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Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Apelação ............................................................................................................ 2
1.1 Introdução ........................................................................................................ 2
1.2 Exceções à regra do artigo 1.009 do CPC/15 ...................................................... 3
1.3 Requisitos da apelação...................................................................................... 6
1.4 Polêmicas referentes ao artigo 1.009 do CPC/15 ................................................ 8
1.5 Peça do recurso de apelação ........................................................................... 14
1.6 Efeito da apelação .......................................................................................... 20
1.7. Poderes previstos no artigo 932 do CPC/15 .................................................... 25
1.8. Honorários advocatícios ................................................................................. 29
2. Agravo de Instrumento ..................................................................................... 31
2.1 Hipóteses de cabimento de agravo de instrumento ......................................... 32
2.2 Requisitos para interposição ........................................................................... 37
2.3 Alterações trazidas pelo CPC/15 ...................................................................... 38
Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

1. Apelação

Na aula de hoje serão estudados os recursos em espécie e o primeiro deles é o


recurso de apelação. As regras a seu respeito estão compendiadas entre os artigos 1.009 e
1.114 do CPC/15. A partir desse tratamento, a apelação passou a apresentar um perfil
diferente em relação ao modelo anterior.

1.1 Introdução

O recurso de apelação é utilizado para impugnar sentença, seja ela terminativa ou


definitiva. Enquanto a sentença terminativa possui lastro no art. 485, a definitiva é a que
julga ou resolve o mérito com fundamento no art. 487. Independente de a sentença ser
terminativa ou definitiva, a princípio, o recurso cabível é o de apelação.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar
a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o
juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por
disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as
custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos
honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em
qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu,
desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo
autor depende de requerimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste
artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
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II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou


prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a
decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de
manifestar-se.

1.2 Exceções à regra do artigo 1.009 do CPC/15

A regra encontra-se positivada no caput do artigo 1.009.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


Porém, a depender da situação concreta, a sentença poderá comportar outro
recurso. Existem algumas exceções no ordenamento jurídico ao cabimento de apelação
quanto a determinadas sentenças.

 1ª exceção: falência (Lei nº 11.101/2005)

Exemplo: Situação concreta envolvendo um crédito referente à União, à autarquia para ser
informado perante um juízo universal de falência.

Quanto à falência, a Lei nº 11.101/2005, que é lei especial, previu a possibilidade do


cabimento de agravo de instrumento. Tal possibilidade refere-se apenas aos casos de
sentença de decretação de falência. Ou seja, se o juiz de direito julgar o pedido
improcedente, também haverá uma sentença que comportará, a seu tempo, o recurso de
apelação.

Logo, a depender do teor da sentença o recurso cabível será diferente. Ante a


sentença de procedência, que decreta a falência, caberá agravo de instrumento e ante a
sentença de improcedência do pedido de falência, caberá recurso de apelação.

Essa dualidade ocorre porque se houver a decretação da falência, serão necessárias


algumas providências, tais como a arrecadação imediata dos bens e a publicação de editais
comunicando aos credores a falência decretada. Assim, a razão do cabimento do agravo de
instrumento é porque o processo físico fica em secretaria para que uma série de
providências de cunho prático sejam observadas.

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação.
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Caso a falência fosse decretada e o recurso cabível fosse a apelação, o processo teria
que ser encaminhado ao Tribunal, em regra, com efeito suspensivo. Ademais, o Tribunal
deveria adotar todas as providências enumeradas acima. Então, por conta do efeito prático,
a própria Lei de Falência prevê que apenas no caso de quebra caberá agravo de instrumento
da sentença. Por sua vez, se a sentença for de improcedência caberá apelação regularmente.

Observação: Embora a matéria de falência seja mais direcionada para a área estadual,
também poderá ser importante para a área federal, como no exemplo acima. No 7º
concurso para Juiz Federal do Estado do Rio, a prova cobrou uma sentença de despejo.
Ninguém estuda a Lei de Locação para a uma prova para juiz federal, mas a banca pega uma
pergunta que o candidato não está a par, com o objetivo de selecionar o candidato que está
com uma visão conjunta sistemática melhor.

 2ª exceção: execução fiscal de valor igual ou inferior a cinquenta ORTN

Relativamente frequente na área federal, a legislação especial prevê que na decisão


de execução fiscal de alçada  que é a execução fiscal que envolve um valor pequeno, de
até 50 ORTN (lembrando que ORTN não existe mais e é necessário fazer a conversão)  o
recurso cabível se chama “embargos infringentes” (artigo 34 da Lei nº 6.830/80).

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou


inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se
admitirão embargos infringentes e de declaração.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida monetariamente
atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais encargos legais, na data da
distribuição.
§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos, serão
deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada.
§ 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao
Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença.

Observação: Não há mais previsão do recurso de “embargos infringentes” no novo CPC


porque este, previsto no CPC/73, deixou de ser classificado como recurso e transformou-se
em uma técnica automática.
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores.
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão,
colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão
colegiado.
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§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento
não unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso,
seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento
interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o
mérito.
§ 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas;
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

Porém, na lei especial, precisamente no artigo 34 da Lei nº 6.830/80 ainda existe


outro recurso chamado “embargos infringentes”. Apesar do nome ser igual, os embargos
infringentes da Lei de Execução Fiscal não são os mesmos que os antigos embargos
infringentes previstos no CPC/73.

Logo, o caso de execução fiscal de alçada também consiste em uma exceção à regra,
visto que, conforme a lei especial, o recurso cabível seriam os embargos infringentes ao
mesmo órgão jurisdicional. É mais um exemplo de sentença que comporta um recurso que
não é apelação.

 3ª exceção: processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou


organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada
no País.

Eventualmente, é possível que a sentença seja impugnada por meio de Recurso


Ordinário ao STJ, existindo nesse caso duas peculiaridades.

Normalmente, para atacar sentença proferida por Juiz Federal é cabível o recurso de
apelação, cujo mérito será apreciado pelo TRF. No entanto, existe uma situação peculiar em
que tal sentença comportará recurso ordinário ao invés de apelação. A segunda
peculiaridade é que o mérito do recurso é analisado pelo STJ ao invés de o ser pelo TRF.

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:


II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
§ 1o Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias
caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses
do art. 1.015.

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Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto
aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação
e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
§ 1o Na hipótese do art. 1.027, § 1o, aplicam-se as disposições relativas ao agravo de
instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

Embora existam outras hipóteses mais frequentes de recurso ordinário, a hipótese


supracitada ocorrerá quando existir em um dos lados do processo um particular, uma pessoa
física, uma pessoa jurídica de direito privado ou um Município e, no outro lado, um estado
estrangeiro ou um organismo internacional, seja como autor ou réu.

Essa demanda, que é proposta em primeiro grau, pode seguir o rito comum ou um
rito especial. Porém, contra a sentença que a julgue será cabível recurso ordinário e,
admitido o recurso, o mérito será apreciado pelo STJ.

O recurso ordinário será interposto no juízo de origem e depois encaminhado ao STJ


para que este Tribunal faça a admissibilidade e o exame de mérito.

 4ª exceção: sentença proferida em juizado especial

Ademais, há também a sentença do juizado, que não comporta apelação. A Lei afirma
apenas que cabe recurso, não atribuindo um nome para tal. Dessa forma, o recurso cabível
contra sentença proferida no âmbito do juizado é denominado de “recurso inominado”.

Assim, não é possível interpor apelação no juizado. O “recurso inominado” deve ser
interposto no prazo de 10 dias, mesmo que seja a Fazenda Pública em juizado federal ou
fazendário. Ocorre que nestes juizados fazendários não há prazo em dobro, seja para
litisconsortes, Defensoria Pública ou para a própria Fazenda Pública.

Logo, excluídas algumas exceções pontuais, a apelação é o recurso próprio para


impugnar sentença.

1.3 Requisitos da apelação

Quanto à tempestividade, a apelação é um recurso que deve ser interposto, em


regra, no prazo de 15 dias.

Observação: No NCPC, como regra, todos os recursos deverão ser interpostos no prazo de
15 dias, com exceção dos embargos de declaração que deverão ser opostos em cinco dias. É
importante ressaltar que lei especial pode prever outro prazo. O prazo do recurso inominado
continuará sendo de dez dias, conforme a lei especial nº 9.099.

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Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Ademais, além do requisito da tempestividade (quinze dias), o recurso de apelação


está submetido ao requisito do “preparo”. A necessidade do preparo está presente para
quase todos os recursos, exceto um ou outro que a lei dispensa, como o embargo de
declaração, o agravo em extraordinário e o agravo em especial, que são recursos um pouco
diferentes do modelo anterior e estão previstos no artigo 1.042 do Novo CPC.

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal


recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada
na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em
julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de
origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o
regime de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de
sobrestamento e do juízo de retratação. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016)
§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao
tribunal superior competente.
§ 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso
especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se,
ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo.
§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o
agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.
§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e,
havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.
§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso,
do recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao
Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver
prejudicado.

Nota-se que, às vezes, a lei prevê quais são os recursos que não precisam de preparo.
De qualquer forma, o preparo é regulado pelo artigo 1.007 NCPC.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido


pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção.
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados,
pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

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§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,


implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em
autos eletrônicos.
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o.
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção,
por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar
o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

1.4 Polêmicas referentes ao artigo 1.009 do CPC/15

Ao disciplinar o tema do recurso de apelação, a partir do artigo 1.009, o NCPC trouxe


uma inovação por dispor que, além da sentença, o referido recurso também pode impugnar
todas as decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento. Ou seja, a amplitude
do recurso foi aumentada ao possibilitar o questionamento de decisões interlocutórias não
sujeitas ao agravo de instrumento, que no modelo do CPC/73 estariam sujeitas ao recurso
denominado “agravo retido”.

Exemplo: No curso de um processo judicial, uma das partes requer a expedição de uma carta
rogatória para a Austrália. O pedido é indeferido pelo magistrado sob o argumento de que a
parte estaria protelando e o pedido não seria relevante. O processo prossegue e,
posteriormente, o magistrado indefere a produção de uma prova pericial ou a oitiva de uma
testemunha antecipada, requerida pela mesma parte. No entanto, em razão do último
indeferimento, a parte interpôs o recurso de agravo retido. O processo prosseguiu e o
magistrado proferiu sentença de improcedência. A parte apela e a apelação recairá sobre a
sentença.

O agravo retido, recurso abolido, quando interposto no curso da fase de


conhecimento, tinha como finalidade evitar a preclusão da matéria. Tal recurso era
interposto perante o juízo de primeiro grau, permitindo-se a retratação do magistrado após
a oitiva da outra parte ou, em caso contrário, a manutenção da decisão, que, no entanto,
não precluiria.

No modelo anterior, quando o agravo retido era interposto no momento adequado


e, no próprio corpo da apelação, existia uma preliminar que incluía a reiteração do agravo
retido interposto, ao invés do Tribunal só julgar na apelação a questão relativa à sentença,

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ele também julgaria a decisão interlocutória que indeferiu a prova testemunhal ou pericial.
No que se refere à decisão que indeferiu a expedição de carta rogatória para a Austrália,
ocorreu a preclusão.

Desse modo, no modelo antigo, o agravo retido era utilizado para evitar a preclusão
das decisões. Isto é, no corpo da apelação, o interessado reiterava o agravo retido
anteriormente interposto pleiteando a análise da preliminar. Na hipótese de ausência de
interposição de agravo retido no momento adequado, todas as decisões do processo citado
no exemplo acima estariam preclusas e a apelação só poderia discutir o conteúdo da
sentença.

No entanto, o agravo retido foi eliminado ante a vigência do NCPC. Por isso e,
considerando a ausência de necessidade de interposição do agravo retido, o processamento
em primeiro grau foi agilizado.

Conforme o modelo previsto no CPC/15, indeferidas a expedição de uma carta


rogatória, a oitiva de uma testemunha ou a produção de prova pericial, a parte utilizará o
disposto no artigo 1.015. Deve-se verificar se aquela decisão interlocutória está
normatizada. Isto é, tal decisão configura hipótese de agravo de instrumento? Em caso
positivo, o agravo deverá ser interposto.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.

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Assim, diante de uma decisão interlocutória negativa, deverá se verificar se é uma


das hipóteses de interposição de agravo de instrumento. Sendo o caso, este recurso deverá
ser interposto sob pena de a matéria precluir.

Observação: Para o professor, essa é uma lógica nefasta do CPC/15 por estimular a
interposição de agravo de instrumento. Caso o advogado da parte acredite que a decisão
está enquadrada nas hipóteses de agravo de instrumento, deverá interpor o recurso
respectivo, objetivando evitar a preclusão.

O CPC/15, nesse ponto, estimula a interposição de agravo de instrumento. Além de


prever mais hipóteses do que o CPC/73, também prevê a preclusão na hipótese de não
utilização do recurso no momento adequado.

Por outro lado, não sendo caso de interposição de agravo de instrumento (hipóteses
elencadas no artigo 1.015), a parte deverá aguardar.

Exemplos de hipóteses não previstas no artigo 1.015: Indeferimento de produção de prova,


de expedição de Carta Rogatória e negativa de homologação a negócio processual.

Observação: O Mandado de Segurado deve ser utilizado quando a lei proíbe recurso ou não
o prevê. O CPC/15 prevê recurso no caso acima, que é diferido.

Conforme a opinião do juiz federal Rodolfo Hartmann, a jurisprudência não aceitará a


proposição de Mandado de Segurança nas hipóteses supracitadas por existir uma
sistemática recursal própria. Talvez, o máximo a ser feito será uma petição com
requerimento de reconsideração do ato proferido. Mesmo que a reconsideração não seja
obtida, todas as decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento não irão
precluir.

A partir dessa sistemática, depreende-se que houve certa facilitação para o primeiro
grau vez que as práticas anteriores de interposição de agravo retido, contraditório, e da
decisão mantendo a primitiva tornaram-se desnecessárias. Agora, simplesmente a decisão
não está preclusa, a parte irá aguardar e, no momento da apelação da sentença, fará um
recurso levemente diferenciado, incluindo como preliminar sua irresignação ante as decisões
interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento (artigo 1.009, §1º).

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final,
ou nas contrarrazões.

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Conclusão: Todas as decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento


podem ser incluídas no corpo da apelação. Na hipótese de cabimento de agravo de
instrumento, este deverá ser utilizado sob pena de preclusão. Não restando configurada
qualquer hipótese prevista no artigo 1.015, a parte deverá aguardar a sentença ser proferida
e, na apelação, incluir a preliminar para discutir as decisões interlocutórias anteriores que
não se sujeitaram ao recurso de agravo de instrumento.

A dinâmica exposta acima foi criada visando a eliminação do agravo retido. O


processamento em primeiro grau fica melhor, porém, no Tribunal haverá maior dificuldade,
pois o recurso de apelação chegará mais robusto, no sentido de trazer mais argumentos. A
sentença não será a única decisão impugnada, mas também as decisões interlocutórias
anteriores, exceto as sujeitas a agravo de instrumento.

Além disso, o CPC/15 admite tal dinâmica tanto no recurso de apelação quanto nas
contrarrazões ao recurso de apelação.

Exemplo: Autor faz o pedido de R$100.000,00 (cem mil reais), o magistrado profere decisão
concedendo R$50.000,00 (cinquenta mil reais). O réu poderia apelar para reduzir o valor ou
extingui-lo, porém, mesmo sem considerar a sentença adequada, não estava pensando em
recorrer. Ocorre que, caso o autor queira apelar para aumentar o valor, o réu poderá utilizar
suas contrarrazões também como “recurso adesivo”.

Em caso de sucumbência recíproca, cada parte pode interpor autonomamente seu


recurso. Por outro lado, o CPC/15 manteve o recurso interposto na modalidade adesiva
desde que preenchidos os requisitos do artigo 997. O recurso de uma parte pode levar à
possibilidade da outra aderir, visto que esta não recorreu autonomamente no seu próprio
prazo, mas foi surpreendia com a interposição do recurso pela outra. Por isso, no ato de
apresentação das contrarrazões o réu poderá utilizá-la também como um “recurso adesivo”.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir
o outro.
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no
prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.

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Processo Civil – Recursos, Sucedâneos Recursais e Ação Rescisória
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Observação: A expressão correta não é “recurso adesivo”. Em verdade, o recurso é


interposto adesivamente, ou seja, o recurso é interposto na modalidade adesiva.

Não há dúvida que o recurso interposto adesivamente seja recurso. Porém, de


acordo com o CPC/15, há a possibilidade de nas próprias contrarrazões, não
necessariamente havendo sucumbência, agir da mesma forma.

Exemplo: Existe um capítulo da sentença em relação ao qual a parte ré não está de acordo e
que é pertinente a alguma decisão interlocutória anterior. A parte autora apela e a parte ré
poderá trazer sua irresignação em preliminar das contrarrazões ao recurso de apelação.

Assim, é possível que o apelado tencione discutir alguma decisão interlocutória


anterior no âmbito das contrarrazões de apelação, ao invés de apresentar um recurso
autônomo. Nesse caso, as contrarrazões possuirão natureza recursal. Essa é uma novidade
do CPC/15. As contrarrazões podem ter natureza recursal quando em seu bojo é discutida
alguma decisão interlocutória não sujeita a agravo de instrumento.

Destaque-se que são três situações diversas: i. sucumbência recíproca com apelações
autônomas do autor e do réu; ii. sucumbência recíproca com apelação do autor ou réu e
interposição de recurso na modalidade adesiva pela outra parte e; iii. apresentação de
questionamento quanto a alguma decisão interlocutória não sujeita a agravo de instrumento
em sede de contrarrazões da apelação.

O CPC/15 traz a possibilidade da situação iii, permitindo que o apelado apresente sua
irresignação quanto a uma decisão interlocutória não sujeita a agravo. Nesse caso, as
contrarrazões terão natureza recursal, conforme defendido pela doutrina. Tanto o é que o
artigo 1.009, §2º, prevê que, nessa hipótese, haverá contrarrazões das contrarrazões. Isso se
deve justamente ao fato de que a primitiva possui feição recursal.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final,
ou nas contrarrazões.
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente
será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.

Exemplo: Apelação do autor para impugnar a sentença. O réu apresenta contrarrazões e, em


seu âmbito, introduz o requerimento para discutir decisão interlocutória anterior. Há feição
recursal vez que o Tribunal só irá analisar a decisão interlocutória porque a parte ré
apresentou contrarrazão com tal finalidade (artigo 1.009, §1º). Logo, se essas contrarrazões

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possuem natureza recursal, nada mais justo do que possibilitar a manifestação da outra
parte. Por isso, foram previstas as contrarrazões das contrarrazões (artigo 1.009, §2º).

Observação: Conforme o CPC/15, ao juiz é facultado reduzir o valor da causa de ofício,


automaticamente (artigo 292, §3).

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:


§ 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que
não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas
correspondentes.

Exemplo retirado do livro do Professor Alexandre Câmara para ilustrar os §§1º e 2º do


artigo 1.009: Autor propõe demanda e declara o valor da causa como sendo de cem mil
reais. O juiz profere uma decisão interlocutória reduzindo o valor de cem mil para dez mil
reais com a devida fundamentação. Porém, o advogado da parte que propôs a demanda
pagou a taxa judiciária referente ao valor de cem mil e acredita que o juiz estaria equivocado
vez que o conteúdo econômico seria realmente o apontado pelo autor. Por isso, apresenta
requerimento de reconsideração quanto a tal ato decisório.

Como a decisão que modifica o valor da causa não é prevista no artigo 1.015, esta
não estará preclusa. Se o juiz acolher o pedido do autor, os honorários serão fixados entre
10 e 20% sobre o valor da causa ou sobre o valor da condenação. Se o primeiro critério for a
fixação sobre o valor da causa, resta evidente o interesse recursal de manter o valor da
causa maior, requerido pela parte. O processo prossegue e o pedido do autor é acolhido,
julgado procedente. Posteriormente, o réu apela da sentença e, nesse momento, surge a
possibilidade de o autor apresentar contrarrazões, incluindo a preliminar para discutir a
decisão interlocutória que modificou o valor da causa. Essas contrarrazões terão natureza
recursal vez que se não fossem utilizadas, o Tribunal não analisaria o tema. Por isso, nada
mais óbvio do que possibilitar à outra parte o contraditório por meio do oferecimento de
contrarrazões das contrarrazões.

Por outro lado, poderá ocorrer uma situação complicada no exemplo acima. O autor
poderá pensar da seguinte forma: “E se o réu não recorrer? Porque se ele o fizer, poderei
apresentar as contrarrazões trabalhando a decisão interlocutória que me foi desfavorável.
Porém, se o réu não apelar eu vou aceitar os honorários sobre dez mil reais?”.

Os autores que escrevem sobre o tema, afirmam que, de acordo com o CPC/15, em
caráter excepcional, mesmo que o autor não tenha interesse algum em apelar da sentença,
mas ainda assim, se estiver insatisfeito com uma decisão interlocutória não sujeita a agravo,
poderá apelar. Nesse caso, a apelação será referente à preliminar para questionar a decisão

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interlocutória anterior. Quanto ao mérito da sentença, não há qualquer requerimento de


modificação vez que não há sucumbência, não há interesse em impugnar aquela decisão.

Observe-se que isso é apenas uma exceção, mas a apelação eventualmente pode ser
utilizada para impugnar decisão interlocutória. Até mesmo em razão da boa-fé e da lealdade
processual, não faz sentido a utilização de uma apelação protelatória se o intuito é discutir a
decisão interlocutória anterior e não a sentença.

Então, o meio doutrinário já defende que o autor poderia aguardar a apelação do réu
para discutir o tema da decisão interlocutória ou ele mesmo poderia apelar reconhecendo
que sua impugnação é referente à decisão interlocutória que reduziu o valor da causa.

Para Rodolfo Hartmann, embora essa ideia seja muito diferente da sistemática do
CPC/73, ela é crível e razoável dentro daquilo que o CPC/15 propõe, vez que se não há
naquele momento um recurso para ser utilizado e se não há interesse para recorrer da
sentença, como a parte poderia agir? Ficar à sorte do outro? Logo, esta parece ser a solução
correta, isto é, uma apelação para questionar apenas uma decisão interlocutória.

1.5 Peça do recurso de apelação

A peça do recurso de apelação atenderá às formalidades previstas no artigo 1.010 do


CPC.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze)
dias.
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para
apresentar contrarrazões.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

A apelação fica entranhada nos autos ao invés de ficar em apenso. Por conta disso, a
necessidade e a utilidade de nova qualificação das partes poderia ser questionada, vez que
na peça inicial já estariam presentes as qualificações do autor e do réu. Assim, caso a
apelação seja apresentada pelo o autor ou réu não há necessidade de nova qualificação.

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Em realidade, quando o artigo 1.010 refere-se à qualificação, está tratando de


recurso interposto por terceiro. O terceiro estranho ao processo que interpõe o recurso
deverá se qualificar.

Logo, não haverá vício formal caso autor/réu apele e disponha da seguinte forma em
seu recurso: “Autor/réu, já qualificado nos autos desse processo...”.

Observação: Existe uma praxe de fazer duas petições, uma para interposição e outra com as
razões de recurso.

“1ª petição: Senhor Juiz Federal da Vara ..., processo nº ..., vem interpor
recurso de apelação com as razões em anexo ... Termos em que pede
deferimento... assinatura”.

“2º petição (em anexo): Egrégio Tribunal... Colenda Câmara... Razões do


Recurso... Requerimento para admitir as razões do recurso e dar provimento...
Termos em que pede deferimento... assinatura”.

Essa é uma praxe antiga, que vêm do código anterior ao CPC/73, e ainda produz
resquício no CPP. Tal praxe advém da ideia de existir um prazo para interpor o recurso e
outro prazo para a apresentação das razões, daí a necessidade de duas peças, uma para
interpor o recurso e a outra para apresentar as razões.

Porém, essa ideia foi abolida no CPC/73 e também não consta no CPC/15. Então, isso
é um hábito no âmbito do Processo Civil que alguns patronos mantêm de trazer em uma
petição a folha de interposição e no mesmo momento, outra folha para as razões recursais.

Tal prática não é necessária. Caso o advogado prefira, poderá fazer uma peça única
dirigida ao juízo de primeiro grau e, ao final, no requerimento, solicitar a intimação do réu
para contrarrazoar, a remessa dos autos ao Tribunal para a realização do juízo de
admissibilidade e do provimento. Para prova de concurso, que envolva a elaboração de peça
processual, é melhor trabalhar com formato único.

Enfim, formatada a peça da apelação, esta é apresentada ao juízo de primeiro grau,


que, a depender da situação concreta, logo após a apresentação de tal peça, poderá fazer
um juízo de retratação, mesmo antes da citação do réu.

Exemplo: Indeferimento da inicial e improcedência liminar. Como em tais casos o réu ainda
nem foi citado, não há necessidade de sua intimação. Apresentado o recurso e ausente a
retratação do juízo, o réu será citado para apresentar contrarrazões.

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Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo
de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a
correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

CAPÍTULO III
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença,
nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a
citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Caso o juiz faça sua retratação, a sentença terminativa é cassada e o processo é


reaberto. Porém, se não houver retratação, o réu será citado para contraditar.

Ademais, em qualquer caso de sentença terminativa, haverá juízo de retratação na


apelação (artigo 485, §7º). Logo, após a apresentação do recurso há a possibilidade de se
realizar o juízo de retratação.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo,
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

No modelo do CPC/73, a apelação sofria em 1º grau dois juízos de admissibilidade, o


primeiro após a interposição do recurso e o segundo após a apresentação de contrarrazões
pelo réu. Isto é, quando o recurso de apelação era apresentado em primeiro grau, o juiz
deveria fazer um juízo de admissibilidade. Caso o recurso fosse inadmitido, caberia agravo
de instrumento. Caso fosse admitido, a próxima fase era a apresentação de contrarrazões do
réu e, posteriormente, era realizado um novo juízo de admissibilidade e o recurso
encaminhado para o Tribunal. Chegando ao Tribunal, haveria um novo juízo de

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admissibilidade. A apelação configurava um dos casos de recurso com admissibilidade


bipartida.

Observação: Os recursos com admissibilidade bipartida são aqueles nos quais o juízo de
admissibilidade é realizado de forma bipartida por um órgão e por outro posteriormente, ou
seja, em uma instância e em outra instância. Ainda há previsão de recursos com
admissibilidade bipartida no CPC/15.

No modelo do CPC/15, recurso extraordinário e recurso especial continuam sendo de


admissibilidade bipartida. Isso porque existe uma admissibilidade feita pelo tribunal de
origem e, posteriormente, uma nova admissibilidade feita pelo tribunal superior. No
entanto, houve modificação quanto ao recurso de apelação.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para
apresentar contrarrazões.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Interposto o recurso, após as razões recursais, eventualmente haverá retratação. Em


regra, a apelação não tem juízo de retratação, assim após as razões e oferecidas as
contrarrazões, os autos devem ser remetidos ao Tribunal, independentemente de
admissibilidade.

De acordo com o novo perfil do recurso de apelação, a gestão do recurso melhorou


em primeiro grau porque agora não há mais agravo retido. Logo, o juiz de primeiro grau não
precisa mais ouvir a outra parte em sede de contrarrazões de agravo retido e também não
faz mais o juízo de admissibilidade do recurso de apelação.

Então, a parte apresenta o recurso na Vara de origem, contrarrazões serão oferecidas


(lembre-se que há a possibilidade de contrarrazões das contrarrazões quando na primeira
houver feição recursal) e os autos são remetidos ao Tribunal.

Mesmo que haja falta de preparo, intempestividade ou manifesta ilegitimidade, o


magistrado não deverá inadmitir o recurso na origem, vez que não haveria outro recurso
para impugnar tal decisão. Haveria uma saída apenas se a jurisprudência começasse a
caminhar no sentido do cabimento excepcional de agravo de instrumento. Do contrário, não
haveria recurso previsto em lei para impugnar um ato do juiz de primeiro grau que inadmitiu
o recurso de apelação.
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Enfim, o juiz de primeiro grau não deve fazer o juízo de admissibilidade da apelação,
restringindo-se a colher razões, contrarrazões e remeter ao Tribunal para que este realize a
admissibilidade e, se eventualmente, verifique algo como a falta de preparo, determinará as
providências necessárias para a regularização.

Observação: O professor Rodolfo Hartmann é juiz federal e afirma que caso passe a atuar
em sede de juízo cível federal, incluirá na própria sentença que “havendo recurso de uma
das partes, intime-se a outra para a apresentação de contrarrazões” e também a
determinação de remeter ao Tribunal, ao invés de fazer um despacho apenas para a
intimação do apelado em caso de eventual interposição de apelação. Há a possibilidade de
economizar dois despachos, pois não é função do juiz de primeiro grau realizar o juízo de
admissibilidade.

Retornando à dinâmica do primeiro grau, a parte interporá o recurso de primeiro


grau e, na sequência, o juiz intimará a parte contrária para contrarrazoar. Tais contrarrazões
podem trazer a discussão quanto a alguma decisão interlocutória anterior (artigo 1.009,
§1º). Nesse ponto, é factível que na sentença apelada exista uma sucumbência recíproca, o
que torna possível a interposição da apelação autônoma de ambos.

Caso uma das partes não recorra na expectativa de que a decisão seja mantida,
mesmo que esta não seja a decisão mais adequada para um ou para o outro, poderá existir
uma expectativa quebrada pela interposição do recurso da parte contrária.

Por isso, o CPC/15 manteve a previsão do recurso na modalidade adesiva, cuja


disciplina está contida no seu artigo 997. Conforme a interpretação literal de tal artigo, a
interposição adesiva do recurso só poderá ocorrer em três recursos, quais sejam: a apelação,
o recurso extraordinário e o recurso especial.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá
aderir o outro.
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe
aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e
julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto,
no prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.

Além disso, é necessário também analisar a questão relativa à sucumbência recíproca


para diferenciar da hipótese em que se utiliza a apelação para discutir uma decisão
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interlocutória anterior (exemplo dado anteriormente relacionado à redução do valor da


causa de ofício pelo juiz que interferiu nos honorários advocatícios).

De acordo com o artigo 997, o prazo para a interposição do recurso, nessa


modalidade, é o mesmo das contrarrazões. A interposição daquele se dá no mesmo
momento das contrarrazões, considerando o prazo de quinze dias úteis.

Prosseguindo com a dinâmica recursal: Interposto o recurso adesivamente, são


oferecidas contrarrazões ao referido recurso e, posteriormente, remetem-se os autos ao
Tribunal com os dois recursos.

Não houve modificação brusca com relação ao estudo do tema do recurso em


modalidade adesiva, que continua sendo subordinado ao principal, de modo que, chegando
o processo no Tribunal, se o recurso principal for inadmitido, também o será o recurso
interposto adesivamente.

Dessa forma, manteve-se a subordinação do recurso interposto adesivamente ao


recurso principal no CPC/15. Caso o recurso principal seja inadmitido, a mesma sorte
ocorrerá com o recurso adesivo.

Observação: Deve-se evitar a expressão “recurso adesivo” em provas de concurso. A


expressão ideal é “recurso interposto adesivamente”.

Após a interposição do recurso e a colheita das contrarrazões, os autos são


encaminhados ao Tribunal. Nesse momento, a princípio, é possível que ocorra uma
distribuição por meio de sorteio. No entanto, há a possibilidade de já existir um recurso
anterior no âmbito daquele processo, como um agravo de instrumento, que tenha sido
apreciado por uma determinada Turma do TRF, com um relator específico. Nessa hipótese, o
recurso será distribuído diretamente para um órgão pré-determinado.

Nesse caso, a Turma, a Câmara e o desembargador relator estariam preventos para


todos os demais recursos interpostos no processo. Embora tal previsão já existisse em
regimentos de Tribunais, passou a estar presente no CPC/15.

Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal,


observando-se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade.
Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o
relator para eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em
processo conexo.

O artigo 930, parágrafo único, contém uma regra de prevenção. Observe-se que a
redação do artigo poderá trazer algumas dúvidas, vez que dispõe que o relator também está
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prevento. O professor afirma que a interpretação correta deveria ser de que o órgão estará
prevento e, enquanto o desembargador estiver naquele órgão, ele continuará como relator.
Porém, não é razoável que caso o desembargador relator não atue mais naquele órgão,
continue prevento.

Exemplo: Um recurso foi distribuído para a Segunda Câmara Cível e três meses depois o
desembargador que foi o relator do referido recurso passa a atuar em uma Câmara Criminal.

1.6 Efeito da apelação

Ocorreram algumas mudanças quanto aos efeitos da apelação. No início da


tramitação do CPC/15, a proposta era que a apelação fosse dotada, em regra, apenas com
seu efeito devolutivo, o que seria extremamente produtivo vez que a sentença já possuiria
uma eficácia que permitiria o cumprimento provisório.

Porém, no curso da tramitação do Código, o Congresso manteve a sistemática


anterior e o recurso de apelação continuou dotado do duplo efeito, isto é, o efeito
devolutivo e o suspensivo. O efeito devolutivo permite que o conhecimento da matéria
impugnada seja devolvido a outro órgão do Poder Judiciário. Já o efeito suspensivo
possibilita que, provisoriamente, a decisão impugnada não produza efeitos em razão da
suspensão de sua eficácia até o julgamento do recurso.

O duplo efeito da apelação é disciplinado no artigo 1.012 do CPC/15. Destaque-se


que embora tal artigo faça menção expressa apenas ao efeito suspensivo, considerando que
a apelação será julgada por um Tribunal, o efeito devolutivo foi mantido.

O caput do artigo 1.012 dispõe sobre a regra do duplo efeito e os incisos preveem as
exceções, que são praticamente iguais às do modelo anterior, em que a apelação terá
apenas o efeito devolutivo.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do
executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento
provisório depois de publicada a sentença.

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§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser


formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua
distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo
relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Embora o inciso VI seja uma novidade no capítulo da apelação, o CPC/73 já previa a


questão da interdição em capítulo próprio. A interdição é tratada no Código antigo e no
novo como um procedimento especial de jurisdição voluntária. O CPC/15 apenas fez o
ajuste, retirou a previsão dos procedimentos da interdição e acrescentou no artigo 1.012,
que possui uma disciplina mais exaustiva.

Além disso, a redação do inciso V também é bastante positiva. Segundo tal previsão,
a apelação não terá efeito suspensivo nos casos em que a sentença confirma, concede ou
revoga a tutela provisória. O CPC/73 só previa a confirmação.

É comum que o magistrado conceda a tutela antecipada na sentença. No entanto, o


CPC/15 não utiliza o termo “tutela antecipada” desacompanhado. A tutela antecipada é uma
espécie de tutela provisória. Então pode até ser uma tutela antecipada que será chamada de
tutela provisória de urgência antecipada, conforme a metodologia do CPC.

No modelo anterior, o juiz concedia a tutela antecipada na própria sentença, prática


que era questionada pela falsa percepção de que a tutela antecipada não estaria
“antecipando” nada. Em verdade, quando o juiz concedia a tutela antecipada na sentença,
ou, conforme o CPC/15, a tutela provisória na própria sentença, teria como razão a
impossibilidade de contradição do CPC.

O Processo Civil é uma das matérias mais sistemáticas do direito, vez que qualquer
modificação acarreta enorme repercussão.

Exemplo: Tício ingressa em uma vara previdenciária e solicita tutela antecipada para a
implementação de benefício previdenciário. Caso a tutela antecipada fosse concedida, o juiz
estaria trabalhando com a cognição sumária e com a probabilidade de o autor estar com a
razão.

Citado, o INSS interpõe agravo de instrumento (até porque caso este não seja
interposto, o processo é extinto e a decisão torna-se estável), e o recurso terá efeito
devolutivo. Para que o agravo tenha efeito suspensivo, deverá haver requerimento ao
relator nesse sentido. Logo, se o juiz conceder a tutela antecipada no início do processo
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apenas com cognição sumária, produzirá uma decisão que já possuirá eficácia e poderá ser
cumprida.

Por outro lado, caso o juiz decida prestigiar o contraditório, poderá indeferir a tutela
antecipada naquele momento e, após o aprofundamento da cognição, perceber que após a
devida produção de provas a parte demonstrou a necessidade de procedência do pedido,
com a condenação do INSS. O recurso cabível seria o de apelação.

A grande contradição ilustrada pelo exemplo supracitado reside no fato de que não
há lógica de uma decisão com cognição menor poder produzir efeitos enquanto a sentença
não o faz. Isto é, quando o juiz concede a tutela antecipada em cognição sumária, a
princípio, a decisão seria cumprida porque o agravo de instrumento não é um recurso que
possui efeito suspensivo em regra. Por outro lado, quando o juiz concede a tutela antecipada
após cognição exauriente, em sede de sentença, o recurso cabível é apelação, que tem
efeito suspensivo.

Há mais de quinze anos a jurisprudência dos Tribunais Superiores permite e utiliza


essa nomenclatura de o juiz conceder a tutela antecipada na própria sentença. Assim,
quando o juiz concede a tutela antecipada na própria sentença existe um reconhecimento
de que esta deveria ter sido concedida e uma forma de ajuda ao autor porque caso a outra
parte recorra, o capítulo da decisão referente à tutela antecipada já produzirá efeitos
imediatamente.

Conclui-se que a finalidade da concessão da tutela antecipada no momento da


sentença é a de retirar o efeito suspensivo da apelação sobre esse capítulo, permitindo seu
cumprimento imediato.

A partir da mencionada situação adveio o raciocínio expresso no inciso V do §1º do


artigo 1.012 do CPC/15, que admite que o juiz possa conceder, confirmar ou revogar a tutela
antecipada na própria sentença.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

A concessão ocorre quando a tutela antecipada foi requerida antes, negada por
decisão interlocutória e deferida na sentença. A confirmação ocorre quando a tutela
antecipada já foi concedida anteriormente e a revogação ocorrerá quando no início do
processo a tutela antecipada foi deferida e ao final do processo o magistrado indefere o

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pedido, revogando a tutela antecipada. Assim, se houver apelação, o capítulo da tutela


antecipada não sofrerá efeito suspensivo, possuindo eficácia automática.

Exemplo: Processo com solicitação de concessão de um benefício pelo INSS no qual o juiz
concedeu a tutela antecipada liminarmente e ao final julgou improcedente. O pagamento
deve ser cassado imediatamente.

No momento da sentença já existe cognição exauriente e juízo de certeza. O juízo de


certeza “derruba” a decisão anterior em cognição sumária. Logo, o CPC/15 fez um ajuste
defendido anteriormente pela doutrina ao acrescentar a confirmação e a revogação da
tutela antecipada.

O aluno não pode confundir a previsão do artigo 1.012, §1º, V com a do artigo 1.015,
I. Este afirma que cabe agravo de instrumento da decisão interlocutória que verse sobre
tutela provisória.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
I - tutelas provisórias;

Não seria possível imaginar que na mesma folha de papel houvesse um capítulo
sentença e um capítulo de decisão interlocutória? Embora esse raciocínio já tenha sido
defendido, a jurisprudência e o CPC adotaram posicionamento oposto no sentido de que
tudo faz parte da sentença, existindo apenas a diferenciação entre capítulos. Dessa forma,
não são cabíveis recursos diferentes. Existe uma decisão decomposta em capítulos distintos
e o recurso cabível é o de apelação (artigos 1.012, §1º, I e 1.013, §5º). Logo, não é cabível
agravo de instrumento nessa hipótese e, em regra, a apelação não tem efeito suspensivo.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria


impugnada.
§ 5o O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

Então, no caso do exemplo de revogação da tutela antecipada que concedeu o


benefício previdenciário ao autor, o INSS pode parar de pagar o benefício. A apelação, nesse
caso, só tem efeito devolutivo. Para sustar a eficácia da sentença, o autor deverá tentar
obter o efeito suspensivo na apelação para neutralizar a eficácia da sentença.

No modelo do CPC/73, para a obtenção do efeito suspensivo, o interessado se valia


de um processo cautelar atípico, de uma cautelar inominada. A utilização de tal cautelar era
muito comum no âmbito de recursos especiais e extraordinários, vez que não são dotados

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de efeito suspensivo na origem. O CPC/15 eliminou o processo cautelar, mantendo apenas a


cautelar antecipada de produção de provas (artigos 381 a 387 do CPC).

Muitas vezes o CPC exclui nomenclaturas e não inova, mantendo uma dinâmica
parecida. Ao invés de utilizar uma cautelar atípica, a parte interessada deve fazer um pedido
de concessão de efeito suspensivo. Isto é, deve ser feita uma petição requerendo o efeito
suspensivo ao recurso. Mesmo que similar a uma cautelar autônoma, tal nomenclatura não
deverá ser utilizada.

Artigo 1.012 § 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de


cumprimento provisório depois de publicada a sentença.
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua
distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o
apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a
fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Como a sentença já produz efeitos a partir de sua publicação, nesse momento o


interessado já pode protocolar uma petição buscando o efeito suspensivo para a apelação.
Essa dinâmica será a mesma com recurso extraordinário e especial. Chegando ao Tribunal,
haverá livre distribuição do requerimento, exceto se a Turma já estiver preventa em razão
de recurso anterior naquele processo. A petição será autuada, terá um número e
possivelmente distribuída com um pedido acautelatório. Porém, mesmo que o
procedimento seja similar ao de uma cautelar, a CPC/15 extinguiu a nomenclatura.

Observação: A petição precisará ser muito bem instruída, provavelmente com cópia das
principais peças do processo, para que o desembargador consiga analisar devidamente o
pedido e conceder o efeito suspensivo.

Assim, a forma do interessado conseguir o efeito suspensivo na apelação é por meio


do requerimento direto ao Tribunal previsto no artigo 1.012, §3º. A decisão do requerimento
é monocrática e contra ela qualquer das partes poderá interpor agravo interno (artigo
1.021). Da decisão do agravo interno, vislumbrando-se ofensa à legislação federal ou à
Constituição, já são cabíveis recurso especial e/ou recurso extraordinário.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.

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A referida hipótese ocasiona uma pirâmide invertida. Antes mesmo de a decisão


chegar ao Tribunal com a apelação, já é possível a interposição de agravo interno contra a
decisão do requerimento do efeito suspensivo caso esta seja monocrática. Após a decisão do
agravo interno, entendendo-se que houve violação à lei federal, caberá recurso especial,
bem como recurso extraordinário caso se vislumbre ofensa à Constituição. Esses recursos
não ficarão retidos, podendo ser remetidos aos Tribunais Superiores. Nesse meio tempo, a
apelação está chegando ao Tribunal para ser julgada.

Então, embora algumas ideias pareçam ser boas, precisam ser testadas na prática. O
próprio CPC/15 afirma que o CNJ deverá fiscalizar se o Código está atingindo o desiderato de
acelerar a prestação jurisdicional, melhorando a qualidade e a produtividade.

Art. 1.069. O Conselho Nacional de Justiça promoverá, periodicamente, pesquisas


estatísticas para avaliação da efetividade das normas previstas neste Código.

1.7. Poderes previstos no artigo 932 do CPC/15

No Tribunal, o relator deterá os poderes do artigo 932 do CPC/15 (equivalente ao


antigo artigo 547 do CPC/73). A redação do artigo 932 é muito melhor, deixando muito
claros os poderes do relator conforme o CPC/15.

Art. 932. Incumbe ao relator:


I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de
prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de
competência originária do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao
recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este
for instaurado originariamente perante o tribunal;
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VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;


VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o
prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

Em um primeiro momento, o relator poderá inadmitir o recurso de apelação. Porém,


uma das propostas do Código é a primazia da análise do mérito, seja do processo ou do
recurso.

Observação: Não é errado falar em “mérito recursal”, pois há mérito no recurso. Há inclusive
quem afirme que recurso é ação e para esses basta lembrar que como recurso deve ter
legitimidade e interesse, da mesma forma que a ação. Aqui se adota a doutrina majoritária
que aduz que as condições da ação permanecem e que isso não virou pressuposto
processual.

Como o motivo do processo novo é ter uma carga instrumental, antes de inadmitir o
recurso, o desembargador deverá intimar a parte para a regularização recursal caso o vício
seja sanável.

Poderá sim extinguir desde logo na hipótese de intempestividade. Por outro lado,
caso existam vícios sanáveis, antes de proferir decisão monocrática inadmitindo, caberá ao
relator intimar a parte para a regularização. Dessa forma, a proposta do Código é manter o
foco na instrumentalidade do processo e, caso o vício seja relacionado com a
admissibilidade, o artigo 932 deixa evidente que deverá haver intimação para a
regularização.

Exemplo: Ausência ou insuficiência de preparo. Intima-se para pagar o restante ou em


dobro, como forma de punição para a ausência de preparo.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando


exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de
retorno, sob pena de deserção.
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os
recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos
Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo
em autos eletrônicos.
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o
recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
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§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo,


inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o.
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de
deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o
preparo.
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da
pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento,
intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

Exemplo: Um recurso é interposto e, durante seu processamento, a procuração do


advogado que interpôs perde sua validade. O desembargador pode analisar o recurso, uma
vez que no momento da interposição a procuração era válida. Porém, para possibilitar
eventual sustentação oral, o desembargador o intimará para a apresentação de nova
procuração válida.

Não sendo caso de inadmissão, apresentadas as razões e as contrarrazões, o


desembargador já pode decidir o mérito, dando ou negando provimento ao recurso.

Contra decisão monocrática, o recurso cabível é o agravo interno que é disciplinado


no artigo 1.021 do NCPC. De decisão monocrática dando ou negando provimento ao recurso
de apelação há possibilidade de o vencido interpor o agravo interno em 15 dias.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-
se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo
retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em
pauta.
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão
agravada para julgar improcedente o agravo interno.
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa.
§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito
prévio do valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário
de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

Porém, quando o relator recebe o recurso é possível que ocorram diversas situações,
tais como:

i. O autor perde e, por ocasião da interposição da apelação, requer gratuidade de justiça.

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Se houver requerimento de gratuidade de justiça em recurso, o relator deverá


analisar tal questão preliminarmente, pois isto refletirá no preparo. A decisão gera um
pouco mais de segurança ao recorrente visto que, no modelo anterior, a parte deveria pagar
o preparo antes da apreciação do pedido.

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de
sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.
§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do
relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

ii. O desembargador relator entende que há necessidade de produção de alguma prova.

Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do


mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.
§ 3o Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o
julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição,
decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução.

Exemplo: O autor solicita a produção de uma prova pericial na fase de conhecimento e o juiz
nega. Trata-se de decisão interlocutória não sujeita a agravo instrumento. O processo
prosseguiu, a sentença foi de improcedência e o autor perdeu. Em razão disso, o autor apela
e, em preliminar do recurso, quer discutir a decisão interlocutória anterior.

Nesse caso, o desembargador verifica que a parte afirma que a prova pericial é apta a
modificar toda a situação. Qual será a lógica de dar provimento a um recurso, anular a
sentença, baixar o processo para produzir prova que ensejará outra sentença e outro
recurso?

O CPC/15 inova ao possibilitar que o relator suspenda o julgamento do recurso,


determine a produção da prova pericial através da expedição de carta de ordem ao juiz de
primeiro grau para realizar a devida atividade de instrução, como a oitiva de testemunha ou
a prova pericial. Produzida a atividade instrutória, o juiz de primeiro grau remete a carta de
ordem ao Tribunal, que conforme o Regimento anexará tal carta aos autos ou a deixará em
apenso e, a partir dali, poderá dar prosseguimento ao recurso. O relator ou o colegiado
poderão analisar o mérito da causa. Embora tal norma já fosse cumprida informalmente, o
CPC/15 passou a positivar essa prática.

iii. O relator verifica a presença de vício sanável.

Verificada a existência de vício sanável, o relator poderá determinar providências


para a devida regularização.

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Exemplo: Verificação de ausência de intimação de membro do Ministério Público para atuar


como fiscal da ordem jurídica em primeiro grau. O tema do processo envolvia um incapaz,
que obteve o provimento de todos os seus pedidos. Nota-se que seria pior para o incapaz
que o processo fosse anulado apenas para o que o MP pudesse atuar. Em um caso como
esse, entende-se que existe um vício sanável e, na forma do artigo 938, §1º, o
desembargador deve abrir vista ao Procurador Regional da República. Para entender melhor
o CPC/15, o artigo 279, §2º também deverá ser considerado. Assim, caso o MPF não
verifique a existência de prejuízo para a sociedade ante a ausência de sua manifestação,
intimado pelo desembargador, em segundo grau, o relator poderá convalidar o vício
processual, com a aplicação do artigo 938, §1º.

Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do


mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.
§ 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser
conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato
processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes.

Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for
intimado a acompanhar o feito em que deva intervir.
§ 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que
se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.

Por outro lado, não sendo caso de decisão monocrática, designa-se uma sessão que
será realizada em dia e hora pré-determinada. Primeiramente, o relator irá expor a causa
aos seus colegas, posteriormente a parte terá direito à sustentação oral, vez que o recurso
de apelação concede tal direito e, o relator profere seu voto. Como a figura do revisor foi
abolida, após o voto do relator, ouvem-se os votos de dois vogais e forma-se o Acórdão que
dá ou nega provimento ao recurso de apelação. Observe-se que o tema é extremamente
polêmico, mas foi utilizado apenas para ilustrar.

Dessa forma, o processamento da apelação em sua parte final é bem semelhante ao


que era previsto pelo CPC/73.

1.8. Honorários advocatícios

No momento em que for julgado, pela dinâmica do CPC/15, haverá necessidade de o


Tribunal analisar se é o caso de majorar honorários advocatícios no recurso de apelação,
considerando a nova regra prevista no artigo 85, §11, que contém previsão no sentido de
que nas hipóteses de o recurso não ser admitido ou ter seu provimento negado, os
honorários anteriormente fixados na sentença devem ser majorados, respeitados os limites
máximos do §2º e §3º. Assim, o §11 do artigo 85 apresenta uma novidade em relação aos
honorários sucumbenciais.
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Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral
da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos
limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.

Exemplo: Em uma demanda envolvendo particulares, os honorários são fixados entre 10 a


20%. Fixados em 10% na sentença e havendo recurso de apelação pela parte derrotada, o
Tribunal irá majorar os honorários em caso de negativa de provimento até o limite de 20%.

1.9. Sistemática do artigo 942 do CPC/15

Além disso, a depender do resultado da apelação, em qualquer decisão não unânime


(“qualquer 2 a 1 em apelação”), seja para inadmitir ou admitir, dar ou negar provimento,
deverá ser aplicada a regra do artigo 942 do CPC.

De certa maneira tal regra é inspirada no antigo recurso de embargos infringentes.


Isso porque no modelo anterior dependendo da decisão não unânime na apelação, haveria o
recurso da parte e outros desembargadores atuando.

Porém, o CPC/15 não prevê mais tal processamento como recurso e sim como uma
rotina automática. Ainda assim, o CPC potencializa ao prever a hipótese para “qualquer 2 a 1
na apelação” enquanto no modelo anterior restringia-se o “2 a 1” apenas ao provimento da
apelação para reformar sentença de mérito.

Dessa forma, o próprio Tribunal, de ofício já deve estar com os desembargadores


tabelares ou marcar uma nova sessão para que mais dois venham complementar o
resultado. Então, após uma votação de três desembargadores com o resultado de 2x1, são
necessários mais dois tabelares para que a rotina seja aplicada.

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores.
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão,
colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão
colegiado.
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.

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§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao


julgamento não unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse
caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento
interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar
parcialmente o mérito.

2. Agravo de Instrumento

O recurso de agravo de instrumento tem previsão entre os artigos 1.015 e 1.020 do


CPC/15 e sofreu algumas alterações. Antes da reforma de 2005, existiam dois agravos que
eram utilizados para impugnar a decisão interlocutória de juiz de primeiro grau: o agravo
retido e o agravo de instrumento.

O modelo primitivo possibilitava que a parte escolhesse qual agravo interpor. Em


razão da possibilidade de escolha, a maioria escolhia o agravo de instrumento porque o
agravo retido ficava parado, o processo continuava, era necessária apelação e reiteração do
agravo na apelação. Por isso, a maioria escolhia o agravo de instrumento.

Em razão disso, ocorria o fenômeno da pirâmide invertida, existindo mais processos


no Tribunal do que em primeiro grau, vez que em um único processo poderiam existir
diversas decisões interlocutórias impugnáveis por agravo de instrumento.

A reforma de 2005 tornou regra o agravo retido e limitou o agravo de instrumento a


apenas cinco hipóteses.

O CPC/15 eliminou o agravo retido, pois a irresignação contra decisão interlocutória


deve ser demonstrada em razão ou contrarrazão de apelação, e traz mais hipóteses de
agravo de instrumento em relação ao CPC/73.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

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X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à


execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de
sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

De acordo com o parágrafo único do artigo 1.015, também caberá agravo de


instrumento para impugnar todas as decisões interlocutórias proferidas em execução, em
liquidação e em inventário. Tal previsão lembra o modelo anterior ao ano de 2005, em que
era opcional. Logo, há a possibilidade de a parte interpor agravo de instrumento desde que
dentro das hipóteses legalmente previstas.

Ante o exposto, pode-se notar que o Tribunal terá mais trabalho. Além de realizar o
juízo de admissibilidade, terá o dever de prezar pela instrumentalidade, intimando a parte
para que regularize eventual vício sanável ao invés de simplesmente inadmitir o recurso.
Ademais, caso a decisão da apelação não seja unânime1, é necessário chamar o tabelar e,
caso este não esteja presente, deverá ser designada nova sessão.

2.1 Hipóteses de cabimento de agravo de instrumento

i. Tutela provisória

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
I - tutelas provisórias;

Quando se tratar de tutela provisória, principalmente a de urgência, é cabível o agravo


de instrumento. Há inclusive a peculiaridade de que esse agravo dá direito à sustentação
oral. Assim, para a tutela provisória, se for interposto agravo de instrumento, a parte tem
direito à sustentação oral.

Essa novidade foi trazida pelo artigo 937, VIII e restringe-se apenas ao agravo de
instrumento contra decisão interlocutória sobre tutela provisória.

1
Nota do Residente: O professor menciona apelação nesse caso, mas a referência poderia ser ao
agravo de instrumento, o qual, como visto nessa aula, também se submeteria a técnica de julgamento prevista
no art. 942 do NCPC (§ 3º, II desse artigo). De todo modo, seja pela técnica de julgamento do artigo 942
aplicada à apelação ou ao agravo de instrumento, nota-se evidente aumento da carga de trabalho nos
tribunais, o que não torna equivocada a referência feita pelo professor.
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o


presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de
sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15
(quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes
hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021:
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que
versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência;

Exemplo: Pedido de medicamentos urgente negado por juiz. Não é razoável esperar a
sentença para poder recorrer.

ii. Decisão interlocutória de mérito

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
II - mérito do processo;

Exemplo: Artigo 356 que cuida do julgamento antecipado parcial do mérito. É uma decisão
interlocutória de mérito e o recurso cabível seria o agravo de instrumento.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. (...)

iii. Rejeição da alegação de convenção de arbitragem

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

Quem alega convenção de arbitragem é o demandado e deve fazê-lo no prazo para a


contestação, pois esse é o momento preclusivo para tal alegação. Assim, a existência de
convenção de arbitragem deve constar em preliminar de contestação.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz
conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma
prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral.

A existência da convenção de arbitragem não pode ser conhecida de ofício e deve ser
alegada pelo réu em sede de preliminar de contestação por expresso. Caso o juiz rejeite tal
alegação por decisão interlocutória, caberá agravo de instrumento.
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

iv. Decisão interlocutória sobre o incidente de desconsideração da personalidade jurídica

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

Esse inciso é desnecessário e demonstra um erro do legislador. A desconsideração da


personalidade jurídica é uma intervenção de terceiros, desse modo, a hipótese do inciso IV
já estaria abrangida na previsão do inciso IX.

Observação: O erro ocorreu porque o Código teve várias versões no Senado e na Câmara.
Em um dado momento, a desconsideração da personalidade jurídica não era uma
intervenção de terceiros e, por isso, foi incluída no artigo 1.015.

v. Decisão que rejeita a gratuidade ou acolhe o pedido de sua revogação

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;

O inciso V exige cuidado porque a rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou o


acolhimento do pedido de sua revogação pode ser efetivada na sentença, caso em que
caberá apelação. Por outro lado, caso tais decisões sejam interlocutórias, caberá agravo de
instrumento. Essa é uma hipótese de agravo de instrumento que não fica preclusa.

Como anteriormente afirmado, não utilizado o agravo de instrumento ante a decisão


que o comporta, haverá preclusão (artigo 1.009). Ocorre que nesse caso da gratuidade de
justiça existe uma peculiaridade.

A gratuidade é deferida ou indeferida de acordo com o patrimônio da pessoa e este é


extremamente volátil. Há uma análise em um dado momento, e a pessoa que teve seu
pedido de gratuidade de justiça indeferido no processo e não agravou, poderá trazer o tema
novamente à baila na hipótese de modificação de seu patrimônio.

Porém, nos demais casos, não utilizado o agravo, há a preclusão ou a estabilidade da


decisão conforme a situação concreta.

vi. Decisão que verse sobre a exibição ou posse de documento ou coisa.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
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VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

vii. Exclusão de litisconsorte

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
VII - exclusão de litisconsorte;

Há urgência por trás dessa previsão vez que excluído um litisconsorte o processo
continuará prosseguindo sem ele.

vii. Litisconsórcio multitudinário

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando
este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da
sentença.

O litisconsórcio multitudinário ocorre quando o litisconsórcio é facultativo e, devido


ao grande número de litisconsortes ativos, há prejuízo ao andamento do processo ou à
defesa do réu. Tal litisconsórcio permite que a parte ré requeira a limitação do número de
litisconsortes. Em caso de indeferimento é cabível o recurso de agravo de instrumento
(artigo 1.015, VIII). No CPC/73 até existia o litisconsórcio multitudinário, mas não a previsão
de agravo de instrumento no caso de rejeição.

ix. Decisão que admite ou inadmite intervenção de terceiros

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

x. Decisão que verse sobre a concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução.

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à


execução;

xi. Decisão que verse sobre a redistribuição do ônus da prova.

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XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;

De acordo com o CPC/15, o ônus da prova não é sempre estático. O juiz tem o poder de
inverter o ônus da prova a depender da situação concreta. Não há necessidade de existir
relação de consumo para que haja a inversão. Isso porque o NCPC adota a Teoria da Carga
Dinâmica do ônus da prova. Dessa forma, a decisão de redistribuição do ônus da prova
comporta agravo de instrumento e não deve ser feita na sentença porque isso criará um
ônus muito excessivo para a outra parte, considerando que haveria o impedimento desta
produzir provas.

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz
atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada,
caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído.

Além das hipóteses elencadas no artigo 1.015, existem ainda outros casos previstos
de cabimento de agravo de instrumento previstos em leis especiais ou até no próprio CPC. É
o caso da previsão contida na Lei de Falências. Ademais, existem também todas as hipóteses
de questões envolvendo execução, inventário ou liquidação.

Destaque-se que o rol do artigo 1.015 deverá ser tratado como taxativo em um
primeiro momento. Caso contrário, haveria certa incoerência sistemática, considerando que
o artigo 1.009, §1º, prevê que na apelação será possível suscitar preliminar e discutir
decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito
não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final,
ou nas contrarrazões.

Caso seja afirmado que o rol do artigo 1.015 é exemplificativo, que todas as decisões
interlocutórias comportam o agravo de instrumento, a previsão do §1º do artigo 1.009 não
seria aplicável, vez que tudo estaria precluso.

Além desse primeiro problema para quem defende que o rol é exemplificativo, existe
o segundo problema com efeitos práticos. Nota-se que os Tribunais estão com muito mais
trabalho. Por isso, é natural que o Tribunal acabe tendo uma visão mais restritiva para um
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melhor controle do fluxo de entrada e saída. Caso o Tribunal afirme que o rol é
exemplificativo, isso acarretaria mais trabalho e mais lentidão.

Ademais, ocorreria também o problema da pirâmide invertida caso toda decisão


interlocutória comportasse agravo de instrumento.

Da mesma forma, o professor acredita que no momento inicial os Tribunais farão


jurisprudência defensiva contra a proposição de mandados de segurança para as outras
hipóteses argumentando que a sistemática nova é a da discussão das hipóteses anteriores
apenas na apelação.

Observação: O professor relatou em aula uma discussão recente. Em um julgamento


antecipado parcial do mérito existe uma decisão interlocutória de mérito contra a Fazenda.
Seria necessária a remessa necessária? Em primeiro lugar, dificilmente a Fazenda Pública
reconheceria um débito seu. Mesmo que a Fazenda Pública reconheça a procedência de
parte da dívida, será que o valor é tão expressivo assim? Porque agora para a realização da
remessa necessária há a necessidade de um valor conforme o artigo 496. Ademais, a
instrumentalização é complexa. Seria necessário tirar cópia do processo para fazer a
remessa necessária ao segundo grau enquanto o processo tramita em primeiro? Embora tais
argumentos sejam coerentes, a prática é que o artigo 496 determina a remessa necessária
apenas no caso de sentença.

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:

2.2 Requisitos para interposição

Conforme o CPC/15, o prazo para interposição do agravo é de quinze dias. Como


destacado anteriormente, todos os agravos são interpostos em quinze dias.

Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo,


previsto em lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal.

Em regra, o agravo de instrumento será interposto no TRF ou no TJ, conforme o


caso concreto.

O referido recurso é denominado como agravo de instrumento porque é formado


um instrumento com cópias do processo. Enquanto o processo fisicamente fica em primeiro
grau, no Tribunal o desembargador analisará as cópias, um novo instrumento.

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Esse recurso, que deve ser interposto em quinze dias e tem preparo, já é interposto
diretamente no Tribunal. Isto é, diretamente perante o Tribunal de Justiça ou o Tribunal
Regional Federal, pois a impugnação é de decisão interlocutória de juiz de primeiro grau.

No entanto, existe a rara hipótese na qual o agravo de instrumento de decisão


interlocutória de juiz de primeiro grau será interposto diretamente perante o STJ. Embora o
CPC/73 já contivesse essa ideia, ela só foi expressamente prevista no CPC/15.

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:


II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou
organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no
País.
§ 1o Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões
interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça,
nas hipóteses do art. 1.015.

O processo referido no artigo 1.027, inciso II, alínea a, do CPC/15 tramita na Justiça
Federal de primeiro grau e a sentença comporta Recurso Ordinário encaminhado após a
apresentação de contrarrazões ao STJ.

Assim, se a própria apelação é impugnada por recurso ordinário ao STJ, as decisões


interlocutórias serão impugnadas por agravo de instrumento perante aquele órgão. Então,
quando se tratar de ato praticado por Juiz Federal de primeiro grau nos casos do §1º do
artigo 1.027, o STJ concentra todos os recursos.

2.3 Alterações trazidas pelo CPC/15

Além de o prazo para interposição ter sido ampliado (artigo 1.070), o agravo de
instrumento deverá ser instruído com mais peças, conforme o disposto no artigo 1.017.

Além das peças exigidas anteriormente, o artigo 1.017 exige a apresentação de


cópia da petição inicial, de cópia da petição que deu ensejo à decisão agravada e até cópia
de eventual contestação caso exista. Tudo isso para que o desembargador possa ter uma
visão mais ampla da questão vivenciada.

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:


I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que
ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações
outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso
I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
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§ 1o Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas


custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.
§ 2o No prazo do recurso, o agravo será interposto por:
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo;
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias;
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;
V - outra forma prevista em lei.
§ 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que
comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o
disposto no art. 932, parágrafo único.
§ 4o Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-
símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição
original.
§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos
incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que
entender úteis para a compreensão da controvérsia.

Caso não exista uma determinada peça, o advogado, o defensor, o Ministério


Público deverá declarar tal fato na petição, sob pena de sua responsabilização pessoal.

Exemplo: Pode não existir a peça de contestação em razão de o agravo ter ocorrido antes da
citação do réu. Nesse caso, o patrono deverá declarar que a peça não existe pela razão
exposta.

Além das peças obrigatórias, também é possível instruir o agravo de instrumento


com outras. Porém, obrigatoriamente o agravo deverá ser instruído com as peças previstas
no artigo 1.017, I.

Distribuído esse agravo de instrumento, poderá incidir a regra de prevenção,


hipótese na qual já houve recurso anterior ao Tribunal e determinada Turma estará
preventa. Se não existir recurso anterior, o agravo é distribuído livremente.

No momento da análise pelo relator, faltante alguma das peças obrigatórias, o


relator não poderá admitir o recurso, mas não deverá inadmitir de plano. O CPC/15 quer que
o agravante seja intimado para regularizar.

Considerando o disposto no artigo 932, parágrafo único, o inciso III do artigo 1.017
seria desnecessário. Entende-se que tal previsão foi incluída em razão de o recurso ser
inadmitido de plano por falta de um requisito de admissibilidade ser adotado com muita
frequência.

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:


III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

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Art. 932. Incumbe ao relator:


Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

Exemplo: Muitos anos atrás, o professor não conseguiu que o cartório preenchesse a
certidão que atestaria a tempestividade até o seu prazo final para interposição do recurso.
Mesmo juntando a certidão não preenchida e afirmando que o cartório não o fez até a
respectiva data, o desembargador inadmitiu o recurso de plano. O CPC/15 apresentaria duas
saídas, o inciso I do artigo 1.017 ou o inciso III do artigo 1.017.

No que se refere à instrução da petição de agravo de instrumento, se o processo for


eletrônico, seja em primeiro ou segundo grau, as cópias são dispensadas. A regra do artigo
1.017 considera um processo físico, porém, há também a previsão de uma exceção com
dispensa de cópias caso o processo seja eletrônico.

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:


§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos
I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis
para a compreensão da controvérsia.

Interposto o agravo de instrumento no Tribunal, não há necessidade de juntar


cópia do agravo em primeira instância. No modelo anterior, era necessário juntar cópia do
agravo de instrumento em primeiro grau no prazo de três dias.

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da
petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos
documentos que instruíram o recurso.
§ 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará
prejudicado o agravo de instrumento.
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista
no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e provado
pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

A interpretação literal do disposto no artigo 1.018 dá a entender que a juntada aos


autos de cópia do agravo de instrumento é uma faculdade. No entanto, é necessário ter
cuidado, pois houve má técnica legislativa.

No artigo 1.017, a regra é que se o processo for físico, deverão ser apresentadas
cópias no Tribunal e, excepcionalmente, no processo eletrônico é que não haverá
necessidade de instruir o agravo de instrumento. No artigo 1.018 parte-se do pressuposto de

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que o processo é eletrônico e excepcionalmente ele seria físico. Isso pode ser depreendido
da análise do caput e do § 2º.

Dessa forma, para que não exista erro quanto ao CPC/15, especificamente quanto
aos artigos 1.017, § 5º e 1.018 § 2º, deverá ser observada a seguinte lógica:

i. Processo físico: o agravo de instrumento deverá ser instruído com cópias e será necessário
juntar cópia do agravo em primeiro grau.

ii. Processo eletrônico: a instrução e a comunicação são facultativas. Não há necessidade de


instruir o processo eletrônico com cópias ou juntar o agravo em primeiro grau.

 Poderes previstos no artigo 1.019

Interposto o agravo de instrumento no Tribunal, o relator passa a ter os poderes


do artigo 1.019.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente,


se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco)
dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela,


total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de


recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por
carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo
de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao
julgamento do recurso;

III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio


eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15
(quinze) dias.

Conforme o inciso I, o relator poderá atribuir o efeito ativo ou o efeito suspensivo


ao agravo. O efeito ativo também é chamado de tutela antecipada do recurso. No modelo
anterior, dessa decisão não cabia agravo interno, o que não é mais proibido pelo CPC/15.
Logo, negado o efeito ativo ou suspensivo no agravo de instrumento pelo relator em decisão
monocrática, a parte terá a sua disposição o agravo interno.

No âmbito do agravo de instrumento estão as razões, admitido, serão


apresentadas as contrarrazões e, posteriormente, o desembargador já poderá, inclusive
monocraticamente, dar provimento.

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Agravo de instrumento: razões -> juízo de admissibilidade ->


contrarrazões -> decisão monocrática

Além disso, existia uma discussão sobre eventual poder do desembargador de


admitir e dar provimento ao agravo antes mesmo das contrarrazões. O CPC/15 quer o
contraditório prévio e prevê expressamente essa exigência constante no artigo 932, inciso V.
Isto é, as contrarrazões já deverão estar presentes nos autos. Isso é o reflexo do
contraditório, que é norma fundamental do CPC/15 à luz do artigo 9º.

Art. 932. Incumbe ao relator


V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a
decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;

Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida.
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;

O juízo de admissibilidade já pode ser feito logo após a apresentação das razões
porque não prejudica o agravado, mas a decisão de provimento só poderá ser proferida após
as contrarrazões.

Após essa fase não há muita dificuldade. Informações ao juiz serão pedidas se for
o caso, bem como a intervenção do Ministério Público.

As únicas mudanças que ocorreram foram a possibilidade de sustentação oral em


um dos casos de agravo de instrumento (artigo 937, VIII) e a necessidade de chamar os
desembargadores tabelares no caso de um agravo de instrumento que foi provido por
decisão não unânime (artigo 942, § 3º, II). Hipótese essa que somente ocorrerá quando
existir agravo de instrumento provido por decisão não unânime reformando decisão que
julgar parcialmente o mérito.

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o


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Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores.
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento
não unânime proferido em:
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o
mérito.

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