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Direito Processual Civil II 2022/2023

Direito Processual Civil II – Aulas Teóricas

Aula dia 24/02/2023

Nós vamos estudar a ação desde que entra em tribunal, até à decisão final.

- Os acórdãos disponibilizados são de leitura obrigatória.


- os sumários desenvolvidos também devem ser lidos.
- a Dra. Vai disponibilizar também alguma bibliografia que seja de mais difícil acesso.
- nas orais devemos saber um pouco de cada uma das fases.

O exame fica entre um ou dois casos práticos, sendo normalmente dois, havendo uma
pergunta com maior dimensão teórica.

1. Processo Declarativo Comum


O processo é uma sequência de atos (ex: citação, petição inicial, contestação)
praticados pelas partes, pelo tribunal ou pelo juiz, que está regulada no CPC. A esta
sequência de atos, tipificada, chamamos de forma de processo ou tramitação.

Há um caminho normal que a ação pode seguir, mas, também existem ações que têm
algumas vicissitudes.
Nós vamos estudar o regime normal, mas também, os casos em que a ação morre
prematuramente, os casos em que uma das partes desiste da ação.

Vamos estudar o processo comum ou forma de processo comum é o processo que


segue uma sequência de regra, exposta no CPC. O oposto destes são as formas de
processo especial – art.546ºCPC.
Estes últimos prevalecem em relação aos primeiros.

Nós vamos apenas abordar as ações que seguem a forma de processo comum.

Os processos especiais, podem constar no CPC ou em legislação avulsa. Os processos


especiais encontram-se no Livro V CPC, isto é, a partir do art.878ºCPC. são estes:
- processo de tutela da personalidade;
- processo de divórcio;
- ...

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O processo comum remete o art.546ºCPC para os arts.552º a 626º CPC. No entanto,


existem algumas normas relativas aos meios de prova, como a prova testemunhal, que
o legislador retirou da tramitação, precisamente, porque não são importantes apenas
no processo declarativo. Essa matéria relativa à prova é muito importante.

1.2.Meios de Prova: servem para, perante um facto controvertido, apurar se


ele é verdadeiro ou não, de acordo com a maior ou menor credibilidade da
testemunha (entre outros fundamentos). Os meios de prova são
instrumentos através dos quais o juiz apura se o facto é real ou não, se se
verifica ou não.
Os meios de prova utilizam-se porque o facto é controvertido, ou seja, existem dúvidas
quanto à sua verificação.
Os meios de prova encontram consagração nos arts. 410º a 526º CPC.

O destinatário da prova é o juiz, que vai ter um juízo fundamentado sobre ele. Essa
fase, esses momentos, chamam-se de instrução do processo (ex: fase em que se
ouvem testemunhas; em que se fazem perícias).

A produção de prova pode começar logo no início do processo. Isto significa que as
partes, também, podem pedir uma antecipação da prova (ex: A que quer intentar uma
ação contra B, sabe que C, que seria sua testemunha, está gravemente doente). O
processo é submetido a juízo até à fase da audiência final.

A figura da absolvição da instância vai ser muito importante e está regulada antes do
art.410º CPC.

1.3. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO FORMAL – art.547º CPC


A sequência de atos está prevista na lei, mas este princípio permite que o juiz se desvie
dessa tramitação. Ex: imaginemos que um juiz depois da fase dos articulados, na qual
as partes têm muita importância porque apresentam as suas peças processuais, vai
preparar o processo para as fases seguintes e, nessa fase, pode aplicar este princípio.
De acordo com a tramitação afixada na lei, o perito era ouvido antes da audiência
final, mas pode ser pedido, pelo juiz, que, para agilizar o processo, que o perito venha
prestar declarações, sendo chamado para audiência. A partir desse momento, as
partes manifestaram mais interesse no conhecimento da causa neste exemplo, o juiz
antecipou uma atividade probatória.

Ex: existe a petição, a contestação e a réplica. Mas, a réplica, hoje, não é um articulado
normal, é eventual, só existe em determinados casos. Vamos imaginar que temos um
caso em que não se admita réplica. Os nossos tribunais podem admitir um articulado
inominado, visto que não está tipificado, utilizando o princípio da adequação formal.

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Isto porque, dantes, existiam 3 formas de processo comum: ordinário, sumário e


sumaríssimo. Esta distinção variava conforme o valor da causa. A tramitação era mais
complexa, quanto maior for o valor da causa.

Agora, o procedimento é adequado às circunstâncias da causa. O juiz, hoje, tem um


grande papel da confirmação da tramitação relativa aos casos concretos.

O juiz, quando adequa o processo, ouve previamente as partes, porque está


vinculado ao princípio do contraditório. O juiz, nos dias de hoje, não pode proferir
decisões surpresa. As partes são submetidas a um processo previsível.

Hoje em dia, um juiz é um juiz-gestor, ele gere o processo ativamente, adequando-o e


sanando vícios, mas tudo, em contraditório, ou seja, as partes estão informadas,
previamente, de qual vai ser o processo do juiz.
Esta ideia de o juiz estar vinculado ao contraditório, está presente no art.3º/3CPC.

Então, vamos estudar o processo comum declarativo, deixando de lado, os processos


especiais.
Existe uma única tramitação. Confia-se no juiz para adequar a tramitação, ao abrigo do
princípio da adequação formal, presente no art.547ºCPC.

1.4. FASES DO PROCESSO

1. Fase dos Articulados


2. Fase Intermédia (fase subsequente aos articulados)
3. Fase da Audiência Final
4. Fase da Sentença

Dentro destas fases, falamos da instrução, que é querer produzir a matéria probatória.
A atividade probatória não está fechada numa fase, ela pode acontecer em qualquer
fase. Normalmente, falamos dela, após a fase intermédia.

Fase dos Articulados


Os articulados constituem as peças processuais apresentadas pelas partes –
art.147ºCPC.
A citação não é um articulado, é um ato praticado pela secretaria ou até por
mandatários judiciais, ou seja, os advogados.
São articulados a petição inicial, contestação e a réplica.
Em regra, o juiz não intervém na fase dos articulados. Quando o juiz o faz, chamamos a
isso, a intervenção liminar do juiz.
Quando o juiz intervém, normalmente, fá-lo logo a seguir à petição inicial. Esse
despacho, chamamos de despacho liminar, que pode ter vários conteúdos, sendo
estes, por exemplo, o fim a determinar.

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Fase Intermédia
Fase em que, de facto, o juiz vai conhecer o processo. A primeira coisa que o juiz vai
fazer, quando olhar para o processo é perceber se se preenchem os pressupostos
processuais. Caso estes não se verifiquem, devem ser corrigidos e, se não o poderem
ser, temos que vai qual vai ser a consequência.

O juiz vai organizar a matéria controvertida, os chamados esquemas da prova. Ex: se


tiver muitas testemunhas, vai organizar quantas sessões a realizar.

Também, nesta fase, o juiz até já tem elementos para conhecer o mérito da causa, ou,
estando verificados pressupostos insanáveis, o processo pode terminar o processo.
O despacho proferido pelo juiz, aqui, é o despacho saneador, no caso de estarem
verificadas vicissitudes nos pressupostos processuais que sejam sanáveis.

Fase da Audiência Final


Traduz-se na fase em que as partes se encontram perante ao juiz.

Aqui, falamos, de um princípio importante – o princípio da plenitude assistência do


juiz. Este diz que o juiz que vai proferir a decisão final é o mesmo que assiste à prova.
Não pode existir uma substituição. Ex: se ficar doente, a prova tem que ser toda
repetida, novamente, perante um novo juiz.

Falamos também, do princípio da publicidade da audiência, que nos diz que,


normalmente as audiências são públicas, podemos assistir, exceto em alguns casos de
Direito da Família.

Fase da Sentença
Vamos explicar a fundamentação da sentença, chamando a atenção para as
presunções judiciais, quando seja difícil a prova direta.

Vamos estudar os vícios da sentença.


Quando acabem os prazos para interpor recurso, a sentença torna-se caso julgado. O
caso julgado pode ser formal ou material.
Vamos ver a quem é oponível o caso julgado.

Aula dia 03/03/2023

1.4.1. FASE DOS ARTICULADOS


É a primeira fase do processo, onde as partes assumem um papel muito importante –
são autor e réu.

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- A petição inicial é o primeiro articulado, e, como tal, serve para saber quais são os
três elementos essenciais da causa: sujeitos; causa de pedir; pedido.
A causa de pedir junta com o pedido, correspondem ao objeto da causa. Quando
dizemos relação material controvertida falamos da divergência entre autor e réu e o
objeto do processo.
O princípio aqui inerente é o princípio da dualidade das partes. Ex: alguém tem em seu
poder um testamento e há umas cláusulas neste que não percebem bem. Intenta uma
ação em tribunal e pede ao juiz para interpretar o testamento. O que falta nesta ação?
O réu.
Agora, se alguém concorrer contra este, já temos cumprido este princípio da dualidade
das partes.

Na petição inicial, têm que constar estes três elementos – os elementos essenciais de
uma causa.

Relação Material Controvertida e Relação Processual: a primeira é composta pelos sujeitos e


pelo objeto (este composto pela causa de pedir e pelo pedido). A instância é a relação
processual que se completa a partir do momento em que o réu é citado.
Esta é uma relação processual trilateral, pois tem três sujeitos, sendo estes o autor, o réu e o
tribunal.
A relação material controvertida é a controvérsia, os litígios, entre A e B. Esta relação é
bilateral.

Modificações Subjetivas da Instância: reportam-se aos sujeitos.


Modificações Objetivas da Instância: reportam-se a alterações na causa de pedir.

Uma causa, para ser idêntica à outra, tem que ter os mesmos sujeitos, a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido.
A exceção de caso julgado ocorre quando se repete uma causa. Até ao fim do
processo, os elementos essenciais têm que ser bem sabidos.

Requisitos da petição Inicial - art.552ºCPC: nesta o autor deve:


- designar qual o tribunal competente – o endereço. Depois disto, na
petição inicial há o cabeçalho, que vem abaixo do endereço. Neste identificam-se os
sujeitos da causa, mas deve ser muito bem identificado o réu, uma vez que este tem
que ser citado.
Para as pessoas coletivas, existe um regime mais facilitado.
Neste cabeçalho deve constar, também, se a ação segue uma tramitação especial ou a
tramitação comum (ação declarativa comum).

- indicar a forma de processo – remissão para os arts. 546º a 548ºCPC

- narração (alínea d)): é o mais importante da petição inicial. Nesta


escrevem-se e enquadram-se, juridicamente, os factos.
Na narração, o autor arroga o seu direito e tem que explicar muito bem esse seu
direito. Tem que alegar factos concretos, que ele considera essenciais, que têm que

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estar balizados no tempo e no espaço. Tem que descrever os pressupostos da


responsabilidade que está em causa.
Quando alguém deduz uma pretensão em juízo, tem que ver que factos alegar e em
que normas se deve apoiar. Existem duas categorias de responsabilidade: contratual e
extracontratual.
Ex: um arrendatário muda todo o imóvel sem avisar o senhorio. Este último pode
extinguir o contrato de arrendamento. Ele quer despejar o arrendatário. Isto
pressuposto o exercício de um direito potestativo. Na narração ele tem que ver em que
normas se apoiar.

Existem muitas divergências, a partir de 2013, sobre a causa de pedir e o que a integra.
Existe causa de pedir quando, lendo a petição inicial, se consegue identificar os factos
concretos mínimos e essenciais, que fundamentam a pretensão. Ex: alguém intenta
contra o diretor de um jornal uma ação, dizendo que houve uma ofensa. Faltava dizer
qual a notícia, qual o direito de personalidade que foi lesado.

Caso falte a causa de pedir, existe um vício muito grave, a ineptidão da petição inicial.
Este vício da ineptidão é insanável, não pode ser corrigido, a ação vai terminar. Por
isso, é muito importante distinguir os casos em que haja falta de causa de pedir dos
casos em que existe uma insuficiência/ incompletude na causa de pedir.

Nesta alínea d), devemos remeter para o art.5ºCPC.

Existem 3 categorias de factos:


 Factos essenciais, sem os quais não existe causa de pedir.
 Factos Complementares ou Concretizadores: que gravitam à volta dos
primeiros. Estes factos são essenciais para que o autor saia vitorioso, mas, se
não estiverem na petição inicial, não há falta da causa de pedir, uma vez que
estes apenas a complementam.

Ex: alguém intenta uma ação de anulação do casamento. Quer destruir o casamento
com base num vicio contemporâneo à celebração do negócio. Tem que ser alegado o
vício, por exemplo, a coação. Nesta ação faltava, portanto, a causa de pedir.
Agora, vamos supor que estava lá o vicio da coação, mas não eram indicadas as
formas como tinha sido exercido. Neste caso, faltam os factos complementares. O juiz,
mais tarde, para trazer os factos complementares, pode proferir um despacho de
aperfeiçoamento. A causa de pedir existe, mas estava vaga e imprecisa.

É importante o autor trazer para a ação, os fundamentos legais – razões de direito.

- formular o pedido (alínea e)): o pedido vem no fim da peça. Pode


haver mais que um pedido.
O pedido traduz-nos no efeito jurídico que o autor pretende. O pedido pode ser um
pedido condenatório, de simples apreciação ou constitutivo – art.10ºCPC.

Cumulação de Pedidos - art.555ºCPC.

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Temos que entender se não existem obstáculos processuais. Daí remetermos para as
normas da coligação – art.37ºCPC.
Para que o juiz admita mais que um pedido, não podem existir obstáculos processuais,
e os pedidos têm que ser compatíveis substancialmente.
Quando o autor faz mais que um pedido, ele pretende que o juiz considere todos
procedentes.
Ex: um magistrado trabalha os pedidos autonomamente, em abstrato. Primeiro vê
qual o tribunal competente, em razão da matéria, hierarquia e competência
internacional. Depois chega à conclusão que o mesmo tribunal é compatível para
ambos os casos. Aí, não há obstáculo à cumulação de pedidos. Agora, se os tribunais
competentes forem distintos, já à obstáculo processual à cumulação de pedidos.

Quanto às formas processuais, se o primeiro pedido tem forma de processo comum e


o segundo tiver forma de processo especial, não existe, aqui, um obstáculo à
cumulação de pedidos.

Existem, então, dois tipos de obstáculos processuais: um quanto à competência


absoluta e outro quanto às diversidades da forma de processo (nestas, quando a
diversidade das formas processuais não é possível de compatibilizar – ex: um processo
especial, com outra forma de processo especial).

Quando à diversidade nas formas de processo, mas essa é possível compatibilizar, o


juiz admite os dois pedidos. O juiz cria uma tramitação especifica para apreciar aqueles
dois pedidos – art.37º/2CPC.

Ex: alguém solicita a execução especifica de um contrato-promessa e solicita a


restituição do sinal em dobro. Não pode pedir os dois, porque existe uma
incompatibilidade substancial de produzir os dois efeitos jurídicos, simultaneamente.

Se não existir compatibilidade substantiva, os nossos tribunais, hoje, o nosso juiz-


gestor, não rejeita logo o caso. Na prática, o juiz tem perguntado ao autor, sobre pena
de rejeição por ineptidão, se este não quer formular os pedidos de forma subsidiária.

Pedidos Subsidiários – art.554ºCPC


O juiz só aprecia o outro pedido, se o primeiro for improcedente.
Nos pedidos subsidiários, não é necessário serem compatíveis substancialmente.

Pedidos Genéricos – art.556ºCPC


Pode fazer um pedido de universalidade de facto. Ex: um professor deixa os livros na
biblioteca para um aluno. O aluno pode fazer um pedido genérico.

Nas ações de indemnização fundadas em responsabilidade extracontratual, é muito


comum não se saber bem quantificar os danos. Tendo isto em conta, formula-se um
pedido genérico e mais tarde liquida-se. Pedido genérico concretiza-se através do
mecanismo da liquidação.

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Pedidos Alternativos – art.553ºCPC (remissão para o art.543ºCC).


Ex: A quer comprar um automóvel com x cilindrada, mas não interessa que seja a
gasóleo ou gasolina. Fazem um contrato. Temos aqui uma obrigação alternativa.
O credor da prestação fica satisfeito seja a gasóleo ou a gasolina, desde que tenha
aquela cilindrada.
O dono do stand cumpre a sua obrigação desde que lhe arranje o carro daquela
cilindrada.

Ex: se o senhor do stand não entrega nada, A pode intentar uma ação em tribunal,
para condenar o dono do stand a entregar o carro daquela cilindrada. O tribunal pode
condenar em alternativo, pelo que o réu terá que cumprir a obrigação de entregar um
carro daquela cilindrada, sendo ele a gasóleo ou a gasolina.

Aula dia 10/03/2023


Pedido de Prestações Vincendas
A sentença condenatória é um vínculo executivo – art.702º e art.557º CPC. Esta norma
permite a condenação em prestações já vencidas e vincendas. Esta condenação é uma
condenação in futurum. Condena-se em marcos já consumados ou ainda não
consumados.
O pressuposto processual aqui em causa é o interesse em agir. Se este não existisse o
juiz poderia julgar a ação improcedente, ou seja, não conhecia o mérito da causa.

Orais: pergunta-se a razão de ser desta norma – esta norma é o caso em que não se
exige uma violação atual, mas sim, previsível e futura. É como se não fosse preciso o
interesse em agir, em relação às relações futuras.

Ex: alguém dá um imóvel de comodato ao amigo. Ele ficaria durante algum tempo e,
depois, quando o dono precisasse, ele entregava. O comodatário, a determinada
altura, diz que não vai devolver tão depressa porque fez melhorias no imóvel. Este
artigo, permite que o dono peça uma condenação in futurum. No momento em que
este precisar do imóvel, já tem em sua posse uma sentença condenatória. Se ele não
cumprir a condenação voluntariamente, o dono pode recorrer, de imediato, à ação
executiva.

Os nossos tribunais para admitirem esta exceção, têm que se rodear de muitas
cautelas. O autor tem que se justificar na petição inicial, do porquê de que precisar
desta condenação in futurum. A lei tutela a mera ameaça da violação de um direito.
Isto é um exemplo de medida condenatória especial e com requisitos especiais.

- Na petição inicial também deve constar o valor da causa, para fixar


se é ou não admissível recurso (alínea f) – remissão para os arts.296º e ss.).

- Na petição deve constar quem vai fazer a citação do réu – alínea g)


(o ato pelo qual se chama o réu ou terceiros ao processo). A citação pode ser feita por
um agente de execução, por um mandatário judicial, por um funcionário do tribunal
ou, ainda, por correio.

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Se a citação for feita por um funcionário do tribunal, pagam-se taxas muito elevadas.
Temos que recorrer ao art.219º e ao art.225ºCPC.
A citação pode ser feita por um agente de execução, uma figura que foi concebida e
delineada, para os processos executivos, uma vez que os funcionários judiciais não
conseguiam dar andamento aos processos. Esta foi pensada para aliviar os
funcionários do tribunal.

Art.237º/2 CPC – muitas vezes, o mandatário tem urgência em fazer a situação, se


estiverem em causa, por exemplo, prazos de prescrição.

Hoje, as pessoas coletivas estão registadas (registo nacional de pessoas coletivas). A


sua citação, atualmente, é muito mais facilitada, porque, normalmente são citadas na
sede que consta do registo. - Art.552º/6 CPC.

A citação tem que ser assinada pelo advogado.

- Requerimentos Probatórios – parte da petição inicial em que o autor indica que


tipos de meios de prova pretende que sejam feitos.

Agora, as declarações de parte são diferentes dos depoimentos de parte e podem ser
requeridas mais tarde, ao contrário dos últimos que só podem ser requeridos na
petição inicial – art.466º.

Requerimento de Citação Urgente – o autor pode, na petição inicial, pedir que a


citação seja feita de forma urgente – art.552º/9 e art. 561ºCPC. Ex: imaginem que o
autor tem conhecimento que o réu se vai deslocar para parte incerta. O autor vai
requerer citação urgente, porque se ele se ausentar, tem que se recorrer à citação
edital e, nos casos em que esta é feita, a ação torna-se muito mais demorada, porque
há uma dilação, visto que o prazo só começa a contar 30 dias depois desta.

Ex2: quando está iminente a prescrição do direito em causa. Ver quais são os prazos de
caducidade e os prazos de prescrição.

Prazos de Caducidade - são prazos dentro dos quais deve ser exercido o direito.
Prazos de Prescrição – (ex: prazos de direito de crédito). Estes interrompem-se com o
ato da citação. Quando faltam menos de 5 dias para a divida prescrever, deve ser feita
citação urgente.
Art.561º - devemos remeter para o art.323º CC.
Se estiver a decorrer um prazo de prescrição, e a prescrição estiver iminente, o autor
deve solicitar citação urgente. Mas ele pode ser desonerado de requerer a citação
urgente, quando a prescrição não ocorre logo nos 5 dias seguintes, porque a lei
ficciona o prazo de prescrição, no 5º dia da entrada da prescrição (quando o atraso
não se dá por facto imputável ao autor).

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Nos exames costuma sair a questão de saber se é prazo de prescrição ou de


caducidade e, na primeira, se o prazo está em iminência e se tem que ser requerida
citação urgente.

O decurso do prazo de caducidade considera-se impedido com o momento da entrada


da petição em juízo – art.331ºCC.

Casos de Recusa de Petição pela Secretaria – art.558ºCPC:


Trata-se de um controlo meramente administrativo, externo. A Secretaria faz um
controlo de objetos externos.
Art.560ºCPC – fala de um benefício concedido ao autor, nos casos mais pragmáticos
em que a parte não está assistida por um advogado (não tem todos os requisitos
formais). Tudo se passa como se a petição fosse apresentada no prazo em que ela
ficou mal feita, porque este vício é sanável, ou seja, a petição pode ser corrigida, no
prazo de 10 dias.
Isto é uma vantagem em relação aos prazos de caducidade, porque se considera
impedido o decurso do prazo, à data da petição inicial.

Este benefício só é concedido quando não há advogado constituído. Houve muita


gente que contestou este regime, mas a Dr. Maria Capelo acha que este está muito
bem estipulado.

Art.203ºCPC – relativo à distribuição (depois de passar pelo controlo da Secretaria). É


com a distribuição que se vai designar a secção, a instância e o tribunal em que o
processo irá decorrer ou o juiz que irá exercer funções de relator.
É uma distribuição automática.

1.4.2. INEPTIDÃO DA PETIÇÃO INICIAL– ART.186ºCPC


Quando uma petição é inepta, todo o processo é nulo, ou seja, se o juiz, numa fase
avançada no processo, conhecer da ineptidão, é tudo anulado.
Hoje temos um juiz gestor que, quer salvar o processo. Muitos destes vícios, ao abrigo
dos poderes de gestão processual, são sanados.
Ex: se o juiz se apercebe de uma petição inicial com dois pedidos, incompatíveis
substancialmente, ele pergunta se quer escolher um dele, de maneira a tentar salvar a
causa. Ele sugere, mas a parte pode optar por corrigir ou não – art.6ºCPC (dever de
gestão).

Aula dia 17/03/2023


Quanto aos requisitos eventuais, na petição inicial o autor pode indicar o agente de
execução, para fazer a citação, ou, então, um funcionário do tribunal, pagando uma
quantia adicional.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Requerimento Probatório: parte da petição inicial em que o autor requer a prova que
acha pertinente.

Existem casos em que a petição tem vícios em relação a dois elementos essenciais,
relativos ao objeto da causa. Nem sempre as petições iniciais estão bem feitas. Estes
são casos de ineptidão. Hoje, temos que considerar o dever de gestão por parte do
juiz, sendo que vícios que seriam insanáveis, podem ser, nos dias de hoje, sanados, à
luz dos novos princípios processuais.
Remeter do art.552º para o art.186º. A ineptidão da petição inicial gera a nulidade de
todo o processo, isto porque esta é a base. Como tal, existe uma exceção dilatórias
encontram-se no art.577º (remeter do art.186º/1/b)), porque não se aproveita nada
do processo.

Nota: quando falamos de absolvição ao nível da instância, as exceções dilatórias originam uma
decisão que põe fim ao processo – decisão de absolvição do réu da instância. Mas esta decisão
pressupõe que o réu já lá esteja. Quando este vício é descoberto numa fase inicial, em que o
réu ainda não lá está - há um despacho de indeferimento liminar.

- causa de pedir: quanto temos um vício em relação a este elemento.


Ex: ação de anulação de um contrato de compra e venda. No final da petição inicial,
pediu ao juiz que extinguisse o contrato, mas não invocava nenhum vício. Esta é uma
falta de causa de pedir, insanável.
Ex: ação de reivindicação – o autor tem eu alegar, além de que é proprietário, que
adquiriu por compra ou venda, ou usucapião, ou que herdou.
É na causa de pedir que o sujeito alega o direito que quer titular.

- pedido: já se faltar o pedido – pretensão de tutela jurisdicional que


o autor ambiciona.

A falta de causa de pedir e a falta de pedido são insanáveis.

 Quanto há causa de pedir, se ela existir, mas for insuficiente, isso é sanável –
inintegibilidade do pedido e da causa de pedir. Muitas vezes, pela leitura da
contestação, o réu, mesmo alegando que não, sabe o que está em causa, e, por
isso, esta insuficiência é sanável.
Ex: caso de duas empresas que tinham muitos negócios entre elas. Uma fornecia à
outra bens materiais e houve uma falta de entrega de bens por parte do fornecedor.
Então, a outra intentou uma ação. Na contestação, o réu disse que não percebia o que
constava da petição inicial. Mas dessa, o réu percebeu, pelas exceções que invocou, o
que está em causa. Este vício seria, então, sanável, mas, claro, teria que ser ouvido o
autor.

 Quando o pedido está em contradição com a causa de pedir – ex: alguém diz
que o contrato que celebrou com B está viciado e pede a condenação do réu, ao
cumprimento do contrato.
Para identificarmos este problema, temos que identificar, primeiro, a causa de
pedir e, depois o pedido.Isto é insanável.
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Direito Processual Civil II 2022/2023

 Quando se cumulem causas de pedir ou pedidos substancialmente


incompatíveis: se forem formulados dois pedidos incompatíveis
substancialmente, a jurisprudência, ao abrigo do dever de gestão – art.6º e
art.38º - convida o autor, a escolher qual dos pedidos prefere optar ou, então,
que os apresente na forma de pedidos subsidiários.
Não é muito comum que o autor opte por apresentar pedidos subsidiários.

1.4.3. Regime da Nulidade – arts.186º/2, 196º, 198º e 200º CPC

A ineptidão da petição inicial é de conhecimento oficioso. Se o réu a quiser invocar tem


que o fazer até à contestação, ou, na contestação, que é a regra – art.200º.

O despacho saneador é proferido na fase intermédia (aquela que se segue à fase dos
articulados) – o juiz deve reconhece a ineptidão no despacho saneador, se não o tiver
feito antes.

1.4.4. ATO DA CITAÇÃO – art.219ºCPC

A citação é o ato que chama o réu ao processo.

Existem dois grupos de citações:


- citação de pessoas singulares: consta dos arts.225º a 245º CPC. Pode ter duas
modalidades:
- pessoal – existem muitas formas de a fazer. Art.225º/2/3 – a
citação postal continua a ser a forma comum de fazer a citação (carta registada com
aviso de recessão). Mas, realça-se que o autor pode escolher que seja um agente de
execução a fazer a citação e, pode ainda exigir que a citação seja feita por contacto
pessoal. Porém, normalmente, esta é uma forma subsidiária.
Isto é, se, primeiro se tenta a citação postal e essa ficar frustrada, segue-se o contacto
pessoal pelo agente de execução ou do funcionário judicial. No entanto, o autor pode
deixar claro na petição inicial, que pretende que a citação seja logo feita por contacto
pessoal.
Existe, ainda, outra forma de fazer a citação – através de um mandatário judicial,
sendo que este se pode oferecer a fazê-la.

Art.228º/2 – existe a chamada citação da pessoa do citando e a citação quase pessoal


(quando não é o citando que a recebe, mas, normalmente, quem, com ele, reside).
Quando a citação é quase pessoal, esta pessoa que a recebeu tem a responsabilidade
de a entregar, no prazo de 5 dias. Nestes casos, existe a dilação, porque o prazo para
contestar só começa a decorrer depois da dilação, decorrendo o prazo perentório de
30 dias – remissão do art.225º/4 para o art.245º/a).
Quanto há citação na pessoa do citando, ou seja, quando este a receba, o prazo de
citação começa a decorrer e este é de 30 dias.
Os prazos estão consagrados no art.139º.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

- edital – ex: réu ausentou-se para férias para parte incerta. Esta
tem lugar quando o citando se encontra ausente em parte incerta ou se forem incertas
as pessoas a citar (ou seja, ações, normalmente, que envolvem herdeiros e não
sabemos quantos são). Na citação edital, a dilação já não é de 5 dias, mas sim de 30
dias, fora, os outros 30 dias de prazo perentório.
Por isso é que, nestes casos, a ação é mais demorada.

Esta citação edital é feita, de acordo com os arts.240º, 241º e 242º, pela fixação do
edital na porta, onde o réu foi visto pela última vez (publicidade). A cominação só
começa a decorrer depois do fim da dilação e depois desta última começa a decorrer o
prazo perentório.

- citação de pessoas coletivas: consta do art.246º CPC. Se a assinatura do aviso de


recessão for recusada, ainda assim, a citação considera-se feita nesse momento.
Ex: uma sociedade tinha um gerente que foi destituído e estava ali em conflito. Ele foi
buscar as suas coisas à sede e, quando lá chegou estava o carteiro à porta e o ex-
gerente ficou com ela. A sociedade só soube que estava em litígio quando foi intentada
uma ação executiva.

Art.231º/9 – nesta consta a possibilidade de ser um funcionário do tribunal a fazer a


citação, mas, nesse caso, tem que pagar uma taxa de justiça.

Art.227º/2 – indica-se o prazo dentro do qual o réu pode contestar, a necessidade de


patrocínio judiciário e as desvantagens que o sujeito sofre se não adotar determinada
conduta – quando o réu não contesta, diz-se haver uma revelia.
A regra, quando o réu não conteste, é a confissão dos factos alegados pelo autor, na
petição inicial. Os factos consideram-se não controvertidos, consideram-se
confessados.

1.4.5. Vícios da Citação

Temos duas categorias. Os vícios mais graves são a falta de citação. Os vícios menos
graves são reconduzidos à categoria da nulidade da citação.
Existem muitos vícios da citação em que o ato é praticado, mas é tão grave, que a lei
considera que há falta de citação.

 Art.188º - todos estes casos se reportam a falta de citação. Não se aproveita


nada depois da citação inicial, mas aproveita-se a petição inicial.
O regime desta é o conhecimento oficioso. Arts.196º, 198º e 200º - a falta
de citação encontra-se no art.188º, mas também, no art.197º/a).
A falta de citação considera-se sanada quando o réu intervir – art.189º.
Se não se considerar sanada, pode arguir-se a falta de citação em qualquer
estado do processo.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

 Art.191º - é nula a citação na qual não sejam observadas as exigências previstas


na lei.

Então, primeiro temos que ver se está em causa ou não um vício mais grave.

Aula dia 31/03/2023


1.4.6. Efeitos da citação:
- art.564º - remeter para 523º e 505º CC.
A citação interrompe a prescrição e substitui o devedor em mora no caso de se tratar
de uma obrigação pura (esta vence-se).

 Art.564º/a) (remeter para os arts.1260º; 1271º; 1273º; 1275º) – a citação faz


cessar a boa-fé do possuidor. Ex: A reivindicou um bem de B, que estava na
posse deste último. A posse pode ser de boa-fé (possui sem saber que lesa um
direito de outrem) ou má-fé (possui a saber que a sua posse pode colidir com
outro direito). A alega ser legitimo proprietário e B está a possuir. A partir da
citação B considera-se de má-fé.
A relevância prática de cessar a boa-fé do possuidor é que este fica entendido
de má-fé (se o outro ganhar a causa) desde a citação e não apenas do
momento em que a sentença é proferida. Quando o possuidor está de má-fé, é
muito mais sancionada, a nível de frutos e benfeitorias.
Ex: Dos frutos, tem que restituir tudo o que a terra der e tudo o que um
proprietário diligente obtivesse.

Efeitos Processuais:

1. Modificações Subjetivas:
 Art.564º/b) – a citação provoca a relativa estabilidade da instância, quanto aos
sujeitos, à causa de pedir e ao pedido – princípio da relativa estabilidade da
instância. Significa que a partir da citação, devem-se manter estáveis estes
elementos. Só pode haver alteração destes se a lei o permitir.
Temos que remeter para o art.260º.

Quando é que a lei permite modificações subjetivas? Remeter do art.564º/b)


para o art.260º e deste para os artigos seguintes.
A lei permite-o, segundo dois fenómenos:
- a sucessão mortis causa – ex: A intenta uma ação e durante essa falece. Quem
o substitui são os herdeiros. Esse incidente que permite essa sucessão chama-
se habilitação de herdeiros. Remeter do art.262º/a) para o art.351º.
Se alguém falecer na pendência da causa e houver sucessão, existe um
incidente de habilitação que permite que os herdeiros sucedam.

- a transmissão inter vivos – ex: numa ação de reivindicação, B, na pendência


da causa, transmite o bem a C, porque pensa que é o verdadeiro dono. Esta
transmissão é uma transmissão inter vivos e é de coisa ou direito litigioso.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Quando é que há uma modificação subjetiva da instância por transmissão de direito


litigioso? Quando o terceiro adquirente sucede à posição de quem o vendeu. Mas, só
nestes casos é que esta modificação existe.
No entanto, o que acontece muito, nestes casos, é que o terceiro adquirente não entra
na causa, apenas o transmitente. E este transmitente, como já não é proprietário, tem
uma legitimidade extraordinária (substituição processual).
Ex: nada obsta a que C não substitua B na causa. Se B continuar na causa ele tem
legitimidade extraordinária, isto é, há alguém que litiga em nome próprio, sob situação
jurídica alheia. Ele continua a discutir em juízo a propriedade sobre um bem que já não
lhe pertence.

Substituição processual é o mesmo que legitimidade extraordinária ou indireta. B é o


substituto e o C é o substituído.
Mas aquela decisão não deve produzir efeitos para quem é parte? Sim, mas a
sentença, aqui, é, normalmente oponível ao terceiro.

Art.263º CC – a sentença condenatória pode justificar uma ação executiva contra o


terceiro sem que seja necessário intentar outra ação. Se a sentença não fosse oponível
a terceiro, os réus venderiam sempre o bem.
Outra questão que não é resolvida neste processo é a situação entre B e C. Esta
situação pode ser resolvida por uma ação indemnizatória.
Ex: B aliena um bem a C e este regista a aquisição. Quando A vai registar a ação, ele
deve fazê-lo contra C.
O registo da ação serve para saber quem é o titular do bem, para que a ação intentada
seja eficaz.

Art.262º/b) – incidente de habilitação de terceiros. Quais são as figuras de intervenção


de terceiro previstas na lei? Remissão para os arts.311º; 316º; 321º; 326º; 328º; 332º e
333º.

A intervenção acessória pode ser provocada ou espontânea.


Quando um terceiro intervém na causa há uma modificação subjetiva da instância.
1. Intervenção Principal Provocada – art.311º: ex: A intenta contra B e C. B
pode intervir em litisconsórcio, mas, ele pode intervir provocadamente
(quando há litisconsórcio necessário) ou voluntariamente.
O litisconsórcio necessário pode surgir de forma legal, natural e convencional.

Art.316º - ocorrendo litisconsórcio necessário ... Os casos mais paradigmáticos são as


ações que envolvem os cônjuges. Aplica-se este artigo se as dúvidas sobre o titular da
relação material controvertida, forem levantadas, na contestação. Aqui, o autor pode
convocar a intervenção desse sujeito sobre quem foram levantadas as dúvidas.

Os casos em que é mais normal a litisconsórcio necessário nos casos de haver preterição de
(?).

2. Intervenção Acessória Espontânea: a parte acessória é auxiliar da parte


principal, ela não tem total autonomia e independência. Os seus atos vão

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Direito Processual Civil II 2022/2023

estar dependentes e não podem contrariar a vontade da parte que vai


auxiliar. Ex: A é senhorio de B. B não atuou de acordo com determinadas
regras e A quer a resolução do contrato, para qual intenta uma ação.
Mas existe um subarrendatário, C. A intenta a ação contra quem realizou o
contrato, ou seja, B. Mas, se o arredamento se extinguir, o
subarrendamento extingue-se também. C quer que o subarrendamento
persista. Então, pode intervir, como parte acessória, para ajudar B a ganhar
a causa – assistência.

O que é muito interessante na lei é que o assistente não pode contrariar a vontade do
assistido. Hoje em dia é muito comum haver partes acessórias na ação. ( consultar o
acórdão disponibilizado).

A intervenção acessória provocada está no art. (?)


A intervenção acessória espontânea consta do art.328º. Na prática é difícil ver se a
vontade da parte acessória contraria a vontade do assistido.

Art.321º - tudo o que for apurado nesta causa, pode ser usado na ação de regresso.
Esta ação serve para uma questão de economia processual. Se a parte principal
conduzir mal o processual, na futura ação de regresso, a parte acessória pode invocar
que o assistido conduziu mal a causa e que não fez valer meios de defesa que devia ter
feito valer.

Isto agora está no art.332º. A sentença proferida vale como caso julgado para o
assistente, exceto se este na ação de regresso mostrar que o assistido conduziu mal a
causa e que não fez valer meios de defesa que devia ter feito valer. O que aqui vincula
são os factos apurados, apesar da lei chamar de “caso julgado” – efeito intervencional.

Aula dia 14/04/2023


Mini Resumo da Aula Passada:
A partir do ato da citação, devem manter-se estáveis os elementos essenciais da causa:
partes; causa de pedir e pedido – princípio da relativa estabilidade da instância. É
relativa porque podem existir modificações, que são aquelas permitidas por lei, que
podem ser modificações subjetivas ou objetivas (art.260ºCPC).

As modificações subjetivas:
- casos de transmissão mortis causa;
- casos de transmissão inter vivos.

O art.263º é muito difícil de perceber.

Existe a possibilidade de um terceiro intervir espontaneamente no processo, ou


intervir provocadamente.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

A intervenção acessória ocorre quando se chama alguém a assumir a figura de parte


acessória. A parte principal são o autor/res e o réu/s. A parte acessória é uma parte
cuja conduta processual vai ficar condicionada/subordinada à conduta da parte
principal.

Quanto aos poderes da parte acessória, se ela está subordinada à parte principal, são
menores.

A intervenção espontânea a nossa lei chama de assistência.


Devemos remeter do art.262º/b), para os arts.333º e 338º.

 Agora, temos que analisar mais uma figura de intervenção de terceiros: a


oposição – art.333º (oposição espontânea) e art.338º (oposição provocada).

Ex: A reivindica de B, o bem y. O bem está indevidamente na posse de B. C aparece e


vem dizer que é o legitimo proprietário do bem.
A e B não estão interessados na intervenção de C.
Então, o que a lei permite é que C venha intervir como oponente. Ele vai alegar um
direito incompatível com a defesa de A e alegação de B.
O que temos aqui é que temos uma ação em tribunal que tem três sujeitos. Existe
litígio entre os três. O tribunal vai decidir qual o legitimo proprietário.

O art.338º retrata uma situação especial e normalmente não sai em exame.


Ex: vamos supor que temos uma ação de condenação de um crédito. A arroga-se
credor de B e pede ao tribunal que B pague a prestação pecuniária. B diz que não é A o
seu credor, mas sim C. Então, B provoca a intervenção de C e este passa a tomar a
posição de oponente.

Os oponentes ficam com os poderes das partes principais.

SÍNTESE:
Existem três modalidades de intervenção de terceiros:
- intervenção principal – provocada ou espontânea;
- intervenção acessória - provocada ou espontânea;
- oposição - provocada ou espontânea.
Nos exames, a sair, ou sai um caso de intervenção principal ou de intervenção
acessória.

A intervenção de terceiros conduz a um desvio ao princípio da relativa estabilidade da


instância.

No exame devemos dizer que, a partir da citação, as partes devem estar estáveis –
princípio da relativa estabilidade da instância. Este princípio é relativo, porque podem

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Direito Processual Civil II 2022/2023

existir modificações que são aquelas permitidas pela lei – por exemplo, as
modificações subjetivas.

2 Modificações Objetivas:
Remissão do art.260º, para os arts. 264º e 265º.
Nos exames é muito comum saírem modificações objetivas.

Art.264º - este artigo traduz uma situação raríssima, porque retrata uma situação em
que a modificação do objeto ocorre por acordo das partes.
Existe uma grande abertura à modificação objetiva da instância quando as partes estão
de acordo.
O juiz só pode rejeitar o acordo das partes, quando ele contrariar a instância, quando
alterar a situação dos sujeitos.

Art.265º - o nº1 deste artigo diz respeito à causa de pedir. Na falta de acordo, a causa
de pedir só pode ser alterada, em consequência de confissão feita pelo réu e aceite
pelo autor e se não for desfavorável ao réu.
Ex: ação de condenação a restituir quantia emprestada – o réu confessa que recebeu
uma doação. Aqui, o juiz permite que o autor altere a causa de pedir.
Com base na confissão do réu, o autor aproveita para alterar a causa de pedir, porque
este quer que lhe seja restituída a quantia.

Antigamente não era assim, havia mais largueza.


Estes casos, também, são muito residuais.

O nº2 deste artigo diz respeito ao pedido. Este artigo diz-nos que pode haver redução
do pedido em qualquer altura. Reduzir o pedido pode ser feito com muita amplitude
temporal, pois não prejudica o réu.
Já a ampliação do pedido pode ser feita até ao encerramento da discussão em primeira
instância. Este encerramento da discussão ocorre na audiência final. Até esse
momento, é possível, dentro de determinados limites, o autor ampliar o pedido.
A ampliação pode ser consequência ou desenvolvimento do pedido.

Ex: uma ação de reivindicação de um prédio rústico, que B tomou posse indevida. A
reivindica de B um bem. A só tinha feito o pedido inicial de restituição. A lei permite ao
A que exija ao B a restituição dos frutos ou do seu valor. Este é um novo pedido e é
uma ampliação, uma consequência do pedido primitivo.

Ex2: um sujeito pede uma cobrança de crédito – ação de condenação. Depois, na


pendencia da causa, pede que seja condenado no pagamento dos juros de mora. Esta
também é uma ampliação que a lei permite.

Estes são casos típicos de ampliação do pedido.

SÍNTESE:

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Direito Processual Civil II 2022/2023

A causa de pedir só pode ser alterada em casos restritos: quando haja confissão do réu
de um facto (reconhecimento de um facto desfavorável à parte confessa e favorável à
parte contrária).

O pedido pode ser alterado em caso de redução ou ampliação.

Art.554º/c) – a partir da citação, o réu fica inibido de intentar a ação para obter o
mesmo efeito jurídico. Se estiverem duas ações com os mesmos sujeitos e o mesmo
objeto, temos uma litispendência – estão pendentes duas ações idênticas. Sabemos
que são idênticas, porque têm os mesmos sujeitos e o mesmo objeto.

A litispendência deve ser deduzida na ação proposta em segundo lugar. Considera-se


ação em segundo lugar, a ação para qual o réu foi citado posteriormente.
A litispendência é deduzida na ação em que o réu é citado em segundo lugar.

Temos que ir pelo efeito da citação – alínea c). Haver ações idênticas pode levar a
decisões contraditórias. Por isso, a litispendência deve ocorrer na ação em que o réu
foi citado em primeiro lugar. A exceção dilatória de litispendência origina a absolvição
do réu da instância, o juiz não conhece do mérito da causa - Art.582º/2.

1.6.3. Casos de Revelia

Ex: o réu foi citado e a partir desse momento, produzem-se todos os efeitos. E agora, é
citado, no prazo de 30 dias, para contestação, o réu não dá qualquer sinal de si nos
autos (ele não intervém de qualquer modo no processo) – casos de revelia absoluta.
Numa situação como esta, o art.566º, diz-nos que dá para desconfiar que ele tenha
tido conhecimento da causa. Então, o tribunal vai averiguar se a citação foi feita de
acordo com todas as conformidades. Se não tiver sido feita, manda repeti-la.

Existem também casos de revelia relativa – situações em que o réu intervém no


processo, mas não contestou. Ele junta procuração, arguir uma nulidade, mas não
contestou.

Os efeitos da revelia aplicam-se independentemente de estar em causa uma revelia


absoluta ou relativa.
O efeito regra da revelia é que os factos alegados pelo autor, consideram-se
confessados. Ficciona-se ou presume-se uma confissão – art.567º.
Quando se aplicam os efeitos do art.567º, dizemos ser uma revelia operante, porque
opera os efeitos normais da revelia, ou seja, consideram-se confessados os factos
alegados pelo autor. Depois, sucedem as alegações de direito e a sentença. A lei é
muito sintética.

Quando os factos se ficcionam confessados, ficciona-se, também, que a matéria de


facto está assente. Passa-se então, para as alegações de direito – a aplicação de

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Direito Processual Civil II 2022/2023

normas jurídicas que se considerarem adequadas ao caso. Depois, é declarada a


sentença – o juiz declara os factos. O juiz não deve passar logo para a sentença, ele
tem que ver se existem vícios sanáveis.

Mas, realce-se que, não é porque o réu não contesta, que, sempre, o autor saia
vitorioso. Existem situações em que o réu é absolvido da instância. A sentença final,
não é sempre de procedência.
Ex: imaginemos que o juiz, antes de proferir a sentença, verifica que o réu é incapaz e
não está devidamente representado. Ele deve promover a sanação do vício.
Temos que coordenar o art.567º com as regas de boa gestão processual.

Se existirem vícios que possam ser corrigidos, o juiz deve promover a sua sanação.
Se existirem vícios processuais insanáveis, o juiz deve absolver o réu da instância.

A sentença, segundo o art.567º, pode ser de procedência ou improcedência do pedido,


de absolvição do réu da instância.

Antes da sentença, o juiz vai ver se existem vícios sanáveis de conhecimento oficioso,
como a falta de pressupostos processuais que sejam suscetíveis de sanação. Ele só vai
passar à fase da sentença, quando estes vícios forem sanados. A sentença será ou de
improcedência ou procedência da ação ou de absolvição do réu da instância.

O juiz considera a ação procedente, quando os factos demonstrados são suficientes


para produzir o efeito jurídico que o autor pretende.

Alguns dos nossos juízes, ao abrigo da boa gestão processual, se a petição inicial não
for clara, não for suficiente, convidam o autor a aperfeiçoá-la. O juiz só profere a
sentença quando os vícios estiverem perfeitos, quando forem corrigidos, isto, de
forma, a haver uma boa decisão.

Antigamente, o juiz só podia conhecer do mérito da causa, quando estivessem


verificados todos os pressupostos processuais – apreciação prioritária dos
pressupostos processuais. Entretanto, por influência germânica, houve uma quebra
neste dogma. Os nossos tribunais têm vindo a aplicar esta quebra do dogma – hoje, o
juiz pode conhecer do mérito, não obstante não estarem verificados todos os
pressupostos processuais – art.278º/3.

ex: imaginemos que A não tem capacidade judiciária, e, por alguma razão ela não é
sanada e o juiz decide conhecer do mérito. Mas entende que se o fizer, a decisão vai
ser, relativamente favorável a A, mesmo que falte um pressuposto processual. A não é
prejudicado, não obstante da não verificação do pressuposto processual.
É como se o juiz fechasse os olhos à falta de pressuposto processual, sabendo que não
vai prejudicar.

Existe uma primazia do mérito sobre a forma – art.278º/3 CPC.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Os pressupostos processuais aos quais isto pode acontecer são aqueles que forem
públicos.
Ex: B não constituiu advogado. O juiz diz já ter elementos para conhecer o mérito, mas
a decisão vai ser a condenação do pedido. Então, nesta situação, o dogma não quebra,
porque é prejudicial à parte, relativamente a quem não se verifica o pressuposto
processual.

Voltando à revelia, podem operar os efeitos normais, no entanto, existem exceções a


este regime regra – revelia inoperante. Existem algumas alíneas em que ocorre uma
revelia inoperante – quando não operam os efeitos do art.567º.

Art.568º/a) – não se aplica o disposto no artigo anterior, quando houver vários réus
em coligação, e um deles contestar. Isto porque a contestação de um réu aproveita
aos demais. Tudo se passa como se não houvesse revelia, porque a contestação de um
vale para todos.

Depois, o tribunal vai averiguar se tem todos os elementos para conhecer do mérito da
causa.
A ação prossegue – quando há uma revelia inoperante das alíneas b) e c) – para a fase
subsequente (fase intermédia), na qual ocorre, normalmente, a audiência prévia. Mas,
nestes casos de revelia inoperante, não se realiza a audiência prévia. O juiz está, por
força da lei, dispensado de convocar a audiência prévia – remissão art.592º ex vi 568º.

Aula dia 21/04/2023


O prazo para contestar, em alguns casos pode haver uma dilação. O prazo dilatório é
de 30 dias, mas, pode haver a dilação.
A mais relevante é que nas hipóteses de revelia inoperante é preciso apurar se os
factos são ou não verdadeiros. O réu necessita de ser notificado, para juntar a prova
que considera pertinente. Não obstante do réu não contestar, ele tem que ter a
possibilidade de apresentar meios de prova – em nome do direito à prova.

Art.569º - prazo para contestar. O réu pode contestar no prazo de 30 dias a contar da
citação, começando a contar da dilação, se esta tiver lugar.

Facto controvertido – facto em que o juiz tem dúvida em torno da sua verificação.

Se houver contestação, o que é que o réu pode colocar na contestação? O réu pode
adotar vários tipos de defesa:
- defesa por impugnação: art.571º/2, 1º parte – o réu defende-se por
impugnação. Pode ser uma impugnação de:
- facto: A impugnação de facto, é quando o réu contradiz os
factos alegados pelo autor. Quando ele ataca os factos, ou negando-os diretamente ou
indiretamente. Esta impugnação de facto pode ser ainda uma negação direta ou
indireta ou motivada (esta última ocorre quando o réu aceita alguns dos factos

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Direito Processual Civil II 2022/2023

alegados pelo autor, mas dá uma versão totalmente oposta. Ele dá uma nova versão
aos factos.) a negação motivada é uma das formas de exercer a impugnação de facto.
Há um ónus de impugnar os factos. A consequência é que os factos se entendem como
aceites por acordo. Há casos em que essas sanções não se aplicam.

- direito: o réu aceita os factos alegados pelo autor, mas dá-lhe


um outro enquadramento jurídico, para dizer que daqueles factos alegados, não se
pode tirar o efeito jurídico pretendido. Ele contraria o efeito jurídico que o autor quer
retirar dos factos alegados. Ex: ação de divórcio baseada na rutura da vida comum.
Art.574º/2 – exceções. Ex: uma petição muito complexa, com muitos factos. Se o réu
não contrariou expressamente, mas se percebe que ele o quer fazer, esse facto não se
considera admitido por acordo.

Art.354º/b) CC- há determinados factos que versam sobre o estado civil das pessoas –
direitos indisponíveis.

O princípio da concentração de toda a defesa na contestação ou princípio da


preclusão – o réu não pode guardar trunfos na manga. Ele deve concentrar todos os
meios, todas as provas, na defesa.

Como é que o réu pode dizer na contestação que desconhece os factos alegados pelo
autor? Se o réu declarar este desconhecimento do facto, e se o facto, for um facto
pessoal de que ele tenha participado ou deva ter conhecimento, essa atitude do réu
equivale a confissão.
Ex: um senhor disse que travou o carro e não ia e excesso de velocidade e que na
revisão, os travões estavam totalmente operacionais. O réu dizer que desconhecia o
facto do veículo do autor ter estado na revisão é normal, ele pode ignorar esse facto.

- defesa por exceção: podem ser exceções dilatórias ou exceções


perentórias.

As exceções dilatórias não originam sempre a absolvição do réu da instância –


art.278º/3. A exceção dilatória que origina a remessa do processo para o tribunal
competente é a incompetência relativa (em razão do território, valor). Remissão do
art.576º/2 para os arts.102º; 105º/3.
A incompetência absoluta – art.96º - implica a absolvição do réu da instância ou o
indeferimento, se for caso de despacho liminar.

Art.577º - costuma sair em exame a questão de violação de uma convenção de


arbitragem. Nós temos que caracterizar a defesa. Dizemos que é uma defesa por
exceção dilatória. Que a violação de uma convenção de arbitragem é uma
incompetência absoluta, mas não é de conhecimento oficioso.
Quando há “preterição de tribunal arbitral voluntário” é o mesmo que dizer “violação
de convenção de arbitragem”.

22
Direito Processual Civil II 2022/2023

Aula dia 28/04/2023


Art.578º - segundo o qual o tribunal deve conhecer, oficiosamente, as exceções
dilatórias, (que assim o possam ser) salvo aquelas que não possam. O que sai muitas
vezes no exame é a violação de uma convenção de arbitragem – exceção dilatória que
origina uma nulidade absoluta e que não pode ser conhecida oficiosamente.

As exceções perentórias são alegações de factos novos que têm efeitos, impeditivos,
modificativos ou extintivos dos factos alegados pelo autor.

Art.571º/2, parte final – as exceções perentórias originam a absolvição do pedido,


parcial ou total. As exceções perentórias têm a ver com o mérito, o fundo da causa. Ex:
autor intenta uma ação de cobrança da dívida e o réu alegar que já pagou a dívida. O
pagamento é a alegação de um facto extintivo. Então, processualmente, é uma
exceção perentória que origina a absolvição do réu do pedido.

 Factos impeditivos: ex: numa ação de cobrança de dívida, fundada num


contrato, o réu alega na contestação, que foi coagido a celebrar o contrato. Diz
que. Contrato tem um vício. A alegação da coação é um facto impeditivo do
direito do autor.
Então, um facto impeditivo é um facto anterior ou contemporâneo à formação
do direito que impedem que o direito produza efeitos. São factos que obstam à
válida constituição do direito do autor. Ex2: todos os vícios da vontade.

Não devemos decorar quais factos impeditivos (porque há manuais que


elencam). Porque podem nem sempre ser factos impeditivos.
Ex: A intenta uma ação de cobrança de um crédito (ação condenatória) e B, réu,
invoca a coação. Aqui, a coação é um facto impeditivo do direito do autor,
porque o impede de produzir os efeitos para os quais nasceu.

Ex2: A intenta uma ação de anulação com base em coação. A coação, aqui, não
é um facto impeditivo, mas sim a causa de pedir. O pedido é uma ação de
anulação – é a anulabilidade do contrato.
Por isso, o mesmo vício pode ser, nuns casos, causa de pedir, e, noutro casos,
defesa.
Em cada caso, temos que ver o que o autor pede e o que o réu alega. Temos
que ter sempre esta atenção.

 Factos Modificativos: aquele que modificam as condições em que aquele


direito é exigido. Ex: o réu alega que o autor que concedeu uma prorrogação.

 Factos Extintivos: são todos os factos que extinguem os direitos. Ex:


pagamento, alegação da caducidade; alegação da extinção do crédito.
Ex: na ação de cobrança de dívida, o réu alega que o direito de crédito
prescreveu – isto é um facto extintivo.

23
Direito Processual Civil II 2022/2023

Art.579º - se os factos relativos às exceções perentórias estiverem no processo


e o réu não invocar, o tribunal, em regra geral, pode conhecer oficiosamente.
ex: a usucapião, a prescrição de créditos.
Devemos remeter deste artigo, para os arts.303ºCC e 333ºCC. O art.303ºCC diz
respeito à figura da prescrição. O art.333ºCC regula a figura da caducidade. Este
artigo, diz-nos que se a caducidade for estabelecida em matéria de direitos
indisponíveis é de conhecimento oficioso. Se for fixada em matéria que está na
disponibilidade das partes, não é de conhecimento oficioso.
No exame, se estiver em causa um caso de caducidade, temos que ver se está
em causa matéria disponíveis ou indisponíveis.

Se repararmos os arts.580º e 581º, que dizem respeito à litispendência do caso


julgado, depois voltaremos. Tanto a litispendência como o caso julgado são,
processualmente (art.577º/i)?), exceções dilatórias.

A litispendência pressupõe duas ações idênticas, quanto aos sujeitos, pedido e


causa de pedir.
Ex: A intenta uma ação contra B. B vê a ação a correr mal e intenta uma ação
contra A, com o pedido de anulação da ação anterior. Quando ocorreram duas
ações com os mesmos sujeitos, pedido, e causa de pedir, pode ser invocada a
litispendência na ação intentada em segundo lugar.

O caso julgado (material) ocorre quando já não é possível reclamar ou recorrer


de uma decisão de mérito.
Ex: vamos imaginar que a primeira ação termina por decisão de mérito e essa
ação transita em julgado (não é suscetível de reclamação e nem de recurso).
Essa decisão de mérito que transita em julgado, forma caso julgado material. B
perdeu a causa e nada satisfeito com isso, intenta uma segunda ação contra A
com base na mesma causa de pedir e contra o mesmo sujeito. A pode invocar
nesta ação, uma exceção dilatória de caso julgado.

O art.572º/c) – especificar separadamente, na contestação, a defesa e as


exceções perentórias. O legislador exigiu que o réu, na contestação,
individualiza-se quais as exceções que invoca.
Em nome do princípio do contraditório, se forem factos novos, o réu deve
pronunciar-se. À contestação, o autor tem que responder e, ao fazê-lo, assim, o
autor toma posição perante os factos novos apresentados pelo réu, na
contestação, sob pena destes serem admitidos por acordo – ónus de
impugnação dos factos novos alegados pelo réu.

Se as exceções não estiverem separadas, o autor não está obrigado a impugnar.


Fica desonerado desse ónus, se o réu não discriminar, separadamente, as
exceções.

Remissão deste artigo para o art.587ºCPC.

24
Direito Processual Civil II 2022/2023

Art.573º - neste artigo está consagrada um princípio muito importante na contestação


– princípio da concentração de toda a defesa da contestação, também chamado de
princípio da preclusão.

Este princípio significa que, em regra, o réu tem o ónus de deduzir toda a defesa na
contestação, sob pena de toda a alegação posterior ficar precludida (ou seja, não pode
voltar a ser alegada). Claro que esta regra, como tal, tem exceções:
- factos supervenientes, que sejam defensivos. A superveniência pode
ser de dois tipos: objetiva ou subjetiva. É objetiva quando um facto for extintivo e que
ocorre depois do prazo de apresentação da contestação. É subjetiva quando o facto já
existia, ao tempo da contestação, mas o réu só teve conhecimento dele
posteriormente à contestação.
Então, devemos remeter do art.572º/2 para o art.588º.

Casos em que a defesa do réu pode ser alegada depois da contestação:


- incompetência absoluta:
- falta de citação: o prazo para arguição da falta de citação.

Se no exame isto sair, temos que falar do princípio, e depois das exceções, se se tratar
de um facto superveniente.

1.7. Reconvenção
Como se costuma dizer, é uma outra forma de contestação.

Na reconvenção, quem é autor passa a réu, porque nesta, o réu deduz um pedido
contra o autor.
Passam a existir, na ação, dois pedidos – o pedido principal e o pedido reconvencional.

A reconvenção é como se fosse uma petição inicial enxertada na contestação.

Quem é autor do pedido principal é réu do pedido reconvencional e vice-versa.


A reconvenção tem sempre que ser feita contra quem seja autor da ação principal.

Nada obsta a que o réu formule este pedido e ao autor se associem outros sujeitos, em
regime de litisconsórcio.

Só é admissível o pedido reconvencional se a este não corresponder uma forma de


processo totalmente incompatível com o pedido principal. Para ver se o critério da
forma de processo está observado, o juiz deve recusar se eles forem manifestamente
incompatíveis. Se tiverem formas de processo diferentes, mas forem compatíveis, o
juiz admite o pedido reconvencional e compatibiliza-o (regime da coligação).

Art.266º remeter para o art.93º. A lei exige, para que seja reconhecido o pedido
reconvencional, que o mesmo tribunal seja competente para os dois pedidos.

Então, os dois obstáculos processuais relevantes são:

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Direito Processual Civil II 2022/2023

- a incompetência absoluta;
- a forma de processo manifestamente incompatível.

Art.266º/2:
Alínea a) – quando o réu faz assentar o pedido reconvencional numa exceção
perentória que alegou.
No exame temos que identificar a causa de pedir e o pedido.

Alínea c) – ex: A é credor de B em 50.000€. B, por sua vez é credor de A, em 60.000€. o


que se pode operar aqui é a compensação de créditos, que é uma forma de extinção
das obrigações, para além do pagamento. Se não existisse a compensação de créditos,
B dava a A os 50.000€ e depois, A tinha que dar a B 60.000€. Em vez de o dinheiro
andar a saltar, faz-se um saldo de quem deve a quem, depois da compensação de
créditos.

Durante muito tempo, houve a divergência, na compensação de créditos, na parte em


que se extinguem mutuamente, vir a ser uma reconvenção ou uma exceção
perentória. Verdadeiramente, na sentença, o tribunal vai considerar extinto,
mutuamente, os 50.000€ e vai condenar ao pagamento dos 10.000€. Ora, isso é
parecido com as exceções perentórias por facto extintivo.
Mas, no que extravasa, parece reconvenção.
Então, o legislador disse que vai dar sempre o tratamento de reconvenção, seja qual
for o valor da compensação. A compensação de créditos fica submetida ao regime da
reconvenção.

Nas orais, o que vai ser exigido qual o tratamento processual das compensações de
créditos – que tem o tratamento de reconvenção e não de exceção perentória, apesar
de ser uma forma de extinção do direito dos credores. No final, cada um deles fica
satisfeito na sua pretensão.

A compensação trata-se de uma situação em que dois sujeitos são mutuamente


credores.
Aliena d) – ex: A intenta uma ação em que pretende ser declarado dono do bem X. B
formula a reconvenção, porque não quer só atacar a pretensão de A, quer que o
tribunal o declare como proprietário.
Ex2: A intenta uma ação de divórcio com base na alteração mental de B. B formula
uma reconvenção dizendo que havia separação de facto há mais de um ano. Ambos
querem a anulação do casamento, mas B teria ainda direito a indemnização (obter as
consequências patrimoniais).

A reconvenção tem obstáculos processuais, já sabemos, mas a lei, ainda exige que haja
uma conexão substantiva entre os pedidos – as alíneas faladas acima.

1.8. Réplica – art.584º

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Direito Processual Civil II 2022/2023

A réplica é um articulado eventual, porque só é admitida em circunstâncias


delimitadas na lei.

O prazo é de 30 dias para a réplica, porque a reconvenção (esta funciona como se


fosse um novo pedido) e a réplica vai funcionar como se fosse uma contestação. Então,
o prazo de 30 dias é o mesmo da contestação.

Aula dia 05/05/2023


Uma ação de simples apreciação negativa, é uma ação em que o autor pede ao
tribunal que declare a inexistência de um direito ou de um facto juridicamente
relevante.
Nestas ações, o que o réu faz é dizer que existe o direito e alega os factos
constitutivos. A réplica vai funcionar como uma contestação.

O prazo para replicar é de 30 dias, porque se faz uma remissão ao prazo da


contestação.

Para ser admissível réplica precisamos de ver se existe reconvenção ou uma ação de
simples apreciação negativa. As espécies das ações estão no art.10º (remete para este
do art.584º).
Se no exame sair onde é que o autor vai responder às exceções (defesa alegada pelo
réu), temos que ir ao art.4º/3. Responde na audiência prévia e se esta não existir,
responde na audiência final. O que os nossos tribunais têm admitido, ao abrigo do
princípio da adequação formal, é que, quando as exceções adquirem alguma
complexidade, o autor apresente um articulado inominado – o autor vai ao tribunal
para responder às exceções, em vez de ir logo à audiência prévia.

Síntese:
O autor pode aproveitar a réplica para responder à reconvenção ou às ações de
simples apreciação negativa.

Se o autor quiser, ao abrigo da adequação formal, pode apresentar um articulado


inominado, onde responda às exceções.
Um articulado inominado não é mais que uma réplica.

FACTOS SUPERVENIENTES
Podem aproveitar tanto ao autor como ao réu.
Art.588º - articulados supervenientes.
Pode acontecer que depois de submeter a petição inicial a juízo, o autor tenha
conhecimento de um facto, que já existia, mas ele só teve conhecimento desse facto,
depois de apresentar a petição inicial (superveniência subjetiva).
Também pode ser um facto que tenha surgido posteriormente à apresentação da
petição inicial (superveniência objetiva).

Os articulados posteriores são aqueles que estão estipulados no CPC. O autor vai
alegar o facto superveniente na réplica, um articulado posterior. Mas, se o processo

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Direito Processual Civil II 2022/2023

não admitir réplica ou não existir já, articulado posterior, será num novo articulado,
nos termos do art.588º/3CPC.
Ex: vamos imaginar que o autor só teve conhecimento do facto superveniente depois
da réplica, ele vai ser apresentado num novo articulado.

Quanto a prazos, para a apresentação do facto superveniente, temos que tender às


alíneas a), b) e c) do artigo 588º/3 CPC.

O tribunal tem que se pronunciar sobre a admissibilidade do facto superveniente e o


réu tem que se pronunciar sobre o facto alegado.

Se for um facto superveniente que aproveite ao réu, temos que falar do princípio da
concentração de toda a defesa na contestação, porque isto é um desvio –
art.573º/2CPC.

Art.590ºCPC – a gestão inicial do processo remete a uma fase após a petição ou


mesmo só depois de todos os articulados. Nos casos em que seja apresentado
despacho liminar – este despacho liminar ocorre na fase inicial do processo, então este
não nos interessa – nº1.
Interessam-nos o resto nos nºs deste artigo, que se reportam à fase intermédia – fase
posterior aos articulados. O despacho que aqui é preferido é o despacho pré-saneador.
Apesar de poderem ter as mesmas funções, os despachos ocorrem em momentos
diferentes.

O despacho pré-saneador – art.590º/2CPC – não é obrigatório. Tem como funções


providenciar um suprimento de exceções dilatórias, ou seja, o juiz, neste, vai olhar não
só para os articulados, mas também, para as partes, o conteúdo da petição inicial e
para o tribunal. Então, o juiz pode determinar a sanação de exceções dilatórias. Ele vai
ver o que é sanável e insanável e manda corrigir o que possa ser corrigido.
Ex: se o juiz constatar que o réu é incapaz e está a litigar por si só em juízo, pode
determinar a sanação deste vício.
O juiz deve gerir bem o processo. Ele em princípio deve providenciar a sanação, exceto
nas exceções de quebra de dogma.

O tribunal vai averiguar se os articulados têm alguma irregularidade formal ou


insuficiências. Isso consta do art.590º/3CPC. O juiz, neste aperfeiçoamento, quer sanar
irregularidades e insuficiências nos articulados ou imprecisões na exposição da matéria
de facto, ou, ainda, pode determinar a junção de documentos essenciais.
Ex: intenta-se uma ação de anulação de anulação do casamento e o autor não
apresentou a certidão do casamento. O juiz pode para que o autor anexe este
documento, porque é essencial.

Atualmente, o juiz é um juiz gestor e se ele olhar para os articulares e entender que a
causa de pedir é insuficiente, ele deve solicitar ao autor para completar a petição
inicial.
O mesmo acontece com o réu, quanto às exceções.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Atualmente, o juiz não deixa avançar o processo se os articulados forem imperfeitos. É


claro que as partes podem acatar ou não, mas o juiz deve fazer isso.

O despacho de aperfeiçoamento é um poder-dever do juiz. Ele pode, se não o fizer, ser


sindicado pelo seu incumprimento.

Síntese:
É um despacho proferido uma vez terminados os articulados. Se existirem
irregularidades sanáveis, o juiz deve mandar corrigi-las.

Se o juiz proferir um despacho de saneamento para suprir as insuficiências na matéria


de facto, o autor não pode aproveitar isso para alegar uma nova causa de pedir. E nem
o réu pode aproveitar para alegar novas exceções.
Eles têm que se circunscrever ao que já consta do processo.

O juiz ou profere este despacho ou então, entende que está tudo perfeito e manda
seguir o processo. Após isso, ocorre a audiência prévia – que é o primeiro contacto que
o juiz pode ter com as partes, na ideia de um modelo cooperativo.

2. AUDIÊNCIA PRÉVIA

Arts.591ºCPC e ss. CPC.


O art.592ºCPC estabelece os casos em que não existe audiência prévia – ex:
casos de revelia inoperante das alíneas b), c) e d) do art.568ºCPC. As funções da
audiência prévia cumprem-se, mas não na audiência prévia.

O art.593º fala-nos da dispensa da audiência previa – casos em que a lei permite que o
juiz, em despacho, dispense a audiência prévia. Normalmente, ocorre nos casos em
que o juiz entende que a matéria é muito simples.
As partes podem reagir, dizendo que querem audiência prévia, quando o juiz proferir
despacho sozinho no seu gabinete. Isto pode acontecer nos casos em que o juiz
dispense a audiência prévia, por despacho. As partes reclamam dos despachos
proferidos, e dizem que querem fazê-lo em audiência prévia.
Por isso, atualmente, o juiz tem muito cuidado com os casos em que dispensa a
audiência prévia.

Isto porque existem casos em que é a lei que estabelece a dispensa de audiência
prévia. Mas existem outros casos em que é o juiz que decide, face ao facto de
entender que a matéria é muito simples.

A audiência prévia é bom existir, por isso, a nossa lei a privilegia, porque constitui um
momento de cooperação entre o juiz e as partes.

- Finalidades da Audiência Prévia


Constam do art.591ºCPC:

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Direito Processual Civil II 2022/2023

- tentativa de conciliação: quando o juiz quer tentar conciliar as


partes convoca a audiência prévia, nomeadamente para conversar com as partes.

- discussão: esta alínea permite que o juiz deva convocar a audiência


prévia para que se discutam as decisões sobre o mérito. Ex: autor intentou uma ação e
o réu na contestação invocou exceções, mas não invocou a incompetência absoluta do
tribunal. Esta é uma exceção que o juiz pode conhecer oficiosamente e pode absolver o
réu da instância. Para que não haja decisão surpresa, convoca as partes para discutir
essa questão.

Remeter para o art.595ºCPC.


O juiz pode, na audiência prévia, tentar conciliar as partes, chegar a um acordo. É uma
forma de extinguir a causa por acordo das partes.

- determinar após debate a simplificação processual: o juiz aproveita


a audiência prévia para flexibilizar e adequar o processo – alínea e).
Ex: junto da estação novo, houve umas obras que provocaram danos no prédio. Havia
dúvidas se já era um problema do prédio ou das obras. O tribunal convocou a
audiência prévia, e uma das partes disse que estava disposta a chegar a acordo,
porque o prédio está em risco das pessoas não poderem á viver e, por isso, quiseram
ouvir um perito. A perícia chegou a acordo, na audiência prévia, e este perito não
precisava de fazer relatório escrito, bastava que fosse oral. O perito concluiu que a
fissura não se devia às obras. O problema é que choveu muito e os alicerces do prédio
mudaram. Então, chegaram a acordo sobre a restauração do prédio. O que aconteceu
foi que então, se criou uma segunda audiência para que o perito pudesse prestar as
conclusões.

- alínea f) que remete para o art.596ºCC: este despacho não fixa


nenhuns meios de prova, mas sim os temas da prova, que são as matérias
controvertidas sobre as quais vai recair a atividade probatória. Na audiência prévia o
juiz vai estar com as partes para fixar o que é controvertido e carece de ser provado.
São os factos que precisam de ser provados e demonstrados.

Os meios de prova traduzidos na audição das partes e das testemunhas é que vão
permitir ao juiz verificar se o que foi controvertido se verificou o não.

- alínea g): este é o chamado despacho de programação da audiência


final. Nesta audiência prévia o juiz vai-se organizar com as partes: vai saber quantas
testemunhas, se vai haver perícias, etc... Ele vai organizar toda a matéria probatória.
Com esta programação ganhou-se imenso em organização.

- alínea d): o fala-nos do despacho saneador – art.595ºCPC. O


despacho saneador, de todos, é o mais importante. Há sempre despacho saneador
num processo. Neste despacho saneador, o juiz começa por fazer o balanço de todas
as exceções dilatórias – das que mandou corrigir e das que são insanáveis.

30
Direito Processual Civil II 2022/2023

No despacho pré-saneador, o juiz conhecia das exceções dilatórias que deveriam ser
corrigidas.
Agora, é no despacho saneador que ele sabe se elas foram corrigidas ou não.

Ex: vamos imaginar que há falta de capacidade judiciaria passiva, e há também


incompetência absoluta. O juiz não profere despacho pré-saneador, porque há um
vício insanável.
Quando o juiz profere um despacho pré-saneador tem que pensar se vai valer a pena
ou não.

Quando o juiz põe termo à causa nesta fase, costuma-se designar esse julgamento por
julgamento antecipado da lide, porque o julgamento do mérito só ocorre, em regra, na
sentença final.
Por isso, o juiz se já tiver elementos suficientes para conhecer total e parcialmente do
mérito, profere esta sentença, que é proferida na fase intermédia.
O juiz conhece do mérito tanto quando conhece do pedido do autor, como quando
conhece das exceções perentórias – deve proferir o despacho de absolvição do réu do
pedido ao abrigo do art.591º/1/b)CPC.

Se no exame sair que o juiz tem elementos suficientes para conhecer do pedido do
autor, deve proferir que despacho, subsequente aos articulados? Deve pronunciar-se
sobre o mérito, através de um despacho de absolvição do réu do pedido ao abrigo do
art.591º/1/b)CPC. Este despacho tem valor de sentença.

O processo a terminar na fase intermedia, termina com o despacho saneador. Com


uma decisão de forma ou de mérito. O juiz profere o despacho saneador para apreciar
todas as exceções invocadas. É sempre preciso o despacho saneador.
O juiz só prefere o despacho relativo aos temas de prova, se entender que o processo
deve continuar.

Aula dia 12/05/2023

Na última aula estivemos à volta da fase intermédia. A seguir vem a fase da audiência
final e a fase da sentença.
Já falamos da importância da audiência previa para prevenir decisões surpresa e os
seus fins.
O juiz deve programar a audiência final – despacho de programação – para definir as
sessões de testemunhas, os dias e as horas, por exemplo.

O despacho que fixa os termos da prova é um despacho que fixa a matéria


controvertida.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Agora temos que falar do despacho saneador que ou é proferido dentro da audiência
prévia (faz parte dela), ou, se esta não for convocado ou dispensada pela lei, o fim do
despacho saneador – art.595ºCPC – é verificar se estão verificados todos os
pressupostos processuais.
Se o juiz chegar a esta fase e se aperceber de uma exceção dilatória insanável e de
uma sanável, não deve mandar corrigir a sanável, porque o processo vai terminar pela
insanável. Ou seja, deve prescindir do despacho saneador.

Então, o juiz vai salvaguardar todas as exceções dilatórias.

Se não existirem obstáculos processuais ao conhecimento do mérito, o que vai


acontecer é que o juiz conhece do mérito e, neste momento, o juiz já pode, aliás, ter
elementos suficientes para conhecer do mérito.
Quando o término do processo ocorre aqui, temos um julgamento antecipado.

Nota:
Há determinados casos em que juiz pode conhecer do mérito, não obstante de não
estarem verificados todos os pressupostos processuais. Então, ainda assim, pode
conhecer do mérito.

SÍNTESE: No despacho saneador o juiz vai averiguar se não existem exceções dilatórias
que ditem o fim do processo. O juiz ou põe termo ao processo ou conhece do mérito
se tiver elementos suficientes.
Também pode conhecer do mérito, nos casos especiais de não se verificarem todos os
pressupostos processuais.

Quando o juiz conhece do mérito da causa nesta altura, o despacho saneador tem
valor de sentença. Essa decisão, uma vez transitada em julgado, forma caso julgado
material – a questão jurídica que se discutiu torna-se indiscutível, entre os mesmos
sujeitos, dentro e fora do processo. ex: um sujeito intentou uma ação de cobrança de
divida e o reu na contestação, invocou a prescrição. O réu decidiu absolver o réu da
instância, fundada na prescrição da dívida. Se, posteriormente, o autor intentar a
mesma ação de cobrança de dívida, o réu pode invocar a exceção de caso julgado
material. O caso julgado material tem força dentro e fora do processo.

O despacho saneador que põe termo ao processo por uma decisão de absolvição do
réu da instância, forma julgado formal – a decisão tornou-se indiscutível, só naquele
processo. Ex: o juiz absolve o réu da instância com base na sua ilegitimidade. Esta
decisão quando transitar em julgado, forma caso julgado formal. Se o autor mais
tarde, intentar uma nova ação, o juiz de 2ºinstancia não está vinculado a esta decisão.

A figura da exceção e caso julgado material está prevista nos arts.580º e 581ºCPC.

O art.595º/3CPC fala do caso julgado formal e devemos remeter para o art.620º. na


segunda parte do artigo, devemos remeter para o art.619º.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

A noção de trânsito em julgado consta do art.628ºCPC. a decisão fica estável quando


decorridos os prazos constantes do artigo e, uma vez decididos os recursos.

Nota: só forma caso julgado formal quando o juiz se pronuncia concretamente sobre
as questões.

Nota: quanto aos requerimentos probatórios – art.598ºCPC – estes são a parte da


peça processual apresentada pelo autor ou réu, em que indicam os meios de prova
que quer produzir. Ex: diz que quer uma inspeção, diz que testemunhas quer, etc...
Nesta fase, o juiz vai analisar a lista da matéria controvertida e as partes podem
perceber que querem alterar os requerimentos probatórias inicialmente apresentados.
Para isso serve este artigo.

3. FASE DA INSTRUÇÃO
Que meios de prova as partes podem apresentar – fase da instrução? Art.411º e ss.CPC
até ao art.526ºCPC.

O procedimento probatório e alguns meios de prova que foram, entretanto, criados é


que estão no CPC, enquanto o resto está no CC.

A expressão instrução é usada em vários sentidos: recolha de meios através da


apresentação de meios probatórias, a sua admissão por parte do tribunal e a sua
aceitação propriamente dita.
Devemos distinguir entre:
- prova previamente constituída: já existe antes do processo. Ex: prova documental
- prova constituenda: prova que se forma no contexto de uma ação em tribunal. Ex:
prova testemunhal; prova pericial.

No requerimento probatório, as partes devem invocar ambas. Mas existem casos em


que há documentos que a parte quer invocar, mas estes estão em poder da parte de
contrária ou de terceiro e estes recusam-se a apresentar.

O tribunal pode, oficiosamente, determinar meios de prova, para demonstrar a


realidade dos factos controvertidos.
Há casos excecionais em que a própria lei diz que o facto só pode ser provado por
determinado meio de prova. Ex: no que respeita ao contrato de mútuo de valor
superior a 25.000€ que tem que ser demonstrado por determinado documento –
art.1143ºCC. Só os de valor inferior a 2.500€ é que não necessitam de prova
documental.

Tirando esses casos, em todos os demais, pode-se recorre a qualquer meio de proa,
para demonstrar a realidade de um facto.

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Direito Processual Civil II 2022/2023

Nota: em regra, o juiz vai apreciar, salvo em casos excecionais, os meios de prova,
livremente. Ao escrever a sentença final, vai ponderar todos os meios de prova e dizer
porque dá mais valor a um e menos a outro – princípio da livre apreciação da prova.
A prova não tem um valor estabelecido na lei, exceto em casos excecionais.

Os meios de prova previstos na lei:


- prova documental: os documentos são meios de prova, de forma de prova pré-
constituída. Constam do art.423ºCC que devemos remeter para os arts.362º a 387ºCC.
O documento que falamos aqui, no art.362ºCC, é uma noção muito ampla de
documento. Mas a nós só interessa o documento escrito.
A prova documental é um caso especial porque tem um valor fixado na lei – arts.371º
e 376ºCC. Ou seja, esta prova é uma exceção ao princípio da livre apreciação da prova.
Aqui, a força probatória só pode ser posta em causa pela arguição da falsidade do
documento - devemos fazer uma remissão do art.446º a 449ºCC

Nota: Os documentos e a prova por confissão são os únicos que têm o seu valor
definido pela lei.

- prova por confissão: art.462º e ss.CPC, remissão para os arts.352º, 354º e 356ºCC .
parece que nos artigos estão em causa figuras distintas, mas não. Quanto a parte,
autor ou réu, é ouvida em juízo, pretende-se que eles confessem factos, sejam eles
desfavoráveis ou favoráveis.
Umas vezes, conseguimos obter a confissão (reconhecimento de factos favoráveis) e
outras vezes não conseguimos. Em tudo o que não seja confissão o juiz vai apreciar
livremente.

Tanto o juiz, como a parte podem pedir o requerimento da parte contrária. E o juiz
pode pedir esclarecimentos da parte contrária, durante todo o processo, do qual pode
resultar a confissão de factos.

Não pode haver confissão sobre factos que versem sobre factos indisponíveis –
art.354ºCC. Ex: numa ação de investigação de disponibilidade se o sujeito diz que é pai,
isso não interessa. A verdade tem que ser apurada e demonstrada.

- declarações de parte: um meio de prova introduzido em 2013. As declarações de


parte distinguem-se dos depoimentos de parte.
As declarações de parte é quando a própria parte se oferece para depor. Pode fazê-lo
até ao início das alegações orais da audiência final. As declarações de parte têm um
regime muito especial, não têm que ser requeridas até aos articulados.
O depoimento de parte é um depoimento que é requerido por várias vias: ou
oficiosamente determinado pelo juiz; ou requerido pela parte contrária. Estes
acontecem muito nas ações que têm a ver com foro íntimo pessoal (ex: nas ações de
divórcio, o cônjuge pode não querer que o outro deponha e por isso não requer. Mas a
outra parte pode querer ser ouvida e oferece-se para depor).

Nota: pode resultar confissão seja ao abrigo das declarações de parte, seja ao abrigo
dos depoimentos de parte.

34
Direito Processual Civil II 2022/2023

O tribunal aprecia livremente as declarações de parte, salvo quando estas consistirem


em confissões.

O artigo da nulidade da confissão é o art.464ºCPC, que devemos remeter para o


art.359ºCC.

- prova pericial: a perícia é convocada/requerida quando a causa, a ação, envolva


conhecimento técnicos e científicos, que o juiz não domina nem lhe é exigível.
Art.467ºCPC.
A perícia só é colegial nas situações da alínea a) – quando é muito complexa.
A perícia está regulada no CC, nos arts. 388º e 389º.
A prova pericial é submetida ao princípio da livre apreciação da prova.

Nota: art.484ºCPC - como é que o perito faz chegar ao tribunal os resultados da sua
perícia? Através de um relatório pericial, um documento escrito. Os peritos podem
também prestar depoimentos testemunhais.

- prova direta por excelência: na qual o juiz está em contacto direito com a prova e vai
apurar se é verdade o que o autor ou o réu disseram.
O juiz pode indicar alguém (pode ser um funcionário do tribunal) que vai averiguar os
factos.
Se o juiz entender que é melhor ir ao local, então ele poderá fazê-lo.
O juiz sempre que vai ao local, tem que notificar os advogados das partes, para que
estes o acompanhem, em nome do princípio da audiência contraditória.

A inspeção judicial está no art.390º e 391ºC.

- prova testemunhal: é a prova mais comum e que pode suscitar algumas dificuldades
no convencimento do juiz, que pode ouvir versões muito contraditórias.
A prova testemunhal está regulada no art.495º e ss.CPC e nos arts.392º a 396ºCC.
Uma parte nunca pode depor como testemunha.

As testemunhas normalmente depõem na audiência final, mas há casos em que não –


art.500º. Pode haver uma inquirição antecipada, o que significa que não ocorrerá na
audiência final (ex: por doença) e aí, será por escrito ou até por telefone.
As partes podem acordar que o depoimento seja feito no domicílio profissional do
advogado e também, junto com a dificuldade, pode ser escrito.

A regra é de que o juiz oiça a testemunha na audiência final – princípio da imediação.

Incidente da acareação – art.523ºCPC – estes incidentes ocorrem se houver oposição


direta entre os depoimentos de testemunhas, o que se pode fazer é a acareação: as
duas testemunhas chamam-se e volta-se a interrogar para ver quem está a mentir.
O art.524ºCPC – o juiz ou os advogados vão voltar a inquirir para ver quem cede, quem
mente.

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Nota: também pode acontecer uma acareação entre um depoimento testemunhal e


um depoimento de parte. Então, prova-se a acareação.

Incidente de ... – este visa pôr em causa a credibilidade de uma testemunha, através
da alegação de que a testemunha é inimiga do sujeito da parte contrária. Esta é muito
comum.

- prova por presunções: não são verdadeiramente um meio de prova, mas sim um
método probatório. As presunções podem ser:
- judiciais: ex: pelos danos provocados no veículo. O juiz, de um facto
conhecido, tira a elação de um facto desconhecido.
Ex2: no âmbito das ações de indemnização em que se solicita o pagamento pelo
réu, dos danos morais. Como se provam os danos morais? As presunções
ajudam a aferir a realidade dos danos morais. Imaginemos uma pessoa muito
alegre e que depois isolou-se e deixou de conviver – é provável que tenha o
sofrimento que alegou.

- legais: ex: presunções legais de paternidade, em que pode ser muito difícil
provar o vínculo biológico. Permitem uma maior facilidade de prova. Estas
estão fixadas pelo legislador.

SÍNTESE: temos a prova documental testemunhal, pericial, por inspeção judicial,


verificações jurídicas qualificadas, depoimento ou declarações de parte, presunções
legais ou judiciais.

(Na próxima aula vamos falar de princípios que regem a atividade probatória. E vamos
falar dos princípios que regem a audiência final. E vamos falar da sentença.)

Aula dia 19/05/2023


A prova serve para demonstrar os factos que ainda são controvertidos – aqueles que o
juiz ainda não tem a certeza de que se verificaram.
Ex: numa ação de investigação da paternidade, requeríamos a prova pericial – os
exames de ADN. Ao abrigo do princípio do inquisitório, o juiz podia requerer a prova.
O juiz, ao abrigo do princípio do inquisitório, deveria requerer uma perícia, pois exige
determinados conhecimentos técnicos, neste caso, médicos.
4. Princípios do Direito Probatório

4.1. Princípio do Inquisitório


O juiz deve ordenar, deve requerer a prova pertinente, para que possa obter a certeza
sobre os factos.

Onde é que são fixados os temas da prova? Na fase intermédia, por um despacho.
Então do art.410º CPC, devemos remeter para o art.596ºCPC.

Art.411º CPC – incumbe ao juiz ordenar oficiosamente, todas as diligências probatórias


– aquelas que ordenam a realização de qualquer meio de prova.

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Ao longo do CPC este princípio está previsto. O juiz pode investigar ele próprio, trazer
meios de prova ao processo, dentro do objeto delineado pelo autor, na causa de pedir.

4.2. Princípio da Aquisição Processual


Presente no art.413ºCPC – ex: o autor chama uma testemunha e essa, ao prestar o seu
depoimento, apresenta uma versão diferente da do autor. O autor queria desistir
desta, mas não pode. A prova uma vez indicada pela parte requerida, e admitida pelo
juiz, não pode ser prescindida.

4.3. Princípio do Contraditório (Princípio da Audiência Contraditória)


Presente no art.415º CPC – quando uma parte apresenta uma prova, a outra parte
deve contestar essa prova, exercendo o contraditório.
Deve ser exercido relativamente a prova constituenda, a prova pericial, etc...

O contraditório, relativamente a provas constituendas é exercido de modo diferente às


provas pré-constituídas.
Ex: se estiver em causa um documento pode-se dizer que é falso, que não é válido.
Ex2: numa prova testemunhal, pode acompanhar-se a inquirição de uma testemunha,
pondo em causa a sua credibilidade e o seu depoimento.

A audiência contraditória é a aplicação do princípio do contraditório, no âmbito da


atividade probatória. A parte contrária deve acompanhar e fiscalizar essa prova.
Nos dias de hoje, parece que os juízes permitem aos advogados inquirir diretamente.

A inspeção judicial pressupõe que o juiz vá ao local, mas acompanhado dos respetivos
advogados das partes – art.491ºCPC. Mas o juiz deve, para tal, notificar as partes,
acerca da hora e local no qual se vai realizar a perícia. Caso não sejam notificados, isso
dá lugar a um vício formal.

4.4. Princípio do Dever de Cooperação para a Descoberta da Verdade


Presente no art.417ºCPC – todos, sejam as partes ou terceiros, devem colaborar para a
descoberta da verdade.

Toda a atividade não colaborativa das partes, que lhe seja exigível, tem consequências.

Aqueles que recusem a colaboração são condenados a multa. Mas existem situações
onde podem ser exercidos meios coercitivos – ex: o juiz pode fazer apreender, através
das autoridades competentes, um documento; nas ações de investigação da
paternidade; depoimento sob custódia.

Se o recusante for parte, fica condenado a uma multa e, além disso, esta considera-se
um litigante de má-fé (daí ser punido com pena de multa). Esta é uma forma de
responsabilidade processual – responsabilidade por omissões praticados no âmbito do
processo.

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O juiz vai, ainda, tirar elações probatórias dessa conduta de não colaboração. Só nos
casos previstos no art.344º/2 é que o juiz inverte o ónus da prova. A inversão do ónus
da prova só ocorre em situações limite – art.417º/2 que remete para o art.344º/2:
- quando a parte contrária tiver, culposamente, tornado difícil ou impossível a
prova onerada. Ex: os documentos estão no poder do réu e eram a única forma
de demonstrar a celebração do contrato, pois não haviam testemunhas e
ninguém se ofereceu para prestar declarações. O réu destruiu os documentos. O
juiz aplica-lhe uma multa e, como a sua atitude tornou impossível a prova dos
factos, o ónus da prova é invertido.

Se a parte não colaborar com a justiça no apuramento da verdade e, pela sua conduta,
tornar difícil ou impossível a prova, então, inverte-se o ónus da prova.

Mas existem casos em que a recusa pode ser legítima.


Ex: uma ação de anulação do testamento e o tribunal requereu uma junção de
documentos..., mas a parte recusou-se a colaborar porque dela constavam factos
pessoais – neste caso, o tribunal considerou a recusa legítima.

 Possibilidade das Provas Serem Transferidas de um Processo para o Outro


A lei exige que o sujeito contra quem se apresenta essa prova, tenha acompanhado a
produção dessa prova. Podem ser os depoimentos e as perícias. Estes são meios de
prova que podem ser transferidos.
A confissão não tem o mesmo valor no primeiro e no segundo processo. Ela tem maior
valor no primeiro processo. Mas são suscetíveis de ser transferidas.

Qual é a prova que está excluída? A prova documental, porque já existe antes do
processo. E a inspeção judicial, que é feita pelo juiz – as suas apreciações não podem
vincular o juiz noutro processo. O juízo de um juiz não pode vincular a livre apreciação
de outro juiz.

Se o primeiro processo, apresentar menor valor que no segundo – ex: perícia singular
no primeiro processo e perícia colegial no segundo – esta segunda vale como princípio
de prova, não pode valer por si só para fundamentar a realidade de um facto, tem que
ser corroborada por outros meios de prova.
Quando a prova oferecida no primeiro processo, oferecer garantias inferiores, só
funciona como princípio de prova.

 Questão da produção antecipada de prova. Há casos em que esta antecipação


pode ocorrer. Ex: uma das partes indicou como testemunha uma pessoa com
muita idade e, há o receio que aquando da audiência final, essa pessoa já tenha
falecido – pode pedir-se esta antecipação de prova.

5. Audiência Final
Arts.599º; 604º, 605º, 606º CPC

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O juiz, em matéria de direitos disponíveis, tenta a conciliação. A seguir, na audiência,


realizam-se, se estes tiverem lugar:
- a prestação de depoimento de parte;
- exibição de reproduções cinematográficas ou registos fotográficos;
- esclarecimentos verbais dos peritos;
- inquirição de testemunhas.
- alegações orais em que os advogados expõem as suas conclusões.

O meio de prova que pode ser requerido até a início das alegações orais, são as
declarações de parte.
As declarações de parte estão previstas no art.466º, o qual devemos remeter para o
art.604º/3CPC.

4.5. Princípio da Plenitude da Assistência do Juiz


Art.605º - princípio da plenitude da assistência do juiz: é um princípio muito
importante que privilegia a imediação (proximidade do juiz com a produção de prova)
e da legalidade. O juiz que assiste à produção de prova tem que ser o juiz que profere
a sentença final, em nome do princípio da imediação.
Se o juiz assistir à prova e ficar impossibilitado de proceder a sentença, o novo juiz
designado, vai ter que repetir toda a prova.
Isto porque, na sentença final, o juiz faz o balanço de todos os meios de prova e
verifica se os factos se verificam ou não.

4.6. Princípio da Publicidade e da Continuidade


Em regra, as audiências são públicas, exceto em questões do foro íntimo ou que
estejam em causa crianças.

A audiência é continua, de forma não muito espaçada temporalmente, para que a


justiça seja mais fiável.
O despacho de programação da audiência é, aqui, muito importante, para que a
audiência seja continua e mais eficiente.

Sentença
O juiz vai, desde logo, após a audiência final, identificar as partes e o objeto do litígio –
relatório da sentença, previsto no art.607ºCPC.
O juiz tem que fundamentar (fundamentação)como vai chegar à decisão. Se vai
declarar a ação procedente ou improcedente – dispositivo.

Então:
1- Relatório.

2- Fundamentação – declara quais os factos que julga provados e não provados,


indicando os fundamentos. O juiz vai analisar a prova e vê o que está e não está
provado, mas existem factos, que, neste momento, já estão assentes: os
admitidos por acordo, porque não foram impugnados; os factos confessados;
os factos provados documentalmente.
Todos os outros é que são controvertidos.

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Se o juiz ficar em dúvidas sobre os factos, recorrer à regra do ónus da prova.

3- Dispositivo.

Ónus da Prova
Na fundamentação de facto – última parte da fundamentação – o juiz vai analisar toda
a prova que consta do processo e que ele assistiu ou a prova que foi transferida.
Depois vai circunscrever-se à matéria controvertida. Depois, vai fazer uso, se for o
caso, das presunções legais e judiciais e isso também tem que constar da
fundamentação de facto.

Se o juiz tiver dúvidas sobre a verificação de um facto constitutivo, pode resolver essa
dúvida recorrendo à regra do ónus da prova – a regra geral, nos factos constitutivos, é
que o juiz decide desfavoravelmente ao autor.

Se o juiz tiver dúvidas sobre a verificação de um facto extintivo, impeditivo, o juiz


recorre às regras do ónus da prova e em regra, geral, nestes, o juiz decide
desfavoravelmente ao réu.
Ex: numa ação de cobrança de dívida, o réu nega a prescrição. O juiz fica com dúvidas
sobre a prescrição, ele decide desfavoralmente ao réu.

Por isso, isto é um critério de decisão, mas o juiz só recorrer a estas regras, quando em
dúvidas sobre a prova. Aplicam-se quando o estado de dúvida não conseguiu ser
superado pela atividade probatória.

Art.483ºCC – o autor tem que provar, com base na responsabilidade extracontratual


que: houve danos; factos ilícitos; nexo de imputabilidade; culpa.

 A regra está no art.342ºCC. E os desvios? – art.343º/1 e art.344º/2CC:


- art.344º/2: É um caso especial – é aquele que já falamos de que se inverte o ónus da
prova, quando uma parte torne impossível a prova. Deveria, em princípio, decidir
desfavorável ao autor, mas, como se inverte o ónus da prova, decide-se
desfavoravelmente ao réu.

- art.343º/1: casos em que as posições estão invertidas. Nas ações de simples


apreciação negativa, o ónus da prova de factos constitutivos, recai sobre o réu. Se o
juiz tiver em dúvida sobre os factos constitutivos, considera o facto não provado.
Assim o é, porque nestas ações é como se as partes tivessem em posições invertidas –
quem em regra alega os factos constitutivos é o autor, mas aqui é o réu.

VÍCIOS DA SENTENÇA – art.615ºCPC

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Art.608ºCPC – na sentença final, o juiz vai conhecer das questões que lhe suscitarem
ou das que possa conhecer oficiosamente (ex. incompetências absolutas; falta de
patrocínio judiciário).
O juiz tem que estar vinculado ao pedido do autor.

Mas, e se ele conhecer de questões que não podia conhecer. Isto é um vício da
sentença, chamado de excesso de pronúncia.

Os vícios da sentença determinam a sua nulidade.


A sentença é nula quando se verifique uma das situações presentes no art.615º/1CPC.
Os casos mais comuns são os da alínea d) – ex: o réu não invocou a prescrição na
contestação, mas o juiz conheceu- oficiosamente. A prescrição não é de conhecimento
oficiosa, tinha que ser invocada pelo réu. Logo, o juiz cometeu um excesso de
pronúncia – pronunciou-se sobre questões sobre as quais não se podia pronunciar.

Alínea e) – se o juiz não respeitar o pedido, há uma violação do pedido que gera a
nulidade da sentença.

A nulidade da sentença é arguida perante o juiz, se o processo não admitir recurso,


pois aí será arguida no recurso.

O que é que é de conhecimento oficioso? Caducidade, por exemplo; falta de patrocínio


judiciário, etc... – ver nos sumários dos pressupostos processuais.

CASO JULGADO
Já falamos de caso julgado formal e material. Uma sentença quando transita em
julgado diz que se forma caso julgado, que pode ser:
- formal;
- material.

Ex: o juiz considerou provada a prescrição alegada pelo réu e proferiu uma decisão de
improcedência do pedido.

Ex2: falta de interesse em agir, o juiz absolveu o réu da instância – caso julgado formal
(quando o juiz não conhece do mérito. Isto significa que o caso julgado formal só tem
força dentro daquele processo.)

Forma-se caso julgado material quando o juiz decide do mérito. Esta decisão tem força
dentro e fora do processo, ela torna-se indiscutível, perante os mesmos sujeitos. Só
excecionalmente, o caso julgado material tem eficácia perante terceiros.

O que são partes idênticas? O nosso legislador no art.581ºCC utiliza um critério de


identidade jurídica de sujeitos.
Há uma identidade de sujeitos total, se A intentar uma segunda ação contra B.

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Se A falecer, há, na mesma, identidade de sujeitos se estes intentarem uma ação


contra B, porque os herdeiros vão suceder a A.
Isto porque, os herdeiros vão reingressar na posição do de cuius.

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