Você está na página 1de 50

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/201

RESPOSTAS DO RÉU E
IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO DO JUIZ
Sumário

1. Introdução:........................................................................................................................................................4
2. Espécies de respostas:......................................................................................................................................6
2.1. Típicas:.......................................................................................................................................................7
2.2. Atípicas:......................................................................................................................................................7
3. Classificação de defesas:...................................................................................................................................7
3.1. Teoria de Gaio:...........................................................................................................................................8
3.2. Teoria das exceções (defesas “lato sensu”):.............................................................................................9
4. Contestação:.....................................................................................................................................................9
4.1. Princípios regentes:..................................................................................................................................10
4.2. Prazo:.......................................................................................................................................................15
4.3. Espécies de defesa:..................................................................................................................................18
4.4. Conteúdo da contestação:.......................................................................................................................19
4.5. Preliminares:............................................................................................................................................19
5. Reconvenção:..................................................................................................................................................25
5.1. Prazo:.......................................................................................................................................................27
5.2. Requisitos da reconvenção:.....................................................................................................................27
5.3. Reconvenção e os limites subjetivos da demanda:.................................................................................29
5.4. Reconvenção, pedido contraposto e ação de natureza dúplice:............................................................30
6. Revelia e seus efeitos:.....................................................................................................................................30
7. ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO:..............................................................................................35
7.1 Introdução:................................................................................................................................................35
7.2. Impedimento:..........................................................................................................................................35
7.3 Suspeição:.................................................................................................................................................36
7.4 Aspectos processuais:...............................................................................................................................37
7.5 Parcialidade do Membro do MP, dos auxiliares da Justiça e dos demais sujeitos do processo:.............38
7.6 Eficácia externa da decisão sobre suspeição e impedimento:.....................................................................39
7.7 Impedimento ou suspeição provocados:......................................................................................................39
ENUNCIADOS NCPC.............................................................................................................................................40
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................41
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO.....................................................................................................45
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA...................................................................................................................................45
ATUALIZADO EM 06/12/20221

RESPOSTAS DO RÉU2

1. Introdução:

O réu, integrado à relação jurídica processual por meio da citação 3, passa a ter ciência da existência da
demanda movida contra ele. Ainda, acompanhando a citação, haverá também a intimação ao réu para que,
querendo, apresente sua resposta no prazo legal.

#SELIGA¹: A citação não é pressuposto de existência do processo porque antes da citação já há processo.

#SELIGA²: A falta de citação de réu em litisconsórcio necessário unitário passivo torna a sentença passível de
nulificação a qualquer tempo (querela nulitatis – ação transrescisória).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A habilitação de advogado em autos eletrônicos não é suficiente


para a presunção de ciência inequívoca das decisões, sendo inaplicável a lógica dos autos físicos . A lógica da
presunção de ciência inequívoca do conteúdo de decisão constante de autos físicos, quando da habilitação de
advogado com a carga do processo, não se aplica nos processos eletrônicos. Para ter acesso ao conteúdo de
decisão prolatada e não publicada nos autos eletrônicos, o advogado deverá acessar a decisão, gerando,
automaticamente, informação no movimento do processo acerca da leitura do conteúdo da decisão. STJ. 3ª
Turma. AgInt no REsp 1.592.443-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 17/12/2018 (Info 642).

#OLHAOGANCHO: EFEITOS DA CITAÇÃO

Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa
a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 do Código Civil.
§1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.

1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
2
Por Tássia Neumann e Bruna Daronch.
3
Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação
processual.
§2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob
pena de não se aplicar o disposto no §1º.
§3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§4º O efeito retroativo a que se refere o §1º aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos
em lei.

A citação só induz a litispendência em relação ao réu. Para o autor, já existe litispendência e a coisa já se
tornou litigiosa desde a propositura da demanda.

A citação também possui um efeito preclusivo: impede o autor de alterar o pedido ou a causa de pedir, ou
aditar a demanda, independentemente do consentimento do réu (art., 329, I).

#OBS: Constituição em mora, pela citação, dá-se no caso de cobrança de dívidas negociais sem termo certo
para pagamento, em relação às quais o devedor não tenha sido constituído em mora pela prática de outro ato
anterior (exemplo: interpelação).

O despacho que ordena a citação é que interrompe a prescrição. A data da interrupção, porém, será a da
propositura da ação.

Não é qualquer despacho liminar (ex: emenda, indeferimento de petição inicial) que interrompe a prescrição.
Deve haver um juízo positivo, ainda que precário, da admissibilidade da causa, convocando o réu ao processo.
Despacho que determina a emenda da petição inicial, por exemplo, não interrompe a prescrição, tampouco a
sentença que indeferiu a petição inicial.

 Eventual extinção do processo sem resolução do mérito, após a citação, não impede que se considere
interrompida a prescrição.

#ATENÇÃO: “Adotar as providências necessárias” (§2º) significa juntar cópia da petição inicial para ser
encaminhada ao réu, adiantar as despesas com a citação e indicar o endereço do réu. Se não o fizer, a
prescrição só será interrompida quando a citação se realizar (e não na data da propositura).

Resposta do réu: dever ou ônus?


É tradicional a afirmação de que a resposta do réu constitui um ônus processual, considerando-se que o
réu somente se manifestará se essa for sua vontade, que determinará também a forma de reação. A inércia do
réu, algo absolutamente admissível no processo civil, gerará em regra a sua revelia, fenômeno ligado à
inexistência jurídica de contestação, com as limitações previstas pelo art. 345 do Novo CPC.

Posto isso, faz-se necessário diferenciar os seguintes termos:

a) Dever: É uma sujeição passiva que pode ser imposta e cujo cumprimento não acarreta a sua
extinção. Por outro lado, o descumprimento poderá acarretar eventual sanção. Ex: dever de boa-fé processual
(CPC, art. 5º) – sanção em razão do não cumprimento: CPC, art. 81 (penas da litigância de má-fé).

Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser
superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária
pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu
respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o
valor do salário-mínimo.
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por
arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

b) Obrigação: é uma sujeição passiva cujo cumprimento pode ser imposto, porém, o seu cumprimento
extingue a sujeição. Ex: pagamento de custas processuais – é uma sujeição e o cumprimento pode ser
imposto.

c) Ônus: também é uma sujeição. Contudo, não pode ser imposta, apesar de o seu não cumprimento
prejudicar aquele que deveria tê-lo praticado. A doutrina afirma que o ônus é o imperativo do próprio
interesse. Você pratica, se quiser, mas, caso não pratique, sofrerá o prejuízo. Ex: defesa no âmbito processual
civil4 é ônus - não sendo praticada, o réu sofrerá as consequências de não ter se defendido, como por exemplo:
revelia, deixará de ser intimado dos atos processuais, etc.

2. Espécies de respostas:
4
Diferente da defesa no processo penal, que é obrigatória.
Resposta do réu é uma designação genérica (qualquer manifestação que o réu faça sobre a demanda).

Não confundir resposta do réu (gênero) com defesa ou contestação (espécie).

A resposta do réu tem lugar após a audiência preliminar de conciliação ou mediação, quando esta
frustra seus objetivos ou quando não é o caso de sua designação.

#SELIGA: São variações do gênero “Resposta do Réu”:

- Responder a demanda reconhecendo o pedido;


- Responder a demanda, contestando;
- Reconvir;
- Alegar impedimento ou suspeição do juiz;
- Ser revel;
- Solicitar o desmembramento do litisconsórcio multitudinário ativo;

#OBS: O NCPC alterou o rol de respostas do réu. No CPC/73, havia ainda impugnação ao valor da causa,
alegação de incompetência relativa e pedido de revogação da justiça gratuita. Estas três possibilidades
desapareceram porque agora podem ser realizados em preliminar, no bojo da contestação.

2.1. Típicas:

São aquelas previstas na lei como tal. No sistema brasileiro, temos duas modalidades de resposta típica:
contestação e a reconvenção.

2.2. Atípicas:

São as respostas não previstas na lei como tais. Ex: Reconhecimento jurídico do pedido (CPC, art. 487,
III); intervenções de terceiros (denunciação da lide, chamamento ao processo).

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...)


III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

3. Classificação de defesas:

Existem duas maneiras de se classificar a defesa. A primeira, antiga, denominada Teoria de Gaio, e a
segunda, mais moderna, denominada Teoria das Exceções.

3.1. Teoria de Gaio:

Para esta teoria temos dois tipos de defesa: a defesa processual ou contra a admissibilidade e a defesa
de mérito ou substancial.

a) Defesa processual (contra a admissibilidade) (CPC, art. 337): a defesa processual é a que ataca
elementos da relação jurídica processual. Não se discute aqui sobre o direito material. São apontados apenas
os vícios ou restrições à relação jurídica processual. Há dois tipos de defesas processuais:

(i) Própria/peremptória: É a defesa que objetiva extinguir o processo sem a análise do mérito. Ex: falta
de condição da ação; falta ou presença de pressupostos processuais negativos; falta de caução.

(ii) Imprópria/dilatória: objetiva retardar/dificultar o trâmite processual. Não é considerada litigância de


má-fé, mas sim a apresentação de elementos dificultadores lícitos, previstos em lei. Ex: alegação de conexão,
de continência, de incompetência absoluta, impugnação à justiça gratuita. O acolhimento dessas defesas
dificulta, embaraça, atrasa o desenvolvimento da relação jurídica processual.

b) Defesa de mérito (ou substancial) (CPC, art. 336) (direta ou indireta): Há a saída do plano da relação
jurídica processual para o plano de direito material. Há dois tipos de defesa de mérito:

(i) Direta: o réu nega os fatos e/ou as consequências jurídicas dos fatos alegados pelo autor. Ex: autor
ajuíza ação cobrando R$ 10 mil e o réu contesta, alegando que: não deve (negam-se os fatos); ou que o
negócio jurídico consistiu em uma doação (negam-se as consequências jurídicas do fato alegado pelo autor).

(ii) Indireta: o réu confirma os fatos e/ou as consequências jurídicas dos fatos alegados pelo autor, mas
apresenta novos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. Ex: autor ajuíza ação
cobrando R$ 10 mil e o réu contesta, alegando que pegou emprestado (confirma o fato e as consequências
jurídicas), mas alega que: fez o pagamento parcial (fato modificativo); ocorreu compensação (fato
modificativo); a dívida não venceu (fato impeditivo); ocorreu a prescrição (fato extintivo).

Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de
direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

3.2. Teoria das exceções (defesas “lato sensu”):

Exceções (processuais e de mérito) são defesas que dependem de provocação da parte, isto é, o Juiz
não pode conhecer de ofício. Além disso, a sua omissão no prazo estabelecido, como regra, acarreta a
preclusão. As exceções podem ser divididas em:

a) Exceções processuais: visam atacar a admissibilidade da ação. Ex: incompetência relativa; convenção
de arbitragem.

b) Exceções de mérito: visam atacar o próprio direito material. Ex: pagamento; compensação;
imputação; dação em pagamento.

#OLHAOSUPERGANCHO: ESTUDO DA PRECLUSÃO

1. Conceito: Preclusão é a perda de um poder jurídico processual. Sempre que se perde um poder jurídico-
processual, ocorre a preclusão. Se o poder jurídico que se perde é um poder atribuído às partes (alegar,
contestar, recorrer), é preclusão para as partes. Se o poder é um poder do juiz, preclui para o juiz. Então
atinge todos os sujeitos do processo.

2. Fundamentos da preclusão: Não existe processo sem preclusão. A preclusão faz com que o processo siga,
evita retrocessos processuais. É uma técnica processual que serve a alguns princípios, isto é, há princípios que
se concretizam pela preclusão, pois a preclusão serve para a proteção da confiança; para a boa-fé (impedindo
que as partes criem estratégias processuais que comprometam a boa-fé) e para a duração razoável do
processo (com a preclusão permite-se que o processo avance). Esses três princípios são os fundamentos da
preclusão.

3. Espécies de preclusão: A doutrina costuma identificar três espécies de preclusão: temporal, lógica e
consumativa.
A temporal é a perda de poder processual relacionado ao descumprimento dos prazos, à perda dos prazos.
Como os prazos para o juiz seriam impróprios, afirma-se que a preclusão temporal se aplica somente às partes.
Mas há um caso de preclusão temporal para o juiz: quando o STF vai analisar a repercussão geral do RE, os
Ministros têm 20 dias para se manifestarem. Caso não se manifestem, há repercussão geral.

A lógica é quando se perde o poder processual em razão de um ato anterior seu que com este poder é
incompatível. Ora, já vimos isso: decorre da proibição de comportamentos contraditórios: Nemo potest venire
contra factum proprium.

A consumativa é a perda de um poder processual em razão do exercício desse poder. O juiz pode julgar:
julgou, não pode julgar de novo.

Essas três espécies de preclusão decorrem de atos LÍCITOS. Não há ilicitude em perder o prazo, por exemplo,
mas perde o direito de recorrer. Não há ilicitude em aceitar a decisão, mas não pode mais recorrer. Então a
doutrina tradicional costuma dizer que preclusão não é sanção, porque ela decorre de ato lícito. Essa é a visão
tradicional.

#CEREJADOBOLO: Preclusão-sanção. Contudo, existe uma quarta espécie de preclusão: a preclusão-sanção. A


preclusão como punição a um ilícito. Um exemplo claro ocorre nos casos e que o juiz demora demais para
julgar: perde o direito de julgar! Perde a competência em razão de um ilícito: a demora irrazoável do processo.
É possível, pois, falar em preclusão como sanção, mas não seria nem temporal, nem lógica nem consumativa.
Trata-se de uma nova espécie do gênero preclusão.

4. Contestação:

É, por excelência, a peça de defesa do réu, por meio da qual se tem a oportunidade de se contrapor ao
pedido inicial. Nela, concentrará todos os argumentos de resistência à pretensão formulada pelo autor, salvo
aqueles que devem ser objeto de incidente próprio.

A contestação não amplia os limites objetivos da lide, aquilo que o Juiz terá de decidir no dispositivo da
sentença. Tampouco o que nela contém serve para identificar a ação, pois tanto o pedido quanto a causa de
pedir são definidos e determinados na petição inicial. Somente os fundamentos de fato e de direito que
embasam o pedido inicial constituem a causa de pedir, não os fundamentos da defesa, o que é de grande
relevância para a identificação das ações e terá importantes consequências em relação aos fenômenos da
litispendência e da coisa julgada.
Entretanto, a contestação amplia a cognição do juiz, uma vez que, na sentença, ele terá de examinar
não apenas os fundamentos da pretensão inicial, mas os de defesa.

#ATENÇÃO: A regra é de que na contestação o réu não possa formular pedidos contra o autor, exceto o de que
as pretensões dele sejam desacolhidas. Se quiser apresentar pedidos de outra natureza, terá de valer-se da
reconvenção. Mas há ações — denominadas dúplices — em que o réu pode valer-se de contestação não só
para se defender, mas também para formular pretensões em face do autor, sem que haja a necessidade da
reconvenção. Ex: Ações possessórias5.

4.1. Princípios regentes:

a) Princípio da eventualidade (CPC, art. 336): estabelece que compete ao réu, na contestação,
concentrar toda a matéria de defesa, ainda que os eventos narrados sejam incompatíveis entre si. Ex: O réu
alega não dever ao autor e alega a inépcia da inicial.

Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de
direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

A eventualidade, contudo, é lícita, mas deve ser relativizada, já que há a obrigação de respeito à boa-fé
(CPC, art. 5º), sob pena de litigância de má-fé (CPC, art.80). Ex: em uma ação de cobrança, o réu alega: (1) não
conheço o autor; (2) se eu conhecia o autor, não peguei o dinheiro emprestado; (3) se peguei o dinheiro
emprestado, não devo; (4) se devo, não tenho que pagar correção monetária.

Tal princípio comporta três exceções, previstas no art. 342 do CPC, onde o réu poderá alegar matéria de
defesa após a contestação:

Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.

(i) Relativas a direito ou a fato superveniente: nessa hipótese, não havia como o fato ser alegado na
contestação porque o evento aconteceu depois. Ex: mudou a lei; aconteceu algo novo no curso do processo.
5
Calma, alunos Cicleiros, vamos desenvolver mais isso nos próximos tópicos.
(ii) Competir ao Juiz conhecer delas de ofício: são as objeções. O momento oportuno é na contestação,
mas como o juiz pode se manifestar de ofício, a matéria não preclui. Ex: na fase probatória, o réu alega que o
autor é parte ilegítima; na véspera da sentença, o réu alega prescrição.

(iii) Por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição:
Ex: decadência convencional – artigo 211 do CC/02.

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

b) Princípio da impugnação específica dos fatos (CPC, art. 341): segundo o art. 341 do Novo CPC, serão
presumidos verdadeiros os fatos que não sejam impugnados especificamente pelo réu em sua contestação. A
impugnação específica é um ônus do réu de rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os
quais não concorda, tornando-os controvertidos e em consequência fazendo com que componham o objeto
da prova. O momento de tal impugnação, ao menos em regra, é a contestação, operando-se preclusão
consumativa se apresentada essa espécie de defesa o réu deixar de impugnar algum(ns) do(s) fato(s)
alegado(s) pelo autor.

Ressalte-se que o ônus da impugnação específica não se aplica ao advogado dativo, curador especial e
ao defensor público, que podem elaborar a contestação com fundamento em negativa geral, instituto que
permite ao réu uma impugnação genérica de todos os fatos narrados pelo autor, sendo tal forma de reação o
suficiente para tornar todos esses fatos controvertidos (art. 341, parágrafo único, do Novo CPC).

Mesmo que o réu não possa se valer da negativa geral, o art. 341 do Novo CPC, em seus três incisos,
prevê exceções ao princípio da impugnação específica dos fatos, impedindo que um fato alegado pelo autor
que não tenha sido impugnado especificamente seja presumido verdadeiro:

(i) Fatos a cujo respeito não se admite a confissão (direitos indisponíveis);


(ii) Petição inicial desacompanhada de instrumento público que a lei considere da substância do ato (por
exemplo, certidão de casamento, certidão de óbito);
(iii) Fatos que estejam em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

O art. 341 do CPC traz quatro exceções a este princípio. São hipóteses que, por questão lógica,
dispensam o réu do dever de impugnar todos os fatos alegados na inicial:
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato
constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu II - a petição inicial não estiver III - estiverem em contradição
respeito, a confissão; acompanhada de instrumento com a defesa, considerada em
que a lei considerar da seu conjunto.
substância do ato;
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público,
ao advogado dativo e ao curador especial.

O curador especial e o advogado dativo, na maioria das vezes, não têm acesso imediato ao réu, o que
permite a elaboração de uma defesa genérica.

Fredie Didier entende que a defesa genérica por parte do defensor público pode tornar-se fator de
desequilíbrio processual injustificado: a incidência da regra deveria pressupor a dificuldade concreta de
comunicação entre representante judicial e o réu, que pode não existir no caso.

Vejamos cada uma das hipóteses do art. 341 do NCPC:

(i) Não for admissível, a seu respeito, a confissão: o art. 213 do CC/02 estabelece hipóteses em que não
cabe confissão. Ex: em uma ação negatória de paternidade, se o réu não contesta, não dá para presumir que
ele não é pai.

CC, art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se
referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode
vincular o representado.

(ii) A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do
ato: é a prova legal, com previsão no artigo 406 do CPC. Ex: artigo 108 do CC – a escritura pública é
fundamental para comprovar a propriedade acima de 30 salários mínimos.

CC, art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
CPC, Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por
mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
(iii) O fato não impugnado estiver em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto : é a
hipótese em que a defesa não impugna todos os fatos, mas sendo considerada como um todo, ela acaba por
impugná-los. Ex: autor ajuíza ação alegando que o réu quebrou a lataria e o para-choque do seu carro. Réu
contesta e diz que o autor deu ré, sendo o responsável pela batida. Tal defesa do réu afasta a necessidade de
impugnação quanto às alegações sobre a lataria e para-choque.

(iv) O curador especial, na forma do art. 72 do CPC, está dispensado do ônus da impugnação
especificada dos fatos: é a chamada contestação por negativa geral. Como o curador especial não conhece o
réu, ele pode, na contestação, defender-se por negativa geral (“negar tudo”).

OBS: Geralmente, esse papel é exercido pela Defensoria Pública6.

#ATENÇÃO #AGU #PROCURADORIAS: A Fazenda Pública se submete ao ônus da impugnação especificada?

Há divergência doutrinária! Leonardo da Cunha se filia à corrente doutrinária que entende que o ente público
não tem o dever de impugnar especificamente os fatos. Por outro lado, Fredie Didier assume posição diversa,
que afirma incidir tão ônus em relação ao Poder Público. Devemos observar que não veio expresso no
CPC/15:

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.

#OLHAOGANCHO: Aplica-se a dispensa de condenação em honorários advocatícios prevista no art. 19, § 1º, I,
da Lei nº 10.522/2002, na hipótese em que a Fazenda Nacional contesta a demanda, mas, ato contínuo, antes
de pronunciamento do juízo ou da parte contrária, apresenta petição em que reconhece a procedência do
pedido e requer a desconsideração da peça contestatória. STJ. 2ª Turma. REsp 1.551.780-SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 9/8/2016 (Info 588). Vale destacar a fundamentação do julgado: Segundo o
STJ, deve-se fazer uma interpretação extensiva do § 1º do art. 19 da Lei nº 10.522/2002 para abranger o
6
#DICACICLOS: Quem quiser aprofundar o tema, leia a FUC de Curadoria Especial e Atuação da Defensoria Pública.
presente caso, tendo em vista que, mesmo tendo sido apresentada contestação, houve o reconhecimento da
procedência do pedido em momento oportuno, de forma que não houve qualquer prejuízo à parte contrária
pelo fato de ter sido proposta inicialmente a contestação. Com a atitude processual da Fazenda ficou claro o
desinteresse em resistir à pretensão formulada pela parte autora, o que resultou em uma prestação
jurisdicional célere, pois não foi mais necessária qualquer providência processual ou probatória para solução
da lide.

Nesse contexto, tratando-se o interesse público de direito indisponível, não há que se falar em
confissão. Guilherme Freire de Melo Barros, em seu livro "O Poder Público em Juízo para Concursos 7" aponta a
divergência e acrescenta que há que se levar em conta que nem todos os litígios envolvendo o Poder Público
tratam de direitos indisponíveis. Ademais, que as modernas doutrinas de direito administrativo vêm dano
novos contornos à questão do interesse público e seus dogmas de indisponibilidade. Pode-se concluir,
portanto, que somente se o litígio versar sobre direitos indisponíveis é que o ônus da impugnação especificada
estaria dispensado.

Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:


I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto
durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído
advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado
dativo e ao curador especial.

O art. 342 elenca DEFESAS QUE PODEM SER ALEGADAS APÓS A CONTESTAÇÃO:

Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:

7
Galera de #AGU e #PROCURADORIAS: leiam este livro!
I - Relativas a direito ou a II - Competir ao juiz III - Por expressa autorização legal,
fato superveniente; conhecer delas de ofício; puderem ser formuladas em qualquer
(Objeções) tempo e grau de jurisdição.

Nesses casos, entende-se que a contestação pode ser aditada para acrescentar as defesas que podem
ser alegadas após o prazo de resposta do réu.

4.2. Prazo:

O prazo de contestação é de 15 dias, sendo o termo inicial de tal prazo tratado pelo art. 335 do Novo
CPC.

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será
a data:

a) Da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer


parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição: como se pode notar, a ausência da
parte e/ou advogado não impede que eles saiam intimados da audiência quanto ao início do prazo de
resposta.

b) Do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado


pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I: no caso de ambas as partes se manifestarem
expressamente contra a realização da audiência de conciliação ou de mediação, o inciso II do art. 335 do Novo
CPC prevê a data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação
apresentado pelo réu como termo inicial do prazo de resposta. O termo inicial nesse caso independe de
qualquer intimação específica para a prática do ato. Havendo litisconsórcio passivo, o prazo de cada um terá
termo inicial autônomo, contado do protocolo do respectivo pedido (§ 1.º).

c) Prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos:

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de
justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de
secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a
consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta
aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de
carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da
secretaria.
§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das
datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do
processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da
determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação.
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.

#SELIGA¹: No caso de litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência de conciliação ou de mediação


deverá ser manifestado por todos os litisconsortes (art. 334, §6º, CPC), sendo que, nesse caso, o prazo para
contestação será contado conforme previsto no art. 335, §1º: Art. 335. (...) § 1o No caso de litisconsórcio
passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus,
a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.

#SELIGA²: O art. 335, § 2º, do Novo CPC, prevê termo inicial para a contagem do prazo para a resposta do réu
especificamente quando a demanda não admitir autocomposição (nesse caso não haverá a audiência de
conciliação ou de mediação), e, havendo litisconsórcio passivo, o autor desistir em relação a réu ainda não
citado. Nesse caso, o prazo terá início na data de intimação da decisão que homologar a desistência.
Art. 335 (...) § 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da
decisão que homologar a desistência.
Diante do novo procedimento criado pelo Novo Código de Processo Civil, a contestação seria
apresentada, quando necessário, depois da realização da audiência de conciliação e mediação.

O art. 340 do Novo CPC, entretanto, cria uma hipótese na qual a contestação poderá ser protocolada
antes da audiência de conciliação e mediação.

Segundo o caput do dispositivo, havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a


contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado
ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.

Como o §1º do art. 340 do Novo CPC prevê que a contestação nesse caso será submetida a livre
distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta,
seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa, fica claro que o protocolo se dá em foro distinto
daquele no qual tramita o processo, o que inviabiliza materialmente que seja a contestação apresentada na
audiência.

O protocolo da contestação nos termos analisados é causa de suspensão da realização de audiência de


conciliação e mediação já designada (art. 340, § 3º, do Novo CPC).

Sendo reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o § 2º do art. 340 do Novo CPC prevê que
o juízo para o qual fora distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento, sendo
responsável, nos termos do § 4º do mesmo dispositivo, a designar nova data para a audiência de conciliação
ou de mediação.

Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no
foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por
meio eletrônico.
§ 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta
precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa.
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou
a carta precatória será considerado prevento.
§ 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou
de mediação, se tiver sido designada.
§ 4o Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de
mediação.
d) Prazos especiais: o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Fazenda Pública possuem prazo em
dobro para contestar (#CASCADEBANANA: não é mais em quádruplo!!!).

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir
de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de
direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá
início a partir da intimação pessoal.
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais.
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão
prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.

#CUIDADO: Os litisconsortes com diferentes procuradores, de diferentes escritórios, apenas nos processos
físicos, possuem prazo e dobro. Vale ressaltar que o prazo é em dobro porque há necessidade de retirada dos
autos para consulta, razão pela qual tal regra não se aplica quando o processo é eletrônico.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É valida a intimação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos


- ECT realizada na pessoa do advogado cadastrado no sistema PJe. STJ. 3ª Turma. REsp 1.574.008-SE, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 12/03/2019 (Info 644).

4.3. Espécies de defesa:

As defesas podem ser classificadas em três categorias:

a) Processuais, cujo acolhimento implique extinção do processo sem resolução de mérito (por
exemplo, a falta de condições da ação ou pressupostos processuais);

b) Processuais, que não impliquem extinção do processo, mas a sua dilação (como a incompetência do
juízo ou o impedimento do juiz, que, se acolhidos, determinarão a remessa dos autos a outro juízo ou juiz);

c) Defesas substanciais ou de mérito: antes de apreciar as defesas de mérito, o juiz precisa examinar as
processuais, por isso mesmo, chamadas preliminares.
4.4. Conteúdo da contestação:

O art. 336 do CPC estabelece que incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que
pretende produzir.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O réu, no prazo para resposta, não ofereceu contestação em peça autônoma,
apresentando apenas “reconvenção” na qual refuta, de forma específica e pormenorizada, as alegações
expostas na inicial e pede expressamente que seja julgado improcedente o pleito formulado pelo autor. Desse
modo, percebe-se que em uma única peça intitulada de “reconvenção”, o réu apresentou também o conteúdo
de uma contestação. Logo, diante de tais peculiaridades, não se pode dizer que tenha havido revelia, já que
houve a oferta de contestação, apesar de não ter sido apresentada em uma peça autônoma. O STJ entende
que constitui mera irregularidade a apresentação de contestação e de reconvenção em peça única, não se
podendo falar que houve revelia. STJ. 3ª Turma. REsp 1335994-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 12/8/2014 (Info 546). Novo CPC: O CPC 2015 traz uma interessante novidade: a
reconvenção é apresentada na mesma peça que a contestação (art. 343, § 6º).

(Atualizada em 06/12/2022): Não há como formular, na contestação, pedido de rescisão ou revisão


contratual. Isso porque, sem reconvenção, o Juiz não pode julgar pedidos do réu quanto ao mérito e, por
consequência, não pode decretar a rescisão do contrato e reconstituir o status quo ante ou revisar o contrato
para alterar os direitos e as obrigações nele previstos. REsp 2.000.288-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe 27/10/2022. (Info 757 - STJ)

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na


ação de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp 1.726.292-CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/02/2019 (Info 642) #IMPORTANTE
Em suma:
Não cabe oposição em ação de usucapião. O indivíduo não tem interesse processual para oferecer oposição na
ação de usucapião porque, estando tal ação incluída nos chamados juízos universais (em que são convocados a
integrar o polo passivo por meio de edital toda a universalidade de eventuais interessados), sua pretensão
poderia ser deduzida por meio de contestação. Como a lei exige a convocação de todos os interessados para
ingressarem no polo passivo da ação de usucapião, se assim desejarem, isso significa que neste procedimento
não há a figura do terceiro.
4.5. Preliminares:

O art. 337, do CPC, enumera as preliminares, questões que devem ser apreciadas pelo juiz antes do
passar ao exame do mérito. São as defesas de cunho processual, que podem ser de duas espécies: as de
acolhimento que implique a extinção do processo; ou as de acolhimento que resulte apenas em sua dilação.

1) Inexistência ou nulidade da citação;

2) Incompetência absoluta e relativa;

3) Incorreção do valor da causa;

4) Inépcia da petição inicial;

5) Perempção;

6) Litispendência;

7) Coisa julgada;

8) Conexão;

9) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

10) Convenção de arbitragem;

11) Ausência de legitimidade ou de interesse processual;

12) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

13) Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

APENAS A CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E A INCOMPETÊNCIA RELATIVA NÃO PODEM SER CONHECIDAS DE


OFÍCIO (art. 337, §5º).

#UMPOUCODEDOUTRINA: Didier faz uma crítica à intepretação literal do art. 337, pois o dispositivo, se
interpretado literalmente, parte da premissa teórica de primazia das questões de admissibilidade em relação
às questões de mérito. Contudo, a primazia deve ser do mérito. A falta de um requisito de admissibilidade que
visa proteger o réu pode ser ignorada, por exemplo, se o órgão julgador puder julgar improcedente a
demanda. Até mesmo porque o julgamento de improcedência pode ser mais interessante ao réu do que a
extinção sem resolução do mérito. Assim, a falta de um requisito de validade somente pode gerar a invalidade
do procedimento, se houver prejuízo ao interesse protegido pela exigência formal que foi desrespeitada.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,
implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

a) Incompetência do Juízo (art. 337, II, CPC) 8: Apesar de a incompetência absoluta ser matéria de
ordem pública, podendo ser alegada a qualquer momento do processo, quando o réu alegá-la em seu prazo de
resposta o fará como tópico da contestação. Essa espécie de reação do réu, que não se volta contra a
pretensão do autor, mas apenas ao juízo escolhido por ele, tem natureza meramente dilatória, porque uma
vez acolhida gerará a remessa do processo ao juízo competente.

Ainda, no Novo Código de Processo Civil a incompetência relativa passa a ser alegada em sede de
preliminar de contestação, não existindo mais a exceção ritual para a alegação de referida matéria de defesa
processual.

8
(MPPR-2016): A contestação é a via adequada para alegar incompetência relativa e absoluta, incorreção do valor da
causa e perempção, dentre outras preliminares. BL: art. 337, NCPC.
Nesse caso, o réu poderá apresentar a contestação no foro de seu próprio domicílio, o que deverá ser
comunicado ao juiz da causa de imediato, se possível por meio eletrônico. Se houver mais de um juízo no foro
de domicílio do réu, a contestação será distribuída para um deles. A distribuição será por dependência para o
juízo ao qual foi distribuída a precatória de citação do réu, se a citação for feita por precatória.

O Juízo para onde foi distribuída, livremente ou por dependência, a contestação do réu, tornar-se-á
prevento, se for reconhecida a competência do foro de seu domicílio.

#OLHAOGANCHO: Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão
interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia recurso de agravo de instrumento,
por uma interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015, já que
ambas possuem a mesma ratio-, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo que o juízo
natural e adequado julgue a demanda. STJ. 4ª Turma.REsp 1679909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018.

O rol do artigo 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a


interposição de agravode instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento
da questão no recurso de apelação. STJ. Corte Especial. REsp 1.696.393 e REsp 1.704.520 (Tema 988), Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018.

Por questões de política legislativa e de acordo com o espírito do novo CPC que visa prestigiar a celeridade e a
razoabilidade da marcha processual, o rol deve ser interpretado restritivamente demodo a restringir as
hipóteses de interposição de recursos infindáveis, que resultam na morosidade na prestação jurisdicional. STJ.
2ª Turma. REsp 1.700.308/PB, Rel. Ministro Herman Benjaimin, julgado em em 17/04/2018,
DJe de 23/05/2018. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.701.691/SP, Ministro Mauro Campbell, DJe 2/3/2018.

Na vigência do novo Código de Processo Civil, é possível a impetração de mandado de segurança, em


caso de dúvida razoável sobre o cabimento de agravo de instrumento, contra decisão interlocutória que
examina competência. STJ. 4ª Turma. RMS 58.578/SP, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 18/10/2018(Info
636 do STJ).

b) Impugnação ao valor da causa (art. 337, III, CPC): Não existe mais incidente autônomo de
impugnação do valor da causa. No entanto, continua existindo a possibilidade de impugná-la em preliminar de
contestação.
Art. 292. (...)
§ 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se
procederá ao recolhimento das custas correspondentes.
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob
pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.

*(Atualizado em 10/08/2020) #DEOLHONAJURIS O acolhimento da impugnação do valor da causa em


momento posterior à decisão que julgou o mérito da causa principal não gera nulidade do processo A
prolação da decisão de acolhimento da impugnação do valor da causa em momento posterior à decisão que
julgara o mérito da causa principal constitui mera irregularidade, não gerando prejuízo suficiente para
decretação da nulidade do processo. Considerando o princípio da instrumentalidade, o recolhimento
posterior das custas atinge seu objetivo, sem que para tanto seja necessária a decretação da nulidade do ato.
Não se vislumbra prejuízo suficiente para a parte atingida pela irregularidade, pois o recolhimento das custas
pode se dar de forma posterior, tendo por norte o fato de que o princípio da instrumentalidade das formas
anda sempre de mãos dadas com o princípio da primazia da resolução de mérito. STJ. 3ª Turma. AgInt no
REsp 1.667.308-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 30/03/2020 (Info 669).

c) Inépcia da petição inicial (art. 337, IV, CPC): a inépcia da petição inicial está prevista no art. 330, § 1º,
do Novo CPC, sendo as hipóteses: falta de pedido ou causa de pedir; pedido for indeterminado, ressalvadas as
hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão; pedidos incompatíveis entre si.

c) Perempção (art. 337, V, CPC): segundo o art. 486, § 3º, do Novo CPC, se o autor der causa, por três
vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no inciso III do artigo anterior, não poderá intentar
nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em
defesa o seu direito. Para uma melhor compreensão do texto legal, o “fundamento previsto no inciso III do
artigo anterior”, que trata da extinção do processo sem a resolução do mérito, é o abandono do processo.

#SELIGA: A única exigência para que se verifique a perempção é o abandono do processo por três vezes, não
importando o motivo de tal abandono no caso concreto.
d) Litispendência (art. 337, VI, CPC): Haverá litispendência quando dois ou mais processos idênticos
existirem concomitantemente, caracterizando-se a identidade pela verificação no caso concreto da tríplice
identidade – mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido.

e) Coisa julgada (art. 337, VII, CPC): Há uma inegável semelhança entre a coisa julgada material e a
litispendência no tocante às matérias defensivas. Ambas tratam de identidade plena entre processos, sendo
que na litispendência esses processos se encontram em trâmite, o que não ocorre na coisa julgada material,
em que um desses processos já chegou ao seu final, com trânsito em julgado da decisão.

f) Conexão (art. 337, VIII, CPC): seu efeito principal é a reunião dos processos perante o juízo prevento,
previsto pelo art. 55, § 1º, do Novo CPC. Ademais, o art. 55, § 3º, do Novo CPC prevê a reunião de processos
com ações não conexas, desde que a reunião seja conveniente para evitar decisões conflitantes ou
contraditórias.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido
sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões
conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à
causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo
relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão
necessariamente reunidas.
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas
simultaneamente.

g) Incapacidade de parte, defeito de representação ou falta de autorização (art. 337, IX, CPC): o vício
da incapacidade de parte liga-se à capacidade de estar em juízo, assunto intimamente relacionado à
capacidade para prática de atos jurídicos válidos, ou seja, trata-se de capacidade de exercício ou de fato.
O defeito de representação diz respeito ao vício na capacidade postulatória, consistente na exigência de
que as partes estejam devidamente representadas por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil.

Por fim, a falta de autorização ocorre em situações excepcionais em que a norma legal exige de algum
sujeito a autorização de outro para que possa litigar.

Nas três situações descritas pelo art. 337, IX, do Novo CPC, o vício ou irregularidade poderá ser sanado
pelo autor, sendo o caso de o juiz conceder prazo àquele para que assim o faça. Omisso nesse sentido, não
haverá outra saída ao juiz que não a extinção do processo sem resolução de mérito.

h) Convenção de arbitragem (art. 337, X, CPC): o instituto da arbitragem é tratado pela Lei 9.307/1996,
que considera a convenção de arbitragem como um gênero do qual a cláusula compromissória e o
compromisso arbitral são as duas espécies.

A cláusula compromissória é anterior ao conflito de interesses, fazendo parte de contrato quando ainda
não existe qualquer litígio entre as partes contratantes (art. 4º da Lei 9.307/1996). O compromisso arbitral é
posterior ao surgimento do conflito, quando as partes entendem mais adequado solucionar o conflito pela via
arbitral (art. 9º da Lei 9.307/1996).

Em ambos os casos, as partes terão preferido uma solução arbitral à intervenção do Poder Judiciário,
podendo qualquer uma delas arguir em sua defesa tal convenção, de forma a impedir a continuação do
processo, forçando a parte que buscou a proteção jurisdicional à solução arbitral.

Ressalte-se que segundo o § 6º do artigo 337, “a ausência de alegação da existência de convenção de


arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral”.

A decisão que rejeita a alegação de convenção de arbitragem é impugnável por agravo de instrumento
(art. 1015, III). Porém, a decisão que acolhe a alegação é uma sentença (art. 203, §1º), já que haverá extinção
do processo sem resolução de mérito, impugnável por apelação.

#IMPORTANTE: Enunciado 49 do FPPC: A competência do juízo estatal deverá ser analisada previamente à
alegação de convenção de arbitragem. Observar a regra da Kompetenz kompetenz: é do juízo arbitral a
competência para examinar a sua própria competência. A regra é um impedimento a priori à cognição do
juízo estatal, na pendência do processo arbitral. Assim, caso o procedimento arbitral tenha sido instaurado
antes da propositura da ação, o juiz estatal, ao receber a alegação de convenção de arbitragem, suspenderá o
processo, à espera da decisão do juízo arbitral sobre sua própria competência. Se o procedimento arbitral não
houver sido instaurado, o juiz decidirá a questão. Se o procedimento arbitral for instaurado depois do
ajuizamento da demanda perante o Poder Judiciário, mas antes da decisão do juiz a respeito da questão, o
processo jurisdicional estatal também deverá ser suspenso, por idêntica razão.

A existência de convenção de arbitragem é fato que pode ser reconhecido pelo Juízo arbitral, no caso
em que o processo arbitral é anterior ao processo estatal, ou superveniente, mas antes da decisão do juiz
estatal, ou pelo próprio órgão jurisdicional estatal, no caso de ainda não haver processo arbitral pendente.
Assim, a extinção do processo jurisdicional estatal pode decorrer de uma decisão do juiz da causa ou como
efeito anexo da decisão do juízo arbitral sobre a sua própria competência.

i) Carência da ação por falta de interesse de agir e ilegitimidade (art. 337, XI, CPC);

*#DEOLHONAJURIS #STJ #DIZERODIREITO: Se a ação é proposta contra indivíduo que já estava morto, o juiz
não deverá determinar a habilitação, a sucessão ou a substituição processual. De igual modo, o processo não
deve ser suspenso para habilitação de sucessores. Isso porque tais institutos são aplicáveis apenas para as
hipóteses em que há o falecimento da parte no curso do processo judicial. O correto enquadramento jurídico
desta situação é de ilegitimidade passiva, devendo ser facultado ao autor, diante da ausência de ato citatório
válido, emendar a petição inicial para regularizar o polo passivo, dirigindo a sua pretensão ao espólio.

j) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar (art. 337, XII, CPC): o
ordenamento processual excepcionalmente e em determinadas situações condiciona o exercício legítimo da
demanda à prestação de uma caução.

Nesses casos, cabe ao autor comprovar que caucionou o juízo no momento de propositura da ação,
instruindo a petição inicial com os documentos comprobatórios adequados. Na ausência de tal comprovação,
deverá o juiz de ofício determinar que o autor emende a petição inicial no prazo de quinze dias, sob pena de
indeferimento da petição inicial. Exemplos:

(i) Art. 83 do Novo CPC, que exige do autor, nacional ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou dele se
ausentar na pendência da demanda, que preste, nas ações que intentar, caução suficiente às custas e aos
honorários de advogado da parte contrária, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o
pagamento;
(ii) Art. 486, § 2º, do Novo CPC, que exige do autor o pagamento das custas de processo idêntico extinto
anteriormente sem a resolução do mérito;
(iii) Art. 968, II, do Novo CPC, que exige do autor da ação rescisória a prestação de uma caução prévia de 5%
do valor da causa, para ser revertido tal valor ao réu no caso de julgamento negativo (extinção sem a
resolução do mérito e improcedência) unânime.

k) Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça (art. 337, XIII, CPC): Nesse caso, sendo
acolhida a defesa processual do réu, o autor será intimado para recolher as custas processuais em aberto.

Caso o faça, o processo seguirá normalmente, e caso deixe de recolher as custas será caso de extinção
terminativa do processo.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE. Caso a parte faça o requerimento da gratuidade da


justiça no recurso e o relator indefira o pedido, deverá intimar o recorrente para realizar o preparo antes de decretar
a deserção. O interessado deverá ser intimado para a realização do preparo recursal nas hipóteses de
indeferimento ou de não processamento do pedido de gratuidade da justiça. Nesse sentido é o art. 99, §
7º do CPC/2015:§ 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará
dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o
requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.

5. Reconvenção:

Além da contestação, o réu poderá valer-se da reconvenção, que dela se distingue por não constituir
um mecanismo de defesa, mas de contra-ataque.

Em regra, na contestação o réu não pode formular pretensões em face do autor, salvo a de que os
pedidos por este formulados sejam julgados improcedentes. A exceção são as ações dúplices, nas quais a lei o
autoriza a fazê-lo.

Afora as ações dúplices, se o réu quiser formular pretensões em face do autor, terá de valer-se da
reconvenção. A contestação não amplia os limites objetivos da lide: o juiz se limitará a apreciar os pedidos
formulados pelo autor, acolhendo-os ou não. Na reconvenção, sim: o juiz terá de decidir não apenas os
pedidos do autor, mas também os apresentados pelo réu, na reconvenção.
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a
ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no
prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao
prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do
substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto
processual.
§ 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.

#ATENÇÃO: Para fins de análise de reconvenção, não importa o nome da peça, mas o seu conteúdo. Será
contestar se refutar os argumentos da inicial. Será reconvenção, se tiver nova pretensão.

Reconvenção serve para NOVA PRETENSÃO. Isso significa que o réu deve manifestar equivocadamente
pedido de tutela jurisdicional QUALITATIVA OU QUANTITATIVAMENTE MAIOR QUE A SIMPLES
IMPROCEDÊNCIA da demanda inicial.

Por isso, o entendimento sumulado que fala da possibilidade de reconvenção em ação declaratória deve ser
lida com cuidado, pois somente cabe reconvenção se houver nova pretensão. Não cabe reconvenção para
pedir a mera improcedência (ou seja, a declaração da inexistência de relação jurídica).

#SELIGA: A reconvenção é facultativa e autônoma em relação à contestação.

Art. 343 (...) §2º A desistência da ação, ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

#ATENÇÃO! #IMPORTANTE! A reconvenção é própria do processo de conhecimento e não cabe em


processos de execução. Dentre os de conhecimento, só nos de jurisdição contenciosa; nos de jurisdição
voluntária, não. Os procedimentos especiais podem ser de dois tipos: os que, com a apresentação de resposta
do réu, passam a ser comuns; e os que permanecem especiais, mesmo depois da resposta, isto é, que têm
peculiaridades ao longo de todo o curso. Só cabe reconvenção nas do primeiro tipo, como, por exemplo, nas
monitórias, em que, oferecida a resposta, segue-se o procedimento comum. Nesse sentido, a Súmula 292 do
STJ: “A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário”. Não cabe
reconvenção em embargos de devedor, nem nos processos de liquidação, mas sim em ação rescisória, desde
que a pretensão do réu seja desconstituir a mesma sentença ou acórdão, embora por fundamentos diversos.
Por fim, não cabe reconvenção nas ações que corram no Juizado Especial Cível, uma vez que ela não se
coaduna com a presteza do rito. Mas o art. 31 da Lei n. 9.099/95 admite que o réu formule, em sua
contestação, pedido contraposto ao do autor.

#OUSESABER: É admissível reconvenção no âmbito da ACP? Trata-se de maneira divergente desde a égide do
CPC/73, que não foi solucionado pelo CPC/2015, em que pese tenha mudado o regramento do instituto.
Como a reconvenção não é disciplinada pelas normas do processo coletivo, aplica-se, de forma subsidiária, o
CPC. No CPC/73, o art. 315, par.único, apontava que a reconvenção não poderia operar em face do substituto
processual, o que fazia prevalecer a impossibilidade de reconvenção no âmbito coletivo (STJ, resp 72.065).
Com o CPC/15, no art.343, parágrafo quinto, houve uma inovação no tocante a possibilidade de se oferecer
reconvenção em face do substituto processual, desde que este seja autorizado a atuar tanto no polo passivo e
ativo. Como na ACP a permissão é para substituição apenas no polo ativo, tanto é que a coisa julgada só
atinge o direito individual para beneficiar, jamais para prejudicar, vem prevalecendo na doutrina o
entendimento pela IMPOSSIBILIDADE da reconvenção.

5.1. Prazo e procedimento:

Não basta que a reconvenção seja apresentada no prazo de contestação. É preciso que seja oferecida
na contestação, em peça única. Portanto, se o réu contestar sem reconvir, não poderá mais fazê-lo, porque
terá havido preclusão consumativa.

Vale frisar que se o prazo da contestação é ampliado, como nas hipóteses em que ela é apresentada
pelo Ministério Público, Fazenda Pública, Defensoria Pública ou litisconsortes com advogados diferentes, de
escritórios distintos, não sendo o processo eletrônico, isso repercute também no prazo de reconvenção, já que
esta é apresentada com aquela.

Art. 343. (...) § 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar
resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
#SELIGA: Se o réu não contestar, mas reconvir, não será revel, porque terá comparecido ao processo, e se
manifestado. Portanto, deverá ser intimado de todos os atos processuais subsequentes.
Mas serão presumidos os fatos narrados na petição inicial? Depende. Se, ao reconvir, ele apresentou
fundamentos incompatíveis com os do pedido inicial, estes não se presumirão verdadeiros. Contudo, naquilo
em que não houver tal incompatibilidade, haverá a presunção.

Na resposta (à reconvenção), o reconvindo poderá denunciar a lide ou proceder ao chamamento ao


processo.

Embora a ação principal e a reconvenção devam ser JULGADAS NA MESMA SENTENÇA, são
AUTÔNOMAS. É possível que a ação principal não tenha o mérito apreciado por algum motivo e a
reconvenção prossiga normalmente (§2º). Contudo, se ambas forem julgadas, serão julgadas na mesma
sentença.

A decisão que indefere liminarmente a petição inicial da reconvenção ou a julga liminarmente


improcedente não extingue o processo (decisão interlocutória agravável).

5.2. Requisitos da reconvenção:

a) Conexidade: conforme o art. 343, caput, “na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa”. A reconvenção
está ligada à economia processual e ao afastamento do risco de decisões conflitantes: isso pressupõe a
conexidade exigida pelo art. 343, pois não se justificaria o processamento, a instrução e o julgamento
conjuntos se ela não existisse.

A conexão vem tratada no art. 55 e ss. do CPC e pressupõe que duas ou mais ações tenham o mesmo
pedido ou a mesma causa de pedir.

(i) O art. 343 admite que a conexão se dê entre a reconvenção e a ação principal, ou entre aquela e os
fundamentos da defesa.
Caberá reconvenção se o pedido ou a causa de pedir apresentados pelo réu reconvinte estiverem
relacionados com os da ação principal. Ex: em ação declaratória de inexigibilidade de título de crédito, o réu
pode reconvir pedindo a condenação do autor ao pagamento da dívida. Há conexão, porque o objeto das duas
ações está relacionado à mesma dívida. Ou, então, um dos cônjuges pode pedir a separação judicial por culpa
do outro, e este reconvir, postulando a separação por culpa do primeiro. Cabe reconvenção porque o pedido
nela formulado é também o de separação, como o da ação principal.

(ii) A reconvenção também será admitida se houver conexão com os fundamentos da defesa, isto é, se
o seu pedido ou causa de pedir estiverem relacionados com os fundamentos da contestação, com as razões
de fato e de direito expostas pelo réu, para justificar que o pedido inicial seja desacolhido. Ex: se o réu, em
contestação, alegar que o valor já tinha sido pago, e que a nova cobrança era indevida, poderá reconvir,
pedindo a condenação do autor a pagar em dobro o que cobrou, na forma do art. 940 do CC. Tanto a defesa
quanto o pedido de condenação estarão fundados na cobrança indevida daquilo que foi pago.

b) Competência: para que caiba reconvenção, é preciso que o mesmo juízo tenha competência para
julgar o pedido principal e o reconvencional. Não será admitida se o juízo for incompetente para o julgamento
da reconvenção, desde que a incompetência seja absoluta. A relativa não autoriza o indeferimento da
reconvenção, que pressupõe a conexidade, causa de modificação de competência.

c) Compatibilidade de procedimentos: como a ação e a reconvenção terão um só processo e serão


julgadas conjuntamente, é preciso que tenham procedimentos compatíveis. Não cabe reconvenção em
procedimento especial, a menos que este siga pelo comum, com a resposta.

É possível a reconvenção da reconvenção?

Sim. Apesar da omissão legislativa, tanto doutrina quanto jurisprudência, construídas à luz do CPC/73, a
admitem. O entendimento deve prevalecer, já que a reconvenção pode ser formulada, também, quando é
conexa com o fundamento de defesa apresentado pelo réu.

É possível a reconvenção da reconvenção, salvo na ação monitória (art. 702, §6º: § 6o Na ação monitória
admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção).

5.3. Reconvenção e os limites subjetivos da demanda:


Na vigência do CPC de 1973, havia controvérsia doutrinária sobre a possibilidade de a reconvenção
ampliar os limites subjetivos da demanda, trazendo para o processo pessoas que até então nele não
figuravam. Mas já predominava o entendimento de que a ampliação era possível e que, além do réu, uma
pessoa estranha ao processo reconvenha em face do autor; e que o réu reconvenha em face do autor e de
uma terceira pessoa que não figurava no processo.

O CPC atual permite expressamente que isso ocorra, no art. 343, §§ 3º e 4º.

É preciso que, na reconvenção, o polo ativo seja ocupado por um dos réus e o polo passivo, por um dos
autores. Mas não é necessário que, nem no polo ativo, nem no passivo, figurem apenas uns e outros.

A economia processual e o risco de decisões conflitantes justificam a possibilidade de ampliação


subjetiva, com a inclusão de pessoas que não figuravam originariamente.

As hipóteses são as seguintes:

a) Que, havendo vários réus, apenas um deles ajuíze reconvenção, em face de um ou de mais de um dos
autores;
b) Que havendo um só réu e vários autores, a reconvenção seja dirigida por aquele, em face de apenas um
ou alguns destes;
c) Que o réu, ou os réus, associem-se a um terceiro que não figurava no processo para formular o pedido
reconvencional;
d) Que o réu formule a reconvenção em face do autor e de outras pessoas que não figurem no processo.

O que não se admite é que a reconvenção seja formulada somente por quem não é réu, ou somente em
face de quem não é autor.

Assim, a reconvenção deve ser dirigida contra o autor, mas pode ser dirigida contra o autor e terceiro
em litisconsórcio necessário, unitário ou simples (§3º). É possível a ampliação subjetiva do processo,
contando que autor e terceiro sejam litisconsortes necessários. É que se o réu propusesse uma ação autônoma
em face do terceiro, haveria a reunião de causas, em razão da conexão.

A reconvenção também pode ser proposta pelo réu e um terceiro contra o autor, em litisconsórcio
facultativo unitário ativo (§3º). O terceiro colegitimado atuaria, a rigor, como assistente litisconsorcial do réu
reconvinte. O litisconsórcio, nesse caso, não pode simples por uma razão: se o terceiro formulasse uma
demanda própria, distinta da demanda reconvencional proposta pelo réu, estaria escolhendo o juízo perante o
qual essa demanda seria processado, em burla ao princípio do juiz natural.

5.4. Reconvenção, pedido contraposto e ação de natureza dúplice 9:

Algumas ações, por força de lei, têm natureza dúplice, pois permitem que o réu formule pretensões
novas em face do autor, sem precisar reconvir. São exemplos as possessórias, as que correm no Juizado
Especial Cível, as de exigir contas e a renovatória.

Nas ações dúplices, os pedidos formulados na contestação não implicam nova ação. Haverá uma só e
um só processo; porém, tal como ocorre na reconvenção, os pedidos contrapostos passam a gozar de
autonomia, em relação aos principais: havendo desistência ou extinção, sem resolução de mérito, das
pretensões iniciais, o processo prosseguirá em relação aos pedidos formulados na contestação.

#CASCADEBANANA:

PEDIDO CONTRAPOSTO RECONVENÇÃO

Podem ser formulados pelo réu na mesma peça em que apresente a sua defesa.
A DIFERENÇA É COGNITIVA.

Demanda com limitação cognitiva: nos JEC e Ampla cognição. Pode ter variada natureza:
procedimento sumário, por exemplo, deve ficar basta que seja conexa com a ação principal ou
restrito aos fatos da causa. Na ação com os fundamentos da defesa (art. 315). É
possessória, admite-se apenas o pedido de uma demanda ampla, sem restrição.
indenização.

6. Revelia e seus efeitos:

A revelia é um estado de fato gerado pela ausência jurídica de contestação. Assim, haverá revelia se o
réu, citado, não apresentar contestação.

#CASCADEBANANA: É possível haver revelia na reconvenção. Ocorre que se o reconvindo (autor na ação
principal) for revel na reconvenção, haverá a apreciação de fatos comuns (regra da comunhão da prova) e o
juiz não poderá presumir existentes fatos que foram considerados não ocorridos por conta da instrução
probatória ocorrida na ação originária. Em casos de reconvenção, o efeito material da revelia é mitigado.
9
Eu disse que iríamos aprofundar o assunto, né? Chegou o momento!
O revel é aquele que permaneceu inerte, ou então aquele que ofereceu contestação, mas fora de prazo .
Ou, ainda, aquele que apresenta contestação, mas sem impugnar os fatos narrados na petição inicial pelo
autor. Em contrapartida, não será revel o réu que, citado, deixa de oferecer contestação, mas apresenta
reconvenção, cujos fundamentos não sejam compatíveis com os da pretensão inicial. Também será revel o réu
que comparecer aos autos, constituindo advogado, se este não apresentar contestação.

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de
fato formuladas pelo autor.

Se houver revelia, não se poderá estender a coisa julgada à resolução da questão prejudicial incidental
(art. 503, §1º, II), pois não terá havido contraditório suficiente.

Os efeitos da revelia são os seguintes:

a) Presunção de veracidade dos fatos: na petição inicial, o autor exporá os fatos em que se fundamenta
o pedido. A descrição dos fatos é indispensável, pois constituirá o elemento principal da causa de pedir e
servirá para identificar a ação.

Cumpre ao réu contrapor-se a eles, manifestando-se precisamente. Não basta que o faça de maneira
genérica. O ônus do réu é de que impugne especificamente, precisamente, os fatos narrados na petição
inicial. Os que não forem impugnados presumir-se-ão verdadeiros.

Reputam-se verdadeiros somente os fatos alegados pelo autor, de forma que a matéria jurídica
naturalmente estará fora do alcance desse efeito da revelia. Aplicando-se o princípio do iura novit curia – o juiz
sabe o direito –, é inadmissível a vinculação do magistrado à fundamentação jurídica do autor somente porque
o réu não contesta a demanda, tornando-se revel.

A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, certamente o efeito mais importante da
revelia, é meramente relativa, podendo ser afastada no caso concreto – em especial, mas não exclusivamente
– nas hipóteses previstas expressamente pelo art. 345 do Novo CPC.
Não sendo reputados verdadeiros os fatos discutidos no caso concreto, o autor continua com o ônus de
provar os fatos constitutivos de seu direito, sendo concedido a ele o prazo de 15 dias para especificação de
provas (art. 348 do Novo CPC).

Se não houver o mínimo de verossimilhança e de prova para lastrear a postulação, não haverá o efeito
material. A revelia não acarreta a procedência automática dos pedidos iniciais.

#UMPOUCODEDOUTRINA: Didier cita outras duas situações em que a revelia não produz confissão ficta:
quando a citação houver sido ficta (citado por edital ou com hora certa) ou o réu revel tiver preso, será
nomeado um curador especial para promover a defesa (art. 72, II, c/c art 341, par. único); e quando terceiro
houver ingressado no processo como assistente do revel, hipótese em que será considerado seu substituto
processual (art. 121, parágrafo único).

Há quatro hipóteses previstas nos incisos do art. 345 do Novo CPC em que a revelia não gerará a
presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor:

(i) Pluralidade de réus, quando um deles contesta a ação: há dois regimes de litisconsórcio: o da
independência entre os litisconsortes, em que os atos praticados por um deles não beneficiam os demais; e o
da vinculação, em que, ainda que realizado por apenas um, o ato processual beneficiará a todos os demais.

Em princípio, no litisconsórcio simples, em que o julgamento pode ser diferente para os vários réus, o
regime é o da independência, e a contestação de um não aproveitará aos demais; já no unitário, o regime é o
da vinculação, e basta que um conteste para que todos sejam beneficiados. Mas, no litisconsórcio simples, é
necessário fazer uma distinção, lembrando que só se presumirão verdadeiros os fatos que não forem
controvertidos.

Há fatos que tem cunho genérico e dizem respeito a todos os réus. Se apenas um deles contestar,
contrariando-os, a presunção de veracidade será afastada em relação a todos, porque o fato terá se tornado
controvertido. Mas é possível que haja um fato específico, que diga respeito tão somente a um dos réus. E se
só este contestar, os demais não serão beneficiados.

Ex: uma ação de reparação de danos por acidente de trânsito, ajuizada em face do suposto proprietário
do veículo e da pessoa que o dirigia no momento do acidente. Se só o suposto proprietário contestar a ação,
alegando a inexistência de dano ou de culpa de quem dirigia o seu veículo, o juiz não poderá presumir a
existência do dano ou da culpa em relação ao corréu, que ficou revel, porque conquanto ele não tenha
contestado, os fatos foram controvertidos por quem contestou. Mas, se ele apenas impugnar a sua condição
de proprietário, sem impugnar os demais fatos, estes se presumirão verdadeiros em relação àquele que não
contestou.

Assim, não haverá presunção de veracidade quando: 1) houver contestação de um litisconsorte


unitário; (2) houver contestação de um litisconsorte simples, que alegue fato comum, que também diga
respeito ao revel.

(ii) Litígio que versa sobre interesse indisponível: Em razão da natureza não patrimonial de alguns
direitos, não se permite ao juiz dispensar o autor do ônus probatório ainda que o réu seja revel. São
indisponíveis, em regra, os direitos extrapatrimoniais ou públicos, sobre os quais não se admite confissão. E
são disponíveis os direitos patrimoniais e privados, sobre os quais se pode transigir.

#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: Há controvérsia sobre a aplicação da presunção nas ações de separação


judicial e naquelas em que a ré é a Fazenda Pública. Em relação à separação judicial, é preciso distinguir. Há
aspectos da separação que são disponíveis, como os relativos às causas da dissolução da sociedade conjugal; e
há aspectos indisponíveis, como os que dizem respeito à guarda e educação dos filhos. Só haverá revelia em
relação àquilo que disser respeito aos aspectos disponíveis. É o que ficou decidido nos acórdãos publicados em
RSTJ 124/273 e RT 672/199.

Quanto à Fazenda Pública, prevalece o entendimento de que não se aplicam os efeitos da revelia, mas com
ressalvas. Como ficou decidido no REsp 635.996/SP, publicado no DJU de 17 de dezembro de 2007, Rel. Min.
Castro Meira: “A não aplicação dos efeitos da revelia à Fazenda Pública não pode servir como um escudo para
que os entes públicos deixem de impugnar os argumentos da parte contrária, não produzam as provas
necessárias na fase de instrução e, apesar disso, busquem reverter as decisões em sede recursal. Precedentes:
REsp 541.239/DF, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 05/05/2006 e REsp 624.922/SC, Rel. Carlos Alberto Menezes Direito,
DJU de 07/11/2005”.

(iii) A petição inicial desacompanhada de instrumento público que a lei considere indispensável à
prova do ato: o juiz não poderá presumir verdadeiros atos jurídicos que só podem ser provados por
documentos, como, entre outros, os contratos de venda de bens imóveis, que dependem de escritura pública,
da própria substância do negócio. Por isso, o art. 406 do CPC estabelece que “quando a lei exigir instrumento
público, como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”.
Sem o instrumento público, a existência do negócio que o exige não poderá ser demonstrada, porque
ele não terá se aperfeiçoado.

(iv) Alegação de fato inverossímil ou em contradição com a prova constante dos autos: nessa nova
hipótese de afastamento do principal efeito da revelia, a prova constante dos autos só pode ser aquela
produzida pelo autor com a petição inicial (prova pré-constituída), porque, se o juiz entender que o efeito se
opera, julgará antecipadamente o mérito da ação. Por outro lado, caso determine ao autor a especificação de
provas, já terá afastado a presunção de veracidade dos fatos, impondo ao autor o ônus de provar suas
alegações de fato.

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos.

b) Desnecessidade de intimação do réu revel: diz o art. 346, caput, do Novo CPC que contra o revel que
não tenha patrono nos autos os prazos fluirão da data de publicação de cada ato decisório no órgão oficial.
Importante notar que para a geração desse efeito – dispensa de intimação – não basta que o réu seja revel,
sendo também indispensável que não esteja representado por patrono nos autos.

Pode ocorrer que ele tenha constituído advogado que não tenha apresentado contestação, ou o tenha
feito fora do prazo. Haverá revelia, mas o réu continuará sendo intimado, por meio do seu advogado, dos
demais atos do processo.

#COLANARETINA: dispensa de intimação só se aplica ao réu revel sem patrono nos autos.

Pela mesma razão, se o réu constituir advogado posteriormente, a partir de então passará a ser
intimado.

Mas, sendo revel e não tendo advogado constituído, os prazos correrão para ele independentemente
de intimação, pois demonstrou desinteresse pelo processo. No entanto, concluída a fase de conhecimento e
iniciada a de cumprimento de sentença, o devedor que não tiver advogado constituído nos autos deverá ser
intimado por carta com aviso de recebimento, nos termos do art. 513, § 2º, II, do CPC.

Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber
e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença:
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver
procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;

A melhor doutrina lembra que determinadas hipóteses de intimação pessoal do réu exigirão a intimação
pessoal do réu revel, como a intimação para prestar depoimento pessoal e exibir documentos, em
entendimento totalmente aplicável à luz do Novo Código de Processo Civil.

#SELIGANADIVERGÊNCIA: Uma divergência clássica se referia à intimação/publicação da sentença quando o


réu era revel, existindo três correntes doutrinárias a respeito do tema: (a) dispensa de publicação na imprensa
oficial, com início do prazo recursal a partir do momento em que a sentença se torna pública; (b) necessidade
de intimação pessoal do réu revel; (c) necessidade de publicação da sentença na imprensa oficial. Ocorre,
entretanto, que nem toda intimação de ato processual se dá por meio de publicação no Diário Oficial, sendo
questionável o acerto da previsão contida no art. 346 do Novo CPC para tais hipóteses.

O autor sai intimado de atos praticados em audiência, mas, se o réu é revel, deve haver publicação no Diário
Oficial? Se o autor for intimado pessoalmente do ato processual, em razão de sua especial qualidade ou de
particularidade do caso concreto, será necessária a publicação em Diário Oficial? Daniel Amorim Assumpção
Neves entende que nesses casos será inaplicável o artigo ora analisado e o prazo para o réu terá sua contagem
iniciada com a intimação do autor.

Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato
decisório no órgão oficial.
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
encontrar.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O revel poderá a qualquer tempo ingressar no processo e participar dos atos
processuais que se realizem daí em diante, passando a ser intimado desde que constitua advogado. A dispensa
de intimação decorrente da revelia não é definitiva, podendo o réu, a qualquer tempo, participar. Essa é a
razão da Súmula 231 do Supremo Tribunal Federal: “O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde
que compareça em tempo oportuno”.

7. ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO:

7.1 Introdução:

A imparcialidade é pressuposto processual subjetivo referente ao juiz (parte nesse incidente). Há 2


graus de parcialidade: impedimento e suspeição.

SUSPEIÇÃO IMPEDIMENTO
Atos nulos (não há presunção legal absoluta de Atos nulos (presunção legal absoluta de
parcialidade). parcialidade).
A parte tem o prazo de 15 dias para alegar e pedir Pode ser alegado a qualquer tempo e a qualquer
que o ato seja declarado nulo. grau de jurisdição (não preclui).
Pode ser reconhecido de ofício pelo Juízo. Pode ser reconhecido de ofício pelo Juízo.
Não admite futura ação rescisória (se não alegada Admite futura ação rescisória.
no momento oportuno, opera-se preclusão).

*(Atualizado em 01/11/2020) #DEOLHONAJURIS #STF Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos
julgamentos de ações de controle concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo,
a sua não participação. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info
989).

7.2. Impedimento:

HIPÓTESES DE IMPEDIMENTO RELATIVAS AO JUIZ (ART. 144) – RAZÕES OBJETIVAS

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do
Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

Exemplo: se juiz proferiu a sentença, não pode participar do julgamento do recurso.

III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público,
seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive;
Obs. 1: Nessa hipótese, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro
do MP já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz (§1º).

Obs. 2: Essa hipótese também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de
advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista,
mesmo que não intervenha diretamente no processo (§3º).

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
Obs.: a regra não se aplica quando o juiz for mero acionista de uma S.A., sem qualquer poder de gestão.

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente
de contrato de prestação de serviços;

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório;

Obs.: a regra aplica-se mesmo se a parte estiver sendo representada, no caso concreto, por outro escritório.

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

Art. 147. Quando 2 ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o
segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal.

Obs.: a regra está fora do rol do art. 144, contudo, também pode ser entendida como outra hipótese de
impedimento.

7.3 Suspeição:

Como não se pode esgotar todas as hipóteses possíveis de suspeição, elas foram definidas de forma
mais vaga:

HIPÓTESES DE SUSPEIÇÃO RELATIVAS AO JUIZ (ART. 145) RAZÕES SUBJETIVAS

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; #NOVIDADE


II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo,
que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às
despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes
destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
*Obs.: para evitar abusos, o CNJ editou a Resolução n. 82/2009.

7.4 Aspectos processuais:

- A arguição de impedimento ou suspeição do juiz ou do órgão colegiado SUSPENDE O PROCESSO (art. 313, III).

1. A arguição pode ser formulada por qualquer das partes, em petição específica dirigida ao Juiz da causa,
podendo ser fundamentada com documentos e conter rol de testemunhas.
 Prazo: 15 dias a contar do conhecimento do fato que gerou a suspeição (#CASCADEBANANA: o prazo
não se aplica ao impedimento).
 A arguição pode ser feita na petição inicial, se só houver um Juiz na Comarca.
 Se houver mais de um Juiz, os 15 dias serão contados da distribuição.
 Se a parcialidade surgir posteriormente, os dias 15 dias são contados desse fato novo.
 Quando o réu oferece arguição, o processo é suspenso, inclusive o prazo para contestar. Por conta disso,
não é necessário que o réu ofereça arguição e contestação simultaneamente.
 Se a parcialidade for verificada após a prolatação da sentença, a parte pode fazer arguição como matéria
preliminar do recurso.
2. O Juiz receberá a petição.
2.1. Se o Juiz reconhecer a parcialidade, ordenará a remessa ao seu substituto legal.
2.2. Se o Juiz não reconhecer a parcialidade, apresentará, em apartado, suas razões, ordenando a remessa
ao respectivo Tribunal.
#CEREJADOBOLO: O Juiz possui capacidade postulatória na sua defesa no incidente, não necessitando de
advogado.
#CASCADEBANANA: A outra parte, que não arguiu a parcialidade, não participa do incidente.
3. O incidente, ao chegar no Tribunal, será distribuído e o relator deverá declarar os seus efeitos.
Se o incidente for recebido sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr.
Caso contrário, o processo continuará suspenso até o julgamento do incidente.
#OBS: Enquanto não for declarado o efeito suspensivo, a tutela de urgência deve ser solicitada ao substituto
legal.
4. Se o Tribunal acolher a arguição:
a) Fixará o momento a partir do qual o Juiz atuou com parcialidade;
b) Decretará a invalidade dos atos do Juiz, se praticados quando já presente o motivo do
impedimento/suspeição;
c) Condenará o Juiz nas custas;
d) Remeterá o processo ao substituto legal.

 O Juiz pode interpor RE ou REsp.


 De qualquer forma, a parte adversária não poderá recorrer (não haveria interesse recursal).
5. Se o Tribunal não acolher a arguição, ela é considerada rejeitada.

#CASCADEBANANA: E se a parcialidade for do Tribunal ou da maioria absoluta do Tribunal? Não há um


procedimento definido. O STF que julgará a arguição e, se for o caso de o tribunal ser considerado parcial, a
própria causa.

*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS: Não há impedimento ou suspeição de integrantes de


Colegiado do STJ que apreciaram recurso especial e, posteriormente, venham participar do julgamento de
outro apelo raro oriundo de revisão criminal ajuizada na origem. STJ. 3ª Seção. AgRg na ExSusp 209-DF, Rel.
Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 12/08/2020 (Info 678). Sobre o tema: A regra do art. 252, inciso
III, do Código de Processo Penal não admite interpretação ampliativa, razão pela qual não há impedimento do
Magistrado que atuou anteriormente no feito, porém, na mesma instância (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
457.696/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/08/2019).

*(Atualizado em 05.07.2020): #DEOLHONAJURIS: A falha procedimental consubstanciada na publicação


antecipada de resultado de julgamento que havia sido adiado não gera suspeição do relator. Essa falha não se
enquadra em nenhuma das hipóteses taxativas de suspeição previstas no art. 135 do CPC. As hipóteses
taxativas de cabimento da exceção devem ser interpretadas de forma restritiva, sob pena de
comprometimento da independência funcional assegurada ao magistrado no desempenho de suas funções.
STJ. 2ª Seção. AgInt na ExSusp 198-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/03/2020 (Info 668).
*(Atualizado em 31/01/2021) #DEOLHONAJURIS No CPC/1973, o juiz possuía interesse jurídico e legitimação
para recorrer da decisão que julgava procedente a exceção de suspeição, ainda que não fosse condenado ao
pagamento de custas e honorários advocatícios O juiz, apesar de não participar como parte ou terceiro
prejudicado da relação jurídica de direito material é sujeito do processo e figura como parte no incidente de
suspeição, por defender de forma parcial direitos e interesses próprios, possuindo, portanto, interesse jurídico
e legitimação recursal para impugnar, via recurso, a decisão que julga procedente a exceção de suspeição,
ainda que não lhe seja atribuído o pagamento de custas e honorários advocatícios. STJ. 4ª Turma. REsp
1.237.996-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 20/10/2020 (Info 683). O CPC/2015 traz a seguinte regra
sobre o tema: Art. 146 (...) § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o
tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da
decisão.

7.5 Parcialidade do Membro do MP, dos auxiliares da Justiça e dos demais sujeitos do processo:

Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:


I -ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e
devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
§2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no
prazo de 15 dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
§3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o §1º será disciplinada pelo regimento interno. §4º O disposto
nos §§1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha.

#CASCADEBANANA: Nesses casos, NÃO SUSPENDE O PROCESSO!

7.6 Eficácia externa da decisão sobre suspeição e impedimento:

A decisão sobre a parcialidade do juiz é uma DECISÃO DE MÉRITO (mérito do incidente de


suspeição/impedimento). A questão, quando resolvida, deve tornar-se indiscutível não apenas para o
processo em que foi proferida, mas também para outros, em que a mesma situação se repita (mesmas
circunstâncias de fato e de direito).

Logo, quando o juiz receber causa em que exista situação que já foi reconhecida como apta a gerar sua
parcialidade, deve declarar-se suspeito ou impedido.
7.7 Impedimento ou suspeição provocados:

Art. 144, §2º. É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.

Privilegia-se a boa-fé processual. A “indução” da parcialidade é prática frequente no foro e tem como
objetivo burlar a garantia do juiz natural, em nítido abuso de direito processual.

Art. 145, §2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:


I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.

No inciso II, há vedação ao venire contra factum proprium: tendo aceitado o órgão jurisdicional, com a
prática de atos que revelem essa aceitação, a parte não pode em seguida levantar a sua suspeição.
Tem-se, mais uma vez, preocupação com o abuso de direito.

ENUNCIADOS NCPC

Galera, para finalizar, no estilo #QUEBRANDOABANCA, vamos ler aquilo que está despencando em prova?

#FOCONOSENUNCIADOS #VAICAIR #CEREJADOBOLO

152. (Arts. 338, caput; 339, §§ 1º e 2º; 350 e 351) O autor terá prazo único para requerer a substituição ou
inclusão de réu (arts. 338, caput; 339, §§ 1º e 2º), bem como para a manifestação sobre a contestação (arts.
350 e 351). (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros; redação revista no VII FPPC-São Paulo)

248. (art. 134, § 2º; art. 336) Quando a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição
inicial, incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, impugnar não somente a própria
desconsideração, mas também os demais pontos da causa. (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e
saneamento)

272. (art. 231, § 2º) Não se aplica o § 2º do art. 231 ao prazo para contestar, em vista da previsão do § 1º do
mesmo artigo. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos).
274. (art. 272, § 6º) Aplica-se a regra do §6º do art. 272 ao prazo para contestar, quando for dispensável a
audiência de conciliação e houver poderes para receber citação. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados.
Prazos).

275. (arts. 229, §2º90, 1.046). Nos processos que tramitam eletronicamente, a regra do art. 229, §2º, não se
aplica aos prazos já iniciados no regime anterior. (Grupo: Direito intertemporal e disposições finais e
transitórias; redação alterada no V FPPC-Vitória)

286. (art. 322, §2º; art. 5º). Aplica-se o §2º do art. 322 à interpretação de todos os atos postulatórios, inclusive
da contestação e do recurso. (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e saneamento)

366. (art. 1.047). O protesto genérico por provas, realizado na petição inicial ou na contestação ofertada antes
da vigência do CPC, não implica requerimento de prova para fins do art. 1047. (Grupo: Direito intertemporal e
disposições finais e transitórias)

426. (art. 340, § 2°) O juízo para o qual foi distribuída a contestação ou a carta precatória só será considerado
prevento se o foro competente for o local onde foi citado. (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e
saneamento)

580. (arts. 190; 337, X; 313, II) É admissível o negócio processual estabelecendo que a alegação de existência
de convenção de arbitragem será feita por simples petição, com a interrupção ou suspensão do prazo para
contestação. (Grupo: Negócios processuais)

45. (art. 343) Para que se considere proposta a reconvenção, não há necessidade de uso desse nomen iuris, ou
dedução de um capítulo próprio. Contudo, o réu deve manifestar inequivocamente o pedido de tutela
jurisdicional qualitativa ou quantitativamente maior que a simples improcedência da demanda inicial. (Grupo:
Litisconsórcio, Intervenção de Terceiros e Resposta do Réu)

46. (art. 343, § 3º) A reconvenção pode veicular pedido de declaração de usucapião, ampliando
subjetivamente o processo, desde que se observem os arts. 259, I, e 328, § 1º, II. Ampliação do Enunciado 237
da Súmula do STF (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e saneamento; redação revista no IV FPPC-BH)40

154. (art. 354, parágrafo único; art. 1.015, XIII70) É cabível agravo de instrumento contra ato decisório que
indefere parcialmente a petição inicial ou a reconvenção. (Grupo: Coisa Julgada, Ação Rescisória e Sentença;
redação alterada no VII FPPC-São Paulo)
239. (arts. 85, caput, 334, 335) Fica superado o enunciado n. 472 da súmula do STF (“A condenação do autor
em honorários de advogado, com fundamento no art. 64 do Código de Processo Civil, depende de
reconvenção”), pela extinção da nomeação à autoria (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos).

20. Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre outros: acordo para modificação da
competência absoluta, acordo para supressão da primeira instância, acordo para afastar motivos de
impedimento do juiz, acordo para criação de novas espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de
cabimento de recursos

JURISPRUDÊNCIA

Não é cabível a reconvenção apresentada em embargos de terceiro, sob a égide do Código de Processo Civil de
1973. STJ. 3ª Turma. REsp 1578848-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/06/2018 (Info 628).
E sob a égide do CPC/2015? Na vigência do CPC/2015, é possível a apresentação de reconvenção em embargos
de terceiro? O Min. Relator Ricardo Villas Bôas Cueva afirmou o seguinte em seu voto: (...) anote-se que o
Código de Processo Civil de 2015, alterando profundamente a sistemática anterior, passou a prever, além da
possibilidade de reconvenção e contestação em peça única (artigo 343), a adoção do procedimento comum
após a fase de contestação nos embargos de terceiro (artigo 679), o que certamente reascenderá a discussão
em torno do cabimento da reconvenção nas demandas ajuizadas sob a égide do novo diploma.”

O terreno do proprietário foi invadido por inúmeras pessoas de baixa renda. O proprietário ingressou com
ação de reintegração de posse, tendo sido concedida a medida liminar, mas nunca cumprida mesmo após
vários anos. Vale ressaltar que o Município e o Estado fizeram toda a infraestrutura para a permanência das
pessoas no local. Diante disso, o juiz, de ofício, converteu a ação reintegratória em indenizatória
(desapropriação indireta), determinando a emenda da inicial, a fim de promover a citação do Município e do
Estado para apresentar contestação e, em consequência, incluí-los no polo passivo da demanda. O STJ afirmou
que isso estava correto e que a ação possessória pode ser convertida em indenizatória (desapropriação
indireta) - ainda que ausente pedido explícito nesse sentido - a fim de assegurar tutela alternativa equivalente
(indenização) ao particular que teve suas térreas invadidas. STJ. 1ª Turma. REsp 1442440-AC, Rel. Min. Gurgel
de Faria, julgado em 07/12/2017 (Info 619).
Admite-se emenda à inicial de ação civil pública, em face da existência de pedido genérico, ainda que já tenha
sido apresentada a contestação. STJ. 4ª Turma. REsp 1279586-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
03/10/2017 (Info 615).

O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor do réu cujos interesses está
defendendo. STJ. 4ª Turma. REsp 1088068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 29/08/2017 (Info
613).

Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o
denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1637108-PR,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

O pedido de alongamento da dívida originada de crédito rural pode ser feito em sede de embargos à monitória
ou contestação, independentemente de reconvenção. O preenchimento dos requisitos legais para a
securitização da dívida originada de crédito rural (ou alongamento) constitui matéria de defesa do devedor,
passível de ser alegada em embargos à monitória ou contestação, independentemente de reconvenção. STJ.
3ª Turma. REsp 1531676-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/5/2017 (Info 604).

A compensação de dívida pode ser alegada em contestação. A compensação é meio extintivo da obrigação,
caracterizando-se como defesa substancial de mérito ou espécie de contradireito do réu. A compensação pode
ser alegada em contestação como matéria de defesa, independentemente da propositura de reconvenção, em
obediência aos princípios da celeridade e da economia processual. STJ. 3ª Turma. REsp 1524730-MG, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/8/2015 (Info 567)

É válido o julgamento parcial de mérito? • CPC 1973: NÃO. Não é permitido o julgamento parcial de mérito.
Adotou-se a teoria da unidade estrutural da sentença, segundo a qual não é possível existir mais de uma
sentença no mesmo processo ou na mesma fase processual de conhecimento ou de liquidação. • CPC 2015:
SIM. É permitido o julgamento parcial de mérito. O novo CPC introduziu no sistema processual civil brasileiro a
permissão para que o juiz profira julgamento parcial de mérito (art. 356). Ex: João ajuizou ação de indenização
contra determinada empresa pedindo a condenação da ré ao pagamento de R$ 100 mil a título de danos
emergentes e R$ 200 mil por lucros cessantes. A empresa apresentou contestação e pediu a realização de
perícia para aferir se realmente houve lucros cessantes e qual seria o seu valor exato. Não foi pedida a
realização de instrução probatória no que tange aos danos emergentes. Sendo permitida sentença parcial de
mérito, o juiz poderá cindir o feito e julgar desde logo o pedido dos danos emergentes, determinando o
prosseguimento do feito quanto ao pedido de lucros cessantes. STJ. 3ª Turma. REsp 1281978-RS, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/5/2015 (Info 562).

Ação monitória é um procedimento especial, previsto no CPC, por meio do qual o credor exige do devedor o
pagamento de soma em dinheiro, a entrega de coisa fungível ou a entrega de determinado bem móvel com
base em prova escrita que não tem eficácia de título executivo. Obs: com o CPC de 2015, a ação monitória
poderá ser utilizada para exigir a entrega de coisas infungíveis e também para exigir a entrega de bens imóveis,
situações que não eram abarcadas pelo antigo Código. Além disso, o CPC 2015 prevê que a ação monitória
serve também para exigir que o réu cumpra obrigação de fazer ou não fazer sobre a qual ele está
inadimplente. O réu citado poderá defender-se das alegações do autor. A defesa na ação monitória é
denominada de “embargos à ação monitória”. Os embargos à ação monitória são classificados como uma
forma de defesa, sendo semelhante à contestação. Para que o réu apresente embargos monitórios, ele precisa
pagar previamente as custas? NÃO. Não se exige o recolhimento de custas iniciais para oferecer embargos à
ação monitória. Isso porque os embargos à monitória têm natureza jurídica de defesa. Vimos acima que é
como se fosse uma contestação e o réu não precisa recolher custas para apresentar contestação. Isso vale
tanto para o CPC 1973 como para o novo CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1265509-SP, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 19/3/2015 (Info 558).

Depois que tiver sido oferecida a contestação, o autor só poderá desistir da ação se houver o consentimento
do réu. Se o réu não quiser concordar com a desistência, deverá apresentar ao juízo um motivo justificável,
sob pena de sua conduta ser considerada como abuso de direito. Desse modo, se a recusa do réu em aceitar a
desistência for infundada (sem um motivo razoável), o juiz poderá suprir a sua concordância e homologar a
desistência. No caso concreto, o réu negou a desistência, afirmando que possuía interesse no julgamento de
mérito da demanda. O STJ considerou que esse argumento era relevante e que se tratava de fundamentação
razoável, apta a impedir a extinção do processo sem resolução do mérito. STJ. 3ª Turma. REsp 1318558-RS,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2013 (Info 526).

É incabível o oferecimento de reconvenção em embargos à execução. O processo de execução tem como


finalidade a satisfação do crédito constituído, razão pela qual revela-se inviável a reconvenção, na medida em
que, se admitida, ocasionaria o surgimento de uma relação instrumental cognitiva simultânea, o que
inviabilizaria o prosseguimento da ação executiva. Assim sendo, a reconvenção somente tem finalidade de ser
utilizada em processos de conhecimento, haja vista que a mesma demanda dilação probatória, exigindo
sentença de mérito, o que vai de encontro com a fase de execução, na qual o título executivo já se encontra
definido. Esse entendimento persiste mesmo com a entrada em vigor do CPC 2015. STJ. 2ª Turma. REsp
1528049-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/8/2015 (Info 567).
A reconvenção pode ser apresentada sempre que seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa. O cabimento da reconvenção deve ser apreciado em status assertionis, ou seja, segundo o que o réu
reconvinte afirmou na reconvenção. STJ. 3ª Turma. REsp 1126130-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/3/2012.

Em uma ação de indenização, se ocorrer a revelia, deve-se presumir a veracidade quanto aos danos narrados
na petição inicial. No entanto, esta presunção de veracidade não alcança a definição do quantum indenizatório
indicado pelo autor. STJ. 4ª Turma. REsp 1520659-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 1º/10/2015 (Info 574).

No procedimento sumário, não pode ser reconhecida a revelia pelo não comparecimento à audiência de
conciliação na hipótese em que tenha sido indeferido pedido de vista da Defensoria Pública formulado, dias
antes da data prevista para a referida audiência, no intuito de garantir a defesa do réu que somente tenha
passado a ser assistido após a citação. STJ. 4ª Turma. REsp 1096396-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 7/5/2013 (Info 523). Obs: o procedimento sumário deixou de existir com o CPC 2015. Vale ressaltar, no
entanto, que as disposições do CPC 1973 relativas ao procedimento sumário deverão ser aplicadas aos
processos pendentes, ou seja, incidem sobre as ações propostas e ainda não sentenciadas até o início da
vigência do novo CPC (art. 1.046, § 1º).

Incidem os efeitos materiais da revelia contra o Poder Público na hipótese em que, devidamente citado, deixa
de contestar o pedido do autor, sempre que estiver em litígio uma obrigação de direito privado firmada pela
Administração Pública, e não um contrato genuinamente administrativo. STJ. 4ª Turma. REsp 1084745-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012 (Info 508).

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Código de Processo Civil Art.144 a 148; Art. 335 a 346

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula.

Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017).


Manual de Direito Processual Civil – Daniel Assumpção Amorim Neves (2017).

Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.

Foca no Resumo (Martina Correia).

Você também pode gostar