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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Apelação ............................................................................................................ 2
1.1 Introdução ........................................................................................................ 2
1.2 Exceções à regra do artigo 1.009 do CPC/15 ...................................................... 3
1.3 Requisitos da apelação...................................................................................... 6
1.4 Polêmicas referentes ao artigo 1.009 do CPC/15 ................................................ 8
1.5 Peça do recurso de apelação ........................................................................... 14
1.6 Efeito da apelação .......................................................................................... 20
1.7. Poderes previstos no artigo 932 do CPC/15 .................................................... 25
1.8. Honorários advocatícios ................................................................................. 29
2. Agravo de Instrumento ..................................................................................... 31
2.1 Hipóteses de cabimento de agravo de instrumento ......................................... 32
2.2 Requisitos para interposição ........................................................................... 37
2.3 Alterações trazidas pelo CPC/15 ...................................................................... 38
Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória
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1. Apelação
1.1 Introdução
Exemplo: Situação concreta envolvendo um crédito referente à União, à autarquia para ser
informado perante um juízo universal de falência.
Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação.
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Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória
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Caso a falência fosse decretada e o recurso cabível fosse a apelação, o processo teria
que ser encaminhado ao Tribunal, em regra, com efeito suspensivo. Ademais, o Tribunal
deveria adotar todas as providências enumeradas acima. Então, por conta do efeito prático,
a própria Lei de Falência prevê que apenas no caso de quebra caberá agravo de instrumento
da sentença. Por sua vez, se a sentença for de improcedência caberá apelação regularmente.
Observação: Embora a matéria de falência seja mais direcionada para a área estadual,
também poderá ser importante para a área federal, como no exemplo acima. No 7º
concurso para Juiz Federal do Estado do Rio, a prova cobrou uma sentença de despejo.
Ninguém estuda a Lei de Locação para a uma prova para juiz federal, mas a banca pega uma
pergunta que o candidato não está a par, com o objetivo de selecionar o candidato que está
com uma visão conjunta sistemática melhor.
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento
não unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso,
seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento
interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o
mérito.
§ 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas;
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.
Logo, o caso de execução fiscal de alçada também consiste em uma exceção à regra,
visto que, conforme a lei especial, o recurso cabível seriam os embargos infringentes ao
mesmo órgão jurisdicional. É mais um exemplo de sentença que comporta um recurso que
não é apelação.
Normalmente, para atacar sentença proferida por Juiz Federal é cabível o recurso de
apelação, cujo mérito será apreciado pelo TRF. No entanto, existe uma situação peculiar em
que tal sentença comportará recurso ordinário ao invés de apelação. A segunda
peculiaridade é que o mérito do recurso é analisado pelo STJ ao invés de o ser pelo TRF.
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Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória
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Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto
aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação
e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
§ 1o Na hipótese do art. 1.027, § 1o, aplicam-se as disposições relativas ao agravo de
instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
Essa demanda, que é proposta em primeiro grau, pode seguir o rito comum ou um
rito especial. Porém, contra a sentença que a julgue será cabível recurso ordinário e,
admitido o recurso, o mérito será apreciado pelo STJ.
Ademais, há também a sentença do juizado, que não comporta apelação. A Lei afirma
apenas que cabe recurso, não atribuindo um nome para tal. Dessa forma, o recurso cabível
contra sentença proferida no âmbito do juizado é denominado de “recurso inominado”.
Assim, não é possível interpor apelação no juizado. O “recurso inominado” deve ser
interposto no prazo de 10 dias, mesmo que seja a Fazenda Pública em juizado federal ou
fazendário. Ocorre que nestes juizados fazendários não há prazo em dobro, seja para
litisconsortes, Defensoria Pública ou para a própria Fazenda Pública.
Observação: No NCPC, como regra, todos os recursos deverão ser interpostos no prazo de
15 dias, com exceção dos embargos de declaração que deverão ser opostos em cinco dias. É
importante ressaltar que lei especial pode prever outro prazo. O prazo do recurso inominado
continuará sendo de dez dias, conforme a lei especial nº 9.099.
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Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória
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Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
Nota-se que, às vezes, a lei prevê quais são os recursos que não precisam de preparo.
De qualquer forma, o preparo é regulado pelo artigo 1.007 NCPC.
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Exemplo: No curso de um processo judicial, uma das partes requer a expedição de uma carta
rogatória para a Austrália. O pedido é indeferido pelo magistrado sob o argumento de que a
parte estaria protelando e o pedido não seria relevante. O processo prossegue e,
posteriormente, o magistrado indefere a produção de uma prova pericial ou a oitiva de uma
testemunha antecipada, requerida pela mesma parte. No entanto, em razão do último
indeferimento, a parte interpôs o recurso de agravo retido. O processo prosseguiu e o
magistrado proferiu sentença de improcedência. A parte apela e a apelação recairá sobre a
sentença.
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ele também julgaria a decisão interlocutória que indeferiu a prova testemunhal ou pericial.
No que se refere à decisão que indeferiu a expedição de carta rogatória para a Austrália,
ocorreu a preclusão.
Desse modo, no modelo antigo, o agravo retido era utilizado para evitar a preclusão
das decisões. Isto é, no corpo da apelação, o interessado reiterava o agravo retido
anteriormente interposto pleiteando a análise da preliminar. Na hipótese de ausência de
interposição de agravo retido no momento adequado, todas as decisões do processo citado
no exemplo acima estariam preclusas e a apelação só poderia discutir o conteúdo da
sentença.
No entanto, o agravo retido foi eliminado ante a vigência do NCPC. Por isso e,
considerando a ausência de necessidade de interposição do agravo retido, o processamento
em primeiro grau foi agilizado.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.
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Observação: Para o professor, essa é uma lógica nefasta do CPC/15 por estimular a
interposição de agravo de instrumento. Caso o advogado da parte acredite que a decisão
está enquadrada nas hipóteses de agravo de instrumento, deverá interpor o recurso
respectivo, objetivando evitar a preclusão.
Por outro lado, não sendo caso de interposição de agravo de instrumento (hipóteses
elencadas no artigo 1.015), a parte deverá aguardar.
Observação: O Mandado de Segurado deve ser utilizado quando a lei proíbe recurso ou não
o prevê. O CPC/15 prevê recurso no caso acima, que é diferido.
A partir dessa sistemática, depreende-se que houve certa facilitação para o primeiro
grau vez que as práticas anteriores de interposição de agravo retido, contraditório, e da
decisão mantendo a primitiva tornaram-se desnecessárias. Agora, simplesmente a decisão
não está preclusa, a parte irá aguardar e, no momento da apelação da sentença, fará um
recurso levemente diferenciado, incluindo como preliminar sua irresignação ante as decisões
interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento (artigo 1.009, §1º).
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Além disso, o CPC/15 admite tal dinâmica tanto no recurso de apelação quanto nas
contrarrazões ao recurso de apelação.
Exemplo: Autor faz o pedido de R$100.000,00 (cem mil reais), o magistrado profere decisão
concedendo R$50.000,00 (cinquenta mil reais). O réu poderia apelar para reduzir o valor ou
extingui-lo, porém, mesmo sem considerar a sentença adequada, não estava pensando em
recorrer. Ocorre que, caso o autor queira apelar para aumentar o valor, o réu poderá utilizar
suas contrarrazões também como “recurso adesivo”.
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Exemplo: Existe um capítulo da sentença em relação ao qual a parte ré não está de acordo e
que é pertinente a alguma decisão interlocutória anterior. A parte autora apela e a parte ré
poderá trazer sua irresignação em preliminar das contrarrazões ao recurso de apelação.
Destaque-se que são três situações diversas: i. sucumbência recíproca com apelações
autônomas do autor e do réu; ii. sucumbência recíproca com apelação do autor ou réu e
interposição de recurso na modalidade adesiva pela outra parte e; iii. apresentação de
questionamento quanto a alguma decisão interlocutória não sujeita a agravo de instrumento
em sede de contrarrazões da apelação.
O CPC/15 traz a possibilidade da situação iii, permitindo que o apelado apresente sua
irresignação quanto a uma decisão interlocutória não sujeita a agravo. Nesse caso, as
contrarrazões terão natureza recursal, conforme defendido pela doutrina. Tanto o é que o
artigo 1.009, §2º, prevê que, nessa hipótese, haverá contrarrazões das contrarrazões. Isso se
deve justamente ao fato de que a primitiva possui feição recursal.
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possuem natureza recursal, nada mais justo do que possibilitar a manifestação da outra
parte. Por isso, foram previstas as contrarrazões das contrarrazões (artigo 1.009, §2º).
Como a decisão que modifica o valor da causa não é prevista no artigo 1.015, esta
não estará preclusa. Se o juiz acolher o pedido do autor, os honorários serão fixados entre
10 e 20% sobre o valor da causa ou sobre o valor da condenação. Se o primeiro critério for a
fixação sobre o valor da causa, resta evidente o interesse recursal de manter o valor da
causa maior, requerido pela parte. O processo prossegue e o pedido do autor é acolhido,
julgado procedente. Posteriormente, o réu apela da sentença e, nesse momento, surge a
possibilidade de o autor apresentar contrarrazões, incluindo a preliminar para discutir a
decisão interlocutória que modificou o valor da causa. Essas contrarrazões terão natureza
recursal vez que se não fossem utilizadas, o Tribunal não analisaria o tema. Por isso, nada
mais óbvio do que possibilitar à outra parte o contraditório por meio do oferecimento de
contrarrazões das contrarrazões.
Por outro lado, poderá ocorrer uma situação complicada no exemplo acima. O autor
poderá pensar da seguinte forma: “E se o réu não recorrer? Porque se ele o fizer, poderei
apresentar as contrarrazões trabalhando a decisão interlocutória que me foi desfavorável.
Porém, se o réu não apelar eu vou aceitar os honorários sobre dez mil reais?”.
Os autores que escrevem sobre o tema, afirmam que, de acordo com o CPC/15, em
caráter excepcional, mesmo que o autor não tenha interesse algum em apelar da sentença,
mas ainda assim, se estiver insatisfeito com uma decisão interlocutória não sujeita a agravo,
poderá apelar. Nesse caso, a apelação será referente à preliminar para questionar a decisão
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Observe-se que isso é apenas uma exceção, mas a apelação eventualmente pode ser
utilizada para impugnar decisão interlocutória. Até mesmo em razão da boa-fé e da lealdade
processual, não faz sentido a utilização de uma apelação protelatória se o intuito é discutir a
decisão interlocutória anterior e não a sentença.
Então, o meio doutrinário já defende que o autor poderia aguardar a apelação do réu
para discutir o tema da decisão interlocutória ou ele mesmo poderia apelar reconhecendo
que sua impugnação é referente à decisão interlocutória que reduziu o valor da causa.
Para Rodolfo Hartmann, embora essa ideia seja muito diferente da sistemática do
CPC/73, ela é crível e razoável dentro daquilo que o CPC/15 propõe, vez que se não há
naquele momento um recurso para ser utilizado e se não há interesse para recorrer da
sentença, como a parte poderia agir? Ficar à sorte do outro? Logo, esta parece ser a solução
correta, isto é, uma apelação para questionar apenas uma decisão interlocutória.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze)
dias.
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para
apresentar contrarrazões.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
A apelação fica entranhada nos autos ao invés de ficar em apenso. Por conta disso, a
necessidade e a utilidade de nova qualificação das partes poderia ser questionada, vez que
na peça inicial já estariam presentes as qualificações do autor e do réu. Assim, caso a
apelação seja apresentada pelo o autor ou réu não há necessidade de nova qualificação.
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Logo, não haverá vício formal caso autor/réu apele e disponha da seguinte forma em
seu recurso: “Autor/réu, já qualificado nos autos desse processo...”.
Observação: Existe uma praxe de fazer duas petições, uma para interposição e outra com as
razões de recurso.
“1ª petição: Senhor Juiz Federal da Vara ..., processo nº ..., vem interpor
recurso de apelação com as razões em anexo ... Termos em que pede
deferimento... assinatura”.
Essa é uma praxe antiga, que vêm do código anterior ao CPC/73, e ainda produz
resquício no CPP. Tal praxe advém da ideia de existir um prazo para interpor o recurso e
outro prazo para a apresentação das razões, daí a necessidade de duas peças, uma para
interpor o recurso e a outra para apresentar as razões.
Porém, essa ideia foi abolida no CPC/73 e também não consta no CPC/15. Então, isso
é um hábito no âmbito do Processo Civil que alguns patronos mantêm de trazer em uma
petição a folha de interposição e no mesmo momento, outra folha para as razões recursais.
Tal prática não é necessária. Caso o advogado prefira, poderá fazer uma peça única
dirigida ao juízo de primeiro grau e, ao final, no requerimento, solicitar a intimação do réu
para contrarrazoar, a remessa dos autos ao Tribunal para a realização do juízo de
admissibilidade e do provimento. Para prova de concurso, que envolva a elaboração de peça
processual, é melhor trabalhar com formato único.
Exemplo: Indeferimento da inicial e improcedência liminar. Como em tais casos o réu ainda
nem foi citado, não há necessidade de sua intimação. Apresentado o recurso e ausente a
retratação do juízo, o réu será citado para apresentar contrarrazões.
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Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo
de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a
correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.
CAPÍTULO III
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença,
nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a
citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
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Observação: Os recursos com admissibilidade bipartida são aqueles nos quais o juízo de
admissibilidade é realizado de forma bipartida por um órgão e por outro posteriormente, ou
seja, em uma instância e em outra instância. Ainda há previsão de recursos com
admissibilidade bipartida no CPC/15.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para
apresentar contrarrazões.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
Enfim, o juiz de primeiro grau não deve fazer o juízo de admissibilidade da apelação,
restringindo-se a colher razões, contrarrazões e remeter ao Tribunal para que este realize a
admissibilidade e, se eventualmente, verifique algo como a falta de preparo, determinará as
providências necessárias para a regularização.
Observação: O professor Rodolfo Hartmann é juiz federal e afirma que caso passe a atuar
em sede de juízo cível federal, incluirá na própria sentença que “havendo recurso de uma
das partes, intime-se a outra para a apresentação de contrarrazões” e também a
determinação de remeter ao Tribunal, ao invés de fazer um despacho apenas para a
intimação do apelado em caso de eventual interposição de apelação. Há a possibilidade de
economizar dois despachos, pois não é função do juiz de primeiro grau realizar o juízo de
admissibilidade.
Caso uma das partes não recorra na expectativa de que a decisão seja mantida,
mesmo que esta não seja a decisão mais adequada para um ou para o outro, poderá existir
uma expectativa quebrada pela interposição do recurso da parte contrária.
O artigo 930, parágrafo único, contém uma regra de prevenção. Observe-se que a
redação do artigo poderá trazer algumas dúvidas, vez que dispõe que o relator também está
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prevento. O professor afirma que a interpretação correta deveria ser de que o órgão estará
prevento e, enquanto o desembargador estiver naquele órgão, ele continuará como relator.
Porém, não é razoável que caso o desembargador relator não atue mais naquele órgão,
continue prevento.
Exemplo: Um recurso foi distribuído para a Segunda Câmara Cível e três meses depois o
desembargador que foi o relator do referido recurso passa a atuar em uma Câmara Criminal.
O caput do artigo 1.012 dispõe sobre a regra do duplo efeito e os incisos preveem as
exceções, que são praticamente iguais às do modelo anterior, em que a apelação terá
apenas o efeito devolutivo.
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Além disso, a redação do inciso V também é bastante positiva. Segundo tal previsão,
a apelação não terá efeito suspensivo nos casos em que a sentença confirma, concede ou
revoga a tutela provisória. O CPC/73 só previa a confirmação.
O Processo Civil é uma das matérias mais sistemáticas do direito, vez que qualquer
modificação acarreta enorme repercussão.
Exemplo: Tício ingressa em uma vara previdenciária e solicita tutela antecipada para a
implementação de benefício previdenciário. Caso a tutela antecipada fosse concedida, o juiz
estaria trabalhando com a cognição sumária e com a probabilidade de o autor estar com a
razão.
Citado, o INSS interpõe agravo de instrumento (até porque caso este não seja
interposto, o processo é extinto e a decisão torna-se estável), e o recurso terá efeito
devolutivo. Para que o agravo tenha efeito suspensivo, deverá haver requerimento ao
relator nesse sentido. Logo, se o juiz conceder a tutela antecipada no início do processo
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apenas com cognição sumária, produzirá uma decisão que já possuirá eficácia e poderá ser
cumprida.
Por outro lado, caso o juiz decida prestigiar o contraditório, poderá indeferir a tutela
antecipada naquele momento e, após o aprofundamento da cognição, perceber que após a
devida produção de provas a parte demonstrou a necessidade de procedência do pedido,
com a condenação do INSS. O recurso cabível seria o de apelação.
A grande contradição ilustrada pelo exemplo supracitado reside no fato de que não
há lógica de uma decisão com cognição menor poder produzir efeitos enquanto a sentença
não o faz. Isto é, quando o juiz concede a tutela antecipada em cognição sumária, a
princípio, a decisão seria cumprida porque o agravo de instrumento não é um recurso que
possui efeito suspensivo em regra. Por outro lado, quando o juiz concede a tutela antecipada
após cognição exauriente, em sede de sentença, o recurso cabível é apelação, que tem
efeito suspensivo.
A concessão ocorre quando a tutela antecipada foi requerida antes, negada por
decisão interlocutória e deferida na sentença. A confirmação ocorre quando a tutela
antecipada já foi concedida anteriormente e a revogação ocorrerá quando no início do
processo a tutela antecipada foi deferida e ao final do processo o magistrado indefere o
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Exemplo: Processo com solicitação de concessão de um benefício pelo INSS no qual o juiz
concedeu a tutela antecipada liminarmente e ao final julgou improcedente. O pagamento
deve ser cassado imediatamente.
O aluno não pode confundir a previsão do artigo 1.012, §1º, V com a do artigo 1.015,
I. Este afirma que cabe agravo de instrumento da decisão interlocutória que verse sobre
tutela provisória.
Não seria possível imaginar que na mesma folha de papel houvesse um capítulo
sentença e um capítulo de decisão interlocutória? Embora esse raciocínio já tenha sido
defendido, a jurisprudência e o CPC adotaram posicionamento oposto no sentido de que
tudo faz parte da sentença, existindo apenas a diferenciação entre capítulos. Dessa forma,
não são cabíveis recursos diferentes. Existe uma decisão decomposta em capítulos distintos
e o recurso cabível é o de apelação (artigos 1.012, §1º, I e 1.013, §5º). Logo, não é cabível
agravo de instrumento nessa hipótese e, em regra, a apelação não tem efeito suspensivo.
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Muitas vezes o CPC exclui nomenclaturas e não inova, mantendo uma dinâmica
parecida. Ao invés de utilizar uma cautelar atípica, a parte interessada deve fazer um pedido
de concessão de efeito suspensivo. Isto é, deve ser feita uma petição requerendo o efeito
suspensivo ao recurso. Mesmo que similar a uma cautelar autônoma, tal nomenclatura não
deverá ser utilizada.
Observação: A petição precisará ser muito bem instruída, provavelmente com cópia das
principais peças do processo, para que o desembargador consiga analisar devidamente o
pedido e conceder o efeito suspensivo.
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Então, embora algumas ideias pareçam ser boas, precisam ser testadas na prática. O
próprio CPC/15 afirma que o CNJ deverá fiscalizar se o Código está atingindo o desiderato de
acelerar a prestação jurisdicional, melhorando a qualidade e a produtividade.
Observação: Não é errado falar em “mérito recursal”, pois há mérito no recurso. Há inclusive
quem afirme que recurso é ação e para esses basta lembrar que como recurso deve ter
legitimidade e interesse, da mesma forma que a ação. Aqui se adota a doutrina majoritária
que aduz que as condições da ação permanecem e que isso não virou pressuposto
processual.
Como o motivo do processo novo é ter uma carga instrumental, antes de inadmitir o
recurso, o desembargador deverá intimar a parte para a regularização recursal caso o vício
seja sanável.
Poderá sim extinguir desde logo na hipótese de intempestividade. Por outro lado,
caso existam vícios sanáveis, antes de proferir decisão monocrática inadmitindo, caberá ao
relator intimar a parte para a regularização. Dessa forma, a proposta do Código é manter o
foco na instrumentalidade do processo e, caso o vício seja relacionado com a
admissibilidade, o artigo 932 deixa evidente que deverá haver intimação para a
regularização.
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-
se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo
retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em
pauta.
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão
agravada para julgar improcedente o agravo interno.
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa.
§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito
prévio do valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário
de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
Porém, quando o relator recebe o recurso é possível que ocorram diversas situações,
tais como:
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Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de
sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.
§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do
relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.
Exemplo: O autor solicita a produção de uma prova pericial na fase de conhecimento e o juiz
nega. Trata-se de decisão interlocutória não sujeita a agravo instrumento. O processo
prosseguiu, a sentença foi de improcedência e o autor perdeu. Em razão disso, o autor apela
e, em preliminar do recurso, quer discutir a decisão interlocutória anterior.
Nesse caso, o desembargador verifica que a parte afirma que a prova pericial é apta a
modificar toda a situação. Qual será a lógica de dar provimento a um recurso, anular a
sentença, baixar o processo para produzir prova que ensejará outra sentença e outro
recurso?
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Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for
intimado a acompanhar o feito em que deva intervir.
§ 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que
se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.
Por outro lado, não sendo caso de decisão monocrática, designa-se uma sessão que
será realizada em dia e hora pré-determinada. Primeiramente, o relator irá expor a causa
aos seus colegas, posteriormente a parte terá direito à sustentação oral, vez que o recurso
de apelação concede tal direito e, o relator profere seu voto. Como a figura do revisor foi
abolida, após o voto do relator, ouvem-se os votos de dois vogais e forma-se o Acórdão que
dá ou nega provimento ao recurso de apelação. Observe-se que o tema é extremamente
polêmico, mas foi utilizado apenas para ilustrar.
Porém, o CPC/15 não prevê mais tal processamento como recurso e sim como uma
rotina automática. Ainda assim, o CPC potencializa ao prever a hipótese para “qualquer 2 a 1
na apelação” enquanto no modelo anterior restringia-se o “2 a 1” apenas ao provimento da
apelação para reformar sentença de mérito.
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores.
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão,
colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão
colegiado.
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.
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2. Agravo de Instrumento
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Ante o exposto, pode-se notar que o Tribunal terá mais trabalho. Além de realizar o
juízo de admissibilidade, terá o dever de prezar pela instrumentalidade, intimando a parte
para que regularize eventual vício sanável ao invés de simplesmente inadmitir o recurso.
Ademais, caso a decisão da apelação não seja unânime1, é necessário chamar o tabelar e,
caso este não esteja presente, deverá ser designada nova sessão.
i. Tutela provisória
Essa novidade foi trazida pelo artigo 937, VIII e restringe-se apenas ao agravo de
instrumento contra decisão interlocutória sobre tutela provisória.
1
Nota do Residente: O professor menciona apelação nesse caso, mas a referência poderia ser ao
agravo de instrumento, o qual, como visto nessa aula, também se submeteria a técnica de julgamento prevista
no art. 942 do NCPC (§ 3º, II desse artigo). De todo modo, seja pela técnica de julgamento do artigo 942
aplicada à apelação ou ao agravo de instrumento, nota-se evidente aumento da carga de trabalho nos
tribunais, o que não torna equivocada a referência feita pelo professor.
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Exemplo: Pedido de medicamentos urgente negado por juiz. Não é razoável esperar a
sentença para poder recorrer.
Exemplo: Artigo 356 que cuida do julgamento antecipado parcial do mérito. É uma decisão
interlocutória de mérito e o recurso cabível seria o agravo de instrumento.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. (...)
A existência da convenção de arbitragem não pode ser conhecida de ofício e deve ser
alegada pelo réu em sede de preliminar de contestação por expresso. Caso o juiz rejeite tal
alegação por decisão interlocutória, caberá agravo de instrumento.
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Observação: O erro ocorreu porque o Código teve várias versões no Senado e na Câmara.
Em um dado momento, a desconsideração da personalidade jurídica não era uma
intervenção de terceiros e, por isso, foi incluída no artigo 1.015.
Há urgência por trás dessa previsão vez que excluído um litisconsorte o processo
continuará prosseguindo sem ele.
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando
este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da
sentença.
x. Decisão que verse sobre a concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução.
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De acordo com o CPC/15, o ônus da prova não é sempre estático. O juiz tem o poder de
inverter o ônus da prova a depender da situação concreta. Não há necessidade de existir
relação de consumo para que haja a inversão. Isso porque o NCPC adota a Teoria da Carga
Dinâmica do ônus da prova. Dessa forma, a decisão de redistribuição do ônus da prova
comporta agravo de instrumento e não deve ser feita na sentença porque isso criará um
ônus muito excessivo para a outra parte, considerando que haveria o impedimento desta
produzir provas.
Além das hipóteses elencadas no artigo 1.015, existem ainda outros casos previstos
de cabimento de agravo de instrumento previstos em leis especiais ou até no próprio CPC. É
o caso da previsão contida na Lei de Falências. Ademais, existem também todas as hipóteses
de questões envolvendo execução, inventário ou liquidação.
Destaque-se que o rol do artigo 1.015 deverá ser tratado como taxativo em um
primeiro momento. Caso contrário, haveria certa incoerência sistemática, considerando que
o artigo 1.009, §1º, prevê que na apelação será possível suscitar preliminar e discutir
decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento.
Caso seja afirmado que o rol do artigo 1.015 é exemplificativo, que todas as decisões
interlocutórias comportam o agravo de instrumento, a previsão do §1º do artigo 1.009 não
seria aplicável, vez que tudo estaria precluso.
Além desse primeiro problema para quem defende que o rol é exemplificativo, existe
o segundo problema com efeitos práticos. Nota-se que os Tribunais estão com muito mais
trabalho. Por isso, é natural que o Tribunal acabe tendo uma visão mais restritiva para um
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melhor controle do fluxo de entrada e saída. Caso o Tribunal afirme que o rol é
exemplificativo, isso acarretaria mais trabalho e mais lentidão.
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
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Esse recurso, que deve ser interposto em quinze dias e tem preparo, já é interposto
diretamente no Tribunal. Isto é, diretamente perante o Tribunal de Justiça ou o Tribunal
Regional Federal, pois a impugnação é de decisão interlocutória de juiz de primeiro grau.
O processo referido no artigo 1.027, inciso II, alínea a, do CPC/15 tramita na Justiça
Federal de primeiro grau e a sentença comporta Recurso Ordinário encaminhado após a
apresentação de contrarrazões ao STJ.
Além de o prazo para interposição ter sido ampliado (artigo 1.070), o agravo de
instrumento deverá ser instruído com mais peças, conforme o disposto no artigo 1.017.
Exemplo: Pode não existir a peça de contestação em razão de o agravo ter ocorrido antes da
citação do réu. Nesse caso, o patrono deverá declarar que a peça não existe pela razão
exposta.
Considerando o disposto no artigo 932, parágrafo único, o inciso III do artigo 1.017
seria desnecessário. Entende-se que tal previsão foi incluída em razão de o recurso ser
inadmitido de plano por falta de um requisito de admissibilidade ser adotado com muita
frequência.
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Exemplo: Muitos anos atrás, o professor não conseguiu que o cartório preenchesse a
certidão que atestaria a tempestividade até o seu prazo final para interposição do recurso.
Mesmo juntando a certidão não preenchida e afirmando que o cartório não o fez até a
respectiva data, o desembargador inadmitiu o recurso de plano. O CPC/15 apresentaria duas
saídas, o inciso I do artigo 1.017 ou o inciso III do artigo 1.017.
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da
petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos
documentos que instruíram o recurso.
§ 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará
prejudicado o agravo de instrumento.
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista
no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e provado
pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
No artigo 1.017, a regra é que se o processo for físico, deverão ser apresentadas
cópias no Tribunal e, excepcionalmente, no processo eletrônico é que não haverá
necessidade de instruir o agravo de instrumento. No artigo 1.018 parte-se do pressuposto de
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que o processo é eletrônico e excepcionalmente ele seria físico. Isso pode ser depreendido
da análise do caput e do § 2º.
Dessa forma, para que não exista erro quanto ao CPC/15, especificamente quanto
aos artigos 1.017, § 5º e 1.018 § 2º, deverá ser observada a seguinte lógica:
i. Processo físico: o agravo de instrumento deverá ser instruído com cópias e será necessário
juntar cópia do agravo em primeiro grau.
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Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida.
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
O juízo de admissibilidade já pode ser feito logo após a apresentação das razões
porque não prejudica o agravado, mas a decisão de provimento só poderá ser proferida após
as contrarrazões.
Após essa fase não há muita dificuldade. Informações ao juiz serão pedidas se for
o caso, bem como a intervenção do Ministério Público.
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Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores.
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento
não unânime proferido em:
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o
mérito.
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