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LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.

568-13
1

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Versão Express
SUMÁRIO

1. CONCEITO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ..................................................................... 4

1.1. CONCEITO ELÁSTICO E INELÁSTICO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ................ 5

1.2. EMERSON GARCIA: CINCO PASSOS PARA DETECTAR A IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA NA CONDUTA DO AGENTE PÚBLICO ......................................................... 7

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


1.3. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E
IRRETROATIVIDADE ..................................................................................................................... 8

2. SUJEITO ATIVO .............................................................................................................................. 9

2.1. CONCEITO AMPLO DE AGENTES PÚBLICOS PARA FINS DA LEI DE IMPROBIDADE... 9

2.2. TERCEIRO PARTICULAR..................................................................................................... 10

2.3. PESSOA JURÍDICA ............................................................................................................... 10

2.4. DEFESA PESSOAL DO AGENTE ÍMPROBO POR ASSESSORIA JURÍDICA DO ÓRGÃO


....................................................................................................................................................... 11

2.5. AGENTES POLÍTICOS: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA X CRIME DE


RESPONSABILIDADE .................................................................................................................. 11 2
2.6. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ....................................................................... 12

2.7. RESPONSABILIDADE SUCESSÓRIA .................................................................................. 13

3. SUJEITOS PASSIVOS .................................................................................................................. 13

4. TIPOLOGIA DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ............................................. 15

5. SANÇÕES ..................................................................................................................................... 18

5.1. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ....................................................................................... 19


5.2. PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................... 20
5.3. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO ..................................................................................................... 22
5.4. PERDA DOS BENS ACRESCIDOS ILICITAMENTE AO PATRIMÔNIO ................................................... 23
5.5. MULTA ...................................................................................................................................... 23
5.6. PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU RECEBER INCENTIVOS OU BENEFÍCIOS
FISCAIS OU CREDITÍCIOS ................................................................................................................... 23

6. PROCESSO ADMINISTRATIVO .................................................................................................. 24

7. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ............................................................... 25


8. INDISPONIBILIDADE DE BENS .................................................................................................. 26

9. CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ................ 27

10. DO PROCESSO JUDICIAL ........................................................................................................ 27

10.1. PROCEDIMENTO....................................................................................................................... 29

11. PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................. 33

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12. QUESTÕES ADAPTADAS PARA A LEI 14.230/2021 .............................................................. 35

3
Orientação geral: a esmagadora maioria das questões acerca do tema cobrarão a
literalidade da Lei 8.429/92, alterada pela Lei 14.230/2021, o que é de se esperar sempre que um
diploma normativo é substancialmente reformado.
Nesse sentido, deve o candidato priorizar o estudo da lei seca, enfatizando os pontos materiais e
processuais alterados pela Nova LIA.
Vale adiantar que uma parte relevante dos entendimentos consolidados do STJ foram superados

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pela Lei 14.230/2021.
Por fim, recomenda-se ao candidato dominar bem os princípios que regem o Direito Sancionador,
pois eles foram acolhidos pela Nova Lei de Improbidade Administrativa. Nesse sentido, para
formulação de um raciocínio mais denso sobre o texto da lei, é ideal que o aluno dialogue com
outros diplomas normativos que estejam inseridos na esfera do Direito Sancionador, a exemplo da
Lei Anticorrupção, da Lei 13.655/2018 e das normas que regem os processos administrativos
disciplinares.

1. CONCEITO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ATO DE IMPROBIDADE: improbidade é o termo técnico para tratar da corrupção administrativa que
se perfaz com a violação da probidade material e o desvirtuamento da função pública.
4
PREVISÃO CONSTITUCIONAL: o art. 37, §4º, da CF/88 estabelece que “os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível”.

PREVISÃO LEGAL: LEI 8.429/92, ALTERADA PELA LEI 14.230/2021: art. 1º: “o sistema de
responsabilização por atos de improbidade administrativa tutelará a probidade na organização
do Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade do
patrimônio público e social”.

QUATRO PREMISSAS FUNDAMENTAIS

1ª premissa: Nem todo ato ilegal configura ato ímprobo. Na esteira do que já decidiu o STJ,
“a confusão entre os dois conceitos existe porque o art. 11 da Lei nº 8.429/92, prevê como ato
de improbidade qualquer conduta que ofenda os princípios da Administração Pública, entre os
quais se inscreve o da legalidade (art. 37 da CF). Mas isso não significa, repito, que toda
ilegalidade é ímproba. A conduta do agente não pode ser considerada ímproba analisando-se a
questão apenas do ponto de vista objetivo, o que iria gerar a responsabilidade objetiva 1”.
2ª premissa: Improbidade não se confunde com imoralidade. A primeira seria uma forma
qualificada de imoralidade em razão da gravidade da conduta do agente, já que revestida de
desonestidade, abuso ou má-fé.

3ª premissa: A ação de improbidade administrativa, é repressiva, de caráter


sancionatório, destinada à aplicação de sanções de caráter pessoal, e não constitui ação

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civil. Exatamente por isso, “o foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição
Federal em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade
administrativa2”. Por outro lado, por ter caráter punitivo, devem ser aplicados os princípios
constitucionais do direito administrativo sancionador (art. 1º, §4º, da LIA).

4ª premissa: O conceito de improbidade administrativa previsto na Lei 14.230/2021


consolidou os avanços do Direito Administrativo Sancionador, para obstar o uso
indiscriminado da ação de improbidade, bem como para evitar a dupla punição pelos
mesmos fatos.

Art. 1º. § 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios


constitucionais do direito administrativo sancionador. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 5
Art. 3º. § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que trata
a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Art. 12. § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de
1º de agosto de 2013, deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)

1.1. CONCEITO ELÁSTICO E INELÁSTICO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

RESP 1.558.038/PE: o STJ adotou o conceito inelástico de improbidade administrativa.


Isso significa dizer que ele não pode ser ampliado para abarcar situações que não tenham sido
contempladas no momento de sua criação. Conforme a Corte, a LIA possui um sujeito

1 STJ. 1ª Turma. REsp 1193248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014 (Info 540).
2 STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018
(Info 901).
específico: “o agente público frente à coisa pública a que foi chamado administrar”.

Com base nesse fundamento, a Corte Superior decidiu que não ensejam o reconhecimento de
ato de improbidade administrativa eventuais abusos perpetrados por agentes públicos durante
abordagem policial, caso o ofendido pela conduta seja particular que não estava no exercício de
função pública.

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RESP 1.177.910/SE: O STJ adotou o conceito elástico de improbidade administrativa.
Nesse case, a Corte Superior decidiu que a tortura de preso custodiado em delegacia praticada
por policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública . Em síntese, entendeu a Corte Superior que a situação de tortura
praticada por policiais, além das repercussões nas esferas penal, civil e disciplinar, configura
também ato de improbidade administrativa, porque, além de atingir a pessoa-vítima, alcança
simultaneamente interesses caros à Administração em geral, às instituições de segurança
pública em especial, e ao próprio Estado Democrático de Direito.

Este é o julgado mais recente, mas nada impede a Corte Superior de, ao se deparar com um
caso de abuso de autoridade, corroborar seu posicionamento pela inelasticidade do conceito de
improbidade. 6
RESUMO: Por se tratar de conclusões que dependem sobremaneira das peculiaridades do
caso concreto, recomenda-se ao candidato ter cautela ao ler o enunciado para, a partir
dos dados fornecidos pelo examinador, enquadrar a situação fática ao precedente
correspondente do STJ.

Foi o que ocorreu no concurso do MPE-RR (2017) elaborado pelo CESPE. Cite-se:

Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-RR Prova: CESPE - 2017 - MPE-RR - Promotor de
Justiça Substituto

Após a captura em flagrante de um homem, policiais o detiveram na delegacia, onde o torturaram na


tentativa de obter dele a confissão da prática de determinado crime. O MP ajuizou ação de improbidade
administrativa contra esses policiais.

Nessa situação hipotética, conforme o entendimento do STJ, a conduta dos policiais configurou ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.

CORRETO
1.2. EMERSON GARCIA: CINCO PASSOS PARA DETECTAR A IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA NA CONDUTA DO AGENTE PÚBLICO

1º momento: a conduta do agente ímprobo deve infringir necessariamente o princípio da


probidade. A inobservância desse princípio é antecedente lógico à configuração das infrações
mais graves, previstas nos arts. 9º e 10 da LIA. É dizer: todo e qualquer ato de improbidade que
causa danos ao erário ou importa em enriquecimento ilícito é necessariamente violador da

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probidade administrativa.

§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas tipificadas nos arts.


9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021).

2º momento: deve haver vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado na
LIA, não bastando a voluntariedade do agente (dolo específico). Com a Lei 14.230/2021, a
doutrina entende que resta superado o entendimento do STJ no sentido de que o dolo
necessário para configurar o ato de improbidade administrativa é o dolo genérico (ou lato
sensu)3. Faz-se mister, assim, o dolo específico (ou fim especial de agir).

§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos
7
arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)

§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação


de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Art. 11. (...)

§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto
nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação
deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do agente público o fim de obter
proveito ou benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade.

Reforçando tal entendimento, o STJ, em 05/2022, decidiu que “a contratação de

3A configuração do ato de improbidade por ofensa a princípio da administração depende da demonstração do chamado
dolo genérico ou lato sensu (STJ. 2ª Turma. REsp 1383649/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/09/2013).
Ressalte-se que não se exige dolo específico (elemento subjetivo específico) para sua tipificação. STJ. 2ª Turma. AgRg
no AREsp 307583/RN, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/06/2013.
servidores públicos temporários sem concurso público, mas baseada em legislação local, não
configura a improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei n. 8.429/1992, por estar
ausente o elemento subjetivo (dolo), necessário para a configuração do ato de improbidade
violador dos princípios da administração pública4”.
Segundo a Corte Superior, o “afastamento do elemento subjetivo de tal conduta dá-se
em razão da dificuldade de identificar o dolo genérico, situação que foi alterada com a edição da

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Lei n. 14.230/2021, que conferiu tratamento mais rigoroso, ao estabelecer não mais o dolo
genérico, mas o dolo específico como requisito para a caracterização do ato de improbidade
administrativa, ex vi do seu art. 1º, §§ 2º e 3º, em que é necessário aferir a especial intenção
desonesta do agente de violar o bem jurídico tutelado”.
3º momento: constatada a violação aos princípios que legitimam a atividade estatal e
identificado o elemento subjetivo, deve ser aferido se a conduta gerou efeitos outros que
importem em modificação da tipologia legal (artigos 9 e 10 da LIA).
Isso porque “existe uma relação de subsunção entre os tipos de improbidade
administrativa previstos como enriquecimento ilícito (art. 9.º da Lei n.º 8.429/92), prejuízo ao
erário (art. 10) e violação aos princípios da Administração Pública (art. 11). Portanto, uma vez
praticado ato que abstratamente considerado qualifica os três tipos, deve-se imputar apenas o
mais grave, o enriquecimento ilícito (VUNESP, TJ SP, 2021). 8

4º momento: somente estarão sujeitos às sanções previstas na LIA aqueles atos praticados por
agentes públicos (art. 2º) em detrimento das entidades enumeradas no art. 1º da LIA.

5º momento: ultrapassados os momentos anteriores, ter-se-á o que se chama de improbidade


formal. Após a valoração do operador do direito, com esteio nos critérios de proporcionalidade,
é que será possível verificar se o ato consubstancia em improbidade material.

1.3. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E


IRRETROATIVIDADE

A Lei de Improbidade Administrativa possui normas de caráter nacional e federal.

4 REsp 1.913.638-MA, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022. (Tema
1108)
LIA
LEI NACIONAL LEI FEDERAL
Normas referentes a procedimentos
administrativos. Segundo alguns autores5, trata-
Regra geral.
se, na redação originária da LIA, dos arts. 13,
14, § 3º, e 20, parágrafo único6.

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Ademais, é oportuno destacar que a Lei n.º 8.429/92 não pode ser aplicada
retroativamente para alcançar fatos anteriores a sua vigência, ainda que ocorridos após a edição
da Constituição Federal de 19887.

2. SUJEITO ATIVO

2.1. CONCEITO AMPLO DE AGENTES PÚBLICOS PARA FINS DA LEI DE


IMPROBIDADE.

Para os efeitos da LIA, consideram-se agente público o agente político, o servidor público
e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, 9
cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º, §5º, da LIA.
Em verdade, o conceito de agente público da Lei de Improbidade Administrativa é bem
mais amplo do que o costumeiramente encontrado na doutrina administrativista. Agente público,
para fins de improbidade administrativa, engloba:
a) AGENTES POLÍTICOS: membros do Poder Executivo e Legislativo;
b) AGENTES PÚBLICOS DE DIREITO E DE FATO: servidores públicos com vínculo efetivo ou
de fato (contratados sem concurso público, por exemplo);
c) EMPREGADOS PÚBLICOS: empresas públicas (EP) e sociedades de economia mista
(SECM);
d) AGENTES COLABORADORES: notários, mesários, jurados etc.;

5 NEVES, Daniel Amorim Assumpção.; OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Improbidade Administrativa: Direito
Material e Processual. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559645367. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645367/. Acesso em: 03 fev. 2023.
Nesta obra, Rafael Carvalho aponta dois autores que sustentam que esses dispositivos são aplicáveis em âmbito
federal, quais sejam: DI PIETRO (2009) e CARVALHO FILHO (2011).
6
Na redação atual da Nova LIA, o art. 20 passou a contar com dois parágrafos. O regramento disciplinado no extinto
parágrafo único (afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função) passou para o § 1º.
Acreditamos que o disposto no § 2º (prazo de duração do afastamento do agente público), por sua natureza, também
seja aplicável apenas em âmbito federal.
7 REsp 1129121/GO, Rel. p/ Acórdão Min. Castro Meira, julgado em 03/05/2012.
e) SERVIDORES SEM REMUNERAÇÃO: estagiários, conciliadores, integrantes de comissões
administrativas;
f) ESTAGIÁRIOS: Para o STJ, “o estagiário que atua no serviço público, ainda que
transitoriamente, remunerado ou não, está (SIM) sujeito a responsabilização por ato
de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992)8”.

2.2. TERCEIRO PARTICULAR

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As sanções da LIA são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade (art. 3º da LIA).

STJ: Em interpretação do art. 3º da LIA, o STJ entende que o terceiro particular não pode
figurar sozinho no polo passivo da demanda de improbidade, uma vez que a conduta de induzir
ou concorrer, necessariamente, pressupõe a participação de um agente público 9. Contudo, a
recíproca não é verdadeira. Para ajuizamento da ação contra o agente público, este pode
figurar sozinho no polo passivo da demanda. Não há litisconsórcio passivo necessário entre
ambos10.

2.3. PESSOA JURÍDICA 10


As pessoas jurídicas também podem responder por atos de improbidade administrativa, sendo
incompatíveis apenas as sanções de perda da função pública e suspensão dos direitos
políticos. Vale ressaltar que ela pode figurar na ação ainda que desacompanhada de seus
sócios.

Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas
nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a administração pública
convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou
ajuste administrativo equivalente.

8 REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015 (Informativo 568).
9 REsp 1.171.017/PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 25/2/2014, DJe 6/3/2014.)
10 Nas ações de improbidade administrativa, não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os

terceiros beneficiados com o ato ímprobo” (Jurisprudência em Teses do STJ – edição n.º 38, item 9).
STJ: as pessoas jurídicas que participem ou se beneficiem dos atos de improbidade sujeitam-se
à Lei 8.429/199211”.

ATENÇÃO: as sanções da LIA não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que trata a
Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013”.

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2.4. DEFESA PESSOAL DO AGENTE ÍMPROBO POR ASSESSORIA JURÍDICA DO
ÓRGÃO

O STJ entende que a defesa particular do agente por procurador público configura improbidade
administrativa, salvo se houver interesse convergente da Administração12”.
A Nova Lei de Improbidade Administrativa consignou que “a assessoria jurídica que emitiu o
parecer atestando a legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo administrador
público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este venha a responder ação por
improbidade administrativa, até que a decisão transite em julgado”. Todavia, o Supremo
Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 7042/DF e 7043/DF, realizado em 31/08/2022,
declarou “a inconstitucionalidade parcial, com redução de texto do § 20 do art. 17 da Lei 11
8.429/1992, incluído pela Lei 14.230/2021, no sentido de que não existe ‘obrigatoriedade de
defesa judicial’; havendo, porém, a possibilidade dos órgãos da Advocacia Pública autorizarem
a realização dessa representação judicial, por parte da assessoria jurídica que emitiu o parecer
atestando a legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo administrador público,
nos termos autorizados por lei específica13”.

2.5. AGENTES POLÍTICOS: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA X CRIME DE


RESPONSABILIDADE

STF: no julgamento da Pet 3.240 AgR/DF, julgada em 10/05/2018, estabeleceu que os


agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos ao
duplo regime sancionatório.

11 STJ. REsp 1.122.177/MT, DJE 27/04/2011.


12 REsp 1.229.779/MG.
13 STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/8/2022 (Info 1066) – grifo

nosso.
STJ: os agentes políticos podem responder tanto por improbidade quanto por crime de
responsabilidade, com a exceção do Presidente da República, que responde apenas por
crime de responsabilidade14.

 CUIDADO: Na Edição nº 40: Improbidade Administrativa II (STJ), consta o seguinte


enunciado: “Os Agentes Políticos sujeitos a crime de responsabilidade, ressalvados os atos
ímprobos cometidos pelo Presidente da República (art. 86 da CF) e pelos Ministros do

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Supremo Tribunal Federal, não são imunes às sanções por ato de improbidade previstas no
art. 37, § 4º, da CF”.

COMENTA O PROF. MÁRCIO ANDRÉ CAVALCANTE: “Penso que os Ministros do STF não são
imunes às sanções por ato de improbidade. Em outras palavras, podem sim responder por
improbidade administrativa. A peculiaridade é que a ação de improbidade administrativa
proposta contra Ministro do STF deverá ser julgada pelo próprio STF (e não pelo juízo de 1ª
instância)”. Nesse sentido: STF. Plenário. Pet 3211 QO, Relator p/ Acórdão: Menezes Direito,
julgado em 13/03/200

2.6. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO


12
STF: O foro por prerrogativa de função não se estende ao processamento das Ações de
Improbidade Administrativa, as quais devem ser processadas e julgadas nas instâncias
ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado no âmbito
penal e nos crimes de responsabilidade.

Conforme entende a Corte Suprema, o foro por prerrogativa de função é previsto pela
Constituição Federal apenas para as infrações penais comuns, não podendo ser estendido para
ações de improbidade administrativa, que têm natureza civil15.

ATENÇÃO: por questões de hierarquia do próprio Poder Judiciário, compete ao STF julgar as
ações de improbidade contra seus membros16.

14 RECLAMAÇÃO Nº 2.790 - SC (2008/0076889-9). Relator: Ministro Teori Albino Zavascki.


15 STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018
(Info 901).
16 Pet 3211 QO/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. P/ acórdão Min. Menezes Direito, Tribunal Pleno, julgado em

13/03/2008, DJe 27/06/2008).


2.7. RESPONSABILIDADE SUCESSÓRIA

O art. 8º da LIA prescreve que o sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou
que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do
valor da herança ou do patrimônio transferido.

Tal responsabilidade sucessória também se aplica na hipótese de alteração contratual, de

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transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária (art.8-A).

Quando se tratar fusão e de incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à


obrigação de reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe
sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos
ocorridos antes da data da fusão ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de
evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.

3. SUJEITOS PASSIVOS

SUJEITOS PASSIVOS PRIMÁRIOS


(art. 1º, §5º da LIA)
SUJEITOS PASSIVOS SECUNDÁRIOS
(art. 1º, §6º e 7º, da LIA)
13
1º) Poder Executivo, Legislativo e Judiciário; 1º) Entidades que recebam subvenção,
2º) Pessoas da administração direta da União, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, dos
Estados, DF e Municípios. entes públicos ou governamentais citados no §5º
3º) Pessoas da administração indireta da do art. 1º da LIA;
União, Estados, DF e Município. São as 2º) Entidade privada para cuja criação ou custeio
autarquias, fundações governamentais, o erário haja concorrido ou concorra no seu
empresas públicas e sociedades de economia patrimônio ou receita atual.
mista;
Observação: no último caso, as sanções pelos
atos de improbidade administrativa, limitam-se à
repercussão do ilícito sobre os cofres públicos
(§7º do art. 1º da LIA).

Casos especiais para reflexão


a) EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: não tem qualquer
relevância perquirir a sua finalidade, se são prestadoras de serviços públicos ou
exploradoras de atividade econômica, porquanto a lei não estabelece essa
diferença.
b) TERRITÓRIOS: também conhecidos como autarquias territoriais. São considerados
sujeitos passivos primários.
c) CONSELHOS PROFISSIONAIS: os conselhos profissionais são autarquias. Assim
sendo, podem ser sujeitos passivos primários de improbidade administrativa.

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d) PARTIDOS POLÍTICOS: no regime anterior, entendia-se que, apesar de serem
entidades de natureza privada, os partidos políticos poderiam sim ser sujeitos
passivos de ato de improbidade. Isso porque recebem verba pública do fundo
partidário. Ocorre que, a Nova LIA (art. 23-C), foi expressa no sentido de que os
atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de
suas fundações, serão responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de
setembro de 1995.

 ATENÇÃO:
Em 27/12/2022, em decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad
referendum do Plenário do STF, conferiu-se interpretação conforme ao art. 23-C da Nova LIA, 14
no sentido de que os atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de
suas fundações, poderão ser responsabilizados nos termos da Lei 9.096/1995, mas sem prejuízo
da incidência da Lei de Improbidade Administrativa.

e) MEMBROS DO TERCEIRO SETOR: também podem ser sujeitos passivos do ato de


improbidade, já que recebem valores públicos.
f) CONCESSIONÁRIAS E PERMISSIONÁRIAS DE SERVIÇO PÚBLICO: não são consideradas
sujeitos passivos de improbidade administrativa. Isso porque não recebem
“subvenção, benefício ou incentivo” do Poder Público. Nas concessões comuns,
não recebem qualquer valor do Poder Público; nas concessões especiais (PPPs),
recebem remuneração ou contraprestação pecuniária pelo serviço prestado, que
não se confunde com as verbas de fomento acima mencionadas.
g) SINDICATOS: antes da Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), os sindicatos eram
destinatários de contribuições compulsórias, que ostentavam natureza tributária.
Assim, era inconteste a possibilidade de serem vítimas de ato de improbidade
administrativa. Todavia, a partir do marco legal referido, a contribuição sindical
deixou de ser obrigatória, ensejando dúvidas em relação à sua natureza e,
consequentemente, ao enquadramento dos sindicatos como potenciais sujeitos
passivos de improbidade administrativa17.

4. TIPOLOGIA DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

 DICA: Apesar de algumas questões listarem atos de improbidade administrativa e exigirem

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que o candidato identifique em que artigo aquele ato se insere, recomenda-se não se preocupar
em memorizar todos os incisos desses artigos. O custo-benefício é baixo.
O ideal é buscar a ideia de cada um dos dispositivos, ligadas justamente ao enriquecimento ilícito,
ao dano ao erário e desrespeito aos princípios da administração pública. Também é indicada a
leitura atenta dos dispositivos, na busca de palavras-chave.
DICA 2: o enquadramento do ato de improbidade no art. 11 somente ocorre se não for possível
enquadrá-lo nos arts. 9º ou 10º. No caso do art. 11, veja que o agente não enriquece ilicitamente
(não recebe nenhum valor pela prática do ato, para si ou para outrem), nem causa dano ao erário.
Se as condutas lá especificadas forem praticadas mediante pagamento, por exemplo, é o caso de
inserir o ato de improbidade no art. 9º e não no 11.

Abaixo, veja uma tabela com o resumo dos principais aspectos atinentes aos arts. 9º, 10 e 11:
15
MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ENRIQUECIMENTO VIOLAÇÃO A
DANOS AO ERÁRIO
ILÍCITO PRINCÍPIOS DA AP
Observância dos
OBJETO DA Enriquecimento legítimo, Preservação do
princípios
TUTELA justo e moral. patrimônio público.
constitucionais.
Percepção da vantagem Efetiva e comprovada Lesividade relevante
PRESSUPOSTO patrimonial ilícita obtida perda patrimonial, dos princípios
EXIGÍVEL pelo exercício da função das pessoas referidas administrativos.
pública em geral. no art. 1º da LIA.
PRESSUPOSTO Ocorrência de Enriquecimento ilícito e
Dano ao Erário.
DISPENSÁVEL enriquecimento ilícito. dano ao Erário.
ELEMENTO Dolo específico (não Dolo específico (não Dolo específico (não
SUBJETIVO admite tentativa). admite tentativa). admite tentativa).

17 A dúvida é suscitada em Manual de Improbidade Administrativa de Rafael Oliveira, 2018, p. 42.


Somente o agente
público, em regra (mas
Agente público e/ou o Agente público e/ou
SUJEITO ATIVO o terceiro pode induzir
terceiro. terceiro.
ou concorrer para o
ato).
NATUREZA DA Conduta comissiva Conduta comissiva
Conduta comissiva.

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CONDUTA ou omissiva. ou omissiva.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A LEI 14.230/2021


Observação 1: No regime anterior, todas as condutas descritas nos incisos do art. 9º, 10 e 11
eram exemplificativas. Entretanto, com a Lei 14.230/2021, as condutas consideradas improbidade
administrativa são apenas aquelas listadas especificamente nos incisos dos dispositivos acima.
Considerando que atualmente o rol de atos de improbidade é taxativo, o representante do
Ministério Público e/ou a pessoa jurídica interessada devem, na petição inicial, indicar
precisamente o artigo e o inciso correspondente ao enquadramento legal da conduta do agente
ímprobo.
Com isso, não há mais espaço para a veiculação de pedidos subsidiários, cumulativos ou
alternativos. De igual modo, não pode o magistrado alterar a interpretação dada pelo(s) autor(es).
16
Nesse sentido, previu o art. 17, §§ 10-C e 10-F da Lei 8.429/92.

Observação 2: A Nova Lei de Improbidade não mais admite a punição do ato de improbidade a
título de culpa. Faz-se mister a comprovação do dolo específico em todas as modalidades de
atos ímprobos.

Observação 3: A revogação da modalidade culposa, no entanto, não produz efeitos retroativos,


incidindo sobre casos de improbidade administrativa culposos somente se não houver decisão
transitada em julgado18.

Observação 4: Não é qualquer ofensa a princípio da administração pública que caracteriza ato de
improbidade. A lesividade deve ser relevante embora não se exija o dano ao erário ou a
comprovação de enriquecimento ilícito, conforme §4º do art. 11 da LIA.

Observação 5: Tem prevalecido ser inaplicável o princípio da insignificância aos atos de

18STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/8/2022 (Repercussão Geral – Tema
1.199) (Info 1065).
improbidade administrativa, notadamente em razão da pujança dos princípios da moralidade
administrativa e indisponibilidade do interesse público. Contudo, se a ofensa ao bem jurídico
tutelado por de menor relevância, a LIA prescreve que a sanção limitar-se-á à aplicação da multa,
sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda de valores obtidos, se for o caso (§ 5º do art.
12 da LIA).

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Observação 6: A Lei 14.230/2021 deixa claro, ainda, que a mera perda patrimonial decorrente da
atividade econômica não acarretará improbidade administrativa, salvo se comprovado ato doloso
praticado com essa finalidade (§2º do art. 10 da LIA).

Observação 7: É dispensável a prova de dano para a configuração do ato de improbidade


previsto no art. 11 da Lei n.º 8.249/1992.

A Lei 14.230/2021, com o intuito de atender o caráter taxativo das condutas, inseriu
expressamente novos tipos de improbidade que atentam contra os princípios da administração
pública. É que não cabe mais enquadrar o nepotismo ou a promoção pessoal como mera violação
ao princípio da moralidade ou da impessoalidade, sendo imprescindível a tipificação das condutas
no art. 11 da LIA.
17
Veja-se:
(1) Nepotismo (inclusive o cruzado): XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas;
Registre-se, porém, que não se configurará improbidade a mera nomeação ou
indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a
aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente (§5º do art. 11).
Supera-se, assim, a divergência que existia no âmbito do STJ sobre o nepotismo
praticado antes ou depois da SV 13 do STF.
(2) Promoção pessoal: XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos
do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da
Constituição Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente
público e personalização de atos, de programas, de obras, de serviços ou de
campanhas dos órgãos públicos.

 ATENÇÃO: Nos casos de contratação irregular decorrente de fraude à licitação, o STJ


considera que o dano é in re ipsa. A Corte Superior entende que no caso da conduta descrita no
inciso VIII do art. 10 não se exige a presença do efetivo dano ao erário. Isso porque, neste caso, o
dano é presumido (dano in re ipsa)19. A Lei 14.230/2021 superou tal precedente, exigindo a perda

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patrimonial efetiva para configurar o tipo de improbidade previsto no inciso VIII do art. 10 da LIA.

5. SANÇÕES

A Lei 14.230/2021 alterou bastante o regime das penas, sobretudo quanto ao prazo
máximo de suspensão dos direitos políticos, bem como quanto às multas aplicáveis.

Para sistematizar:

Art. 9º Art. 10 Art. 11.


Enriquecimento Ilícito Prejuízo ao Erário Violação de Princípios

Perda dos bens ou valores


Perda dos bens ou valores
18
acrescidos ilicitamente ao
acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta
patrimônio.
circunstância.
Ressarcimento integral do Ressarcimento integral do Ressarcimento integral do
dano, se efetivo. dano, se efetivo. dano, se efetivo.
Não há mais perda da função
Perda da função pública. Perda da função pública. pública no caso de violação a
princípios.
Não há mais suspensão dos
Suspensão dos direitos Suspensão dos direitos
direitos políticos no caso de
políticos até 14 anos. políticos até 12 anos.
violação a princípios.
Pagamento de multa civil de
Pagamento de multa civil
Pagamento de multa civil até 24 vezes o valor da
equivalente ao valor do
equivalente ao valor do dano. remuneração percebida pelo
acréscimo patrimonial.
agente.

19 STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/06/2018.
Proibição de contratar com o Proibição de contratar com o Proibição de contratar com o
Poder Público ou receber Poder Público ou receber Poder Público ou receber
benefícios, pelo prazo não benefícios, pelo prazo não benefícios, pelo prazo não
superior a 14 anos. superior a 12 anos. superior a 4 anos.
INOVAÇÕES GERAIS TRAZIDAS PELA LEI 14.230/2021 E APLICÁVEIS A TODAS AS MODALIDADES DE
ATOS ÍMPROBOS

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(1) A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, o valor calculado na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz
para reprovação e prevenção do ato de improbidade (§2º do art. 12 da LIA);
(2) Princípio da função social da pessoa jurídica: Na responsabilização da pessoa jurídica,
deverão ser considerados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo a viabilizar a
manutenção de suas atividades (§3º do art. 12 da LIA);
(3) Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere a LIA deverá
deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
os mesmos fatos (§6º do art. 12 da LIA);
(4) Princípio do non bis in idem: As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base na LIA e
na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Lei Anticorrupção), deverão observar o princípio
constitucional do non bis in idem; 19
(5) A sanção de proibição de contratação com o poder público deverá constar do Cadastro
Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) de que trata a Lei Anticorrupção,
observadas as limitações territoriais contidas na decisão judicial, conforme dito no §4º do art. 12
da LIA.

 ATENÇÃO!!! O art. 10-A da Lei 8.429/92 foi revogado (Atos de Improbidade Administrativa
Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário). É que
ele foi incorporado aos tipos de atos que causam prejuízo ao erário (art. 10, XXII, da LIA),
devendo, portanto, se submeter às penas previstas no art. 12, II, da LIA.

5.1. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS


A Lei 14.230/2021 não fixou prazo mínimo de suspensão dos direitos políticos, bem como
alterou o prazo máximo para 14 anos (atos que importem em enriquecimento ilícito) e 12 anos
(atos que causam dano ao erário). Não há mais sanção de suspensão dos direitos políticos
para atos de improbidade que ofendem princípios da Administração Pública.
Tal sanção somente produz efeitos após o trânsito em julgado da sentença condenatória,
conforme dicção do art. 20 da LIA.

A Nova LIA trouxe duas importantes regras, quais sejam:

(1) Computação retroativa do prazo de suspensão dos direitos políticos entre a

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decisão colegiada e o trânsito em julgado: Para efeitos de contagem do prazo da
sanção de suspensão dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o
intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença
condenatória (§10 do art. 12 da LIA); e

Obs.: Em 27/12/2022, a eficácia desse §10 do art. 12 da Nova LIA foi suspensa em
decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad
referendum, do Plenário do STF. Pontuou o Ministro que “considerando que os
efeitos da detração estabelecida pela norma impugnada, cujo status é de lei
ordinária, podem afetar o sancionamento adicional de inelegibilidade prevista na Lei
Complementar 64/1990, reconheço o risco de violação ao art. 37, § 4º, da
Constituição Federal, e aos princípios da vedação à proteção deficiente e ao
retrocesso”.
20
(2) Prazo máximo de suspensão no caso de concurso de atos de improbidade
administrativa, seja pela eventual continuidade de ilícito ou pela prática de
diversas ilicitudes.: “As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição
de contratar ou de receber incentivos fiscais ou creditícios do poder público
observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos” (art. 18-A, parágrafo único, da LIA).

5.2. PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA

PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA:


Conceito: a perda da função pública cuida-se de punição político-administrativa que encerra o
vínculo funcional do agente público com a Administração. Como visto acima, depende de
trânsito em julgado da sentença condenatória para produção de efeitos.
Amplitude da decisão que decreta a perda da função pública: De acordo com o §1º do art.
12 da Nova LIA a regra é que a perda da função pública atinja apenas o vínculo de mesma
qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com o poder público na época do
cometimento da infração. Apenas excepcionalmente e quando se tratar de ato de improbidade
que importe em enriquecimento ilícito é que o magistrado poderá estender a sanção para outros
vínculos. Nessas circunstâncias, deve o juiz decidir fundamentadamente conforme as
circunstâncias do caso concreto e a gravidade da infração.
Não obstante, em 27/12/2022, a eficácia desse §1º do art. 12 da Nova LIA foi suspensa em
decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad referendum do

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Plenário do STF. Argumentou o Ministro que o art. 12, § 1º, da nova LIA, traça uma severa
restrição ao mandamento constitucional de defesa da probidade administrativa, que impõe a
perda de função pública como sanção pela prática de atos ímprobos independentemente da
função ocupada no momento da condenação com trânsito em julgado.
Sanção para autoridade com foro de prerrogativa: a ação de improbidade administrativa
proposta contra agente político que tenha foro por prerrogativa de função é processada e
julgada pelo juiz de primeiro grau, limitada à imposição de penalidades patrimoniais e vedada a
aplicação das sanções de suspensão dos direitos políticos e de perda do cargo do réu.
(Jurisprudências em Teses do STJ – edição n.º 40, item 3).
Cassação de aposentadoria: O STJ entende que o servidor condenado por improbidade não
pode ter aposentadoria cassada em decisão judicial20, tendo em conta que as sanções previstas
no art. 12 da Lei 8.429/92 são taxativas. A Lei 14.230/2021 também não previu a sanção de 21
cassação de aposentadoria, de modo que permanece válido o entendimento do STJ.

 ATENÇÃO: A nossa legislação estabelece a improbidade de forma distinta nas esferas judicial
e administrativa. Como se sabe, é possível a demissão de servidor por improbidade em processo
administrativo disciplinar21 (Jurisprudências em Teses do STJ – edição n.º 40, item 4).
Da mesma forma, é possível a aplicação da cassação de aposentadoria em PAD. Ambas são
infrações disciplinares graves previstas nos estatutos que regem o funcionalismo público de cada
ente federativo, a exemplo do que prevê o art. 132, III e IV, da Lei 8.112/90. Observe que apenas
a autoridade administrativa pode aplicar a penalidade de cassação de aposentadoria.
Sobre isso, o CESPE, no concurso do STJ (2018), considerou CORRETA a seguinte proposição:
“Com base no disposto na Lei n.º 8.112/1990, julgue o item seguinte. Será cassada a
aposentadoria voluntária do servidor inativo que for condenado pela prática de ato de improbidade
administrativa à época em que ainda estava na atividade”.
Por outro lado, na esfera judicial, a apuração dos atos de improbidade administrativa é
disciplinada pela Lei 8.429/92, alterada pela Lei 14.230/2021. Inexistindo a penalidade de

20 STJ. 1ª Seção. EREsp 1496347/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 24/02/2021.
21 STJ. 3ª Seção. MS 14140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012.
cassação de aposentadoria, não pode o magistrado aplicar tal sanção, tendo em vista o princípio
da legalidade estrita.
Para fins de provas, é interessante que o candidato fique atento ao enunciado, para não confundir
a improbidade administrativa perseguida por meio de PAD e aquela apurada por meio de
processo judicial.

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5.3. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO

RESSARCIMENTO AO ERÁRIO: busca reparar o dano sofrido pelo ente estatal causado pela conduta
ímproba.
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS À FAZENDA
PRESCRITÍVEL. Ex: STF RE 669069/MG.
PÚBLICA POR ILÍCITO CIVIL.
AÇÃO DE RESSARCIMENTO POR DANO
DECORRENTE DE ATO ÍMPROBO PRATICADO COM PRESCRITÍVEL. Prazo prescricional: art. 23, LIA.
CULPA.
IMPRESCRITÍVEL. Art. 37, § 5º, CF/88. É possível
o prosseguimento da ação civil pública por ato
AÇÃO DE RESSARCIMENTO DECORRENTE DE ATO
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PRATICADO
de improbidade administrativa para pleitear o 22
ressarcimento do dano ao erário, ainda que
COM DOLO
sejam declaradas prescritas as demais sanções
previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/9222.
INOVAÇÕES DA LEI 14.230/2021

➔Com a Lei 14.230/2021, não há mais ato culposo de improbidade administrativa. Sendo assim,
a diferenciação proposta pelo STF perde a sua lógica, de modo que todo ressarcimento ao erário
decorrente de improbidade administrativa afigura-se imprescritível.
➔ O dano ao patrimônio público deve ser efetivo e comprovado, bem como deverá ser deduzido o
ressarcimento já ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto os
mesmos fatos (§6º do art. 12 da LIA).
➔ A Nova LIA se preocupou com o enriquecimento ilícito dos entes públicos quando da aplicação
da pena de ressarcimento ao erário, especialmente quando o ato ímprobo ocorre no bojo da
execução de contratos administrativos ou contrato da administração. Em razão disso, o §3º do art.
18 da LIA prescreveu que “Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser

22STJ. 1ª Seção. REsp 1899455-AC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 1089) (Info 710).
descontados os serviços efetivamente prestados”.

5.4. PERDA DOS BENS ACRESCIDOS ILICITAMENTE AO PATRIMÔNIO

Trata-se de punição que procura inibir o enriquecimento ilícito. Como se pode imaginar,
somente é cabível se a conduta gerar acréscimo de bens ou valores.
O STJ23 já decidiu que somente incide sobre os bens acrescidos após a prática do ato

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de improbidade, sob pena de confisco.
PERDA DOS BENS E VALORES INDISPONIBILIDADE DE BENS
Sanção propriamente dita Garantia para ressarcimento ao erário
Somente incide sobre os bens acrescidos Pode recair sobre bens adquiridos tanto ANTES
APÓS a prática do ato de improbidade como DEPOIS da prática do ato de improbidade

5.5. MULTA

MULTA:
Conceito: Trata-se de sanção de natureza pecuniária que pode ser aplicada a qualquer
modalidade de improbidade administrativa (art. 12, I, II e III) e deverá ser paga à entidade
pública lesada pelo ato de improbidade (aplicação analógica do art. 18 da LIA).
23
Critérios de aplicação da Lei 14.230/2021: a multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado na forma dos
incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de
improbidade (§2º do art. 12 da LIA). É importante ressaltar que a sanção de multa pode ser
aplicada exclusivamente nos casos de ofensas leves aos bens jurídicos tutelados pela Lei de
Improbidade, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, quando
for o caso (§5º do art. 12 da LIA).

5.6. PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU RECEBER


INCENTIVOS OU BENEFÍCIOS FISCAIS OU CREDITÍCIOS

Lei 14.230/2021: apenas em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente


justificados, é que a sanção de proibição de contratação com o poder público poderá extrapolar o
ente público lesado pelo ato de improbidade. Tudo isso em consonância com os impactos

23 REsp nº 196.932-SP, 1ª Turma, Rel. Min. GARCIA VIEIRA, DJ de 10.6.1999.


econômicos e sociais das sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica (§4º
do art. 12 da LIA).

Abaixo, segue quadro-resumo sobre as sanções por cometimento de ato de improbidade


administrativa:

Art. 9º Art. 10 Art. 11

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Equivalente ao valor do Equivalente ao valor do 24x o valor da
Multa
acréscimo patrimonial dano remuneração

Suspensão dos
Até 14 anos Até 12 anos Não há essa penalidade
direitos políticos

Proibição de
Não superior a 14
contratar com o Não superior a 12 anos Não superior a 4 anos
anos
poder público

 ATENÇÃO: As sanções por prática de ato de improbidade administrativa não precisam


24
necessariamente ser aplicadas de forma cumulativa.

Também é importante mencionar que o juiz da causa NÃO poderá combinar as


sanções dos diversos dispositivos. Ex: aplicar a multa do art. 10 com outras sanções por
infringência do art. 9º.

6. PROCESSO ADMINISTRATIVO

O processo administrativo, nos termos do art. 14 a 16, inicia-se com a representação


de qualquer pessoa, devendo ser escrita/reduzida a termo, contendo a qualificação do
representante, informações sobre o fato e sua autoria bem como a indicação das pro vas de
que tenha conhecimento.
O Ministério Público e o Tribunal de Contas deverão ser cientificados do procedimento,
podendo indicar pessoa para acompanhá-lo, havendo requerimento nesse sentido.
É possível, também, a utilização de medidas de sequestro de bens, pelo Ministério
Público, após representação da comissão processante.
Ao contrário do que previa o regime anterior, apenas a autoridade judicial poderá
determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego ou da função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instrução processual ou para evitar a
iminente prática de novos ilícitos (§1º do art. 20 da LIA).
Trata-se de afastamento cautelar que será de até 90 dias, prorrogáveis uma única vez
por igual prazo, mediante decisão motivada (§2º do art. 20 da LIA). Não é, portanto, a sanção de
perda da função pública, a qual depende do trânsito em julgado da decisão judicial que aplique tal
penalidade.

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7. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS

Com efeito, a Lei 14.230/2021 prescreveu que as sentenças civis e penais produzirão
efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da conduta ou
pela negativa da autoria (§3º do art. 21 da LIA).

Ocorre que a Nova LIA foi um pouco além, uma vez que o art. 21, §4º, obriga a paralisação
do trâmite da ação de improbidade administrativa quando a sentença de absolvição criminal
acerca dos mesmos fatos tenha sido confirmada por decisão colegiada. E destaque-se: a
absolvição nessa circunstância se comunica com todos os fundamentos previstos no art. 386 do
CPP e não apenas aqueles concernentes à inexistência do fato ou negativa de autoria (inciso I e
IV). 25
 ATENÇÃO:
Em 27/12/2022, a eficácia desse §4º do art. 21 da Nova LIA foi suspensa em decisão monocrática
do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad referendum, do Plenário do STF. Pontuou o
Ministro que “Consagrada no § 4º do art. 37 da Constituição Federal, segundo o qual “os atos de
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”, a independência de instâncias exige tratamentos
sancionatórios diferenciados entre os atos ilícitos em geral (civis, penais e político-administrativos)
e os atos de improbidade administrativa. (...) a comunicabilidade ampla pretendida pela norma
questionada acaba por corroer a própria lógica constitucional da autonomia das instâncias, o que
indica, ao menos em sede de cognição sumária, a necessidade do provimento cautelar”.

Por fim, não custa relembrar que o novo diploma normativo prima pela vedação do bis in
idem. Nesse sentido, sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser
compensadas com as sanções aplicadas nos termos da Lei de Improbidade (§5º do art. 21 da
LIA).
8. INDISPONIBILIDADE DE BENS

INDISPONIBILIDADE DE BENS: é medida que visa a permitir o ressarcimento daquilo que o agente
se utilizou para se locupletar ilicitamente, ou também para ressarcir o dano causado ao erário.
Não se trata, portanto, de sanção, mas de medida de natureza cautelar.
Aplicação das regras de tutela de urgência do CPC: o pleito de indisponibilidade de bens

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poderá ser formulado em caráter antecedente ou incidente, independentemente da
representação de que trata o art. 7º da LIA.
SUPERAÇÕES JURISPRUDENCIAIS
(1) Não há mais dispensa do periculum in mora. A Nova LIA prescreve que o pedido de
indisponibilidade de bens será deferido mediante a demonstração no caso concreto de perigo
de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, desde que o juiz se convença da
probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com fundamento nos
respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias (art. 16, §3º, da LIA).
Não há falar, portanto, em dispensa do requisito do periculum in mora, uma vez que o pedido de
indisponibilidade consiste em tutela de urgência e não em tutela de evidência, conforme
entendia o STJ sob a égide da regulamentação anterior24.
(2) O deferimento com oitiva prévia é a regra. O deferimento liminar da medida só é possível 26
quando o contraditório prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou
houver outras circunstâncias que recomendem a proteção liminar.
(3) Em regra, não se torna indisponível bem de família. A Lei 14.230/2021 estabeleceu que é
vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado que
o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º da LIA.

(4) Enquanto o diploma processual confere primazia à penhora de dinheiro, a Lei 14.230/2021
estabelece que o bloqueio de contas bancários deverá ser a última medida a ser tomada, de
forma a garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo
do processo (§11 do art. 16 da LIA).

(5) A indisponibilidade não deve incidir sobre o valor aplicado a título de multa. O §10 do
art. 16 da LIA prescreveu que “a indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem incidir sobre os valores a

24STJ. 1ª Seção. REsp 1366721/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Min. Og Fernandes, julgado
em 26/02/2014 (recurso repetitivo).
serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial
decorrente de atividade lícita”. Logo, o valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
dano indicada na petição inicial, conforme se depreende do §6º do art. 16 da LIA

9. CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO NAS AÇÕES DE


IMPROBIDADE

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


Em 05/2021, o STJ decidiu que “a decisão interlocutória proferida no bojo de uma ação de
improbidade administrativa pode ser impugnada por agravo de instrumento, com base no art. 19,
§1º, da Lei nº 4.717/65, ainda que a hipótese não esteja prevista no rol do art. 1.015 do CPC”.

Para a Nova LIA, caberá agravo de instrumento em face das seguintes decisões:

Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à indisponibilidade de bens (§9º do art. 16 da
LIA);
Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação (§9º-A do
art. 17 da LIA);
Da decisão que converter a ação de improbidade em ação civil pública (§17 do art. 17 da LIA);
27
10. DO PROCESSO JUDICIAL

ASPECTOS GERAIS

A Lei 14.230/2021 excluiu a legitimidade da pessoa jurídica


interessada para propor ação de improbidade administrativa,
tornando o Ministério Público legitimado exclusivo para tanto.
Aquela, porém, nos termos da lei, seria apenas intimada para,
caso quisesse, intervir no processo, conforme previsão do §14
do art. 17 da LIA. Ocorre que o Plenário do STF, no julgamento
LEGITIMIDADE das ADIs 7042/DF e 7043/DF, declarou “a inconstitucionalidade
parcial, sem redução de texto, do caput e dos §§ 6º-A e 10-C
do art. 17, assim como do caput e dos §§ 5º e 7º do art. 17-B,
da Lei 8.429/1992, na redação dada pela Lei 14.230/2021, de
modo a restabelecer a existência de legitimidade ativa
concorrente e disjuntiva entre o Ministério Público e as
pessoas jurídicas interessadas para a propositura da ação
por ato de improbidade administrativa e para a celebração
de acordos de não persecução civil25”. Na decisão, o Pretório
Excelso também declarou a inconstitucionalidade do art. 3º
da Lei 14.230/2021, que comandava o prosseguimento pelo
Ministério Público das ações de improbidade ajuizadas pela
Fazenda Pública, inclusive em âmbito recursal, caso o órgão

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


ministerial manifestasse interesse em 01 ano da publicação da
lei, sob pena de extinção do feito sem exame do mérito. Por
fim, em consequência dessa mesma decisão, a Suprema Corte
declarou a constitucionalidade do § 14 do art. 17 da Lei
8.429/1992 e do art. 4º, X, da Lei 14.230/2021, que revogou
vários parágrafos do art. 17 da LIA.
Sui generis: a ação por improbidade administrativa é
repressiva, de caráter sancionatório, destinada à aplicação de
sanções de caráter pessoal, e não constitui ação civil, vedado
seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas
NATUREZA JURÍDICA
públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e 28
individuais homogêneos”.
A ação de improbidade deverá ser proposta perante o foro do
local onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica prejudicada,
circunstância em que prevenirá a competência do juízo para
COMPETÊNCIA todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (§§4º e 5º-A do art.
17 da LIA).
O STJ já entendia que a ação de improbidade administrativa,
além das condições genéricas da ação, exige ainda a presença
da justa causa (STJ, REsp 952.351). Essa justa causa é o
JUSTA CAUSA conjunto de elementos sólidos que permitam a constatação da
tipicidade da conduta e a viabilidade da acusação.

25
STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/8/2022 (Info 1066) –
grifo nosso.
A qualquer momento, se o magistrado identificar a existência de
ilegalidades ou de irregularidades administrativas a serem
sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para a
POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo
EM ACP da demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação
de improbidade administrativa em ação civil pública, regulada

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (§16 do art. 17 da
LIA).

10.1. PROCEDIMENTO

PROCEDIMENTO: aplicável será o rito comum previsto no CPC/2015, com as ressalvas


processuais expressamente previstas na LIA (art. 17 da LIA).
Além de observar as prescrições legais do CPC/2015, a petição
inicial da ação de improbidade deverá individualizar a conduta
do réu e apontar os elementos probatórios mínimos que
demonstrem a ocorrência das hipóteses dos arts. 9º, 10 e 11 e 29
de sua autoria, salvo impossibilidade devidamente
fundamentada.
Além disso, a peça inicial será instruída com documentos ou
PETIÇÃO INICIAL
justificação que contenham indícios suficientes da veracidade
dos fatos e do dolo imputado ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada as disposições relativas aos deveres das partes e
acerca da litigância de má-fé previstas no CPC (art. 17, §6º, I e
II, da LIA).
O STJ entende que é suficiente a demonstração de indícios
razoáveis de prática de atos de improbidade e autoria para que
RECEBIMENTO DA INICIAL:
se determine o processamento da ação, em obediência ao
PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO
princípio do in dubio pro societate, a fim de possibilitar maior
SOCIETATE
resguardo do interesse público26.

26 STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1609723/MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/09/2021.
Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a
contestem no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o
prazo na forma do art. 231 do CPC.
CONTESTAÇÃO
ATENÇÃO: a nova legislação suprimiu a fase de defesa prévia e
o juízo de delibação previstos anteriormente nos §§7º e 8º do

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


art. 17 da LIA.
Se for possível a solução consensual do conflito, poderão as
INTERRUPÇÃO DO PRAZO DE partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a
CONTESTAÇÃO PARA contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias (§10-A
VIABILIZAR AUTOCOMPOSIÇÃO do art. 17 da LIA).
Após a réplica e antes da produção de provas, o juiz proferirá
decisão que indicará, com precisão, a tipificação do ato de
DECISÃO DE ESPECIFICAÇÃO improbidade administrativa que está sendo imputado ao réu,
DAS CONDUTAS sendo-lhe proibido modificar o fato principal e a capitulação
legal apresentada pelo autor (§10-C).

Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de


improbidade administrativa que condenar o requerido por tipo
30
diverso daquele definido na petição inicial (art. 17, §10-F, I, da
LIA)

De igual maneira, será nula a decisão de mérito total ou parcial


DECISÃO DE MÉRITO que condenar o requerido sem a produção das provas por ele
tempestivamente especificadas (art. 17, §10-F, II, da LIA).

ATENÇÃO: Em qualquer momento do processo, o juiz deverá


julgar a demanda improcedente se verificada a inexistência do
ato de improbidade. (§11 do art. 17 da LIA).

Como decorrência do princípio da proporcionalidade e da


individualização das penalidades, o art. 17-C da LIA previu
FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO regras próprias de fundamentação da sentença condenatória
DE MÉRITO para além daquelas previstas no art. 489 do CPC. Vide art. 17-
C da LIA.
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com
outras já impostas em outros processos, tendo em vista a
eventual continuidade de ilícito ou a prática de diversas
ilicitudes, observado o seguinte:

I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


CONCURSO MATERIAL DE ATOS sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma
DE IMPROBIDADE E INFRAÇÃO das penas, o que for mais benéfico ao réu;

CONTINUADA
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo
sujeito, o juiz somará as sanções.

Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos


políticos e de proibição de contratar ou de receber incentivos
fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite
máximo de 20 (vinte) anos.

31
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL

Pode ocorrer no curso da investigação, no curso do processo


POSSIBILIDADE DE
de conhecimento ou até mesmo no momento da execução da
CELEBRAÇÃO DE ACORDO DE
sentença condenatória (art. 17-B da LIA).
NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL

As negociações ocorrerão entre o MP e/ou as pessoas jurídicas


AGENTES ENVOLVIDOS interessadas, de um lado, e o investigado ou demandado e o
seu defensor, de outro.

oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou


posterior à propositura da ação;

aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão


PRESSUPOSTOS CUMULATIVOS
do Ministério Público competente para apreciar as promoções
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento
da ação;
homologação judicial, independentemente de o acordo
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de
improbidade administrativa.

- Integral ressarcimento do dano. O art. 17-B, §3º, da Nova


LIA dispõe que “Para fins de apuração do valor do dano a ser

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas
competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros
utilizados, no prazo de 90 (noventa) dias”. Não obstante, em
27/12/2022, a eficácia desse §3º do art. 17-B da Nova LIA foi
suspensa em decisão monocrática do Ministro Alexandre de
Moraes na ADI 7.236/DF, ad referendum, do Plenário do STF.
RESULTADOS PRETENDIDOS
Pontuou o Ministro que “a norma aparenta condicionar o
(BASTA ALCANÇAR PELO
exercício da atividade-fim do Ministério Público à atuação da
MENOS UM)
Corte de Contas, transmudando-a em uma espécie de ato
complexo apto a interferir indevidamente na autonomia
funcional constitucionalmente assegurada ao órgão ministerial”.
32
- Reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
obtida, ainda que oriunda de agentes privados.

Da mesma forma que ocorre com o acordo de leniência


celebrado no âmbito da Lei Anticorrupção, o acordo de não
persecução cível poderá contemplar a adoção de mecanismos
e procedimentos internos de integridade, de auditoria e de
incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de
PROGRAMA DE COMPLIANCE
códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se
for o caso, bem como de outras medidas em favor do interesse
público e de boas práticas administrativas (§6º do art. 17-B da
LIA).

PECULIARIDADES DO PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE

No âmbito da improbidade, por se tratar de ação sui generis e


INAPLICABILIDADE DOS
EFEITOS MATERIAIS DA de caráter punitivo, não se aplica o efeito material da revelia,
REVELIA conforme art. 17, §19, I, da LIA.

A Lei 14.230/2021 expressamente inadmitiu a aplicação da


INAPLICABILIDADE DA TEORIA
distribuição dinâmica do ônus da prova para as ações de
DA CARGA DINÂMICA DO ÔNUS
improbidade administrativa, conforme se depreende do art.
DA PROVA
17, §19, II, da LIA.

LEONARDO VIEIRA DE SOUZA - 413.562.568-13


A Lei 14.230/2021, em superação da jurisprudência do STJ e
por considerar que a ação de improbidade não constitui ação
AUSÊNCIA DE REMESSA civil, consignou que não haverá remessa necessária nas
NECESSÁRIA sentenças de que trata a Lei de Improbidade, sejam elas de
improcedência ou sejam de extinção sem resolução de mérito.

Para ajuizar ação de improbidade ou para celebrar acordo de


não persecução cível, não haverá adiantamento de custas, de
preparo, de emolumentos, de honorários periciais e de

33
DESPESAS PROCESSUAIS quaisquer outras despesas.

Apenas no caso de procedência da ação, as custas e despesas


processuais deverão ser pagas ao final pelo(s) acusado(s).

A condenação em honorários advocatícios, por sua vez, só se


faz possível quando a ação de improbidade for improcedente e
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
se comprovada a má-fé do MP (§ 2º do art. 23-B da LIA).

11. PRESCRIÇÃO

PRESCRIÇÃO
Com a Lei 14.230/2021, foi estabelecido o prazo geral de 8
(oito anos), contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso
de infrações permanentes, do dia em que cessou a
PRAZO GERAL E TERMO INICIAL
permanência, independentemente da categoria do agente
público (art. 23 da LIA).
A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo
para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso
do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
CAUSA SUSPENSIVA dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou,
caso não concluído o processo, esgotado o prazo de
suspensão (§1º do art. 23 da LIA).

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1) ajuizamento da ação de improbidade administrativa ;

2) publicação da sentença condenatória;

3) publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou


Tribunal Regional Federal que confirma sentença condenatória
ou que reforma sentença de improcedência;

4) publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de


Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
CAUSAS INTERRUPTIVAS acórdão de improcedência;

5) publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal


Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma
34
acórdão de improcedência.

ATENÇÃO: diferentemente do que ocorre no âmbito cível, a


interrupção da prescrição prevista na Lei 14.230/2021 não faz o
prazo recomeçar do zero, mas pela metade (4 anos), conforme
o §5º do art. 23 da LIA.

No interregno de cada marco interruptivo (ajuizamento da ação,


sentença condenatória etc.) não pode ser ultrapassado o prazo
de quatro anos, sob pena de ser decretada a prescrição
intercorrente, a qual poderá ser proferida de ofício ou a
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
requerimento da parte interessada (§8º do art. 23 da LIA).

O MP deve, porém, ser ouvido antes da declaração da


prescrição intercorrente.
A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos
em face de todos aqueles que concorrerem para a prática do
EFEITOS DA SUSPENSÃO E ato de improbidade, bem como em desfavor de todos os atos
INTERRUPÇÃO de improbidade conexos que estejam sendo apurados no
mesmo processo (§§ 6º e 7º do art. 23 da LIA).

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O novo regime prescricional da LIA é irretroativo, aplicando-
se os novos marcos temporais a partir da publicação da Lei
IRRETROATIVIDADE
14.230/2021 (26/10/2021)27.

12. QUESTÕES ADAPTADAS PARA A LEI 14.230/2021

1. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 2) A


União, por intermédio do Ministério da Saúde, firmou convênio com um município
catarinense para a construção de um hospital materno-infantil. Por meio desse convênio, a
União repassou ao município sessenta milhões de reais, enquanto o município deveria, a
título de contrapartida, investir seis milhões de reais na obra. Considerando a grande
relevância do hospital para a comunidade local, o prefeito decidiu contratar diretamente a 35
empresa responsável pela construção.
Na apreciação de uma eventual lide referente ao cometimento de ato de improbidade
administrativa pelo prefeito, o juiz poderá conceder, caso o autor da ação de improbidade
administrativa assim tenha requerido, tutela antecipada para suspender os direitos políticos do
prefeito, se houver fortes indícios de seu locupletamento.

2. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 1) Julgue


o item seguinte, com base na Lei n.º 8.429/1992 — Lei de Improbidade Administrativa.
Admite-se a modalidade culposa para a caracterização de ato de improbidade administrativa que
resulte em lesão ao erário.

3. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 1) Julgue


o item seguinte, com base na Lei n.º 8.429/1992 — Lei de Improbidade Administrativa.
De acordo com a referida lei, constitui ato de improbidade administrativa a ação ou omissão para

27STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/8/2022 (Repercussão Geral – Tema
1.199) (Info 1065).
conceder benefício financeiro ou tributário indevido.

4. (FCC - 2021 - DPE-BA - Defensor (A) Público (A) Conforme o disposto na Lei n°
8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), o agente público tem sua posse e exercício
condicionados à apresentação de declaração de bens e valores que compõem seu
patrimônio privado, que deve ser anualmente atualizada, sob pena de

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A) quaisquer das sanções previstas em seu regramento disciplinar, a depender da recusa apurada
em procedimento contraditório próprio, considerados seus antecedentes funcionais.
B) pagamento de multa em favor dos cofres públicos, na esfera federativa a qual atende.
C) suspensão, com duração até a entrega efetiva da declaração ou até o prazo máximo de 20
(vinte) dias.
D) demissão, a bem do serviço público, caso se recuse a fazê-lo, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis.
E) censura, desde que apresente a declaração em até 15 (quinze) dias de sua notificação formal.

5. (CESPE / CEBRASPE - 2020 - MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial) Lúcio,


conselheiro de tribunal de contas estadual, Pierre, prefeito de município, e Mário,
desembargador de tribunal de justiça estadual, cometeram ato de improbidade 36
administrativa, previsto na Lei n.º 8.429/1992.
Nessa situação hipotética, no âmbito do Poder Judiciário, deverá ocorrer o processamento
e julgamento em 1.ª instância de
A) Lúcio, Pierre e Mário.
B) Lúcio e Pierre, somente.
C) Lúcio e Mário, somente.
D) Pierre e Mário, somente.
E) Pierre, somente.

6. (CESPE / CEBRASPE - 2020 - MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial) Servidor


público estadual usou, em proveito próprio, veículo da administração pública estadual,
para fins particulares. Nesse caso, a conduta do servidor
A) configura ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito, se tiver havido
dolo.
B) configura ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário, mesmo que não tenha
havido dolo.
C) configura ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios administrativos,
mesmo que não tenha havido dolo.
D) não configura ato de improbidade administrativa, porque a Lei de Improbidade Administrativa
não se aplica à esfera estadual.
E) não configura ato de improbidade administrativa, por ausência de tipificação expressa na Lei de
Improbidade Administrativa.

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7. (CESPE - 2019 - MPC-PA - Procurador de Contas) Considerando as disposições da Lei n.º
8.429/1992 e a jurisprudência do STJ, julgue o item a seguir.
Admite-se a decretação da prescrição intercorrente em ação de improbidade administrativa.

8. (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Contagem - MG - Procurador


Municipal) O art. 37, § 4º da Constituição da República dispõe que os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário. Analise as seguintes afirmativas
sobre a Lei Federal nº 8.429/1992 e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas:
( ) Os agentes políticos sujeitos ao Decreto-Lei nº 201/67, que define os crimes de
responsabilidade, não se sujeitam às sanções da lei de improbidade administrativa, sob
pena de configurar bis in idem. 37
( ) O gestor que teve suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas competente pode
sofrer as penalidades da lei de improbidade administrativa.
( ) As sanções previstas na lei de improbidade podem ser aplicadas, também, pelo Tribunal
de Contas competente, salvo a perda de função pública, pois a Lei nº 8.429/1992 exige
sentença judicial transitada em julgado.
( ) As modalidades de atos de improbidade da Lei nº 8.492/1992 exigem o elemento
subjetivo, consubstanciado no dolo, não se admitindo a responsabilidade objetiva do
agente.
Assinale a sequência correta:
A) F V F
B) V F V F
C) F F V V
D) V V F V

9. (MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto) Assinale a alternativa correta.


A) A aplicação da sanção de perda da função pública depende do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
B) A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrava só pode ocorrer após o
pronunciamento do Tribunal de Contas sobre o ato impugnado.
C) A sanção de suspensão dos direitos políticos pode ser executada provisoriamente.
D) A aplicação das sanções aos atos de improbidade administrativa depende da efetiva ocorrência
de dano ao patrimônio público.
E) O afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, quando a medida

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se fizer necessária à instrução processual, impõe a suspensão da respectiva remuneração.

10. (Ano: 2019 Banca: Instituto Consulplan Órgão: MPE-SC Prova: Instituto Consulplan -
2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Vespertina) De acordo com o art. 3ª da Lei de
Improbidade Administrativa, as disposições daquela lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta ou indireta. Assim, é viável a
responsabilização exclusivamente contra particular, sem a presença do agente no
cometimento do ato, tido como ímprobo.

Gabarito: 1.E / 2.E / 3.C / 4.D / 5.A / 6.A / 7.C / 8.A / 9.A / 10.E

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ANOTAÇÕES
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