CAUÇÃO

A caução da tutela de urgência é um requisito que pode ser imposto pelo juiz ao
conceder uma medida de urgência, como uma liminar. Ela se refere a uma garantia ou
depósito que a parte requerente da medida deve fazer para assegurar que, caso a decisão seja
revogada posteriormente, a outra parte não sofra prejuízos irreparáveis.
Menciono o art. 330, §1º do Código de Processo Civil:

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir


caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la. (BRASIL, 2015).
14

Conforme o caso em concreto, o juiz pode exigir que o autor apresente garantias, que
sejam capazes de ressarcir qualquer dano ocasionado pela concessão da tutela provisória, a
menos que este não tenha condições financeiras para tanto. (TRILHANTES)
Vale mencionar que a caução é estendida às duas modalidades de tutelas de urgência: a
satisfativa e a cautelar, como regra, sendo que somente em caso de a parte-demandante ser
beneficiária de gratuidade da justiça ou de assistência judiciária é que não estará obrigada a
prestá-la, caso em que o juiz poderá conceder essa tutela, dispensando a caução.
Ou seja, a caução pode ser exigida quando houver indícios de que a parte que está
solicitando a tutela de urgência poderia causar danos à parte contrária caso a medida seja
concedida e posteriormente revela-se injustificada, não podendo esquecer que a necessidade
de caução varia de caso para caso, sendo decidida pelo juiz com base nas circunstâncias
específicas da demanda.

3.4 CONCESSÃO LIMINAR OU MEDIANTE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO - A


QUESTÃO DA IRREVERSIBILIDADE

“A concessão liminar é aquela que se faz sem a oitiva da parte contrária,


postergando-se temporariamente a bilateralidade da audiência, em atenção à efetividade da
prestação jurisdicional em benefício do autor.” (ALVIM, 2017, p. 165)
A concessão liminar está prevista no § 2 do art. 300 do Código de Processo Civil:

“§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação


prévia.” (BRASIL, 2015).

[...] significa dizer que o pedido da parte foi concedido de pronto, antes de sequer se
ouvir a outra parte, assim que o juiz tomou conhecimento do pedido. No CPC/2015,
é possível que a tutela seja concedida assim, liminarmente, como também que seja
determinada necessidade de justificação prévia. Ou seja, que o juiz, não convencido
pelo pedido escrito formulado pelo autor, convoque uma audiência para o requerente
se justificar oralmente sobre os requisitos da medida provisória. (TRILHEIROS)

A mesma deve ter como fundamento urgência tamanha a ponto de impossibilitar que
se aguarde a citação do réu, ou em casos em que a situação se não deferida com urgência,
pode se tornar inefetiva. (ALVIM, 2017).
15

A questão da concessão liminar ou mediante audiência de justificação, no âmbito


jurídico, está intrinsecamente ligada à consideração da irreversibilidade das decisões
provisórias.
A concessão liminar, que implica na concessão imediata de uma medida cautelar sem
a necessidade de uma audiência prévia, levanta questões sobre a possibilidade de
consequências irreversíveis, caso a decisão seja equivocada. Por outro lado, a audiência de
justificação, que exige a convocação das partes para uma análise mais aprofundada do caso
antes da concessão de uma medida cautelar, busca mitigar o risco de decisões precipitadas e
potencialmente irreversíveis.
Menciona o §3, art. 300 do Código de Processo Civil:

“§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver


perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.” (BRASIL, 2015).

[...] É essencial que o requerente da tutela demonstre que, caso o juiz defira a tutela,
a eventual revogação futura não acarretará dano irreversível para a outra parte.
Como vimos no §1º, uma das formas para se certificar disso pode ser a garantia de
caução real. Ou seja, se juiz verificar que os efeitos da concessão da tutela
antecipada não podem ser revertidos, no caso de improcedência da ação, deve negar
a tutela. Deve ser possível atender às partes no caso de procedência ou
improcedência da ação. (TRILHEIROS)

A consideração da irreversibilidade no contexto da concessão de medidas cautelares


torna-se crucial devido ao potencial impacto prejudicial que uma decisão errônea pode ter
sobre as partes envolvidas em um litígio.
A concessão liminar, embora possa garantir uma ação rápida e eficaz, corre o risco de
gerar efeitos irreversíveis, podendo prejudicar injustamente a parte contrária, caso a decisão
seja revista posteriormente.

[...] presta-se o requisito da reversibilidade a não per- mitir que a concessão de tutela
provisória de urgência satisfativa crie uma situação insuscetível de restabelecimento
do estado anterior, justamente pelo fato de que seu deferimento se dá, de ordinário,
após cognição sumária acerca dos fatos e fundamentos, sendo cumprida a
determinação por apli- cação dos dispositivos atinentes ao cumprimento provisório
de sentença. (ALVIM, 2017, p. 172)

Por outro lado, a realização de uma audiência de justificação antes da concessão de


uma medida cautelar permite uma análise mais detalhada das circunstâncias do caso,
proporcionando uma oportunidade para que as partes apresentem argumentos e evidências
relevantes, visando evitar decisões precipitadas e irreversíveis.
16

A complexidade inerente à questão da irreversibilidade demanda uma ponderação


cuidadosa entre a necessidade de garantir uma resolução rápida e eficiente de disputas e a
garantia dos direitos processuais das partes envolvidas. Encontrar um equilíbrio adequado
entre a celeridade processual e a garantia da justiça substancial é fundamental para assegurar
que as medidas cautelares sejam concedidas de maneira equitativa e justa, levando em
consideração os possíveis impactos irreversíveis sobre os direitos das partes.

3.5 EFETIVAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DE NATUREZA


CAUTELAR RESPONSABILIDADE PELA PRESTAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA.

A efetivação da tutela provisória de urgência de natureza cautelar envolve a


implementação das medidas para garantir a proteção de direitos em situações de urgência. A
responsabilidade pela prestação da tutela de urgência pode variar dependendo do contexto
jurídico e do tipo de ação em questão. Em geral, as partes envolvidas no processo judicial e o
próprio sistema judicial desempenham papéis na efetivação da tutela provisória de urgência.

A tutela de urgência de Natureza Cautelar é uma modalidade de procedimento


trazida juntamente com a Lei 13.105 de 2015, tendo como objetivo proteger bens,
pessoas ou provas, sem que haja a resolução do mérito da questão. É um meio para
que a parte requerente não seja atingida pela morosidade processual, evitando causar
prejuízos irreparáveis e de difícil reparação, ou mesmo o perecimento do direito
material pleiteado. (FRANCISCONI, 2018)

A efetivação da tutela provisória de urgência de natureza cautelar é regida pelo Código


de Processo Civil brasileiro. Os dispositivos legais que tratam dessa questão podem ser
encontrados nos seguintes no art. 301 do CPC:

“Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para assegurar o direito.” (BRASIL, 2015)

Este artigo estabelece que a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser
concedida, mediante exigência da parte, para evitar o risco de dano ao direito.
Preceitua o Código de Processo Civil:

Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo
autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos
17

em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de


novas custas processuais. (BRASIL, 2015)

É crucial, portanto, que haja uma colaboração estreita entre as partes e o sistema
judiciário, visando garantir a responsabilidade conjunta na efetivação da tutela provisória de
urgência de natureza cautelar.
A transparência, o respeito às decisões judiciais e a pronta atuação na implementação
das medidas são fundamentais para assegurar que a finalidade protetiva da tutela de urgência
seja plenamente realizada, protegendo assim os direitos das partes envolvidas no processo
judicial.

3.6 TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE

A tutela antecipada requerida em caráter antecedente é um importante instrumento


jurídico que visa assegurar a efetividade do processo e a proteção dos direitos das partes
envolvidas em um litígio. Trata-se de uma medida que pode ser solicitada antes do julgamento
do mérito da causa, quando preenchidos determinados requisitos legais.
Para que seja deferida a tutela antecipada em caráter antecedente, o requerente deve
demonstrar a existência de elementos que evidenciem a probabilidade do direito alegado, bem
como o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Em outras palavras, é
necessário que o juiz perceba que, se a decisão final do processo demorar a ser proferida, os
direitos da parte requerente podem ser prejudicados de forma irreparável.
Essa modalidade de tutela antecipada é particularmente útil em situações em que a
demora no trâmite processual poderia acarretar prejuízos irreparáveis, como em casos de
litígios que envolvem direitos patrimoniais, questões de saúde, entre outros. Ela permite que,
antes mesmo de se chegar ao julgamento do mérito, a parte prejudicada tenha seus interesses
protegidos de imediato.
Trata-se de um mecanismo através do qual poderá a parte pleitear medida de urgência
satisfativa em oportunidade anterior à própria propositura da chamada ação principal.
Permite-se que a parte destaque o pedido de antecipação dos efeitos da
tutela,demandando inicialmente para a obtenção da medida provisória, deixando ao talante
do réu o ônus da instauração do contraditório. Técnica conhecida como monitorização.
Para o código anterior, a Tutela de Urgência requerida antes da propositura da inicial
seguia em autos distintos do processo principal e agora pelo CPC/2015, tudo correrá nos
mesmos autos.
18

3.7 PETIÇÃO INICIAL

Conforme o artigo 303, a petição inicial que requer a tutela em caráter antecedente
será resumida. Poderá conter apenas:
I. O requerimento da tutela antecipada;
II. A indicação do pedido de tutela final (não precisa ser formulado, só indicado);
III. Exposição da lide (controvérsia);
IV. Exposição do direito pretendido pelo autor;
V. Demonstração de probabilidade do direito;
VI. Demonstração da ausência de risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão;
VII. Demonstração do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo
quando da demora na satisfação do requerimento;
VIII. Indicação do valor da causa, considerando o pedido de tutela final.
IX. Custas devem ser recolhidas, considerando-se o valor da causa do pedido de
tutela final (não serão recolhidas novamente no futuro).
X. Exemplos de antecipada antecedente:
XI. É o caso de pedido de cancelamento de restrição indevida por grande empresa,
que não pode ficar negativada em razão do comércio. Normalmente, há
probabilidade do direito (erro na restrição), há urgência para requerer a tutela e
não há perigo de irreversibilidade (restrição pode ser refeita). Outros
documentos serão juntados depois.
XII. Também é o caso de corte de linha telefônica indevidamente. Pedido de
religamento, que é urgente, pode ser feito antes, e posteriormente será feito o
pedido de indenização.

3.7.1 Concessão De Tutela

Veremos agora o que ocorre após a decisão concedendo a tutela.


Caso o juiz conceda a tutela requerida pelo autor:
I. O autor deverá aditar a petição inicial com a complementação de sua argumentação,
a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 dias
ou no prazo maior que o juiz fixar;
A. Aditamento nos mesmos autos, sem novas custas processuais.
19

B. Se não houver aditamento, o processo é extinto sem resolução do mérito.


II. O réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação;
III. Não havendo autocomposição, o prazo será de 15 dias para contestação, contado na
forma do art. 335.
Cabe ressaltar que o deferimento da tutela antecipada em caráter antecedente não julga
o mérito da causa, ou seja, não decide definitivamente quem tem razão. É uma medida
provisória, sujeita a revisão posterior, à luz das provas e argumentos apresentados durante o
processo. Portanto, a concessão da tutela antecipada antecedente não implica,
necessariamente, a procedência do direito alegado.

3.7.2 Não Concessão Da Tutela

Caso o juiz não conceda a tutela requerida pelo autor:


I. O órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 dias, para
que o autor adeque seus pedidos à nova realidade de negação da tutela que ele pedira,
sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.

3.7.3 Da Participação Do Réu

Há uma controvérsia sobre o momento em que se inicia a participação do réu no


procedimento da Tutela Antecipada Antecedente. Como visto, na sua decisão, o juiz poderá:
I. Conceder tutela, pedir para o autor aditar a petição, citar e intimar o réu para audiência
de conciliação ou mediação, intimar o réu para contestar;
II. Negar a tutela e determinar a emenda da petição.
III. Mas o CPC/2015 não expressa em que ordem cada coisa deverá ser feita. Então
deveremos adotar uma interpretação sistemática segundo a qual:
IV. No caso de indeferimento da tutela, deve-se, primeiro, intimar o autor para emendar
petição e somente após chamar o réu para contestar a decisão.
V. Se deferida a tutela, chama-se o autor para aditar petição, e só então se intima o réu
para se manifestar sobre a decisão. Se autor não adita-la, o processo será extinto. Se
aditar, réu deve ser intimado para comparecimento em audiência de mediação, com
possibilidade de continuação do feito ou estabilização dos efeitos da tutela.

3.7.4 Estabilização Dos Efeitos Da Tutela


20

Como visto anteriormente, no caso de tutela concedida, o réu será citado e intimado.
Mas o que ocorre se o réu, intimado, não se manifestar para recorrer da decisão?
Se a tutela é concedida e o réu não recorre, abre-se a possibilidade da estabilização, se
não interposto o respectivo recurso, conforme o art. 304 do CPC. Com a estabilização, surgirá
uma sentença terminativa, o processo é extinto e não é mais possível discutir a decisão
concessiva de tutela nos próprios autos.

“Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se,
da decisão que a conceder, não for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.” (BRASIL, 2015).

Contudo, como podemos ver no artigo 304 parágrafo 1º - apenas o recurso pode
combater a estabilização da tutela.
Há autores defendendo que estes recursos abarcam vários meios de impugnação.
Cássio Scarpinella Bueno, por exemplo, entende que qualquer forma de impugnação (defesa,
contestação, recurso) será válida para combater estabilização dos efeitos da tutela. Daniel
Assunção Amorim também defende que basta haver uma impugnação qualquer, inclusive
petição simples, combatendo os fundamentos da concessão da tutela, ou embargos de
declaração com efeitos modificativos.
Outra parte da doutrina, no entanto, entende que a impugnação deveria acontecer
unicamente por recurso, e pelo recurso constante na lei que, no caso, seria o Agravo de
Instrumento, visto que decisão sobre tutela tem caráter de decisão interlocutória (art. 1.015,I).
Vejamos um entendimento proferido pelo STJ:

APELAÇÃO CÍVEL. TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE.


FORNECIMENTO DE MATERIAL NECESSÁRIO PARA A REALIZAÇÃO DE
CIRURGIA OFTALMOLOGICA. TUTELA DEFERIDA E POSTERIORMENTE
ESTABILIZADA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
INSURGÊNCIA DA PARTE DEMANDADA. VERBA HONORÁRIA FIXADA
EM PERCENTUAL CALCULADO SOBRE O VALOR DA CAUSA.
PRETENDIDO ARBITRAMENTO POR EQUIDADE.
SUBSISTÊNCIA. PROVIMENTO MANDAMENTAL.
NATUREZA FINANCEIRA AUSENTE. ORDEM QUE VISA O ATENDIMENTO
À SAÚDE. ALTERAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. PROVIMENTO DO
RECLAMO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES.
CONDENAÇÃO INDEVIDA. APELO CONHECIDO E PROVIDO.

3.7.5 Reversão Da Estabilização Da Tutela


21

Caso as partes desejem discutir amplamente a questão após a estabilização, deverão


fazer por meio de ação autônoma , no prazo decadencial de dois anos, tendo por objetivo
rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.
Conforme artigo art. 304, §2º do CPC:

“§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar
ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.” (BRASIL, 2015).

Temos ainda:

§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou


invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi
concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o,
prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o
deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que
extinguiu o processo, nos termos do § 1o. (BRASIL, 2015).

A estabilização da tutela faz coisa julgada? Ressalta a legislação a impossibilidade de


formação de coisa julgada no caso de estabilização, uma vez que não há o acertamento da
situação jurídica das partes, conforme norma expressa no art. 304, §6º, e não cabe ação
rescisória, conforme Enunciado 27 do ENFAM (Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento dos Magistrados).

§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos
respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar,
proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.
(BRASIL, 2015).

Entretanto há entendimento de parte da doutrina, de que é cabível ação rescisória e que


decisão estabilizada faz, sim, coisa julgada.

4. TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE


DISPOSIÇÕES GERAIS
22

A respeito do artigo 303, do Código de Processo Civil, a tutela cautelar requerida em


caráter antecedente é aquela que é requerida na petição inicial do processo, antes da
contestação da parte adversa.

Art. 303 Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a
petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do
pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. (BRASIL,2015).

São requisitos deste tipo de tutela, elementos que evidenciem a probabilidade do


direito, ou seja prova do direito ou fumus boni iuris.
O perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, prova o risco da demora ou
periculum in mora, como já explicado neste artigo.

4.1 CITAÇÃO DO RÉU E SUAS ATITUDES

O réu deve ser citado no prazo de 5 dias, contados da intimação da decisão que deferiu
a tutela cautelar.
O prazo para a citação pode ser prorrogado pelo juiz, a pedido do réu ou do autor da
ação.

Neste diapasão, podem haver três possibilidades:


I. Se o réu concordar com a tutela cautelar, ele pode pedir ao juiz que a mantenha, o juiz,
então, decidirá se mantém ou não a tutela cautelar;
II. Se o réu contestar a tutela cautelar, ele deve apresentar suas razões no prazo de 15
dias, contados da intimação da citação, o juiz, então, analisará as razões apresentadas
pelo réu e decidirá se mantém ou não a tutela cautelar;
III. Se o réu não contestar a tutela cautelar, o juiz entenderá que o réu concorda com a
tutela cautelar e a manterá.

4.2 APRESENTAÇÃO DO PEDIDO PRINCIPAL

A apresentação do pedido principal é obrigatória na tutela cautelar requerida em


caráter antecedente, pois a tutela cautelar é uma medida que depende da propositura de uma
ação principal.
O pedido principal deve ser apresentado na forma de aditamento da petição inicial da
ação principal.
A ausência de apresentação do pedido principal no prazo estabelecido pelo juiz ou
pelo CPC acarretará a extinção da ação sem resolução de mérito, nos termos do artigo 485, I,
do CPC.
Sanada a apresentação, haverá os seguintes efeitos:
I. A tutela cautelar passa a ser considerada definitiva, pois o juiz já analisou o
mérito da ação principal.
II. O réu passa a ter o dever de cumprir o pedido principal.
23

III. O juiz pode revogar ou modificar a tutela cautelar, a pedido do réu ou do autor
da ação.

4.3 DURAÇÃO

A duração da tutela é determinada pelo juiz, que deve levar em consideração a


natureza do direito pleiteado, a gravidade do dano ou risco ao resultado útil do processo, e a
probabilidade de sucesso da ação principal.

No entanto, a tutela cautelar requerida em caráter antecedente deve ser deferida por
prazo determinado, que não pode ser superior a 30 dias, prorrogável por igual período, a
pedido do autor da ação (somente em casos excepcionais, o que fica a critério do juiz).

Quando for o caso de haver o indeferimento desta tutela, o autor da ação tem algumas
opções:
I. Recurso contra a decisão de indeferimento: a decisão de indeferimento da
tutela cautelar requerida em caráter antecedente é irrecorrível de imediato. No
entanto, o recurso cabível contra essa decisão é o agravo de instrumento.
II. Aditamento da petição inicial;
III. Abandonar a ação.

5. INDEFERIMENTO DA TUTELA CAUTELAR E PEDIDO PRINCIPAL - TUTELA


DE EVIDÊNCIA

Muito embora seja possível o pedido da Tutela Cautelar na inicial, nem sempre esse
pedido é atendido. Em que pese a negativa, o indeferimento da Tutela Cautelar não acarreta
em prejuízo no pedido principal. Vejamos:

“Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o
pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do
indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.” (BRASIL,
2015).

Ou seja, o autor não vai ser impedido de formular seu pedido principal que será
devidamente julgado, salvo exceções, pois apesar do juiz entender não ser o caso da aplicação
de uma medida de urgência, o direito ainda poderá ser discutido.
Conforme preceitua Elpídio Donizetti:

Em razão da autonomia do pedido principal em relação ao pedido de tutela cautelar,


em princípio, o indeferimento desta não obsta a que a parte formule o pedido
24

principal, nem influi no julgamento desse (art. 310). Apenas numa hipótese o motivo
do indeferimento vai deixar reflexos sobre o pedido principal: quando o juiz acolher
a alegação de decadência ou de prescrição. Nessa circunstância, a decisão que
apreciar a tutela cautelar antecedente vai compor definitivamente a demanda,
impedindo, por força da coisa julgada, a formulação do pedido principal acerca do
direito atingido pela decadência ou cuja pretensão foi declarada prescrita.
(DONIZETTI, pg. 271, 2018)

6. TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - Vide Art. 1.059 do


NCPC

Notório que é possível que alguém requeira a concessão de tutela contra a fazenda
pública, seja ela de evidência ou urgência.
Muito embora o Código de Processo Civil anterior (1973), não tenha dado uma
resposta acerca da possibilidade ou não da aplicação da tutela provisória em face da fazenda
pública, depois de muitas controvérsias na jurisprudência e na doutrina, o Código de Processo
Civil de 2015 trouxe consigo em seu art. 1.059 a possibilidade da concessão dessa tutela, diz
o artigo supramencionado:

“Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o


disposto nos arts. 1º a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992 , e no art. 7º, § 2º,
da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009 .” (BRASIL, 2015).

Seguindo essa base, podemos confirmar que a tutela provisória contra a fazenda
pública é possível, entretanto, sempre é necessário observar suas exceções, quais sejam:

I. Que tenha por objeto a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior (art. 7º,
§ 2º, Lei 12.016/09 c/c art. 1059, NCPC).
II. Quando o deferimento da medida esgotar, no todo ou em parte, o objeto da ação (art.
1, §3º, Lei 8.437/92 c/c art. 1059, NCPC).
III. Que tenha, em relação aos servidores públicos, por objeto i) liberação de recursos; ii)
inclusão em folha de pagamento; iii) reclassificação; iv) equiparação; v) concessão de
aumento; vi) extensão de vantagens (art. 2º-B, Lei 9.494/97 c/c art. 1059, NCPC).
IV. Que tenha por objeto saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (art. art. 29-B, Lei 8.036/90, incluído pela
MP 2197-43/01).
25

V. No juízo de primeiro grau, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de


mandado de segurança, à competência originária de tribunal (art. 1º, §1º, Lei 8.437/92
c/c art. 1059, NCPC).
VI. Quando o deferimento da medida impuser um dever de pagar quantia certa (art. 100,
CF).
VII. Que importe em compensação de créditos tributários (art. 7º, §2º, Lei 12.016/09 c/c
art. 1059, NCPC).

Em que pese o apresentado anteriormente, a de se destacar a Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI) nº 4296 de 2021. O acórdão foi publicado com a seguinte
ementa:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 1º, §2º, 7º,
III E §2º, 22, §2º, 23 E 25, DA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA (LEI
12.016/2009). ALEGADAS LIMITAÇÕES À UTILIZAÇÃO DESSA AÇÃO
CONSTITUCIONAL COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DE DIREITOS
INDIVIDUAIS E COLETIVOS. SUPOSTA OFENSA AOS ARTS. 2º E 5º, XXXV
E LXIX, DA CONSTITUIÇÃO. NÃO CABIMENTO DO “WRIT” CONTRA
ATOS DE GESTÃO COMERCIAL DE ENTES PÚBLICOS, PRATICADOS NA
EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA, ANTE A SUA NATUREZA
ESSENCIALMENTE PRIVADA. EXCEPCIONALIDADE QUE DECORRE DO
PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL. POSSIBILIDADE DE O JUIZ EXIGIR
CONTRACAUTELA PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR. MERA
FACULDADE INERENTE AO PODER GERAL DE CAUTELA DO
MAGISTRADO. INOCORRÊNCIA, QUANTO A ESSE ASPECTO, DE
LIMITAÇÃO AO JUÍZO DE COGNIÇÃO SUMÁRIA.
CONSTITUCIONALIDADE DO PRAZO DECADENCIAL DO DIREITO DE
IMPETRAÇÃO E DA PREVISÃO DE INVIABILIDADE DE CONDENAÇÃO
AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. JURISPRUDÊNCIA
CONSOLIDADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PROIBIÇÃO DE
CONCESSÃO DE LIMINAR EM RELAÇÃO A DETERMINADOS OBJETOS.
CONDICIONAMENTO DO PROVIMENTO CAUTELAR, NO ÂMBITO DO
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, À PRÉVIA OITIVA DA PARTE
CONTRÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE A LEI CRIAR ÓBICES OU VEDAÇÕES
ABSOLUTAS AO EXERCÍCIO DO PODER GERAL DE CAUTELA.
EVOLUÇÃO DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. CAUTELARIDADE
ÍNSITA À PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AO DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
RESTRIÇÃO À PRÓPRIA EFICÁCIA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL.
PREVISÕES LEGAIS EIVADAS DE INCONSTITUCIONALIDADE. PARCIAL
PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. O mandado de segurança é cabível apenas contra
atos praticados no desempenho de atribuições do Poder Público, consoante
expressamente estabelece o art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal. Atos de
gestão puramente comercial desempenhados por entes públicos na exploração de
atividade econômica se destinam à satisfação de seus interesses privados,
submetendo-os a regime jurídico próprio das empresas privadas. 2. No exercício do
poder geral de cautela, tem o juiz a faculdade de exigir contracautela para o
deferimento de medida liminar, quando verificada a real necessidade da garantia em
juízo, de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Razoabilidade da medida
que não obsta o juízo de cognição sumária do magistrado. 3. Jurisprudência pacífica
da CORTE no sentido da constitucionalidade de lei que fixa prazo decadencial para
a impetração de mandado de segurança (Súmula 632/STF) e que estabelece o não
cabimento de condenação em honorários de sucumbência (Súmula 512/STF). 4. A
cautelaridade do mandado de segurança é ínsita à proteção constitucional ao direito
26

líquido e certo e encontra assento na própria Constituição Federal. Em vista disso,


não será possível a edição de lei ou ato normativo que vede a concessão de medida
liminar na via mandamental, sob pena de violação à garantia de pleno acesso à
jurisdição e à própria defesa do direito líquido e certo protegida pela Constituição.
Proibições legais que representam óbices absolutos ao poder geral de cautela. 5.
Ação julgada parcialmente procedente, apenas para declarar a inconstitucionalidade
dos arts. 7º, §2º, e 22º, §2º, da Lei 12.016/2009, reconhecendo-se a
constitucionalidade dos arts. 1º, § 2º; 7º, III; 23 e 25 dessa mesma lei. (ADI 4296,
Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE
MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 09/06/2021, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-202 DIVULG 08-10-2021 PUBLIC 11-10-2021)

Nessa ADI, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional o §2° do art.
7º da Lei do Mandado de Segurança. Portanto, é viável conceder liminares em mandados de
segurança nos casos de: a) compensação de créditos tributários; b) entrega de mercadorias e
bens do exterior; c) reclassificação ou equiparação de servidores públicos; d) concessão de
aumento, extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
Mesmo assim, o levantamento da proibição não implica automaticamente na
aprovação imediata de todos os pedidos de liminares apresentados em mandados de
segurança. Ainda é crucial examinar se o requerente demonstrou os requisitos essenciais para
a concessão da tutela provisória: a probabilidade do direito (fumus boni juris) e o risco de
dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora). Se esses critérios não forem
adequadamente estabelecidos, a tutela provisória deve ser negada.
Visto isso, as únicas restrições que ainda prevalecem são aquelas contidas nos artigos
1º a 4º da Lei nº 8.437 de 1992.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se, que o presente artigo teve como objetivo analisar e fundamentar as


principais questões relativas à tutela provisória em vários caráteres, pautando nas legislações,
mas também, nas decisões e entendimentos dos Tribunais e nos autores que regem sobre o
assunto, que por sua via, é complexo e demanda bastante atenção nas suas vertentes.
Durante o trabalho, com base nos casos e estudos trazidos, podemos constatar que a
tutela provisória difere-se de coisa julgada, contudo, toda a matéria deve ser analisada com
bastante cautela. Esse instrumento jurídico tem grande importância, garantindo que o justo
direito seja exercido, ajudando na celeridade do processo, protegendo -os de ônus ou ações
que sejam irreversíveis/irreparáveis.
27

REFERÊNCIAS

ALVIM, Eduardo A. Tutela provisória, 1ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2017. E-book.
ISBN 9788547219154. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547219154/. Acesso em: 28 out. 2023.

BARROS, Rodrigo J. M. Ação direta de inconstitucionalidade, Procuradoria-Geral da


República, Brasilia/DF, 2016.p31 Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11908388&pgI=31&p
gF=32. Acesso em 09 set. 2023.

BUENO, Cassio S. Tutela provisória no CPC: dos 20 anos de vigência do art. 273 do
CPC/1973 ao CPC/2015. Editora Saraiva, 2018. E-book. ISBN 9788553601677. Disponível
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2023.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.


Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>.
Acesso em: 28 out. 2023.

COUTINHO, Ferdinando P. R. TUTELA PROVISÓRIA E TUTELA DE URGÊNCIA:


CONCEITO, EVOLUÇÃO E NOVOS DESAFIOS. CV - IDP. 2. ed. REVISTA
CADERNO VIRTUAL, 2019. Disponível em:
https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/cadernovirtual/article/download/3459/1619.
Acesso em: 1 nov. 2023.

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mento-de-agravo-de-instrumento

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