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PROCESSO DO TRABALHO - Profª Nadja Leão | 2º GQ – 2018.1 | Thayná N. de Lima.

AULA DE 16/04

FASE DE JULGAMENTO DO PROCESSO

Após a recusa da segunda proposta de acordo pelas partes, o juiz prolatará a sentença. Na
prática, ele não faz audiência. Faz a sentença e entrega na secretaria da vara. Ou seja, na teoria,
a sentença trabalhista se torna pública em audiência; na prática, quando o juiz divide a audiência
em três sessões, ele entrega a sentença para a secretaria da vara, para que torne-a pública.

De todo modo, entende-se por correta a afirmativa de que a sentença é prolatada em audiência.
Também que as partes são intimadas da sentença em audiência. Por enquanto, pensemos desta
forma, mas adiante veremos melhor sobre a intimação da sentença.

1. Princípio da Identidade Física do Juiz

O juiz que colheu as provas e ouviu as partes e testemunhas é quem deve prolatar a sentença.
O mesmo juiz da instrução do processo prolata a sentença.

Inicialmente, este princípio não era discutido no processo trabalhista, pois partia-se da
premissa de que o juiz, tão-logo realizasse a coleta de provas, partiria para a sentença. Mas
quando começou-se a dividir a audiência em três sessões, ele começou a ser discutido aqui.
Muitos entendem que não se aplica nos casos de processo do trabalho, em razão do princípio
da celeridade. Por exemplo, se uma juíza, que fez a instrução, entrasse em licença maternidade,
o processo NÃO deveria aguardar o seu retorno para que pudesse ser prolatada uma sentença.
Majoritariamente, entende-se que o princípio da identidade física do juíz NÃO SE APLICA ao
processo do trabalho.

2. Sentença
2.1. Definição, diferenças do despacho (ato ordinário) e da decisão interlocutória

Tradicionalmente, define-se a sentença como sendo toda decisão que põe fim ao processo.

O juiz, durante o processo, prolata várias decisões, mas que não põem fim ao processo. São,
portanto, decisões interlocutórias. No processo há decisões que não são sentença. Também há
despachos ou atos ordinatórios (terminologia mais correta), que é quando o juiz manda a
secretaria da vara fazer alguma coisa, p. ex., “oficie o banco”, “remeta-se os autos ao contador”,
“cite-se o réu”. Ele prolata o despacho para os servidores da secretaria.

A sentença põe fim ao processo, julgando, ou não, o mérito. O mérito é o pedido, e a sentença
pode pôr fim ao processo, extingui-lo, julgando o pedido ou não. Essa é uma definição
tradicional, mas é criticada por autores modernos, que apontam que a definição cabia quando a
sentença gerava autos apartados – a parte interessada, após a sentença, requeria em autos
apartados a execução da sentença.

Mas com a reforma do processo civil, antes mesmo do novo código, o p. civil modificou-se
entendendo que a execução é feita nos próprios autos, tornando a definição de sentença como
algo que põe fim ao processo alvo de críticas, haja vista que o processo vai continuar na fase
executória.

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O processo tem a fase de conhecimento e a de execução. A de conhecimento é estudada por
nós agora. Tem esse nome porque é quando a Justiça toma conhecimento da LIDE para resolver
um conflito. Toma conhecimento dos argumentos das partes, de fato e de direito. A fase de
conhecimento, portanto, é encerrada com a prolatação da sentença. Prolatada e transitada em
julgado, será executada nos próprios autos. Assim, o processo continua.

A rigor, então, a melhor definição de sentença é: A sentença é a decisão que põe fim a fase de
conhecimento do processo, julgando, ou não, o mérito.

É importante ter cuidado em leituras, pois os autores referem-se, muitas das vezes, a sentença
em sentindo amplo, incluindo o acórdão. Acórdão é a sentença que põe fim ao processo de
conhecimento de um órgão colegiado – tribunal, turma, câmara. A sentença, quando não
transitada em julgado, cabe recurso. Havendo recurso, será julgado pelo tribunal, que dará
origem ao acórdão. A fase de conhecimento ainda não terminou porque os recorrentes levarão
ao tribunal o conhecimento dos fatos, dos argumentos e de direito.

2.2. Classificação das sentenças


2.2.1. Terminativas e definitivas

Extinguem a fase de conhecimento. A sentença definitiva julga o mérito. A terminativa NÃO


julga o mérito. Mas ambas põem fim a fase de conhecimento.

 Não confundir sentença definitiva com sentença irrecorrível: a definitiva extingue a fase
de conhecimento, não impede o recurso.

Por exemplo, após a reforma trabalhista, há a exigência de que, na petição inicial escrita, o
pedido, além de certo e determinado, seja quantificado. Diz a CLT, após a reforma: se parte não
quantificar o pedido, o processo será extinto sem julgamento de mérito. Isto se dará por
sentença terminativa.

Outro exemplo: o cliente do advogado é o empregador, e o empregado já entrou com outra


ação para aquele mesmo objeto, que está tramitando. O advogado pode, na preliminar de
contestação, alegar litispendência. O juiz, acolhendo-a, prolatará uma sentença terminativa. Ao
distribuir a ação, quem primeiro recebe, torna-se prevento. O outro deve extinguir o processo
que recebeu por meio de sentença terminativa.

2.2.2. Líquidas e ilíquidas

As sentenças líquidas são aquelas em que constam o valor da condenação. O juiz diz:
“Condeno a empresa a pagar indenização por danos morais/aviso prévio/FGTS no valor X.” Ela
contém o quantum da condenação, seu montante.

Quando surgiu o procedimento sumaríssimo, pensava-se que, em face da exigência do pedido


ser liquido, as sentenças do sumaríssimo também deveriam ser. Mas o entendimento foi no
sentido de que nada obriga o juiz a dar uma sentença líquida. O juiz pode prolatar uma sentença
em que haja apenas os títulos da condenção, sem os valores. Porque quem vai calcular os
valores, ao final, é o contador da justiça. Assim, o juiz publica a sentença na data prevista,
dando títulos. A sentença que diz somente os títulos é ilíquida. Depois vai para a fase de
liquidação da sentença.

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2.2.3. Declaratórias, constitutivas e condenatórias

As sentenças meramente declaratórias são aquelas que se limitam a declarar a existência de


um direito, “declaro que o empregado tem direito a...”.

Sentença constitutiva, além de declarar o direito, constitui alguém em um direito que lhe foi
negado (ex: a empregada gestante foi demitida e entra com ação pedindo para reconhecer a
estabilidade da gestante, e o juiz a reconhece, determinando que ela seja reintegrada, pois tem o
direito). Assim, a constitutiva constitui alguém em um direito.

Já a condenatória condena outro a cumprir aquele direito. Ex: “Condeno a empresa a


reintegrar a gestante sob pena de multa diária de mil reais.”

As sentenças trabalhistas são, geralmente, declaratórias, constitutivas e condenatórias ao


mesmo tempo. Alguns doutrinadores dizem que não são espécies de sentença mas sim efeitos
(ous seja, a sentença tem efeitos constitutivos, declaratórios e condenatórios). A maioria das
sentenças trabalhistas tem os três efeitos.

2.3. Estrutura da sentença

Apesar de existirem várias decisões no processo, mas a sentença é mais importante, já que põe
fim a ele. Por isso a lei prevê uma forma, e o juiz, quando prolatar a sentença, deve atender a
estes requisitos. A estrutura é a seguinte:

2.3.1. Relatório

Começa com o relatório. Normalmente, a sentença trabalhista é em forma de ata: “aos 16 dias
do mês de abril na sala de audiências da 4ª vara de direito do Recife, apregoadas as partes...”.
Geralmente, as partes estão ausentes, porque os advogados já sabem que a audiência, na prática,
não existe, mas isto consta em ata apenas para cumprir o devido processo legal.

“Ausentes as partes, o juiz passou a prolatar a seguinte decisão...”. Normalmente, há a


expressão “vistos etc”, que significa que os autos foram vistos, analisados e estudados. Daí, o
juiz começa a fazer um relatório do processo, descrevendo o que aconteceu: que houve
audiência, as partes rejeitaram o acordo, que houve constestação em x laudas, que as partes
apresentaram prova documental de tantas laudas, que não houve mais provas a apresentar, que
as partes fizeram razões finais remissivas ou reiterativas... Termina com: “É o relatório”.

2.3.2. Fundamentação

Vem, então, a fundamentação. É uma parte muito importante da sentença onde o juiz é
obrigado a expor as razões pelas quais ele está decidindo. Toda decisão, no Estado de Direito,
deve ser motivada. Os jurisdicionados têm o direito de saber o porquê da decisão contra ou a
favor de seu pedido. O juiz explicará o porquê da sua decisão, stricto sensu, sendo a parte
dispositiva da sentença. (?)

A fundamentação é tão importante que o NCPC diz como os julgadores devem fundamentar
suas decisões, pois eles estavam sendo muito relaxados devido ao volume de trabalho, fazendo
fundamentações simplórias.

É na fundamentação que encontraremos elementos para recorrer da sentença. O julgador não


dá a verdade absoluta.

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O juiz, aqui, decidirá de acordo com o direito. Encontrará argumentos. Analisará as provas
nos autos. O juiz não pode deixar de julgar porque “não tem lei”. Conforme o art 8º da CLT, são
fontes do direito do trabalho as leis, mas existem secundárias, como a jurisprudência, as
súmulas, o direito comparado, princípios gerais do direito e do direito do trabalho, analogia...
Por isso não pode ser dispensada no procedimento sumaríssimo.

É de onde a parte retirará argumentos para entrar com recurso no órgão hierarquicamente
superior.

2.3.3. Parte dispositiva

É a decisão propriamente dita, stricto sensu. É na parte dispositiva que deve constar o nome
das partes e demais itens. É esta parte da sentença que transita em julgado e faz coisa
julgada.

 Quando o procedimento é sumaríssimo, dispensa-se o relatório, devendo haver somente


fundamentação e parte dispositiva.

A parte dispositiva deve conter:

1) Nome das partes

2) Forma de liquidação

Na parte dispositiva, o juiz dirá se a sentença é líquida ou não. Se for líquida, constará o valor
da condenação (ítem 3). Se a sentença não for líquida, o juiz dirá como ela será liquidada. Ele
dirá na sentença se ela será por cálculo, por contador, por artigos ou por arbitramento. Depois
estudaremos cada uma das modalidades a seguir.

a. Por cálculo (do contador)


b. Por artigos
c. Por arbitramento

3) Valor da condenção ou arbitramento do valor da condenação

Se a sentença for líquida, o juiz dirá o valor da condenação. Se ela é líquida, ele dirá o valor
da condenação e a razão de cada valor (x por danos morais...). Não haverá forma de liquidação.
Se for líquida, ele dirá: “Condeno a empresa a pagar 10 mil reais, sendo x mil por isso, y mil por
aquilo...”. Não haverá, portanto, a forma de liquidação. Se ilíquida, o juiz arbitra um valor da
condenação. Arbitrar significa que o valor da condenação não será necessariamente aquele. Mas
o juiz precisa arbitrar para servir de base para o cálculo das custas processuais.

O reclamante, para entrar em juízo, não precisa pagar custas processuais. Mas na sentença
serão fixadas as custas processuais.

E diz o art. 789 da CLT, que foi alterado com a reforma trabalhista:

“Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações de procedimento
de competência da justiça do trabalho (existem outras ações de competência da JT que não são

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dissídios), bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual no exercício da
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2%,
observado o mínimo de R$10,64, e o máximo 4x o límite máximo de quatro vezes o limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas: (Redação
dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor da causa;

II - quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente


improcedente o pedido, sobre o valor da causa;

O valor da causa não é requisito da petição inicial. Mas, quando não houver, o juiz fixa na
primeira oportunidade.

III - no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva,


sobre o valor da causa;

Nas ações declaratórias e constitutivas, o juiz também vai calcular sobre o valor da causa. Se a
reclamação trabalhista for somente para cumprir obrigação de fazer, o juiz vai arbitrar um valor
da condenação, ou vai fazê-lo em 2% sobre o valor da causa.

IV - quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.

a. Julgamento procedente

b. Julgamento procedente em parte

O juiz deverá dizer o que acatou e o que não acatou.

c. Julgamento improcedente

Se não há condenação em pecúnia, o juiz vai calcular sobre o valor da causa os 2% (q?).

4) Objeto da condenação

Se houver condenação, na parte dispositiva deverá haver o objeto da condenação. Contudo, se


for uma sentença terminativa, não julgando o mérito, não haverá condenação, salvo no
pagamento das custas processuais. Se o processo for julgado improcedente, não haverá
condenação. Mas se houver, o juiz deverá dizer: “Condeno a empresa a pagar os seguintes
títulos”, “Condeno a empresa a reintegrar a gestante”, “Condeno a empresa a suspender os atos
que configuram assédio moral”. Então, a condenação tem que ser especificada na sentença.

a. Sentença extrapetita e ultrapetita

É uma peculiaridade da sentença trabalhista: ela PODE ser além do pedido, sendo extrapetita
ou ultrapetita.

Extrapetita é quando o juiz inova o que havia no pedido. Não estava no pedido, mas o juiz
deu. Exemplo: Pedir para reintegrar a gestante. Mas o juiz verifica que se reintegrá-la, será ruim

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para a empresa, para a gestante e para a criança. O juiz, então, decide: “Não reintegrarei a
gestante, mas condeno a empresa a pagar todos os direitos dela até o fim da estabilidade.” O
ambiente da empresa não é mais propício a ela. Ele, então, muda o pedido, mandando que a
empresa pague os direitos da gestante.

O ultrapetita é um pedido que a justiça pode dar relacionado a outro pedido. Exemplo: Dizer
na p.i. que o cliente, todos os dias, tinha 2h extras. Horas extras habituais. Pede-se na petição
inicial que a empresa pague as horas extras. Mas esquece de pedir a repercussão das horas
extras habituais nos direitos trabalhistas (férias, aviso prévio, 13º...). O juiz, ao condenar a
empresa a pagar, ao verificar que as horas extras eram habituais, pode, sim, dar as
consequências legais da repercussão, a incidência das horas extras nos direitos trabalhistas. Ele,
portanto, vai além.

Importante: esta aceitação é muito limitada. Não se pode pensar que pelo princípio da
proteção ao trabalhador o advogado pode pedir férias vencidas e não pedir o 13º e o juiz,
ouvindo a parte, decidir condenar a empresa a pagar o 13º. Por quê? Porque está ferindo o
direito a ampla defesa do reclamado. Porque quando o juiz ouve o reclamante, já ouviu o
reclamado. O reclamante, deve, portanto, entrar com outra ação.

O juiz não pode inovar somente para proteger o trabalhador. O juiz pode condenar além do
que foi pedido mas como uma consequência legal. Se na p.i. pede-se horas extras habituais,
sobre as quais, legamente, incide o FGTS, o juiz pode dar as consequências legais do que foi
pedido. CONSEQUÊNCIAS LEGAIS.

Na sentença, o juiz dirá se julga procedente, procedente em parte ou improcedente.

b. Sentença infrapetita

Não julga o que foi pedido. Exemplo: Foi pedido aviso prévio, férias e 13º. A sentença só
julga férias e 13º. Mas não o aviso prévio. A sentença está incompleta, pois deveria ter julgado
tudo que foi pedido.

A sentença infrapetita deve ser complementada. A prestação jurisdicional foi dada, mas não
integralmente, e as formas que a parte tem para suprir a incompletude da sentença é um recurso
chamado de embargos de declaração, para que o juiz complemente a prestação jurisdicional.

A SENTENÇA NÃO PODE SER INFRAPETITA. Deve analisar TUDO que foi pedido. Se
for infrapetita, controvertida, omissa, contraditória, o recurso cabível, a ser estudado, é o
embargo de declaração. Não só para complementar a sentença, mas também para esclaresce-la.

 No objeto da condenação, haverá a condenação da parte em honorários advocatícios, em


custas processuais, em honorários do perito. Abrange-se não só as obrigações pertinentes
ao reclamante, como também os ônus judiciais.

5) Fixação das custas processuais

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6) Prazo e condições do cumprimento da obrigação

Se o julgamento for procedente, acatou todos os pedidos. Se procedente em parte, diz o que
acatou e o que não. E improcedente, negou tudo.

Se tem obrigação, e houve condenação, ele dirá como cumprir. Obrigação esta que pode ser
de:

a. Obrigação de pagar
b. Obrigação de fazer
c. Obrigação de não fazer

Dirá o prazo, e as condições, para cumprir cada tipo de obrigação. Seja valor, ou tempo, ou
multa por descumprimento.

A sentença só vai ser exigível, executada, depois do trânsito em julgado. Se a sentença não
transitar em julgado e houver recurso, não haverá execução (assunto que será melhor estudado
adiante).

7) Juros, correção monetária e responsabilidades previdenciárias

O juiz dirá se os valores serão acrescidos de juros e correção monetária. Se houver, dirá se
haverá responsabilidade previdenciária. As cotribuições da previdência (INSS) são executadas
de ofício na própria Justiça do Trabalho. Portanto, a sentença dirá se a empresa tem que recolher
a contribuição decorrente da condenação.

Se uma empregada doméstica trabalhou clandestinamente por 6 meses, o juiz condena a


assinar a carteira pelos últimos 6 meses e, ainda, a pagar as contribuições correspondentes.

Quanto aos juros e correções monetárias, há novidade na reforma trabalhista, que mudou o
índice de juros e correção monetária. Diz sobre no art. 879 da CLT, cujo caput continua o
mesmo, mas houve modificação no art. 7º.

Ele diz: a atualiação dos débitos decorrentes de condenação judiciação será feita pela PR
divulgada pelo BACEN conforme a lei nº 8177 de 1º de março de 1989.

Então a atualiação, conforme o art. 879, §7º, se dá pelo índice mais baixo, a PR (taxa
comercial?).

AULA DE 18/04

INTIMAÇÃO DA SENTENÇA E COISA JULGADA

Sentença é toda decisão que extingue a fase de julgamento do processo, julgando, ou não, o
mérito. O mérito é o objeto da ação. Às vezes o processo é extinto sem julgamento do mérito. É
obrigatório, agora, quantificar o pedido, senão o processo será extinto sem julgamento de
mérito. O juiz não julga o mérito se faltar requisito da petição inicial.

Outra hipótese de julgamento sem resolução de mérito é quando, na contestação, alega-se a


litispendência (LIDE pendente, que começou antes daquela ação). Por isso, um dos efeitos da
distribuição é tornar prevento o juízo que primeiro recebeu aquela matéria, e o segundo extingue
sem resolver o mérito.

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1. Publicação da sentença em audiência – S. 197 TST

A sentença trabalhista se torna pública em audiência. Publicada a sentença não quer dizer
ser publicada em diário oficial. Publicada em audiência, as partes são intimadas do teor da
sentença, e a partir dali começa a contar o prazo para o recurso (8 dias).

A partir da publicação da sentença em audiência, as partes têm 8 dias ÚTEIS para entrar com
o recurso contra ela, chamado de recurso ordinário, objeto de estudo que virá a seguir, na fase
recursal.

A partir da publicação começa a contar o prazo recursal. Mas o prazo se conta da seguinte
forma: a partir do primeiro dia útil seguinte à data da intimação. A intimação deve se dar no dia
da audiência. Não computa feriado, sábados, domingos e dias santos, pois não há expediente
forense.

As partes são intimadas da sentença em audiência e a partir dali começa a contar o prazo
recursal, no primeiro dia útil seguinte. Até a meia noite do 8º dia.

Sabemos, contudo, que a audiência trabalhista quase sempre se divide em três sessões, e a
última é quando o juiz marca dia e hora para dizer a sentença. Na prática, quando ela é
repartida, a última sentença não ocorre, embora a sentença trabalhista seja em forma de ata. Na
realidade, as partes não são apregoadas, e o juiz não lê a audiência em sala de audiência.
Somente entra à secretaria da vara.

2. Prazo da juntada da sentença nos autos – art. 851, §2º, CLT – 48 h

Diz a CLT que a ata da sentença deve ser juntada aos autos no prazo de 48 horas, para ficar
disponível para as partes. 48 horas a partir da hora marcada.

3. Prazo recursal – S. 30 TST

O prazo recursal começa a contar a partir da data em que a sentença se tornou publica, ou seja,
da data em que ela foi juntada aos autos. Teoricamente, ela se torna pública em audiência. Se foi
disponibilizada dentro do prazo legal de 48h, o prazo recursal começa a contar da data em que
se tornou publica OU SEJA, DA DATA E HORA MARCADAS, embora, na prática, perca-se
dois dias, conforme o TST diz em sua súmula 30.

“INTIMAÇÃO DA SENTENÇA. Quando não juntada a ata (a sentença trabalhista é em forma


de ata de audiência) ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento, o prazo
para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença.”

Se não for juntada aos autos dentro das 48 horas, só começa a contar o prazo recursal da data
em que a parte for intimada da sentença por outro meio (o normal é em audiência).

Exemplo: marcado para dia 25/05, às 10h. Se nas 48 horas seguintes a sentença for
publicada, conta-se a partir do dia 25 mesmo. Se não, a partir da data da intimação da
sentença.

Intimadas da sentença, conta-se o prazo (no caso de passar das 48h). O prazo contar-se-á da
mesma forma: a partir do primeiro dia útil seguinte ao da intimação. Se o termo final do prazo
coincidir com um dia em que não haja expediente forense, o termo final do prazo se prorroga
para o primeiro dia útil seguinte. Assinado o AR (correiros), considera-se intimado.

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Quando a parte, dadas as 48 horas, vai à vara saber da sentença e ela ainda não saiu, recebe
uma certidão de que lá esteve para saber da decisão e não havia resposta até então. Haverá um
documento demonstrando que o prazo recursal não começou a contar, começando somente se
for intimado por outro meio, já que não foi observado o prazo da súmula 30.

Também é importante conhecer a súmula 197, que diz: “O prazo para recurso da parte que,
intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta
de sua publicação.” Isto significa que, presentes na audiência de instrução, ficam cientes da
audiência de julgamento. Mesmo que a parte não vá, a sentença foi publicada e o prazo começa
a contar dali.

Se faltou à audiência de instrução, foi revel, não será intimada da audiência de julgamento e,
para ela, o prazo NÃO começará a contar a partir dali. Ela deve ser intimada por outro meio,
como o edital ou os correios.

4. Correção do ofício – art. 833, CLT

A sentença deve exaurir tudo que foi pedido. O juiz não pode eximir-se de julgar o objeto da
ação alegando que não há como, por falta direito, jurisprudência...

Mas pode acontecer a sentença ser omissa. Cabe a parte entrar com os embargos de
declaração, espécie de recurso a ser vista. Mas pode acontecer de a sentença conter erro, como
de digitação. Um erro, por exemplo, de o juiz, na fundamentação da sentença, ter sido favorável
a uma parte, mas na parte dispositiva julgar improcedente a ação. Um erro que ele pode corrigir
de oficio.

O juiz poderá corrigir de ofício um erro de digitação ou um erro, por exemplo, por falta de
valor das custas processuais, mesmo que ela seja ilíquida, e que o o valor das custas processuais
que é de 2% do valor da (...) ÁUDIO CORTADO

(...) ÁUDIO CORTADO. A sentença que contiver erro de natureza material, diz o art. 833 da
CLT, pode ser corrigida de ofício ou a requerimento da parte.

Art. 833 - Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de


cálculo, poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento
dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho.

Portanto, erros materiais podem ser corrigidos sem necessidade de que se entre com embargos
de declaração.

5. Coisa Julgada

Quando não cabe mais QUALQUER recurso, vai ocorrer o trânsito em julgado da
condenação. Transitar em julgado é tornar a decisão irrecorrível, seja porque se exauriram todas
as instâncias de recurso como porque passou o prazo e as partes não recorreram. A decisão
transita em julgado quando dela não cabe mais recurso.

O instituto da coisa julgada é consagrado em nosso ordenamento em razão do princípio da


segurança jurídica. Mesmo que o juiz tenha errado ou o advogado não tenha sido
suficientemente diligente, a coisa julgada deve ser respeitada, conforme a CF diz em um dos
incisos do art. 5º: “deve ser respeitado o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa

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julgada”. A autoridade da coisa julgada deve ser mantida; nem desembargador, nem ministro do
supremo, nem PR podem infringir a coisa julgada.

Decisão judicial transitada em julgado não se discute, cumpre-se.

Insatisfeito com a decisão, havendo tempo e instância, pode-se recorrer à vontade. Isto vale
tanto para sentença como para acórdãos.

5.1. Formal e material

A coisa julgada formal é aquela relativa ao instrumento da sentença. A sentença, conforme


visto, é uma decisão complexa, que tem relatório, fundamentação... Do ponto de vista formal,
toda sentença transita, um dia, em julgado. É o instrumento da sentença que transita em julgado
quando dela não cabe mais recurso.

Mas a matéria do processo, objeto da ação, não necessariamente, com o trânsito da sentença,
transitará em julgado e fará coisa julgada, haja vista que, conforme vimos, a sentença pode ser
terminativa. A sentença pode não julgar o mérito.

Conforme o art. 836, é vedado a Justiça do Trabalho conhecer novamente questões já


decididas, salvo exceções.

Até mesmo a sentença intrapetita e a extrapetita são limitadas.

A sentença pode transitar em julgado só quanto à matéria que foi julgada. Mas isso não
significa dizer que a coisa julgada formal corresponde a coisa julgada material. A sentença que
resolve o processo sem resolução de mérito NÃO FAZ coisa julgada material, somente formal.

5.2. Limites da coisa julgada

É importante para a matéria de execução da sentença, também.

5.2.1. Quanto aos sujeitos da LIDE

A coisa julgada se aplica exclusivamente aos sujeitos da LIDE. A coisa julgada tem força e
dever de cumprimento para os sujeitos da LIDE e quanto a matéria que foi julgada. Este é o
limite subjetivo.

5.2.2. Quanto à matéria objeto da ação

É chamado de limite objetivo. Se a sentença for omissa, contraditória ou ininteligível, entra-se


com embargos de declaração.

5.3. Relativização da coisa julgada – S. 322, TST

A decisão, quando está protegida pelo manto da coisa julgada, não pode mais ser mexida.
Porém têm-se admitido relativizar a coisa julgada.

Há algum tempo, a coisa julgada não comportava nem mesmo adaptação, e deveria ser
cumprida tal qual consta na sentença. Mas surgiu uma teoria no direito brasileiro quanto a
relativização da coisa julgada, pois o direito é regido pela razoabilidade. Portanto, aplicar a

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coisa julgada da forma que está, às vezes, não é razoável, nem de bom sendo, merecendo uma
relativização e readaptação.

Esta teoria surgiu na época em que houve um grande nº de ações pleiteando o reajuste salarial
baseado nos planos econômicos, durante um período de alta inflação e mudança de moedas. A
inflação chegava em 80% no mês. O trabalhador tinha direito a um salário ajustado todo mês.
Assim, os trabalhadores e sindicatos perceberam que perdiam dinheiro nos salários e nas
poupanças.

Alguns trabalhadores entraram com ações e tiveram decisões favoráveis para si. Mas, quando
a decisão teve de ser executada, percebeu-se que deveriam ser relativizadas, pois dever-se-ia
levar em consideração os aumentos espontâneos que as empresas lhes deram, em relação a
inflação. Mas a compensação não estava na decisão transitada em julgado. Começou-se,
portanto, a defender a relativização da coisa julgada.

Com base nisso, o TST editou a seguinte súmula: “Os reajustes salariais decorrentes dos
chamados "gatilhos" e URPs, previstos legalmente como antecipação, são devidos tão-somente
até a data-base de cada categoria.” Ou seja, se na data de aumento da categoria profissional
houve um acréscimo salarial, passa-se a compensação dos ganhos obtidos em decisões judiciais
transitadas em julgado, mesmo que essa compensação não tenha sido dita na decisão transitada.

Por isso a teoria da relativização da coisa julgada defende que a decisão transitada em julgada
comporta interpretação.

5.4. Ação recisória – art. 836, CLT | art. 966 e seguintes do CPC

Pode-se desconstituir a coisa julgada através da ação recisória, que é uma ação própria, mas só
é cabível dentro das hipóteses previstas no CPC. Só existe um art. da CLT que trata da ação
recisória, que é o 836.

Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas,
excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida
na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da
causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.

Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios
autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva
certidão de trânsito em julgado.

Para entrar com a recisória no trabalhista é 20% de depósito, enquanto no CPC é somente 10.
Geralmente é necessário pedir a gratuidade da Justiça.

O art. 966 do CPC diz quais são os casos em que cabe a recisória.

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda,
de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

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IV - ofender a coisa julgada;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a
ser demonstrada na própria ação rescisória;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a
ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

É difícil conseguir que o tribunal rescinda uma coisa julgada. As recisórias são de
competência originária dos TRIBUNAIS, e decididas por acórdãos.

AULA DE 23/04

FASE RECURSAL

1. Duplo grau de jurisdição

O direito processual brasileiro admite dois graus de jurisdição. O grau originário e o grau
recursal. A divisão em instâncias é com relação ao processo em si: a primeira corresponde ao
primeiro julgamento, ao juizo a quo, o originário; a segunda, ao juízo ad quem.

Há quem diga que o duplo grau de jurisdição é o culpado pela morosidade da Justiça e que,
dada a primeira sentença, ela já deveria ser executada. Os mesmos dizem que o duplo grau
somente beneficia o réu. Estes defendem que deveria haver um único grau.

Entretanto, a maioria entende que o duplo grau de jurisdição, em que pese prolongue o
processo, tem vantagens que devem ser preservadas no ordenamento jurídico. A primeira se
deve ao fato de o ser humano ser falível e passível de cometer erros. É, portanto, justo que se dê
oportunidade de que um órgão colegiado reavalie aquela decisão.

Outra vantagem do duplo grau de jurisdição é que é da natureza humana não se conformar de
imediato quando a decisão não lhe for favorável. Daí porque se entende que, embora o duplo
grau de jurisdição seja responsável pela demora do processo, é necessário o recurso.

2. Definição e natureza jurídica do recurso

Recurso é o instrumento processual através do qual alguém que sofreu um prejuízo na


decisão devolve a matéria para ser novamente julgada por um órgão hierarquicamente superior
ao que prolatou a decisão.

Ou seja, a parte que sofreu um prejuízo com a decisão, seja ela parte sucumbente ou um 3º
que se viu prejudicado pela decisão, tem legitimidade para recorrer, interpondo recurso, através

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do qual devolve a MESMA matéria para julgamento. Não se pode inovar na matéria na fase
recursal. A matéria deve ser a mesma, o pedido deve ser o mesmo e as provas também.

Portanto, o recurso tem a natureza jurídica de direito processual subjetivo, ou seja,


instrumento processual. Subjetivo porque a parte recorre se quiser. É direito processual público
subjetivo.

Não recorrendo em tempo hábil, a sentença transita em julgado.

A parte vitoriosa NÃO tem legitimidade para recorrer. Só tem legitimidade para recorrer
quem sofreu prejuízo com a decisão.

3. Princípios da fase recursal

Nesta fase, devem ser observados todos os pressupostos vistos para o processo do trabalho.
Contudo, existem princípios específicos desta fase.

3.1. Unicidade

Embora haja na CLT a previsão de vários recursos, cada um é interposto de uma única vez.
Esta é a unicidade processual. Ou seja, não se admite a interposição de dois recursos ao mesmo
tempo. Cada recurso é proposto de uma única vez.

3.2. Fungibilidade

Coisa fungível é coisa substituível.

A fungibilidade como princípio da fase recursal significa que o recurso interposto


equivocadamente pode ser recebido pela justiça como o recurso cabível.

Exemplo: O recurso usado no processo civil para reformar a sentença é a apelação. No


processo trabalhista é o recurso ordinário. Se o advogado só costuma atuar na área cível e, uma
vez perdida, faz recurso de uma sentença trabalhista para reformá-la e a chama de apelação. Se
o recurso usado atender aos pressupostos do recurso cabível (o ordinário), o juiz poderá receber
o seu recurso como se fosse recurso ordinário.

O recurso interposto equivocadamente pode ser recebido como se fosse o cabível, desde que
atenda aos seus pressupostos.

3.3. Proibição da reforma “in pejus”

Só quem tem legitimidade para recorrer é quem sofreu prejuízo na decisão. Correr-se-ia o
risco de a nova decisão aumentar o gravame para o recorrente. Por isso este princípio é
importante: é a proibição da reforma para pior (in pejus). Não se pode reformar para agravar
a situação daquele que recorreu.

3.4. Tempestividade

Os recursos, embora sejam instrumentos processuais usados pela parte para que a matéria seja
novamente julgada, devem ser interpostos dentro do prazo legal.

Se o recurso for intempestivo, ou seja, protocolado fora do prazo legal, não será admitido e
processado. O órgão receptor de recursos vai negar segmento ao recurso.

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Ser tempestivo é ser dentro do prazo legal.

3.5. Variabilidade dos recursos

Já falamos sobre fungibilidade, ou seja, entrando com o recurso incorreto, mas atendendo aos
pressupostos do correto, será aceito. Mas a variabilidade significa que pode-se entrar com o
recurso, desistir dele e entrar com outro, desde que atenda aos pressupostos de admissibilidade.
Um dos pressupostos é a tempestividade.

4. Peculiaridades
4.1. Uniformidade dos prazos

Tem relação com o princípio da tempestividade. Os recursos trabalhistas devem ser


interpostos no prazo de 8 dias. Publicada a sentença, são 8 dias para entrar com o recurso
cabível para sua reforma, e a contagem do prazo processual, após a reforma trabalhista,
somente computa os dias úteis, não havendo mais contagem em dias initerruptos, consecutivos.
Exclui-se, portanto, o primeiro dia da intimação. Conta-se a partir do primeiro dia útil seguinte.

O recurso deve ser tempestivo e o processo trabalhista adotou a uniformidade dos prazos,
devendo todo e qualquer recurso ser interposto em 8 dias – dentro do octídio legal.

A exceção é dos embargos de declaração, conforme será visto quando forem estudados (são 5
dias, mas a forma de contagem é a mesma).

4.2. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias

A decisão interlocutória é uma decisão no curso do processo. A sentença extingue o processo


enquanto a decisão interlocutória é durante o processo e não se admite recurso.

Não se admite recurso de imediato a decisão interlocutória. Mas elas podem ser objeto de
recurso quando se entrar com o recurso ordinário da sentença. Se o juiz, por exemplo, indeferiu
a oitiva de testemunhas, isto é uma decisão interlocutória, da qual cabe apenas protesto, com a
finalidade de a matéria não precluir. Isto é importante para, quando a sentença sair, e a parte for
interpor recurso ordinário, possa pedir para que o tribunal anule a sentença por cerceamento de
defesa e que reabra a instrução para que tais testemunhas sejam apresentadas.

Ou seja, na audiência, protesta-se sobre as decisões interlocutórias somente para que,


perdendo, a parte possa fazer recurso ordinário, pedindo não para reformar a sentença e sim
anulá-la por vício insanável – neste caso, o cerceamento de defesa, se não houve justificativa
plausível para que se negue a oitiva.

Assim sendo, interlocutória não pode ser recorrida de imediato, mas pode ser revista quando
for interposto o recurso ordinário da sentença.

4.3. Depósito recursal

Os recursos trabalhistas exigem que o reclamado, sendo condenado em pecúnia, deposite o


valor da condenação. É somente se a condenação foi de obrigação de pagar. Para evitar recursos
meramente protelatórios, a CLT exige o depósito recursal dentro do prazo recursal.

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Por isso, o depósito recursal é peculiaridade do processo trabalhista, que alguns até alegam ser
inconstitucional. Mas não é: se a empresa não tiver recursos, que peça a gratuidade da Justiça.

É uma exigência feita na CLT apenas para o reclamado, somente se a condenação foi de uma
obrigação de pagar.

 Quando se pede a gratuidade na primeira instância NÃO PRECISA pedir na segunda.

4.4. Efeito meramente devolutivo

Os recursos podem ter efeitos devolutivos e suspensivos. Devolutivo é quando devolve a


matéria para ser julgada novamente. Suspensivo é quando suspende a execução da decisão
recorrida.

Os recursos trabalhistas têm efeito meramente devolutivo. Suspensivo seria se, enquanto o
recurso está sendo processado e julgado, a parte vencedora não pudesse executar a sentença
recorrida. Ou seja, se o recurso tivesse efeito suspensivo, suspenderia a execução do julgado. No
processo trabalhista os recursos NÃO suspendem a execução da sentença.

Enquanto o processo está no tribunal, a parte vencedora pode executar a sentença, que é
chamada de execução provisória, porque a decisão ainda não transitou em julgado. Enfim; se há
um recurso pendente, a parte vencedora pode executar a sentença.

A execução provisória não implica em transferência de domínio. A execução provisória


somente vai até a penhora; o bem penhorado não vai a leilão e o dinheiro não vai para o
empregado. A provisória só se transforma em definitiva após o trânsito em julgado da decisão.

5. Recurso de ofício ou reexame necessário

Quando a Fazenda Pública é sucumbente, ou seja, os órgãos da administração pública perdem


na sentença, é cabível o chamado recurso de ofício ou reexame necessário. Isto é, o próprio juiz,
independente de o procurador fazer um recurso voluntário, remete os autos ao segundo grau,
para que a sentença seja reexaminada.

O termo recurso de ofício pode dar a entender que o juiz vai fazer um recurso da sua própria
sentença, por isso alguns doutrinadores preferem chamar de reexame necessário. Também
costumam dizer que quando a Fazenda Pública for sucumbente, a sentença não transita em
julgado. Somente depois que é revista pelo tribunal, porque necessariamente o juiz remete os
autos, mesmo que o procurador não faça recurso ordinário.

Este reexame necessário é cabível no processo do trabalho. O TST, na súmula 303, fala sobre,
dizendo que é cabível o recurso de ofício no processo trabalhista, com algumas ressalvas.

FAZENDA PÚBLICA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.


I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência da Constituição Federal de 1988,
decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a:
a) 1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
b) 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito
público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais

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Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em:
a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho em julgamento de recursos
repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita ao duplo grau de jurisdição
obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses dos incisos anteriores.
IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de
direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito
como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa

Ou seja, o reexame necessário é cabível no processo trabalhista mas o TST, na súmula 303,
restringiu as hipóteses de seu cabimento.

AULA DE 25/04 – CONTINUAÇÃO DE FASE RECURSAL

1. Natureza Jurídica

O recurso é o instrumento processual através do qual alguém, que sofreu prejuízo na decisão,
submete a matéria para ser novamente apreciada e julgada por um órgão hierarquicamente
superior àquele que prolatou a decisão. Ou seja, quem sofreu prejuízo tem a oportunidade de
recorrer a decisão.

O recurso não gera uma ação própria, assim sendo, não gera uma nova relação jurídica
processual. É dentro da própria ação. Vimos, quando estudamos sentença, que ela pode ser
rescindida por uma ação rescisória, esta sim sendo uma ação nova. Mas o recurso é dentro dos
próprios autos. No recurso não se inova, ou seja, não podem ser trazidos fatos e provas novas,
enquanto isto é possível na rescisória.

O recurso é instrumento processual dentro dos próprios autos. NÃO gera autos apartados,
tampouco uma nova relação. A CLT diz, no art. 899, que os recursos serão interpostos por
simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas no título,
permitida a execução provisória até a penhora.

Embora a CLT tenha falado em “simples petição”, quis dizer com isto que a petição está nos
autos. Não quer dizer que é dispensado no recurso as razões recursais. O recorrente interpõe o
recurso e, anexo a petição de encaminhamento, constam as razões recursais, conforme será visto
adiante. São as razões pelas quais o recorrente está inconformado com a decisão, pois, como já
vimos, o recorrente tem que ter tido prejuízo com a decisão.

2. Legitimidade para recorrer


2.1. Parte sucumbente – Sucumbência parcial

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Só tem legitimidade para recorrer a parte sucumbente, ou seja, a que perdeu a ação. Pode
haver a sucumbência parcial, caso em que o reclamante só ganha parte do que foi pedido. Nesse
caso, tanto reclamante como reclamado têm legitimidade, na medida do que foi perdido.

Ex: Reclamante pede horas extras, férias e 13º; ganha horas extras e 13º. Pode recorrer sobre
as férias. O reclamado pode recorrer quanto às horas extras e o 13º.

Ambas as partes, havendo sucumbência parcial, têm legitimidade para recorrer.

O revel pode recorrer da sentença, também.

2.2. Terceiro prejudicado

Uma decisão pode repercutir num 3º que não integrou a LIDE. Sofrendo prejuízo, o 3º tem
legitimidade para recorrer e devolver a matéria ao poder judiciário para que ele julgue
novamente – não quem prolatou a decisão recorrida, e sim o órgão hierarquicamente superior.

2.3. Ministério Público do Trabalho

Também o MPT tem legitimidade para recorrer. Se a sentença atingiu direitos coletivos, ou
direitos individuais, difusos, de menores, por exemplo, o MPT tem legitimidade para recorrer.

Na fase recursal, abandona-se a terminologia reclamante/reclamado, e as partes passam a ser


chamadas de recorrente/recorrido.

3. Depósito recursal – art. 899, §§4º, 9º, 10 e 11, CLT, CRT)

É uma das peculiaridades dos recursos trabalhistas. A CLT exige que quando o reclamado for
recorrer de sentença que seja de condenação de pagar, ele é obrigado a fazer o depósito recursal
do valor da condenação. É um pressuposto de admissibilidade do recurso.

A exigência do depósito recursal está no art. 899.

Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções
previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora.
§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o
recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão
recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples
despacho do juiz.
§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado (SENTENÇA ILÍQUIDA), o depósito corresponderá ao que fôr
arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da região.
§ 3º - (Revogado em 68).
§ 4º - O depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. RT
§ 5o (Revogado em 2017).
§ 6º - Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo
da região, o depósito para fins de recursos será limitado a êste valor.
§ 7º No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do
valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar.
§ 8º Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que
contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação
jurisprudencial, não haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito referido no § 7o deste artigo.
§ 9º O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos,
microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em

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recuperação judicial.
§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial.

Lembrando: o efeito é devolutivo pois devolve a matéria sem suspender a execução do


julgado. O próprio caput fala do efeito devolutivo: não vai haver transferência de domínio, pois
a execução provisória vai até a penhora. Pode se transformar em definitiva quando a decisão
transita em julgado.

O bem penhorado pode se tornar insubsistente de penhora, se o empregador ganhar, por


exemplo. O empregador tem que depositar, em princípio, o valor da condenação. “Em
princípio” pois existe um teto legal para cada um desses recursos, que se renova anualmente, e
será informado à medida que cada recurso for dado.

O depósito recursal é considerado por alguns doutrinadores inconstitucional, pois feriria o


livre acesso à justiça. Todavia a corrente majoritária diz que o livre acesso à justiça seria ferido
se o reclamado ou o reclamante não pudessem ingressar em juízo de forma alguma, e não por
uma simples exigência da lei, que traz um PRESSUPOSTO do recurso.

A natureza jurídica do depósito recursal é também discutida. Há quem diga que o depósito
recursal tem a natureza jurídica de garantia do juízo: a CLT exige o depósito para que o juízo
fique garantido e venha a reverter em benefício do empregado, se for o caso. Mas há quem
conteste esta natureza jurídica, dizendo que se fosse garantia do juízo, teria que ser,
necessariamente, o valor da condenação – quando, na verdade, existe um teto, para quando a
condenação for superior a ele ou a condenação é ilíquida. A sentença ilíquida não tem o
quantum da condenação, a despeito de ser condenação de pagar (o juiz menciona os títulos, sem
fazer cálculos).

Os que negam que o depósito recursal seja garantia do juízo dizem que, se fosse para garantir
o juízo, teria que ser o valor exato da condenação. Também dizem que não há que se falar em
garantir o juízo se este ainda não está definido. Só se poderia falar em garantir o juízo na fase de
execução, enquanto estamos na fase recursal, e o empregador pode ganhar a ação e o depósito
feito voltar para ele. Por isso, o depósito recursal seria um pressuposto, uma peculiaridade dos
recursos trabalhistas.

A cada recurso será visto como se faz. De todo modo, seu objetivo é evitar recursos
meramente declaratórios ou procrastinatórios.

Assim sendo, o depósito recursal é uma exigência para que o reclamado entre com o recurso,
visando o princípio da proteção ao trabalhador.

Para resolver a LIDE com celeridade, a CLT faz especificações no §1º e §2º do art. 899. Sobre
o §2º: às vezes, na sentença, o juiz arbitra um valor da condenação para os fins de direito e, ao
invés de depositar o teto legal, deposita-se o valor arbitrado à condenação. É um pressuposto
dos recursos trabalhistas para evitar recursos meramente procrastinatórios.

Até a reforma trabalhista, o depósito recursal era feito na conta do FGTS do empregado. A
guia usada para fazer o depósito era a do FGTS. Se o empregado fosse clandestino e não tivesse
conta, quando fosse fazer o recurso teria que abrir a conta. A reforma trabalhista mudou o §4º
do art. 899, que estabeleceu que o depósito deve ser feito em conta vinculada ao juízo e
corrigido com os índices da poupança. Assim sendo, o depósito recursal NÃO É FEITO MAIS

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NA CONTA DO FGTS DO EMPREGADO, e sim na conta da Justiça. Abre-se uma conta
vinculada ao processo e gera os juros de poupança. O depósito ou voltará para o empregador ou
será liberado para o empregado.

O §5º foi revogado, pois dizia que se o empregado não tiver conta do FGTS aberta, a empresa
deveria abrir a conta para fazer o depósito. Já que a reforma trabalhista retirou a conta do
FGTS e colocou uma conta judicial, este § foi revogado.

NO §6º, o limite mencionado é o teto legal, cujo valor é reajustado anualmente. Se o valor da
condenação, ou o arbitrado, for superior ao teto, o depósito vai ser limitado ao valor do teto.
Para esses recursos é exigido teto, menos para os embargos de declaração, pois ele é muito
peculiar – tanto que até o prazo para sua interposição é maior, sendo de 5 dias.

Tanto é que alguns doutrinadores colocam que os embargos de declaração não são recursos, e
têm outra natureza jurídica. Mas isso será melhor discutido adiante, pois esse recurso é muito
preculiar.

Nos agravos de intrumento, o depósito é diferente dos demais. Nestes, que até o ano de 2010
dispensavam o depósito, o depósito exigido é de 50% o valor do teto do recurso denegado,
conforme o §7º do 899 da CLT. Isto será melhor trabalhado quando formos estudar agravos de
intrumento.

O §8º também fala sobre o agravo de instrumento e não será tratado agora, por questões
didáticas.

O §9º foi inserido pela reforma trabalhista. O valor do depósito será reduzido pela metade
quando a entidade for sem fins lucrativos, o empregador for doméstico ou microeemprededor
individual, microemprsa ou empresa de pequeno porte. Uma das críticas feitas a CLT é que ela
faz as mesmas exigências para grandes e pequenas empresas. Essa diferença do §9º é
considerada um avanço.

O §10º, também inserido pela reforma trabalhista, trata dos beneficiários da Justiça Gratuita,
dizendo que são isentos do depósito os beneficiários da Justiça Gratuita, as entidades
filantrópicas e as empresas em recuperação judicial. Antes da reforma, entendia-se que o
beneficiário da Justiça Gratuita e os demais eram isentos apenas do pagamento das custas.
Agora a CLT deixa claro que são isentos, também, do depósito.

O §11º também é novidade da reforma trabalhista, sobretudo quando trata do seguro-


garantia. Se você não tem dinheiro, vai ao banco, pega uma carta de fiança, e o banco fica a
disposição da justiça para o depósito recursal. Até a reforma trabalhista não havia essa previsão
de o depósito não ser feito em dinheiro.

4. Prazo recursal em dobro para a Fazenda Pública – Dec. Lei 779/69

Quando a Fazenda Pública é sucumbente, independentemente do recurso voluntário, o juiz


remete o processo para o tribunal rever a sentença. É o recurso de ofício, que os doutrinadores
preferem chamar de reexame necessário, em vez de recurso de ofício. Estes mesmos
doutrinadores entendem que chamar de recurso de ofício dá a entender que o próprio juiz faz
recurso da sua própria sentença, quando não é bem assim. A sentença só transita em julgado
depois do reexame do tribunal.

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O TST editou uma súmula (303) regulamentando o recurso de ofício no processo trabalhista.
Esta diz que cabe recurso de ofício no processo trabalhista, guardadas as devidas proporções. O
recurso de ofício só é cabível nas hipóteses vistas na aula passada (reler reexame
necessário/recurso de ofício – é muito importante conhecer essa súmula).

De antemão, cabe lembrar mais uma vez que os prazos para os recursos trabalhistas são 8 dias
úteis, cuja contagem exclui o dia da intimação. Se o 8º dia cair em sábado, domingo, feriado,
dias em que não há expediente forense ou por motivos de força maior o fórum não
funcione/fechou mais cedo, o último dia se prorroga para o primeiro dia útil seguinte.

A Fazenda Pública, no entanto, tem a prerrogativa de prazo em dobro; a contagem se dá da


mesma forma. Todos os prazos processuais se contam assim, conforme o NCPC.

5. Processos de alçada – Lei 5584/70

Processos de alçada são aqueles cujo valor da causa é de até dois salários mínimos. São
aqueles sujeitos ao procedimento sumário. Lembrando que: nos dissídios individuais, temos três
tipos de procedimento, 1) o comum (originário), 2) o sumário, criado pela lei 5584/70, cabível
para os processos de alçada, que têm valor da causa de até dois salários mínimos, e, por fim, 3)
o sumaríssimo, aplicado para os processos cujo pedido é de até 40 SM. A sentença é recorrível.

Nos processos de alçada as sentenças são IRRECORRÍVEIS. O único recurso cabível é o


extraordinário, que não é um recurso trabalhista. O recurso extraordinário é de natureza
constitucional, tanto que não é julgado por nenhum órgão da Justiça do Trabalho. Quem julga o
recurso extraordinário é o STF.

O recurso extraordinário é cabível nos 3 procedimentos, justamente por não ser recurso
trabalhista. Também, por assim ser, o prazo para interposição NÃO É de 8 dias, e sim de 15
dias.

Na aula passada vimos o princípio da unicidade recursal, que trata do fato de que os recursos
são interpostos 1 a 1. Não seria possível interpor, ao mesmo tempo, recurso ordinário e
embargos de declaração, por exemplo. Mas a CF/88 criou o recurso especial, julgado pelo STJ,
dizendo que os dois (o especial e o extraordinário) são interpostos no prazo de 15 dias.

Começou-se a discutir se o princípio da unicidade recursal estaria sendo atingido desta


maneira, já que o especial e o extraordinário poderiam ser interpostos ao mesmo tempo.
Entretanto, como especial não cabe no processo trabalhista, não há com o que se preocupar. O
RECURSO ESPECIAL NÃO CABE NO PROCESSO TRABALHISTA! No processo
trabalhista o STJ JAMAIS atuará.

No caso do Processo Civil, entendeu-se que não feriria a unicidade recursal, haja vista que são
julgados isoladamente e sucessivamente. Primeiro é julgado o especial no STJ e, se for o caso,
remete-se para o Supremo para que ele julgue o extraordinário. Isto no CIVIL; o STJ não atua
nas questões de direito do trabalho, pois, para tanto, há um tribunal superior próprio, com
recursos próprios.

6. Espécies de recursos trabalhistas


6.1. Recurso ordinário
6.2. Recurso de revista
6.3. Recurso de embargos

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6.4. Embargos de declaração – 5 dias
6.5. Agravo de instrumento

AULA DE 02/05

RECURSO ORDINÁRIO – art. 893, II e 895, CLT

1. Definição

É o recurso cabível para reformar a decisão que põe fim a fase de conhecimento do processo,
julgando ou não o mérito, de primeira instância ou primeiro grau – esta decisão é a sentença. A
sentença, em sentindo amplo, também trata dos acórdãos. Através do recurso, a parte que sofreu
prejuízo, ou o MPT, devolve a matéria para ser julgada pelo órgão hierarquicamente superior ao
que prolatou a decisão recorrida. Isto é o recurso.

2. Cabimento
2.1. Decisões definitivas dos Juízes do Trabalho e dos Juízes de Direito no exercício da
Jurisdição Trabalhista

O recurso ordinário é aquele cabível das decisões definitivas dos juízes do trabalho e dos
juízes de direito no exercício da jurisdição trabalhista. As definitivas são aquelas que julgam o
mérito, e não aquelas que não podem ser reformadas – estas são, na verdade, as sentenças que
transitaram em julgado.

Conforme já vimos, nas localidades em que não há jurisdição trabalhista, compete aos Juízes
de Direito (estaduais) julgar as ações trabalhistas.

2.2. Decisões definitivas dos TRT’s em ações de sua competência originária

Os TRT’s têm a competência funcional predominantemente recursal. 90% de seus processos


são recursos, mas há processos que já começam no TRT. Ex: o dissídio coletivo, o mandado de
segurança, a ação recisória. Quem julgará o recurso aos processos de competência originária do
TRT é o seu órgão hierarquicamente superior, ou seja, o TRT.

2.3. Decisões terminativas do feito na Justiça do Trabalho

Decisão terminativa é aquela que não julga o mérito mas extingue o feito na Justiça do
Trabalho. Diz que quem tem que julgar aquela ação é, por exemplo, a JE ou a JF. Se extingue o
processo no âmbito da JT, cabe recurso ordinário, no âmbito da JT, para o órgão
hierarquicamente superior.

3. Efeito devolutivo em profundidade – art. 1.013, §§3º e 4º CPC – Supressão de


instância

Os recursos trabalhistas têm a peculiaridade de ter efeito meramente devolutivo, e não


suspensivo – pois não suspendem a execução da sentença. Ou seja, enquanto o recurso está
sendo processado e julgado, a parte interessada pode requerer a execução provisória da
sentença.

O recurso ordinário, por sua vez, tem um efeito devolutivo em profundidade. Ou seja, não
devolve apenas o que a sentença julgou, mas sim toda matéria litigiosa do processo, podendo o

21
tribunal, ao julgar o recurso, julgar matéria que não foi apreciada na 1ª instância sem que isso
venha a configurar supressão de instância.

Ex: O juiz não julgou o mérito pois acolheu a preliminar de prescrição do direito de ação.
Entendeu que o cliente tinha sido demitido há mais de dois anos quando entrou com a ação. No
recurso ordinário, pede ao tribunal que reforme a sentença pois não está prescrito o direito de
ação do reclamante que, na verdade, foi demitido há um ano e 10 meses. O tribunal pode acatar
o recurso e julgar desde logo a ação sem que isso venha a configurar supressão de instância. Isto
é o efeito devolutivo em profundidade, quando se devolve TODA a matéria litigiosa do feito,
mesmo que não tenha sido julgada na sentença.

O CPC inovou e colocou esta previsão para o recurso de apelação. O recurso ordinário
trabalhista equivale ao recurso de apelação do processo civil. O NCPC, no art. 1013,
expressamente prevê a possibilidade de o tribunal, ao julgar o recurso de apelação, analisar
matéria que não foi apreciada na 1ª instância.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.


§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde
logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se
possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do
processo ao juízo de primeiro grau.

A instrução normativa nº 39 de 2016 do TST diz expressamente que o art. 1013, §§3º e 4º do
CPC aplica-se ao processo trabalhista. Então o recurso ordinário pode apreciar até mesmo os
pedidos que não foram julgados na 1ª instância, sem que isto configure supressão de instância.
Antes do NCPC já se admitia em algumas hipóteses, mas somente por decisões judiciais,
quando já houvesse “causa madura”, ou seja, com todos os elementos nos autos.

Seria a hipótese de o juiz indeferir a testemunha e no recurso requerer-se a nulidade da


sentença para que seja dada oportunidade de produzir as provas a que tem direito. O tribunal,
então, anula a sentença e faz os autos retornarem a vara para que seja reaberta a instrução. Ele
não supre a instrução. Mas a causa estando madura, pode o tribunal analisar a matéria litigiosa
que está nos autos, nas hipóteses do art. 1013 do NCPC.

4. Juízo de retratação – art. 485, §7º, CPC

Outra novidade no processo trabalhista, também advinda do CPC, é a possibilidade de o juiz


se retratar, ou seja, fazer o juízo de retratação.

Quando o juiz prolata a sentença, encerrou a sua função jurisdicional. Estando insatisfeito, que
seja feito o recurso. Mas o CPC inovou dizendo que o juiz, ao receber o recurso de apelação,
pode se retratar e modificar a sentença no prazo de 5 dias, no art. 485. Diz expressamente que o
juiz, em determinadas situações, pode retratar.

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Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por
mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular
do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral
reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz
terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
Ou seja, interposto o recurso ordinário por alguma das razões do 485, o juiz, recebendo-o,
verifica que, de fato, houve erro. Ele poderá, ele mesmo, modificar a sentença no prazo de 5
dias da interposição do recurso ordinário. A instrução normativa 39/96 diz expressamente que o
art. 485 se aplica ao processo trabalhista. Ou seja, admite-se o juízo de retratação, mas não
porque o juiz errou no julgamento, apenas. Deve se encaixar em uma das hipóteses do art. 485
do CPC. O próprio juiz que deu a sentença a reforma, retratando-se. Assim, sequer remete-
se esse recurso ordinário para o TRT.

5. Pressupostos de admissibilidade

O recurso tem natureza jurídica de direito processual subjetivo, porque a parte pode recorrer
ou não da sentença. Porém a parte só poderá recorrer se atender aos pressupostos de
admissibilidade de cada um dos recursos. O ordinário tem 3.

5.1. Interesse em recorrer

Só quem tem interesse em recorrer, ou seja, legitimidade, é quem sofreu um prejuízo na


decisão recorrida. Se a decisão julgar a ação parcialmente procedente, ambas as partes,
reclamante e reclamado, poderão recorrer. Ambos terão legitimidade para recorrer. A parte
vitoriosa NÃO TEM legitimidade para recorrer, logo, não atende ao primeiro pressuposto.

Ex: Pedir indenização por danos morais de 10 mil reais, mas só receber de 5, já dá
legitimidade. Houve sucumbência parcial.

5.2. Tempestividade

O recurso deve ser interposto dentro do prazo legal de 8 dias – o octídio legal. A contagem se
dá da mesma forma que o NCPC estabelece, após a reforma trabalhista. Lembrando que o
prazo para a Fazenda Pública é contado em dobro.

5.3. Preparo

O preparo é o pagamento das despesas processuais necessárias para o recurso.

5.3.1. Custas processuais – art. 789, CLT (RT)

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Para recorrer, o recorrente deverá pagar as custas processuais fixadas na sentença. Para propor
a reclamação trabalhista, NÃO PRECISA pagar as custas processuais. Mas na sentença o juiz
fixa o valor das custas, que DEVEM ser pagas para que se possa entrar com o recurso. Estas
custas processuais são fixadas, conforme a CLT, em 2% do valor da condenação ou do acordo.

Existem sentenças que são em obrigação de fazer, ou que, mesmo sendo em obrigação de
pagar, é ilíquida, não havendo valor da condenação. O juiz, então, arbitra valor da condenação e
as custas processuais, conforme o art. 789, serão de 2% sobre este valor. A reforma trabalhista
mudou o caput do art. 789 (transcrito na página 4).

A novidade da reforma trabalhista é que havia um mínimo no valor das custas de R$10,64. A
reforma colocou um máximo, também, de valor de 4x o limite máximo dos benefícios do
regime geral de previdência social.

Se o recurso não estiver devidamente preparado, ele será julgado deserto. O tribunal não entra
sequer no mérito da questão. É preciso que as custas sejam pagas no prazo recursal e que a guia
de pagamento das custas seja juntada à petição inicial. Caso contrário, o recurso será julgado
deserto e o tribunal não analisará o mérito recursal.

5.3.2. Depósito recursal: Teto anual: R$9.189,00. Art. 898, CLT (RT). 8 dias para fazer
o depósito recursal pelo reclamado e somente em obrigações de pagar.

O depósito recursal é uma peculiaridade dos recursos trabalhistas, exigido apenas para o
reclamado e apenas quando há condenação em pecúnia. O reclamado, para recorrer, deve,
dentro do prazo de 8 dias, fazer o depósito recursal. Obrigação de fazer NÃO precisa do
depósito recursal.

Deve o reclamado juntar a guia a sua petição do recurso, caso contrário, também, o recurso
será julgado deserto.

A novidade do depósito, que antes era na conta vinculada do empregado, hoje é na conta
vinculada da justiça, razão pela qual não é mais a guia do FGTS, anteriormente utilizada. Agora,
é a guia de recolhimento da União, pois a conta judicial é da União.

Embora o depósito recursal, a rigor, não seja preparo – haja vista que não é pagamento, e sua
natureza processual, para o TST, seja de garantia do juízo –, é incluído pela maioria da doutrina
como preparo porque se não for feito no prazo de 8 dias, o recurso é deserto.

A Fazenda Pública não paga depósito nem custas processuais. Não tem dinheiro em caixa para
fazer isto. As custas são condenadas no final e farão parte da execução. O depósito recursal,
portanto, NÃO É exigido para a Fazenda Pública.

A reforma trabalhista previu a dispensa do depósito recursal no art. 899 ao incluir os §§9º,
que diz que o depósito vai ser pela metade, e 10, que trata da insenção (transcritos na pg. 18). A
crítica da doutrina é a falta, no §10, da Fazenda Pública, que não faz depósitos recursais.

Em princípio, este depósito é no valor da condenção. Mas, como já foi dito, existe um teto
legal, ou seja, um limite máximo. Este teto é fixado anualmente e reajustado pelo TST. É
cabível quando a sentença é ilíquida e não se sabe o valor da condenação, tampouco um foi
arbitrado para os fins de direito. Ou se a condenação for superior ao limite legal. O teto, hoje,
para o recurso ordinário, é R$9.189,00. Portanto, se a condenação foi de 20 mil reais ou se a

24
sentença é ilíquida, o recorrente deverá depositar o teto. Mas se encaixar-se em uma das
hipóteses dos §9º e 10 do art. 898, paga a metade ou não paga, em razão da reforma
trabalhista.

Ainda sobre o preparo: se ambas as partes foram sucumbentes, o juiz, na sentença, vai
determinar que quem vai pagar as custas processuais é o reclamado, e o reclamante, para
recorrer, não precisará pagar as custas.

6. Processamento
6.1. Juízo receptor

A quem se dirige o recurso ordinário? Ao juízo que prolatou a sentença recorrida. Agora, com
mais um motivo: ele poderá exercer o juízo de reparação.

É feita a petição que se chama de petição de encaminhamento, através da qual encaminha-se o


recurso ao juiz: Exmo. Sr. Dr. Juiz do Trabalho da xª vara de trabalho do Recife. Quem
prolatou a sentença o recebe.

Toda petição nos autos deve começar com o nome do cliente. Suponhamos que o cliente seja
o reclamante. Segue-se: João Fernando dos Santos, já qualificado nos autos da reclamação
trabalhista objeto do processo nº y, em que (?) com a empresa Tal, inconformado, data venia¹,
com a respeitável sentença, vem, com seu advogado no final assinado, interpor recurso
ordinário, pelas razões anexas.

As razões recursais são feitas em petição anexa a petição de encaminhamento.

Isto posto, requer que seja recebido, admitido e remetido o recurso ordinário ao colendo
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região. Anexas as guias relativas ao preparo. Pede
deferimento. Data + assinatura. Deve-se requerer que o juiz de 1º grau receba e acolha seu
recurso e o remeta ao egrégio tribunal regional do trabalho da 6ª região. Pode-se pedir também
que o juízo de retratação modifique a sentença, mas, que se não o fizer, remeta ao órgão
julgador – em regra, o TRT.

Anexo a petição de encaminhamento deve constar a petição com as razões recursais, que
devem estar dirigidas ao ÓRGÃO JULGADOR: “Exmos. Srs. Desembargadores Federais do
Trabalho, membros do TRT da 6ª Região. João Fernando dos Santos, já qualificado nos autos,
vem, por seus advogados no final assinados, apresentar as suas razões do recurso ordinário, na
forma que se segue:” Aqui expõem-se os fundamentos pelos quais entende-se que a sentença
merece ser reformada, p. ex., dizer que a sentença julga de forma contrária a lei, que não
observou que a prova testemunhal foi taxativa a dizer que o recorrente fazia coisa x ou y...

Nas razões, pede-se que (pois toda petição deve pedir algo – a palavra petição vem de pedir):
que o recurso seja conhecido e provido. Não se pede que o recurso seja julgado procedente,
porque o que é procedente ou improcedente são os pedidos da ação. O recurso poderá ser
provido parcialmente, não provido ou não conhecido.

Enfim; o que se pede nas razões recursais é que o TRT conheça e dê provimento. Pede
deferimento. Vai junto com a petição de encaminhamento.

Portanto, o juízo receptor é o que recebe o recurso.

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_____________________________________________________________________________

¹ DATA VENIA: Expressão em latim que significa “com todo o respeito”.

6.2. Contrarrazões do recorrido

A depender do regimento dos tribunais, o juiz deverá, de logo, intimar a parte contrária para
apresentar as contrarrazões do recurso ordinário.

O recorrente deve apresentar as RAZÕES do recurso no pedido, ou seja, na interposição do


recurso. O juiz, ao recebê-lo, intima a parte contrária para que apresente as contrarrazões em um
prazo de 8 DIAS.

O mesmo prazo para recorrer é o prazo para apresentar as contrarrazões, ou seja, oito dias,
contados da mesma forma.

Uma ressalva importante: a Fazenda Pública NÃO TEM prazo em dobro para fazer as
CONTRARRAZÕES, somente para recorrer. Diz-se que, para apresentar as contrarrazões, a
Fazenda submete-se a um prazo simples – 8 dias.

Se as contrarrazões não forem apresentadas, não haverá prejuízo direto ao recorrido. Haverá o
prejuízo de não ter a oportunidade de sustentar a sentença, dizendo ao Tribunal que a sentença
não merece ser reformada e apresentar seus argumentos, seja alegando compatibilidade com a
lei, com a jurisprudência, com as provas nos autos... Tanto é que termina suas contrarrazões
com: “Isto posto, requer que não seja provido o recurso, mantendo-se integralmente a
sentença. Pede deferimento.”

6.3. 1º juízo de admissibilidade

Dá-se entrada das contrarrazões no protocolo do 1º grau porque o processo ainda não foi
remetido ao tribunal, e ainda está lá. E o juiz que recebeu o processo exerce o primeiro juízo de
admissibilidade. Em outras palavras, o juiz que recebeu o processo analisará se estão presentes
os pressupostos de admissibilidade (p. 24).

O juiz, então, poderá dar seguimento ao RO e remeter ao órgão julgador ou negar o


seguimento.

Se ele entende que o recurso é intempestivo, que o depósito recursal não foi feito
corretamente, que a parte não possui legitimidade para recorrer, entre outras razões, negará
seguimento ao RO.

O recurso cabível sobre essa admissibilidade é o agravo de instrumento.

6.4. Remessa do órgão julgador

Se der seguimento ao recurso, remete-o ao órgão julgador.

6.5. Vistas do MPT

Uma vez remetido, com ou sem contrarrazões, o TRT dá vistas ao MPT. O procurador do
trabalho vai analisar o processo. Por isso que se diz que o MPT atua junto aos tribunais. Se
houver interesse público, o procurador do trabalho vai dar um parecer opinativo, opinando se o
recurso deve ser provido ou não provido, ou até mesmo provido parcialmente.

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Se não houver interesse público, ele devolverá os autos sem sequer dar um parecer.

A diferença do RO para o procedimento sumaríssimo é que, neste, o parecer do MPT pode ser
oral, na sessão de julgamento.

6.6. Distribuição entre as turmas

O TRT-6 é dividido em 4 turmas, tendo 4 desembargadores cada uma, em que pese em cada
processo atuem apenas 3.

Uma vez que o MPT tem vistas e devolve aos autos, com ou sem parecer, o processo será
distribuído entre uma das turmas e vai ser sorteado o desembargador relator e designado o
desembargador revisor.

6.7. Sorteio do relator e designação do revisor

No procedimento sumaríssimo, não existe a figura do revisor.

O desembargador relator vai levar o processo para seu gabinete e analisar os autos, vai, em
seguida, fazer o relatório e vai preparar o voto, que deve ser por escrito e fundamentado.

Logo em seguida, o relator entrega o processo ao revisor, que vai ler e revisar o processo.

6.8. Inclusão em pauta para julgamento

Passando por ambos, o processo é encaminhando a secretaria do tribunal para que seja
incluído na pauta de julgamento daquela turma. Aquela turma, naquele dia, julgará vários
processos – e, entre eles, este recurso ordinário.

Lembrando que o recurso NÃO gera autos apartados, sendo feito por mera petição nos autos.

Será públicado em Diário Oficial quando o recurso será levado a julgamento.

6.9. Sessão de julgamento – Sustentação

Os advogados, no exercício do jus postulandi, podem requerer o direito de fazerem, na sessão


de julgamento, a sustentação oral de suas razões ou contrarrazões.

Em Diário Oficial sai data de julgamento. É preciso que o advogado entregue, nos gabinetes
dos desembargadores, o memorial na véspera do julgamento. E que se inscreva para fazer a
sustentação oral. Depois que o relator fizer o relatório, o advogado terá 10 minutos para fazer a
sustentação oral.

Sustentar o que foi dito nas razões ou contrarrazões. Se não houve contrarrazões, não há
oportunidade de fazer sustentação oral para o advogado respectivo. Deve-se sustentar, ou seja,
atinar para pontos relevantes dos autos, e não inovar no momento. Só pode apresentar fato novo
na sustentação oral se for fato SUPERVENIENTE.

A sessão é pública e, nela, deverão estar presentes os desembargadores da turma, o procurador


do trabalho, representando o MPT, o secretário da sessão, e aquele que digitará a ata da sessão.

Feita a sustentação oral, quem primeiro dá o voto é o relator. Após a lida do relatório, há a
oportunidade da sustentação oral, e, em seguida, seu voto. O presidente da turma segue

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colhendo os demais votos, e o segundo voto deve ser o do revisor, e depois o terceiro voto, do
que sobrou.

O recurso pode ser julgado por maioria ou unanimidade.

É possível, também, que o recurso saia de pauta, pois o relator, ouvindo a sustentação oral,
pode querer mudar seu voto e pedir vistas do processo, se seu convencimento for afetado.
Qualquer desembargador pode pedir vistas, inclusive o relator que, às vezes, passou meses com
ele. Sai de pauta para o desembargador estudar o processo e depois entra em pauta novamente.

6.10. Resultado do julgamento

Na sessão, se o recurso foi julgado, tem-se conhecimento do resultado. Ele pode ser:

6.10.1. Recurso conhecido e provido


6.10.2. Recurso conhecido e provido parcialmente
6.10.3. Recurso conhecido e não provido
6.10.4. Recurso não conhecido

Fala-se em ser conhecido pois no tribunal é feito o 2º juízo de admissibilidade. O tribunal


pode não conhecer o recurso se chegou a conclusão que foi intempestivo, por exemplo. Embora
o juízo de primeiro grau exerça juízo de admissibilidade, o julgador também o faz.

Estando presente na sessão, as partes ficam cientes do resultado, mas ainda não têm a decisão
por escrito, formal, que é o acórdão. O acórdão é a decisão do órgão colegiado. Não fica pronto
na sessão de julgamento. O desembargador relator leva o processo para seu gabinete e redige o
acórdão, salvo se o voto dele for o voto vencido. Se for voto vencido, quem redige o acórdão é o
autor do voto vencedor, que fora acompanhado pelo outro.

O acórdão, tal qual a sentença, tem relatório, fundamentação e parte dispositiva. E, mais
ainda, tem a ementa, que é o resumo do acórdão, onde se pode perceber, simplesmente, a
matéria que foi julgada e como foi.

Somente a ementa do acórdão é publicada no Diário Oficial. A partir de então, há oito dias
para a parte entrar com recurso de revista, objeto da próxima aula.

AULA DE 04/05

RECURSO DE REVISTA

1. Definição e cabimento

É um recurso mais complexo do que o ordinário que, como o próprio nome diz, é um recurso
simples.

A natureza deste recurso é extraordinária, pois ele vai subir para um tribunal superior, que é o
TST. Tanto é que quiseram colocar seu nome de extraordinário, mas não pôde acontecer, e
então colocaram recurso de revista (de rever alguma coisa).

O recurso de revista é o recurso cabível nos dissídios individuais para reformar os acórdãos
dos TRTs que julgam os recursos ordinários. É um recurso que trata, apenas, de matéria de
direito. Não devolve a matéria de fato para ser julgada.

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Matéria de fato é aquela que é pertinente com os fatos e demandam a produção de provas. No
recurso de revista, não se discute mais se a prova foi produzida, por exemplo. Matéria de fato só
se aprecia nas instâncias ordinárias, que são as varas e os TRTs.

Nas instâncias extraordinárias, somente se discute matéria de direito: se o acórdão está


contrário a lei federal; se está contrário a constituição federal ou se é divergente de outro
acórdão, para uniformizar a jurisprudência. Não se discute mais o que a testemunha disse, o que
há na perícia... Enfim. Não se discute matéria de fato, apenas de direito.

2. Efeito

O recurso de revista tem efeito devolutivo apenas da matéria de direito. O que se devolve
para o poder judiciário apreciar é a matéria de direito.

Obs: Se cair na prova a questão “Recurso de revista tem efeito meramente devolutivo”, é
verdadeiro. Em prova objetiva, tem que se trabalhar com o que está escrito, e não imaginar o
que viria depois daquilo.

3. Pressupostos de admissibilidade

Vimos, na aula passada, que bastava a parte estar inconformada com a sentença para entrar
com recurso ordinário, antendendo a três pressupostos de admissibilidade: interesse em recorrer,
tempestividade e preparo.

3.1. Extrínsecos (objetivos)

O recurso de revista também exige os mesmos pressupostos de admissibilidade que o


ordinário, que a doutrina chamará de extrínsecos ou objetivos. São assim chamados porque
estão fora do acórdão recorrido, e são os mesmos do recurso ordinário, dependendo de fatos
objetivos.

3.1.1. Interesse em recorrer (sucumbência/prejuízo)

Só quem pode interpor recurso de revista é quem sofreu prejuízo no acórdão do TRT que
julgou o recurso ordinário.

3.1.2. Tempestividade

Os recursos trabalhistas têm prazo uniformizado: o octídio. O recurso de revista, portanto, tem
8 dias para ser interposto, a contar da data da publicação da ementa do acórdão do RO.

Na sessão de julgamento do RO, toma-se ciência do resultado, mas o acórdão só é redigido


depois, contendo relatório, fundamentação, parte dispositiva e a ementa, que é publicada em
Diário Oficial. A partir desta publicação, contam-se os 8 dias, da mesma forma que se contam
todos os prazos.

3.1.3. Preparo

O recurso de revista também tem preparo. No caso do RO, há o pagamento das custas e o
depósito, que só o reclamado é obrigado a fazer. É a mesma coisa para o de revista: se há um
acórdão condenação em custas complementares, dizendo quem deve lhas pagar, a pessoa que
recorrer deve pagar as custas e juntar a guia ao seu recurso, sob pena de deserção.

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Se quem fizer o recurso de revista foi o reclamado, havendo condenação em pecúnia, dinheiro,
ou seja, obrigação de pagar, ele deverá fazer o depósito recursal. Se, quando fez o recurso
ordinário, o reclamado pagou o valor integral da condenação, não precisará mais fazer depósito.
Se depositou o teto, depositará o teto do recurso de revista.

Porém, se a condenação for ilíquida e o reclamado depositou o teto quando interpôes o RO,
para fazer o recurso de revista deverá depositar o seu teto, também. Teto este que é o dobro do
teto do recurso ordinário.

Em suma: se atingir o valor da condenação, não precisa fazer depósito. Daí porque o TST diz
que a natureza jurídica do depósito recursal é garantia do juízo, e, atentendo integralmente o
valor da condenação, ele é dispensado de fazer o depósito.

Se tiver que fazer depósito, deverá fazê-lo nos 8 dias e juntar o comprovante ao seu recurso,
sob pena de derserção: o recurso é deserto, sendo este o recurso que não foi devidamente
preparado.

Estes são pressupostos extrínsecos pois estão fora do acórdão recorrido.

3.2. Intrínsecos (subjetivos)

Não basta o inconformismo da parte, tampouco atender a estes pressupostos extrínsecos ou


objetivos. O recorrente terá que verificar dentro do acórdão que o TRT prolatou se há algum
desses pressupostos intrínsecos ou subjetivos, que serão encontrados DENTRO do acórdão
recorrido e dependem da análise do presidente do tribunal.

Quando sair a ementa que o cliente perdeu, o advogado vai ao TRT e pega o acórdão na
íntegra, para verificar se algum desses pressupostos intrínsecos está presente, para mostrar na
sua peça recursal que seu recurso merece ser admitido.

3.2.1. Divergências jurisprudenciais entre os TRTs com relação a decisão da subseção


de dissídios individuais do TST, à súmula vinculante do STF e à súmula do TST

Deve-se verificar se existe outro acórdão de outro TRT julgando a mesma matéria de maneira
divergente. Esta é a divergência jurisprudencial entre TRTs. Deve-se, também, verificar se o
acórdão não diverge de uma decisão da SDI do TST. E, por fim, verificar se diverge de súmula
do TST ou de súmula vinculante do Supremo. Se estiver, pode-se fazer o recurso de revista.

Jurisprudência superada NÃO SERVE para mostrar a divergência jurisprudencial. Como


também, na nossa peça recursal, não basta dizer que está divergindo do acórdão tal. É preciso
demonstrar onde está a divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma. Deve ser
feito, na peça recursal, o cotejamento, comparando os acórdãos, transcrevendo trechos
necessários na peça. A divergência deve ser demonstrada explicitamente. Caso contrário, o
recurso não será admitido.

3.2.2. Violação literal de dispositivo de lei federal

Pode-se fazer o recurso de revista se o acórdão viola, literalmente, a letra da lei, ou seja,
dispositivo de lei federal. Lei federal é aquela que tem vigência e eficácia em todo país, como a
CLT, os códigos de processo, o regime juridico dos servidores públicos...

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Não basta alegar, é preciso dizer o art., a lei e COMO o acórdão o viola. “Violou quando ele
disse:.. [transcreve o que violou]”.

3.2.3. Afronte direto e literal da constituição federal

Da mesma forma com a CF: tem que informar qual é o artigo e qual é a parte do acórdão que
está violando, literalmente, a constituição federal. Caso contrário, o recurso de revista não será
admitido por ausência de pressupostos de admissibilidade.

3.2.4.Divergência jurisprudencial com relação a dispositivo de lei estadual, convenção


coletiva de trabalho, sentença normativa ou regulamento empresarial de
observância obrigatória, em área territorial que exceda a jurisdição local do TRT
prelator da decisão recorrida
 Para ser admitido o recurso, tem que atender aos 3 pressupostos extrínsecos + UM DOS
intrínsecos. Se estiver presente mais de um, nada impede que ambos sejam apontados, ou
todos. Mas se só houver um, coloque somente ele.

Na fase recursal, não é possível estudar por livros antigos, pois houve profunda modificação
nos recursos trabalhistas em 2014, antes mesmo da reforma trabalhista. Os art. 896-A e B
foram incluídos em 2014 com a lei 13.015/14 e tratam de recurso de revista.

4. Pré-questionamento da matéria

Como já dito, o recurso de revista é de natureza extraordinária, tratando somente de matéria de


direito, cujo objetivo é, também, uniformizar a jurisprudência dos TRTs do ponto de vista
nacional, já que ele sobe para o TST.

Mas somente atender a estes pressupostos não basta: o recurso de revista é ainda mais rigoso e
exige que a matéria que esteja explicitamente pré-questionada nos autos. A matéria que vai
ser levada ao TST e o argumento que foi encontrado para levá-la, deve estar pré-questionada
nos autos, ou seja, deve ter sido apreciada pelas instâncias ordinárias. Não se pode inovar
nos recursos de natureza extraordinária. Com isso, se quer dizer que não se pode apresentar
argumento novo que não foi apreciado nas instâncias ordinárias.

Ex: uma empregada doméstica fez uma reclamação para pedir hora extra antes da EC das
domésticas, que lhes deu direito a tanto. A patroa disse que ela não tem hora extra, em sua
defesa, alegando que ela não fazia nem 8 horas por dia, pois ia à escola à tarde. A juíza pergunta
a empregada e ela diz que não ia à escola, pois a patroa saía e deixava com ela os seus filhos, e
todos do prédio a viam no pátio com as crianças. O juiz, inadvertidamente, condenou a patroa a
pagar as horas extras, mas a empregada doméstica não tem direito previsto a isto.

A patroa, então, entra com recurso ordinário, onde se pode discutir matéria de fato e suas
respectivas provas. Anexa comprovante de matrícula, declaração de frequência escolar, que as
testemunhas eram amigas íntimas da empregada e não poderiam ter seus depoimentos acatados.
O acórdão do RO mantém a sentença. Ela, então, decide fazer o recurso de revista. Ela não
poderá, nele, discutir se ela estava ou não matriculada, se ia ou não ia à escola. Porém, cabe
recurso de revista por violação literal e direta da CF, pois antes da EC das domésticas, o art. 7º,
p.u., que fala sobre os direitos da doméstica, não fala sobre horas extras. Ela, então, decide
alegar isto em recurso de revista. No entanto, é um argumento novo, não apreciado pelas
instâncias ordinárias à luz da CF/88, que só foi invocada agora. A matéria, então, não está pré-
questionada nos autos. O recurso de revista não será admitido.

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Todavia, existe um instrumento processual para que a parte provoque a instância ordinária a se
pronunciar sobre a matéria, que é os embargos de declaração, espécie de recurso a ser estudada
mais adiante (p.44). Através dele, a parte provoca o órgão julgador para complementar a
decisão. Embora não se tenha falado sobre a CF antes, é matéria de ordem pública, que o juiz
deveria ter aplicado. Faz-se os embargos de declaração para a primeira instância apreciar a
matéria.

Matéria pré-questionada é JULGADA pelas instâncias ordinárias, não somente arguidas pelo
advogado. O tribunal proferirá novo acórdão julgando os embargos de declaração e, aí sim,
estará pré-questionada a matéria, pois o TRT se posicionou sobre a matéria.

Se modificar o acórdão e a patroa ganhar, ela não precisará mais fazer o recurso de revista. Os
embargos de declaração não tem objetivo de reformar o julgado, mas é possível que ele tenha
efeitos modificativos ou infringentes (p.45). O tribunal a quo, ao complementar seu acórdão,
modifica o julgado.

O pré-questionamento da matéria também é cabível para o recurso especial, do STJ (não


cabível no processo do trabalho) e no recurso extraordinário, do STF.

5. Transcendência da matéria (art. 896-A) [RT]

A CLT colocou mais uma exigência no recurso de revista, ao dizer que ele somente será
julgado se a matéria do recurso for transcendente.

Houve muita crítica, inclusive quanto ao nome “transcendente”, pois seria algo da teologia,
superior ao muito real. Algo espiritual, vocábulo que não caberia nas ciências jurídicas.

Entretanto, a CLT, no art. 896-A, utiliza-o.

Art. 896-A: O TST, no recurso de revista, examinará previamente se a causa ofere


transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou
jurídica.
§1º São indicadores de transcendência, entre outros:
I- Econômica, o elevado valor da causa;
II- Política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do TST ou
do STF;
III- Social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV- Jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista.
§2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não
demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado.
§3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o recorrente poderá
realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão.
§4º Matido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão com
fudamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.
§5º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso
de revista, considerar ausente a transcendência.
§6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais
Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo,
não abrangendo o cirtério da transcendência das questões nela veiculadas.

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Na verdade, o que a CLT quis foi imitar a CF que diz que o recurso extraordinário só será
levado a julgamento se a matéria tiver repercussão geral. Esse art. foi severamente criticado,
tanto é que até a reforma trabalhista, ele não tinha sido regulamentado. O TST não
estabeleceu critérios para decidir se a matéria é transcendental.

A reforma teve o cuidado de dizer quando o processo trata de matéria transcendental,


acrescentando § no art. Antes, ele só tinha o caput. O §1º ainda deixou uma margem (“entre
outros”) para que o tribunal estabeleça critérios. O inciso dois repete recurso extínseco.

O §2º estabelece que, agora, a transcendência da matéria TEM que ser demonstrada. Antes, a
eficácia era contida.

O §3º trata do caso em que o relator, chegando o recurso ao TST, denega seu seguimento. O
§4º diz que, havendo agravo e mantido o entendimento da falta de transcendência, perdeu. Não
há o que ser feito. O §6º diz que a transcendência da matéria é analisada no âmbito do TST. Não
cabe ao TRT negar seguimento ao recurso de revista pelo fato de a matéria não ter
transcendência. O presidente do TRT pode negar seguimento na falta de pressupostos
extrínsecos e intrínsecos, mas jamais por entender que falta transcendência.

6. Processamento

6.1. Órgão receptor -> TRT que prolatou acórdão recorrido

O recurso é feito do mesmo modo que o recurso ordinário. O recurso é dirigido, através da
petição de encaminhamento, ao presidente do TRT da região. O órgão que vai receber o recurso
é o TRT que prolatou o acórdão recorrido.

Na petição de encaminhamento, deve-se requerer que o recurso de revista seja admitido e


remetido ao colendo TST.

6.2. 1º juízo de admissibilidade

O órgão receptor, ou seja, o tribunal a quo é quem exerce o primeiro juízo de admissibilidade e
verifica se estão presentes os pressupostos extrínsecos e intrínsecos. Verifica, também, se a
matéria está pré-questionada nos autos e, em decisão fundamentada, vai dar seguimento ou
negar seguimento ao recurso de revista.

Diferente da decisão do juiz da vara, que exerce o juízo de admissibilidade do RO, a do


presidente tem que justificar porque está dando seguimento ou porque não está. Se negar
seguimento, é cabível agravo de instrumento.

6.3. Contrarrazões do recorrido

Se dá seguimento, intima-se o recorrido para apresentar as contrarrazões, assegurando seu


contraditório e ampla defesa. O recorrido terá 8 dias para fazê-la. Pede que o recurso de revista
será inadmitido, não conhecido e não provido. Ou, que se for conhecido, não seja provido. Dá
entrada das contrarrazões no TRT mesmo.

6.4. Remessa do processo ao TST

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O recurso não gera autos apartados; é feito nos próprios autos, por petição. O processo, então,
será remetido para o TST.

6.5. Vistas do MPT

Lá, ele dará vistas ao MPT, aos procuradores do trabalho, que atuam junto aos tribunais. O
Procurador Geral do Trabalho dará um parecer opinativo sobre o fato de o processo tratar ou
não do interesse público. Se entender que não trata, devolve-o e o TST o distribui entre as
turmas do TST.

O TST é composto de 27 ministros, e os 27 não atuam sempre juntos, já que há a divisão em


turmas e sessões especializadas. Quem julga o recurso de revista é uma das turmas.

Entre os ministros da turma, sorteia-se um para ser o relator e outro para ser o revisor. O
relator leva o processo para seu gabinete, estuda-o, podendo, em decisão monocrática, negar
seguimento ao recurso se verificar que não foi feito o preparo, se estiver intempestivo, se não
houver interesse de recorrer... O relator exerce, de novo, o juízo de admissibilidade e, nele,
analisará, também, a transcendência da matéria.

Desta decisão cabe o recurso de agravo, que pode-se chamar de agravo interno, de
dentro do TST, ou regimental. Não é o agravo que está na CLT, e sim que está no
regimento do tribunal. NÃO É O AGRAVO DE INSTRUMENTO! No recurso de agravo
pede-se que o processo seja levado ao colegiado – colegiado este que, nesse caso, é a TURMA,
e não o pleno do tribunal.

Se ele não negar seguimento, remeterá o processo ao revisor, e, depois, vai à secretária do
tribunal para que seja colocado em pauta para julgamento.

O advogado pode fazer sustentação oral de 10 minutos na sessão de julgamento, em Brasília.


O relator lê o relatório e os advogados, inscritos para sustentar, podem fazer sua sustentação
oral de suas razões ou contrarrazões recursais. O presidente da turma colhe o voto do relator, do
revisor e dos demais ministros e desde logo sabe-se o resultado do julgamento. Novamente, não
há o acórdão, que não é redigido na hora, e sim depois. O relator redige o acórdão a menos que
seu voto seja o vencido e não tenha sido acatado pela maioria.

O acórdão equivale à sentença, contendo relatório, fundamentação, parte dispositiva e ementa,


um resumo do processo que é publicado no Diário Oficial da União. Publicada, há 8 dias para
entrar com outro recurso: os embargos do TST, que será objeto da próxima aula. NÃO É
EMBARGO DE DECLARAÇÃO.

DIFERENÇAS DO RECURSO DE REVISTA NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO E


SUMARÍSSIMO

Uma das diferenças entre o procedimento sumário e o sumaríssimo é que, neste, só cabe
recurso de revista por violação à dispositivo da constituição federal, conforme o art. 896, p.u.

Art. 896, §9º: Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido
recurso de revista por contrariedade à súmula de jurisprudência de forma do TST ou à súmula
vinculante do supremo ou por violação direta à CF/88.

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Na fase de execução, cabe recurso de revista somente se houver violação da CF; e nas
execuções fiscais e questões que envolvem a CNDT (Certidão Negativa de Débito Trabalhista),
cabe recurso de revista apenas por violação a lei federal, violação jurisprudencial ou à
Constituição. Art. 896, §10º.

AULA DE 09/05

RECURSO DE EMBARGOS – art. 894, CLT

1. Definição

Quando é publicada a ementa do acórdão que publicou o recurso de revista, pode-se entrar
com o recurso de embargos que surgiu em 3 espécies: embargos de nulidade, embargos
infringentes e embargos de divergência.

Hoje, no processo do trabalho, é chamado apenas de embargos e é somente cabível por


divergência jurisprudencial, no dissídio individual. Embargos são interpropostos no TST e lá
mesmo ele é julgado.

Recursos de embargos, então, são recursos cabíveis no âmbito do TST, objetivando


uniformizar a jurisprudência daquele tribunal. Portanto, a partir de 2014, somente cabe recursos
de embargos se houver divergência jurisprudencial dentro TST ou com súmula do Supremo.

2. Cabimento

2.1. Da decisão de turmas do TST que divergiu de outras turmas do TST

A divergência jurisprudecial tem que ser atual. Não é cabível pegar um acórdão de, por
exemplo, 20 anos, que já foi superado por OJ ou súmula. Jurisprudência superada não serve
para embasar a divergência jurisprudencial.

Também é preciso que, nas razões do recurso de embargos, o recorrente faça um cotejamento,
comparando, mostrando a divergência entre acórdão que se recorre e o que se encontrou como
paradigma.

O recurso de revista também cabe por divergência jurisprudencial, mas entre o acórdão
do RO e outro acórdão de outro RO do TST. Nos embargos, a divergência jurisprudencial
é no âmbito do TST.

Quem julga o recurso de revista é uma das turmas do TST, quando, uma vez perdido o recurso
ordinário, busca-se se outra turma não tem entendimento diferente para que seja possível o
recurso de embargos. Encontrando, o recurso de embargo é feito.

2.2. Da decisão de turmas do TST que divergiu de súmulas ou OJ do TST

Outra situação é quando a turma que julgou o recurso de revista o faz contrariando súmula ou
OJ do TST. Entra-se com o recurso de embargos para uniformizar a jurisprudência do TST.

2.3. Da decisão de turmas do TST que divergiu da decisão do SDI do TST

Se a decisão que julgou o recurso de revista, de uma turma do TST, divergiu de decisão da
Sessão de Dissídio Individual – SDI do TST.

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Lembrando que o TST tem 27 ministros, divididos em turmas e sessões. São 3 sessões
especializadas: duas de dissídios individuais coletivos (SDI-1 e SDI-2) e uma dissídio coletivo.

Se houver decisão de alguma SDI que tratou da mesma matéria que o acórdão do recurso de
revista que eu quero contestar, julgando diferente, faz-se recurso de embargos para o TST.

2.4. Da decisão de turmas do TST que divergiu de súmulas vinculantes do STF

Se o acórdão que julgou o recurso de revista for contrário a súmula vinculante do STF,
também cabe recurso de embargos.

3. Pressupostos de admissibilidade

3.1. Interesse em recorrer

Tem interesse em recorrer quem sofreu prejuízo com o acórdão.

3.2. Tempestividade

Pode-se recorrer se protocolar o recurso de embargos no prazo de 8 DIAS, contados da mesma


forma que todos os outros prazos. Se o recorrente for a Fazenda Pública, o prazo é em dobro,
sendo de 16 dias.

3.3. Preparo – depósito recursal R$17.919,66

Se o recorrente for condenado em obrigação de pagar, deverá fazer o depósito recursal. Deve,
ainda, juntar o comprovante de pagamento no processo. Do contrário, o recurso de embargos
será deserto.

Existe um teto para o depósito, para manter a razoabilidade. O teto se atualiza anualmente e
que, para o recurso de embargos, é igual ao recurso de revista R$17.919,66.

A cada recurso tem que ser feito o depósito, mesmo já tendo havido depósito para o anterior,
salvo se o somatório dos depósitos anteriores atingir o valor da condenação, pois feriria o bom
senso e a razoabilidade. Se o somatório dos depósitos feitos para o RO e para o recurso de
revista atingir o valor integral da condenação, não é preciso depositar para o RE.

4. Processamento

4.1. Órgão receptor

Atendidos os pressupostos, faz-se o recurso da mesma forma já ensinada. A petição de


encaminhamento é dirigida a quem prolatou a decisão recorrida. Pode ser diriga ao presidente
do TST ou ao presidente da turma julgadora.

A esta petição anexam-se as razões recursais, pelas quais o recurso é interposto. É nas razões
que deve-se mostrar a divergência jurisprudencial. A lei é rigida, ao dizer que: no recurso de
embargos, a divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se considerando tal a
ultrapassada por súmula do TST ou do STF, ou superada por iterativa e notória do TST.

Isto é, se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do TST,


ou do STF, ou com iterativa, notória e atual jurisprudência do TST, o relator denegará

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seguimento. Então, nas razões recursais deve-se apresentar a divergência e anexa, se for o caso,
a guia do preparo.

4.2. Órgão julgador

Dá-se entrada no TST e o recurso será distribuído para uma das Sessões de Dissídios
Individuais. Antigamente, quem julgava o embargo era o pleto do TST, os 27 ministros. Hoje, é
a Sessão de Dissídio Individual, seja a 1 ou 2.

Será sorteado Ministro Relator, que exercerá o juízo de admissibilidade.

4.3. Ministro relator – Denegação - §3º do art. 894, CLT

O ministro relator, ao constatar que os embargos interpostos não atendem os pressupostos de


admissibilidade, pode denegar seguimento e não levar a julgamento.

Art. 894, §3º: O Ministro relator denegrá seguimento aos embargos:


I- Se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou com iterativa,
notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe
indicá-la;
II- Nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de
ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade.

§4º: Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8 dias.

Intempestivo é interposto fora do octídio legal. Deserção é quando não anexa a guia do
depósito recursal. E a irregularidade de representação se dá quando o advogado que assinou os
embargos não tem procuração nos autos, porque, no âmbito do TST, NÃO HÁ jus postulandi
das partes.

O relator, então, exerce juízo de admissibilidade e, em decisão MONOCRÁTICA, denega, se


for o caso, recurso de embargo. Ele, então, não será levado à SDI.

O §4º foi inserido em 2014 foi inserido pela lei 13.015. Este agravo não é o agravo de
instrumento. Este agravo é o agravo interno, regimental, dentro do TST. É somente porque o
processo que JÁ ESTÁ NO ÓRGÃO julgador, precisa ser submetido à SDI – no caso dos
agravos de instrumento, o processo não está no órgão julgador e interpõe-se recurso para que
suba e seja a ele submetido.

Uma vez que, quando o relator denega, o processo continua no TST pelos oito dias, o cabível
é o agravo regimental.

4.4. Publicação da ementa do acórdão

Aprovado pelo relator, ele fará o relatório e redige o seu voto. Em seguida, será marcada a
sessão de julgamento. A SDI se reúne e são colhidos os votos: primeiro o relator, depois os
demais.

Na sessão de julgamento as partes têm conhecimento do resultado, mas não há, ainda, o
acórdão. O acórdão será redigido pelo ministro relator ou por aquele que proferiu o voto
vencedor, se os demais não seguirem o relator.

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O advogado, de onde quer que seja, será intimado do acórdão, que é publicado no Diário
Oficial da União. É importante lembrar que os acórdãos não são publicados na íntegra, somente
publica-se a ementa, seu resumo.

Com a decisão do recurso de embargos em mãos, insatisfeito, como poderá contestar essa
decisão? No âmbito da Justiça do Trabalho, já foram exauridas todas as instâncias: varas, TRT,
TST. Mas é cabível, no processo trabalhista, o recurso extraordinário.

Não cabe no processo trabalhista o recurso especial, que é interposto e julgado no STJ,
pois, no lugar deste, temos o recurso de revista e o recurso de embargos, julgados pelo TST. O
STJ NÃO ATUA NO PROCESSO TRABALHISTA.

O extraordinário, entretanto, é cabível, haja vista ser de natureza constitucional e não


trabalhista.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO – art. 102, III, CF e art. 1.029 e 1041, CPC.

1. Definição

De natureza constitucional, o seu objetivo é reformar decisões que estejam violando a


constituição federal. No âmbito trabalhista, o recurso extraordinário é o recurso cabível para
reformar decisões de única ou última instância que estão ferindo a Carta Magna.

2. Cabimento

Contra decisões de última ou única instância que ferem a constituição.

É preciso, portanto, caminhar até o TST para ter uma decisão de última instância na área
trabalhista para dela poder interpor o recurso extraordinário.

Uma sentença de primeiro grau não pode ser objeto de recurso extraordinário. Deve-se,
primeiro, entrar com o recurso ordinário, alegando que ela fere a constituição. Se, perdido o
ordinário, também não será possível entrar com o extraordinário desde logo, sendo preciso que
se entre com o recurso de revista primeiro e, em seguida, os embargos de declaração. Somente
após tudo isso o recurso extraordinário será cabível.

“Decisão de única instância”, na área trabalhista, é a sentença que julga os processos sob o rito
sumário. Não está na CLT e sim previsto na lei 5.084/60, cabível quando o valor da causa é de
até 2 SM e cuja sentença é irrecorrível, dela cabendo, apenas, recurso extraordinário. Se ferir a
constituição federal, pode-se entrar com recurso extraordinário.

O recurso extraordinário está regulamentado ou disciplinado no Código de Processo Civil, nos


arts. 1029 a 1.041.

3. Efeito

Como todo recurso trabalhista, o recurso extraordinário tem efeito meramente devolutivo. Ou
seja, não suspende a execução do julgamento: o julgado poderá ser executado.

Não tem efeito suspensivo, tal qual os recursos trabalhistas.

4. Pressupostos de admissibilidade

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4.1. Interesse em recorrer

O interesse em recorrer surge com a derrota no recurso de embargos. Aquele que venceu não
tem legitimidade para tanto.

4.2. Tempestividade

Deve-se protocolar no juízo a quo no prazo de 15 dias. Não é o octídio porque não é recurso
trabalhista.

4.3. Preparo – Depósito recursal

Reitero: recurso extraordinário não é recurso trabalhista. É recurso de natureza constitucional,


não havendo disciplina na CLT e sim no CPC e na CF. Mas, ainda assim, o depósito recursal é
exigido, pois a CLT estabelece que é preciso depósito recursal em todo recurso trabalhista e,
inclusive, no recurso extraordinário.

Pode-se pensar que não há sentido na CLT exigir o depósito para um recurso extraordinário,
mas o objetivo do depósito é justamente evitar recursos meramente procrastinatórios. Então há
razão para a exigência feita na Consolidação.

O teto é o mesmo do recurso de embargos e do recurso de revista. Só quem é obrigado a fazer


depósito é o reclamado, se houver condenação em pecúnia. Além do mais, se a obrigação for de
pagar e os depósitos já realizados atingem o valor da condenação atualizado – não aquele que
está na sentença, pois já deve ter passado muito tempo –, não é preciso fazer o depósito. O que
está depositado já é suficiente para cumprir a condenação, haja vista que a natureza jurídica do
depósito é garantia do juízo e, este já estando garantido, não há motivo de ser feito novo
depósito.

O recurso extraordinário é dirigido ao presidente do TST que examinará o recurso, analisará a


presença dos pressupostos de admissibilidade e, se for o caso, remeter os autos ao Supremo
Tribunal Federal. É ele quem julga o recurso extraordinário. Daí porque o STF, tribunal máximo
do país, é conhecido como órgão guardião da CF, haja vista que realiza julga ADIs, fazendo
controle de constitucionalidade difuso e concentrado, mas julga, também, decisões que estão
ferindo a constituição federal.

5. Pré-questionamento e repercussão geral (art. 896-A, CLT)

Do mesmo modo que já se sabe que não se pode levar a um tribunal superior uma matéria
nova, que não tenha sido anteriormente arguida, aqui também não é possível. Logo, se nunca se
falou na constituição, não é possível, agora, para interpor recurso extraordinário, alegar que a
decisão a feriu.

O que for levado ao STF tem que estar pré-questionado nos autos. A matéria sobre a qual
deseja-se que o STF se pronuncie tem que ter tido apreciação pelas instâncias anteriores. Caso
contrário, o que se pode fazer é, do acórdão, interpor o recurso de embargos de declaração,
através do qual o órgão inferior(?) vai se posicionar sobre a matéria. Será estudado na próxima
aula.

Na peça recursal, nas razões, o recorrente deve demonstrar que a matéria daquele processo
tem repercussão geral, ou seja, interesse para além das partes, para a sociedade, para a
econômia, para a política ou ordem jurídica do país.

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Como visto em recurso de revista, a matéria precisa, para ele, ter transcendência para ser
julgada, o que foi inserido na CLT em 2001. Mas o art. não foi aplicado, por conta de várias
razões, dentre elas a repulsa desde o nome “transcendência” – pois os doutrinadores dizem que
esse nome nunca foi usado nas ciências juíridicas, sendo cabível para as teológicas – até o
objetivo, então não havia porque “travá-lo” com esse requisito. Portanto, até o ano passado, era
letra morta na CLT.

Mas a reforma trabalhista disciplinou a transcendência, alegando quais os critérios para a


matéria ser transcendente dizendo que o ministro relator poderá negar seguimento ao recurso de
revista se entender que a matéria não a tem. A transcendência na CLT inspirou-se na
repercussão geral do recurso extraordinário, conforme mudança no art. 896-A.

O recurso extraordinário só será julgado no STF se a matéria do processo tiver repercussão


geral. Ele será julgado por uma das turmas do Supremo e, depois disso, não há mais o que fazer.
A única coisa que se pode fazer sobre o acórdão é interpor embargos de declaração para
esclarecer uma controversia ou obscuridade.

Os embargos de declaração são cabíveis em decisões judiciais para esclarescê-las e sanar


obscuridades, ou omissões.

AULA DE 14/05

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – art. 897-A, CLT

1. Definição e cabimento

Está dentre os recursos mencionados na própria CLT. Já falamos sobre ele algumas vezes, por
exemplo, quando tratamos de recurso de revista, pois a matéria deveria estar prequestionada nos
autos, e, para tanto, a parte poderia opor embargos de declaração, que é uma espécie de recurso.
É, contudo, uma espécie de recurso diferente.

Já falamos que recurso é o instrumento processual cabível para a parte que perdeu, o 3º
prejudicado ou o MP, inconformado, devolver a matéria para ser julgada novamente pela
instância superior. Mas os embargos de declaração não se adequam a esta definição de recurso,
visto que os embargos de declaração não têm por objetivo reformar o julgado por uma instância
superior. Tanto é que, para opor os embargos de declaração, não é preciso que a parte tenha tido
prejuízo na sentença e seja sucumbente, ou meramente inconformado. A parte vencedora tem
legitimidade, também, para opor embargos de declaração.

1.1. Sanar omissão, obscuridade ou contradição

Os embargos de declaração têm por objetivo sanar uma omissão, contradição ou obscuridade,
e não reformar o julgado. Exemplo: o empregado pede horas extras, alegando que fazia 4h
extras por dia. A sentença reconheceu o direito a hora extra, mas não disse quantas, nem por dia,
nem mês... Foi, portanto, obscura, precisando ser complementada. Ainda que o empregado seja
vencedor, será legítimo para opor embargos de declaração e sanar esta omissão na sentença ou
no acórdão.

A sentença pode, também, estar contraditória, dizendo algo em uma frase e outro, em sentido
contrário, na outra. O vencedor também terá legitimidade para opor embargos de declaração.

1.2. Corrirgir manifesto equívoco do exame dos pressupostos extínsecos do recurso

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Quando se faz o recurso ordinário, o juiz analisa os pressupostos extrínsecos e o tribunal
reanalisa, exercendo o segundo juízo de admissibilidade e pode, por exemplo, proferir acórdão
declarando que não reconhece o recurso por ser intempestivo. Entretanto, se o desembargador
contou o prazo em dias corridos, e não úteis, e por isso acabou reconhecendo, há um manifesto
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. E os embargos de declaração é que
servem para perdir o conserto deste equívoco.

1.3. Prequestionar explicitamente a matéria

Também serve para que a parte que queira recorrer para tribunais superiores requeiram ao
tribunal a quo que se manifeste expressamente sobre tal matéria que ele levará ao tribunal de
instância superior.

Isto foi dito quando tratamos de recurso de revista: não se pode inserir matéria nova, ou
pedido novo, sem que este tenha sido apreciado pelas instâncias ordinárias. Se desejar alegar um
argumento novo, é preciso provocar o tribunal a quo, inferior, para que ele se pronuncie sobre a
matéria ou sobre aquele argumento. Isto é prequestionar a matéria.

A matéria que vai subir para o tribunal superior tem que estar prequestionada; se não estiver,
entra-se com embargos de declaração no tribunal a quo para que ele se pronuncie sobre a
matéria.

Portanto, os embargos de declaração não tem por objetivo reformar o julgado.

É tão diferente dos demais recursos que quem o julga é o próprio juízo que prolatou a decisão.
Não é o juízo ad quem, superior. Isto porque quem deve sanar a omissão, complementar a
sentença ou consetá-la é quem a proferiu. A decisão dos embargos de declaração se soma a
sentença já proferida; enquanto a dos demais recursos substitui a sentença do juízo a quo.

2. Objeto
2.1. Sentença ou acórdão
2.2. Decisão monocrática do TST

Cabe para ambos.

3. Natureza jurídica

A natureza dos embargos de declaração é discutível. Há quem diga que, na sua essência, os
embargos de declaração não são recursos porque não têm por objetivo reformar a decisão e
porque quem o julga é o juízo que proferiu a decisão embargada. Alguns doutrinadores dizem
que, na verdade, trata-se de um incidente processual e não de um recurso.

É o que a doutrina diz: não é recurso, na sua essência, embora esteja na CLT como tal. Tanto
não é recurso que não tem preparo. Não preciso pagar nada. Tanto não é recurso que não exige
contrarrazões.

Contrarrazões são exercícios de contraditório e ampla defesa. Nos embargos de declaração


não se exige contrarrazões porque não tem por objetivo modificar o julgado. Todavia, há
embargos que podem ter efeitos infringentes ou modificativos.

4. Efeito

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4.1. Infringentes ou modificativos

Os embargos de declaração não têm por objetivo modificar o julgado. Mas, por vezes, ao
esclarescer uma contradição, p.ex., podem resultar na alteração do julgado. E se o juiz, ao
receber os embargos, verificar que o embargante PEDIU que seja dado efeito modificativo ou
infringente, verifica que o julgamento dos embargos de declaração poderá modificar a decisão,
deverá dar a oportunidade da parte contrária apresentar as contrarrazões.

Via de regra, embargos de declaração NÃO TÊM efeitos infringentes ou modificativos, e não
é preciso apresentar as contrarrazões. No entanto, se os embargos de declaração puderem
acarretar efeitos modificativos ou infringentes, deverá o juiz assegurar o direito do contraditório
e ampla defesa, intimando a parte contrária para apresentar suas contrarrazões.

4.2. Interrupção dos prazos para interpor recursos

Este efeito é muito importante. Suponhamos um exemplo: a sentença assegurou ao empregado


horas extras. Na reclamação, pediu 4h por dia. A sentença foi favorável e julgou procedente sua
ação, porém condenou a empresa a pagar horas extras, mas não disse quanto. Como já foi dito,
tanto empregado como empregador têm legitimidade para interpor embargos de declaração. A
sentença foi dada em 14 de maio e a empresa, perdedora, quer entrar com recurso ordinário.

No entanto, em razão do princípio da UNICIDADE RECURSAL, só se pode entrar com um


recurso de cada vez. Primeiro, deve-se entrar com os embargos de declaração, de modo que a
sentença fique mais clara e livre de vícios. É preciso que a sentença esteja pronta para que se
entre com o recurso ordinário.

5. Prazo

O prazo dos embargos é diferente dos demais recursos. O prazo é de 5 dias, e a justificativa é:
é um recurso muito simples, que não precisa de preparo, nem de depósito, nem de razões
recursais. Numa petição própria e única, a parte expõe ao juiz sobre o que é o embargo (o que
quer que ele esclareça, por exemplo).

Discutiu-se, até, se a Fazenda Pública teria prazo em dobro, já que, na essência, não se trata de
um recurso. A discussão já foi superada, e entende-se que: A Fazenda Pública TEM prazo em
dobro, 10 dias, para fazer seus embargos de declaração.

Ao entrar com os embargos de declaração, interrompe-se o prazo que já estava correndo do


recurso ordinário, não apenas para o embargante, e sim para ambas as partes. Os prazos
correm simultâneamente até que a parte entre com embargos de declaração. Se ninguém entrar,
passados os 5 dias, o perdedor terá mais 3 dias, apenas, para entrar com o RO.

Somente quando sair a decisão dos embargos é que começa-se a contar novamente os 8 dias
para a interposição do recurso ordinário. A interrupção devolve INTEGRALMENTE o prazo
para interposição do recurso principal.

É importante que se saiba que, antes, os embargos de declaração suspendiam o prazor


recursal. A lei mudou para INTERRUPÇÃO (antes da reforma trabalhista). Quando
suspendia, após a análise dos embargos de declaração e sair a decisão, o perdedor teria somente
os dias que restassem para entrar.

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Agora, saída a decisão, terá NOVO PRAZO DE 8 DIAS PARA INTERPOSIÇÃO DO RO,
integralmente.

Uma técnica para lembrar: interrupção começa com vogal, assim como embargos.

6. Embargos de declaração protelatórios

Os embargos de declaração podem protelar o feito, na medida em que devolve integralmente o


prazo para recorrer. Contudo, se o juiz ou tribunal verificar que os embargos de declaração
interpostos têm intuito meramente protelatório, o CPC diz que aplica-se uma multa a parte que
interpor recurso de embargos de declaração com efeito meramente declaratório de 2% do valor
da causa. Isto se aplica ao processo do trabalho.

Logo, cabe multa se a parte interpõe embargos de declaração com objetivo meramente
protelatório.

A multa é prevista no art. 1026 do CPC, com os dizeres:

Art. 1026 (CPC): Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o
prazo para interposição do recurso.
§2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em
decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a
dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

7. Erros materiais

Se uma sentença ou acórdão contiver erro material, erro de digitação, não é preciso que seja
feito embargo de declaração para que haja correção deste erro material.

O erro material da sentença pode ser corrigido pelo juiz de ofício ou a requerimento das
partes. A parte pode fazê-lo com simples petição nos autos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO – art. 897, “b”, CLT

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de


recursos.

§ 1º - O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar,


justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata
da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.

§ 2º - O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo


de petição não suspende a execução da sentença.

§ 3o Na hipótese da alínea a deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio tribunal,
presidido pela autoridade recorrida, salvo se se tratar de decisão de Juiz do Trabalho
de 1ª Instância ou de Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das
Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da sentença,
observado o disposto no art. 679, a quem este remeterá as peças necessárias para o

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exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos próprios autos, se tiver
sido determinada a extração de carta de sentença..

§ 4º - Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que
seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.

§ 5o Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento


do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso
denegado, instruindo a petição de interposição:

I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva


intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado,
da petição inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente
ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e
do depósito recursal a que se refere o § 7o do art. 899 desta Consolidação;

II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da


matéria de mérito controvertida.

§ 6o O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal,


instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os
recursos.

§ 7o Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal,


observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso.

§ 8o Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz


da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão
autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3o, parte final, e remetidas à instância
superior para apreciação, após contraminuta.

1. Definição e objetivo

Lembrando que o art. 897 da CLT tem duas alíneas: a “a” que trata de recurso de agravo de
petição e na “b” de recurso de agravo de instrumento. O de petição é cabível na fase de
execução, razão pela qual só se falará nele adiante. Cuidado para não confundir: não é o art.
897-b, é o 897 alínea b.

No processo civil, sempre foi o recurso cabível das decisões interlocutórias. Mas as decisões
interlocutórias, no processo trabalhista, são irrecorríveis. Hoje, o NCPC delimitou a
possibilidade do agravo de instrumento, dizendo quais são as decisões interlocutórias que
ensejam o agravo de instrumento.

Mas no processo trabalhista o agravo de instrumento só é cabível das decisões que negam
seguimento aos recursos.

O agravo de instrumento, portanto, tem por objetivo destrancar os recursos. Quando o


recurso é interposto, quem proferiu a decisão faz o primeiro juizo de admissibilidade, podendo
negar seguimento ao recurso ordinário. Da decisão que nega seguimento ao recurso, cabe
agravo de instrumento. Daí porque a doutrina dizer que o agravo de instrumento do processo
trabalhista tem por objetivo destrancar os recursos na medida em que vai buscar reforma da
decisão que nega seguimento ao recurso.

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O agravo de instrumento tem esse nome (“de instrumento”) porque, diferentemente dos outros
recursos, forma um instrumento a parte do processo, enquanto os demais são feitos por mera
petição nos autos. O agravo de instrumento gera autos apartados, ou seja, um instrumento
apartado. Daí o nome. É atribuição do agravante formar o instrumento.

Haverá, desta forma, um processo paralelo ao principal. O agravante tem a


responsabilidade de transladar as peças dos autos principais para formar o instrumento, tirando
cópia e anexando a sua petição de agravo.

2. Formação do instrumento

2.1. Peças obrigatórias (inciso I, §5º)

A petição de agravo tem a petição de encaminhamento, as razões (ou minuta), e tem as peças
que foram tiradas cópias e ajuntadas. O advogado deverá, na petição, dizer expressamente que
se responsabiliza pela autenticidade das cópias, assim não é preciso autentar as cópias em
cartório. No processo eletrônico, quando é feito o agravo, há opção de juntar todo o processo.
No físico, tem que tirar os autos e fazer as cópias das peças que TEM que ser juntadas.

A CLT fala em peças obrigatórias, as quais não se pode deixar de juntar. São elas:

1) A decisão agravada: a que diz “nego seguimento ao recurso”;


2) A certidão de intimação da decisão agravada: é preciso que se coloque no instrumento a
data da decisão agravada para que o tribunal, ao julgar seu instrumento, veja se ocorreu
intempestividade – o AdI deve ser interposto em 8 dias;
3) O recurso denegado: uma cópia do recurso e das guias de preparo, além da cópia da
intimação da sentença, para que se veja se o recurso ordinário estava tempestivo;
4) Contrarrazões do recurso denegado: a petição inicial, a contestação e a sentença.

Ou seja, é melhor juntar logo o processo todo, para evitar que falte alguma parte obrigatória
ou alguma facultativa que seja importante para o julgamento do tribunal.

2.2. Peças facultativas (inciso II, §5º)

Facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de
mérito controvertida.

3. Prazo e preparo

O agravo de instrumento também não tinha preparo, mas depois passou-se a exigir o depósito
recursal, que é obrigado para o reclamado, que tem que depositar para poder fazê-lo.

O entendimento da maioria é que o depósito recursal é para evitar recursos meramente


protelatórios. Por isso, exige-se o depósito.

O depósito que deve ser feito é de 50% do teto do recurso denegado, qualquer que seja ele.

Se o agravo for negado, ele tem direito de receber de volta o depósito.

4. Processamento
4.1. Juízo receptor

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O traslado das peças feito, com as cópias, recebe-se capa e nº. O juiz que o recebe é o juiz a
quo, que negou seguimento ao recurso. O juiz que recebe, então, é quem prolatou a decisão
agravada. E chama a parte contrarária para que faça as contrarrazões ou contraminuta.

4.2. Contrarrazões e contraminuta

No agravo, normalmente, as razões chamam-se de minuta e as contrarrazões de contraminuta.


A parte contrária deve ser intimada para apresentar a contraminuta no prazo de 8 dias.

4.3. Juízo de retratação

O juízo a quo pode se retratar, dizendo, por exemplo, que contou errado o prazo e por isso
denegou o recurso anterior, dando seguimento a ele.

4.4. Remessa ao órgão julgador

Se o juízo a quo não se retrata, o agravo sobe para o órgão julgador. O órgão julgador é o
mesmo que julgaria o recurso denegado.

Se o recurso denegado for o RO, o agravo sobe para o TRT; se for o recurso de revista, sobe
para o TST. Daí porque o agravo deve ser devidamente instruído, inclusive com as
contrarrazões do recurso denegado, já que se o agravo for provido, aceito, o órgão já julgará o
recurso denegado.

4.5. Julgamento

Se o agravo não for provido e for dada razão a quem denegou o recurso, desta decisão
NÃO CABERÁ RECURSO. A sentença/acórdão transitará em julgado.

Se for aceito, o órgão julgará o recurso outrora denegado.

RECURSO ADESIVO – S. 283, TST

Não é, na verdade, uma espécie de recurso. É uma forma de se recorrer. E, durante muito
tempo, entendeu-se que não era compatível com o processo trabalhista, pois a CLT não fala
nele, somente o CPC.

1. Cabimento

Nos livros pode-se ver que o recurso adesivo ocorre quando uma parte adere ao recurso da
parte contrária. O recurso adesivo só cabe quando houver sucumbência recíproca. Ou seja,
quando AMBAS as partes têm legitimidade e interesse para recorrer, independentemente. Mas
só uma recorreu.

A parte que não recorreu pode, depois, aderir ao recurso da outra mas com a parte que ela
perdeu.

Um exemplo: Suponha-se que na reclamação trabalhista, o empregado tenha pedido: 1) férias,


2) 13º e 3) hora extra. Na sentença, deu-se a ele direito às férias e ao 13º, mas não as horas
extras. Houve, então, sucumbência recíproca: o empregado as horas extras, a empresa perdeu as
férias e o 13º.

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A partir do dia em que sai a sentença, ambas as partes poderiam entrar com recurso ordinário
da sentença, fazendo cada qual seu RO, que seriam distribuídos para a mesma turma, dando um
único acórdão, julgando ambos RO. O empregado decide que se satisfez com as férias e 13º,
preferindo não recorrer e que a sentença transite em julgado para que ele possa executá-la. Mas
a empresa fez o RO no prazo tempestivo.

Quando o advogado do empregado recebe a notificação para apresentar as contrarrazões do


RO da empresa, já que já há o recurso no tribunal, ele pode apresentar as contrarrazões e,
também, fazer um recurso adesivo ao RO da empresa. Adere a este.

Evidentemente, o recurso do empregado vai versar sobre hora extra, enquanto o da empresa,
sobre férias e 13º. Mas é adesivo, não independente, pois já se passou os 8 dias para o
empregado ou empregador interporem recurso independentes – tanto o empregado como o
empregador podem, também, interpor o adesivo ao do outro.

No prazo para entrar com as contrarrazões, o interessado faz, também, o recurso adesivo. O
recurso adesivo deve observar os mesmos pressupostos legais como se o recurso fosse
independente.

O depósito deve ser feito da mesma forma, como se fosse recurso independente. Vai fazer
razões recursais, anexar vias de preparo, dar entrada na vara... O juízo pegará o recurso adesivo
e assegurará o contraditório e a ampla defesa, notificando o recorrido para apresentar as
contrarrazões do recurso adesivo.

 Lembrando que: RECLAMANTE NUNCA FAZ DEPÓSITO RECURSAL! Nem aqui.

2. Processamento e julgamento

Com ou sem as contrarrazões, o recurso sobe para o tribunal. Os autos sobem. Será sorteada a
turma, o relator, o revisor... e eles julgarão os dois recursos ao mesmo tempo, como se fossem
independentes.

A única diferença é que se o recurso ao qual adere o recurso adesivo não for conhecido, seja
por estar intempestivo, deserto, ou porque o advogado que assinou não tem petição nos autos, o
recurso adesivo não será, também, julgado.

Se ele estava aderindo a um recurso eivado de vício e que não será julgado, ele também não
será. O recurso adesivo tem a mesma sorte do recurso principal. E é somente quanto ao
CONHECIMENTO que esse jargão trata. Não diz respeito ao provimento, muito cuidado!

Súmula 283 do Tribunal Superior do Trabalho


O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 dias, nas
hipóteses de interposição do recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos,
sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso
interposto pela parte contrária.

São 8 dias que começam a contar da data em que a parte for intimada para apresentar as
contrarrazões do RO (recurso interposto pela outra parte). Nesses 8 dias, ele apresenta as
contrarrazões e o recurso ordinário.

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O agravo de instrumento é cabível para os seguintes recursos:

1) Ordinário;
2) De revista;
3) De embargos (não os de declaração, mas o próprio recurso de embargos
4) E agravo de petição.

Não precisam tratar da mesma matéria, como bem exposto no exemplo.

O recurso adesivo ao qual a parte adere DA PARTE CONTRÁRIA, e não de seu mesmo
recurso. É um erro que advogados cometem.

AULA DE 16/05

FASE DE EXECUÇÃO DO PROCESSO - LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA


(PREPARAÇÃO PARA A EXECUÇÃO)

A execução da sentença é muito importante pois de nada adianta ter uma sentença que lhe é
favorável sem, contudo, que ela se cumpra.

O novo código de processo civil fala em fase de cumprimento da sentença para diferenciar
uma execução que existia antes, chamada de execução de autos apartados. Agora, tanto no CPC
como no processo trabalhista, a execução é nos próprios autos. Não gera autos apartados.

Mas o processo trabalhista continua falando em execução da sentença, que é feita nos próprios
autos.

Quando estudamos sentença, vimos que a maioria das sentenças trabalhistas é de obrigação de
pagar. Entretanto, existem sentenças que têm obrigação de fazer ou não fazer, mas a maioria é
de pagar. As sentenças em obrigações de pagar podem, ainda, ser líquidas ou ilíquidas, sendo
estas as que têm os itens da condenação, mas não tem o montante.

Para poder executar a sentença, é preciso que ela seja previamente liquidada. Daí porque,
antes de entrar na execução, é necessário aprender a fase preparatória da execução, caso a
sentença seja ilíquida.

Lembrando que quando a doutrina fala em sentença, fala em sentido amplo, incluindo o
acórdão. O acórdão também pode ser executado, após o seu trânsito sem julgado. Se for
ilíquido, também deve ser feita a liquidação.

Liquidar é apurar o montante da condenação.

1. Formas de liquidação

A CLT fala em três tipos de forma de liquidar o julgado. O juiz é quem definirá qual das três
formas será aplicada em cada processo.

1.1. Por cálculos do contador

É cabível quando já existem nos autos os elementos de cáculo, ou seja, quando não é preciso
que as partes os levem. Assim, basta que o juiz mande ao contador da justiça, para que ele
elabore a conta mediante operações aritméticas (soma, divisão ou multiplicação).

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Ex: o juiz condenou a empresa a pagar as horas extras trabalhadas, duas por dia, de 2015 até a
data que ele foi demitido, em dez. 2017. Se já estão nos autos as folhas de pagamento, onde
conte os salários que ele ganhava mês a mês, o juiz remete à contadoria da Justiça para que ela
faça o cálculo de duas horas extras por dia/mês. Já está nos autos quanto ele ganhava em cada
mês, bastando-se calcular a hora normal e as horas extras em cima destas.

A conta deve ser feita sempre com os valores da época e serem corrigidos monetariamente até
a data da conta, e acrescido juros de mora. A contadoria da justiça, então, apurará tudo isso para
fazer o valor da condenação.

1.2. Por artigos de liquidação

Todavia, há processos em que os elementos de cálculo não constam nos autos.

Neste mesmo exemplo, em que o reclamante teve uma sentença favorável a ele transitada em
julgado lhe dando duas horas extras por dia de jan. 2015 a dez. 2017., data em que foi demitido.
Suponhamos que não constem nos autos as vias de pagamento e nem os contracheques dele, ou
seja, não há nos autos os elementos de cálculo, e não adianta mandar para a contadoria, porque
ela não tem os valores para apurar a condenação.

O juiz, então, determina que a liquidação do julgado seja feita por artigos apresentados pelas
partes. O nome é “artigo” porque as partes apresentam item por item da condenação. Via de
regra, a primeira parte a ser intimada para apresentar os art. é o credor, ou seja, o reclamante que
ganhou a ação. Ele elaborará demonstrativo de cálculo, ítem por ítem da condenação com
valores históricos (valores históricos são os valores ao tempo do fato) e sobre eles os índices de
correção monetária e juros de mora, para que se chegue ao valor da condenação.

Normalmente, o juiz determina o prazo de 15 dias para o reclamante apresentar os artigos de


liquidação em forma de petição nos autos. Muitas vezes é preciso contratar um contador, porque
o advogado não sabe fazer o cálculo.

Este prazo para o credor, todavia, não é prazo preclusivo. O reclamante pode pedir sua
prorrogação, haja vista depender de contador, ou porque precisa procurar seu contra-cheque
para ver quanto ganhava... Se o reclamante não tiver seu contra-cheque mas a empresa tiver em
seu sistema, poderá pedir ao juiz para que intime a empresa para apresentar os elementos de
cálculo para que possa fazê-lo, ou seja, mostrar as folhas de pagamento.

Se o reclamante não apresentar os artigos não apresenta e não dá satisfação sobre, há impulso
oficial, e o juiz intima o reclamado para que apresente seus artigos de liquidação.

Quem tem que apresentar os artigos é o reclamante, mas, se este não o fizer, é dada
oportunidade para que o reclamado o faça.

Artigos de liquidação é fazer o cálculo, liquidar, apurar o montante da condenação.

Caso o reclamante os apresente normalmente, o juiz assegurará o contraditório do devedor,


intimando-o para, querendo, no prazo de 15 dias, impugnar os artigos de liquidação. Nesta
impugnação, o devedor deverá apresentar novo cálculo, não bastando fazer impugnação
genérica. O prazo para o devedor/reclamado é preclusivo. Não impugnando, o juiz entenderá
que ele concordou com o que foi apresentado pelo credor/exequente/reclamante.

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A contadoria é órgão de apoio do juiz.

1.3. Por arbitramento

Cabível quando não há nos autos os elementos de cálculo e nem as partes os têm. É preciso
que alguém atribuia algum valor, ou seja, alguém com conhecimento mais vasto que o contador
da Justiça.

Ex: o reclamante era soldador, venceu, mas a sentença foi recorrida tanto quanto pôde e isto
levou muitos anos, até que ele faleceu. Transitada em julgado a sentença, os filhos não têm seu
contracheque e nem sabe quanto ele ganhava na época (o processo foi a respeito de um fato na
década de 90). Por isso, não podem fazer os artigos de liquidação. A empresa acabou.

O juiz, então, designará um perito para atribuir valores ao salário dele ao tempo do fato. Pelo
seu conhecimento, o perito/árbitro fara a conta da liquidação do julgado.

A mais comum é a liquidação por artigos. A mais simples, a por contador da justiça. A mais
rara, por arbitramento.

2. Abrangência da liquidação

2.1. Itens da condenação

Quando for feito o artigo de liquidação ou quando o contador da justiça for elaborar a conta,
deve-se atentar que na conta, na liquidação, tem que constar os itens da liquidação: principal e
sucumbencial.

2.1.1. Principal

O principal é o que o cliente ganhou. Ex: hora extra, do período a tanto, com acréscimo de
tanto. Vai-se esmiuçar o objeto da liquidação para fazer o demonstrativo de cálculo.

2.1.2. Sucumbencial

No cálculo também devem constar os ônus sucumbenciais. Isto porque o juiz condena as
partes a pagar perícia, honorários advocatícios, custas processuais, em valor, ou porcentagem.

Estes também devem ser apontados para a feitura do cálculo.

Lembrando que os valores devem ser históricos, sob os quais incidirão a correção monetária
até a data da realização do arbitramento ou da realização dos artigos.

2.2. Juros e correção monterária (art. 879, §7º da CLT [RT])

A reforma trabalhista acrescentou o §7º ao único art. da CLT que trata da liquidação da
sentença, dizendo que:

Art. 879, §7º: A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela
Taxa Referencial (TR), divulgada pelo BACEN, conforme a Lei nº 8.177 de 1º de março de
1991 (lei do Plano Real).

50
A TR é o índice de correção monetária dos valores quando forem ser liquidados. Antes da
reforma era pelo IPCR.

Além do mais, corrigir, apenas, não é nenhuma penalidade. Mas sobre os valores apurados
também devem ser feitos JUROS DE MORA, que são computados mês a mês desde a data da
distribuição do ação. Os juros devem incidir sobre os valores já atualizados.

Enquanto a correção monetária incide da data devida até a data da conta, os juros de mora
incidem da data da distribuição até a data da conta. Primeiro, a correção monetária. Depois os
juros.

2.3. Contribuição previdenciária

Deve-se verificar quais item da condenação deveriam ter tido contribuição previdenciária para
descontar e cobrar da empresa, recolhendo o INSS.

É importante saber que a contribuição previdenciária incide sobre as verbas da condenação de


natureza remuneratória, as de natureza indenizatória não recebem incidência da contribuição
previdenciária.

Ex: Se o cliente ganhou indenização por danos morais, sobre ela não incide INSS. Se ganhou
indenização de férias em dobro, não incide. Isso é penalidade; somente se fosse os valores das
férias normais incidiria.

2.4. Descontos obrigatórios

Na conta também deve constar o que vai ser descontado a título de imposto de renda.

3. Elaboração da carta -> Prazo para impugnação (art. 879, §2º [RT])

Elaborada a conta, definida, o juiz dará vistas às partes para que, no prazo comum de 8 dias,
querendo, elas impugnarem a conta, sob pena de preclusão.

A novidade da reforma trabalhista é que, antes, o juiz poderia dar um prazo para as partes
impugnarem. Agora, o §2º diz:

Art. 879, §2º: Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes [credor e
deveror/exequente e executado] prazo comum de 8 dias para impugnação fundamentada com a
indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.

O juiz vai dar prazo para as partes irem até lá e tirar cópia da conta para, querendo, impugnar,
e elaborar novo cálculo, dizendo do que discorda. É vedada a impugnação expressa. Se não
contestar, não será mais possível discutir valores na fase de execução pois preclui, conforme o
§2º agora diz taxativamente.

Também há prazo para a União impugnar, porque a conta abrange as contribuições


previdenciárias. Isto porque CF disse que a JT tem competência, de ofício, para executar as
contribuições previdenciárias do seu próprio julgado, e a CLT inseriu no art. 879, §3º, com a
seguinte redação:

Art. 879, §3º: Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o
juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 dias, sob pena de

51
preclusão.

Isto não é novidade da reforma trabalhista. A união será intimada para verificar se a
contribuição previdenciária foi calculada corretamente. IMPORTANTE: A união NÃO TEM
prazo em dobro, ela tem DEZ DIAS, explicitamente apontados no §.

Se o INSS é uma autarquia federal que tem personalidade própria, por que a CLT fala na
União? Porque as cobranças previdenciárias são competências da receita federal geral, que é
representada pela União Federal. Ou seja, quem faz essa cobrança da contribuição
previdenciária é a Procuradoria da Fazenda Nacional e não a do INSS. Embora haja uma
portaria que atribui a competência para atuar nos processos trabalhistas à PRF – Procuradoria
Regional Federal, que representa o INSS.

Enfim, elaborada a conta, há prazo para impugnação e, se não o fizer, há preclusão.

4. Sentença de liquidação – Natureza Jurídica

O juiz deve homologar a conta, havendo o que se chama de Sentença de Liquidação. O termo
sentença, entretanto, não é utilizado aqui de forma tecnicamente correta. Na verdade, quando o
juiz homologa os cálculos, ele dá uma decisão homologatória que, a rigor, não é sentença.

Sentença é toda decisão que põe fim a fase do processo. E a liquidação não é vista como uma
fase própria do processo – há conhecimento e execução. A “fase” de liquidação é preparatória
da execução.

Na verdade, a natureza jurídica desta decisão é interlocutória, no curso do processo, em que o


juiz homologa “cálculos de folhas tais”. É uma decisão homologatória dos cálculos de
liquidação, tanto é que desta decisão não cabe recurso, de acordo com sua natureza
interlocutória.

O TST, na súmula 399, diz que cabe rescisória se a sentença de homologação dos cálculos
repercutir no mérito do processo, o que é muito raro.

 Às vezes a liquidação depende de interpretação do juiz, e o contador manda de volta para


ele, para que seja analisado algum art. que interfere na conta.

Quando o juiz dá a sentença de liquidação, começa a execução, pois já existe seu valor.
Embora a sentença de liquidação (ou decisão homologatória dos cálculos) tenha homologado o
cálculo da conta elaborada, por ex. há um mês, e a execução se processe, o credor tem direito de
receber toda a atualização até a data do pagamento. O valor não fica estagado: a correção se faz
até o dia da conta, mas o credor tem direito à diferença relativa a correção monetária até a data
que ele receber o dinheiro. Por isso que o dinheiro depositado em juízo está em uma espécie de
“poupança forçada”, onde correm os juros e a correção monetária.

A fase de liquidação está no art. 897.

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE (art. 11-A da CLT [RT])

A prescrição no curso do processo é chamada de prescrição intercorrente. O instituto da


prescrição é preconizado em nosso ordenamento em razão do princípio da segurança jurídica.
Isso significa dizer que há perda do direito de ação pelo decurso de tempo.

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O prazo prescricional para o trabalhador ingressar em juízo é de 2 anos após a extinção do
contrato, qualquer que seja a razão. Existe, também, uma prescrição no curso do processo que
ocorre se a parte não impulsionar os autos, levando a extinção do processo.

Discutiu-se muito se esta prescrição no curso do processo, prevista no CPC, era compatível
com o processo trabalhista. [A profª entende que não é compatível em razão do princípio da
proteção ao trabalhador e do impulso oficial]. Todavia, a reforma trabalhista incluiu na CLT
o art. 11-A, dizendo que a prescrição intercorente APLICA-SE ao processo trabalhista.

Art. 11-A: Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de 2 anos.

§1º: A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de


cumprir determinação judicial no curso da execução.

§2º: A declaração da prescrição intercorrente pode ser requeria ou declarada de ofício em


qualquer grau de jurisdição.

O trabalhador tem 2 anos para ingressar em juízo e prescrição intercorrente tem o mesmo
prazo. Os § esclarescem quando há prescrição intercorrente.

O §1º diz que: A prescrição intercorrente pode ocorrer na fase de execução. Para que se
comece a contar o prazo, é preciso que o exequente seja intimado para apresentar um bem a
penhorar, por exemplo. Se ele ficou parado por 2 anos, o processo vai ser atingido pela
prescrição intercorrente. O prazo começa a contar da data da intimação.

O §2º diz que: a requerimento da parte ou de ofício, o juiz declara a prescrição e extingue o
processo.

 Não há, entretanto, prazo para que ele seja intimado. Porque prazos para a justiça
geralmente não são cumpridos em razão do volume de coisas.

Só se fala em prescrição intercorrente na fase de execução. Depois que o exequente é


notificado para cumprir uma determinação judicial e fica inerte. Passados dois anos, prescreve,
de ofício ou a requerimento da parte.

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