Você está na página 1de 16

1ª FASE PROCESSO CIVIL

AULA 03

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


◼ ELEMENTOS DA SENTENÇA
Regulamentação legal atual:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o
registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
1. RELATÓRIO: o relatório é a parte descritiva da sentença; nele há a história relevante do processo; a suma dos
pedidos; a suma dos incidentes processuais.
É a descrição daquilo que de importante ocorreu no processo, isto é, o resumo do pedido, da defesa, a notícia dos
principais incidentes do processo.
No Juizado Especial, o relatório é dispensável, sendo que nos demais procedimentos, apesar de sua imprescindibilidade
ser prevista no NCPC, sua ausência não tem gerado a invalidação da sentença.
2. FUNDAMENTAÇÃO: seu objeto são as questões incidentes, devendo constar na fundamentação todas as questões
relevantes para a solução do litígio. É uma imposição constitucional (art. 93, IX, CF).
É uma consequência da publicidade, bem como do contraditório. Contudo, mesmo que se não houvesse texto
expresso, a fundamentação seria consequência da publicidade e do contraditório. Sem fundamentação? Decisão NULA.
No direito italiano, decisão sem fundamentação é decisão inexistente, porém não é a tese que vinga no Brasil. No Brasil
é decisão que existe, mas é viciada. Na fundamentação é que está a racio decidente; é o precedente que produz uma
séria de efeitos (já examinados). OBS.: a coisa julgada não recai sobre a fundamentação.
Há duas funções a motivação, a saber:
1. Endoprocessual: serve para que as partes possam elaborar seus recursos e para que o tribunal possa manter ou
reformar a decisão; e
2. Extraprocessual: serve para dar publicidade ao exercício da função jurisdicional e para permitir o controle político
das decisões.
O CPC/2015 regulamenta o quê se deve entender por uma decisão não fundamentada:
Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
- se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida;
- empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
- invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
- não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador;
- se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
- deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a
existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
3. DISPOSITIVO: é a conclusão da decisão; é a norma jurídica individualizada; que pode torna-se indiscutível pela coisa
julgada material. Caso não haja dispositivo? Aí sim podemos falar que inexiste decisão.
Contudo, pode acontecer de o dispositivo de uma sentença conter várias decisões; quando isso acontece temos o
seguinte: embora formalmente seja única a sentença é constituída por várias decisões (substancialmente).
Formalmente vejo uma decisão, mas na verdade há mais de uma decisão, há mais de uma sentença. E quando isso
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
1
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

ocorre, fala-se que ela é um sentença OBJETIVAMENTE COMPLEXA. Embora uma só, contém várias decisões. Cada
uma dessas decisões contidas em uma sentença se chama CAPÍTULO DE SENTENÇA, configurando, assim, o que se
denomina unidade decisória da sentença.
Em suma, para cada pedido deve-se abrir um parágrafo na sentença. É mais técnico e mais seguro. Diante disso,
conclui-se que deve fazer uma fundamentação para cada capítulo. Muitas vezes o fundamento de um capítulo é
comum ao de outro; aí não é necessário reproduzir.
Assim, sugere-se que a fundamentação seja dividida em capítulos. Embora, ninguém faça isso na prática, deveria haver,
por exemplo, uma fundamentação para a fixação dos honorários. Quando a fundamentação for idêntica dizer “remeto
a fundamentação do pedido x, y, z”.

◼REQUISITOS OU ATRIBUTOS DA SENTENÇA


Os requisitos são atributos que uma sentença deve ter para ser válida. Todos os requisitos da sentença se resumem em
uma palavra, que é a congruência (perfeição da sentença). A congruência da sentença pode ser interna ou externa.
CONGRUÊNCIA EXTERNA DA SENTENÇA: sentença congruente é aquela que se encontra em conformidade com o que
foi pedido pelas partes. São vícios de congruência externa da sentença: a) citra petita (esquecer); b) ultra petita
(exagerar); e c) extra petita (inventar).
Sentença ultra petita:a sentença ultra petita é aquela em que o juiz ultrapassa o que se pede (ex: parte pede R$ 110 e
ele dá R$ 150). Neste caso, a sentença só é nula em relação ao excesso (ex: nula em relação aos RS 40).
Sentença extra petita:a sentença extra petita é aquele em que o juiz dá o que não se pediu, inventando um pedido (ex:
parte pede a anulação do contrato e o juiz dá uma resolução ao contrato).
Sentença citra petita: a sentença pode se omitir em relação: a) a fundamentação; b) ao dispositivo. Enfim, pode ser de
dois tipos, vejamos:
Em relação à FUNDAMENTAÇÃO RELEVANTE da decisão, o juiz deixa de examinar uma questão incidente relevante,
que poderia levá-lo a outra decisão. Neste caso a sentença é nula por vício de motivação. O juiz não é obrigado a
analisar todos os fundamentos da parte, salvo se for negar o pedido (violação ao contraditório).
Em relação ao DISPOSITIVO da decisão, o juiz deixa de examinar um pedido (questão principal). Em relação a este
pedido não examinado, a sentença é inexistente (não havendo decisão). Não existindo decisão, não há que se falar em
coisa julgada, podendo ser repetido o pedido em outro processo. Porém, se foi examinado com motivação nula, haverá
uma sentença ou decisão nula.
Aqui decisão não há, logo, não há que se falar em coisa julgada. Como falar em coisa de julgada de coisa que não foi
julgada? Então, o que fazer? Renova-se o pedido. O processo acabou? Não. Renova-se o pedido. O ideal é que em
embargos de declaração o juiz já se manifeste e resolva o problema. Caso contrário, renova-se o pedido. Não há
preclusão.
Não confundir a omissão em relação a uma decisão com a omissão em relação a um pedido, tendo em vista que os
efeitos são muito distintos.
CONGRUÊNCIA INTERNA DA SENTENÇA: a congruência interna significa que a sentença deve ser: certa, clara, coerente
e líquida.
Certa: significa que a sentença não pode trazer dúvidas (ex: somente poderá se condenar alguém se houver prova do
dano. Pode não saber o tamanho do dano, porém, deverá saber se houve ou não o dano).
Clara/inteligível/clareza: significa dizer que a sentença deve ser inteligível, bem escrita (compreendida); não basta ter
uma linguagem escorreita. É preciso, por exemplo, que a sentença não esteja borrada, amassada. Caso seja uma
sentença manuscrita que seja com letra legível. Outro caso: caso cite língua estrangeira traduza também. Enfim, para o
homem comum entender. A clareza é inclusive uma imposição do Princípio da Cooperação.
Coerência/Coerente: significa não haver contradições ou proposições contraditórias, cabendo embargos de declaração
contra sentença incoerente.
Líquida: é aquele que define de forma completa os elementos da norma jurídica individualizada. A sentença é líquida
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
2
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

se ela responde a cinco perguntas, quais sejam:


1. A dívida existe? 2. Quem deve? 3. A quem se deve? 4. O que se deve? 5. Quanto se deve?
Portanto, nem toda iliquidez se resume ao quantum da sentença. Há situações em que se permite uma decisão ilíquida,
quando o pedido do autor é ilíquido. Exemplo: no caso de um pedido genérico (art. 324, § 1º do NCPC) ➔ admite-se
sentença ilíquida.
Tal iliquidez é em relação ao quantum. Transfere-se a definição do quantum para outro momento. Liquidar a sentença?
Completar a norma individualizada. Isso é a liquidação da sentença. Essa iliquidez mencionada é a iliquidez básica.
Há, porém casos de iliquidez maior (mais ampla). Exemplo: sentença em ação coletiva. A sentença em ação coletiva
condena o réu a ressarcir “as vítimas”. Quem são as vítimas? Quem são os credores? Você não sabe. A liquidação
dessa sentença coletiva haverá necessidade de abranger não só o quantumse deve, mas também a quem se deve.
OBS1.: se o pedido for líquido a sentença tem de ser líquida. O autor e somente ele poderá impugnar no caso de o juiz
ter proferido uma sentença ilíquida. Pois isso é algo que só interesse a ele (ele fez pedido líquido → só cabe ele pedir
sentença liquida), consoante a súmula abaixo:
Súmula 318 do STJ. Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse recursal em arguir o vício da
sentença ilíquida.
OBS2.:nos juizados especiais, a sentença sempre tem de ser líquida, sem qualquer exceção. Por fim, ressalta-se que
mesmo que o legislador venha estabelecer outros casos que sentença ilíquida, deve-se sempre responder a questão “a
dívida existe?”, caso contrário seria uma sentença incerta.

◼ DECISÃO VS FATOS SUPERVENIENTES


Ao julgar a demanda, poderá o juiz levar em consideração os fatos ocorridos após sua propositura, ou deverá julgar
de acordo com a realidade da época da propositura?
O juiz deve proferir uma sentença justa, no dia em que decidir, conforme o contexto do dia em que for proferida, isto
é, todos os fatos que acontecerem após a propositura da ação e que tenham relevância para o julgamento da causa
devem ser levados em consideração.
Assim, a sentença deve ser justa quando proferida, logo, levará em conta os fatos supervenientes.
Todo fato superveniente à propositura da demanda, relevante para o julgamento da causa deve ser levado em
consideração pelo juiz até mesmo ex officio (art. 493, do NCPC).
Exemplo: se foi paga a dívida discutida.
OBS.: é possível tanto que o interesse de agir passe a existir quanto a inexistir no curso do processo.

◼ SENTENÇA DETERMINATIVA
Aparece na doutrina basicamente em dois sentidos, sendo certo que o mais apropriado é o que entende como
sentenças em que há maior discricionariedade judicial (o poder criativo do juiz se revela mais amplamente, como no
caso das sentenças em que o juiz aplica o princípio da boa-fé, pois a lei não determina os requisitos da boa-fé, por
exemplo).
Enfim, sentença em que o juiz exerce um poder criativo. Existe certa discricionariedade. Cria uma solução não
predeterminada pelo legislador. Exemplo: sentenças que aplicam uma cláusula geral.
Em outro sentido, defende ser sentença determinativa aquela em que o juiz decide relações continuativas, que se
prolongam no tempo (ex.: sentença em ações de alimentos ou guarda de filhos menores).

◼ EFEITOS DA SENTENÇA
Há quatro efeitos advindos das sentenças.
1. Efeitos principais: são aqueles que decorrem diretamente do conteúdo da sentença para atingir a relação jurídica
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
3
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

controvertida. O efeito principal decorre da norma individualizada criada pelo juiz. Portanto, decorre da vontade do
juiz. É aquilo que o juiz determinou. Este é o efeito principal da sentença. Mas não basta isso, é preciso que atinja a
relação discutida. Isso sim é o efeito principal.

Sentenças Condenatória Constitutiva Declaratória


Efeito principal Permitir a execução A criação da situação jurídica A certeza acerca da
da prestação devida. nova tendo em vista a efetivação existência ou não da
de um direito potestativo. relação jurídica.
Ou ainda a mudança de uma
situação jurídica ou a extinção de
uma situação jurídica.

2. Efeitos reflexos: são aqueles que decorrem do conteúdo da sentença para atingir relação jurídica conexa àquela
discutida. É a possibilidade de efeito reflexo que autoriza a assistência simples, isto é, admite-se a assistência simples,
quando a sentença puder ter esse efeito reflexo. Assim, se o efeito principal atinge terceiro, autoriza-se a assistência
litisconsorcial.
Ex1: o despejo do locatário atinge reflexamente o sublocatário. A repercussão do despejo no sublocatário é um efeito
reflexo da sentença.
3. Efeitos anexos: são efeitos do fato-sentença. Aqui a sentença é vista como um fato, e não como um ato. São os
efeitos automáticos da sentença, decorrendo da lei, independentemente do conteúdo da decisão; independem de
manifestação judicial. O juiz não decide acerca dos efeitos anexos, que tampouco são requeridos pelas partes
(independe do pedido da parte). A lei nesse caso trata a sentença como um FATO e não como um ATO.
Ex1: a terceira sentença por abandono gera por efeito anexo a perempção.
Ex2: a sentença que condena o réu a pagar quantia ou entregar coisa é apta a servir como título de uma hipoteca
imóvel do réu. É uma hipoteca judiciária e não contratual, cujo título é uma sentença. O juiz não tem que autorizar
uma hipoteca judiciária. Nem a parte tem que pedir tal hipoteca. É um efeito anexo tal hipoteca. Independe de pedido
(não precisa ter perigo etc.). Cita-se o artigo 495, CPC.
4. Efeitos probatórios: a sentença é um documento público, logo, prova fatos, como por exemplo, sua própria
existência ou a ocorrência de fatos nela descritos.
Ex: a sentença faz prova dela própria.
Ex2: a sentença prova tudo aquilo que o juiz diz que presenciou (ex: se o juiz falar que colheu o testemunho do João
no dia 10 de março → a sentença é prova de que João foi testemunha naquele dia, naquela hora).
OBS.: a sentença não prova o fato que o juiz reputou provado. Isto é, em outro processo, outro juiz poderá ter outra
impressão daquele fato. Então, a sentença prova o quê? A sentença prova que o juiz reputou que aquele fato
aconteceu.

◼ COISA JULGADA
Conceito: É a indiscutibilidade do conteúdo de determinadas decisões judiciais, é a estabilidade adquirida pela norma
jurídica individualizada contida na sentença. Essa indiscutibilidade se opera tanto dentro quanto fora do processo em
que a norma foi criada.
Alguns autores se referem a este instituto como “coisa julgada material”, que se contrapõe à chamada “coisa julgada
formal”. Esta última, para a maioria da doutrina, é a preclusão da decisão, isto é, a decisão se torna indiscutível dentro
do processo em que foi proferida.
OBS.: para Luís Eduardo Mourão a coisa julgada material é a coisa julgada das decisões de mérito. Já a coisa julgada
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
4
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

formal é a coisa julgada das questões processuais; aquelas com base no art. 485 do NCPC. A preclusão para ele seria
puramente endoprocessual. Frisa-se que esta não é a visão majoritária. Trata-se de tese interessantíssima, mas não é
majoritária.
Pressupostos da coisa julgada:são três. Vejamos:
◊ que se trate de decisão de mérito;
◊ que se trate de decisão de cognição exauriente, exaustiva, que não sejam decisões provisórias como, por exemplo,
as liminares, Não podem ser decisões fundadas em cognição sumária ou verossimilhança;
◊ que haja coisa julgada formal, ou seja, para que a decisão se torne indiscutível em qualquer lugar é preciso primeiro
que ela se torne indiscutível no processo.

Efeitos da coisa julgada


a) Efeito negativo: impede nova decisão sobre aquilo que já haja sido decidido.
b) Efeito positivo: ocorre quando a propositura de uma demanda for baseada, fundamentada na coisa julgada, que
será utilizada como causa de pedir de outra demanda. O juiz da segunda demanda deverá levar em conta a coisa
julgada. Ex.: ação de alimentos fundamentada na coisa julgada produzida em ação investigatória de paternidade.
c) Efeito preclusivo ou eficácia preclusiva: a coisa julgada torna preclusa a possibilidade de se alegar qualquer matéria
que poderia ter sido alegada para o acolhimento ou rejeição do pedido, mas não o foi (“o que era possível deduzir e
não foi deduzido considera-se deduzido e repelido”).
NCPC, Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações
e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
Frisa-se que se o autor tiver por fundamento outra causa de pedir ele poderá voltar a juízo, pois se trata de nova
demanda. A eficácia preclusiva da coisa julgada não abrange outras causas de pedir. Este é o pensamento majoritário.
OBS.: no caso de incompetência absoluta, pode-se alegar a matéria a qualquer tempo, desde que até o trânsito em
julgado.
Ademais, a eficácia preclusiva abrange tudo aquilo que a parte poderia ter suscitado. Assim, a eficácia preclusiva NÃO
abarca fatos posteriores à coisa julgada. Qualquer coisa julgada pode ser afetada por fatos que lhe são posteriores.
Coisa julgada e relações jurídicas continuativas
São relações jurídicas continuativas aquelas que se prolongam no tempo, como as relações de família, locatícias,
tributárias e previdenciárias. A sentença que envolva esse tipo de relação faz coisa julgada normalmente, sendo erro
crasso defender o contrário com o fundamento de que a decisão poderá ser revista em caso de mudança dos fatos.
Com a alteração dos fatos, é gerada uma nova situação, se impondo uma nova decisão que por sua vez produzirá nova
coisa julgada. Tanto há coisa julgada que, não se demonstrado a nova situação, a sentença não será revista.
A coisa julgada nestas relações recebe a denominação de “coisa julgada rebus sic stantibus”. Ex.: ação de alimentos,
ação de guarda. Em tal sentido temos a súmula 239 do STF: “Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em
determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores”.

Limites objetivos da coisa julgada


É o que se torna indiscutível pela coisa julgada. É o dispositivo, o comando jurídico, o conteúdo da norma jurídica
individualizada. Assim, aquilo que foi decidido na fundamentação não fica acobertado pela coisa julgada. Logo, não
faz coisa julgada: a) a análise das provas; b) questão prejudicial que decida incidentalmente; c) a “ratio decidendi” que
também está na fundamentação.

Limite subjetivo da coisa julgada


São os sujeitos que se submetem a coisa julgada. Há três modelos de limitação subjetiva da coisa julgada. A coisa
julgada vai se operar por uma entre três maneiras. Vejamos:
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
5
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

 1. Inter partes (regra do nosso sistema - art. 506, do NCPC), ou seja, apenas vincula aqueles que participaram do
processo, não prejudicando terceiros.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
 2. Ultra partes, quando excepcionalmente vincular ou atingir terceiros. Exemplos:
1. Aquela oriunda de um processo conduzido por substituto processual, caso em que atingirá o substituído;
2. Atinge o adquirente de coisa litigiosa;
3. Coisa julgada coletiva em ACP que versa sobre direitos coletivos – art. 103, II, CDC.
 3. Erga omnes, sendo aquela que vincula a todos. Exemplos:
1. ADI; 2. ADC; 3. ADPF; 4. ACP para direitos DIFUSOS.

Modo de produção (quando haverá coisa julgada)


Pode ocorrer de três formas, a saber:
 Pro et contra, ou seja, poderá acontecer qualquer que seja o resultado da causa (favorável ou desfavorável ao
autor). Trata-se da regra adotada no nosso sistema;
 Secundum eventum litis, depende do julgamento, ao contrário da anterior. Só ocorre segundo um determinado
resultado. Vai depender do resultado. No processo civil praticamente inexiste (a doutrina não fornece exemplos, mas
sim no processo penal, como, no caso da coisa julgada penal condenatória, que poderá ser revista a qualquer tempo).
Obs.: no caso do art. 103, CDC – só se estende se for procedente, porém não se trata de exemplo de produção da coisa
julgada secundum eventum litis. A coisa julgada aqui existe, mas só poderá ser utiliza se for procedente. O segundo
eventum litis não se refere à coisa julgada, mas sim a extensão da coisa coletiva ao plano individual; e
 Secundum eventum probationis, isto é, se a decisão for de improcedência por falta de provas não haverá coisa
julgada, ou seja, apenas haverá coisa julgada se houver exaurimento da prova. Este último regime é hoje muito
prestigiado, como se verifica nas ações coletivas (Ação Popular) e na lei do Mandado de Segurança (se o juiz concluir
que não foi provado o alegado será possível interposição da ação ordinária). Indaga-se: pode haver coisa julgada na
improcedência do MS?Sim, desde que o pedido seja julgado improcedente em razão da inexistência do direito. Outro
exemplo é o da coisa julgada na ação coletiva que verse sobre direitos difusos e coletivos.

Instrumentos de revisão da coisa julgada


a) Ação rescisória (art. 966, do NCPC): se caracteriza por se tratar de uma ação que permite a revisão da coisa julgada
num prazo de 02 anos por razões formais e substanciais (de justiça). Assim, apesar do exíguo prazo para sua
propositura, seu conteúdo é bastante amplo.
b) Querela Nullitatis: se caracteriza por não se sujeitar a prazo e por apenas poder ser proposta por questões formais
(em geral vícios na citação – ex: sentença proferida em face de pessoa não citada).
c) Correção de erro material (art. 494,I do NCPC): pode se dar a qualquer tempo, e até mesmo ex officio (erro de
cálculo, erro gráfico, erro ortográfico etc.).
d) Revisão de decisão fundada em lei, ato normativo ou interpretação tida pelo STF como inconstitucionais: esta
hipótese é uma forma de revisão da coisa julgada na execução prevista no CPC, nos arts. 525, §12. Trata-se de espécie
de defesa do executado.

Relativização da coisa julgada


Teoria que prega a insuficiência dos meios supracitados para rever a coisa, para tal teoria é necessário relativizar
ainda mais a coisa julgada. Frisa-se que a denominação correta seria Teoria da relativização atípica (pois a coisa
julgada já é relativizada por meios típicos).
O movimento doutrinário de relativização da coisa julgada pretende a revisão atípica da coisa julgada, ou seja, que ela
seja revista por outros instrumentos além daqueles acima estudados, tendo em vista que a injustiça manifesta não
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
6
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

pode prevalecer, devendo ser passível de revisão a qualquer tempo, bem como nos casos de manifesta
inconstitucionalidade, manifesta falta de razoabilidade etc.
 São adeptos desta concepção: Cândido Dinamarco e Humberto Theodoro Junior.
Esse posicionamento tem justificado, por exemplo, a renovação da discussão acerca da paternidade; a diminuição de
valores astronômicos fixados em desapropriações etc. Esta teoria tende a aniquilar a coisa julgada, além de não
garantir que a segunda decisão proferida também seja injusta.
 São expoentes de um contra movimento: Nelson Nery, Olvídio Baptista, Marinone, Barbosa Moreira. 
Assim, na doutrina prevalece o entendimento de que a coisa julgada apenas poderia ser revista por meios típicos,
entretanto, o STJ possui inúmeras decisões relativizando atipicamente a coisa julgada (como nos casos da ação de
paternidade – quando exame de DNA demonstrar o contrário do que o juiz dissera).

◼ RECURSOS EM ESPÉCIE
Apelação
Boa parte do assunto de apelação já foi visto em teoria dos recursos, pois a apelação sempre foi tida como o recurso
modelo. De modo que o seu regramento serve como um modelo geral de regramento. Isso sempre costuma
acontecer quando se tem uma lacuna no regramento de recursos, busca-se a resposta na Apelação.
Já vimos:
> o cabimento da apelação;
> os casos que a apelação tem efeito regressivo;
> os casos que a apelação tem efeitos devolutivo e translativo, cujas regras se encontram na apelação; e
Agora analisaremos peculiaridades que não foram analisadas da parte de Teoria de Recursos:
Prazo da apelação: 15 dias.
Efeito suspensivo da apelação: no Brasil a regra é de que apelação tem efeito suspensivo. Impede a execução
provisória da sentença. É a regra, mas há casos em que a apelação não tem efeito suspensivo automático. Nesses
casos caberá execução provisória da sentença.
Enfim, em regra, a apelação terá efeito suspensivo por força de lei, entretanto, há situações, em que também por
força de lei, a apelação será recebida tão- somente no efeito devolutivo, sendo que essas situações estão previstas no
art. 1012, § 1º, do NCPC.
Nestas situações, será possível ao recorrente requerer o recebimento do recurso também no efeito suspensivo, que
assim será possível graças a uma decisão judicial. A aplicação deste efeito poderá ser requerida em ação cautelar.
Examinemos os casos em que a apelação não tem efeito suspensivo automático, consoante o artigo 1.012, CPC.

Observações acerca de alguns incisos:


Inc. III ➔ Diz-se que a apelação não tem efeito suspensivo contra sentença que não acolhe embargos à execução. Tal
hipótese é um pouco complicada. Atualmente, os embargos à execução apenas tem cabimento, em regra, na
execução de título extrajudicial, e toda execução de título extrajudicial é definitiva (não existe execução provisória de
título extrajudicial).
Neste sentido é a súmula 317 do STJ: “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação
contra sentença que julgue improcedentes os embargos”.
Ressalta-se que há outros casos em que a apelação NÃO POSSUI EFEITOS SUSPENSIVOS AUTOMÁTICOS fora do artigo
supramencionado, como se dá com a sentença que:
De despejo;
Concede Mandado de Segurança;
Concede Habeas Data;
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
7
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

Sentença com base no ECA, proferidas com base no ECA (arts.199-A e 199-B);
Sentença em ação civil pública, entre outras.
Análise do §3º, art. 1013, NCPC (chamado de EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE DA APELAÇÃO ou de TEORIA
DA CAUSA MADURA)
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 (extinção do processo sem julgamento de mérito);
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
Tradicionalmente, o tribunal não poderia avançar nestes casos previstos no dispositivo legal, contudo este parágrafo
terceiro traz um avanço, pois permite que o tribunal ao julgar a apelação possa avançar para decidir o mérito que não
foi decidido – analisado pelo juiz (decidido em 1ª instância).
Contudo para que o tribunal faça isso, é preciso que sejam preenchidos alguns pressupostos:
✓ O provimento da apelação (a apelação provida desobstrui o julgamento do mérito);
✓ A causa deve estar madura (apta para ser julgada imediatamente). Quando a causa estiver em condições de
imediato julgamento (isso traduz: a causa madura – “Teoria da Causa Madura”);
✓ Para Fredie Didier este dispositivo apenas poderá ser aplicado mediante pedido expresso do apelante, entretanto a
doutrina não é unânime quanto a esta questão sendo que Barbosa Moreira, por exemplo, entende que o
dispositivo pode ser aplicado de ofício.

Outra análise:
NCPC, Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte
provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
Na apelação é possível suscitar novas questões de fato? Sim, em dois casos, a saber:
- se se trata de fato novo; e
- se se trata de fato velho (que já tinha acontecido) só que agora a parte pretende suscitá-lo (somente se houver justo
motivo para não ter sido suscitado anteriormente).

Procedimento da apelação em 1º grau


A apelação deve ser apresentada no juízo a quo, o qual irá processar o recurso. Caso o juízo a quo entenda que a
apelação é admissível, ele ouvirá o apelado em suas contrarrazões no mesmo prazo de 15 dias.
Ressalta-se a importância do art. 1010, NCPC.

 Atenção!!!
Caso uma sentença se funde em súmula de STJ ou STF, contra ela não caberá apelação. Uma vez proposta, sequer será
recebida. Estamos diante da eficácia impeditiva do precedente. O precedente uma vez seguido impede recurso que o
discuta.
Contudo, há casos que a apelação terá de subir, mesmo se a sentença se baseie em súmulas, quais sejam:
✓ Quando alegada a nulidade da decisão, já que nesse caso não se discute o conteúdo da decisão;
✓ Se na apelação o apelante fizer um distinguishing (ou seja, quando o recorrente demonstrar que a súmula não se
aplica ao caso sub judice); e

CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
8
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

✓ Se na apelação o apelante trouxer argumentos suficientes para um overruling, isto é, para a superação do
precedente. Ex: argumentos novos que não foram examinados pelo tribunal.
Agravos
Contra as decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento. O NCPC aboliu o agravo retido. Agora, há decisões que
precluem (e serão recorríveis por agravo de instrumento), e decisões que não precluem (e serão irrecorríveis
imediatamente). Neste último caso, as questões discutidas não serão acobertadas pela preclusão e serão recorríveis
em preliminar de apelação ou em contrarrazões de apelação. Entendimento do Art. 1009.
OBS.: Quando cabe agravo de instrumento? São regras de cabimento do agravo de instrumento:
 Em caso de urgência (regra geral), o agravo será de instrumento (risco de dano irreparável ou de difícil reparação).
Assim, sempre que se falar em tutela provisória, este será o agravo adequado.Vide art 1015
 Cabe quando houver previsão legal específica de Agravo de Instrumento (nesses casos não se aplica a regra da
urgência, não há que se falar em conversão em Agravo Retido, pois o cabimento do agravo de instrumento é uma
opção legislativa). São os casos de decisão que:
- decisão que não recebe apelação;
- decisão que recebe a apelação em efeitos diversos dos adequados ao caso concreto;
- decisão que julga liquidação de sentença; e
- decisão que recebe ação de improbidade administrativa.

Agravo de instrumento
É o único recurso interposto diretamente no juízo ad quem.
A formação do instrumento cabe ao Agravante, sendo que seu advogado poderá declarar a inexistência de qualquer
dos documentos referidos, sob pena sua responsabilidade pessoal.
O instrumento do agravo é formado por documentos obrigatórios (art. 1017, I, do NCPC).
A jurisprudência é forte no sentido de que o instrumento do agravo deve ser ainda composto por todos os
documentos indispensáveisà compreensão da controvérsia. Por isso, o NCPC trouxe a previsão dos documentos
facultativos no inciso III.
Não sendo caso de autos eletrônicos, cabe ao agravante, em 3 dias após a interposição do Agravo, juntar no juízo de
origem (a quo) a cópia da petição do agravo de instrumento, a relação de documentos e do comprovante de
interposição, sob pena de, caso o agravado alegue no 1º momento que lhe couber falar nos autos, e comprove a
falta, não ser conhecido o agravo de instrumento.
É o que dispõe a lei, no art. 1.018, CPC/15.
O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático (logo, a decisão agravada possui efeitos
imediatamente). O relator poderá, no entanto, atribuir efeito suspensivo ao agravo. Suspende a decisão agravada. A
decisão do relator é impugnável por agravo interno. Vejamos: art 1019
É possível pedir efeitos suspensivos contra uma decisão que se negou o que se pediu? Vai se suspender o que não se
concedeu?
A doutrina e a jurisprudência criaram um nome para isso, a saber: EFEITO SUSPENSIVO ATIVO, pois vai suspender a
negação, logo, é conceder (ativar). Também chamado de ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL, consoante o artigo
1019, CPC/15.
OBS.: cabe agravo de instrumento contra decisão liminar em MS.

◼ TUTELA EXECUTIVA
Formas executivas:
- alguns doutrinadores conceituam como a satisfação do direito. Preferencialmente, denomina-se meios materiais que
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
9
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

o juiz tem a sua disposição;


Tipos de tutela:
- tutela cognitiva;
- tutela executiva;
- tutela acautelatória;
Sincretismo processual:
- sincretismo processual-> o sincretismo processual permite que em um mesmo processo possa ser efetuado atividades
cognitivas, satisfativas e acautelatórias;
- a expressão processo sincrético é espécie da qual sincretismo processual é gênero, referente ao processo com duas
fazes sucessivas (conhecimento e satisfação, respectivamente) onde o legislador dá o nome de “cumprimento de
sentença”
Sincretismo processual -> gênero;
Processo sincrético -> espécie;
Análise histórica:
- antes de 1.990, vivíamos em um ordenamento que havia como regra o processo autônomo de execução, mas
excepcionalmente poderia se admitir ação sincrética (ex.: despejo – nunca existiu processo autônomo de execução de
despejo; ações possessórias – sempre foram ações sincréticas), o que era adotado apenas em raríssimos
procedimentos especiais;
- depois de 1.990 as coisas começaram a mudar. Em 1.990, vem a primeira mudança, por meio do artigo 84 do CDC
(esse artigo está dentro de um capítulo que trata da tutela coletiva, não especificamente ao consumidor) e dizem
respeito às obrigações de fazer e não fazer. Assim, todo processo na tutela coletiva que tivesse como objeto a
obrigação de fazer ou não fazer passaram a ser de natureza sincrética;
- posteriormente, em 1.994, o artigo 461 do CPC traz a regra de que todas as tutelas que tenham como objeto a
obrigação de fazer ou não fazer seguirão as regras do processo sincrético. Já o artigo 273 trata da tutela antecipada, e
em seu §3º reza sobre a efetivação dessa medida (o legislador optou pelo termo “efetivação” em vez de optar pelo
termo “execução” para evidenciar que tratava-se de procedimento distinto);
- em 1.995 surgiu a lei 9.099/95 (lei dos juizados especiais estaduais) trazendo a regra de que a tutela em relação a
qualquer espécie de obrigação (fazer/não-fazer/entregar/pagar quantia) gera um processo sincrético. Processo
autônomo de execução nos juizados especiais passou a ser possível somente no caso de execução de título
extrajudicial;
- em 2.002, o artigo 461-A do CPC passa a prever como sincrético todo processo que tenha como objeto a obrigação de
entregar coisa;
- em 2.005, a lei 12.232 (lei do cumprimento de sentença – assim conhecida vulgarmente) trazendo a ideia do processo
sincrético também para os obrigações de pagar quantia (uma vez que esta é a mais frequente);
- nos dias atuais, a regra é o processo sincrético, sendo exceção o processo autônomo de execução. É assim a
sistemática utilizada também pelo NCPC. É óbvio que essa dicotomia de formas executivas é algo privativo dos títulos
executivos judiciais, uma vez que nos títulos executivos extra-judiciais sempre será necessário um processo autônomo
de execução;
- como título executivo judicial gerando processo autônomo de execução nos diais atuais:
- no que se refere a execução contra fazenda pública e contra devedor insolvente, realmente, a doutrina concorda que
ficou de fora das inovações do processo sincrético.
- o NCPC resolve uma divergência doutrinária no caso de execução de alimentos regulamentando sua execução por
meio de cumprimento de sentença.
- o artigo 515 do NCPC, especifica a técnica do cumprimento de sentença para a execução de títulos executivos
judiciais. Nos casos de execução de sentença arbitral, sentença penal condenatória, sentença estrangeira homologada
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
10
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

pelo STJ e a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal
de Justiça, onde o código prevê a citação do executado.
Sendo a citação o ato que integra o réu ao processo, estar-se-á portanto, diante da redação do artigo, criando-se um
processo novo, assim, estruturalmente, está criando-se um processo novo, uma vez que haverá petição inicial e citação
do executado, embora procedimentalmente haverá um cumprimento de sentença, salvo a petição inicial e citação, que
não são típicos de cumprimento de sentença mas estão no procedimento. Tal fato acontece pela necessidade de
unificação do procedimento usado na execução para os títulos executivos judiciais, sob pena da execução da sentença
arbitral (por exemplo) ter uma execução mais difícil do que as sentenças comuns, criando uma espécie de sentença de
segundo grau;

Execução por sub-rogação1 VS execução indireta:


- as duas são espécies de execução forçada;
- na execução por sub-rogação o Estado-juiz substitui a vontade do devedor pela vontade da lei. A vontade da lei é de
satisfazer o Direito e a vontade da parte devedora é de resistir. O Estado-juiz possuir poderes para executar atos
matérias que visam à satisfação do crédito (ex.: penhora; expropriação);
- a execução indireta trabalha com a ideia de pressão psicológica, tendo como idéia o convencimento do devedor de
que é melhor ele cumprir a obrigação, ou seja, convencer o devedor à adequar a sua vontade à vontade da lei. Na
execução indireta, o exequente conta com a colaboração do devedor para que funcione (toda vez que ela funcionar ela
vai gerar uma satisfação voluntária do direito). Nessa execução é levada em conta a voluntariedade do exequente, mas
não a espontaneidade. Há duas formas de promover a pressão consistente na execução indireta:
- ameaçar a piora da situação do devedor (ex.: astreintes);
- oferecimento de uma melhora (ex.: art. 827, § 1º, do NCPC
-> o executado citado tem 3 dias para pagar já com o desconto de 50% dos honorários);
- a expressão “sanção premial” é de nomenclatura horrível, mas traduz a ideia acima elencada;
- Exemplos: no caso de execução por quantia certa, a regra é a execução por sub-rogação; o desconto na folha de
pagamentos o relativo ao pagamento de alimentos também é execução por sub-rogação;
- o artigo 535, § 1º do NCPC traz a regra de que se o réu não pagar em 15 dias, ele sofrerá uma multa de 10%, mas qual
seria a natureza jurídica dessa multa? A professora Tereza Arruda Alvim Wambier e o professor Athos Gusmão Carneiro
entendem ela ser uma espécie de astreinte (portanto, trata-se de execução indireta). Já Luiz Guilherme Marinoni e
Sérgio Shimura, seguidos pelo STJ, dizem que tal multa tem natureza de sanção processual, uma vez que o valor é
fixado em lei e não pode ser alterado pelo juiz, além de que a pressão psicológica somente pode ser aplicada se a
obrigação for materialmente possível de ser cumprida. Vale lembrar que a aplicação da multa se dá
independentemente (segundo essa posição) da condição financeira do executado;
- O artigo 536, §1º do NCPC trata das denominadas medidas de apoio que podem ser utilizadas pelo juiz para a
efetivação das obrigações específicas. Discute-se se o artigo 536, §1º2 seria ou não aplicado nas obrigações de pagar
quantia? Embora haja corrente doutrinária (liderada por Luiz Guilherme Marinoni) entendendo que pode ser aplicada
as astreintes nesse caso, o STJ entende que não se pode aplicar as astreintes nesse caso, fazendo o tribunal uma
interpretação restritiva, no sentido de que o artigo 536, § 1º é exclusivo das obrigações de fazer, não fazer e entregar
coisa, sendo impossível sua aplicação no âmbito da obrigação de pagar;
obrigação de entregar coisa: quando o processo tiver como objeto a obrigação de entregar coisa, pode-se valer da
execução por sub-rogação: no caso de móvel, ação de busca e apreensão; no caso de imóvel, imissão na posse. Pode-se
também se valer dos meios de execução indireta (ex.: astreintes). Não há ordem de preferência entre as duas
execuções, podendo o juiz, ao mesmo tempo, aplicar as duas formas de execução;
obrigação de fazer e de não-fazer: no caso das obrigações fungíveis, ou seja, obrigações que podem ser cumpridas por
outros sujeitos além do devedor, pode ocorrer a execução por sub-rogação, por meio da contratação judicial de

1
Também chamada de execução direta.
2 Trata-se das astreintes no sentido comum.
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
11
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

terceiro, também sendo cabível a execução indireta (por meio das astreintes). No caso de obrigações infungíveis, ou
seja, aquelas que somente podem ser cumpridas pelo devedor, só há duas alternativas: ou o devedor cumpre ou o
devedor não cumpre, portanto, como meio de execução, cabe apenas a execução indireta (astreintes), não sendo
cabível a execução por sub-rogação;
Princípios:
- nulla executio sine titulo-> a existência do título é indispensável para a execução. Segundo Liebman, a execução é o
trem, sendo o título o bilhete que dá acesso a esse trem. A execução depende do título pelo fato de que o executado
na execução é colocado em uma situação de desvantagem3. O executado está em desvantagem tanto processualmente
quanto no aspecto material, assim, a necessidade da atuação do executado se dá somente no sentido de evitar
exageros (no sentido de fazer valer o artigo 805 do NCPC – menor onerosidade para o executado da execução). A
desvantagem material se dá pelo fato de que é na execução que o executado terá a constrição de bens e a restrição de
direitos. A justificativa para toda essa gama de desvantagens do executado é a grande probabilidade do direito
exequendo exigido, sendo que essa grande probabilidade é encontrada no título executivo;

nulla executio sine lege-> não pode haver título embasado somente em doutrina, jurisprudência ou partes. É a lei
quem deve estipular que determinado documento é título executivo. Uma decisão interlocutória (antecipação de
tutela) vai ser executada (ou efetivada como diz a lei), mas seria essa decisão interlocutória título executivo? Para o
NCPC, a resposta é afirmativa.

princípio da patrimonialidade-> o que responde pela satisfação da dívida é sempre o patrimônio e nunca o corpo do
devedor. É importante lembrar que a prisão civil por dívida de alimentos não trata de satisfação da dívida através do
corpo do devedor. O princípio da patrimonialidade é o resultado da humanização da execução. No começo dos tempos
a satisfação do crédito era pessoal: nas leis das dose tábuas, havia a morte em decorrência de dívida. Posteriormente, a
satisfação do crédito se dava pela escravidão perpétua ou temporária (dependendo do quantum da dívida). A última
fase (a atual) se dá na execução patrimonial: no começo dessa fase, o devedor perdia todo o patrimônio (mesmo que a
dívida não fosse desse montante, presente uma ideia de vingança na execução), posteriormente, a regra passou a ser
de que somente poderia haver execução do valor da dívida. No tempos mais modernos, há a ideia de patrimônio
mínimo (uma das espécies de representação do princípio da dignidade da pessoa humana), trazendo a regra de que
haja a manutenção de um patrimônio mínimo que permita a sobrevivência digna do devedor, surgindo a lógica da
impenhorabilidade de bens. O artigo 833 do NCPC traz o rol dos bens impenhoráveis.
- o artigo 833, inciso “IV” do NCPC traz a regra da impenhorabilidade em relação aos ganhos de trabalho e valores de
aposentadoria. Segundo o artigo 833, § 2º do NCPC cabe exceção em relação à impenhorabilidade dos ganhos de
trabalho e aposentadoria, no caso de dívidas de alimentos. No que se refere ao bem de família, o artigo 3º da lei
8.009/90 prevê algumas circunstâncias em que o bem de família pode ser penhorado: dívida de empregados que
trabalharam no imóvel, dívidas tributárias relativas ao imóvel etc. Tal regra foi ratificada pelo § 1º do art.833 do NCPC -
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para
sua aquisição;

princípio do desfecho ou resultado único-> no caso do processo ou fase de conhecimento costuma se dizer que há
apenas um fim normal desse processo/fase. O fim normal no processo/fase de conhecimento é o mérito (resolução do
mérito), e pode entregar a tutela jurisdicional ao autor (acolhe o pedido) ou ao réu (rejeita o pedido). O fim anômalo
do processo/fase é a extinção terminativa, sem que seja resolvido o mérito. O fim normal do processo/fase de
execução é apenas um, uma vez que o desfecho normal é a satisfação do crédito por parte do credor.
- segundo o STJ, discutir mérito executivo é discutir a existência e extensão da exceção de pré-executividade, sendo
esta um incidente processual que se desenvolve na própria execução, cujo acolhimento trata-se de sentença de mérito
rejeitando o pedido do autor, gerando um fim normal em favor do réu, o que o não é permitido pelo princípio,
tratando-se portanto de exceção;

3 Há uma antiga expressão de que “e execução é um processo do credor”.


CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
12
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

- no que se refere à impugnação ao cumprimento de sentença, a doutrina majoritária entende que tal instrumento
corresponde a um incidente processual de defesa do executado. A impugnação que tenha como matéria o mérito
executivo e seja acolhida, gerará sentença de mérito que se dá a favor do executado;

princípio da disponibilidade da execução-> o exequente pode desistir a qualquer momento da execução,


independentemente da concordância do executado.
- é possível também que o exequente desista apenas de determinados meios executivos (prevalece o princípio do
dispositivo);
- o Ministério Público, na tutela coletiva, atua baseado no princípio da indisponibilidade da execução, uma vez que há
por parte do órgão ministerial o dever funcional de executar a sentença coletiva;

boa-fé/lealdade processual-> previsto no artigo 774 do NCPC que traz os atos atentatórios à justiça, sendo espécie de
ato que somente pode ser praticado pelo executado, tanto na execução quanto nos embargos à execução, sendo
exemplos:
a) conduta que fraudar a execução: uma corrente doutrinária (Araken de Assis) defende que o termo fraude a
execução foi usado em seu sentido técnico, uma vez que para ele, fraudar a execução é praticar um daqueles atos do
artigo 792 do NCPC. Por sua vez, Cândido Rangel Dinamarco entende que o termo fraude a execução foi utilizado em
sentido leigo, com o sentido de “gerar indevidamente a sua frustração”;
b) conduta de oposição maliciosa à execução, empregando ardis e meios artificiosos: a discussão da hipótese acima
se torna vazia, uma vez que essa hipótese é ampla e abrange todos os atos que se oponham maliciosamente à
execução;
c) dificulta ou embaraça a realização da penhora: oposições injustificadas das partes que dificultam a penhora como,
por exemplo, o empecilho ao trabalho do Oficial de Justiça;
d) resistência injustificada às ordens judiciais: quando se pratica um ato atentatório à dignidade da justiça (art. 77, §
2º do NCPC, podendo gerar, por exemplo, multa de até 20% do valor da causa, tendo como credor o Estado), também
pratica-se um ato como litigante de má-fé (artigo 81 do NCPC, podendo gerar uma multa de que deverá ser superior a
um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, tendo como credor a parte adversa). Como os
credores são diferentes, não há bis in idem;
e) intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe
prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus: durante muito tempo imaginou-se que o sujeito
passivo não deveria indicar os bens necessariamente, sob pena de estar fazendo prova de si mesmo (orientação sem
noção). Atualmente, incumbe ao exequente indicar bens suscetíveis de penhora, sempre que possível (art. 798, II, “c”
do NCPC). Deve-se indicar bens correspondentes ao valor da execução (assim, há preservação do sigilo patrimonial),
não sendo necessário indicar todos os bens do executado;

Sujeitos Processuais:
- a relação jurídica processual executiva é triangular (autor-réu-juiz);
- o sujeito ativo da execução é o credor/exequente;
- o sujeito passivo na execução é o devedor/executado;
- no que se refere à intervenção de terceiro, analisaremos primeiro as intervenções de terceiros típicas. Das 3
intervenções, 2, pacificamente, não cabem: denunciação e chamamento ao processo. Essas intervenções são típicas do
processo de conhecimento, não sendo cabíveis na execução. No que se refere à assistência, o tema é polêmico: alguns
advogam pela admissibilidade, outros não. A sentença no processo executivo apenas declara satisfeito o exequente e
encerra o processo. Uma parcela da doutrina: Humberto Theodoro Júnior, Ovídio Baptista dizem que não cabe a
assistência na execução, argumentando que para que haja assistência, deve haver interesse jurídico, assim, em uma
relação jurídica material controvertida entre um terceiro e uma ou ambas as partes que pode ser afetada pela

CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
13
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

sentença. Como a sentença na execução é inapta a afetar relação jurídica material, nunca surgirá interesse para que se
use a assistência. Em contrapartida, Cândido Rangel Dinamarco e Araken de Assis entendem admissível a assistência na
execução, mas deve haver uma alteração: aonde o artigo 119 do NCPC prevê sentença, deve-se ler “resultado do
processo”; na execução a sentença pode ter apenas dois resultados, ou seja, a sentença satisfaz o direito ou não
satisfaz o direito (frustração). Dinamarco diz que está tão certo na sua orientação que existe um exemplo consagrado
em lei, que é o artigo 834 do CC/02, que trata a questão da fiança, no caso em que o credor executa apenas o devedor
e depois fica inerte, podendo o fiador ingressar no processo para que o credor tenha o direito satisfeito por parte do
devedor;
legitimidade ativa:
- o artigo 778 do NCPC regula o tema, sendo o primeiro legitimado o credor a quem a lei confere o título executivo: em
regra é o sujeito que figura no título executivo como credor, mas pode acontecer da lei legitimar pessoa que não está
figurando no título como credor (lembrando que essa não é a regra), como no caso do artigo 23 do Estatuto da OAB
(Lei. 8.906/94) que prevê que o advogado é o credor dos honorários fixados em sentença. O credor que atuar na
execução nos casos acima estará exercendo legitimação ordinária, uma vez que estará em nome próprio defendendo
interesse próprio. Além disso, trata-se de legitimação originária/primária, pois a legitimação surge no momento da
formação do título;
- o Ministério Público tem legitimidade nos casos previstos em lei, conforme o próprio artigo 778, § 1º. Na sentença
coletiva, o parquet tem um dever institucional na execução.
- o artigo 778 traz quatro incisos com previsão de legitimados:
I) O primeiro é o MP, já analisado;
II)espólio, herdeiros e sucessores -> caso ainda não haja a execução, os legitimados vão ingressar com a execução
fazendo uma prova documental do falecimento e da sua qualidade de herdeiro, sucessor ou de espólio (representando
pelo inventariante). Caso o credor morra durante a execução, a sucessão processual para ingresso dos sucessores deve
se dar por meio de uma ação de habilitação incidente. Há uma corrente doutrinária (ex.: Carmona) que diz que dentro
do sincretismo processual, essa ação de habilitação incidente seria desnecessária, devendo ser feito a sucessão por
meio de simples petição. A legitimação será ordinária, uma vez que estarão tais pessoas agindo em nome próprio na
defesa de interesse próprio. A legitimação ainda é superveniente/derivada/secundária, uma vez que a legitimação
surge após a formação do título executivo;
III e IV)cessionário² e sub-rogado³ -> a sub-rogação pode ser legal (art. 346 do CC/02) ou convencional (art. 347 do
CC/02). Trata-se de legitimação ordinária superveniente;

legitimidade passiva:
- previsto no artigo 779 do NCPC:
I)título reconhece como devedor -> o sujeito figura no título como devedor. O sujeito estará atuando na demanda por
meio de uma legitimação ordinária primária;
II) espólio, herdeiros e sucessores -> o “benefício de inventário” garante que as dívidas do de cujus são satisfeitas nos
limites da herança (portanto, não se herda dívidas). Não se deve confundir legitimidade com responsabilidade
patrimonial: os herdeiros não respondem com seu patrimônio, mas isso não exclui a legitimidade. Trata-se de
legitimidade ordinária secundária/derivada/superveniente;
III) novo devedor na hipótese de assunção de dívida -> o alguém assume a dívida de outrem, tornando-se devedor. A
cessão de débito/assunção de dívida depende da anuência do credor, uma vez que mudar o devedor significa mudar o
patrimônio que responde pela satisfação da obrigação. A ausência da anuência do devedor torna a cessão de débito
ineficaz, dessa forma, o novo devedor não será legitimado. Trata-se de legitimação ordinária
superveniente/secundária/derivada;
IV) fiador judicial-> fiador judicial é um terceiro que presta uma garantia em favor de uma das partes do processo,
sendo legitimado passivo para futura e eventual execução. O fiador judicial nunca consta da sentença do processo
onde foi prestado a garantia (na sentença consta o autor e réu), mas uma das partes vai figurar no título como
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
14
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

devedor, já o fiador judicial, não vai constar no título. Assim, necessário foi esse inciso para legitimar o fiador judicial
para ficar no pólo passivo do título. Seria aplicável a essa regra para o fiador convencional? A resposta é NÃO, uma vez
que somente pode-se executar o fiador convencional se ele figurar no título executivo. Ou o fiador vai estar no artigo
779, IV (constando no título) ou vai constar na sentença condenatória. Na ausência desses títulos, não se pode executar
o fiador, devendo mover a fase de conhecimento colocando como réu o fiador convencional. O fiador pode exercer o
benefício de ordem, ou seja, preferência dos bens do devedor na satisfação da dívida. O benefício de ordem é um
direito disponível (podendo o fiador abrir mão), e para que se exerça o benefício de ordem, deve existir título executivo
contra o devedor, assim, se chamado somente o fiador na lide, esse deve chamar o devedor na lide4 para garantir o
futuro benefício de ordem. Trata de legitimação extraordinária (o fiador age em nome próprio em defesa do interesse
do devedor);
V) o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI) responsável tributário-> quando se fala em responsabilidade tributário, fala-se em CDA (Certidão da Dívida Ativa).
Essa certidão é título executivo resultante de um processo administrativo. Para a doutrina majoritária (Humberto
Theodoro Júnior, Leonardo Greco), na CDA haverá o devedor e os responsáveis tributários, assim, mesmo no processo
administrativo deve respeitar o contraditório dessas pessoas. O STJ dispensa a participação no processo administrativo
do responsável tributário e a presença desses responsáveis tributários na CDA, uma vez que se fosse o responsável
tributário sujeito da CDA, não haveria necessidade do inciso VI, uma vez que se encaixaria no inciso I.

Competência:
- competência na execução do título executivo judicial:
- Atualmente, o tema é tratado no art. 516 do NCPC;
I) Tribunais -> os tribunais podem atuar no âmbito recursal (atuação típica), mas pode também atuar nas ações de
competência originária. A competência executiva dos tribunais somente existe no caso de competência originária (essa
é a regra). A exceção trata-se do caso de homologação de sentença estrangeira, uma vez que o processo de
homologação de sentença estrangeira é de competência originária do STJ, mas a competência para executar tal
competência é da justiça federal de primeiro grau (ver artigo 102, I, “m”, CF, regra a qual, embora prevista para o STF, é
aplicada em todos os Tribunais). Os Tribunais não estão organizados para a prática de atos executivos, assim eles
podem delegar a função executiva para o primeiro grau de jurisdição: essa delegação é parcial, uma vez que para o
primeiro grau ficam os atos materiais de execução (penhora, hasta pública, intimação etc.), ficando para o tribunal a
competência para a decisão de mérito executivo (existência e extensão do direito exequendo);
II) Juízo de 1º grau que “processou” a causa -> a regra da perpetuatio jurisdictionis define que o juízo que processa a
causa será o juízo que decide a causa. Esse princípio sofre exceções, sendo possível um juízo que processa diferente do
juízo que decide a causa, sendo nesse caso a competência do juízo que decide. O artigo 516, parágrafo único, criou o
fenômeno dos foros concorrentes, que significa que a lei prevê mais de um foro competente à escolha do autor,
podendo ele escolher entre: o juízo do atual domicílio do executado + juízo do local onde se encontrem os bens
sujeitos à execução + pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a
remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. Deve-se portanto, fazer algumas observações: a
competência do juízo que “processou” a causa passou a ser relativa, uma vez que sua determinação do caso concreto
levará em conta a vontade do exequente; não existe execução itinerante, ou seja, haverá um momento para escolha
(no momento da propositura do cumprimento de sentença), sob pena de preclusão temporal, assim, caso queira trocar
o foro competente5.

Competência para execução dos títulos executivos extrajudiciais (art. 781, CPC/15)
- caso no título exista uma cláusula de eleição de foro, os problemas estão resolvidos, uma vez que a competência está
determinada;

4
Trata-se de instituto parecido com o chamamento ao processo, mas não o é.
5
A troca se dá logo no início da “execução” (cumprimento de sentença), sendo vedada a execução itinerante. Escolhido um foro para “execução”, deve permanecer
nele.
CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
15
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216


1ª FASE PROCESSO CIVIL
AULA 03

- caso não haja cláusula de eleição de foro, fixa-se a competência pelo local do domicílio do executado ou pelo da
situação dos bens;
Obs.¹: a competência é sempre relativa, notando-se que as regras podem ser modificadas pela vontade das partes;
Obs.²: o protesto do título executivo não afeta a competência da execução, sendo um ato meramente administrativo,
não afetando o aspecto jurisdicional, principalmente de competência;

CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Av. Santos Dumont, 2626, loja 30 – Aldeota – Fortaleza/CE –
Fone: (85) 9-9681-5000
16
Sateonline.memberkit.com.br

EUVOUPASSARNAOAB - sateonlineadm@gmail.com - IP: 177.37.229.216

Você também pode gostar