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COISA JULGADA, AÇÃO RESC/ EXECUÇÃO CIVIL

Aula 01 - Introdução

● Bibliografia:
○ DELLORE, Luiz; GAJARDONI, Fernando da Fonseca; ROQUE, André
Vasconcelos, OLIVEIRA JR., Zulmar Duarte de. Execução e recursos – comentários
ao CPC de 2015. Método, 2017.
○ MEDINA, José Miguel Garcia. Curso de direito processual civil moderno, 3ª. ed.
RT, 2017.
● Provas:
○ P1: 21/09.
○ P2: 16/11.

Coisa julgada tem raiz constitucional, é prevista no art. 5° inciso 36.

1. Considerações iniciais:
a. A coisa julgada é expressamente garantida como um direito fundamental: “A lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”, CF, art. 5°,
inciso XXXVI.
b. “Técnica adotada pela lei de garantir estabilidade a determinadas manifestações do
Estado-juiz, pondo-as a salvo inclusive dos efeitos de novas leis que, por qualquer
razão, pudessem pretender eliminar aquelas decisões ou, quando menos, seus
efeitos” (Cassio Scarpinella Bueno).
c. “Coisa julgada é, pois, a estabilidade da sentença irrecorrível” (Alexandre Freitas
Câmara)
d. “A imutabilidade e indiscutibilidade da decisão, em virtude do seu trânsito em
julgado” (Luiz Dellore, ob. cit. p. 617) → é uma situação de imutabilidade e
indiscutibilidade porque ela transitou em julgado, não cabem mais recursos de
decisão. Imutável: a decisão não pode ser modificada, indiscutível: não se admite
sequer discutir aquela decisão, não se admite discutir o mérito da decisão pois ela
transitou em julgado.

Processo é o instrumento de pacificação social, é previsto no CPC e na CF para


solucionar conflitos, ou seja, é um instrumento utilizado pelo Estado para solucionar
conflitos. Estado tem monopólio do uso da força. Eu também não posso fazer minha
autotutela pois ela é velada pelo Estado, eu preciso acionar ele (tirar ele de sua inércia) e
provocá-lo para ele utilizar sua jurisdição.

Para entender coisa julgada temos que voltar a analisar teoria geral do processo. O
processo pode ser definido como o método de atuação do Estado democrático de direito no
exercício de jurisdição). Para Cândido Dinamarco, o processo é instrumento utilizado pelo
Estado para solucionar conflitos. Ou seja, em suma, o processo é instrumento de pacificação
social, usado pelo Estado para solucionar conflitos. O uso da força/ fazer justiça com as
próprias mão e a autotutela são proibidos pelo estado (há exceções como defesa da posse
desde que eu seja rápido e proporcional, legítima defesa, etc), pois só ele tem monopólio da
força (e esta tem limites).

Contudo, o processo tem que ter um fim para que atinja seu objetivo de pacificação
social. Esses processo que duram 20, 30 anos é uma patologia, algo que não deveria ocorrer,
pois sua finalidade é de pacificação social e não de prolongação de conflitos. O fim do
devido processo legal é o trânsito em julgado, quando não cabe mais recursos contra uma
decisão de mérito. Essa decisão torna-se imutável e indiscutível. A coisa julgada cai no
princípio da segurança jurídica, pois dá essa certeza que uma decisão não vai ficar sendo
alterada eternamente.

● Coisa julgada: é a estabilidade de uma decisão de mérito que se torna irrecorrível e não pode
ser modificada.

Exemplo Teste de DNA: autor queria provar a paternidade do réu mas não tinha o
dinheiro para fazer o teste. Pediu para o Estado, Estado negou o pagamento do teste
também. Transitou em julgado, houve a coisa julgada. Depois de ter o dinheiro para fazer o
teste, o autor entra com outra ação. O poder judiciário entende que já há sentença sobre isso,
é imutável, não poderia voltar atrás por conta da segurança jurídica.

● O princípio da segurança jurídica não é absoluto, às vezes ele tem que ser afastado pois
prepondera outro princípio.
- Ex: Recorrer de uma decisão de um juiz que foi corrompido para sentenciar daquela
forma, neste caso a moralidade supera a segurança jurídica.

CPC/1973
Arts. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a
sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.
CPC/2015
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a
decisão de mérito não mais sujeita à recurso. → da sentença cabe apelação/embargos de
declaração, e ela irá para o tribunal. Chegando lá o presidente sorteia um relator
(representante de uma câmara) e de lá terá uma Turma colegiada para julgar. O que
transita em julgado não é a sentença, é o acórdão. Também pode ser uma decisão de
mérito (através da decisão interlocutória que julgue parcialmente o mérito).

Aperfeiçoamento da redação = “eficácia” vs. “Autoridade”


Eficácia da sentença: “a aptidão que tal ato processual dispõe para gerar efeitos (sendo que
os efeitos são ‘alterações que a decisão produz na realidade jurídica’, fora dos autos do
processo” → VERSÃO ANTIGA, ANTES DA REFORMA DE 2015.
Autoridade da sentença: “poder de fazer-se respeitar”. → FORMA ATUALIZADA.
DELLORE, Luiz. Processo de conhecimento e cumprimento de sentença: comentários ao CPC
de 2015. São Paulo: Gen/Método, 2016. p. 616

● A coisa julgada consiste em uma especial qualidade atribuída a todos os efeitos da sentença:
imutabilidade e indiscutibilidade.
● Não são apenas os efeitos declaratórios da sentença que se tornam imutáveis e indiscutíveis
com a formação da coisa julgada, mas todos e quaisquer efeitos da sentença.
● Por isso é que se diz que foi aperfeiçoada a redação do CPC/1973 para o CPC/2015.

Aperfeiçoamento de redação: “Sentença X decisão de mérito”

● Antes se mencionava apenas sentença. Agora, são todas as decisões judiciais que
apreciam o mérito: sentença, decisão interlocutória, decisão monocrática de relator e
acórdão. Todas essas decisões são passíveis de serem acobertadas pela “coisa
julgada”

O CPC/2015 prevê expressamente que decisões interlocutórias de mérito sejam


acobertadas pela coisa julgada. Por exemplo, o art. 356 permite o “julgamento antecipado
parcial”. Mais importante que a forma é o conteúdo da decisão de mérito judicial para se
verificar se ela é passível de gerar “coisa julgada”

Exemplo da batida de carro: REVER.

Princípio do “dedutível e do deduzido”


•CPC/1973
Arts. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as
alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do
pedido.
● Depois que transitado em julgado, o juiz considera que as partes já apresentaram tudo o que
poderiam ter apresentado, e foram repelidas as alegações das partes que poderiam ter falado.
Por quê? Para dar encerramento à discussão de uma vez.
○ Ex: depois de ter já determinado o valor dos danos morais, eu ainda incluo mais
malefícios que aquele litígio me causou, esqueci de mencionar em juízo. O juiz irá
repelir, pois já foi deduzido todos os fatos apresentados pelas partes, é preciso
colocar um ponto final na discussão. Precisa transitar em julgado.

•CPC/2015
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas
todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à
rejeição do pedido. → detalha qual a extensão da indiscutibilidade, não posso até mesmo
para trazer um argumento/fato novo que esqueci de apresentar no processo. Essa é a
resposta do 508, o juiz não acolhe as alegações. A extensão alcança até aquilo que deveria
ter sido falado mas não foi.
Mas e se a mesma demanda vier a ser proposta novamente?
CPC/2015
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada
Lembrete: a demanda deve ter as mesmas partes, pedido e causa de pedir (CPC/2015, art. 337,
§§2º e 3º: “§2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido.(...)§4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi
decidida por decisão transitada em julgado”.

Se tenho uma demanda que já foi julgada e já transitou em julgado, eu não poderia discutir, de
acordo com o Art. 502 é imutável.

•Coisa julgada formal


“Proferida a decisão, e não mais sendo possível a interposição de recurso – quer porque se
esgotaram, quer porque ultrapassado o prazo para sua interposição (ou seja, com o trânsito
em julgado da decisão) – surge a denominada coisa julgada formal”. → hipóteses do art.
485 do CPC.
- As decisões que têm por conteúdo as questões do art. 485, são coisa julgada formal
- O art. 485, são todas as situações em que o juiz encontra um problema incontornável não
podendo proferir uma decisão de mérito
- A coisa julgada não torna a coisa indiscutível e imutável para sempre. Só não posso mais
apresentar no processo em que houve a coisa julgada Formal.
- Ex: Autor da causa não junta guia referente a diligência de citação

•Coisa julgada material


“Se a decisão proferida for de mérito, teremos então a coisa julgada material”. → Decisão de
mérito: hipóteses do art. 487 do CPC.

- Esta é que torna imutável e indiscutível a decisão pelo judiciário


- A decisão de mérito é aquela que tem por conteúdo umas questão do art. 487 do CPC
- Aqui o juiz aponta que tem razão, tornado decisão imutável e indiscutível
- A Diferença entre coisa julgada material e formal se encontra no caput do artigo 486 do
CPC

(DELLORE, Luiz. Processo de conhecimento e cumprimento de sentença: comentários ao CPC


de 2015. São Paulo: Gen/Método, 2016)

Há coisa julgada formal quando a sentença terminativa (que põe fim ao processo sem resolução
do mérito nos termos do art. 485 do CPC/2015) transita em julgado. Ocorrido tal fato, o
mesmo caso não mais poderá ser discutido dentro daquele processo, porém poderá ser
ajuizada outra ação visando resolução do mesmo litígio em novo processo, já que este não
foi solucionado no processo anterior.
Por outro lado, há coisa julgada material quando, havendo o trânsito em julgado, resolve-se o
conflito, o que modifica de forma qualitativa a relação de direito material (CPC/2015, art.
487). Nesse caso, a imutabilidade recai não somente sobre a relação processual, mas
também sobre o direito material controvertido.

“Chama-se coisa julgada formal a estabilidade alcançada, ao se tornarem irrecorríveis,


por certas (mas não todas as) sentenças terminativas, isto é, sentenças que não contém
a resolução do mérito da causa” (Alexandre Freitas Câmara, O novo processo civil
brasileiro, p. 304).

Sentenças terminativas
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e
regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação; → não produz nenhum efeito sobre o direito
material daquela ação.
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição
legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
● Em alguns casos, expressamente previstos pela lei processual, embora terminativa a
sentença, não será possível propor-se novamente a mesma demanda.

CPC/2015, art. 486, § 1°:

“Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação.
o
§ 1 No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I [indeferimento da
petição inicial], IV [falta de pressuposto processual], VI [falta de condição da ação] e VII
[existência de convenção de arbitragem] do art. 485, a propositura da nova ação depende da
correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito”.

- Na coisa julgada formal não impede que a parte proponha novamente a ação, poderá haver
nova discussão em outro processo

Coisa julgada material

“(...) Diferentemente da coisa julgada formal, e ainda mais intensa (já que nem com a
‘correção do vício’ seria possível demandar-se novamente) é a coisa julgada material,
autoridade que acoberta as decisões de mérito irrecorríveis, tornando-as imutáveis e
indiscutíveis (...)” (Alexandre Freitas Câmara, O novo processo civil brasileiro, p. 305).

Sentença de mérito
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação; → concessões recíprocas para chegar ao fim do litígio.
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. → é diferente da desistência
da ação do art. 485, inciso VIII. Quando renuncio com base nesse inciso, estou renunciando
a pretensão de exercer aquele direito material, renuncio aquele direito material.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não


serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

I)Trânsito em julgado é a impossibilidade de interposição de recurso, seja porque a


decisão é irrecorrível, esgotaram-se os recursos cabíveis; não houve interposição de
recurso no prazo legal ou houve aquiescência da parte.
II) Coisa julgada formal é a imutabilidade da sentença, no próprio processo em que foi
prolatada (eficácia endoprocessual), não admitindo mais reforma (atinge qualquer
decisão que aprecie o mérito ou extinga o processo sem mérito – portanto, inclusive
as decisões terminativas, processuais);
III) Coisa julgada material é a imutabilidade e indiscutibilidade da sentença não só no
processo em que foi proferida, mas também para qualquer outro processo (eficácia
panprocessual – só atinge as decisões em que houve apreciação de mérito).

Aula 02 - Trânsito em julgado, coisa julgada material,


coisa julgada formal
“Coisa julgada é imutabilidade e a indiscutibilidade da decisão de mérito transitada em julgado.
É uma decisão de mérito que não cabem mais recursos, é a do art. 487.”

Comparação do art. 487, alínea c com o art. 485, VIII

● Uma coisa é a desistência, autor entra com a ação e pede a desistência ao juiz. Ele não
produzirá efeitos sob o direito material, pois a ação é um direito subjetivo público, direito
que eu tenho de provocar o juiz de produzir tutela jurisdicional. Quando protocolo um
pedido, estou exercendo meu direito de ação, estou acionando o Estado para a resolver o
meu litígio. Se for antes da citação, beleza, não precisa nem ouvir o réu e o juiz homologa a
desistência. Se for depois, precisa da concordância do réu (pois ele já pagou um advogado
para se defender, etc). Você apenas exige um direito público. Quando o juiz homologa essa
desistência, ele não julga o direito material, apenas homologa a desistência.
● Art 487: aqui, não se desiste do direito subjetivo público de desistir de provocar o Estado,
quando renuncio com base nesse artigo, estou renunciado a pretensão de exercer o direito
material. Estou renunciando ao direito material, abro mão dele.
○ Ex: alguém bate com o carro atrás de mim, estraga a lataria, eu entro com uma ação
pedindo os danos materiais do conserto do carro. Eu posso desistir da ação antes
mesmo do réu ser citado, ou também posso na mesma ação pedir para ser ressarcido
por conta do prejuízo do carro nos danos materiais, e digo para o juiz que renuncio a
pretensão de exercer o meu direito de ser indenizado. Sei que fui vítima, sei que
tenho direito à ser indenizado mas eu renuncio mesmo assim a esse direito. As
consequências práticas são que no art. 485 não forma coisa julgada material,
aplicando-se o 486 cáput. Ou seja, se desisto da ação que pedi reparação dos danos
com base no 485, o 486 diz que posso entrar de novo com a mesma ação. Contudo,
se renuncio a pretensão do direito, é uma decisão de mérito e não posso propor a
mesma demanda de novo.

TRÂNSITO EM JULGADO: situação em que não cabem mais recursos de uma decisão judicial.
Quando se verifica que aquela decisão não comporta mais nenhum recurso, se diz que ela transitou
em julgado. Se não cabem mais recursos, podem ocorrer a coisa julgada formal e a coisa julgada
material. Precisa ver o conteúdo dessa decisão para poder afirmar se forma uma das duas. Se o
conteúdo da decisão for baseada no 485, é a coisa julgada formal, que produz efeitos dentro do
próprio processo que ela aconteceu. Se o trânsito em julgado se baseia no 487, quer dizer que
produz a coisa julgada material, decisão é imutável e indiscutível dentro e fora do processo também.
Se é uma decisão do 487, juiz acolheu o pedido, julgou o mérito, produz coisa julgada material.
● Ex: extingue o processo porque o autor abandonou por 30 dias o processo, produz efeitos
dentro do processo, eficácia endoprocessual, extingue o efeito sem resolução do mérito e
produz a coisa julgada material.

a)Trânsito em julgado é a impossibilidade de interposição de recurso, seja porque a decisão é


irrecorrível, esgotaram-se os recursos cabíveis; não houve interposição de recurso no prazo legal ou
houve aquiescência da parte.
● Situação na qual em que não cabem mais recursos de uma decisão judicial. Quando se vê
que uma decisão não cabem mais nenhum recurso, ela transitou em julgado, ou seja, não
cabem recursos pra essa ação. Se não cabem mais recursos, pode ser que se crie a coisa
julgada formal ou a coisa julgada material.

b) Coisa julgada formal é a imutabilidade da sentença, no próprio processo em que foi prolatada
(eficácia endoprocessual), não admitindo mais reforma (atinge qualquer decisão que aprecie o
mérito ou extinga o processo sem mérito – portanto, inclusive as decisões terminativas,
processuais);
● Produz efeitos no próprio processo (art. 485)

c) Coisa julgada material é a imutabilidade e indiscutibilidade da sentença não só no processo em


que foi proferida, mas também para qualquer outro processo (eficácia panprocessual – só atinge as
decisões em que houve apreciação de mérito).

FUNÇÃO POSITIVA E FUNÇÃO NEGATIVA DA COISA JULGADA

● FUNÇÃO POSITIVA: a função positiva da coisa julgada relaciona-se à imutabilidade da


decisão transitada em julgado obrigar, isto é, vincular as partes perante as quais ela foi
proferida.
● FUNÇÃO NEGATIVA: a função negativa da coisa julgada captura o instituto como um
pressuposto processual negativo, isto é, como um fator impeditivo de sua discussão por
qualquer órgão jurisdicional ou pelas próprias partes. → impede a discussão daquilo que
foi decido por qualquer órgão jurisdicional e pelas partes. Ninguém mais discute esse
assunto, por conta da coisa julgada material.

LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA

● O que é limite objetivo? Não é a decisão completa que se torna imutável, é apenas a parte
dispositiva. Em uma sentença, a sentença tem Por “limites objetivos da coisa julgada”, deve
ser entendida a parte da decisão que fica imunizada de ulteriores discussões, é dizer, o que
não pode mais ser rediscutido perante o Estado-juiz pelo prevalecimento do princípio da
segurança jurídica. O que “transita em julgado” é a parte dispositiva da decisão ou seja o
comando da decisão. Em regra, não transita em julgado a fundamentação, as razões decidir.
É aquela parte da sentença que, normalmente, começa assim: “Diante do exposto, julgo
procedente o pedido para condenar o réu...”

CPC/2015
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I – os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença; → os motivos podem mudar!!!! O que é imutável e indiscutível é a parte
dispositiva.
II – a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

● Ex: ação de alimentos, acho que certa pessoa é meu pai, na minha certidão só tenho o nome
da minha mãe. A mãe tem certeza de quem é o pai, e você pode pedir uma ação de alimentos
pedindo pensão alimentícia.

Lembrar da razão pela qual foi suprimido o inciso III do art. 469 do CPC/1973, que corresponde ao
504 do CPC/2015. Tal supressão foi feita para harmonizar o art. 504 com o § 1º do art. 503 do
CPC/2015, que estabelece o seguinte:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão
principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução da questão prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no
caso de revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.
§2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à
cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão principal.

FALSIDADE DE DOCUMENTO

Por fim, cumpre observar que a solução da falsidade de documento nos moldes do art.
430/cpc só transita em julgado se houver pedido da parte que a arguiu.

4.1. A eficácia preclusiva da coisa julgada: “o princípio do dedutível e do deduzido”

Após o trânsito em julgado da decisão de mérito, nenhuma outra alegação ou defesa que
poderiam ter sido empregadas durante o processo em busca de resultado diverso pode ser feita.

Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e


repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento
quanto à rejeição do pedido.
4.2. A justiça da decisão

- Assistente entra no processo para ajudar uma das partes, ele é um terceiro.Ele entra para
ajudar pois necessariamente ele possui interesse jurídico.
- Ex: A relação entre locatário ou sublocatário, em uma ação de despejo
- O assistente pode entrar no processo a qualquer momento
- O art. 226 do Cpc diz que transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão,
- Se o assistente entrou em momento que não poderia mais participar na produção de provas
ele não está a vinculado a decisão emitida, ele pode rediscutir o mérito

● O assistente é aquele que pretende atuar em processo existente entre outras partes para
buscar o proferimento de uma decisão favorável a uma delas e que, de modo mais ou menos
intenso, também lhe seja favorável (CPC/2015, arts. 119 a 123; CPC/1973, arts. 50 a 55).
● Toda vez que há essa figura de intervenção de terceiros (assistência), as razões de decidir
ficam imunizadas de qualquer questionamento ulterior por parte do assistente. É essa a
“justiça da decisão” que o assistente não pode depois discutir em outro processo.

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não
poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I – pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do
assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II – desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por
dolo ou culpa, não se valeu*.

*este artigo corresponde ao art. 55 do CPC/1973.

4.3. Coisa julgada e cognição jurisdicional

A coisa julgada material somente ocorre se o Estado-juiz realizar cognição exauriente. Assim, uma
sentença, uma decisão interlocutória, um acórdão podem transitar em julgado. Para tanto, tais
decisões devem ser de mérito e proferidas mediante cognição exauriente. Em contrapartida, as
decisões proferidas mediante cognição sumária ou superficial podem até transitar em julgado
formalmente, mas não materialmente.

- A cognição exauriente é típica dos procedimentos que objetivam o desfecho definitivo do


conflito trazido ao juiz, pois permite a produção de todas as provas necessárias para a
solução do litígio.
- O processo de conhecimento ou cognição é a fase em que ocorre toda a produção de provas,
a oitiva das partes e testemunhas, dando conhecimento dos fatos ao juiz responsável, a fim
de que este possa aplicar corretamente o direito ao caso concreto, com o proferimento da
sentença.
- A cognição sumária não forma coisa julgada, pode ser objeto de recurso
A coisa julgada material somente ocorre se o Estado-juiz realizar cognição exauriente. Assim, uma
sentença, uma decisão interlocutória, um acórdão podem transitar em julgado. Para tanto, tais
decisões devem ser de mérito e proferidas mediante cognição exauriente. Em contrapartida, as
decisões proferidas mediante cognição sumária ou superficial podem até transitar em julgado
formalmente, mas não materialmente.

No processo de conhecimento, ele é todo pensado para juiz decidir com 100% de certeza,
permitido provas em direito admitidas.... e outros, cognição exauriente = para ter 100% de certeza,
para cansar, exauri dúvidas, e juiz ter 100% de certeza. Processo de conhecimento por isso. MAS....
em alguns casos, não tem como aguardar juiz ter 100%, se for esperar isso, direito vai perecer, ou
não vai adiantar... ex: tutelas de urgência.
Juiz dando tutela, mesmo sem ter certeza, mas tem que dar, conforme CF fala, pois se
apresenta AMEAÇA, não pode abrir espaço para o risco.
● Ex: processo de plano de saúde; passo mal e médico fala que precisa de cirurgia urgente
para não morrer... convênio nega, interpreta cláusula tal e fala que não tal coisa é prótese e
que não se cobre. Médico explica que não tem nada ver. Convênio querendo interpretar
contrato.. não é o momento NE? Pessoa correndo risco de vida. Direito sendo ameaçado,
não adianta falar que tinha razão daqui dois anos, tem então tutela de urgência. Quando
preenche dois requisitos, juiz pode decidir por um “eu acho que tal pessoa tem razão” =
cognição superficial.

→ Requisitos para tutela = fumaça do bom direito e perigo na demora. Idéia de que bom direito
é o fogo, para chegar no fogo, leva tempo, não tem tempo, mas só olhando fumaça pode dar
direito. Perigo na demora, perigo de perecer direito se demorar muito para falar quem ta com
razão. Tutelas provisórias, sujeitas a confirmação.

5. Limites subjetivos da coisa julgada

→ Quem fica vinculado ao que foi decidido no direito processual individual? São os sujeitos que
não podem pretender tomar a iniciativa de rediscutir o que já foi soberanamente decidido pelo
Estado-juiz porque vinculados à decisão já proferida. Tais sujeitos são as partes. A coisa julgada
não pode beneficiar ou prejudicar terceiros.

CPC/1973
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem
prejudicando terceiros. * Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no
processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em
relação a terceiros.

CPC/2015
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

* redundante, pois se os terceiros são citados eles passam a ser parte


- A jurisprudência vem entendendo que a decisão pode beneficiar terceiro
- Ex: caso de andré que possui deficiência física e entra com uma ação contra o metrô para
obrigar este a colocar um elevador, desta forma irá beneficiar terceiros

Limite subjetivo – quem fica vinculado a coisa julgada material. As partes. Tá no art. 506 do CC,
Não pode prejudicar terceiro, a não ser no caso de assistente que não se enquadra naquelas duas
exceções.Se terceiro for prejudicado pode questionar o que foi decidido.

Ex: de beneficiar, Tinha no outro código como proibido, não mais no CPC DE 2015,
PORQUE = Ex:estação de metro sem elevador que leva pessoas com mobilidade reduzida, se não
tem esse elevador muito difícil de chegar lá embaixo na plataforma do trem. Supondo que pessoa de
cadeira de roda processa o metro, processa com obrigação de fazer. Ação individual. MAS SE EU
GANHAR, sendo julgado procedente, me beneficia, mas beneficia uma série de pessoas, outras
pessoas que utilizem metro e tinham aquele problema.

6. Limites temporais da coisa julgada

Preclusão X Coisa julgada material

Preclusão é fenômeno endoprocessual: é vedada a discussão de uma mesma questão já decidida ao


longo do processo. Ela pode ser temporal, lógica ou consumativa.
- A preclusão é endoprocessual, não vou poder praticar atos dentro daquele processo, fora
dele vai depender
- A preclusão temporal ocorre, quando eu tinha um prazo para realizar uma atividade e não
realizei
- Preclusão consumativa, perco o direito de praticar um ato dentro de um mesmo processo,
pois já pratiquei aquele ato - EX: entrei com uma apelação e gostaria de incrementar algo,
não posso adiantar pois já pratiquei o ato
- A exceção da preclusão em geral são as questões de ordem pública, pois elas não possuem
preclusão
- Preclusão lógica: ela é a perda de um direito de praticar um ato, pois você já praticou um ato
antes deste que é incompatível com o ato que você quer praticar . Ex: Sou condenado a
pagar cem mil reais, eu pago o valor e depois entro com uma sentença de apelação. Aqui ou
você concorda com a decisão ou você recorre

CPC/2015
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a
cujo respeito se operou a preclusão.

Coisa julgada material é fenômeno extraprocessual: é vedada a discussão de uma mesma questão
em outros processos.
- A coisa julgada extrapola os limites do processo.

Preclusão = acontece dentro do processo, perde direito de praticar algo no processo, min 48
Preclusão temporal, por ter deixado passar prazo.
Preclusão consumativa – perco direito de praticar ato porque já pratiquei aquele ato no processo.
Ex: apelação. Tenho sentença, cabe apelação. Quero mostrar serviço e faço apelação rápido,
protocolo. Mas antes de acabar, percebo que esqueci de mencionar algo que eu queria, quero
incrementar... posso aditar? NÃO!! Pois, seria preclusão consumativa.
Exceção questão de ordem pública, essa não preclui, pode falar a qualquer tempo, como
nulidade de citação, problema na representação da parte. Olhar no contrato quem tem poder para
dar poder ao advogado, juntam e quem assina procuração talvez nem tenha poder. Se no contrato
dea empresa fala que só presidente pode dar procuração... olhar!! Vício que pode ser falado a
qualquer momento. Ai não tem problema se não falou em momento tal, pois não preclui.
Preclusão lógica – perde direito pois praticou antes ato incompatível com ato que quer
praticar. Fenômeno endoprocessual, INTERNO, perda do direito de praticar um ato, pois antes
praticou um outro ato, que não faz sentido com esse que você quer fazer.
Ex: sou obrigada a pagar, entram com ação contra mim. Vou, pago o Rodrigo e depois entro
com apelação... ué, seria estranho. Ou você discorda e recorre ou você concorda e cumpre. Os dois
juntos não dá.
Preclusão acontece dentro do processo. Preclusão art. 507 do CPC.
Enquanto a coisa julgada é extraprocessual, tanto dentro, quanto fora do processo a questão
passa a ser indiscutível.

Aula 3

6. Limites temporais da coisa julgada

Exceções:

CPC/1973
Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de
direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II – nos demais casos previstos em lei.

CPC/2015
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato
ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

Quem fica vinculado ao que foi decidido no direito processual individual?


→ São os sujeitos que não podem pretender tomar a iniciativa de rediscutir o que já foi
soberanamente decidido pelo Estado-juiz porque vinculados à decisão já proferida. Tais sujeitos
são as partes. A coisa julgada não pode beneficiar ou prejudicar terceiros.
- relação jurídica de trato continuado é aquela relação jurídica que se repete ao longo do
tempo, se renova. Ex: Relação jurídica de pagamento de alimentos, relação entre a
necessidade de quem recebe os alimentos e a dispolimendade de valores daquele que paga.
- A pensão alimentícias se baseia na necessidade e disponibilidade no dia de hoje
- Sobrevindo mudança no estado de fato (Ex: O pai passa a precisar de medicamentos ) ou
direito, ( EX : A Criança se emancipa ) pode ser solicitada a revisão
- Na ação revisional tenho que provas a modificação no estado de fato ou de direito

II – nos demais casos previstos em lei.

7. Meios de contraste da coisa julgada

A coisa julgada aceita impugnações, excepcionalmente. Embora a coisa julgada seja


consagrada pela Constituição Federal (art. 5º, XXXVI), o legislador estabelece critérios que podem
ser utilizados para impugnar a coisa julgada caso seja necessário prevalecer outros valores também
consagrados pela CF/88.

A coisa julgada não é uma espécie de “sanatória” de qualquer vício do processo. Não torna o
“redondo quadrado e o quadrado redondo”. Tanto vícios relacionados à regularidade da atuação
jurisdicional quanto vícios ligados à decisão proferida podem ensejar uma impugnação à coisa
julgada.

São meios de contraste da coisa julgada:

→ A ação rescisória (art. 485 A 495 do CPC/1973; art. 966 a 975 do CPC/2015), que permite
que coisa julgada seja desconstituída quando presente uma ou mais das hipóteses arroladas nos
diversos incisos do art. 485 (CPC/1973) ou do art. 966 (CPC/2015);
- Ação rescisória possui prazo de dois anos, contados do prazo do trânsito em julgado da
última decisão proferida no processo.
-
→ A “Impugnação” ao cumprimento de sentença, que faculta ao réu impugnar o título
executivo representado por decisão transitada em julgado por variados fundamentos, tais como
a nulidade de citação (inciso I do art. 475-L do CPC/1973; art. 575, §1º, I, do CPC/2015)) até a
declaração de inconstitucionalidade da lei sobre a qual se funda o título (art. 475-L, § 1º do
CPC/1973; art. 575, §12, do CPC/2015)

Mandado de segurança contra ato judicial;

Ação declaratória de “inexistência de relação jurídica processual”;

7.1. A relativização da coisa julgada

Hipóteses de flagrante injustiça ou erro de julgamento


(Humberto Theodoro Jr. e José Augusto Delgado)
Por exemplo:

Reconhecimento jurisdicional de filiação em contraste com exames de DNA


Sentenças proferidas mediante corrupção

- Exemplo de relativização da coisa julgada, mesmo passado o prazo para ação rescisória é o
exame de dna.

RE 363.889/DF, STJ, pleno, voto do Min. Luiz Fux, rel. Min. Dias Toffoli, j.m.v. 2.6.2011, Dje
10.6.2011

Princípio da segurança jurídica X dignidade da pessoa humana X probidade administrativa

Aula 4 - Ação rescisória

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
CONCEITO:

“trata-se de uma ação autônoma (É OUTRO PROCESSO DIFERENTE DAQUELE NA


QUAL FOI PROFERIDA A DECISÃO EM JULGADO QUE VOCÊ QUER PROFERIR),
que não só tem lugar noutra relação processual, subseqüente (acontece depois) àquela onde fora
proferida a sentença a ser atacada, como pressupõe o encerramento definitivo dessa relação
processual. A ação rescisória (art. 485 do CPC [art. 966 do CPC/2015]), em verdade, é uma
forma de ataque a uma sentença já transitada em julgado, daí a razão fundamental de não se
poder considera-la um recurso. Como toda ação, a rescisória forma uma nova relação
processual diversa daquela onde fora prolatada a sentença ou o acórdão que se busca rescindir”
(SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de Processo Civil: processo de conhecimento. 6. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. v. 1, p. 472.)

“Chama-se rescisória à ação por meio da qual se pede a desconstituição de sentença transitada
em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da matéria julgada”. (MOREIRA, José Carlos
Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. 5, p.
100)

Ex: surge um documento novo do qual as partes não conheciam, cabe a ação rescisória para
consertar um erro provocado pelo juiz ou pelas partes ou pela prova etc. É uma ação para
desconstituição de sentença transitada em julgada!

“Chama-se rescisória à ação por meio da qual se pede a desconstituição de sentença transitada em
julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da matéria julgada”. (MOREIRA, José Carlos
Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. 5, p.
100)

1. Ação rescisória é o instrumento utilizado para desconstituir coisa julgada material. Pode ser
aplicada por exemplo caso o juiz cometia um erro em seu julgamento
2. A ação rescisória é outro processo autônomo
É possível se entrar com ação rescisória até dois anos após o trânsito em julgado da última decisão
proferida no processo.
- Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado
da última decisão proferida no processo.

- § 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o
caput , quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não
houver expediente forense.
- § 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de
descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo.
- § 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o
terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do
momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.

Diferença entre ação rescisória e recurso


Ação rescisória:

● Meio de impugnação autônomo de decisões judiciais (é um novo processo)


● De mérito
● Transitadas em julgado
● Proferidas em um outro processo diferente da ação rescisória

Recurso

“Os recursos são meios de impugnação às decisões judiciais previstos em Lei, que podem ser
manejados pelas partes, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, com o intuito de
viabilizar, dentro da mesma relação jurídico-processual, a anulação, a reforma, a integração ou o
aclaramento da decisão judicial impugnada”

(José Miguel Garcia Medina e Teresa Arruda Alvim Wambier, Recursos e Ações autônomas de
impugnação. 3ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 36)

Semelhanças:
● A semelhança entre o recurso e ação rescisório é que ambos são utilizados para
atacar decisões judiciais
Diferenças:
● Ação rescisória é um meio de impugnação autônomo.
● Ação rescisória serve para atacar uma decisão de mérito proferida que é um
processo diferente daquele que será utilizado para impugnar decisão.

Hipóteses de cabimento
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

Não apenas as sentenças podem ser rescindidas, mas também as decisões interlocutórias e o
acórdãos de mérito que transitam em julgado.

- A decisão interlocutória poder ser alvo de ação interlocutória.

PREVARICAÇÃO, CONCUSSÃO OU CORRUPÇÃO DO JUIZ


CPC/2015
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

Artigos 319, 316 e 317 do Código Penal

● Situações em que há obtenção de alguma vantagem ilícita pelo magistrado em detrimento do


exercício de sua função jurisdicional

● Artigos 319, 316 e 317 do Código Penal

PREVARICAÇÃO

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

- O difícil aqui é provar a existência da omissão/retardamento do ato de ofício.

CONCUSSÃO
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

CORRUPÇÃO

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

JUIZ IMPEDIDO OU JUÍZO ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE


CPC/2015
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente

JUIZ VS JUÍZO

- O juiz não podia julgar e acabou julgando, as partes não perceberam

Juiz impedido

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro
do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica
parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das
partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
- Se por exemplo seu cônjuge é um advogado, e você é juiz. E ele trabalha em um escritório
em que possui como cliente a coca cola, mas o escritório faz só a parte tributária do
escritório, E chega na sua vara uma apelação cível, não posso julgar de acordo com o inciso
VIII.

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado


ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do
juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a
membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente
ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Dolo, coação, colusão, simulação


CPC/2015
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
- Só cabe a parte vencedora praticou ação por dolo, simulação ou colusão

Uma das partes, em detrimento da outra, ou ambas, em atuação consertada, visa à obtenção de
objetivo ilegal pelo processo.

Podem propor a ação rescisória o terceiro interessado e o MP.

Relembrando o direito civil: dos defeitos do negócio jurídico

DOLO

“Espécie de vício de consentimento caracterizado pela intenção de prejudicar ou fraudar um outro”

● Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
● Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a
seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
● Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
● Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a
quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a
quem ludibriou.
● Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a
responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do
representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e
danos.
● Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o
negócio, ou reclamar indenização.

COAÇÃO

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado
temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base
nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

COLUSÃO OU SIMULAÇÃO

A palavra conluio deriva do latim colludium , de cum e ludus . De Plácido e Silva define
conluio com o sentido de com jogo . E, na linguagem jurídica, tem, mais ou menos, esta
significação, pois que conluio, com o mesmo sentido de colusão (arranjo, combinação), designa o
concerto, conchavo ou combinação maliciosa ajustada entre duas ou mais pessoas, com o objetivo
de fraudarem ou iludirem uma terceira pessoa, ou de se furtarem o cumprimento da lei.
(Vocabulário Jurídico . 18ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 204)

Coisa julgada
CPC/2015
IV – ofender a coisa julgada.
A rescisória é para desfazer a segunda coisa julgada formada.

- A ação rescisória retira a segunda coisa julgada que se formou


- Ex: Caso do fazendeiro

Violar norma jurídica


CPC/2015
V – violar manifestamente norma jurídica;

Decisão que destoa do padrão interpretativo da norma jurídica, de qualquer escalão: princípios, leis,
decretos etc.
- Violar norma jurídica no sentido amplo
- Não é qualquer violação, é falar manifestamente
- Violar um padrão interpretativo da lei

PROVA FALSA

CPC/2015
VI – for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória
- São dois caminho: ou a pessoa prova ao longo da ação rescisória que o processo é falso ou
em um processo criminal
- Deve ser uma prova que tenha o condão de modificar o resultado do processo.

PROVA NOVA

CPC/2015
VII – obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou
de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável
- Prova nova é aquele que o autor só obteve conhecimento após o trânsito em julgado

ERRO DE FATO
CPC/2015
VIII – for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
§1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar
inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não
represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

Lei n. 13.256/2016 altera o Novo CPC para estabelecer Nova hipótese de rescisória
“Não considerar a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão
decisório que lhe deu fundamento”
Art. 966
(...)
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão
baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não
tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão
decisório que lhe deu fundamento.
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena
de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática
distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica.

Art. 966
(...)
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado
que, embora não seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda*; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.

*Ver art. 486, § 1º, do CPC de 2015

Por exemplo, na hipótese do art. 485, IV, se o juiz extingue o processo sem resolução de mérito
porque verifica que o autor não recolheu as custas processuais relativas à propositura da demanda
(“ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do processo”), somente poderá
ser proposta nova demanda se comprovar que sanou o vício apontado na demanda anterior nos
termos do art. 486, §1º. Porém, suponha que o autor entenda que recolheu corretamente as custas
processuais e mesmo assim o seu processo foi extinto com base no art. 485, IV. Nesse caso, ele
deverá ajuizar a ação rescisória contra a primeira sentença, com base no art. 966, § 2º, I, do CPC.

Aula 05
Art. 966
(...)
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado
que, embora não seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda*; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.

- Vai tratar de uma exceção


- A ação rescisória serve também para recorrer de decisões terminativas
-
*Ver art. 486, § 1º, do CPC de 2015

Por exemplo, na hipótese do art. 485, IV, se o juiz extingue o processo sem resolução de mérito
porque verifica que o autor não recolheu as custas processuais relativas à propositura da demanda
(“ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do processo”), somente poderá
ser proposta nova demanda se comprovar que sanou o vício apontado na demanda anterior nos
termos do art. 486, §1º. Porém, suponha que o autor entenda que recolheu corretamente as custas
processuais e mesmo assim o seu processo foi extinto com base no art. 485, IV. Nesse caso, ele
deverá ajuizar a ação rescisória contra a primeira sentença, com base no art. 966, § 2º, I, do CPC.
- Caso a pessoa não consiga comprovar, por entender que não tinha vício seu processo, ela vai
entrar com uma ação rescisória.
3. Legitimidade
CPC/1973 (ATIVA)
Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
- Ex: Uso simulado de processo para fraudar a lei. A deve para B e para não pagar B, A pede
para C entrar com ação contra A e penhorar seu patrimônio para contra B entrar com uma
ação contra A, B não terá mais bens para penhorar.
- Neste caso B será o terceiro interessado

III - o Ministério Público:


a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção;
- Quando o Mp não foi ouvido ele pode entrar com uma ação rescisória
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.

CPC/2015 (ATIVA)
Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a
lei;
c) em outros casos em que se imponha sua atuação;
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado para intervir como
fiscal da ordem jurídica quando não for parte.
- Ex: Se o processo discute sobre o mercado de serviços mobiliário a CVM deve participar

LEGITIMIDADE PASSIVA:
O réu da rescisória será, nas hipóteses dos incisos I do art. 967, a parte contrária no processo em que
proferida a decisão que se pretende rescindir. Nas hipóteses dos incisos II e III do mesmo
dispositivo, ambas as partes do processo originário serão rés, na qualidade de litisconsortes
necessários.
- Nos casos de instituições como A cvm ela será parte ativa e o réu e autor da ação originária
eles geram parte passiva na ação,
Petição inicial
CPC/2015
Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art.
319, devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;

- Pedir a rescisão da decisão originária , bem como solicitar um novo julgamento, uma nova
decisão
- Na maioria dos casos ocorre novo julgamento
- No próprio bojo da ação rescisória haverá pedido de decisão, como um novo julgamento
- Há casos que não faz sentido solicitar um novo julgamento
- Casos em que houve uma sentença favorável ao autor que transitou em julgado, todavia foi
feita uma nova ação que julgou procedente o pedido do réu. Nestes casos não faz sentido a
existência de um novo julgamento, pois o autor da decisão rescisória va almejar que a
primeira decisoa seja cumproda

II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em
multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.
- Esses 5 % ficaram em juízo, em uma conta judicial
- é o mesmo valor da decisão original atualizado monetariamente
- Se for uma parte, o 5% será sobre esta parte

§ 1o Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério
Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça.

- O supremo tribunal federal entendeu que é constitucional

§ 2o O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil)
salários-mínimos.

- O valor máximo é 1 milhão

§ 3o Além dos casos previstos no art. 330, a petição inicial será indeferida quando não
efetuado o depósito exigido pelo inciso II do caput deste artigo.

§ 4o Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332.

§ 5o Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será


intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando
a decisão apontada como rescindenda:

- Não vai ser extinto o processo devido o processo ser protocolado na instância errada

I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2o do art. 966;

II - tiver sido substituída por decisão posterior.

§ 6o Na hipótese do § 5o, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu


complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal
competente.

- A competência da ação rescisória está nas entrelinhas, ela não é julgada por um juiz de
primeira instância
- Ela será julgada no tribunal, o tribunal que proferiu a última decisão de mérito no processo
que acarretou mudanças

- No caso do juiz da primeira sentença julgar e ninguém recorreu e a decisão transitou em


julgado. Nestes casos o juiz hierarquicamente maior que o do juiz que proferiu a decisão
será responsável .

Tutela provisória
De acordo com o art. 969, a propositura da rescisória não impede o cumprimento (definitivo) da
decisão rescindenda, salvo quando for concedida a tutela provisória.

“Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão


rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória”.
- O fato de ter sido ajuizada ação rescisória não muda em nada o cumprimenta da decisçao
recorrida
- A tutela provisória está n o art. 294 a 311 do CPC, este instituto é derivado de um princípio
constitucional constitucional

Os elementos necessários para concessão da tutela provisória estão nos arts. 294 a 311 do Código
de Processo Civil (pode ter natureza cautelar ou antecipatória; de urgência ou de evidência;
antecedente ou incidente, dependendo do caso concreto).

Procedimento
Prazo para contestar de 15 a 30 dias
“Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze)
dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem
contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum”.

Após a fluência do prazo, mesmo sem resposta, o procedimento é o comum

Note-se que o prazo – de 15 a 30 dias – deve ser contado em dias úteis, de acordo com o art. 219,
caput, do CPC/2015. Veja-se:

“Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.”

- Citação é para apresentar resposta (contestação) e não para audiência de conciliação ou de


mediação

- Sorteio do Relator que, preferencialmente, não participou do julgamento

“Art. 971. Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá
cópias do relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o
julgamento.

Parágrafo único. A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja
participado do julgamento rescindendo”

Fase instrutória
Possível delegação de competências para o órgão que proferiu a decisão para realizar a
instrução no prazo de 1 a 3 meses

Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a
competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses
para a devolução dos autos.

Procedimento
- Prazo para contestar de 15 a 30 dias
“Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze)
dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem
contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum”.

- Após a fluência do prazo, mesmo sem resposta, o procedimento é o comum

- Note-se que o prazo – de 15 a 30 dias – deve ser contado em dias úteis, de acordo com o art.
219, caput, do CPC/2015. Veja-se:

“Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.”

Citação é para apresentar resposta (contestação) e não para audiência de conciliação ou de mediação

Procedimento
- Sorteio do Relator que, preferencialmente, não participou do julgamento

“Art. 971. Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá
cópias do relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o
julgamento.

Parágrafo único. A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja
participado do julgamento rescindendo”

Fase instrutória
Possível delegação de competências para o órgão que proferiu a decisão para realizar a instrução no
prazo de 1 a 3 meses

Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a
competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses
para a devolução dos autos.
Alegações finais
“Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais,
sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo
órgão competente”.

Ação anulatória
- Ação anulatória é bem diferente da ação rescisória, o procedimento dela é comum, rito
ordinário
- Ela serve para anular os atos de disposição de direitos praticados pelas partes ou por outros
participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios
praticados no curso da execução
- Atos de disposição de diretos são os atos sobre qual a parte pode abrir mão. Este atos podem
ser quando acontece um acordo,
- Ex: Um tenho direito a receber x por um dano causado no meu automóvel, mas vou abrir
mão deste valor se o réu me pagar X/2 - Vou abrir mão de receber x para receber metade
- Homologação é feita pelo juiz, ele verifica se os requisitos necessárias para a prática de tal
ato foram preenchidos
- Caso a parte foi coagida a realizar aquele acordo, neste caso cabe uma ação de anulação
- O prazo para entrar com uma ação anulatória
● Art. 206. Prescreve:
● § 1 o Em um ano:
● I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no
próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
● II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o
prazo:
● a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é
citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou
da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
● b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
● III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e
peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
● IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a
formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da
assembléia que aprovar o laudo;
● a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes,
contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
● § 2 o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data
em que se vencerem.
● § 3 o Em três anos:
● I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
● II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
● III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias,
pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
● IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
● V - a pretensão de reparação civil;
● VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo
o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
● VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do
estatuto, contado o prazo:
● a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
● b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço
referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou
assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
● c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
● VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
● IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no
caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
● § 4 o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das
contas.
- O prazo para ação anulatória é o prazo previsto no direito material

Cabimento
“Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
(...)
§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do
processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da
execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei”.

- Os vícios alegados são os do direito material e o juízo competente é o de primeira instância


e não o tribunal

- Atos de disposição de direitos homologados pelo juízo


- Requisitos e prazos regulados pelo direito civil

Exemplo:
Sentença meramente homologatória. O vício deve estar na própria sentença. Por exemplo, é
anulável a sentença homologatória de transação celebrada sobre direito relativo a incapaz, sem que
tenha sido ouvido previamente o MP. Não cabe rescisória por ofensa à literal disposição de lei
(CPC 966 V), porque o juiz não proferiu juízo de mérito, aplicando erroneamente a lei,, mas apenas
limitou-se a homologar ato praticado com ofensa à lei. Nem se configura como ato viciado das
partes, porque não houve nenhum vício no negócio jurídico celebrado entre elas. O vício é formal,
da sentença.

(Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery. Comentários ao código de processo civil: novo
CPC. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. p. 1924)

Aula 06

3. Responsabilidade patrimonial
Direito de superfície e responsabilidade patrimonial

Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário de
terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida,
exclusivamente, o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de
constrição exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a
plantação, no segundo caso.

§ 1o Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados separadamente na matrícula


do imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai o
gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o terreno, a construção
ou a plantação, de modo a assegurar a publicidade da responsabilidade patrimonial de cada um
deles pelas dívidas e pelas obrigações que a eles estão vinculadas.

§ 2o Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão de uso especial
para fins de moradia e à concessão de direito real de uso.

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:

I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória,
desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;

II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na


forma do art. 828;

III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de
constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de
reduzi-lo à insolvência;

V - nos demais casos expressos em lei.

§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

Fraude à Execução (continuação)

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:

(...)
Terceiro adquirente

§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar
que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes,
obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.

Desconsideração da personalidade jurídica


§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a
partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.

Terceiro adquirente
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que,
se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.

Direito de retenção exercido pelo exequente sobre bem do devedor


Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao
devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa
que se achar em seu poder.
Fiador
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados
os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os
pormenorizadamente à penhora.

§ 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma


comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.

§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de ordem.

Direito de retenção exercido pelo exequente sobre bem do devedor

Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao
devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se
achar em seu poder.

Fiador

Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os
bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os
pormenorizadamente à penhora.
o
§ 1 Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma comarca
que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
o
§ 2 O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.
§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de ordem.

Bens particulares dos sócios

Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos
casos previstos em lei.

§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de
exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.

§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade situados
na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.

§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo.

§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente


previsto neste Código.
Bens do Espólio

Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde
por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube. - responde até o valor
do patrimônio deixado pelo de cujus, mas isto não é tão fácil é preciso haver advogado constituído
para fazer valer a lei.

4. Requisitos da execução
A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa,
líquida e exigível (art. 783). -Ela precisa ter sempre essas três características

Portanto, CERTEZA, EXIGIBILIDADE e LIQUIDEZ da obrigação retratada no TÍTULO


são requisitos para qualquer execução.

CERTEZA – o título deve representar uma obrigação perfeitamente identificada em seus elementos
- Precisa identificar com certeza quem é o credor, quem é o devedor e o objeto ( a dívida)
EXIGIBILIDADE – à obrigação representada deve ter sido inadimplida, ou seja, a exigibilidade
está diretamente relacionada com o inadimplemento da obrigação estampada no título.
LIQUIDEZ – o título deve representar uma obrigação suficientemente quantificada. ( Tem que
saber o valor exato da dívida )

Conceito de Título Executivo


- Título é um documento criado por lei , que tem a aptidão para autorizar o juiz a autorizar a
execução

Para DINAMARCO, título executivo "é um ato ou fato jurídico indicado em lei como portador do
efeito de tornar adequada a tutela executiva em relação ao preciso direito a que se refere"
("Instituições de Direito Processual Civil", IV, 1ª. Edição, SP: Malheiros Editores, 2004, p. 191).

5. Títulos executivos

De acordo com o art. 784, são títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;


II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,


pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal;

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e
aquele garantido por caução;

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; - Procurar

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como


de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,


previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas;

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de


emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
estabelecidas em lei;

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribui força executiva. -
O rol não é taxativo, existindo outras leis que constituem títulos extrajudiciais

Propositura de qualquer ação relativa ao débito não inibe a execução - Não vai parar com o
processo de execução, o título goza de presunção de verdade

De acordo com o art. 784:


(...)

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o
credor de promover-lhe a execução.

Título executivo extrajudicial oriundo de país estrangeiro


De acordo com o art. 784:
(...)
§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de
homologação para serem executados.

§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação


exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de
cumprimento da obrigação.

Existência de título executivo extrajudicial não obsta de a parte optar pela via do processo de
conhecimento para obter título executivo judicial

De acordo com o art. 785:

Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo
de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

Exigibilidade da obrigação

Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e
exigível consubstanciada em título executivo.

Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo
não retira a liquidez da obrigação constante do título.

Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a
contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de
extinção do processo. - Para desta maneira configurar a exigibilidade

Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou


a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que
lhe tocar.

Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor cumprir a
obrigação, mas poderá recusar o recebimento da prestação se ela não corresponder ao direito ou à
obrigação estabelecidos no título executivo, caso em que poderá requerer a execução forçada,
ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.
Títulos executivos judiciais
- Este rol é taxativo, não há outra lei que o estabeleça

Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos
previstos neste Título:

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de


pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;

II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;

IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos


herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;

V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido


aprovados por decisão judicial; - Auxiliar de justiça são os perito, leiloeiro, tradutor,
intérprete

VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;

VII - a sentença arbitral;

VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur (Cumpra-se) à carta


rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;

6. Execução provisória e definitiva

Execução provisória

“É provisória, então, a execução fundada em provimento judicial ainda não transitado em julgado
mas já capaz de produzir efeitos, já que impugnado por recurso desprovido de efeito suspensivo”
(Alexandre Freitas Câmara, Lições de direito processual civil, 22ª edição, São Paulo, Atlas, 2013)

O que é provisória não é a execução ou o cumprimento de sentença, mas sim o título executivo que
os fundamenta.

A provisoriedade, portanto, é do título executivo e não da execução.


CPC de 1973
Art. 475-I (...).
§ 1°É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de
sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.

“A execução provisória corre por iniciativa e responsabilidade do exequente”

“Art. 520. (...)


I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada,
a reparar os danos que o executado haja sofrido”

“Provisoriedade e restituição ao estado anterior”

“Art. 520. (...)


II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
(...)

§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da


transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já
realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado. - Nestes
casos o que que o réu recebe é uma indenização

CPC de 2015
“Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime: (...)”
- Se a decisão for proferida e for impugnada por um recurso que não tem efeito suspensivo, o
credor pode começar a executar enquanto aguarda o efeito do recurso (EX: Recurso
Especial)

“Modificação ou anulação apenas parcial”

III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte,
somente nesta ficará sem efeito a execução;

“Caução suficiente e idônea para a continuidade da execução”

“Art. 520. (...)


IV - o levantamento de depósito em dinheiro (saque de dinheiro) e a prática de atos que importem
transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa
resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo
juiz e prestada nos próprios autos. *(ver art. 521)
“Impugnação ao cumprimento provisório de sentença”

“§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se


quiser, nos termos do art. 525”.

“Multa e honorários no cumprimento provisório de sentença”

“§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento


provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa”.

“Depósito do valor para isentar-se da multa”

Ҥ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-


se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto”

“Aplicação subsidiária à sentença que reconheça obrigação de fazer, não fazer ou de dar
coisa.”

“§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de


dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.”

“Dispensa de caução na execução provisória”

Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:

I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;

II - o credor demonstrar situação de necessidade;

III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em
conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.

Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto
risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

“Formalidade para dar início à execução provisória: carta de sentença”

Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo
competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das
seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob
sua responsabilidade pessoal:

I - decisão exequenda;

II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

III - procurações outorgadas pelas partes;

IV - decisão de habilitação, se for o caso;

V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a


existência do crédito.

Aula 11

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Ocorre situações em que o título judicial, embora represente direito certo, não
apresenta liquidez no crédito.
Em outras palavras, há casos em que o título judicial apresenta todos os elementos
identificadores do direito (o an debeatur, ou seja, a existência da dívida, e o quid debeatur,
isto é, a qualidade do objeto da prestação), mas não revela o quantum debeatur (ou seja, a
quantidade devida).

“Liquidação de sentença”
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à
sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou
exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
(...)
o
§ 4 Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a
julgou.

- Temos um título certo, sabemos qual é a obrigação mas não é líquido, não sabemos
qual o valor que ele tem que pagar (não sabemos a extensão do dano, ex: cliente
sofre acidente no ônibus e corta a mão, não sabe ainda quantas cirurgias vai
precisar). O pedido é genérico, o pedido de liquidação de sentença é genérico, não
revela a quantidade devida.
-
“Liquidação por arbitramento”
Art. 509. (...)
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido
pela natureza do objeto da liquidação;

“A liquidação por arbitramento é utilizada toda vez que, para determinar o quantum
debeatur seja necessária a nomeação de um perito para se atribuir valor a uma coisa,
serviço ou a um prejuízo.

O arbitramento é, em suma, uma perícia (que, neste processo, funcionará – mais do


que como mero meio de prova – como uma forma de liquidar a obrigação), feita pelo
arbitrador (o qual, pois, é um perito).

“Pense-se, por exemplo, numa sentença que tenha condenado o demandado a


pagar ao demandante honorários pelos serviços por este prestados como profissional
liberal. Genérica a condenação, faz-se mister a liquidação da sentença (rectius, liquidação
da obrigação) a qual dependerá, apenas, da avaliação do serviço prestado. Far-se-á, pois, a
liquidação por arbitramento”.

- Deixo para fazer a liquidação após a sentença ou as partes podem convencionar o


valor da liquidação.

Liquidação pelo procedimento comum


“Procedimento comum para liquidar e necessidade de prova de fato novo”

Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do


requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver
vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias,
observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste
Código.

Aula 12 -

Competência

Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:


I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; - AQUELAS CAUSAS QUE TEM
COMO JUÍZO COMPETENTE O TRIBUNAL. EX: AÇÃO RESCISÓRIA

II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; - REGRA GERAL

III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral,
de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. - hipóteses em que a
demanda não tramitou no juízo civil . Ex: Sentença penal condenatória

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual
domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo
juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa
dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

Protesto da decisão transitada em julgado (art. 517)

Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei,
depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e
a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de
decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode
requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem
do título protestado.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante
ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do
requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.

AULA 09.10.201

8.1. Cumprimento definitivo de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar


quantia certa (523-527)

A requerimento do exequente + intimação para o executado


Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido
de custas, se houver.
Multa de dez por cento + honorários de dez por cento
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de
dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
Pagamento parcial
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no
§ 1o incidirão sobre o restante.
Não pagamento expedição de mandado de penhora e avaliação
§ 3o Não efetuado pagamento, será expedido mandado de penhora
- A requerimento do exequente o executado será chamada para pagar o débito em 15 dias
- O juízo competente para fazer a abertura da sentença é a primeira sentença
- Se o executado não pagar em 15 dias terá uma multa de 10%, mais condenação em
honorários
- Aqui também cabe penhora e a possibilidade de se protestar o título judicial
- Se o pagamento for judicial for parcial, sob o valor que não for pago havera multa de 10+
cobrança de honorários
- Existe a possibilidade do executado realizar o depósito de 30 por cento valor, mais parcelar
o saldo restante em 6 parcelas consequentes - AQUI SÓ OCORRE NO CASO DE
EXECUÇÃO BASEADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL
- O caso citado acima é proibido no caso do cumprimento de sentença

Impossibilidade de moratória no cumprimento de sentença (art. 916, § 7º)

Cumpre observar que o §7º do art. 916 do CPC dispõe que não cabe no cumprimento de sentença a
moratória, ou seja, a possibilidade de o executado, em execução de título extrajudicial, “no prazo
para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento
do valor em execução, acrescido de custas e honorários de advogado (...) requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até seis parcelas mensais, acrescido de correção monetária de juros de
1% ao mês” (art. 916, caput). Mas é curioso notar que a moratória é aplicável à ação monitória de
acordo com o § 5º do art. 701.

A requerimento e detalhes da memória de cálculo

- A realização de um demonstrativo do débito não irá alterar a liquidez

Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a
3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a
execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz
entender adequada.
§§2º ao 5º - possibilidade de correção e verificação dos dados da memória de cálculo, inclusive
utilizando contabilista, se necessário.

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