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Disciplina: Sentença Cível

Professor: Ralpho Monteiro


Aula: 01 | Data: 02/02/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

OBSERVAÇÕES INICIAIS

ELEMENTOS DA SENTENÇA
1. Conceito de Sentença
2. Evolução do Conceito de Sentença
3. Dicas Iniciais para a Sentença

OBSERVAÇÕES INICIAIS

Doutrina indicada:
Sentença Cível – Teoria e Prática.
Autor: Nagibe Melo Jorge Neto.
Editora: Jus Podium.

O objetivo essencial do curso será a prática.

Estatística sobre as sentenças cíveis – TOP 5:

 Ações de Responsabilidade Civil – número alto acerca das ações de Responsabilidade Civil, e dentre elas
incluem-se essencialmente a Responsabilidade Aquiliana (responsabilidade por força de atos ilícitos), muito
embora exista a responsabilidade que deriva do inadimplemento contratual.

 Ações Possessórias:
Ação de Manutenção de Posse;
Ação de Reintegração de Posse;
Ação de Interdito Proibitório.

 Embargos à Execução – é a forma de defesa em um processo executivo.

 Ação Civil Pública (ACP) – há a possibilidade de ter na prova matéria fazendária.

 Família.

ELEMENTOS DA SENTENÇA

1. Conceito de Sentença

Quando se fala em pronunciamentos do juiz é preciso basear-se na estrutura do art. 203 do CPC. A estrutura dos
pronunciamentos elenca 3 tipos de decisões em sentido latu, são elas:

a. sentença;
b. decisão interlocutória;

SENTENÇA CÍVEL E PEÇAS DO MP


CARREIRAS JURÍDICAS
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c. despachos ordinários e despachos ordinatórios.

Art. 203 do CPC. Os pronunciamentos do juiz consistirão em


sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

Os despachos ordinatórios são os despachos realizados pelos próprios funcionários, que não tem conteúdo
decisório, apenas dá andamento ao curso do processo, por isso é feito pela própria serventia.

Muito embora seja um pronunciamento judicial, pois na medida em que o cartório dá o andamento ao processo
pedindo para a parte se manifestar a respeito de algum ato, isso se trata de uma determinação realizada
anteriormente pelo juiz, portanto, é uma manifestação do juiz, apesar de ter sido realizada pelo cartório.

Torna-se imprescindível identificar qual o pronunciamento do juiz, pois será desses pronunciamentos que se
decorrerá o sistema recursal, uma tarefa relevante. Os arts. 1009 e 1015 do CPC, determinam que da sentença é
cabível Apelação e da decisão interlocutória é cabível
Agravo de Instrumento, respectivamente, ou seja, identificando o pronunciamento proferido identifica-se o recurso
cabível.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões


interlocutórias que versarem sobre:
[...]

2. Evolução do Conceito de Sentença

No antigo art. 162, §1º do antigo Código de Processo Civil brasileiro, estava disposto que sentença era o ato pelo
qual o juiz colocava termo ao processo, era o ato terminativo do processo, decidindo ou não o mérito da causa,
portanto o critério utilizado era o Critério Topológico. A sentença era definida pelo lugar (topos) que ocupava
dentro do processo. Ou seja, se fosse o último ato do processo de conhecimento, era classificado como sentença,
um critério bastante criticado pela doutrina.

Em 2005 o art. 162, §1º do CPC/73 sofreu uma alteração dada pela Lei 11.232/2005 que alterou o art. 162, §1º do
antigo CPC, e passou a dar outra redação: “sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos
arts. 267 e 269 do CPC/73”, ou seja, a partir de 2005 foi trocado o Critério Topológico pelo Critério do Conteúdo do
Ato.

Não era mais o lugar que colocava fim ao processo, mas o ato que tinha por conteúdo matérias que estavam
descritas nos antigos arts. 267 e 269 do CPC/73, isso foi considerado um verdadeiro avanço pela doutrina, pois
trouxe mais estabilidade e segurança jurídica, sempre visando o sistema recursal.

O novo CPC manteve o mesmo Critério do Conteúdo do Ato, este assunto está disciplinado no art. 203, §1º, com a
seguinte redação:

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,


decisões interlocutórias e despachos.

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§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos
especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com
fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução.

Ou seja, o legislador de 2015 agregou os critérios do antigo art. 162, §1º do CPC/73 e o art. 162, §1º da Lei
11.232/05, pois disciplinou que deve atacar o conteúdo dos art. 985 e 487 do atual CPC, que equivalem aos arts.
267 e 269 do CPC/73 e simultaneamente exige que se coloque fim a fase de cognitiva, ou quando extinguir a
execução.

O efeito do ato é colocar fim a fase cognitiva do procedimento comum. Portanto, o sistema atual nos leva a
interpretação conjunta dos dois dispositivos, nos levando a conclusão de que o ato processual somente será
sentença se contiver uma das matérias listadas nos arts. 485 e 487 do CPC/15 e colocar fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extinguir o processo de execução.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência
das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de
coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou
quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível
por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
[...]

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou
na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

3. Dicas Iniciais para a Sentença

Perguntas-chaves para anotar no rascunho no momento da prova.


São perguntas nucleares que deverão ser feitas e anotadas no rascunho no início da prova.

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 Qual o pedido do autor? Tutela de urgência?

Lembrar-se do Princípio da Congruência, o juiz não pode decidir fora do que está sendo pedido e nem deixar de
apreciar algo, para não correr o risco de ter uma sentença ultra, extra ou citra petita, portanto anotar o pedido
exato do autor.

Quanto à tutela de urgência, anotar se houve o pedido de tutela de urgência, se foi deferido ou negado o pedido,
pois as tutelas de urgência são vitais em uma Vara Civil.

 Quais as defesas apresentadas pelo réu?

Na defesa apresentada pelo réu, além das teses, ficar atento as:

a. Preliminares?
As preliminares estão dispostas no art. 337 do CPC. Se houver preliminar, o réu antes de falar do mérito deve alegar
todas as preliminares. Isto deve ocorrer porque o desfecho da ação poderá ser diferente caso a preliminar seja
acolhida ou não pelo juiz.
As preliminares dos incisos I, II, III, VIII, XI, XII do art. 337 do CPC, irão paralisar o processo temporariamente, como
por exemplo, se o juiz for declarado incompetente. No entanto, se reconhecidos e acolhidos os incisos V, VI e VII
do art. 337 do CPC o processo será extinto, como por exemplo, se houver perempção.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de
autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como
preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Com relação ao inciso IV do referido artigo, antes de determinar inepta a inicial conforme alegação do réu, o juiz
“pode” (deve) aplicar o inciso II do art. 329 do CPC, dando uma oportunidade de correção à petição inicial.

Art. 329. O autor poderá:


[...]
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa
de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório
mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de
15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.
[...]

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Se não for possível sanar o vício referido no inciso IX, nos termos do art. 76, a relação processual estará prejudicada,
pois é imprescindível que as partes sejam legítimas, capazes e devidamente representadas, e se for o caso que
tenha autorização para estar demandando, como por exemplo, a necessidade da outorga uxória.

b. Quais as provas que foram produzidas?


Prova documental, testemunhal, etc. As provas serão importantes no momento da fundamentação.

c. Há alguma matéria de ordem pública?


Se houver uma matéria de ordem pública, como por exemplo, uma nulidade que não foi arguida por nenhuma das
partes, o juiz deverá julgar e decidir esta nulidade.

d. Há algum incidente pendente de decisão?


Analisar o enunciado e verificar se não menciona algum incidente pendente de decisão, por exemplo, a falta de
decisão quanto ao valor da causa. É preciso anotar, pois este pedido deverá ser decidido pelo juiz na sentença.

QUEM TEM RAZÃO?


Analisar previamente, ou seja, antes de iniciar a redação da sentença.

O sistema de formação da convicção é o livre convencimento, por isso, é necessário que antes de começar a redigir
a sentença no momento da prova, o candidato já tenha em mente quem “ganhará” a ação, pois um dos maiores
equívocos é raciocinar durante a redação, começando a escrever a sentença sem muita certeza de quem ganhará
a ação.

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